Alexandra Adornetto - Hades

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Mensageiro

Q

uando consegui me projetar novamente, chovia forte na minha rua. O barulho da chuva no telhado abafava todos os ruídos. O beirai da casa encheu de água, que caía em enxurradas, arrasando a grama do jardim, como se alguém a tivesse cortado com uma barra de ferro. O barulho arrancou Phantom de seu sono e o levou às janelas, para ver o que estava acontecendo. Ao perceber que não era nada que precisasse de sua intervenção, voltou à sua caminha e se deitou com um longo suspiro. Acontecia algum tipo de reunião. Gabriel, Ivy e Xavier estavam sentados ao redor da mesa de jantar, cheia de caixas de pizza e latas de refrigerante — algo que raramente víamos na nossa casa. Não devia haver guardanapos, pois usavam um rolo de papel-toalha. Algo me dizia que a rotina habitual da casa fora alterada, pois não cozinharam nem fizeram compras. Gabriel e Xavier estavam sentados um de frente para o outro, os dois imóveis como pedras. De repente, Ivy se levantou da mesa e começou a tirar os pratos, colocando água para ferver. Ao caminhar da cozinha para a sala de jantar, seus cachos dourados balançaram. Seja lá o que estivessem discutindo, tinham chegado a um impasse. Buscavam uma inspiração, alguma ideia nova. Mas suas mentes estavam tão exaustas quanto eles, o que complicava as coisas. Pouco depois, Gabriel abriu a boca, pois tivera uma ideia. Mas desistiu, não disse nada, e seu rosto voltou a ficar distante. Todos ficaram paralisados quando a campainha soou, quebrando o


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