TCC ArqUrbUvv MICROAPARTAMENTO: DIFERENTES FORMAS DE HABITAR

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UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO

MARIANA COSTA ABREU

MICROAPARTAMENTO: DIFERENTES FORMAS DE HABITAR

VILA VELHA 2020


MARIANA COSTA ABREU

MICROAPARTAMENTO: DIFERENTES FORMAS DE HABITAR

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Vila Velha, como pré requisito do Programa de Graduação em Arquitetura e Urbanismo para a obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo supervisionado pela orientadora Priscilla Silva Loureiro.

VILA VELHA 2020



Dedico este trabalho à minha família, especialmente aos meus pais Luciano de Abreu e Maria Aparecida Abreu, que sempre me apoiaram e acreditaram que conseguiria alcançar meus objetivos. Obrigada por nunca medirem esforços para me auxiliarem a realizar meu sonho.


AGRADECIMENTOS

Agradeรงo as minhas orientadoras, Angela Gomes de Souza e Priscilla Silva Loureiro, que me orientaram na primeira e segunda fase do trabalho respectivamente. Obrigada por todos os ensinamentos transmitidos durante esse ano e por aflorar ainda mais o tema em minha mente.


RESUMO Com o processo de globalização, a maneira como as cidades se desenvolvem estão mudando, fator este que interfere na maneira como usamos os espaços, executamos as tarefas, além de influenciar nas relações sociais, o que afeta diretamente nos tipos de moradias procuradas pelas pessoas. Com isso, houve um aumento no número de lançamentos dos apartamentos compactos, também conhecidos como microapartamentos. Apartamentos desta tipologia possuem como característica os ambientes conjugados, com cozinha americana integrada a sala, banheiro separado de forma a se ter privacidade, área de serviço compacta e pé-direito amplo (SOUSA, 2015). Estas habitações recebem diferentes nomenclaturas, como quitinete, loft, estúdio, flat, entre outros. A mudança no tamanho das famílias também é um fator que influencia nas novas maneiras de morar. Segundo dados do Censo Demográfico de 2010 está havendo o aumento de habitações unipessoais, enquanto habitações compostas por duas ou mais pessoas com parentesco, está caindo. Baseado nisso, apresenta-se uma proposta projetual referente a um microapartamento localizado na cidade de Vitória – ES, com foco nas diferentes formas de habitar, que se adapte a diferentes perfis, necessidades e situações, baseado em parâmetros projetuais como a funcionalidade, multifuncionalidade, a integração, ergonomia e utilização de materiais e cores que favoreçam pequenos ambientes. Vale destacar que o microapartamento escolhido para fins projetuais, passou por uma reavaliação conceitual sobre a forma de projetar, a fim de se ter o melhor aproveitamento do espaço interno do mesmo.


ABSTRACT With the globalization process, the way cities develop is changing, a factor that interferes with the way we use spaces, perform tasks, in addition to influencing social relationships, which directly affects the types of housing sought by people. As a result, there was an increase in the number of launches of compact apartments, also known as micro-apartments. Apartments of this type have the characteristic of the combined environments, with kitchenette integrated into the living room, separate bathroom in order to have privacy, compact service area and wide ceilings (SOUSA, 2015). These rooms receive different nomenclatures, such as kitchenette, loft, studio, flat, among others. The change in the size of families is also a factor that influences new ways of living. According to data from the 2010 Demographic Census, there is an increase in single-person housing, while housing composed of two or more people with kinship, is falling. Based on this, a project proposal is presented regarding a micro-apartment located in the city of Vitรณria - ES, with a focus on different ways of living, which adapts to different profiles, needs and situations, based on design parameters such as functionality, multifunctionality , integration, ergonomics and use of materials and colors that favor small environments. It is worth mentioning that the micro-apartment chosen for design purposes, underwent a conceptual reassessment on how to design, in order to have the best use of its internal space.


LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Planta baixa de microapartamento de 36m² em Paris ............................................................................................................................................................................................................... 13 Figura 2 - Habitação setorizada de acordo com o modelo de casa burguesa ........................................................................................................................................................................................... 16 Figura 3 - Habitação setorizada de acordo com o modelo de casa moderna ............................................................................................................................................................................................ 16 Figura 4 - Medidas corporais que devem ser consideradas ao elaborar um projeto, segundo Panero e Zelnik ........................................................................................................................................ 18 Figura 5 - Vista aérea do Edifício 01 .......................................................................................................................................................................................................................................................... 23 Figura 6 - Evolução do empilhamento das unidades do Edifício 01 .......................................................................................................................................................................................................... 23 Figura 7 - Volumetria de unidade disponível no Edifício 01 ....................................................................................................................................................................................................................... 23 Figura 8 - Plantas baixas das unidades disponíveis no Edifício 01 ........................................................................................................................................................................................................... 24 Figura 9 - Planta baixa de unidade disponível no Edifício 01, com layout adepto ao dia .......................................................................................................................................................................... 24 Figura 10 - Layout adepto ao dia

Figura 11 - Layout adepto a noite .......................................................................................................................................................................... 24

Figura 12 - Mesa para refeições

Figura 13 - Mesa para atividades ............................................................................................................................................................................ 24

Figura 14 - Terraço localizado na área comum do Edifício 01. .................................................................................................................................................................................................................. 25 Figura 15: Ficha técnica dos microapartamentos do Edifício 01 ................................................................................................................................................................................................................ 26 Figura 16 - Volumetria do Edifício 02 ......................................................................................................................................................................................................................................................... 27 Figura 17 - Unidade single A Figura 19 - Unidade double A

Figura 18 - Unidade single B ......................................................................................................................................................................................... 28 Figura 20 - Unidade double B.................................................................................................................................................................................... 28

Figura 21 - Volumetria da unidade single A. .............................................................................................................................................................................................................................................. 29 Figura 22 - Volumetria da unidade double A.............................................................................................................................................................................................................................................. 29 Figura 23 - Unidade double A decorada com mobiliário flexível e grande vão .......................................................................................................................................................................................... 30 Figura 24 - Lavanderia coletiva na área comum do empreendimento ....................................................................................................................................................................................................... 30 Figura 25: Ficha técnica dos microapartamentos do Edifício 02................................................................................................................................................................................................................ 31 Figura 26 - Volumetria do Empreendimento 03 ......................................................................................................................................................................................................................................... 32 Figura 27 - Planta baixa humanizada de apartamento compacto com 34,49m² ........................................................................................................................................................................................ 33 Figura 28 - Apartamento compacto no Empreendimento 03 ..................................................................................................................................................................................................................... 33 Figura 29 - Volumetria de apartamento compacto com proposta de integração ........................................................................................................................................................................................ 33 Figura 30 - Vista do apartamento compacto no Empreendimento 03 ........................................................................................................................................................................................................ 34 Figura 31 - Bike sharing na área comum do Empreendimento 03 ............................................................................................................................................................................................................. 35 Figura 32: Ficha técnica do microapartamento do Edifício 03 ................................................................................................................................................................................................................... 36 Figura 33: Planta baixa original de microapartamento escolhido para fins projetuais ............................................................................................................................................................................... 38 Figura 34: Planta baixa demolir/construir................................................................................................................................................................................................................................................... 39 Figura 35: Proposta projetual da versão 01 ............................................................................................................................................................................................................................................... 41


Figura 36: Área de descanso, home office e estar integradas ................................................................................................................................................................................................................... 42 Figura 37: Área de descanso, home office e estar vistas por outro ângulo ............................................................................................................................................................................................... 43 Figura 38: Alvenaria totalmente ocupada por mobiliário ............................................................................................................................................................................................................................ 44 Figura 39: Funcionamento da porta de correr com TV embutida ............................................................................................................................................................................................................... 45 Figura 40: Mobiliário com portas abertas ................................................................................................................................................................................................................................................... 46 Figura 41: Área de acesso a laje técnica que fica oculto por mobiliário flexível ........................................................................................................................................................................................ 47 Figura 42: Área íntima e descanso do microapartamento ......................................................................................................................................................................................................................... 49 Figura 43: Área de entrada com armário para apoio e armazenamento ................................................................................................................................................................................................... 51 Figura 44: Mobiliários com portas abertas ................................................................................................................................................................................................................................................. 52 Figura 45: Planta baixa de teto e iluminação ............................................................................................................................................................................................................................................. 53 Figura 46: Proposta projetual da versão 02 ............................................................................................................................................................................................................................................... 55 Figura 47: Área de estar e descanso da versão 02 ................................................................................................................................................................................................................................... 57 Figura 48: Divisória de enrolar em utilização ............................................................................................................................................................................................................................................. 58 Figura 49: Corte que exemplifica o funcionamento da divisória de enrolar................................................................................................................................................................................................ 59 Figura 50: Proposta projetual da Versão 03 .............................................................................................................................................................................................................................................. 60 Figura 51: Área de descanso e estar da versão 03 ................................................................................................................................................................................................................................... 61 Figura 52: Versão 03 vista por outro ângulo .............................................................................................................................................................................................................................................. 63 Figura 53: Proposta projetual da Versão 04 .............................................................................................................................................................................................................................................. 64 Figura 54: Área de estar e descanso da versão 04 ................................................................................................................................................................................................................................... 65 Figura 55: Cama multifuncional em modo solteiro ..................................................................................................................................................................................................................................... 66 Figura 56: Cama multifuncional em modo casal ........................................................................................................................................................................................................................................ 66 Figura 57: Versão 04 vista por outro ângulo .............................................................................................................................................................................................................................................. 67 Figura 58: Proposta projetual da Versão 05 .............................................................................................................................................................................................................................................. 69 Figura 59: Área de descanso oculta por divisória de enrolar ..................................................................................................................................................................................................................... 70 Figura 60: Área de estar e descanso da versão 05 vista por outro ângulo ................................................................................................................................................................................................ 71 Figura 61: Proposta projetual da versão 06 ............................................................................................................................................................................................................................................... 72 Figura 62: Área de estar e descanso da Versão 06................................................................................................................................................................................................................................... 73 Figura 63: Área de estar da versão 06 ...................................................................................................................................................................................................................................................... 74


LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Distribuição percentual das unidades domésticas em domicílios particulares, segundo o tipo de unidade doméstica – Brasil – 2000/2010 ................................................................................09 Gráfico 2 - Unidades em construção, vendidas e disponíveis na Região Metropolitana da Grande Vitória, durante o mês de julho, 2017 ....................................................................................................15


LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Tipos de apartamentos compactos, segundo o autor Ademilar, 2013.......................................................................................................................................................................................17 Quadro 2: Síntese dos requisitos a serem seguidos ao elaborar um projeto, visando a ergonomia, segundo o autor Gomes Filho.........................................................................................................20 Quadro 3 - Parâmetros projetuais observados em seis apartamentos compactos localizados em diferentes lugares................................................................................................................................22


SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................................................................................................................................................................12 1.1 Contextualização ....................................................................................................................................................................................................................................................................................12 1.2 Objetivos .................................................................................................................................................................................................................................................................................................14 1.2.1 Objetivo Geral ......................................................................................................................................................................................................................................................................................14 1.2.2 Objetivos Específicos ..........................................................................................................................................................................................................................................................................14 1.3 Metodologia ............................................................................................................................................................................................................................................................................................14 2. AMBIENTES RESIDENCIAIS ..................................................................................................................................................................................................................................................................15 2.1 Breve Histórico Sobre as Habitações .....................................................................................................................................................................................................................................................15 2.2 Redução da Área Construída das Habitações ........................................................................................................................................................................................................................................15 2.3 Ambientes Compactos ............................................................................................................................................................................................................................................................................16 2.3.1 Tipos de Apartamentos Compactos .....................................................................................................................................................................................................................................................17 2.4 Funções, Ergonomia e Dimensões .........................................................................................................................................................................................................................................................18 3. ESTUDOS DE CASO ...............................................................................................................................................................................................................................................................................21 3.1 Parâmetros Projetuais Analisados em Apartamentos Compactos .........................................................................................................................................................................................................21 3.2 Apartamentos Compactos Pré-Fabricados no Edifício 01, Nova Iorque .................................................................................................................................................................................................22 3.3 Apartamentos Compactos no Edifício 02, São Paulo ..............................................................................................................................................................................................................................27 3.4 Apartamentos Compactos no Edifício 03, Vitória ...................................................................................................................................................................................................................................32 3.5 Considerações Finais das Análises ........................................................................................................................................................................................................................................................37 4. PROPOSTA PROJETUAL .......................................................................................................................................................................................................................................................................38 4.1 Diretrizes ................................................................................................................................................................................................................................................................................................38 4.2 A Escolha do Microapartamento ............................................................................................................................................................................................................................................................38 4.3 Reavaliação Conceitual Sobre a Forma de Projetar ...............................................................................................................................................................................................................................39 4.4 A proposta ..............................................................................................................................................................................................................................................................................................40 4.4.1 Versão 01 ............................................................................................................................................................................................................................................................................................41 4.4.2 Versão 02 ............................................................................................................................................................................................................................................................................................54 4.4.3 Versão 03 ............................................................................................................................................................................................................................................................................................60 4.4.4 Versão 04 ............................................................................................................................................................................................................................................................................................64 4.4.5 Versão 05 ............................................................................................................................................................................................................................................................................................69 4.4.6 Versão 06 ............................................................................................................................................................................................................................................................................................72 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................................................................................................................................................................................................75 REFERÊNCIAS ...........................................................................................................................................................................................................................................................................................76


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1. INTRODUÇÃO 1.1 Contextualização O processo de globalização, de urbanização e os avanços tecnológicos têm ditado à maneira como as cidades se desenvolvem. Estes fatores interferem na maneira como usamos os

Gráfico 1 - Distribuição percentual das unidades domésticas em domicílios particulares, segundo o tipo de unidade doméstica – Brasil – 2000/2010

espaços e executamos as tarefas cotidianas, influenciando nas relações sociais, afetando diretamente nos tipos de moradias procuradas pelas pessoas.

90,5

87,2

Por outro lado, com o adensamento populacional, a variedade de terrenos em áreas dotadas de infraestrutura vem se tornando menor, pressionando o mercado imobiliário e arquitetos a buscarem soluções criativas a fim de projetar casas e apartamentos que ofereçam conforto em

2000

poucos metros quadrados (SOUSA, 2015).

