Implantação de um Parque para a Requalificação do Espaço Público

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Maria Eduarda Bettucci - 2017

IMPLANTAÇÃO DE UM

PARQUE

PARA A REQUALIFICAÇÃO DO

ESPAÇO PÚBLICO



MARIA EDUARDA BETTUCCI

IMPLANTAÇÃO DE UM PARQUE URBANO PARA A REQUALIFICAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO

Trabalho final de curso apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para cumprimento das exigências parciais para a obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da prof. Fabiana Mori

RIBEIRÃO PRETO 2017


RESUMO

ABSTRACT

Este trabalho busca a recuperação da identidade de um lote juntamente com o desejo de possuir uma área mais segura dentro do bairro, através da implantação de um parque urbano a fim de promover fluxo, permanência e integração entre os usuários.

This assignment attempts to recover the identity of a spot along with the desire of having a safer area inside the neighborhood through the implantation of a urban park in order to promote flow, permanence and interaction among its users.

A elaboração veio através de estudos sobre os critérios e características dos espaços públicos que atualmente tem se tornado parte de um segundo plano dentro das cidades.

The development came up through studies about the criteria and characteristics of public places which, recently have become part of a second plan inside the cities.

Optou-se por alternativas voltadas a sustentabilidade, desde o replantio da vegetação existente até nas escolhas dos materiais a fim de garantir um ambiente agradável e atrativo.

Opting for eco-friendly alternatives from the replanting of the existing vegetation to the choices of the material in order to guarantee a pleasant and attractive environment.


AGRADECIMENTO E DEDICATÓRIA A Deus Aos meus pais, Ana e Bettucci, minha avó Vera e irmão Giuseppe Aos meus amigos e familiares, Laura, Deborah, Daniel, Leonardo, Marina, Nami, Isa, Miguel, Jéssica, João, Matheus, Felipe, Diogo, Carol, Marcela, Janaína, Tatiane e Giovana. Ao meu namorado Ricardo Aos professores, em especial Fabiana e Rosa E a todos que direta ou indiretamente me ajudaram a concluir este trabalho Meus sinceros agradecimentos


9

11

INTRODUÇÃO

SÍNTESE TEÓRICA O Espaço Público e sua Importância no Convívio Social_11 Critérios do Espaço Público _13 Parques Urbanos _23 Requalificação Urbana através de Espaços Públicos e sua importância para Renovação das Cidades_27

33

REFERÊNCIAS PROJETUAIS High Line - Nova York_33 Praça Victor Civita - São Paulo_39


LEVANTAMENTO DE DADOS 43 O Lugar_43 Uso e Ocupação do Solo_47 Gabarito_49 Cheios e Vazios_51 Vias e Análises de Fluxos_53 Topografia_55 Vegetações_57

O PROJETO

59

Partido Arquitetônico_59 Memorial_61 Implantação_65 Plantas_67 Cortes_69 Elevações_71 Perspectivas_73 Detalhes Técnicos_79

CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

83 85


INTRODUÇÃO


O presente trabalho de conclusão de curso visa o resgate da identidade do lote, que por estar localizado em um conjunto habitacional - mais especificamente no bairro Parque Residencial Francisco Paschoal, na cidade de Sertãozinho - foi inicialmente projetado ambicionando - se um sistema de lazer, destinado a suprir as necessidades dos habitantes, porém a realidade foi outra e o terreno encontra-se abandonado e inseguro.

A elaboração do projeto parte do desejo de tornar a área um ponto gerador de fluxo, permanência e integração entre as pessoas, sejam elas moradoras do local ou indivíduos que apenas passam por ali, transformando a região em uma área segura e agradável.

Através da requalificação deste espaço busca-se torna-lo um parque que ofereça um plano diversificado, almejando atividades de lazer, cultura, recreação, convívio social e exaltação da relação homem x natureza, através da manutenção das espécies de árvores já existentes.

