Dicionário Compartilhado: O dicionário do desenvolvimento humano

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DICIONร RIO COMPARTILHADO o dicionรกrio do desenvolvimento humano


Dicionรกrio Compartilhado/ O dicionรกrio do desenvolvimento humano. orgs. Camilla Biazus e Maria Silva. Santiago/RS, 2018.

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SUMÁRIO NOTA AOS LEITORES 04 PREFÁCIO 05 INFÂNCIA 07 ADOLESCÊNCIA 30 ADULTO JOVEM 56 IDADE ADULTA 57 MEIA IDADE 78 VELHICE 82

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NOTA AOS LEITORES Essa obra não é científica, é singular, ou melhor, é compartilhada. Não é teórica, é vivencial. Seu objetivo é brincar no espaço potencial possível entre a teoria e a vida, criando novas ficções sobre o humano. Os autores? Somos nós, pessoas comuns, pessoas da vida, pessoas com Histórias... As referências? Nossas memórias e o que nos tornamos a partir delas... Para aproveitar a intensidade brincante que essa leitura pode te possibilitar, caro leitor, se permita emancipar...

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PREFÁCIO COMO FALAR DA VIDA SEM REFERENCIAR A PRÓPRIA VIDA?

O teatro do Ensino: possibilidades de emancipação e resistência

Nosso cenário é o ensino superior, mais precisamente o Curso de Formação em Psicologia, localizado numa cidade no interior do estado do Rio Grande do Sul, chamada Santiago. Nosso enredo, as teorias do desenvolvimento humano. Nossos personagens, autores e filósofos renomados, antigos e atuais, mortos e vivos, mas com o papel importante de sustentar a cientificidade do nosso conhecimento, legitimando nossas ideias e ações. O diretor, é o sistema educacional, ele dita as regras, ele estabelece os papéis, os personagens e a forma de atuar. É da interação entre esses elementos que se movimentam as histórias dentro do ensino, buscando explorar e conhecer cada aspecto desse cenário, os pormenores do enredo e as intimidades dos personagens, através do olhar rigoroso e exigente do diretor, que assiste à tudo, exigindo a excelência na tarefa de reproduzir. Eis aqui, uma prévia dessa peça teatral que pode ser chamada de Ensino. Mas e nós? Alunos e professores...quem somos nós dentro desse teatro? Será que poderíamos nos referir ao ensino como um teatro? Não sei, mas me sinto curiosa em ver onde essas associações vão me levar...Penso que dentro desse “teatro do ensino”, podemos ocupar o lugar de atores e espectadores. Agora começo a entender porque iniciei essa escrita a partir desse lugar e, preciso explicar aqui, para que vocês possam continuar me acompanhando nesse percurso. Sou professora, formada em psicologia no ano de 2008, mestre em Psicologia Clínica no ano de 2012 e Doutora em Letras no ano de 2015. Pois é exatamente nesse último momento, há três anos atrás, que eu quero me deter, pois eu rompi com o papel que me foi dado quando resolvi acreditar que havia relações, deveras interessante, entre a psicologia e as letras. Romper com a suposta linearidade do enredo educacional nunca é fácil e, assim como qualquer outra escolha da vida, temos que arcar com as consequências. Já falei para vocês que o diretor desse teatro chamado ensino é rigoroso, principalmente com quem ousa desobedecer. E eu, desobedeci. O castigo é que o meu papel hoje se encontra restrito às instituições privadas de ensino, pois nas federais é necessária aquela linearidade que eu não consegui seguir. Mas por que estou falando tudo isso? Simples, pelo menos pra mim...Falo isso porque essa história diz do lugar que eu passei a habitar dentro da Psicologia depois das Letras, da possibilidade de questionar e romper com certos enredos a fim de construir outras e novas narrativas. Essa história diz, da possibilidade de pensar outras formas de produzir conhecimento, movimentando sentidos a partir da nossa realidade, das nossas histórias, daquilo que nos constitui. Nem tudo é ciência e nem a ciência é tudo. Frente a isso, nos resta sempre a tentativa de abrir brechas para o improviso, para o imprevisto, para a necessidade de fazer escoar aquilo que é da ordem do singular, a polissemia das nossas vivências. Foi nas Letras que conheci Rancière e sua obra “O espectador emancipado”, e penso ser essa a relação que me fez iniciar a escrita a partir desse lugar, isto é, do teatro. Nessa obra, o autor irá discorrer sobre quem é o espectador e que lugar é esse que ele ocupa, com base na questão do teatro: teatro como espaço de relações entre dominante-dominado; teatro “como único lugar de confronto direto do público com ele mesmo enquanto coletivo” (RANCIÈRE, 2010, p. 110). Para nós, teatro é como o corpo vivo da comunidade. Diante disso, o autor discorre sobre como a sociedade percebe o espectador: Não existe teatro sem espectadores [...] mas a condição de espectador é uma coisa ruim; por duas razões. Primeiro, o olhar é considerado o oposto de conhecer. Olhar significa estar diante de uma aparência sem conhecer as condições que produziram aquela aparência ou a realidade que está por trás dela. Segundo, o olhar é considerado o oposto de agir. Aquele que olha para o espetáculo permanece imóvel na sua cadeira, desprovido de qualquer poder de intervenção. Ser um espectador significa ser passivo (RANCIÈRE, 2010, p. 108). Podemos pensar esse “sujeito espectador” em variadas cenas: na escola, no trabalho, na faculdade, nas relações sociais, entre outras. Contudo, para Rancière (2010), o espectador deve ser libertado da passividade do observador que fica preso à aparência e à identificação com os personagens no palco. Bem sabemos, que no teatro do Ensino muitas vezes acabamos presos à teorias, autores, que acabam por aprisionar também nossas práticas e nosso olhar sobre o mundo. Precisamos nos identificar com os personagens, precisamos dessas referências, mas precisamos também a partir delas transcender ou, a partir das ideias de Rancière, EMANCIPAR. O espectador emancipado, é aquele que desacomoda-se, confronta-se com aquilo que vê, reage de forma ativa ao que o palco mostra, movimentado sentidos outros do lugar de onde assiste a peça. A noção de espectador pensada por Rancière (2010) distancia-se, assim, do que é mobilizado pela sociedade: enquanto a última toma esse espectador num processo de alienação, a primeira se esforça por encontrar “pontos de fuga”, “brechas” para sair desse lugar-comum e inerte a ele destinado. Ainda para Rancière (2010), a imobilidade e a passividade que a sociedade atribui ao espectador não passam de uma ilusão na evidência/transparência dos sentidos, negando o ato de interpretação. Ao propor esse outro lugar para o espectador, o autor continua colocando em cena relações de equivalências e oposições: “a equivalência entre teatro e comunidade, entre o ato de ver e a passividade, entre externalidade e separação, mediação e simulacro; a oposição entre coletivo e individual, imagem e realidade viva, atividade e passividade, consciência de si e alienação” (RANCIÈRE, 2010, p. 111). Esse jogo de equivalências e de oposições não tem como palco apenas o teatro, mas os diversos espaços de relação entre sujeitos, tais como a relação professor-aluno, empregado-patrão, que têm como base a desigualdade: só o mestre é quem possui o conhecimento, é quem sabe a maneira certa de agir, bem como o tempo e o lugar certo. Há, nessas relações, uma oposição entre capacidade e incapacidade, entre aquele que detém o poder e aquele que é dominado por não têlo, isto é, o que ignora algo. Entretanto, para o autor, há um processo que desestabiliza essa aparente imobilidade de equivalências e oposições, que atuam sob a ordem da evidência (efeito da ideologia). Esse processo recebe o nome de “emancipação”, explicitado como “processo de verificação da igualdade de inteligência. A igualdade de inteligência não é a igualdade em todas as manifestações” (RANCIÈRE, 2010, p. 113). Trazendo as reflexões de Rancière novamente para o campo da educação, retomo os papéis, frequentemente definidos pelo diretor desse teatro, o sistema: aos professores, cabe o papel de ator principal na reprodução de falas prontas já proferidas pelos personagens protagonistas (autores, ciência); aos alunos, o papel de espectador e reprodutor de tudo aquilo que veem e escutam. Sentados em suas cadeiras, os alunos assistem a performance dos professores no palco da sala de aula, sufocados, muitas vezes, pela diversidade de personagens, histórias e informações que precisam ser assimiladas e reproduzidas. Contudo, algo sempre escapa desse controle, dessas definições, da linearidade dessa peça de teatro chamada ensino e, com isso, podemos acabar descobrindo novos enredos e a possibilidade de ocupar outros lugares e papéis. E isso, foi exatamente o que aconteceu aqui, a partir da construção do que estamos nomeando como “dicionário compartilhado” (BIAZUS, 2015). O dicionário compartilhado foi um espaço/lugar/dispositivo construído por mim a partir desse percurso que decidi vivenciar lá pelas bandas das Letras. Ele foi pensando como um espaço possível de autoria através da experiência de emancipação. A singularidade desse dispositivo está em transgredir os sentidos esperados para um dicionário, pois não há aqui qualquer pretensão de criar um instrumento linguístico, mas sim de possibilitar um espaço onde a linguagem, a teoria, a prática e a vida possam ser pensadas a partir das nossas marcas, das nossas afetações. A palavra compartilhado, soma-se ao dicionário para trazer a ideia de um autoria que ao mesmo tempo que é singular, só se constitui porque se faz plural, porque possibilita EMANCIPAR. Há, só mais uma coisa...no decorrer dessa leitura, não se esqueça: o sentido sempre pode ser outro...tudo vai depender da sua capacidade de EMANCIPAR... Boa Leitura!