2010

Com isso, houve um aumento no número de lançamentos dos apartamentos compactos, também conhecidos como microapartamentos. Apartamentos desta tipologia possuem como característica os ambientes conjugados, com cozinha americana integrada a sala, banheiro separado de forma a se ter privacidade, área de serviço compacta e pé-direito amplo (SOUSA,

9,2

12,1 0,3

Unipessoal

0,7

2 ou mais pessoas sem parentesco

2 ou mais pessoas com parentesco

2015). Segundo Aline Yamasaki (2018), apartamentos compactos são unidades que possuem metragens que variam entre 10m² a 40m². Estas habitações recebem diferentes nomenclaturas, como quitinete, loft1, estúdio, flat2, entre outros. A mudança no tamanho das famílias também é um fator que influencia nas novas maneiras de morar. Segundo dados do Censo Demográfico de 2010 (gráfico 1), feito pelo Instituto Brasileiro

Fonte: GRÁFICO ELABORADO PELA AUTORA, COM BASE NO CENSO DEMOGRÁFICO 2000/2010.

Portanto, os lançamentos de microapartamentos, fazem parte de uma tendência do mercado imobiliário, uma vez que são lançados com base em estudos do comportamento das pessoas e dos novos perfis familiares que se estruturam.

de Geografia e Estatística (IBGE), em um intervalo de 10 anos, houve um aumento de 2,9% em

Diante da realidade atual, as empresas de construção civil têm investido nos lançamentos de

relação as habitações unipessoais, enquanto habitações compostas por duas ou mais pessoas

empreendimentos com unidades compactas, visando atingir os novos públicos e as novas

com parentesco, durante o mesmo intervalo, obteve uma queda de 3,3%.

maneiras de morar. Esta tipologia de apartamento possui características de habitações sem divisões internas, exceto o banheiro e possuem metragens de até 40m² de área útil. Apartamentos com áreas privativas pequenas geralmente são ofertadas em empreendimentos com áreas comuns generosas (SOUSA, 2015). Estas áreas comuns possuem infraestrutura de alto padrão, oferecendo academias, lavanderias, áreas de lazer, esporte, sala de reuniões, entre outros, visando maior comodidade para o público-alvo.

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Moradias com metragens acima de 50m², com cômodos integrados, exceto o banheiro (ADEMILAR, 2013). Apartamentos maiores que quartos de hotéis. Locais que recebem os mesmos tipos de serviços que as redes hoteleiras oferecem (ADEMILAR, 2013). 2


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É interessante que nos arredores de empreendimentos com microapartamentos, se tenha

Figura 1 - Planta baixa de microapartamento de 36m² em Paris

supermercados, farmácias, academias, restaurantes e faculdades (SOUSA, 2015). São muitos os desafios de morar em microapartamentos de maneira confortável. Saber aproveitar cada espaço do local é um deles, para se ter além de conforto, um ambiente funcional. Observa-se que na maioria das vezes, a melhora dos ambientes se torna possível através de intervenções pontuais, como a demolição de alvenarias, a fim de integrar os ambientes, e a escolha de mobiliários com multifuncionalidade, sempre priorizando o fácil manuseio dos mesmos, pois de nada vale um mobiliário com inúmeras funções, que não funcione no dia a dia. Ainda falando sobre os desafios de morar em apartamentos compactos, segundo Natasha

Fonte: ARCHDAILY, 2016.

Meneguelli (2020), um microapartamento não seria um bom investimento para pessoas que possuem grandes famílias, ou que gostam de receber muitas pessoas em casa. Entretanto, apartamentos desta tipologia, geralmente estão inseridos em edificações com áreas comuns generosas, o que permite ao usuário, poder relaxar e receber amigos, sem sair de seu condomínio. Um outro tipo de desvantagem, segundo Maria Gabriela, dependendo do perfil da

Nos grandes centros, como os citados anteriormente, há um alto investimento em unidades habitacionais deste seguimento, mas muitas vezes são projetos com soluções que não proporcionam grande qualidade de vida ao usuário. No entanto, é o que a população consegue pagar para morar em empreendimentos bem localizados.

pessoa, é o fato de apartamentos compactos, por geralmente estarem localizados em grandes

Os microapartamentos surgiram como alternativa para o público que busca as vantagens de

centros, não serem a melhor opção para aqueles que buscam a tranquilidade e contato com a

morar em bairros bem estruturados, como a boa localização, que está diretamente ligada a

natureza. Por fim, vale destacar questões ligadas a privacidade, por ser um dos maiores desafios

facilidade de mobilidade.

de morar em microapartamentos, principalmente quando mora no local mais de uma pessoa. Geralmente, apartamentos compactos são grandes vãos, que não possuem divisórias entre os espaços, possuindo como forte característica, a integração dos ambientes. Com isso, utiliza-se estratégias como mobiliários, elementos vazados, entre outros, para propor setorização e maior privacidade, aproveitando a área disponível, da melhor maneira possível. Segundo Pamela Barreto de Sousa (2015), nos últimos anos os apartamentos compactos (figura 1) ganharam espaço nas grandes cidades europeias, asiáticas e norte-americanas, principalmente em Paris, Tóquio, Hong Kong e Nova York. Já no Brasil, os microapartamentos se popularizaram a menos tempo, e a cidade pioneira foi a de São Paulo.

Apesar do público-alvo desejar usufruir destes aspectos, geralmente não possuem condições de pagarem por apartamentos com grandes metragens quadradas. Vale destacar que o surgimento de microapartamentos é o reflexo de mudanças sociais e demográficas, como a diminuição do tamanho das famílias, envelhecimento da população e o aumento do número de pessoas solteiras (SOUSA, 2015). Segundo Bild (2018), o público destes tipos de empreendimentos em sua grande maioria são pessoas solteiras, casais jovens que estão começando a vida, ou casais que não pretendem ter filhos, pessoas que optaram por morarem sozinhas, ou executivos que adquirem este tipo de apartamento para passarem a semana a fim de se ter a facilidade e agilidade em se locomoverem até seus locais de trabalho. Visando a qualidade de vida em apartamentos compactos, o trabalho trará a contextualização do tema, a pontuação de parâmetros projetuais que podem ser


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seguidos, além de análises de projetos de diferentes microapartamentos. Como resultado final

bibliografias específicas e trabalhos já elaborados em relação ao surgimento e a

da segunda etapa do trabalho de conclusão de curso será apresentado uma reavaliação

evolução das habitações.

conceitual sobre a maneira de projetar, além de uma proposta projetual que se configura de

b) Para se ter conhecimento dos aspectos que se deve levar em consideração ao projetar

diferentes maneiras, de acordo com as necessidades dos usuários, para um imóvel específico,

microapartamentos, visando qualidades como a funcionalidade e a ergonomia, foi feita

localizado na cidade de Vitória, Espírito Santo, visando qualidade, conforto e funcionalidade em

uma pesquisa referente aos itens citados.

metragens reduzidas.

c) Para se ter conhecimento dos principais parâmetros projetuais utilizados por alguns arquitetos, foi realizada uma análise geral de microambientes em diferentes lugares do

1.2 Objetivos

mundo, além de uma análise de três microapartamentos com maiores detalhes.

1.2.1 Objetivo Geral

d) Como resultado da pesquisa, foi feita uma reavaliação conceitual sobre a forma de

O presente trabalho tem como objetivo a contextualização de aspectos referentes a arquitetura

projetar, além de uma proposta com a possibilidade de diferentes configurações,

de interiores que englobam a vida em microapartamentos. Em paralelo, visa relacionar os

referente a um imóvel específico na cidade de Vitória, Espírito Santo, de acordo com as

aspectos que devem ser considerados ao desenhar proposições projetuais de apartamentos

necessidades de diferentes perfis, visando principalmente a qualidade de vida.

compactos, que serão aplicados a um exercício projetual a nível de estudo preliminar. 1.2.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos do trabalho serão: ▪

elaborar uma breve contextualização histórica referente ao surgimento e a evolução das habitações, baseado em pesquisas bibliográficas.

evidenciar aspectos que se deve considerar ao projetar microapartamentos, visando qualidades como a funcionalidade e a ergonomia.

analisar

parâmetros

projetuais

adotados

por

alguns

arquitetos

ao

projetar

microambientes, além de analisar maiores detalhes de três microapartamentos. ▪

fazer uma reavaliação conceitual sobre a forma de projetar, além de propor um único projeto que se configura de diferentes maneiras, ao priorizar a qualidade de vida de acordo com os as necessidades de diferentes perfis.

1.3 Metodologia O presente trabalho utilizou a metodologia de levantamento de informações em bibliografias referentes ao tema em questão. As referências utilizadas foram encontradas através de meios de comunicações como os sites, banco de dados digitais e livros. O mesmo se deu a partir de etapas de pesquisa como: a) Para elaborar uma breve contextualização histórica, foi feita uma pesquisa de


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2. AMBIENTES RESIDENCIAIS 2.1 Breve Histórico Sobre as Habitações

Os edifícios que são considerados como os primeiros no Brasil, foram construídos na cidade do Rio De Janeiro, então capital administrativa do país durante o século 20. Juntamente com a aparição de edifícios verticais, a população crescia rapidamente (UEDA, 2012).

Historicamente, a necessidade do abrigo faz com que os homens construam suas casas. Na época da pré-história, as casas eram grutas e cavernas. Já em locais que não haviam cavernas, as pessoas construíam coberturas com folhagens para se protegerem das ações da natureza. Com o passar do tempo, a forma de morar foi mudando e as diferenças sociais tomando forma entre os seres humanos, fazendo com que as moradias fossem ganhando características de acordo com a posição social de cada pessoa e família que habitasse na moradia em questão (DINIZ, 2014). No final do século 19 e início do século 20, os arquitetos e urbanistas estipularam condições básicas para a construção de moradias saudáveis, a maioria relacionada às questões sanitárias, como aspectos relacionados a ventilação e iluminação natural, além de insolação e posição da

Apesar do crescimento da população, como foi citado anteriormente, em contrapartida as famílias diminuíram de tamanho, e de acordo com os perfis familiares presentes na atualidade, as habitações vêm sofrendo adaptações aos novos estilos de vida, além de proporem a diversificação dos ambientes internos, sendo estes mais funcionais (DINIZ, 2014). Contrário à ideia de que a casa é apenas um objeto, e de servir apenas como habitação, esta é um local onde o usuário deve se identificar, se sentir acolhido. Casa é sinônimo de abrigo e aconchego. Segundo o filósofo francês, Gaston Bachelard (2008), do ponto de vista simbólico, a casa é nosso canto do mundo, nosso primeiro universo. Bachelard (2008), afirma ainda que até a mais modesta habitação, vista de maneira íntima, é bela.

edificação em relação à trajetória solar, parâmetros estes que não eram comuns para a grande parte das construtoras que atuavam na época (DINIZ, 2014). Ainda de acordo com Diniz (2014), com a sociedade em constante evolução e o surgimento de novas tecnologias, houveram transformações na forma de construir e na própria arquitetura. Um aspecto relevante é a preocupação com a segurança, com isso surgiram habitações verticais, horizontais e condomínios.

2.2 Redução da Área Construída das Habitações A cada dia que passa, o tamanho das habitações vem diminuindo, e são inúmeros os fatores que influenciam nos novos tipos de moradias. Podem ser citados como fatores a velocidade em ritmo acelerado da globalização, o aumento do adensamento populacional, a diminuição da variedade de terrenos que estão cada vez mais supervalorizados, e as alterações dos perfis familiares, cada vez menores.

A verticalização pode ser apontada como um exemplo da materialização das transformações que atingem a cidade em relação ao desenho urbano (RAMIRES, 2011). Ainda segundo o autor, o processo de verticalização não deve ser apontado como uma consequência da urbanização, mas sim como uma das possíveis opções de se estruturar o desenho urbano das cidades, considerando a distribuição da infraestrutura.

Dados da Síntese de Indicadores Sociais divulgada pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que entre os anos de 2005 a 2015, o número de pessoas que moram sozinhas aumentou de 10,4% para 14,6% no Brasil. Vale destacar que grande parte dessas pessoas possuem idade a partir de 50 anos, e que a porcentagem referente as pessoas que se enquadram nesta faixa etária subiu de 57,3% para 63,7%. Esse aumento se deve ao

O fato de construir de maneira verticalizada surgiu de modo a acompanhar as novas formas de

envelhecimento populacional, que cada vez mais influencia no aumento da quantidade de

morar, se tornando um grande marco na paisagem urbana. As edificações verticalizadas

arranjos unipessoais (DUQUE, 2018). Dados como este apenas reforçam como o mercado

surgiram como uma nova ideologia, ligada principalmente as vantagens de morar em uma boa

imobiliário está aquecido para os lançamentos de empreendimentos com microapartamentos,

localização, usufruir de infraestrutura e ter segurança, além de estar relacionado ao valor do

no entanto, nem sempre as moradias seguiram esse padrão.

lote. Inicialmente a verticalização no Brasil só era observada em grandes metrópoles, atualmente é encontrada em cidades médias e até pequenas (MACCARI, 2016).

O desenho da habitação social brasileira tem-se baseado em tipologias que surgiram no passado. Segundo Simone Barbosa Villa (2002), no século 19 surgiram habitações projetadas


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de acordo com a estruturação das famílias burguesas. As habitações que seguiam o modelo

burguesa, a cozinha foi trazida dos fundos da casa e posicionada de forma centralizada

burguês (figura 2), possuíam como característica a tripartição dos espaços que resultavam em

juntamente a sala de estar, desempenhando um papel de área de convívio (TRAMONTANO,

áreas de prestígio, isolamento e rejeição. Setores como estes também são conhecidos como

2019).

social, íntimo e de serviço.

Figura 3 - Habitação setorizada de acordo com o modelo de casa moderna

São considerados espaços íntimos os quartos e banheiros, já as salas de estar e jantar são consideradas um local de prestígio, se enquadrando no setor social. Por fim, são considerados espaços de serviço a cozinha e a área de serviço (VILLA, 2002). Figura 2 - Habitação setorizada de acordo com o modelo de casa burguesa

Dia

Noite

Fonte: ARCHDAILY, 2018. ADAPTADO PELA AUTORA, 2020.