Seu programa de necessidades será baseado em entrevistas com os residentes da região, com os professores da escola Nair Teixeira, localizada ao lado do terreno – objetivando que o desempenho dos exercícios propostos pelos alunos seja executado na área do parque - e com o levantamento das atividades propostas pela Prefeitura da cidade a fim de também incorpora-las a este.

As pesquisas bibliográficas baseiam-se em projetos implantados, que cumpriram com seus objetivos, como o Parc De La Villet em Paris, o High Line em Nova Yourk e o Red Ribbon na China, além de livros, legislação e artigos publicados que referem-se à cidade e a importância de seus espaços públicos aliando os conhecimentos adquiridos aos diagnósticos e problemáticas da área escolhida.


SÍNTESE TEÓRICA

O ESPAÇO PÚBLICO E SUA IMPORTÂNCIA NO CONVÍVIO SOCIAL


Segundo Fernandes (pag.04 – 05), o conceito sobre espaços públicos é definido por diversas áreas como a Arquitetura, o Paisagismo, a Geografia e obrigatoriamente pela Sociologia. Em termos gerais este pode ser definido como um espaço físico ao qual qualquer cidadão poderá e deverá ter acesso

homem” descrevendo o encanto e interesse humano por outras pessoas, dizendo que nada é mais importante ou fascinante. Compreendendo estas citações tomamos como conclusão que os espaços públicos estão diretamente vinculados ao convício social, sendo de extrema importância a garantia

livre, tendo em mente inicialmente locais como parques, jardins urbanos, ruas e praças, porém o espaço público é mais do que isso.

de sua funcionalidade dentro das cidades.

De acordo com o geógrafo e urbanista Borja (2010) a configuração de espaço público vai além, este não é meramente um espaço vazio entre os edifícios ou um espaço considerado público por razões jurídicas, se trata de um espaço multifuncional que serve de palco à sociedade, onde as relações sociais se estabelecem. Além disso, o autor também afirma que a qualidade da cidade será demostrada através da qualidade em que seus espaços públicos se encontram, sendo por meio destes que se revela a qualidade de vida dos cidadãos e seu grau de cidadania. Gehl diz em seu livro “Cidade para Pessoas – 2° Edição – 2014” que as práticas sociais exigem a presença de outras pessoas e incluem uma extensa gama de atividades proporcionando muitas trocas coletivas e a partir delas podem surgir contatos mais amplos, com novos assuntos e interesses desabrochando novas amizades, deixando claro que se o espaço da cidade for desolado e vazio nada acontecerá. De acordo com o Hámavál, um poema Islandês “o homem é a maior alegria do

dos espaços públicos nela distribuídos, mas sim a sensação que este produz, sendo convidativo e popular, cuidadosamente projetados, ansiando sustentar os processos que reforçam a vida urbana.

Segundo Bacarin (pag.33), a arquitetura tem um papel fundamental na inclusão do indivíduo num contexto societário, devendo os equipamentos projetados levar em consideração que a dinâmica arquitetônica do espaço influenciará no comportamento de um determinado conjunto de pessoas, sendo necessária a projeção de um espaço idealizando o dimensionamento de seus ambientes em prol da coletividade, estabelecendo assim uma relação hierarquizada das áreas. O espaço público cumpre com um importante significado que vai além da promoção de simples encontros, servindo também como fórum permitindo trocas de ideias, opiniões, manifestações, realização de eventos comunitários, dentre outros. Um espaço democraticamente gerido ga rante acesso e oportunidades de expressão, reforçando a sustentabilidade social propiciando a interação entre grupos, independentes de renda, status, religião ou etnia.

Figura 1 - Espaços públicos como geradores de vida na cidade. Disponível: http://www.portalvivaminas.com.br Acessado: 04/04/2017.

Ainda seguindo as linhas de Gehl, cabe dizer que a manutenção de uma cidade viva vincula-se não com a quantidade ou tamanho

Figura 2 - 2nd Parklet em Oakland, demostrando o convívio social. Disponível: http://archive.jsonline.com/business/two-east-side-parking-spaces-replaced-by-14-outdoor-dining-tables-b9982256z1-220860751.html/ Acessado: 03/04/2017.