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Sobre emancipações e (re)existências: um pouco da NOSSA HISTÓRIA

No início do primeiro semestre do ano de 2018 comecei a ministrar a disciplina de Psicologia do Desenvolvimento Humano para os autores desse livro. Como todo o início de semestre peguei meu “script” (Ementa da Disciplina) e planejei minha “atuação” (Plano da Disciplina). Entretanto, as coisas nem sempre saem conforme o planejado. Ainda bem! Assim, várias vezes me percebi deixando o script de lado e improvisando, me deixando afetar por aqueles que não eram meros espectadores, mas que estavam ali mobilizando outras cenas, outros sentidos, novos enredos no palco da sala de aula. Que delícia é subverter a lógica do teatro do ensino, brincar com as suas delimitações, transgredir a sua linearidade, inventar outras formas de fazer a história acontecer. Que prazer foi me deparar com espectadores emancipados nesse teatro... Sempre foi um desafio pra mim trabalhar com a Psicologia do Desenvolvimento humano porque além de acreditar ser ela um suporte essencial para a compreensão dos acontecimentos/sofrimentos humanos, também a vejo como um espaço potente que versa sobre a vida e seus pormenores. E aí está o grande desafio: como falar sobre a vida e suas sutilezas somente a partir de teorias? Como teorizar/estabelecer com precisão quando inicia uma fase e quando encerra-se outra? Como dizer o que é de fato próprio a um determinado período da vida? Acredito e admiro muito as teorias que eu trabalho. Tenho profunda afinidade com a maneira aberta, poética e polissêmica da psicanálise enxergar o sujeito e a sua História. Mas de nada faz sentido pra mim quando desconectado das minhas vivências, daquilo que me constitui, das memórias que movimentam o que há de mais singular em mim. E foi a partir desse entremeio, que a disciplina de psicologia do desenvolvimento humano aconteceu. A partir das minhas histórias e das histórias deles, a partir de uma relação que possibilitou misturar o que é da ordem do “pessoal” com o que é da ordem do “teórico”, sem medo, sem receios, mas com muita responsabilidade frente ao cuidado ético que isso exige. Ao longo do semestre, os laços foram se estreitando...os laços entre nós e a teoria, entre nós e a psicologia, entre nós...não éramos mais estranhos dentro de papéis delimitados a atuar o que constava no script. Reinventávamos e brincávamos com os scripts constantemente, criando novos enredos e outras formas de ocupar aquele cenário. Não é a teoria que faz sentido, mas sim sentir, experienciar e vivenciar a teoria. E isso, nós nos permitimos de sobra. A história desse Dicionário Compartilhado nasce desse movimento, do modo como nos permitimos nos (des)envolver humanos ao longo desse espaço compartilhado. No espaço dessa obra, nos permitimos emancipar. Deixamos de referenciar a teoria para buscar referências na própria vida, na própria história. Brincamos de ser autores e fotógrafos do (des)envolvimento humano, sem nos preocuparmos com o rigor científico, sem a pretensão de produzir certezas. Definitivamente, o dicionário compartilhado, não é lugar de certezas, de verdades, mas de versões, inversões e invenções. Assim, pensamos a construção dessa obra como um lugar possível do sujeito interpretar ativamente e criar sua própria tradução daquilo que vê e ouve, apropriando-se da história que lhe é contada, fazendo a sua própria história a partir daquela: autoria enquanto emancipação, escrita e fotografia enquanto arte. Nas palavras do autor, “uma comunidade emancipada é, na verdade, uma comunidade de contadores de história e tradutores” (RANCIÈRE, 2010, p. 122). Portanto, emancipação exige autoria, assim como a autoria também implica emancipação: deslocamento de sentidos que produz outros espaços/formas, tão instáveis e frágeis quanto aqueles/aquelas que um dia pareceram familiares ao sujeito, mas que rompe(ra)m com o ideal de estabilidade. Diante disso, pensamos que o dicionário compartilhado constitui-se enquanto uma experiência sensível, marcada por uma emancipação estética, que permite ao sujeito ir além no seu estado de dominação, restituindo o caráter ativo do seu pensamento e sensível do seu corpo. É através da emancipação estética que o sujeito consegue descobrir novas formas de relação com a vida e com a sensibilidade. O dicionário compartilhado, criado aqui, possibilita, portanto, uma experiência de emancipação não só do sujeito, mas também daquilo que entendemos como dicionário, pois estamos diante de uma expressão artística, em primeira instância, e não de um instrumento linguístico. O dicionário compartilhado refere-se a um dicionário emancipado, que vai além das palavras e dos seus sentidos possíveis, que busca registar aquilo que marca e é marcado no/pelo sujeito, o traço da memória e do desejo. O dicionário compartilhado expande a noção de escrita para além das palavras, constituindo-se no seu próprio ato de feitura, ao movimentar a história no sujeito e o sujeito na história. O rigor necessário para a construção do instrumento linguístico é substituído pela experiência/vivência/urgência de uma emancipação na/pela escrita, pela arte. Por mais que as diferentes variações da relação mestre-ignorante (Rancière, 2011), nos mais diferentes espaços, busquem o controle absoluto daquilo que é falado, visto ou transmitido, a distorção sempre se fará presente, fazendo falhar a identidade entre causa e efeito. Propomos então, pensar aqui, a resistência talvez como uma nova estética, onde há sempre uma dissociação entre causa e efeito, onde algo sempre escapa da homogeneidade pretendida, da mesma forma como isso se observa na escrita, na constituição de uma autoria. Para Rancière (2010, p. 118): Num teatro ou diante de um espetáculo, assim como num museu, numa escola, ou na rua, existem apenas indivíduos, abrindo seu próprio caminho através da floresta das palavras e coisas que se colocam diante deles ou em volta deles. O poder coletivo comum a estes espectadores não é o status de membro de um corpo coletivo. E também não é um tipo peculiar de interatividade. É o poder de traduzir do seu próprio modo aquilo que eles estão vendo.

Por mais espectadores emancipados na educação!