Social/Prestígio

Íntimo/Isolamento

Serviço/Rejeição

Fonte: ARCHDAILY, 2013. ADAPTADO PELA AUTORA, 2020.

Por fim, vale destacar que atualmente é encontrada uma outra tipologia de habitação, que são as propostas de apartamentos compactos, também conhecidos como microapartamentos, que vieram para atender à procura de um público relativamente novo, mas que se consolida cada

Outra tipologia seguida ao projetar habitações, é o modelo de casa moderna (figura 3), que é caracterizada pela bipartição de acordo com os usos do período do dia e da noite. De acordo com Simone Barbosa Villa (2002), a totalidade da casa ao assumir as configurações em função do período em que está sendo usada, durante o dia a casa se torna uma grande sala e à noite se torna uma sucessão de cabines de dormir.

dia mais. Os microapartamentos mesclam os diferentes setores de uma casa, como o setor íntimo, social e de serviço, em um só. 2.3 Ambientes Compactos Com as novas formas de morar, devido a inúmeros fatores, como a supervalorização das terras, que influenciam diretamente no valor do m² dos apartamentos ou as novas estruturações de

Conclui-se que os quartos da casa são espaços considerados íntimos, além de serem utilizados

famílias que estão surgindo, a cada dia que passa os microambientes tomam mais espaço no

durante a noite, tendo ligação direta com o momento de repouso das pessoas. Contrário à casa

mercado imobiliário.


17

Até os anos 90, relatos sobre os microambientes residenciais ainda causavam espanto em diversos países, hoje, a redução progressiva do tamanho das moradias ocupadas por famílias

2.3.1 Tipos de Apartamentos Compactos Quadro 1 - Tipos de apartamentos compactos, segundo o autor Ademilar, 2013

classe média é uma tendência em regiões centrais de metrópoles (BBC, 2013). a) Quitinete

cômodo, integrando quarto e cozinha, além de banheiro. São locais

Ambientes como estes chegaram como alternativa para quem quer morar em locais bem

ideais para quem mora sozinho.

estruturados, porém não tem condições para pagarem por mais metros quadrados (SOUSA, 2015).

b) Loft

Os lofts possuem metragens acima de 50m², com cômodos totalmente integrados, exceto o banheiro por ser uma área privativa. É muito comum encontrar lofts com o pé direito duplo, o que possibilita a implantação de

Em complemento a estas informações, vale levantar um questionamento sobre o número de

um mezanino.

pessoas que seria viável, quando se fala em morar em microapartamentos de maneira confortável. Assim como Bild (2018) fala, os microapartamentos possuem o público-alvo

Quitinetes são locais com metragem de até 50m², contendo apenas um

c) Estúdio

Estúdios são apartamentos de até 30m², com cômodos integrados, exceto o banheiro, visando a privacidade. Apesar de serem locais

composto por pessoas solteiras, casais jovens que estão começando a vida, ou que não

integrados, podem contar com divisórias fixas ou móveis. São

pretendem ter filhos, pessoas que optaram por morarem sozinhas, ou executivos que adquirem

encontrados nos grandes centros, uma vez que o público busque por

este tipo de apartamento para passarem a semana. Baseado nisso, leva-se a crer que

boa localização, além de boa infraestrutura. Os mesmos possuem

apartamentos compactos são boas opções para morar em uma ou até duas pessoas, de

grandes áreas comuns que contam com lavanderias, equipamentos de

maneira a priorizar uma habitação que proporcione conforto e privacidade para cada indivíduo que pretende ali habitar. Vale ressaltar que dentre as pesquisas realizadas durante a elaboração deste trabalho, não foram encontrados termos técnicos para uma definição exata dos microambientes. Observou-

lazer, entre outros.

d) Flat

Os flats são apartamentos um pouco maiores que os quartos de hotéis e recebem os mesmos tipos de serviços que as redes hoteleiras oferecem. São locais ideais pra quem busca conforto e privacidade em poucos metros quadrados.

Fonte: QUADRO ELABORADO PELA AUTORA, COM BASE EM ADEMILAR, 2013.

se que existem nomenclaturas que são adotadas pelo mercado na hora comercializar os mesmos. Com isso, os ambientes compactos já receberam diversos nomes que vêm se

Em complemento as informações referentes as fórmulas projetuais, e os tipos de apartamentos

adaptando. Quitinetes, lofts, estúdios e flats são alguns dos inúmeros termos utilizados para

compactos encontrados no mercado, vale ressaltar dados ligados a questões imobiliárias que

nomear apartamentos desta tipologia. A seguir, no quadro 1, serão expostas definições para

reafirmam o interesse das pessoas em apartamentos que possuem metragens reduzidas.

cada termo de acordo com o autor Ademilar (2013).

Segundo dados do Censo Imobiliário realizado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (SINDUSCON), no ano de 2017, no mês de julho, foi constatado que os apartamentos de um quarto foram os mais vendidos. Este dado foi confirmado através de cálculos com os dados disponibilizados no site da SINDUSCON, onde analisou-se a relação entre a quantidade de unidades ofertadas e a quantidade de unidades vendidas de apartamentos de um a cinco quartos. De acordo com o gráfico 2, durante o mês de julho, no ano de 2017, foi constatada a construção de 555 unidades de apenas um quarto, e foram vendidas até o momento do recolhimento de dados, 352 unidades. Já de acordo com os cálculos realizados, o resultado aponta para a porcentagem de 63,42% de unidades vendidas em relação a quantidade total de unidades


18

construídas, ficando à frente das vendas de unidades de três quartos, que totalizaram em

Do ponto de vista ergonômico, para Panero e Zelnik (2008), existem cinco ambientes em uma

62,61%, unidades de dois quartos, que totalizaram em 62%, unidades de cinco quartos, que

habitação que devem ser dimensionados pensando no usuário, sendo áreas

totalizaram em 60% e por fim, unidades de quatro quartos com vendas que totalizaram em 43,70%.

de estar, áreas de refeições, dormitórios, cozinhas e banheiros. Ainda de acordo com os autores, ao projetar espaços que compõem ambientes residenciais, leva-se em consideração dimensões

Gráfico 2 - Unidades em construção, vendidas e disponíveis na Região Metropolitana da Grande Vitória, durante o mês de julho, 2017

corporais (figura 4) femininas e masculinas, principalmente a largura e cumprimento que o ser humano ocupa. Em locais onde o usuário é incerto, utilizam-se medidas maiores, referentes as dimensões de corpos masculinos. Além de dimensões, é levado em consideração os

7.080

movimentos corporais. 4.390 Construção 2.690

555 352

Vendidas 2.311 1.447 864

203

Apartamento 1 quarto

Apartamento 2 quartos

Figura 4 - Medidas corporais que devem ser consideradas ao elaborar um projeto, segundo Panero e Zelnik

Apartamento 3 quartos

À Venda 515

225 290

Apartamento 4 quartos

5

3

2

Apartamento 5 quartos

Fonte: GRÁFICO ELABORADO PELA AUTORA, COM BASE NA SINDUSCON, 2017.

2.4 Funções, Ergonomia e Dimensões Grande parte dos estímulos percebidos pelos seres humanos se originam do ambiente residencial em que os mesmos vivem. Cercado por formas, volumes, cores, gostos, sensações, cheiros e sons que compõem as habitações que as pessoas se relacionam mesmo que de forma inconsciente. Esse contato com o ambiente em que se vive se dá ao fato de que atualmente o homem passa a grande parte de suas vidas no interior de suas casas, buscando cada vez mais

Fonte: BARRETO, 2013.

tornar prazerosa sua existência através da construção de ambientes confortáveis (BARBOSA,

Os projetos baseados em dimensões corporais são executados de forma a propor locais

2007). Vale ressaltar que a casa em si, possui diversas funções além de exercer o papel de

funcionais e ergonômicos. De acordo com Lourival Lopes Costa Filho (2005), a visão de um

abrigo.

arquiteto que leva em consideração a ergonomia ao projetar os espaços pode trazer benefícios

Como consequência, cada vez mais recomenda-se a multifuncionalidade dos espaços, a fim de

ao ambiente, pois promoverão sentimentos de bem estar e conforto aos usuários do local.

se ter a qualificação da habitação. Ambientes integrados, sem função predeterminada, podendo

Segundo a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO,21-) em agosto do ano 2000 a

ser organizados com móveis também multifuncionais, que atendam a diferentes usos em um só

Associação Internacional de Ergonomia (AIE) adotou como definição do termo ergonomia como

lugar (MENDONÇA Rafaela; VILLA, Simone, 2016).

uma disciplina científica relacionada a interação do ser humano com os elementos de um sistema e à aplicação da teoria, princípios, dados e métodos ao design a fim de otimizar o bem


19

estar humano. Ainda é dito, a respeito dos domínios de especialização da ergonomia, que a ergonomia física está ligada as características de anatomia humana, a ergonomia cognitiva se refere aos processos mentais como, a percepção e memória, e a ergonomia organizacional possui relação com as estruturas de organização, envolvendo a forma de trabalhar em grupo, de como se comunicar, entre outros (ABERGO, 21-).

O fator estereótipo popular define-se como práticas de uso consagradas, ou seja, movimentos que são esperados pela maioria das pessoas ao manusear algo. Os problemas ergonômicos relacionados com os estereótipos populares dizem respeito ao desconforto e à insegurança do usuário causados por indução a erros na inversão de uso no manejo ou operacionalidade dos objetos, em função da incompatibilidade dos movimentos esperados como padrão. Vale ressaltar que este fator apresenta certo grau de subjetividade já que tem relação com a ordem cultural de cada lugar ou grupo social.

Segundo o autor Gomes Filho (2003), existem fatores ergonômicos básicos (FEB), que se dividem em blocos conceituais, sendo: requisitos de projetos, ações de manejo e ações de percepção. Dentro da divisão desses blocos conceituais, existem requisitos que devem ser seguidos ao elaborar um projeto. Os requisitos são: tarefa, segurança, conforto, estereótipo popular, envoltórios de alcances físicos, postura, aplicação de força e materiais.

O fator sobre envoltórios de alcances físicos tem relação com o lugar que devem ser contidos e com o alcance do usuário, os instrumentos de ação que são necessários para o funcionamento do produto atrelado ao conceito de conforto de maneira que os movimentos feito pelo usuário não exija que os mesmos tenham q fazer esforços desnecessários. Os problemas ergonômicos ligados a este fator relacionam-se com as dificuldades de alcance em termos de

A tarefa está ligada a um conjunto de ações humanas que permitem um sistema ter

operacionalidade de elementos, como exemplo, em uma sala de trabalho, pegar um objeto que

funcionalidade e atingir um resultado pretendido. Os problemas ligados a este fator são aqueles

está distante de seu alcance.

que contribuem ou trazem dificuldades ao usuário na hora do uso. Em resumo, o fator tarefa é aquele que se pode considerar de extrema importância pois é a partir dele que se define o projeto do objeto ou sistema de objetos em termos funcionais, ergonômicos, operacionais, entre outros.

O fator postura tem como definição a organização dos segmentos corporais no espaço. A postura tem ligação direta com características anatômicas e fisiológicas do corpo humano. Também tem relação com um estreito relacionamento com as atividades de cada pessoa, pois pessoas diferentes adotam posturas diferentes para executar ações diferentes. Os problemas

O fator segurança é uma condição daquilo em que se pode confiar. Como conceito do termo

ergonômicos ligados a postura têm a ver com o conforto, segurança e facilidade de acomodação

segurança está a utilização segura e confiável dos objetos em relação as características

e manuseio de objetos, lembrando que más posturas geram impactos a médios e longos prazos.

funcionais, operacionais, de montagem, fixação, entre outros, fundamentalmente contra riscos e acidentes que possam envolver usuários do objeto. Os problemas ergonômicos desse fator estão relacionados a aspectos de projetos mal resolvidos que induzem ao erro humano durante o uso.

O fator aplicação de força é definido como energia física ou esforço necessário para se fazer algo. Os problemas ergonômicos ligados a este fator dizem respeito ao projeto inadequado de peças que compõe os objetos e que exijam do usuário esforços físicos incompatíveis com a capacidade física humana.

O fator conforto nada mais é do que a sensação de comodidade e bem-estar, além de segurança percebida pelos usuários nos níveis físico e sensorial. Os problemas ergonômicos ligados ao fator conforto dizem respeito às condições ou situações de uso dos objetos que contrariam esta conceituação, por ser o momento que possa provocar sensações de fadiga, doenças e constrangimentos nos seres humanos.

Por fim, o fator material tem como definição “todo e qualquer componente do objeto”. A escolha do material é algo de importância uma vez que se deve levar em consideração a adequação das características de uso, funcionais, além de estético-formais do objeto. Os problemas ergonômicos ligados a este fator dizem respeito à não especificação e utilização incorreta de materiais adequados.


20

Para facilitar o entendimento das informações citadas anteriormente, foi elaborado o quadro 2,

Além disso, a legislação divide os compartimentos de habitações em grupos, sendo grupo A,

de modo a sintetizar as informações.

B, C e D. No grupo A, se enquadram ambientes como de estar e repouso; já no grupo B, áreas

Quadro 2: Síntese dos requisitos a serem seguidos ao elaborar um projeto, visando a ergonomia, segundo o autor Gomes Filho

destinadas ao preparo do alimento; no Grupo C, enquadram-se as instalações sanitárias; por fim, no grupo D se enquadram ambientes de armazenamento.

Fatores ergonômicos básicos (FEB) Blocos Conceituais: Requisitos de projetos, ações de manejo e ações de percepção Requisitos Definição Problemas Conjunto de ações humanas que Problemas que geram dificuldades na Tarefa

da ergonomia, se dá de modo contrário ao que é dito na legislação do município de Vitória,

Segurança

consideração tais parâmetros.

permitam funcionalidade Condição daquilo que se pode confiar

Sensação de comodidade e bem-estar

Conforto Estereótipo Popular Envoltórios de Alcances Físicos Postura Aplicação de Força

hora do uso Aspectos mal resolvidos que induzem ao erro humano Condições que provoquem sensações de fadiga ou constrangimento

Práticas de uso consagradas; Movimentos já esperados no manuseio Instrumentos de ação que são necessários para o funcionamento do produto

Desconforto causados por indução a erros; O manejo tem relação com a ordem cultural Dificuldades de alcance em termos de operacionalidade de elementos

Organização dos segmentos corporais no espaço

Conforto, segurança e facilidade de acomodação e manuseio de objetos

Energia física ou esforço necessário para se fazer algo

Objetos que exijam esforços físicos incompatíveis com a capacidade física humana Todo e qualquer componente do Especificação e utilização incorreta de Materiais objeto materiais Fonte: QUADRO ELABORADO PELA AUTORA, COM BASE EM GOMES FILHO, 2003.