CRITÉRIOS DO ESPAÇO PÚBLICO


Apresar de parecer óbvio a afirmação de que o planejamento da cidade e seus espaços precisam ser feitos a partir da escala dos serem humanos está não tem sido colocada em prática ao longo dos últimos anos. Atualmente o planejamento da cidade tem por objetivo em sua grande maioria ajustar as avenidas e ruas para o tráfego de automóveis, criando estacionamentos e deixando as melhorias para os transeuntes em segundo plano. Sendo o espaço público diretamente ligado à qualidade de vida dos habitantes que ali estão inseridos torna-se impreterível a garantia de determinadas características e critérios para que o desenvolvimento da vida social seja possível. Segundo Fernandes (pag. 06), existem critérios gerais essenciais para que as áreas públicas contemplem e assegurem a vivência dos cidadãos, sendo eles: Identidade, Continuidade, Permeabilidade, Segurança, Conforto, Aprazibilidade, Mobilidade, Acessibilidade, Inclusão e Coesão Social, Legibilidade, Diversidade, Adaptabilidade, Resistência, Durabilidade e Sustentabilidade. Pichler (pag.45 a 49) expõe como definidores de um bom espaço os seguintes itens: Proteção contra tráfego, Proteção contra experiências sensoriais desagradáveis, Espaços para caminhar, Ter onde sentar, Possibilidade de observar, Oportunidade de conversar, Locais para se exercitar, Escala humana, Possibilidade de aproveitar o clima e finalmente uma boa experiência sensorial. uma

Os espaços propostos além de possuírem suas identidades individuais refletem também na identidade da cidade e segundo Gehl inicialmente nós moldamos as cidades, depois elas nos moldam. Assim, quanto mais humano for o espaço urbano que produzimos, mais valorizada nossa dimensão urbana estará. Uma cidade de pessoas para pessoas.

As Plages dispõem de uma forte identidade explorando muito bem os elementos físicos, biológicos e humanos com a presença do clima tropical, da areia, palmeiras, árvores, os mobiliários como guarda – sóis, cadeiras de descanso e as iluminações garantindo os quesitos frisados anteriormente, principalmente a boa relação do homem com o meio a sua volta.

As praças, parques e ruas de uma cidade devem ser pensados para aquela população em específico, considerando o clima e costumes locais, como visto acima, a fim de gerar espaços públicos de qualidade, pois estes tem um papel crucial na formação e manutenção da identidade cultural de um povo.

A identidade gera o sentimento de pertencimento, a referência que nos orienta enquanto cidadãos. No âmbito urbano, a

Figura 3 – Paris Plages: Clima tropical às margens do Sena.

identidade se reflete nos vínculos que estabelecemos com os

Disponível: http://www.beachtomato.com/news/parisplages/#.WP7J8_nyupo

espaços da cidade, seus elementos de referência – patrimônio

Acessado: 24/04/2017.

histórico, rios, ruas, praças e parques – que passam a fazer parte constitutiva do nosso cotidiano. (LERNER 2013).

Como um bom exemplo destaca-se os Paris Plage, um evento disponibilizado pela prefeitura da cidade de Paris, que consiste em oferecer praias artificiais vinculadas a atividades culturais, bibliotecas itinerantes, atividades esportivas, pistas de danças, quiosques e food trucks, instalados as margens do Rio Sena.

Figura 4 – Paris Plages: Clima tropical às margens do Sena. Disponível: http://statusviajando.blogspot.com.br/2015/08/ paris-plages.html Acessado: 25/04/2017.

Esmiuçando um pouco cada destas características temos:

- Identidade Identidade própria de cada lugar, relacionada às suas características. De acordo com Fernandes (pag.06 - 07), a identidade advém da forma como os indivíduos se apropriam e relacionam com o espaço, sendo as áreas com identidades próprias de fácil recordação, permitindo uma relação equilibrada do homem com o meio que o envolve. Para que esta identidade seja construída elementos físicos, biológicos – água, clima, fauna, flora e humanos – sócio econômicos, culturais, históricos, ambientais, urbanos, investindo em mobiliários, iluminações, escala, cores, texturas, tradições e costumes são fundamentais.