Camilla Biazus

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INFâNCIA

Uma tela em branco que vamos colorindo com nossas relações e experiências, para construir nossa arte, a qual chamamos de vida. Kellen

Momento de conhecimento, de descobertas, início de tudo. O começo da jornada, começo da caminhada, dos laços e abraços. São os tombos, os choros, a dependência. A infância é o iniciar, é a tecla ligar. É o seja bem vindo à vida. É o ponto de partida. É a pedalada do início do fim. Thaís

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a a.fe.to

Construção de carinho e sentimento de amor, agente que modifica um comportamento e atinge níveis elevados de afetações positivas. Através de um afeto construído liberamos os sentimentos que pairam em nosso coração que podem nos transformar, através de gestos recheados de sentidos. Eluizi

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A Sentimento positivo que transmite segurança, essencial nas relações

a.fe.to

primárias. Efeito porto-seguro. June

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a Afetar-se, acolher, sustentar, dar

a.fe.to

importância, permitir ser tocado e tocar alguém. Abraço que aquieta o medo. Kellen

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A a.pren.der

Adquirir conhecimento, não importa quando, de que maneira ou de quem. Filtrar o que os olhos vêm e os ouvidos escutam de modo que reflita em ações, fazendo da vivência uma escola. Lucas

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B brin.car

É viajar para um mundo só teu, é ir para um mundo onde não existe tristeza, dor, pessoas ruins e sofrimento. É ser quem quiser sem se preocupar com o que vão pensar, ter a liberdade de ser varias coisas em um só minuto.

Clarelisa

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B

brin.car

O processo de brincar é de extrema importância para psicologia. É uma forma de cuidado, algo do qual não devemos abrir mão, é importante sabermos que no brincar trazemos o nosso singular e interior mais singelo, tudo isso através de algo que deveria ser muito simples, mas que acabamos deixando de lado. É mágico descobrirmos o poder que a brincadeira tem de atravessar o nosso ser subjetivo e a forma como podemos agir com o outro. Eduarda

B

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B Existem aqueles que dizem ser de meninas e aqueles de meninos, existem brinquedos que marcam, os tais inesquecíveis, tem também os que te tiram do chão. Brinquedos são uma extensão do nosso corpo, de brin.que.dos quem somos. Eles nos mostram outro mundo, novas faces da vida, nos apresentam novas formas, outras cores. Brinquedos tem vários tipos, tem os grandes e os pequenos. Brinquedos são capazes de nos ensinar a partilhar, a dividir e a doar. Thais

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C co.lo.rir

Colocar cor; mas não somente cor, como também nome, face, cheiro, sabor e textura, na vida, no mundo. Tornar brilhante; brilho intenso, cintilante. Reluzir através do escuro do existir. Encobrir; cobrir o que não se precisa ver. Pelo menos por enquanto.

Natali

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D de.sen.vol.vi.men.to O processo de envolver-se e em seguida retornar ao estado anterior, para voltar a envolver-se novamente em uma sucessĂŁo de movimentos. SĂŠrgio

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D É como percorrer uma estrada, vista de longe pode parecer bela, interessante e desconhecida. Pode exigir muita energia e ajuda durante o percurso, mas, quanto mais andamos, mais queremos seguir em frente

des.co.bri.men.to

Angelica

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D Descubro hoje, o rosto sorridente de uma criança, que alenta uma alma carente, ensino-lhe à descobrir o des.co.brir mundo, mesmo querendo encobri-lo para que seu sorriso não se finde. Descobrimos juntos a necessidade de brincar e sorrir, a essencialidade de nunca abandonar a criança que um dia fomos. Leonara

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E em.bri.cres.ci.men.to Forma de uma criança demonstrar a sua imaginação em forma de brincadeiras, contribuindo para uma infância mais feliz.

Lorenço

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E es.pe.lho

Vejo no espelho um urso esquisito de pijama, sujo de terra das engatinhadas para a descoberta, não sei qual a criança que olha, vejo tudo o que me mostram, não entendo tudo que eu vejo. João

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fan.ta.si.a

Bruna

F

É onde “tudo” se torna possível. Construímos histórias, pessoas, lugares. Construímos um mundo nosso, o qual acaba se tornando refúgio. A pureza de cada detalhe. É se encantar com coisas “ mínimas” e descobrir que são justamente essas coisas, que embora tão singelas, são as mais belas. É ver encanto num céu azulado. Contemplar o canto dos pássaros. Fazer de nuvens personagens desse nosso mundo, tão nosso, tão puro. É ver pássaros voando para longe em pequenos bandos e imaginar-se voando junto, para o horizonte. Imaginando novos mundos “encantados”. É se imaginar em diversos personagens. Fazendo de nossa casa, nosso simples pátio, um castelo encantado ou uma floresta mágica, onde fadas e duendes estão escondidos no alto das árvores. É dar risada das mesmices dos adultos, achar que o mundo deles é um absurdo. É viver puramente cada momento, apreciando cada detalhe. Fazendo novas descobertas e achando o máximo. É não entender o motivo de que as pessoas ficam “velhas” e “enrugadas “ ou do quanto acontece a toda hora coisas ruins como, a temida e misteriosa morte. É também não entender o quanto os adultos escondem tanta coisa, não respondendo nossas perguntas. Apenas nos dizem: “É MUITO CEDO PARA VOCÊ PERGUNTAR ISSO, QUANDO CRESCER EU TE EXPLICO...” É ver nossos pais como heróis, ou reis e rainhas, ou quem sabe bravos guerreiros que diariamente lutam em suas batalhas. Nossos exemplos e refúgios deste mundo. Hoje podemos encaixar essas batalhas como nossa própria e enigmática vida. É não saber que um dia todos eles vão partir... É sentir uma imensa segurança, sem se preocupar com o amanhã. É ver jovens/adultos e achar eles confusos. É viver sem ter vergonha do que realmente está sentindo. É se permitir rir, pular, sorrir, (por vezes) chorar, mas principalmente...BRINCAR. Sem se preocupar com o que vão pensar.... Se permitir a cada momento.

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F Sentimento ligado ao ser humano, geralmente mais presente durante a infância. Fantasiar é saber que existe algo para além da realidade já

fan.ta.si.ar

posta, é (re) inventar-se, conhecer a si mesmo, imaginar e permitir-se sentir as mais diversas sensações, é brincar e criar um mundo onde o faz de conta vira realidade através dos nossos desejos e pensamentos, é dar vida ao inanimado (brinquedos e objetos) onde, na espontaneidade, podemos nos libertar da realidade que nos cerca, (muitas vezes dolorosa) criando um espaço de segurança que nos possibilita divagar. Pablo

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I .

i.ma.gi.nar

Ser criança é viver com a simplicidade no olhar e com a descoberta de cada textura, de cada cor. A inocência do seu coração nos faz pensar que virão dias melhores. Ser criança nos leva a um mundo encantado onde a magia e a fantasia reinam. Era acreditar que bicho papão só fazia medo em desenhos, e que se por acaso ele surgisse embaixo da cama, o cobertor favorito protegeria. Fazer amigos antes mesmo de saber o nome, ser feliz com muito pouco. Naiara

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I Como é bom ser criança, ter imaginação, criatividade, poder ser criativa sem ser criticada. Viver em um universo onde possamos nos transformar no que desejarmos.

i.ma.gi.na.ção

A imaginação de uma criança a leva onde ela desejar estar. Qual de vocês que estão lendo agora nunca viveram o imaginário? Nossa vida começa onde imaginamos. Na imaginação vivemos em mundos completamente diferentes do que o que enfrentaremos. Mas, ao olhar para trás poderemos ter vivido muitas coisas imagináveis. Sarah

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nas.ci.men.to

N

É a porta de entrada para o mundo e neste, estamos vinculados às pessoas, histórias, enfim, uma família que não escolhemos, apenas estamos designados a conviver e aprender sobre cada um que compõem essa estrutura. Nossos comportamentos estão ligados à uma origem e, a partir dela nossa personalidade e características vão sendo construídas. Nascer é algo mágico, é sair da barriga de sua mãe, lugar o qual passou muito tempo, e vir para um lugar completamente diferente, é ter que lidar com outras pessoas, com um novo mundo, é ter que conhecer a si mesmo e os que estão ao seu redor, e aos poucos ir crescendo, adquirindo “anticorpos” para lidar com os obstáculos da vida, com os empecilhos, com as perdas e ganhos. É poder aprender tantas coisas, e mesmo quando crescer seguir aprendendo, pois, a vida é uma constante aprendizagem, a cada dia aprendemos algo novo, desconstruímos paradigmas, crenças, que são impostas por nossa sociedade. Nascemos desprovidos de preconceitos e muitas vezes criamos eles através do meio social que estamos inseridos. Penso que nascer é sinônimo de alegria, de descobertas únicas e incomparáveis, é lidar com um mundo novo, uma família que provavelmente vai ter muito amor para dar, é fazer amigos, é saber que seus pais estarão sempre ali, dispostos a ajudar, pois a mãe é a figura primária para esse bebê, portanto, a relação deles é forte, única, duradoura e vital para o desenvolvimento humano. Beatriz

