Alexandra Adornetto - Hades

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Ele conseguirá — respondi. — Estará com o poder do Céu ao seu lado. Afinal de contas, Cristo era um homem. — E Filho de Deus, o que faz toda a diferença. — Você acha que O teriam crucificado, caso não fosse humano? — perguntei. — Ele era de carne e osso, como Xavier. Você está aqui há tanto tempo que já subestima o poder dos humanos. Eles são a força da natureza. — Peço que me desculpe, senhorita, mas não tenho tanta esperança. Não quero sonhar para depois ter uma decepção. A senhorita me entende? — Claro que entendo, Hanna — respondi, finalmente. — Mas, se você não se importa, prefiro ter esperança por nós duas. Quando Hanna foi embora, fiquei um bom tempo pensando na história dela. Queria voltar a Venus Cove, mas não conseguia ficar calma. Fiquei presa às palavras e às dificuldades que ela passara na vida. Pensei em quão pouco entendia o sofrimento humano. O que sabia dos episódios mais obscuros da história da humanidade não passava de fatos frios, gerais. A experiência humana é muito mais complexa. Com Hanna, poderia aprender mais do que imaginava. No entanto, de uma coisa já sabia: ela havia cometido um erro, mas se arrependeu das suas ações; e, se estava destinada a viver o resto da eternidade ali, havia algo de errado no sistema. O Céu não poderia permitir que esse tipo de coisa continuasse acontecendo sem punição. "A mim pertence a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor." Hanna estava equivocada. O Céu buscaria justiça. Só precisávamos ser pacientes. —


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