Figura 5 e 6 - Jogo com as dimensões dos mobiliários implantados e mapa com a implantação das Plages (em amarelo). Disponível: http://statusviajando.blogspot.com.br/2015/08/paris-plages.html Acessado: 24/04/2017.


- Continuidade | Permeabilidade Princípios que garantem a malha urbana uma estrutura coerente e não fragmentada, com espaços desconectados, proporcionando a continuidade, que deve ser assegurada ao nível da estrutura verde, redes de circulação (pedestres, automóveis e ciclistas), do saneamento e dos serviços públicos (transportes, iluminação, etc.) Para que tal conexão exista usa-se da permeabilidade possibilitando uma ligação visual e física entre os espaços e seus eixos. O projeto Largo do Mercado Público de Santa Catarina exemplifica o conteúdo exposto, pois foi criada uma área pública que resgata o espaço de convívio proporcionando a interatividade através de uma praça instalada na cobertura do Novo Shopping Popular da cidade. Este apresenta uma conectividade com o restante da malha urbana, promovendo a continuidade da vegetação (com espécies nativas e frutíferas reestabelecendo o clima do local) e das redes de circulação propondo vias voltadas aos pedestres e vias pertencentes aos veículos, além da inserção de um mobiliário adequado ao local.

-Segurança|Conforto |Aprazibilidade Trata-se de aspectos que viabilizarão ao espaço público conforto, segurança e aprazibilidade – tranquilidade, que funcione com eficácia para toda a população, tendo as acessibilidades, a manutenção, a resistência ao vandalismo, a iluminação, a escolha do mobiliário e dos equipamentos levados em conta ao longo de todo o processo. Listados abaixo estão os principais fatores que propiciam um espaço ideal que prese pela segurança, conforto e harmonia. São eles: 1. Clima (temperatura, insolação, vento);

umidade,

2. Qualidade acústica (proteção contra ruídos); 3. Qualidade visual (iluminação, pontos de abertura); 4. Qualidade do ar (vegetação como filtro); 5. Qualidade ergonômica equipamentos implantados espaço;

dos e do

6. Conservação e a limpeza do local;

Figura 7 - Largo do Mercado Público de Santa Catarina e visão aérea do espaço proposto. Disponível: http://www.mader.com.br/mercado-sc/ Acessado: 25/04/2017.

7. Vegetação (por proporcionar além da proteção contra os ruídos e a qualidade do ar as zonas de sombras, regulando o microclima e podendo tornar-se um ponto marcante da área); 8. Água (que garante a regulação do microclima juntamente com a vegetação); 9. Materiais construtivos (contribuem pelas suas características físicas);

Em geral, reforça-se o potencial para uma cidade segura quando mais pessoas se movimentam pela cidade e permanecem nos espaços urbanos. Uma

Conforme citado por Jane Jacobs em seu livro “Morte e Vida das Grandes Cidades” onde a autora já reforçava, que para uma cidade ser segura e passar segurança para seus habitantes, são necessários olhos nas ruas, ou seja, pessoas que observam o movimento da cidade. Para que isso ocorra são necessários estímulos para que os indivíduos permaneçam nos espaços públicos, caminhem, sentem e observem, não podendo estes serem apenas locais de passagem. A segurança e o conforto dos espaços garantem com que mais pessoas passem seu tempo neles acarretando em uma cidade consequentemente mais segura.

cidade que convida as pessoas a caminhar, por definição, deve ter uma estrutura razoavelmente coesa que permita curtas distâncias a pé, espaços públicos atrativos e uma variedade de funções urbanas. Esses elementos aumentam a atividade e o sentimento de segurança dentro e envolta dos espaços urbanos. Há mais olhos nas ruas e um incentivo maior para acompanhar os acontecimentos da cidade a partir das habitações e edifícios do entorno. (GEHL, 2013 p6).