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P Eu acordo em mundo estranho, desolado pela violência do embate entre duas pessoas ora confiáveis, ora distantes, não tenho amigos – tenho livros. Tudo é escuro, nada é belo. Não quero brincar, prefiro estudar. Pessoas são

pri.são

más, tenho medo delas, são como Eles. Não confio em ninguém. Odeio a escola, tal como as pessoas de lá nutrem o mesmo sentimento em relação a mim – Eu acho que sabia demais. Inocência? Não aprendi os conceitos desta Ciência. Não há fugas, não há sentimentos, não há sorrisos, há caos, há dor, há medo, estou preso. Geovane

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R

Estou num enorme labirinto, lutando contra re.i.ma.gi.nar centauros, e de repente estou correndo atrás da minha prima que finge ser uma bruxa má. Minha mãe estraga tudo gritando que tenho que tomar banho e jantar, obedeço, e antes de dormir, ela me conta uma história, beija minha testa e apaga a luz. O café da manhã no outro dia é farto e quentinho, mamãe corre de um lado para o outro, meu pai arruma seu café, e num momento me vejo imaginando que a colher que como o cereal é uma máquina que leva alimento para a boca de um enorme monstro, eu. Vejo meus pais e penso na sorte que tenho em ter esses adultos ao meu lado, as vezes são meio chatos, mas eu os amo. Minha mãe liga a TV e corre de um lado a outro, eu jogo meus brinquedos no chão, e ali fico, criando meus mundos, aventuras, histórias tão reais, tão lindas, que não vejo porque me limitar ao que o mundo físico me propõe. Felipe

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T A harmonia entre o toque e o olhar, a leveza da segurança

to.que

daquela relação. Muitas vezes o toque dentro da sessão vale mais do que mil palavras. Andiely

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U Talvez sejam a extensão do definir brinquedos. Mas ursinhos são aconchegos e carinhos. São um porto para

ur.si.nhos

onde correr, o lugar para ancorar nossas dores e desamores infantis. São os nossos ninhos em formas de ursinhos. Ursinhos remetem a amor, ao viver sem a dor, ao ter o calor. Ursinhos são os abraços que não foram dados, são os dias nublados,e não ensolarados. Ursinhos podem ser só ursinhos, mas são os nossos ursinhos. Thais

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ADOLESCÊNCIA É deixar pra trás os pijamas de bichinhos, é esquecer que depende tanto dos outros. É olhar pra trás e não mais se identificar, é ver tudo mudar. A pele, o corpo, o rosto, os gostos. É perceber que existe vida além do outro. É ver que o outro é só o outro. É identificar-se com vários gostos, com outros rostos. É não ser mais criança, é o querer crescer, é querer viver. Thais

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c con.trá.ri.o

O contrário por vezes é o que temos. Será que estamos aqui pelos motivos errados? O desejo de resposta é apenas a busca de mais perguntas, afinal, a vida é duvidosa mesmo. A confusão vem do questionar demais, pois, por vezes a vida diz muito sobre exatamente nada. É necessário o contrário, é preciso certezas, do certo e do futuro escrito, de um destino já traçado. É preciso ter respostas antes das perguntas. É necessário estar mais perto. Sarah

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C No sentido fĂ­sico: ganhar altura. Altura essa que nos faz olhar o mundo com os olhos de um

cres.cer

adulto. Seria entĂŁo, o crescer, mudar o ponto de vista? Crescemos e diminuĂ­mos a cada palavra e pensamento. Lucas

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D Não é adulto, muito menos criança, o que é? Uma parte sente-se o mundo e a outra é ninguém, um poço sem fundos?

de.sa.bro.char

As mudanças provocam medo, dúvidas, é difícil controlar as emoções, luta para manter o autocontrole e conseguir expressar-se por si.

É um período de aventuras, com episódios maravilhosos, mas também se faz presente o sentimento de vergonha, perda e Vive cada momento intensamente, insegurança. ama hoje e odeia no outro dia. Período de cobranças, estudar para o vestibular, procurar um emprego, não beber, não fumar, usar camisinha. Querem aproveitar a vida, acham que estão sempre certos, são impulsivos, aqui tudo acontece ou pode acontecer.

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Naiara


D des.co.ber.ta

Ao descobrir um espaço novo, deve-se estar aberto para as inúmeras vivências que este espaço irá trazer. A descoberta de si, e as descobertas do outro, vão possibilitar as mudanças, os desafios e a descoberta do desconhecido, a descoberta das representações e sensações Andiely

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D Lugar de pôr as dores, lugar de amparar os desamores, lugar de fuga. Diários ganham toques de flores, ou do sombrio das dores.

di.á.ri.o

Eles são os melhores amigos nessa fase, são os que sabem nossos sentimentos mais profundos, nossos amores e espinhos ocultos. Além de consolarem nossas dores são capazes de nos reconstruir em formato de letras e poemas de amores, ou anti-amores. Thais

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E Envolver-se; Em qualquer coisa que enrole os fios sem cor deixados pra trรกs. Confundir-se; Com si mesmo e com os outros, tentando encontrar os limites. Embaraรงar a vida que parecia

e.ma.ra.nhar

uma linha solta aos prรณprios desejos. Natali

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E e.na.mo.rar-se

A arte de manter relacionamentos ou encantamento, sem a limitação de tempo ou espaço.

Sérgio

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E en.can.ta.men.to É a contemplação, na busca de equilíbrio do corpo em sintonia com o mundo interior. É a transitoriedade entre um turbilhão de sentimentos

Angelica

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E Somos consumidos por explosões, elas nos consomem, se derramam, cobrem nosso interior e nosso exterior, deformam nosso eu e

ex.plo.são

fazem com que ocorram mudanças. Explosão é a forma que chamo o emaranhado de sentimentos que transbordam durante toda nossa vida. Eduarda

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I Porção de vida em construção; Cercado pelo caos em sua liquidez. Necessariamente inconstante e mutável, mas que resiste as mais fortes marés. A ilha que habitava outro mar, bem mais colorido mar, agora

i.lha

se (re)constrói em outras águas para que possa seguir sua flutuante existência.

Natali

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L Poder decidir o que quer. Ser feliz sem se preocupar com o amanhĂŁ, sentir o vento bater no rosto, sentir a brisa leve do vento invadir a alma e aliviar as dores, ĂŠ como andar a

li.ber.da.de

cavalo livre pelo campo. Clarelisa

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M Ato ou efeito de gerar impulso em direção aos sonhos. Mover-se, no ritmo da sua história, assim como o cantor no ritmo da sua música.

mo.vi.men.to

Maria

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P Uma forma de reduzir o nome de um dos piores medos dos adolescentes, a Tensão Pré– Prova

pro.vis.mo.fo.bi.a

Lorenço

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R

Acordo pela segunda vez, desta vez perguntome: O que sou eu? Produzir e obedecer? O mundo antes assustador, agora se apresenta

re.bel.di.a

belo e atraente, quero conhece-lo. Conheço novas pessoas, novas formas de sentir, até permito-me sorrir. Eles não apreciam muito a ideia, logo advertências de ódio chegam até mim, por algum motivo, essa reação negativa despertava um sentimento de que eu estava no caminho certo. Decidi tornar-me odiado por todos para aprender a me amar, homens mortos foram meus maiores companheiros na luta pela vida. Rebelde torna-se meu novo nome, gosto dele. Admito que a escuridão ainda que pairasse sobre minha alma, pela primeira vez, era algo que eu escolhi, tornei-me finalmente digno dos meus próprios tormentos. Geovane

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R re.co.nhe.ci.men.to

É a ação de reconhecer-me como pessoa, quem sou eu, qual é o meu propósito, meus objetivos e onde eu quero chegar. Reconhecer é se ver no espelho e aceitar o modo como pensamos, agimos e somos em qualquer situação de nossas vidas. Beatriz

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R (re).es.tru.tu.rar

Felipe

De repente, você se olha no espelho e vê um estranho. Seu corpo, sua voz, tudo está mudando de forma rápido e assustadora, e todos percebem.