Além do ponto de vista da ergonomia, vale destacar a existência da legislação municipal que aborda exigências quanto aos espaços que compõem uma habitação, o posicionamento dos mesmos, áreas mínimas, entre outros aspectos, a fim de se garantir segurança, conforto, higiene e salubridade nas edificações (VITÓRIA, 1998). Por exemplo, no munícipio de Vitória, o código de obras diz que os apartamentos unifamiliares devem possuir ambientes destinados ao repouso, instalações sanitárias e para o preparo de alimentos, além de exigências mínimas em relação a metragens, estipulando que os ambientes devem possuir no mínimo 7,50m², exceto as instalações sanitárias com no mínimo 2,00m² (VITÓRIA, 1998). Seguindo a legislação do município, ao somar as áreas mínimas dos ambientes citados anteriormente, um apartamento possuiria 24,50m², sendo composto por um quarto, uma sala, uma cozinha e um banheiro.

Ao fim deste capítulo, conclui-se que o ponto de vista de Panero e Zelnik, referências no âmbito

citado anteriormente. Enquanto a ergonomia incentiva os projetos baseados em dimensões e movimentos corporais humanos, a legislação estipula metragens mínimas sem levar em


21

3. ESTUDOS DE CASO Neste capítulo serão apresentados os principais parâmetros projetuais analisados de forma

Foram observados parâmetros de empreendimentos, em diferentes estados, no Brasil e em outros países como o Reino Unido, a China e Estados Unidos Da América.

geral em seis apartamentos compactos localizados em diferentes cidades do mundo, sendo

Os apartamentos estão inseridos em diferentes tipos de empreendimentos, desde edifícios que

Grande Londres, no Reino Unido, Nova Iorque, no Estados Unidos da América e Shangai, na

possuem apenas apartamentos de um quarto, até edifícios que oferecem apartamentos com

China. Já no Brasil, foram escolhidas as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, e Vitória, no

dois quartos, apartamentos duplex, entre outros tipos de moradias.

Espírito Santo. A escolha dos locais se deu por se tratarem de grandes centros urbanos, além de serem referência quanto a oferta de apartamentos desta tipologia, exceto a cidade de Vitória, que apesar de não ser um grande centro, é a cidade onde a pesquisa está sendo desenvolvida, se fazendo necessário análises referentes a capital do estado. Além da análise geral, serão apresentados estudos de caso de três apartamentos compactos, localizados no estado do

Diante da análise geral dos apartamentos, as principais informações obtidas foram em relação a localização, as metragens e ano de construção. Quanto aos parâmetros projetuais comuns entre os mesmos, foram observados a presença ou não de divisórias internas, lavatórios independentes das instalações sanitárias, presença de área de serviço ou tanque, varanda e área técnica.

Espírito Santo e São Paulo, no Brasil e em Nova Iorque, no Estados Unidos da América, de maneira mais detalhada.

Em relação a metragem dos apartamentos selecionados para análise, observa-se uma variação relativamente pequena entre os mesmos, onde apesar de uns serem maiores e outros menores,

Antes de prosseguir, é importante ressaltar sobre as diferentes propostas de cada lugar. Ao analisar apartamentos compactos em diferentes locais, especificamente em Nova Iorque, São

foram escolhidos apartamentos que variam entre 30m² a 45m², a fim de se analisar apartamentos que possuam dimensões semelhantes.

Paulo e no Espírito Santo, observou-se que cada região propôs parâmetros e metragens diferentes, que variam de acordo com a realidade de cada área. Durante a procura por

Quanto as divisórias internas, observou-se que apenas um dos seis apartamentos compactos

apartamentos compactos entregues nos últimos cinco anos no Brasil, observou-se que

possuem divisórias por todo a habitação. Os demais objetos de análise só possuem divisórias

apartamentos compactos vendidos na Grande Vitória por exemplo, possuem em média

na área privativa da casa.

metragens mínimas de 30m², o que se difere dos apartamentos compactos da cidade de São

Outro parâmetro projetual observado foi em relação aos lavatórios, em que alguns

Paulo, onde as propostas possuem metragens mínimas bem menores, como por exemplo

apartamentos possuem os mesmos dentro dos banheiros, e em outros apartamentos o lavatório

estúdios de 16m².

foi posicionado de maneira independente do banheiro, possibilitando que mais de uma pessoa

3.1 Parâmetros Projetuais Analisados em Apartamentos Compactos

possa usar os acessórios encontrados nessa área privada do apartamento, simultaneamente.

A fim de se ter conhecimento dos parâmetros projetuais que são adotados para a elaboração

Outro item analisado foi a questão da área de serviço ou até mesmo a presença de apenas um

do projeto de apartamentos compactos, houve uma análise da estrutura física de apartamentos

tanque nos apartamentos. De acordo com publicações, os apartamentos compactos estão

desta tipologia localizados em diferentes lugares do mundo, onde levantou-se características

inseridos em empreendimentos que possuem áreas comuns que oferecem uma grande

comuns observadas entre os mesmos. É importante frisar que os parâmetros projetuais

infraestrutura de recursos e serviços como por exemplo a lavanderia comum e outros espaços

adotados pelos arquitetos podem variar de acordo com os hábitos sociais e culturais de cada

(ADEMILAR, 2013), o que permite a proposta de apartamentos sem áreas de serviço. Baseado

região, o que não é o foco de análise da pesquisa. Os apartamentos compactos também são

nessas informações, pode-se observar que dentre todos os apartamentos analisados, apenas

conhecidos como estúdios, flats, lofts e quitinetes, variando a denominação de acordo com as

um possui tanque, que foi posicionado na varanda. O mesmo localiza-se na cidade de Vitória,

metragens e a disposição dos ambientes de cada um.

no estado do Espírito Santo.


22

Ainda sobre o apartamento citado anteriormente, localizado na cidade de Vitória, uma característica observada é a presença de área técnica, que também se localiza na varanda. Áreas como esta se caracterizam por ser uma área de uso exclusivo do proprietário, que tem como função abrigar o maquinário do ar condicionado. Esta característica não foi encontrada em mais nenhum objeto de análise.

3.2 Apartamentos Compactos Pré-Fabricados no Edifício 01, Nova Iorque Os apartamentos compactos pré-fabricados da análise em questão ficam localizados no Edifício 01 (figura 5). O mesmo encontra-se no Bairro Kips Bay, Manhattan, Nova Iorque, e foi entregue no ano de 2016. Os apartamentos compactos pré-fabricados fizeram parte da proposta vencedora de um concurso chamado adAPT NYC. A iniciativa foi parte do Novo Plano de

Por fim, sobre a presença de varandas em apartamentos tão pequenos, apenas dois

Mercado de Habitação do ex-prefeito de Nova Iorque, Bloomberg, ao ver a crescente população

apartamentos foram projetados com varandas dentre os seis apartamentos analisados,

familiar da cidade (NARCHITECTS, 2016).

evidenciando que a grande maioria segue o parâmetro projetual de utilizar os metros quadrados disponíveis para ambientes que se julga como essencial, como por exemplo, sala, quarto, cozinha e banheiro. Para facilitar a análise dos dados citados anteriormente, foi elaborado o quadro 3, de modo a sintetizar as informações.

De acordo com análises do bairro via Google Maps, nota-se que é uma área com diversos edifícios institucionais da Universidade de Nova Iorque, incluindo hospitais. Além disso, é ocupado em diversos pontos pelo uso comercial. Baseado nessas informações, leva-se a crer que a localização escolhida para a implantação do projeto de apartamentos compactos pré-

Quadro 3 - Parâmetros projetuais observados em seis apartamentos compactos localizados em diferentes lugares

fabricados para aluguel, foi de maneira estratégica. Segundo uma entrevista concedida pela diretora do escritório responsável pelo projeto para o

Empreendimento

Cidade

País

Estágio

Ano

Edifício 01 Edifício 02 Edifício 03 Edifício 04

Vitória - Es Rio de Janeiro São Paulo Nova Iorque Grande Londres

Brasil Brasil Brasil EUA Reino Unido China

34,49m² 32m² 27m² 25m² 45m²

Pronto A iniciar Pronto Pronto Pronto

2020 2015 2016 2015

site ArchDaily (2016), as 55 unidades projetadas possuem uma variação entre 24m² a 33m², o

37m²

Pronto

2015

As alterações foram feitas para que as unidades tivessem um preço mais acessível, visando

Edifício 05 Edifício 06

Shanghai

Parâmetros Projetuais Observados 1. Divisórias 2. Lavatório Independente 3. Tanque 4. Varanda 5. Área Técnica Edifício 01

Edifício 02

Edifício 03

1. Sim 2. Sim 3. Sim 4. Sim 5. Sim

1. Sim 2. Não 3. Não 4. Não 5. Não

1. Sim 2. Sim 3. Não 4. Sim 5. Não

Edifício 04 1. Sim 2. Não 3. Não 4. Não 5. Não

que foi possível após alterações na proposta em relação a diminuição da área máxima dos apartamentos compactos para 37m².

atingir um público que tem o desejo de morar na cidade, especialmente as pessoas solteiras e

Edifício 05

Edifício 06

os estudantes que possuem o orçamento limitado (ARCHDAILY, 2015). Vale destacar que

1. Sim 2. Não 3. Não 4. Não 5. Não

1. Sim 2. Sim 3. Não 4. Não 5. Não

dentre as 55 unidades ofertadas, 22 delas foram dedicadas a moradias populares, das quais oito foram reservadas a veteranos norte-americanos que passaram por situações de desabrigo. As 33 unidades restantes são destinadas para o mercado (NARCHITECTS, 2016). Ainda foi dito que as unidades foram destinadas ao público de baixa e média renda, porém o empreendimento

Fonte: QUADRO ELABORADO PELA AUTORA, COM BASE EM DADOS REFERENCIADOS, 2020.

oferece áreas comuns que geralmente são encontradas em empreendimentos de luxo (DEZEEN, 2016). O concurso também visava resolver a questão da necessidade de apartamentos pequenos em Nova Iorque, devido ao grande número de pequenas famílias, que resultavam em 1,8 milhões, que só tinham disponíveis 1 milhão de apartamentos adequados (ARCHDAILY, 2016).


23

Figura 5 - Vista aérea do Edifício 01

Figura 6 - Evolução do empilhamento das unidades do Edifício 01

Fonte: NARCHITECTS, 2016.

Em relação ao interior dos apartamentos compactos (figura 7), de maneira geral o escritório de arquitetura responsável pelo projeto tinha como objetivo propor aos usuários a sensação de conforto e espaço, mesmo em ambientes tão compactos. Para isso adotaram parâmetros projetuais em relação a diversos elementos que compusera o apartamento como o aumento do pé-direito, instalação de janelas que iam praticamente do chão ao teto, visando a entrada de luz abundante e espaço extra para armazenamento de objetos localizados acima dos banheiros (NARCHITECTS, 2016). Figura 7 - Volumetria de unidade disponível no Edifício 01 Fonte: ARCHDAILY, 2016.

A edificação possui 55 unidades que foram distribuídas em nove pavimentos e possuem o pédireito variando entre 2,7m a 3m (ARCHDAILY, 2015). O mesmo foi o primeiro edifício de Nova Iorque a conter apenas apartamentos compactos. Além disso, sua construção foi de maneira modular, constituindo na fabricação, transporte e empilhamento dos módulos individuais (figura 6) que foram pré-fabricados no Brooklyn Navy Yard, enquanto a fundação e o térreo foram construídos no local (NARCHITECTS, 2016). O modo como foi construído marcou um importante passo em direção a nova forma de morar de Nova Iorque (ARCHDAILY, 2016). Vale destacar que a pré-fabricação tem vantagens como a diminuição de custos e a execução mais rápida, o que foi interessante para atender a urgente demanda de novas unidades para as novas estruturas familiares.

Fonte: SUSTENTARQUI, 2015.

Ao analisar os apartamentos compactos através de plantas baixas (figura 8), percebe-se que são propostas simples, projetadas em formato longitudinal, com divisórias apenas na área privativa da habitação, sendo a área de instalação sanitária, e na cozinha. São unidades que possuem metragens variadas, e todas elas possibilitam aos usuários estabelecerem layouts de acordo com suas necessidades, a fim de se ter ambientes funcionais, confortáveis e com a personalidade de quem usufrui do local.


24

Figura 8 - Plantas baixas das unidades disponíveis no Edifício 01

Fonte: NARCHITECTS, 2016. ADAPTADO PELA AUTORA, 2020.

Figura 10 - Layout adepto ao dia

Figura 11 - Layout adepto a noite

Fonte: ARCHDAILY, 2016.

Fonte: ARCHDAILY, 2016.

Observando as imagens e planta baixa em relação a funcionalidade, é visto que apesar do

De forma mais detalhada, através do layout humanizado (figura 9) e imagens disponíveis do

apartamento ser compacto, possui equipamentos necessários para os usuários viverem bem e

interior de alguns apartamentos compactos disponíveis no edifício, percebe-se que o principal

executarem as tarefas do dia a dia de forma simplificada. Além disso, através de mobiliários

método utilizado para a setorização dos apartamentos se dá através da paginação de piso e dos

multifuncionais, as pessoas que moram no apartamento possuem todos os móveis essenciais

mobiliários. Já em alguns pontos, se dá através de alvenarias, como no banheiro, também a fim

que uma casa precisa como o sofá, a cama, local para armazenamento de objetos, mesa para

de se ter privacidade e na cozinha, que não deixa ser integrada com o restante da casa.

apoio de refeições (figura 12) e atividades variadas (figura 13), entre outros.