O Parque Cheonggyecheon localizado em Seul elucida muito bem os fatores deste tópico, pois apresenta todos os citados, indo desde a presença da vegetação até a materialidade, garantindo aos seus usuários as qualidades acústicas, visuais, qualidade do ar, um bom clima, dentre outros, proporcionando uma boa integração com o restante da cidade, restaurando um importante e antigo canal urbano ao seu papel natural. Figura 8 - Imagens do Parque Cheonggyecheon em Seul.

- Mobilidade | Acessibilidade Os espaços públicos devem ser acessíveis, física e socialmente, estando preparados para permitir o usufruto por parte de todos os cidadãos, idosos, crianças, deficientes visuais, cadeirantes, etc. possibilitando condições de uso iguais ou semelhantes às dos demais usufruidores. Por se tratar de termos quase sempre confundidos analisamos seus conceitos individualmente, onde se têm que a mobilidade está relacionada ao deslocamento das pessoas no espaço urbano, devendo este ser facilitado, através de ruas limpas, seguras, arborizadas, pouco ruidosas, com calçadas amplas, dotadas de mobiliário urbano, iluminação, sinalização e acessibilidade adequada. Já a acessibilidade preza pela capacidade da deslocação no meio de forma autônoma, presando a inexistência de barreiras e a disseminação de serviços e informações de maneira ampla, para que possa ser acessada por todos, sem exceções. Nestes conceitos um fator importante que deve ser considerado como condicionante para a mobilidade é a sustentabilidade urbana e ambiental, partindo de princípios sustentáveis e de sua relação com o sistema de transportes e uso do solo, visando proporcionar o acesso aos bens e serviços de uma forma eficiente para todos os habitantes mantendo ou melhorando a qualidade de vida da população. Esta nova abordagem tem como centro das atenções o deslocamento das pessoas e não dos veículos, considerando, especialmente, aquelas que possuem restrição de mobilidade. Segundo Vanessa Goulart (2015), foi pensando nas diferenças físicas e sensoriais de cada indivíduo e das mudanças que ocorrem em nosso corpo, da primeira até a terceira idade, que surgiu o conceito de Desenho Universal, que busca projetar espaços e equipamentos contemplando as mais diferentes pessoas e fases de sua vida.

Disponível: http://www.au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo Acessado: 25/04/2017.

Ainda nas linhas de pensamento da autora o Desenho Universal viabiliza a independência na realização de atividades pelo maior números de indivíduos possíveis, considerando a totalidade de suas habilidades e limitações, a partir de projetos criativos, que devem passar despercebidos sem segregar.

Este é o grande desafio, considerar tais conceitos nos projetos e construções de maneira que não sejam percebidos como soluções apartadas, e sim, totalmente integradas e transversais as demandas e requisitos desde sua concepção original. Aliar a estética à funcionalidade é uma questão que sempre permeou o universo

arquitetônico.

(GOULART,2005).

O Conceito Europeu de Acessibilidade (2005) definiu que um meio físico acessível deverá ser:

• Respeitador (incluindo todos os tipos de cidadãos, ninguém deverá se sentir marginalizado); • Seguro (Deverá ser isento de perigo para todos os cidadãos); • Saudável (Deverá estar isento de riscos para a saúde de todos os cidadãos); • Funcional (Deverá ser desenhado e projetado de forma a cumprir o objetivo para o qual foi elaborado sem problemas ou dificuldades); • Compreensível (a percepção e compreensão do espaço é de extrema importância para que os cidadãos se orientem sem qualquer dificuldade, sendo necessária uma informação clara – sinalética – e a disposição dos espaços funcional e coerente.