Quando você menos espera, é alvo dos demais, você se encontra num campo de guerra onde a popularidade e a beleza tomam espaço. Isso se chama ensino médio, e se não bastasse tudo isso, precisamos em três anos decidir o que queremos para nosso futuro, como se tivéssemos esse poder em nossas mãos. Tudo é difícil. Você quer dormir, não quer sair, tudo é por obrigação. Levantar da cama é uma guerra, seus pais se tornam monstros, seres irritantes e repugnantes, você não quer mais nada, não quer ter nascido, não quer ter crescido, nada. De repente, em seu quarto, você percebe que está aos pedaços, então, alguma força te faz se levantar, e começar a juntar todos esses pedaços perdidos, porém alguns você não encontra mais, ficaram pelo caminho, com alguma outra pessoa, não sabemos. Uma certeza temos, esse estranho sou eu, somos nós, esse é momento de se reestruturar e seguir adiante, aquela vontade de largar tudo existe, mas como essa é a fase da negação, acabo negando isso também.

46


R

É ir em busca de um novo caminho, na busca de novos sentidos. É começar a ver as coisas com um novo olhar. Perceber que talvez toda aquela dor anterior, serviu sim para o crescimento, deixou mais forte. É olhar com mais compreensão. Perceber o quanto é necessário esse processo de crescimento. De conhecer as lutas e ter paciência consigo mesmo, com tudo que construiu e pretende construir. (re).sig.ni.fi.car É almejar (talvez) novos sonhos. É ainda se ver junto da família, mas também querer construir com as próprias mãos o próprio caminho. É saber as respostas daquelas perguntas Bruna que se fazia quando criança. É desejar nunca ter desejado querer saber essas respostas. É estar em um longo processo de se (Re) descobrir. Se permitir, novamente sentir.

47


S Estrela principal do sistema solar, tudo gira ao seu redor, influências infinitas que não sei lidar, vou logo me pondo a descansar, é quando sou ocultado no horizonte, antagonismo ao nascimento, mas ainda tem muito tempo, amanhã nasço mais uma vez.

sol

João

48


T Capacidade de se reorganizar e ressignificar enquanto ser no mundo.

trans.for.ma.ção

June

49


T Transformar pode significar se remodelar, reconstruir-se,modificar-se. É deixar as cicatrizes da infância para vivenciar outros tipos. É ver sua visão de mundo mudar, suas referências se

trans.for.ma.çoes

transformarem. É rasgar a sua imagem infantil e encarar um corpo, mente e saberes diferentes. É querer mudar o mundo, ver as coisas saírem a tua maneira. É cair, tropeçar, ver que errar é normal, é sofrer mutações, é ter frustrações. Transformar-se é isso, não ser sempre o mesmo. Thais

50


T Ir alĂŠm! Ir de um lado ao outro procurando nĂŁo procurar nada, e esperando encontrar tudo! Exceder o limite prĂŠ colocado, transferi-se de um lugar ao

trans.pas.sar

outro em pouco tempo, penetrar em sentimentos de maneira intensa

Eluizi

51


T Diz-se do momento particular que vive o sujeito em sua adolescência, no qual as mudanças orgânicas e biológicas que provem da maturação dos órgãos, das glândulas e do tur.bi.lhão corpo em geral, o que acontece, em média, dos 12 aos 17 anos, impõe uma série de alterações hormonais e transformações corporais. Esta inadiável circunstância faz com que o sujeito transite nesta fase sob turbulência e agitação de ordem emocional, onde se vê obrigado a ressignificar seu mundo interior, a sua autoimagem, para se adaptar a realidade em que se percebe. Turbilhão também pode significar o movimento rápido da água em forma de redemoinho gerado no exato encontro de correntes. Na realidade do adolescente, pode-se fazer uma analogia ao se dizer que essas correntes tratam-se, não mais, do que a infância que vai e a maturidade que vem. O encontro dessas duas correntes é o que provoca uma espécie de Júlio redemoinho de forças psíquicas intensas. Nessa fase, torna-se necessário que o sujeito realize um superinvestimento em um objeto externo para conseguir sair do redemoinho que, muitas vezes, puxa o adolescente para baixo. Quando o adolescente fracassa em sair deste encontro de correntes avassaladoras, acaba caindo em depressão.

52


V

va.zio

É olhar para trás e muitas vezes não se reconhecer no que passou. E muitas vezes se questionar: O que realmente sou? O que estou fazendo de fato? Quem eu fui no passado ? É por vezes querer voltar para trás, para a infância. Pois agora tudo está confuso. É buscar abrigo em uma música, uma pintura ou até mesmo em um desenho e principalmente em alguém. Muitas vezes a solidão acaba se tornando “fiel” companhia. É perceber que um joelho ralado não dói praticamente nada comparado a dor de um coração machucado. É esperar desesperadamente pela liberdade. É desejar ir para o horizonte, descobrir novos rumos. E ao mesmo tempo temer o futuro, ter receio não saber usar essa tal liberdade e cair novamente na solidão.

Bruna

É olhar para o espelho e não saber exatamente o que está no outro lado. É muitas vezes se sentir só, mesmo rodeado de gente.

53


V O vazio toma conta, não sei se sou eu, se sou outro, se nada sou, busco um significado para a (re) existência, preenche-lo de que? Memórias do que fui... Sonhos do que poderei ser? Vida... e tempo... dizem-me que vai passar, preciso acreditar.

va.zio

Leonara

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V Libertar-se das amarras que nos prendem sejam elas psicológicas, sociais, físicas ou relacionais. Porém porque é tão difícil levantar voo hoje em dia, ao olhar para o céu, o que se vê? Uma imensidão tão bela, aonde pássaros exploram e ocupam este espaço livremente.

vo.ar

O adolescente deseja com todas as suas foças ser este pássaro num céu chamado sociedade, só que a dificuldade de lagar o ninho vai além de aprender a voar, o tempo chuvoso e nublado que podemos imaginar como barreiras dos mais diversos tipos e formas, limitam o voo desse jovem que deseja incessantemente a autonomia e conhecer novos lugares e caminhos onde ele possa ser ele mesmo e construir um espaço próprio. Pablo

55


ADULTO JOVEM car.ga É tudo aquilo que pode e deve ser transportado pelo adulto. Se diz do conjunto de objetos de ordem material e comportamental que o sujeito tem que levar consigo para ter condições de viver. Em nenhum momento da vida o sujeito talvez sinta tanto o peso de uma carga quanto na transição da adolescência para a fase adulta. Na infância e na adolescência, em geral, o sujeito não carrega sozinho sua própria carga. Os seus criadores muitas vezes o ajudam dando suporte. Mas é quando se transforma em um jovem adulto é que o sujeito realmente leva carga. A carga da responsabilidade, a carga das consequências das escolhas que precisa fazer, a carga dos compromissos que tem que cumprir, a carga pesada de administrar a própria vida, quando já não dispõe mais dos pais para tal. É exaustivo e estressante receber tamanha carga sobre as próprias costas, o que obriga o adulto jovem a criar condicionamento. Este é o aspecto central desta fase da vida: suportar a carga pesada das atribuições de uma vida independente. Júlio

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IDADE ADULTA Expectativas, indefinição. Somos velhos demais para ser jovens e jovens demais para ser velhos, uma ponte que nos liga ao passado e nos leva para o futuro. Kellen

Momento de pôr/tentar os sonhos adolescentes em prática. Experienciar o que é crescer de verdade. Ver os rumos da vida finalmente se concretizando. Ser adulto muitas vezes é querer voltar a ser criança. É ter que realmente crescer, é ter trabalhos, é ter contas, é superar todas as barreiras, muitas vezes sozinho. Ser adulto acaba por ser sozinho em muitas horas do dia, dos meses, dos anos. Thais

57


B Medo de alguns adultos de vir a pagar boletos (podem ser boletos atrasados também).