Figura 9 - Planta baixa de unidade disponível no Edifício 01, com layout adepto ao dia

Figura 12 - Mesa para refeições

Figura 13 - Mesa para atividades

Fonte: RESOURCE FURNITURE, 2016.

Vale destacar o fato do escritório responsável ter trabalhado em parceria com uma empresa a

Fonte: 6SQFT, 2016.

Fonte: 6SQFT, 2016.

fim de adquirir móveis embutidos e multifuncionais, visando ter diversas funções que uma casa

Quanto aos materiais que compõem o microapartamento, de maneira geral, percebe-se que

precisa com poucos móveis, integrando por exemplo a função de armazenamento no mesmo

foram utilizados mobiliários e revestimentos com acabamentos em tonalidades neutras e claras,

mobiliário que se tem um sofá que é usado durante o dia (figura 10) e uma cama, usada durante

o que promove a sensação de amplitude no ambiente. Cores marcantes encontram-se em

a noite (figura 11), de modo a otimizar o espaço e oferecer conforto para o usuário.

pequenos detalhes, que harmonizam com o restante da proposta. Vale destacar a diferenciação de pisos, entre a entrada e área privativa do apartamento, do restante da casa, que promovem


25

além da setorização de ambientes, sensações diferentes ao usuário, como por exemplo, a

enquadram em relação a presença de divisórias, que são encontradas no banheiro, de modo a

sensação de conforto e aconchego que acabamentos amadeirados proporcionam.

se ter privacidade e na cozinha, de maneira bem discreta em meio aos mobiliários que compõem

Questões ligadas ao conforto térmico, percebe-se que o apartamento conta com um grande

o ambiente. Os demais parâmetros não foram utilizados na elaboração do projeto em questão.

vão, que ocupa a maior parte do pé-direito, permitindo a ventilação e a iluminação natural em

Vale frisar que apesar de não possuírem área de serviço no ambiente residencial privado, que

todo o plano linear do apartamento, exceto na área privativa da casa, que possui divisória. Além

geralmente possuem maquinário e louças adeptas para lavagem de roupas por exemplo, a

disso, a grande abertura permite maior integração do usuário para com a área externa.

mesma encontra-se presente na área comum do edifício, sendo uma das comodidades

Do ponto de vista da ergonomia, de modo geral, os mobiliários aparentam ser adeptos as dimensões e movimentos corporais. A circulação mostra-se com dimensões ideais para o dia a dia, mas vale ressaltar que estas se alteram dependendo da disposição do layout, por serem

oferecidas pelo empreendimento, além de academia, terraço (figura 14) e despensa. A seguir, ficha técnica (figura 15), com principais informações sobre o estudo de caso. Figura 14 - Terraço localizado na área comum do Edifício 01.

móveis que se articulam de acordo com as necessidades do usuário. Falando de maiores detalhes, quanto a área privativa da casa e o depósito, através da análise das mesmas por planta baixa, percebe-se que possuem uma disposição que permite ao usuário a realização de atividades sem dificuldades, o que está ligado ao fator “Tarefa”, segundo o autor Gomes Filho (2003). Ao analisar a área compartilhada do microapartamento, ainda quanto ao fator “Tarefa”, por ser um ambiente onde ocorrem diferentes atividades simultaneamente, percebe-se que ao entrelaçarem algumas delas, outras ocorrem de forma inadequada, como por exemplo, com o uso da mesa de jantar, o espaço para circulação da cozinha é reduzido; já quanto ao uso do mobiliário multifuncional sofá que vira cama, ao ser utilizado como sofá, impossibilita o uso com fins de descanso. De acordo com o autor Gomes Filho (2003), o fator “Segurança”, está ligado a utilização de algo de forma segura e confiável. Percebe-se através de figuras expostas anteriormente, que existem mobiliários dispostos em uma altura acima do padrão recomendado, dificultando o manuseio, além de ser necessário o uso de equipamentos que auxiliem na hora de mexer em algo. Por fim, vale ressaltar que como o microapartamento possui mobiliários multifuncionais, é necessário que os mesmos recebam manutenção regularmente, a fim de não ter sua segurança comprometida. Por fim, analisando as unidades do Edifício 01, em relação aos parâmetros projetuais citados no início do capítulo, que são a presença ou não de divisórias internas, lavatórios independentes do restante das instalações sanitárias, área de serviço e/ou tanque, varanda e área técnica, observou-se que de todas as características, os apartamentos compactos do edifício só se

Fonte: 6SQFT, 2016.


26

Figura 15: Ficha técnica dos microapartamentos do Edifício 01

Fonte: FICHA ELABORADA PELA AUTORA, 2020


27

3.3 Apartamentos Compactos no Edifício 02, São Paulo

Figura 16 - Volumetria do Edifício 02

Os apartamentos compactos da análise a seguir encontram-se no Edifício 02, localizado no Bairro Vila Mariana, na cidade de São Paulo. O empreendimento foi lançado por uma incorporadora, em parceria com um escritório de arquitetura. Vale destacar que a incorporadora em questão atua em São Paulo com a ideia de inovar em relação ao novo jeito de morar, contando com inúmeros projetos espalhados pela cidade, com seguimentos semelhantes, de edifícios com apartamentos compactos, sempre priorizando a boa localização a fim de se ter maior qualidade de vida ao morar perto dos principais pontos de São Paulo (VITACON, 21). O Bairro Vila Mariana possui uma localização privilegiada, próximo a vias importante da cidade de São Paulo, como a Avenida 23 de Maio e a Avenida Paulista. O bairro possui inúmeras edificações de ensino, contendo colégios tradicionais da cidade, além de centros universitários (BLOG LOPES, 2020). De acordo com anúncios de vendas dos apartamentos compactos do Edifício 02, o mesmo se trata de uma nova experiência que viria para revolucionar a vida dos

Fonte: MEU IMÓVEL, [21-].

estudantes, sendo um marco no modelo de moradia estudantil (COELHO DA FONSECA, 2020).

Ao analisar os apartamentos compactos através de plantas baixas humanizadas, de maneira

Relacionando as informações, leva-se a crer que a incorporadora lançou o empreendimento no

geral percebe-se que são propostas simples, projetadas em formatos retilíneos, com divisórias

Bairro Vila Mariana visando o grande número de jovens e estudantes que circulam pela área

apenas na área privativa da habitação, sendo a área de instalação sanitária. As unidades

que possui diversas edificações institucionais que atraem seu público-alvo.

possuem metragens variadas, onde se tem ambientes adeptos a abrigar de uma a duas pessoas.

O empreendimento (figura 15) foi dividido em duas torres de uso misto, que possuem 323 unidades residenciais, além de contar com 37 unidades de escritórios e sete lojas (VIMEO,

Foram distribuídos quatro tipos de plantas baixas nas duas torres do empreendimento 02.

2017). Os apartamentos compactos se distribuem entre studios3 single4 que variam entre 16m²

Unidades que receberam nomenclaturas como single A (figura 16), possuem 16m², e são

a 21m², e studios double5 que variam entre 25m² a 41m² (VITACON, 201-?).

propostas ideais para pessoas que desejam morar sozinhas, em metragens bem reduzidas. Já as unidades nomeadas como single B (figura 17), possuem 21m² e são ideais para atender pessoas que também desejam morar sozinhas, mas em uma área um pouco maior.

3

São apartamentos com até 30m², com cômodos integrados, exceto o banheiro. Apesar de serem locais integrados, podem contar com divisórias fixas ou móveis (ADEMILAR, 2013).

4 5

Termo que se refere a algo único, ou individual, para solteiros (DICIONÁRIO ONLINE LINGUEE). Termo que se refere a algo duplo; dobro (DICIONÁRIO ONLINE LINGUEE).


28

Figura 17 - Unidade single A

Figura 18 - Unidade single B

Fonte: MEU IMÓVEL, [21-].

Fonte: MEU IMÓVEL, [21-].

Comparando as duas unidades, a maior diferença entre as mesmas é a varanda, que podem ser contempladas pelas pessoas que optarem por alugar ou comprar a unidade de 21m², já que as unidades de 16m² não possuem. Já as unidades nomeadas como double A (figura 18), tratam-se de apartamentos compactos de 25m² que atendem até duas pessoas que desejam morar em unidades com metragens bem reduzidas, porém confortáveis para a proposta de usuários como casais, amigos que dividem apartamento, entre outros. As unidades nomeadas como double B (figura 19), são apartamentos compactos que possuem 41m² e atendem bem até duas pessoas, que também desejam morar em espaços reduzidos, porém mais espaçosos do que a opção double A, por exemplo. Ao comparar essas duas unidades, observa-se um número maior de diferenças entre as mesmas, além da unidade double B possuir varanda enquanto a double A não possui, nota-se que a cozinha e a área de dormitório da unidade double B são maiores se comparadas a unidade double A.

Figura 19 - Unidade double A

Fonte: MEU IMÓVEL, [21-].

Figura 20 - Unidade double B

Fonte: MEU IMÓVEL, [21-].

Vale destacar que o layout apresentado acima são apenas sugestões dos responsáveis pelo empreendimento e todas elas possibilitam ao usuário estabelecer uma organização de acordo com as suas necessidades, tornando cada uma com as características predominantes de quem ali mora. Através do layout humanizado mostrado anteriormente e imagens disponíveis do interior de alguns apartamentos compactos, como a unidade single A (figura 20) e a unidade double A (figura 21) de maneira mais detalhada percebe-se que a setorização interna dos apartamentos se dá através de mobiliários e tapetes. Quanto a setorização através de alvenarias, este parâmetro só foi adotado na divisão do banheiro para com o restante da casa que além de servir para setorizar, tem a função de promover privacidade ao usuário.


29

Figura 21 - Volumetria da unidade single A.

externo, além de permitir maior entrada de luz natural para os ambientes. Quanto aos materiais que compõem os quatro microapartamentos disponíveis no Edifício 02, de maneira geral, percebe-se que foram utilizados mobiliários e revestimentos com acabamentos em tonalidades neutras, o que permite maior flexibilidade na hora do usuário dar identidade a sua própria casa. A grande maioria do mobiliário, além de serem neutros, possuem cores claras, promovendo a sensação de amplitude, mas também foram encontradas tonalidades mais escuras, promovendo harmonia e personalidade ao projeto. Semelhante ao estudo de caso anterior, os microapartamentos também foram propostos com dois tipos de paginação de piso, sendo um tipo de paginação na área privativa da casa, e outro tipo de paginação no restante da habitação. O que se difere do estudo de caso anterior, é o acabamento do piso escolhido, que optaram por porcelanato, piso frio se comparado ao piso utilizado no projeto analisado anteriormente.

Fonte: MEU IMÓVEL, [21-].

Figura 22 - Volumetria da unidade double A.

Questões ligadas ao conforto térmico, através da análise, percebe-se que os apartamentos menores, sendo o Single A e o Single B, contam com janelas de dimensões maiores que as dimensões convencionais, o que permite uma maior ventilação e iluminação natural do apartamento, exceto na área privativa da casa, que possui divisória fixa. Já nos apartamentos maiores, sendo o Double A e Double B, estes contam com varandas que permitem maior ventilação e iluminação natural, se comparado com as unidades menores, além de permitir maior visibilidade e integração com o mundo externo. Em relação a funcionalidade do ambiente, ao analisar as imagens, foi observado a presença de mobiliários multifuncionais que se adaptam de acordo com as necessidades do usuário do apartamento. Além disso, percebe-se que apesar das metragens reduzidas, os apartamentos são equipados com mobiliários e equipamentos necessários para viver de maneira confortável. Do ponto de vista da ergonomia, de modo geral, são apartamentos compactos, com medidas

Fonte: MEU IMÓVEL, [21-].

mínimas, mas que aparentam ser confortáveis para seu público alvo. Como são compostos por

Além de plantas baixas e imagens, foram encontrados vídeos que possibilitam visitar o

ambientes multifuncionais, percebe-se que as dimensões e a organização dos mesmos variam

ambiente sem sair de casa, através de um passeio virtual disponibilizado pela incorporadora.

de acordo com a disposição do layout.

Com isso, na unidade decorada (figura 22) foi visto o uso de grandes janelas, sendo que em

Ao citar maiores detalhes, quanto a área privativa da casa, tanto das unidades Single quanto

algumas unidades as esquadrias possuem alturas mais avantajadas, tomando conta de grande

das unidades Double, através da análise das mesmas por planta baixa, percebe-se que os

parte do pé direito do apartamento. O uso de grandes vãos permite maior contato com o mundo

banheiros, que variam de tamanho de acordo com a tipologia, possuem uma disposição que


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permite ao usuário a realização de atividades sem dificuldades, o que está ligado ao fator

são encontradas nos banheiros, de modo a se ter privacidade e em relação a presença de

“Tarefa”, segundo o autor Gomes Filho (2003). Ao analisar a área compartilhada do

varandas, que foram encontradas nas unidades single B e double B, por se tratarem de unidades

microapartamento, ainda quanto ao fator “Tarefa”, por ser um ambiente onde ocorrem diferentes

oferecidas ao público como as de maior dimensão, tanto para quem deseja morar sozinho

atividades simultaneamente, percebe-se que ao entrelaçarem algumas delas, outras ocorrem

quanto para quem deseja morar em até duas pessoas. Os demais parâmetros não foram

de forma inadequada, como por exemplo, nas unidades Single, o acesso a janela e porta para

utilizados na elaboração do projeto em questão.

a varanda, são comprometidas por existir uma mesa de apoio na frente. Já nas unidades Double, percebe-se que o usuário ao utilizar a mesa para atividades e refeições, compromete a circulação do ambiente.