Além destes conceitos definidos pelo Concelho Europeu o Guia de acessibilidade urbana disponibilizado pelo Crea – MG em 2006 exemplifica de maneira fácil vários itens que devem ser respeitados, seguindo as normas da ABNT, para a obtenção de espaços adequados a todos, sem restrições. O guia trata de sinalizações, adequação dos símbolos, pisos táteis, espaços necessários para mobilidade em cadeira de rodas, condições gerais de circulação e acessos, materiais adequados para cada tipo de área, adequação de inclinações, rebaixamentos das calçadas, faixas elevadas dentre outros. A Associação Brasileira da Norma Técnica divulgou no dia 11de setembro de 2015 a nova Norma Brasileira NBR 9050, referente à acessibilidade em edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, sendo validada a partir do dia 11 de outubro de 2015, estabelecendo novos critérios e parâmetros técnicos a serem observados no projeto, construção, instalação e adaptação do meio urbano em relação à acessibilidade universal. O documento aborda além das medidas mais comuns até as orientações ergonômicas em mobiliários e equipamentos urbanos, estando este disponível pela Secretaria Nacional de Promoção dos Diretos da Pessoa com Deficiência. O Parque Villa – Lobos, em São Paulo serve muito bem para exemplificar os indicadores acima, pois este foi um dos primeiros a ser adequado à acessibilidade de pessoas com necessidades especiais. Segundo a Arquiteta Ana Lúcia (2009) O parque Villa – Lobos é totalmente adequado à acessibilidade de pessoas com deficiência por apresentar grande área plana e caminhos praticamente nivelados e principalmente devido às adequações implantadas pela Secretaria de Meio Ambiente responsável pela administração do parque desde 2004.


A grande área plana do parque e os caminhos praticamente nivelados tornam mais fácil o deslocamento dos usuários. Para os deficientes visuais há a disponibilização de sinalização tátil, implantada sob a orientação da Fundação Dorina Nowill – entidade que desenvolve trabalhos para atender esse segmento da população. Alguns dos brinquedos de madeira nos parquinhos também foram elaborados para garantir a acessibilidade, como a gangorra adaptada.

Figura 9 e 10 - Brinquedos e caminhos acessíveis para todos e Gangorra adaptada para pessoas com deficiência. Disponível: http://www.mader.com.br/mercado-sc/ e https://turismoadaptado.wordpress.com Acessado: 26/04/2017.

- Inclusão | Coesão Social Os espaços públicos são espaços de encontro entre as pessoas e por sua vez deverão potencializar as relações humanas sendo este o mais abrangente possível reforçando a utilização por todos os indivíduos sem exceção, proporcionando assim a inclusão e coesão social.

Figura 11 - Jardins de Luxemburgo, Paris – França. Disponível:http://www.ecologiaverde.com/tour-mundial-los-10-parques-urbanos-mas-bellos/ Acessado: 25/04/2017.

- Legibilidade A legibilidade refere-se segundo Fernandes (pag .11), à “facilidade com que as partes podem ser reconhecidas e organizadas numa estrutura coerente” (apaud LYNCH, 2009, p.10). Um espaço legível é um espaço onde os elementos são claros e concretos, contribuindo para que sua imagem seja facilmente identificável e reconhecível.

Uma estrutura física e integral, capaz de produzir uma imagem clara, desempenha também um papel social. Pode fornecer a matéria prima para os símbolos e memórias coletivas da comunicação entre grupos. Uma paisagem impressionante foi à base sobre a qual muitas raças primitivas erigiram os seus mitos Figura 12 - Parque Madrid Rio. Disponível:http://www.hypeness.com.br /2016/11/madri-decide-destruir-marginal-para-dar-lugar-a-um-parque-linear-de-10-km/ Acessado: 26/04/2017.

socialmente importantes. (LYNCH, 2009, p. 12).


O Parque Madrid surgiu com a iniciativa da prefeitura de Madri que constatou a necessidade do aproveitamento da área com o foco voltado a circulação de pessoas. Este foi criado sobre vários quilômetros de asfalto por onde passavam milhares de carros por dia. Foi inaugurado em 2011 contando com uma área de 1.500.000 m², 30 km de ciclovias, várias quadras de esporte, espaços culturais, além de interligar vários bairros da cidade, mudando a dinâmica do local. O Parque apresenta uma legibilidade muito forte, com espaços e elementos claros e concretos, apropriando-se dos cinco elementos apresentados por Lynch, podendo destacar suas vias, limites e pontos marcantes obtendo uma imagem facilmente identificável.