bo.le.ti.fi.ca.ção

Lorenço

58


B

bo.le.tos

Por que falar em boletos? Porque boletos são uma definição da vida adulta, trabalhar, trabalhar e no fim resumir sua vida em pagar boletos. Mas não nos referimos somente a boletos de contas que exigem dinheiro, mas, também boletos sentimentais, dívidas vindas do passado, acertar as contas com o passado, resolver pendências da infância, pôr os sonhos e desejos em dia. Definindo boletos resumimos uma vida, muitas vezes falha. Boletos, tantos boletos, que no fim acabam por se tornar o único foco da vida. Thais

59


C É saber que nem todas as pessoas são iguais, que nem todos irão te machucar, que sempre vai existir uma pessoa

con.fi.an.ça

em quem irá poder confiar de olhos fechados, que irá segurar tua mão e não te deixar cair. Clarelisa

60


C Tenho muito, mas não me satisfaço, preciso de mais, construir amor, construir

cons.tru.ir

família, construir um laço. Um laço que una todos os meus pedaços, tornando-me inteiro novamente. Leonara

61


C

cons.tru.ção

Aos poucos a vida vai tomando formas, o quebra-cabeça começa desembaralhar e a construção da vida começa a ser feita. Pode ser que a obra pare que não haja maneiras de muitas vezes ela continuar, mas aos poucos tudo vai se encaixando no devido lugar e a vida toma suas formas, as vezes o mal tempo começa a desmoronar o que já havíamos construído, mas o alicerce foi construído de forma segura e o vento apenas passa e a construção segue em frente. Sarah

62


C Libertar-se e voar, após esse acontecimento fantástico, precisa-se de uma força/ sentimento denominado coragem onde em todas as fases do desenvolvimento é essencial mas na adultez é onde predomina. Sim, sair da zona de conforto e levantar o voo já é um tremendo ato de coragem. Além disso é jogar-se no novo e arriscar mesmo sabendo que talvez não tenha o resultado esperado, é experimentar-se, e também saber segurar a barra nos momentos difíceis que a vida nos dá a famosa “rasteira” e nos derruba, mas podemos ligar a co.ra.gem coragem ao levantar-se e seguir em frente sacudir a poeira e olhar o horizonte de oportunidades que nos espera e correr em direção a este sem medo do que virá pela frente.O erro gera o aprendizado, e o acerto a alegria e ambos fazem parte da dinâmica e dos devires da nossa existência e isso gera o sentimento de estar vivo. O adulto é como uma flor que desabrocha no inverno, esta flor que mesmo enfrentando as intempéries do clima e do tempo (dificuldades, pressão no trabalho, contas e preocupações) consegue esbanjar beleza e modificar a paisagem. Pablo

63


E Valorizar cada encontro, cada momento, se despir de qualquer elemento pronto, e se deixar levar pelo encontro, pela vivĂŞncia de estar e ser um corpo presente que ouve, que vĂŞ, que sente.

en.con.trar

Andiely

64


E en.qua.dra.men.to

Colocar-se em uma nova configuração, deixar de ser algo e se tornar a postura esperada. Existir através de algo já imposto! Mas, enquadrar-se não significa que algo foi perdido, ainda existe uma essência de vida, vindo de outro lugar, lugar pertencente até tão pouco tempo e que não se deixa tão facilmente. Eluizi

65


F Base de uma relação segura. Porto seguro onde podemos atracar

fa.mĂ­.li.a

nosso barco durante a tempestade da vida.

Kellen

66


F O fogo que agora pode queimar, tem que queimar, queima... Aniquila, retorce, distorce, ilumina o caminho, queima o milharal, cria outra

fo.go

imagem, queima a língua(gem), produz calor que afasta, aproxima, afeta, força a criação, marca na pele e prepara a couraça. João

67


F for.ça

É coragem, é o que vem de dentro, ás vezes achamos que não possuímos, mas ela nos possui, demonstração de força é permitir-se sentir, transbordar, recordar, reviver e aprender, quando achamos que não há temos é quando temos, é confusão e acolhimento, com ela detenhamos a vontade de seguir não importa o caminho. Eduarda

68


I

(In) Dependência

Agora sim. Meu carro, minha casa, minha vida. Deixei meus pais no canto deles, foi difícil, ainda é, as vezes eles perdem as noções de limites, mas são pais, a gente aceita. Eu disse que isso é bom? Não. As horas estão passando, e eu vejo isso toda vez que observo as novas rugas no rosto dos meus pais. Levanto, banho, trabalho, casa, tudo a mesma coisa sempre, não existem mais muitas variações, você namora, vê aquela pessoa quando sente saudade, liga a noite, mas quando pergunta como foi seu dia, o assunto encerra. Você já não dorme mais, seu carro é confortável, sua casa, sua cama? Nossa... é nesse meio tempo, que você simplesmente não consegue mais sair na manhã seguinte, você percebe que não dorme a muito tempo, e nem percebeu. Quem te acompanha percebe, te leva ao médico, então você vê ele falando sobre excesso de trabalho, sobrecarga, palavras assim, mas aquele nada que você observa é mais interessante, aquele belo ponto fixo na parede atrás da parede do médico, ele acha que você presta atenção, mas não estamos nem aí. Eu sei, eu entendo. A noite, aquele ser que sofre por te ver nessa situação paralisante vem com comprimidos, o médico quem mandou eu tomar, ok, tomo alguns goles de água e tudo se vai, apagou. Você acorda, o sol... o que? Eu dormi? Desculpe, voltando, o sol já está alto. Por incrível que pareça, sento na cama e coço meus olhos, e me sinto como se eu estivesse saído noite passada e bebido muito, ressacado. Nesse mesmo instante a pessoa entra, com a mão cheia de novos comprimidos, manda eu tomar todos e me arrumar, pois agora tem mais uma novidade, a tal de terapia... Sinto a água quente no meu rosto e penso, meus pais estão adoecendo, eu não os acompanho pois sou viciado em trabalho e já tenho um companheiro para dar atenção, não sei se sou independente... acabei me tornando um ser dependente.

Felipe

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L la.ço

É sentimento forte e intenso que brota por dentro. É desejar ver a felicidade daqueles que nos cercam, aqueles que são donos de nosso puro afeto. É se ver também através dos que amamos. Imaginar nosso coração junto ao deles. É se doar, fazer da dor do outro a nossa também. É sentir a mais. É perceber que temos um lar. É encontrar motivos a mais para viver.. É ver queo sentimento é o que nos liga e nos transforma. E ele que determina quem é de fato a nossa família. Um amigo, um colega de trabalho, nosso cachorro, ou nosso gato, podem representar nosso LAR. Bruna

70


P

per.cor.rer

Andar, locomover-se ao longo de; De quê? Da vida? Dos lugares? Do mundo? É, talvez. Mas mais que tudo isso – que já é bastante -, locomoverse em si mesmo. Explorar; cada lugar da existência, os melhores e os piores. Analisar; a estrada, as pessoas e os afetos. Atravessar; mares, terras, soalheiros, chuvas e ventanias, e ainda assim, encontrar-se em si. Escolher o mais seu, o mais próprio, não pra criar raízes, mas pra ter um porto que seja seguro. Percorrer tudo e todos, e encontrar um lugar ao sol Natali

71


R

re.den.ção

Geovane

Com todas as dores e decepções que tento agora convencer-me que são aprendizagens e ensinamentos, espero com certa esperança a fase adulta, não porque acredito que tudo ficará perfeito – pois já perdi o talento de romantizar a vida, mas porque tenho a esperança de me redimir, ser melhor que Eles. Ter o que não tive e ser o que não conheci, espero mesmo no caos da vida, orgulhar-me de onde cheguei e por que escolhi estar ali. Quero ser diferente do que cresci para ser.

72


R re.la.ci.o.na.men.to

Fase caracterizada por relacionamentos afetivos e capacidade de estabelecer laรงos sociais caracterizados pelo bem-estar, amizade, partilha e confianรงa.

June

73


R re.lem.brar

Olhar para trás outra vez, ver de outra maneira o caminho que o trouxe até aqui, dar sentidos que até agora pareciam não existir, re escrevendo a própria história a cada memória.