Vale registrar que apesar de não possuírem área de serviço no ambiente residencial privado, com tanques e louças destinadas a lavagem de roupas, na área comum do prédio encontra-se diversas comodidades oferecidas pelo empreendimento, como o serviço de lavanderia (figura

Ainda de acordo com o autor Gomes Filho (2003), o fator “Segurança”, está ligado a utilização

23), academia, rooftop, que são espaços que se localizam nas coberturas de edifícios com a

de algo de forma segura e confiável. Percebe-se através de figuras expostas anteriormente, que

finalidade de lazer e entretenimento enquanto observa-se a vista panorâmica da cidade

existem mobiliários dispostos em uma altura acima do padrão recomendado, dificultando o

(ESTELA NETTO, 2020), bicicletário, a fim de incentivar os moradores quanto aos usos de

manuseio, além de ser necessário o uso de equipamentos que auxiliem na hora de mexer em

diferentes modais para se locomoverem, entre tantos outros, pensados especialmente para os

algo, semelhante ao estudo de caso anterior. Entretanto, é algo entendível, uma vez que pelo

clientes terem diversas atividades em um só lugar, desde espaços comuns para o dia a dia como

apartamento ser compacto, deve-se tirar partido da verticalidade do mobiliário.

para o entretenimento. A seguir, ficha técnica (figura 25), com principais informações sobre o

Figura 23 - Unidade double A decorada com mobiliário flexível e grande vão

estudo de caso. Figura 24 - Lavanderia coletiva na área comum do empreendimento

Fonte: VITACON, 2017.

Por fim, analisando as unidades do edifício 02, em relação aos parâmetros projetuais citados no início do capítulo, que são a presença ou não de divisórias internas, lavatórios independentes do restante das instalações sanitárias, área de serviço e/ou tanque, varanda e área técnica, observou-se que de todas as características, os apartamentos compactos do edifício só se enquadram em relação a presença de divisórias, que

Fonte: MEU IMÓVEL, [21-].


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Figura 25: Ficha técnica dos microapartamentos do Edifício 02

Fonte: FICHA TÉCNICA ELABORADA PELA AUTORA, 2020


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3.4 Apartamentos Compactos no Edifício 03, Vitória

Figura 26 - Volumetria do Empreendimento 03

No estudo de caso em questão, os apartamentos compactos ficam localizados no Edifício 03 (figura 24), no Bairro Jardim Camburi, na cidade de Vitória, Espírito Santo. De acordo com informações disponibilizadas pela equipe da construtora, o projeto foi assinado por um escritório de arquitetura, juntamente com uma responsável pela planta de vendas, e encontra-se com as obras finalizadas e entregues aos clientes. Segundo informações disponíveis no site da construtora (201-), responsável pelo empreendimento, o Bairro Jardim Camburi dispõe de muita infraestrutura comercial e de lazer, com um shopping center e aeroporto bem próximos, além da região ser delimitada pela Praia de Camburi e por uma restinga. Em relação ao público alvo, de acordo com a divulgação do empreendimento através do site da construtora, o mesmo foi pensado na praticidade de uma vida moderna. Em complemento, é enfatizada a ideia da harmonia do empreendimento com o meio em que o mesmo está inserido, possibilitando as pessoas de desfrutarem da comodidade de estar perto de tudo, além de desfrutarem das comodidades encontradas nos edifícios (Lorenge, 201-). O diretor de

Fonte: LORENGE, [201-].

marketing6 da construtora, Erik Lorenzon, ao dar uma entrevista, afirmou que o Bairro Jardim

A Torre A é composta por apartamentos de três quartos, com entradas e estacionamentos

Camburi foi uma escolha estratégica uma vez que o mesmo possui boa infraestrutura e atende

independentes da Torre B, que é composta por apartamentos de um e dois quartos.

diferentes perfis de moradores (FOLHA VITÓRIA, 2019a).

Apartamentos de um quarto possuem em média 35m², de dois quartos uma média de 70m² e

Segundo informações disponibilizadas pela equipe da construtora, o empreendimento possui

três quartos uma média de 90m² (FOLHA VITÓRIA, 2019a). Com habitações de diferentes

duas torres, com apartamentos de um, dois e três quartos, além de possuir 14 lojas no térreo,

metragens, o local faz parte da escolha de diversos perfis familiares, desde pessoas que

seguindo a proposta de uso misto. São 52 unidades de três quartos, 02 unidades de dois quartos

desejam morar sozinhas, até famílias compostas por duas ou mais pessoas.

e 97 unidades de um quarto. Vale destacar que os apartamentos de um e dois quartos foram

Apesar de existirem três tipos de habitações em um só empreendimento, a análise será

entregues mobiliados em uma ação inédita na construção civil no Espírito Santo (FOLHA

direcionada ao apartamento compacto localizado na Torre B, através da planta baixa

VITÓRIA, 2019b). Apartamentos entregues mobiliados é uma alternativa muito procurada por

humanizada encontrada no site da construtora. De forma geral é visto que são apartamentos

investidores (FOLHA VITÓRIA, 2019a).

compactos projetados em formato retangular, com as divisórias moldando o interior do apartamento. O apartamento compacto (figura 25) possui exatos 34,49m² e diferente das unidades analisadas nos estudos de caso acima, a unidade é comercializada com divisórias em todos os ambientes,

6

Conjunto de estratégias que visem a otimização dos lucros através de pesquisas de mercado; busca adequar os produtos às necessidades dos consumidores (DICIONÁRIO ONLINE DICIO).


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desde a área privativa, sendo o banheiro, até a varanda da

Figura 28 - Apartamento compacto no Empreendimento 03

unidade. De acordo com informações disponibilizadas pela equipe da construtora, a unidade possui as vedações externas em bloco de concreto de 14cm, enquanto as divisórias internas foram feitas em drywall, uma tecnologia que vem se popularizando na construção civil, tendo como vantagens o menor preço em relação a alvenaria convencional, além de permitir que o usuário do apartamento com vedações deste seguimento faça alterações na planta a fim de integrar ambientes de maneira menos trabalhosa. Vale destacar que o termo drywall foi utilizado para designar um sistema de construção a seco, pois não utiliza água. Quando utiliza, são dosagens mínimas (VIVA DECORA PRO, 2018). Figura 27 - Planta baixa humanizada de apartamento compacto com 34,49m²

Fonte: LORENGE, [21-].

Apesar do apartamento possuir diversas divisórias setorizando os ambientes, a planta foi proposta de maneira a permitir integração de ambientes como a cozinha, a sala de estar e a varanda (figura 27), além da integração do quarto com a varanda (figura 30). Vale destacar que a conexão da sala e do quarto para com a varanda se dá através de grandes portas de vidro, o que proporciona maior entrada de luz e ventilação natural enquanto a varanda possui guarda corpo em vidro e alumínio, trazendo também maior leveza para o apartamento. Figura 29 - Volumetria de apartamento compacto com proposta de integração

Fonte: LORENGE [201-].

De maneira mais detalhada, através de imagens do apartamento compacto (figura 26), disponibilizadas no site da construtora (21-), e layout humanizado mostrado anteriormente, percebe-se que a setorização e a privacidade dos ambientes se dão através de alvenarias de vedação.

Fonte: LORENGE, [21-].


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de equipamentos de forma segura e confiável. Assim como foi dito anteriormente, o apartamento O apartamento é compacto, porém através de imagens observou-se que o mesmo possui um tamanho ideal para se morar em até duas pessoas com qualidade de vida. O apartamento compacto foi dividido em cinco ambientes, sendo banheiro, cozinha, sala, quarto e varanda, com

é composto por mobiliários mais convencionais, tirando pouco partido também da verticalidade, o que torna a utilização dos mesmos, mais segura, uma vez que são posicionados a uma altura que não foge ao padrão, e permite o manuseio sem grandes dificuldades.

mobiliários convencionais, não sendo observado questões ligadas a móveis multifuncionais, o

Além de imagens, foi encontrado no site da construtora, um passeio virtual que permite as

que não anula a funcionalidade do mesmo.

pessoas a visitarem o ambiente sem sair de casa, com isso, foi possível analisar o visual que o

Quanto aos materiais que compõem o microapartamento, de maneira geral, percebe-que os mobiliários possuem acabamentos em tonalidades neutras e que promovem conforto pelo tom amadeirado por todo o apartamento. Quanto à paginação de piso, assim como o estudo de caso anterior, foi proposto o uso de porcelanato, porém houve uma diferenciação entre a área

mesmo possui. No passeio virtual em um apartamento no pavimento que aparenta ser relativamente baixo, é detectado que a vista (figura 28) é voltada para uma via de alto fluxo de carros e a restinga que delimita o Bairro Jardim Camburi. Figura 30 - Vista do apartamento compacto no Empreendimento 03

privativa do microapartamento para com o restante da casa. Questões ligadas ao conforto térmico, percebe-se que o apartamento conta com uma varanda com peitoril em vidro e alumínio, que promove leveza e maior visibilidade. Além disso, a varanda permite grande entrada de iluminação e ventilação natural, além da integração com a área externa. Ao falar sobre ergonomia, de modo geral, o microapartamento possui medidas mínimas, mas que aparentam ser adequadas ao seu público alvo. Vale lembrar que as dimensões de circulação e mobiliário podem variar de acordo com as escolhas de layout de cada usuário. Quanto a maiores detalhes, através da análise da planta baixa e imagens, a área privativa da casa possui uma disposição diferente dos estudos de caso anteriores, separando a área com

Fonte: LORENGE, [21-].

bacia sanitária e chuveiro, da área com cuba, funcionando também como lavabo, o que permite

Ao analisar a unidade do edifício 03, em relação aos parâmetros projetuais citados no início do

ao usuário a realização de atividades sem dificuldades, o que está ligado ao fator “Tarefa”,

capítulo, que são a presença ou não de divisórias internas, lavatórios independentes do restante

segundo o autor Gomes Filho (2003), além de permitir atividades simultâneas. Ao analisar o

das instalações sanitárias, área de serviço e/ou tanque, varanda e área técnica, observou-se

restante do microapartamento, ainda quanto ao fator “Tarefa”, percebe-se que o

que o mesmo se enquadra em relação a todos os parâmetros destacados no quadro 2, exceto

microapartamento do Edifício 03 possui uma disposição diferente, com divisórias em todos os

a presença de uma área técnica. Apesar do mesmo não possuir a área reservada para a

ambientes, o que permite maior número de atividades que ocorram cada uma em seu “devido”

colocação do maquinário de refrigeradoras por exemplo, na planta baixa humanizada existe uma

lugar, entretanto, percebe-se que podem ocorrer dificuldades durante a utilização da cozinha

sugestão por parte da construtora de colocar o maquinário ao lado do tanque do apartamento,

por duas pessoas, por exemplo, já que a mesma possui dimensões mínimas.

na varanda, podendo ser disfarçado através de uma marcenaria planejada.

Ainda de acordo com o autor Gomes Filho (2003), o fator “Segurança”, está ligado a utilização

Vale registrar que mesmo o apartamento possuindo tudo aquilo que uma pessoa precisa para viver bem e com praticidades no dia a dia, se enquadrando em relação a todos os parâmetros


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citados no início do capítulo, o empreendimento ainda conta com comodidades como a academia, lavanderia e o bike sharing (figura 29), que se trata de um sistema de utilização de bicicletas sob demanda (ITRANSPORT, 201-?). Ainda segundo a reportagem do Jornal Folha Vitória (2019a), a opção de bike sharing oferecida no empreendimento é visando proporcionar mais opções sustentáveis ligadas a mobilidade urbana. A seguir, ficha técnica (figura 32), com principais informações sobre o estudo de caso. Figura 31 - Bike sharing na área comum do Empreendimento 03

Fonte: LORENGE, [201-].


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Figura 32: Ficha técnica do microapartamento do Edifício 03

Fonte: FICHA TÉCNICA ELABORADA PELA AUTORA, 2020


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3.5 Considerações Finais das Análises Após as análises, observa-se que apartamentos compactos ao serem projetados de acordo com parâmetros projetuais que beneficiem ambientes com metragens reduzidas, se tornam funcionais, confortáveis e aconchegantes para seus usuários, servindo como alternativa para pessoas que fazem parte dos novos perfis familiares que se consolidam atualmente, compostos por um número de pessoas menor, se comparado aos perfis familiares de antigamente, além das pessoas que optam por morarem sozinhas. De maneira mais detalhada, observou-se que a fim de se ter bons projetos de interiores de apartamentos compactos, é importante levar em consideração parâmetros projetuais como a funcionalidade, e principalmente a multifuncionalidade dos ambientes e dos mobiliários, visando a otimização dos mesmos. Com a multifuncionalidade, se consolidam ambientes e mobiliários flexíveis, que se adaptam as necessidades das pessoas. Ao falar sobre mobiliários e ambientes, vale destacar o parâmetro da ergonomia, ciência que incentiva o projeto de acordo com dimensões e movimentos corporais humanos, propiciando maior conforto para quem os utiliza. Como consequência da adoção da ergonomia nos projetos, se tem ambientes com dimensões confortáveis e coerentes com as possíveis atividades a serem realizadas no local. A integração dos ambientes também é uma boa escolha ao projetar um apartamento compacto pois proporciona ao espaço a sensação de amplitude, maior convívio social, além de evitar a perda de metragens ocupadas por alvenarias. Portanto, dentre os parâmetros citados durante a pesquisa, funcionalidade, multifuncionalidade, flexibilidade, ergonomia e integração são os principais parâmetros que podem ser seguidos ao projetar ambientes, sejam eles considerados compactos ou não. Vale destacar que além destes, existem inúmeras alternativas que podem ser adotadas, de acordo com as necessidades de cada um.