- Resistência | Durabilidade A resistência e durabilidade dos materiais aplicados nos espaços e equipamentos apresentam um alto nível de relevância, pois está vinculada a longevidade destes locais. É necessário considerar quem serão os usuários, as funções às quais os espaços são destinados e a intensidade de sua utilização. Durante a elaboração de um projeto deve-se levar em conta a qualidade dos equipamentos e materiais além dos fatores humanos e bióticos – da vida.

Infelizmente ainda se faz necessária a fiscalização e a fixação de regras de utilização para que a duração dos locais equipamentos e mobiliários seja a maior possível, porém muitas das vezes a falta de conservação destas áreas se dá por falta de uma política contínua de recuperação.

- Diversidade | Adaptabilidade O espaço público deverá ser um espaço multifuncional, dando lugar a diversas e variadas atividades, atraindo os cidadãos e induzindo a cada utente percepções e significados diferentes. Além de multifuncional o espaço público deve ser adaptável, ou seja, estar preparado para responder as mudanças que a evolução poderá trazer. Com a mudança da sociedade há também a modificação de seus padrões de vida cultural e sócio econômico e os espaços devem ter a possibilidade de alterações, adaptando-se a novos usos e novas finalidades se assim julgar-se necessário.

Figura 13, 164 e 15 - Calçamento deteriorado e mobiliários danificados. Disponível: https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/so-pracas-adotadas-por-moradores-nao-estao-abandonadas-e-tem-lazer, http:// g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2014/04/pracas-situadas-em-bairros-da-capital-estao-deterioradas-e-sem-conservacao.html e http://imirante. com/oestadoma/noticias/2016/06/09/pracas-tradicionais-do-centro-estao-abandonadas.shtml Acessado: 26/04/2017.

O Bosque da Esperança é um centro esportivo que foi projetado nas favelas de Soach, próximo à cidade de Bogotá. Ele proporciona um espaço para a prática de diversos esportes e atividades recreativas deixando claro seu potencial como espaço mutável. Além do Bosque a grande maioria dos espaços públicos apresentam áreas que estão suscetíveis e comportam um leque de atividades variadas, abrigando desde aulas de yoga ao ar livre até aulas de desenho ou exibição de filmes.

Figura 16 e 17 - Bosque da Esperança - Colômbia. Disponível: https://cataclismaterial.wordpress.com/tag/design-social/ e http://www.stuk.be/en/program/power-architecture-socialintegration-mechanism-0 Acessado: 26/04/2017.


- Sustentabilidade Este é um conceito que tem sido alvo de muitas atenções e muito cobrado nos dias de hoje. Apresenta diversas definições com uma certa complexidade envolvida sendo a mais unanime a elucidação de Benson e Roe, que refere que a sustentabilidade só é conseguida se as três dimensões – social, ambiental e econômica estiverem reunidas (figura 18).

Por dimensão social entende-se a equilibrada distribuição dos recursos entre as gerações atuais e as futuras. A dimensão ambiental pressupõe uma visão ecológica de forma a conservar e proteger o meio ambiente de que dependemos garantindo a perpetuação da vida humana. Por fim, a dimensão econômica visa o desenvolvimento econômico com a crescente preocupação da qualidade de vida pessoal sem prejudicar as condições de vida de terceiros ou das gerações futuras. (FERNANDES apud FONSECA, PIMENTEL E VASCONCELOS, 2005).

Contudo, a sustentabilidade não pode ser avaliada com base em soluções únicas, pois cada caso é único e deve ser avaliada com base em soluções também únicas sendo necessário entender bem os objetivos e o contexto

SOCIAL

SUSTENTABILIDADE

AMBIENTAL

ECONÔMICA

Figura 18 – As dimensões da Sustentabilidade (adaptado de Fernandes apud BENSON e ROE, 2007). Disponível: Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Arquitetura Paisagística de Inês Neto Coutinho Fernandes, 2012 , p.12. Acesso: 26/04/2017.