Lucas

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R

Palavra de muito peso, me remete a compromisso, ao dever de cumprir algo.

res.pon.sa.bi.li.da.de Lidamos cotidianamente com as responsabilidades seja no trabalho, nos estudos, quando somos crianças não possuímos tantas responsabilidades, ao crescer tudo muda, as cargas começam a pesar, vivemos com cobranças, com a expectativa da família em nos tornarmos alguém responsável que possa ter uma vida tranquila, sensata, nos cobram: Cadê a responsabilidade? Sabemos que já não somos mais crianças e que à qualquer erro novamente a responsabilidade irá bater em nossa porta, assim somos responsáveis pelos nossos atos e vivemos rodeados de exigências que nos são impostas. Beatriz

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S Em tempos à deriva é preciso ser céu. Desviar do tempo e do espaço habituais. Alargar sentidos, expandir as vivências

Su.jei.to à de.ri.va

do corpo e do olhar Provocar turbulências e ressonâncias nos territórios mais estáveis e firmes, abrindo rachaduras em reduções definidoras e definitivas... Tal como a luz do sol, que força a sua passagem entre a brecha das nuvens, se aproveitando das transformações do tempo para (re)existir. Camilla

76


T

Como já diz a música de Kell Smith:

trans.bor.dar

“É que a gente quer crescer E quando cresce quer voltar no início ”

Venho percebendo que para ser adulto não há um ritual de iniciação, você começa chutando algumas pedras bem pequenas, paga uma conta ali, depois aparecem obstáculos maiores, torce para não vir outro logo depois. Crescer dói.... É ficar sem chão milhares de vezes, é perceber que nem sempre teremos colo de mãe ou pai quando algo machuca e tudo sai errado no seu dia. Apenas vá vivendo, experimentando sentimentos, mergulhando em diferentes olhares, sem saber o que vem depois. Naiara

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MEIA IDADE

78


C con.fli.tos

Ocorrem, neste ciclo, mudanças tanto de ordem psicológica como física, semelhante aos ocorridos na adolescência. Peso maior nas questões do corpo e trabalho. June

79


N

É definidamente o que traduz o significado da fase da meia-idade em uma só palavra. Diante de sua finitude inescapável, o sujeito começa a repensar o passado e a sentir falta, sobretudo, de sua juventude. Momentos e pessoas marcantes nos.tal.gi.a ficaram para traz na vida do adulto por volta de seus 50 anos de idade. A aposentadoria se aproxima. Os filhos saem de casa. O condicionamento físico diminui. O desejo sentimental de regresso se torna bem marcante, impulsionado por lembranças de momentos felizes e antigas relações sociais.

Júlio

Essa nostalgia pode ser perigosa, se o adulto em meia-idade não se desapega de tempos passados ou começa a remoer arrependimentos por coisas que fez ou deixou de fazer. Isso é normal. Mas novamente o sujeito se vê obrigado a ressignificar o seu mundo interno para se adaptar à presente realidade e seguir em frente.

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P po.si.ti.vi.da.de

É acreditar que no final tudo pode dar certo, que as coisas boas vão acontecer, que tudo é possível, que tu és capaz. É a busca pela paz e pela tranquilidade.

Clarelisa

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R Há vida lá fora, ela me espera, o tempo não é escasso, a pressa é o caso, redescobrir as

re.des.co.brir

cores, a flores, os amores, os embaraços, trazer para si a beleza dos acasos deixar de lado os descasos. Leonara

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VELHICE Para muitos o fim de tudo, o fim dos sonhos, a hora de deixar tudo para trás. Mas é o momento de ver tudo o que foi construído durante a nossa trajetória, ver as realizações, olhar tudo o que deu certo e tudo o que não era para ser. Sim, a velhice pode ser o fim, mas um fim cheio de histórias para contar. O fim mais belo de todos.

Thais

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A a.bri.gar

Salvaguardar dos efeitos prejudiciais do tempo; Ah, tempos difíceis. Depois de colorir o seu próprio mundo, de se isolar na ilha contraditoriamente mais habitada de todas e percorrer inúmeras outras até encontrar a sua, chega a hora de abrigar-se. E queira a vida que se consiga morada. Que se consiga guardar no mais íntimo as volteadas desse existir. Natali

84


A a.co.lher

Suas rugas nos fazem lembrar onde estiveram os sorrisos, seus passos ficam cada vez mais lentos e os sentidos debilitados, mas ainda mantém lucidez suficiente para contar suas repetidas histórias, que muitas vezes foram ignoradas. Desejam realizar seus sonhos como jovens e não passar despercebidos como se a única coisa que os esperam fosse a morte. Querem ser acolhidos e respeitados como qualquer outra pessoa. Naiara

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A Atitude/ sentimento de grande nobreza. Quando realizado gera um bem estar há ambas as pessoas que estão envolvidas (o acolhedor e o acolhido), no processo de envelhecimento se faz tão necessário esse ato, geralmente o idoso tem tanto a ensinar através da sua experiência e de seus afetos, este deseja repassar aos mais jovens o que aprendeu através da sua sabedoria, mas o mesmo é deixado de lado e muitas vezes esquecido, a.co.lher acolher é escutar, entender os sentimentos é demonstrar carinho e preocupação, e olhar para além do que a pessoa diz e tentar adentrar ou melhor receber suas ideias e integrar – se a elas, é fazer o outro sentir-se importante e reconhecido afinal cada pessoa é um mundo constituído a partir de vivências, discursos e histórias pessoais, nada mais justo do que dar um espaço para estas coisas e valorizá-las. Pablo

86


A Capacidade de se adaptar às transformações ocorridas ao longo da vida, corpo que não dispõe mais de tanta saúde e compreensão que se necessita de cuidados.

a.dap.ta.ção

June

87


A a.do.e.cer

ĂŠ quando a alma nĂŁo aguenta tanta dor e o corpo grita.

Kellen

88


A a.ma.du.re.cer Tornar-se mais elaborado, desenvolvido, acabado.

SĂŠrgio

89


B

É perceber que a vida é parecida com o destino de um trem... que em cada trilho pessoas vão embarcando e outras partindo. Cada parada uma surpresa, não sabemos o que vamos encontrar no próximo destino. É o que levamos dentro de nós, em nossas BAGAGENS, que nos moldam e fazem nossa história.

ba.ga.gem

Dentro delas estão guardados nossos sentimentos, lugares, pessoas. Registrados em cada momento. É saber que somos feito do outro. Das pessoas que conhecemos, mesmo que pouco tenham convivido conosco. É saber que também algo nosso marca outras pessoas e que muitas vezes algo elas nos levam com elas, dentro de suas bagagens. É saber desses valiosos detalhes, que dentro de nós algo se move e nos faz perceber que vale a pena. É querer ultrapassar a tão esperada, linha de chegada!! Sabendo que, de algum modo, teve sentido, nem que tenha sido maluco... Talvez isso seja “viver. ” Bruna

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B bei.ra.das

Limite de uma estação para outra, beirar o começo de uma nova história e rescontrução de um novo ser, se fazer novo mediante ao final. Eluizi

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B Forma conhecida que alguns idosos têm de alegrar a si

bo.li.fi.ca.ção

mesmos e suas famílias. Fazendo bolos, comunicando alegrias e compartilhando lembranças. Lorenço

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C Por mais que diversas vezes eu tenha amaldiçoado a vida, ou mesmo desejado dar um fim a ela, sempre amei a sensação de estar

clí.max

vivo e poder lutar por cada chance para muda-la. Espero estar em paz quando a hora de sair de cena chegar ou pelo menos em meu último suspiro estar ciente de que tentei, e que no fim, viver, por mais árduo que tenha sido, não foi tão ruim assim. Geovane

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D

Sim, é o fim. Mas o fim de uma bela trajetória, despedida remete a uma antiga viagem, a antigos sonhos, que um dia já foram vividos, mas também adeus a antigos percursos, é olá a novos caminhos que serão criados e um até logo ao que já foi percorrido. des.pe.di.da É uma estrada que agora não mais é percorrida, mas não, não é o fim. É só deixar de lição e exemplo tudo o que foi percorrido. Despedir-se pode ser dizer sim Oi, para algo novo, para um novo mundo, um novo antigo eu. Despedida pode ser o sombrio da vida, mas também o colorir da alma. Thais

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E es.co.lhas

A vida é feita de escolhas, por todas elas cheguei até aqui, não busco remissão, nem reedição, não me arrependo do que fiz, quero mais é seguir escolhendo e colhendo meus frutos, meus (des)apegos. Leonara

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F fim

Para muitos o fim é um novo recomeço, para mim o fim faz pensar no começo. A trajetória que passamos é o que faz valer a pena toda nossa história desde pequenos. Pensar “fim” é algo infinito, como se alguns infinitos fossem repletos de finidades.