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4. PROPOSTA PROJETUAL

Figura 33: Planta baixa original de microapartamento escolhido para fins projetuais

4.1 Diretrizes Para a realização da proposta projetual, foram adotadas diretrizes que nortearam o projeto, sendo a principal diretriz, a funcionalidade. Com isso, a proposta foi de um microapartamento que se adapta a diferentes perfis de usuários e suas necessidades. Vale destacar que não foi estipulado um perfil específico que determinasse o projeto, mas sim foi feito uma proposta que se adapte a diferentes perfis, necessidades e situações. O objetivo principal deste trabalho é propor um microapartamento que ofereça flexibilidade e funcionalidade para os diferentes perfis de usuários, priorizando a qualidade de vida independente de sua metragem reduzida. Baseado nisso, foram utilizadas estratégias citadas na contextualização, como a ergonomia, a funcionalidade, a multifuncionalidade, a flexibilidade, a integração de ambientes, além da aplicação de cores e materiais que favoreçam ambientes compactos. 4.2 A Escolha do Microapartamento O microapartamento (Figura 33) escolhido para fins projetuais fica inserido no Edifício 03, apresentado nos estudos de caso anteriormente, sendo que o mesmo possui 34,49m². Ao

Fonte: LORENGE [201-].

realizar buscas por microapartamentos na Grande Vitória, percebeu-se que as unidades possuem dimensões que variam entre 30m² e 35m², diferente por exemplo, de

Além disso, outro fator que influenciou na escolha do microapartamento localizado no Edifício

microapartamentos localizados em outros lugares do mundo. Baseado nisso, a dimensão do

03, foi o fato de as divisórias internas do mesmo serem feitas em drywall, o que permite a

microapartamento escolhido para o projeto, foi um fator determinante, visto que o mesmo

demolição das mesmas, a fim de se propor a grande integração dos ambientes, além de explorar

representa muito bem a média dos microapartamentos localizados na região, além da

as diversas maneiras de setorizar as áreas, através de paginação de piso, uso de divisórias

localização, uma vez que a intenção era de elaborar uma proposta projetual flexível referente a

flexíveis, entre outras, priorizando a privacidade e bem estar dos usuários. A integração em

uma unidade especifica, de acordo com a realidade do Espírito Santo, local onde o trabalho está

microapartamentos é um fator de extrema importância, uma vez que, ao possuir ambientes sem

sendo desenvolvido.

divisórias, há ganho de espaço, além de permitir maior interação entre os usuários do ambiente. Além disso, vale destacar que apesar do objeto escolhido para fins projetuais ser um microapartamento real, localizado na Grande Vitória, a proposta se deu a partir de uma reavaliação conceitual sobre a forma de projetar microapartamentos, em específico, o escolhido para o projeto, propondo pequenas mudanças na planta baixa, a fim de otimizar a utilização do interior do espaço.


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4.3 Reavaliação Conceitual Sobre a Forma de Projetar Como dito anteriormente, ao iniciar a fase projetual, foram propostas alterações (Figura 34) na planta baixa original, a fim de fazer uma reavaliação conceitual do microapartamento escolhido. Estas alterações foram feitas a fim de melhorias que visam a otimização do espaço interno do mesmo. Figura 34: Planta baixa demolir/construir

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Após a fase de contextualização do tema e pesquisa de microapartamentos em diferentes

para os maquinários, além de ter sido posicionada em um local que permite uma única solução

lugares do Brasil e do mundo, a fim de se ter conhecimento sobre os parâmetros projetuais

para todas as unidades, não sendo necessário a alteração da organização do pavimento tipo

utilizados em apartamentos desta tipologia, pode-se destacar como o principal parâmetro, a

para que todos possam contar com esta área. O acesso ao local se dá através do interior de

integração dos ambientes através da entrega de microapartamentos configurados como

cada microapartamento, por uma porta de alçapão, que pode facilmente ser disfarçada no

grandes vãos, sem divisórias internas, exceto na área privativa da habitação. Baseado nisso,

interior do microapartamento por algum mobiliário flexível que permita a movimentação do

percebeu-se a necessidade de uma reavaliação conceitual sobre a forma de projetar o

mesmo, quando se fizer necessário acessar o local para possíveis manutenções.

microapartamento escolhido para fins projetuais, uma vez que o mesmo foi entregue

4.4 A proposta

originalmente pela construtora com divisórias internas por toda a casa, não sendo utilizado o principal

parâmetro

projetual

observado

nos

microapartamentos

analisados

na

contextualização, a integração.

Após a reavaliação conceitual referente ao microapartamento escolhido para fins projetuais, deu-se início ao projeto de interiores do mesmo. O microapartamento possui 34,49m², e foi projetado de modo a ser flexível e multifuncional, sem se prender a um perfil específico. Foi

Portanto, de maneira detalhada, a primeira alteração proposta na planta baixa original foi a demolição de todas as alvenarias internas da unidade, exceto a divisória entre a área privada e

elaborado um projeto com a flexibilidade de se transformar em diferentes versões, atendendo a principal diretriz, a funcionalidade.

o quarto, ambiente proposto no projeto original de maneira convencional, com paredes e portas de isolamento. A proposta de demolição das divisórias internas se deu a partir do momento em

De maneira geral em relação a proposta, o microapartamento foi projetado sem divisórias

que uma das principais diretrizes do projeto era a de integração, além disso, com a demolição

internas, exceto na área íntima do mesmo, a fim de se ter a grande integração dos ambientes e

das mesmas, houve ganho de espaço. Vale destacar que, durante a realização do presente

a sensação de amplitude, que se deu também através da escolha de materiais com tonalidades

trabalho, especialmente durante a fundamentação teórica, percebeu-se que em outros lugares

neutras e claras. Além disso, a ideia foi dispor os mobiliários fixos nas extremidades do

do Brasil e do mundo, os microapartamentos são entregues aos donos seguindo o parâmetro

microapartamento, de maneira que o meio fosse ocupado por móveis soltos e multifuncionais,

projetual de construir a habitação sem divisórias internas.

que permitam a movimentação dos mesmos além de exercer diversas funções e um único mobiliário e espaço.

Outra proposta foi o aumento da dimensão da alvenaria voltada para a fachada principal da edificação, de modo a se ter paredes maiores nas laterais do peitoril de vidro da fachada

Quanto aos materiais escolhidos, na paginação de piso foi proposto o piso vinílico por todo o

(alvenarias demarcadas com hachura na cor verde). O aumento das paredes laterais foi visando

microapartamento, exceto na área íntima, a fim de criar a sensação de continuidade, além de

vedações com dimensões que permitiram a proposta de mobiliários encostados nas mesmas, a

tornar o ambiente mais aconchegante. Na área íntima, foi proposta uma paginação de piso em

fim de se ter mais espaço para apoio e armazenamento, oferecendo assim maior otimização do

porcelanato, por ser uma área com maior umidade, além de ser uma forma de setorizar este

espaço interno do microapartamento.

ambiente, já que o mesmo se trata de uma área que requer maior privacidade. Vale destacar que o mesmo material do piso da área íntima, foi aplicado em todas as paredes, visando a

Por último, houve a proposta da implantação de uma área técnica para receber a condensadora do ar condicionado split. Originalmente, a unidade foi projetada sem área técnica, e a construtora

sensação de continuidade, harmonia e amplitude, evitando assim, a quebra de texturas, parâmetro utilizado por ser um ambiente compacto.

sugeriu através da planta baixa de layout, a colocação da condensadora na varanda, podendo ser ocultada por uma possível marcenaria. Como solução para este problema, foi proposta uma

Nos mobiliários de todo o microapartamento, a fim de criar unidade, foram aplicados materiais

área técnica posicionada na fachada, de maneira que a volumetria da mesma se sobressaia ao

neutros e claros, com uma harmoniosa combinação do mdf frapê e lâminas de freijó. Os pontos

volume rígido do edifício em si. A área técnica é aberta, de maneira a permitir ventilação natural

de cores ficaram para os detalhes, em móveis soltos, roupas de cama e adornos em geral.


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4.4.1 Versão 01 Como já dito anteriormente, o projeto não se deu a partir de um perfil específico, e sim foi elaborado de modo que se adapte a diferentes usuários, necessidades e situações, resultando em diferentes versões a partir da versão um (Figura 35). Apesar de não existir um perfil específico que guiou o projeto, vale trazer para a discussão possíveis perfis e situações que se adaptam bem a esta primeira versão. O microapartamento, no modo em que se encontra, é uma boa opção para casal. Figura 35: Proposta projetual da versão 01

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Morando nele, os usuários usufruem de diferentes áreas, como área para descanso com cama de casal integrada a área destinada ao home office, caso seja necessário estudar e/ou trabalhar em casa, visto que é um hábito que vem se tornando cada vez mais comum. Além disso, conta com área de estar com sofá de dois lugares e mesa para refeições. Apesar de metragens reduzidas, o mesmo foi projetado de maneira que possua diversos mobiliários de apoio e armazenamento. Vale destacar que essas áreas se encontram totalmente integradas, assim como na imagem (Figura 36) a seguir. Figura 36: Área de descanso, home office e estar integradas

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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De outro ângulo (Figura 37), é possível ver como a área de descanso e estar se integram em perfeita harmonia com o restante do microapartamento, sem perder questões ligadas a privacidade e o bom funcionamento das atividades. Figura 37: Área de descanso, home office e estar vistas por outro ângulo

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Assim como apresentado na imagem anterior, percebe-se que por toda a extensão de uma das alvenarias externas do microapartamento (Figura 38), foi posicionado um mobiliário fixo, a fim de se ter área para armazenamento, apoio, preparo de alimentos, além de ocultar utensílios essenciais para o bom funcionamento da habitação. Tanto a extensão da parede, quanto o pédireito, de 2,60m, foram totalmente ocupados pelo mobiliário. Em apartamentos compactos, assim como visto durante a pesquisa dos estudos de caso, é interessante utilizar da verticalização dos mobiliários, para que se tenha melhor aproveitamento do espaço. Figura 38: Alvenaria totalmente ocupada por mobiliário

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Quanto aos mobiliários apresentados acima, vale destacar alguns pontos como a porta de correr com TV embutida. Esta solução foi escolhida a fim de aproveitar o espaço ao máximo, tendo armário e local para o aparelho eletrônico em um só local. Esta porta possui um sistema (Figura 39) de suporte e esteira para os cabos da TV, que deslizam de acordo com a movimentação da mesma. Figura 39: Funcionamento da porta de correr com TV embutida

Fonte: IMPACTO ALUMINUM DOORS, [21-].

Vale frisar que todo o mobiliário do microapartamento foi planejado de modo que tudo se encaixe e tenha um bom funcionamento. Portanto, a dimensão da porta de correr com TV embutida é exatamente a mesma dimensão da extensão da bancada para preparo de alimentos, o que permite a completa abertura da mesma. Além de funcionar como o fechamento do armário, e suporte para a TV embutida, ao correr com a porta para o lado da bancada, a mesma oculta a área de preparo de alimentos, caso o usuário queira, por exemplo, que ninguém a veja. Outro sistema de portas que vale pontuar (Figura 40), é a porta camarão que oculta o local de armazenamento de materiais de limpeza, cestos, além da máquina de lavar. Esses itens citados, são de extrema importância para um bom funcionamento da casa, mas não precisam estar expostos a todo momento, então foram posicionados de maneira que fiquem ocultos enquanto não estão em uso ou funcionamento.


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Figura 40: Mobiliรกrio com portas abertas

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Por toda a extensão da parede, foi posicionado um mobiliário fixo, porém, vale destacar a existência de um mobiliário flexível, abaixo da bancada com cafeteira e bebidas, com base em rodízio. O mesmo, além de possuir a função de armazenamento, exerce a função de ocultar a porta de alçapão (Figura 41) que dá acesso à área técnica onde fica localizada a condensadora de ar condicionado split. Figura 41: Área de acesso a laje técnica que fica oculto por mobiliário flexível

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Além de mobiliários, vale destacar o posicionamento da área íntima do microapartamento. É o único local que possui divisória interna em drywall, por questões de privacidade e bom funcionamento, uma vez que é uma área com umidade, e precisa de boa vedação. Além disso, possui divisórias em vidro transparente e fosco, e esquadria, a fim de se ter privacidade, sem perder a leveza e o conceito de integração. Á área foi projetada de maneira que tenha a louça sanitária e área para banho, independente da cuba, funcionando assim, como um lavabo. Com este posicionamento, é possível que mais de uma pessoa possa utilizar os itens simultaneamente. Esta solução faz total diferença uma vez que a habitação possui apenas uma área íntima (Figura 42), mas pode abrigar até duas pessoas confortavelmente, evitando conflitos na hora do uso.


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Figura 42: Área íntima e descanso do microapartamento

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Apesar de se tratar de uma área íntima bem compacta, ela foi planejada de modo a se ter um bom aproveitamento, contando com armários para armazenamento, tanto acima quanto embaixo da bancada. Nas portas do armário acima da bancada, o destaque ficou para o ripado em lâmina de freijó e o espelho redondo com iluminação indireta frontal, o que faz diferença para o projeto e claro, no cotidiano dos usuários. Na área de entrada (Figura 43), foi proposto um armário de apoio e armazenamento, possibilitando que os usuários ao chegarem em casa, possam guardar seus pertences em geral, além de higienizar suas mãos, evitando ao máximo que as impurezas da rua entrem para o interior da casa.


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Figura 43: ร rea de entrada com armรกrio para apoio e armazenamento

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Em outro ângulo (Figura 44), é possível ver como funciona o armário da área de entrada, com sapateira e nicho de apoio, além do armário fixo posicionado próximo a fachada do microapartamento, que além de conter área de armazenamento, exerce apoio ao home office. Com as portas abertas, é possível identificar o que foi planejado para cada mobiliário. Figura 44: Mobiliários com portas abertas

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Por fim, a iluminação (Figura 45) do apartamento foi toda proposta em perfis gap7 com spots8 direcionáveis. Os perfis gap são linhas contínuas de luz que podem ser embutidas tanto no teto, quanto em paredes, e possuem a função de iluminar além de fazer cenas. Além da luminária gap, foram posicionados spots direcionáveis estratégicos, na intenção de iluminar pontos específicos do microapartamento. Vale destacar que, por serem spots direcionáveis, é possível mudar o foco dos mesmos, de acordo com o layout escolhido pelos usuários e suas necessidades. Figura 45: Planta baixa de teto e iluminação

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020

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Linhas contínuas de luz no teto ou na parede dominam o espaço com um grande pacote de luz (CANDELA, Iluminação)

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Iluminação direcionada capaz de dar destaque a um móvel, objeto decorativo ou até mesmo criar diversas sensações no ambiente (VIVA DECORA, 2019)


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4.4.2 Versão 02 A partir da primeira versão apresentada anteriormente, elaborou-se a versão dois (Figura 46), que não possui grande diferença, apenas uma solução caso deseja-se maior privacidade. A segunda versão se trata de um microapartamento que atende bem até duas pessoas, assim como na versão anterior, podendo ser um casal ou duas pessoas que escolheram morar juntas. Essas duas pessoas podem ser primas (os), amigas (os), mãe e filha(o), entre tantos outros perfis. Vale destacar que tanto casais quanto pessoas que escolhem morar juntas, possuem suas individualidades e procuram privacidade, mesmo ao dividirem o mesmo ambiente, baseado nisso, foi proposta uma divisória de enrolar instalada entre o gesso e laje, que ao ser utilizada, permite um ambiente com maior privacidade, sem perder o conceito de integração.