Eduarda

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fi.ni.tu.de

F

O fim parece estar distante, nunca sabemos quando ele vai chegar, em um dia podemos estar bem e felizes e no outro podemos estar morrendo, o tempo nos prega armadilhas, a cada dia vivido é uma “perda”. Vivemos dizendo que devemos aproveitar ao máximo e será que realmente aproveitamos ou vivemos assujeitados a regras, costumes, ao desejo do outro? Finitude quer dizer que estamos chegando ao fim, ao fim de uma vida aqui na Terra, ao fim de nossas vivências, não escolhemos morrer mas, esse dia chega querendo ou não e muitas vezes quando se percebe que o fim está próximo queremos consertar nossos erros, mudar nosso jeito, fazer as pazes com quem brigamos, “tentar consertar” tudo antes de partir. O fim pode chegar de repente, de forma lenta e dolorosa, pode vir acompanhado de uma doença, ou até mesmo no simples ato de atravessar a rua não sabemos se iremos voltar para casa, mas será que esse fim não seria um recomeço? Em outro lugar, com outras pessoas que não tivemos a oportunidade de conviver por mais tempo, concluímos um ciclo para iniciar outro, há tantas definições para a finitude, cada um faz a sua a seu modo. Mas, penso que quando chegar ao fim podemos ter a certeza que fizemos tudo que poderíamos fazer nesse mundo, a finitude vem carregada de surpresas, por isso ame mais, abrace mais, sorria mais, se desculpe mais, seja feliz o quanto puder, pois o amanhã é incerto. Por fim, é um sentimento de gratidão.

Beatriz

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M mor.te

O úlitimo capítulo de uma história,chamada vida,que ficará registrado para sempre no roteiro de outro alguém.

Kellen

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O o.lhar

Olhar de quem vê o outro com um sorriso leve, sem pressa de chegar, na espera para conversar, sinto falta de muita coisa, vejo todos os rostos em um só. Vê a história passar, sentada com uma estátua qualquer, busco o conhecimento que tiver, ignoro por opção toda essa razão, tenho direito de olhar e não saber onde estou.

João

99


R re.a.pro.vei.tar Esses dias de internação foram difíceis, sim. Quem diria que uma gripe se tornaria algo tão complicado e do nada eu estaria sendo internado na CTI, mas tudo está sobre controle. Meus filhos, meus três grandes tesouros não desgrudaram do hospital, coitados... Tantas obrigações, eu lembro como foi na idade deles. Finalmente irei para casa e verei meus netos, minha filha primogênita não casou, sempre estudou e hoje é uma grande arquiteta, mora em Londres, nem acredito que está aqui ao meu lado, largou tudo e veio ficar ao lado de seu velho pai. Minha filha do meio, jornalista, casou e teve três filhos, trigêmeos barulhentos e alegres, com certeza não puxaram a mãe, e sim ao pai sempre alegre e cheio de piadas (no começo me irritou). E finalmente, meu filho mais novo, esse optou pela medicina, tem uma bela namorada, também médica, achei que não daria certo, mas acredita que já duram 5 anos? E você não vai acreditar! Eu conheci Las Vegas, Ibiza, Paris, e na volta de Paris dei uma passadinha em Londres conhecer a casa da nossa filha, você iria amar. Acho que a promessa está cumprida, mas caso der tempo, agora quero conhecer as nossas belíssimas praias brasileiras, mas quer saber, deixa pra lá. Estou em nossa cama, tão espaçosa agora, e no criado mudo uma grande caixa de medicações, nossos filhos conversam lá na sala, eu ouço, nossos netinhos, também estão, quem diria que uma adoção fosse fazer um bem tão grande a nossas vidas? Sim, realmente, está na hora... Eu lembro do dia em que você, com sua mãozinha já toda enrugada, apertou a minha e olhou no fundo dos meus olhos, nem parece que já fazem 3 anos, como quando nos conhecemos a 52 anos atrás, e agora, meu querido, é a minha vez, estou deitado e vendo você sorrindo para mim, estou indo ver você e contar tudo, falar sobre tudo que fiz nesses três anos, tudo que você disse, sinto seu calor, você está realmente perto, achou que eu não cumpriria, não é? Você disse para eu ficar mais, mas não consegui... Mas uma coisa eu lembro, você disse “Aproveite, por nós.” Felipe

100


R Momento de parar, pensar e tomar fôlego. Por mais que pareça que o fim está próximo, ainda há muito por vir. Onde podemos rever nosso passado e nos reinventarmos para continuar da forma mais plena e bela.

re.de.fi.ni.ção

Angélica

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R re.ju.ve.lhe.ci.men.to Trata-se de uma maneira intrínseca de pensar o envelhecimento humano. Determinado pelas leis da natureza é o desgaste e o enfraquecimento da máquina na qual trabalha uma consciência, isto é, a carne, o corpo. Mas na realidade mental, é hora do sujeito se desfazer da carga que levou por desde a fase adulta e retornar a leveza da juventude. Porque não voltar a brincar e se divertir como nunca antes? Óbvio que para a maioria não deve ser tão simples. Talvez seja quase impossível não desejar ter o vigor físico e disposição que a juventude, de fato, oferecia. No entanto, precisa o idoso olhar para o passado com uma perspectiva positiva para viver nesta fase com satisfação e gosto pela vida. E quem sabe rejuvelhecer, pois o momento oferece condições para se viver como uma criança. Não no sentido de se tornar dependente, mas no sentido de se deixar se cuidado sem deixar de ser cuidador, através dos conselhos da experiência e da manifestação do amor. Júlio

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R re.sul.ta.do

Há imaginação, inconsciência e a construção. Todas trouxeram resultados de anos, o mundo segue e agora ocorre apenas a admiração pelo tão belo resultado. Além disso, ninguém aprecia mais a vida do que alguém que esta envelhececendo. Isso é transformado no melhor resultado daquela antiga construção. Sarah

103


S

É se sentir sozinho em meio a multidão, é sentir falta de alguém que amamos e já se foi. “Meus desassossegos sentam na varanda, Pra matear saudades nesta solidão, Cada por do sol, dói feito uma brasa,

so.li.dão

Queimando lembranças, no meu coração. Vem a noite aos poucos, alumiar o rancho, Com estrelas frias, que se vão depois. Nada é mais triste, neste mundo louco, Que matear com a ausência, de quem já se foi.” (Desassossegos- João Chagas Leite). Clarelisa

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T trans.gre.dir Ultrapassar o limite; Da existĂŞncia. Desrespeitando a lei; Do amor.

Natali

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AUTORES Turma do 3º semestre de Psicologia URI/2018.

Andiely Fernandes Angélica Lima de Souza Beatriz Zuchetto Volz Bruna Monteiro Manara Camilla Baldicera Biazus Clarelisa Alexandre Paz Eluizi Maurent Felipe Mattana Viero Fernando Marim João Carneiro Cunha Júlio Vitor Giarola Ferreira June Guedes Rodrigues Kellen Cristiane Martins de Souza Leonara Gonçalves Muller Lorenço Cristofari Campani Lucas Garcia Corrêa Geovane Campanher dos Santos Maria de Fátima da Silva Natali München Legramante Naiara Jornada Eduarda Kruel Pablo Henry Silveira Wouters Sarah Montiel Ferreira Sérgio Fernando Ferreira Castilho Shêndria Haigert Thais Mello de Andrade

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