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Figura 46: Proposta projetual da versão 02

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Assim como dito anteriormente, a diferença da versão um para a versão dois (Figura 47) está na divisória de enrolar. Vale destacar que não se trata de um novo projeto, mas sim, de uma das inúmeras variações que a versão um pode ter, por ter sido um projeto elaborado com a intenção de ser flexível e funcional. A divisória de enrolar permite maior privacidade ao ambiente, além de permitir que os usuários, mesmo ao dividirem a mesma casa, possuam sua individualidade, sendo um casal ou duas pessoas que escolheram morar juntas. A divisória pode ser utilizada em diferentes momentos, seja em situações que as pessoas queiram ocultar parte da área de descanso, ou queiram realizar atividades diferentes em um mesmo momento, mas que requer maior privacidade, entre tantas outras situações.


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Figura 47: Área de estar e descanso da versão 02

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Através da imagem retratada acima, é possível entender melhor como essa solução de divisória de enrolar funciona. A mesma, possui sua estrutura fixa instalada entre o gesso e laje, e ao ser utilizada, proporciona ao ambiente a opção de ocultar parte da área de descanso. Essa solução é uma boa opção por exemplo, para momentos em que se recebe visita, e o usuário não quer deixar sua cama totalmente exposta. Outro exemplo seria um momento em que as duas pessoas que moram juntas, precisam exercer atividades diferentes em um mesmo momento, como exemplo, enquanto uma pessoa deseja descansar, a outra precisa estudar, e com a divisória (Figura 48), é possível que as atividades sejam realizadas simultaneamente, sem grande incômodo para o parceiro de moradia. Figura 48: Divisória de enrolar em utilização

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Vale levantar questões ligadas ao funcionamento da divisória (Figura 49). A mesma possui o movimento de enrolar/desenrolar, podendo ser aberta ou fechada de acordo com as necessidades dos usuários. Figura 49: Corte que exemplifica o funcionamento da divisória de enrolar

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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4.4.3 Versão 03 Na proposta projetual da versão três (Figura 50), as diferenças em relação a versão um são maiores. Nesta versão, a proposta surgiu baseada em uma possível situação do dia a dia dos usuários, com os mesmos mobiliários, mas com uma organização diferenciada da primeira proposta. Figura 50: Proposta projetual da Versão 03

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Na planta baixa humanizada apresentada acima, é possível identificar as informações das principais variações que a versão três (Figura 51) obteve em relação a primeira versão. A mesa para refeições foi posicionada acima da cama de casal, tendo em vista um possível momento mais tranquilo dos usuários, permitindo que os mesmos possam ter momentos de estudo, trabalho ou até fazer refeições, sem sair da cama. Vale frisar que, a mesa foi proposta com base em rodízio, o que permite a fácil movimentação, além de possuir dimensões que permitiram que a mesma se encaixe nas dimensões da cama de casal. Figura 51: Área de descanso e estar da versão 03

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Outra grande diferença fica em relação ao sofá. Originalmente proposto como um sofá de dois lugares, o mesmo encontra-se com seus dois lugares independentes um do outro, trazendo um ar mais despojado para o ambiente, além de estar posicionado em local diferente, configurando junto a mesa central e cadeiras da mesa de refeições, uma área de estar voltada para a fachada do microapartamento. Essa função de dois lugares independentes só foi possível pois o mesmo foi proposto em formato de módulos que funcionam tanto juntos, como um sofá convencional de dois lugares, quanto independentes, permitindo diferentes cenários (Figura 52) para a casa. Vale destacar que a base do sofá, além de estruturar o acento do mesmo, também possui gaveta para armazenamento de objetos, possuindo multifuncionalidade. Sua base em rodízio permite a fácil movimentação.


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Figura 52: Versão 03 vista por outro ângulo

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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4.4.4 Versão 04 Agora em cenário bem diferente da primeira versão, a proposta projetual da versão quatro (Figura 53) surgiu a partir da necessidade de atender diferentes perfis dos já citados anteriormente. A versão que será apresentada a seguir, é de um microapartamento para aqueles que desejam morar sozinhos ou pessoas que moram juntas, mas que por alguma motivação, em certos momentos, queiram mais espaço livre, com circulação ampla. Figura 53: Proposta projetual da Versão 04

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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De todas as versões já apresentadas, essa é a que mais se difere da primeira versão. Na imagem apresentada acima, é possível já ter conhecimento das principais variações encontradas na proposta de número quatro (Figura 54). Figura 54: Área de estar e descanso da versão 04

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Sem dúvidas, o destaque fica para a cama (figura 55). Originalmente proposta como cama de

Figura 56: Cama multifuncional em modo casal

casal, nesta versão a cama encontra-se no modo cama de solteiro. Essa alteração se torna possível pois a mesma foi pensada de maneira que se adapte a diferentes perfis de usuários, necessidades e situações. Figura 55: Cama multifuncional em modo solteiro

Fonte: DOMA ARQUITETURA, 2020

Quanto aos colchões, vale frisar que, para bom funcionamento, a melhor opção é o uso de colchões de solteiro. Quando a cama está em modo casal, coloca-se os dois colchões de solteiro, um ao lado do outro. Quando a cama está funcionando como cama de solteiro, o colchão em desuso fica guardado embaixo, em um local próprio para seu armazenamento. Além disso, outras variações são encontradas na versão quatro (Figura 57). É possível notar Fonte: DOMA ARQUITETURA, 2020.

A cama possui um sistema que permite a movimentação da mesma, ficando em modo solteiro ou casal (Figura 56). É interessante pois a mesma funciona para pessoas que moram sozinhas, mas podem receber visitas ou moram em duas pessoas, mas dependendo da situação, podem

a mesa de apoio lateral originalmente posicionada ao lado da cama, agora no apoio a área de estar. A função não muda, mas é interessante visualizar como mobiliários soltos estratégicos, permitem a variação dos cenários. Além disso, a mesa central proposta na primeira versão, agora foi posicionada no modo banco.

colocar a cama em modo solteiro de maneira a se ter uma circulação mais livre. A mesma foi pensada com dimensões que se adaptam tanto no modo mesa como no modo banco, a fim de possuir multifuncionalidade sem deixar de lado questões ligadas a ergonomia. A fácil movimentação da mesma fica por conta de sua base em rodízio.


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Figura 57: Versão 04 vista por outro ângulo

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Na imagem indicada acima, também é possível ver a mesa originalmente proposta como apoio de home office, funcionado como aparador, sendo possível posicionar adornos sobre ele ou funcionar como apoio para a mesa de refeições.


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4.4.5 Versão 05 A proposta projetual da versão cinco (Figura 58) possui variações em relação a organização do espaço. A mesma é uma boa opção para pessoas que moram sozinhas ou casais, já que apesar da cama estar no modo solteiro, ao movimentar a mesma, é possível atender até duas pessoas. Esta configuração é ideal para aqueles que desejam ter uma configuração do espaço diferente da organização tradicional, assim como na versão anterior Figura 58: Proposta projetual da Versão 05

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Na planta baixa humanizada apresentada acima, é possível identificar as principais variações do layout. A primeira diferença está na divisória de enrolar, que está em funcionamento (figura 59), o que permite ocultar a área de descanso. Considerando que os usuários estejam recebendo visitas, através dessa solução, é possível que quem esteja na mesa de refeições, não veja a área de descanso.

Figura 59: Área de descanso oculta por divisória de enrolar

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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A mesa de refeições nessa versão (Figura 60) possui quatro assentos, sendo duas cadeiras que originalmente foram posicionadas para a própria mesa, e a terceira cadeira, que originalmente foi posicionada para o home office. O quarto acento, é um banco, que originalmente foi posicionado com a função de mesa de apoio lateral. Já a mesa do home office, encontra-se exercendo o papel de mesa de apoio para um momento de confraternização, que requer mais espaço para apoiar utensílios como louças.

Figura 60: Área de estar e descanso da versão 05 vista por outro ângulo

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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4.4.6 Versão 06 Por fim, a sexta versão (Figura 61) se deu a partir da necessidade de atender mais um tipo de perfil e suas necessidades. Perfil este que vem se tornando cada vez mais comum nos dias atuais. Nesta proposta projetual, a principal diferença ficou por conta do uso de cada mobiliário. Assim como já foi citado algumas vezes, a principal diretriz do projeto, era a funcionalidade, então o microapartamento foi proposto de maneira com que os mobiliários fossem multifuncionais, sem se prender a perfis e usos específicos. Com isso, foi possível ter tantas versões a partir de uma única proposta. Figura 61: Proposta projetual da versão 06

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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Na imagem apresentada acima, é possível identificar algumas variações no layout. A principal delas, é a utilização da mesa, que originalmente foi posicionada como mesa principal de refeições. Na proposta da versão seis (Figura 62), a mesma possui como principal função, o apoio para estudos e trabalho. Já a mesa originalmente proposta como apoio para o home office, na atual versão, encontra-se com a principal função de apoio para refeições. Vale destacar que, cada vez mais as pessoas passam grande parte de seus dias fora de casa por questões ligadas a trabalho e/ou estudos. Com isso, surgiu a proposta da versão seis, com a mesa maior, destinada a momentos como esses, e a bancada originalmente proposta como home office, destinada a refeições, que geralmente para pessoas que se enquadram nesse perfil, são momentos rápidos. Figura 62: Área de estar e descanso da Versão 06

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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De outro ângulo (Figura 63), é possível ver que a área de estar composta por poltronas e mesa de centro está posicionada de frente para a TV. O sofá originalmente de dois lugares, nesta versão foi posicionado como duas poltronas independentes. Também é possível visualizar como a divisória de enrolar proporciona maior privacidade por exemplo para os momentos de refeição na mesa menor. Figura 63: Área de estar da versão 06

Fonte: PROJETO ELABORADO PELA AUTORA, 2020


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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

a correria do cotidiano. O chamado “novo normal” que surgirá pós pandemia também poderá

Após finalizar as pesquisas referente ao presente trabalho, conclui-se que os apartamentos

chegar à construção civil, com isso o momento apenas está reforçando a necessidade de

compactos surgiram como uma fórmula projetual, que veio para atender aos novos jeitos de

ambientes projetados que priorizem a entrada de luz e ventilação natural dos ambientes

morar. Se antigamente as habitações eram projetadas com grandes ambientes predestinados a

(DAMASCENO, 2020). Observou-se também a intensificação do uso da cozinha pelas pessoas

usos específicos, os apartamentos compactos são projetados com metragens reduzidas, além

que antes do isolamento social não possuíam o hábito de preparar os alimentos em casa, e o

de possuírem a multifuncionalidade dos ambientes e mobiliários, possibilitando diferentes

uso de ambientes para atividades home office, que funcionam como um escritório em casa.

atividades em um mesmo local.

Ao fim do desenvolvimento da contextualização do trabalho, decidiu-se adotar como objeto para

Com as cidades se desenvolvendo, as pessoas mudaram as formas de se relacionarem com

fins projetuais da segunda etapa do trabalho de conclusão de curso, o microapartamento

os espaços e principalmente com suas casas. Além disso, foi visto que a supervalorização das

localizado no Empreendimento 03, na cidade de Vitória, Espírito Santo. O mesmo foi escolhido

terras que inflacionam nos valores das habitações e os novos perfis familiares que vêm se

por se encontrar na mesma região que o trabalho está sendo desenvolvido, a fim de elaborar

consolidando, são fatores que influenciam diretamente na alta procura por apartamentos

uma proposta projetual que se adequasse a diferentes situações e perfis, de acordo com a

compactos, tornando o mercado aquecido para este tipo de oferta.

realidade do Espírito Santo. Além disso, o mesmo possui metragens adequadas à procura do

Observou-se que os apartamentos compactos se encontram na grande maioria em empreendimentos de alto padrão que oferecem inúmeras comodidades aos usuários. Vale

público do estado, e foi entregue com divisórias internas em drywall, sistema este que permite possíveis intervenções.

destacar ainda a boa localização, ao serem posicionados em pontos estratégicos da cidade,

Baseado nisso, ao finalizar a proposta projetual, conclui-se que o desafio de se viver bem em

com um entorno de alta infraestrutura a fim de oferecer ao público as facilidades de morar perto

poucos metros quadrados demanda soluções projetuais bem pensadas, tendo um bom

de tudo. Notou-se que o público é composto por jovens, idosos, casais sem filhos, executivos,

projeto, pensado nos mínimos detalhes. É importante que tudo seja bem planejado desde a

entre outros perfis.

planta baixa, uma vez que o projeto arquitetônico e de interiores andam lado a lado. A proposta

Através das análises, foi possível identificar diversos parâmetros projetuais que podem ser seguidos ao projetar as habitações, independentemente de serem com grandes ou reduzidas metragens, visando um bom projeto. Dimensões adequadas, ergonomia e funcionalidade são indispensáveis para se obter espaços de qualidade. Ainda de acordo com as análises, observou-se que todos os apartamentos compactos possuem o mobiliário modelado especificamente para os ambientes, além de muitos deles possuírem multifuncionalidade, visando um melhor funcionamento da casa além de possibilitar o bom aproveitamento de cada metro quadrado disponível. Vale destacar o momento que se vive a pandemia de COVID-19, popularmente conhecida como coronavírus, que afetou todo o mundo em diferentes sentidos. Com a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de praticar o isolamento social, as pessoas passaram a vivenciar suas habitações como nunca, já que antes ficavam tão pouco tempo em casa devido

se deu a partir da principal diretriz, a funcionalidade, aliada a parâmetros projetuais como a ergonomia, a integração, a multifuncionalidade além da escolha correta de materiais e cores que favoreçam ambiente compactos. De maneira geral, a proposta projetual que obteve variações que resultaram em seis diferentes versões foi possível pois todo o microapartamento foi planejado com uma marcenaria específica para o mesmo, o que evidencia o papel fundamental que a mesma exerce dentro de microapartamentos, permitindo melhor aproveitamento do espaço.


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