As propostas e soluções para os espaços públicos devem sempre conduzir à sustentabilidade da intervenção, tendo em consideração:

1. A utilização razoável e integrada dos recursos naturais; 2. A possibilidade de utilização de fontes energéticas alternativas, como solar e eólica; 3. Utilização de materiais locais e “amigos do ambiente”; 4. A escolha dos equipamentos e materiais adequados ás necessidades do espaço; 5. As acessibilidades; 6. A otimização da utilização em termos de conforto e segurança; A Praça Victor Civita se encaixa muito bem neste quesito, pois foi implantada em uma área pública de 15mil m² arborizada, porém contaminada. No passado havia uma ocupação e recentemente funcionava uma associação de catadores de lixo e o incinerador Pinheiros, conhecido como Sumidouro.

Para tal, foi preciso um inteligente processo arquitetônico, com novas construções ostentando estruturas secas de drywall, e placas cimentícias, indício de uma obra limpa, rápida, com pequena sobra e uma série de outras soluções sustentáveis como o aquecimento solar, o reuso e tratamento de água e a manutenção da permeabilidade do solo. O antigo prédio do incinerador sofreu uma reforma completa, onde foi implantado o Museu Aberto da Sustentabilidade. Na época, a confirmação de resíduos tóxicos no solo foi solucionado com jardim suspenso e decks suspensos, de modo que os visitantes não tivessem contato direto com o solo. Os resultados permitem um visível registro histórico do que é o passado e o presente, sendo possível chegar e usufruir do lugar, perceber e experimentar a sensação de estar em uma condição melhor do que a vivência anteriormente, quando o local encontrava-se abandonado.

Figura 19 e 20 - Praça Vitor Civita - São Paulo. e Decks elevados. Disponível: http://saopaulosaudavel.com.br/praca-victor-civita/ e http://sustentarqui.com.br/urbanismo-paisagismo/praca-victor-civitaintervencao-de-espaco-publico-em-sao-paulo/ Acessado: 24/07/2017


Além dos tópicos expostos acima, segundo Pichler um bom espaço público deve apresentar:

- Proteção contra o tráfego

Levando em consideração se os

pedestres estão seguros contra o tráfego de automóveis, podendo caminhar sem temer serem atropelados. As faixas de pedestres, calçadas amplas e sinalizações devem ser levadas em consideração.

Figura 21 - Faixa de pedestres. Disponível: http://ciclovivo.com.br/noticia/faixa-de-pedestre-diagonal-e-implantada-em-sp/ Acessado: 27/04/2017.

- Proteção contra experiências sensoriais desagradáveis Muito importante para que as pessoas permaneçam nos espaços. Há a preferência por locais onde não haja uma experiência sensorial ruim, evitando –se sol e vento intensos, além dos ruídos. Para ameniza- las podem ser utilizadas massas arbóreas que servem como filtro para os barulhos e para o sol.

Se as condições externas, como uma tempestade tornam impossível o caminhar e a recreação, quase nada acontece. Se as condições são toleráveis, cresce o rol das atividades

Figura 22 e 23 – De Ceuvel em Amsterdã e pessoas na beira no rio Senna - Paris. Disponível: http://cidadesparapessoas.com/ideias-e-projetos-urbanos-que-priorizaram-as-pessoas/ e http://www. smartcityembassy.nl/initiative/de-ceuvel-sustainable-urban-development-tour/ Acessado: 27/04/2017.

necessárias. Se as condições para a permanência ao ar livre forem boas, as pessoas se entregam a muitas atividades necessárias e também a um número crescente de opcionais. Os pedestres ficam tentados a parar para apreciar o tempo, os lugares e a vida na cidade, ou as pessoas saem de seus edifícios para ficarem no espaço urbano. (GEHL,2013, p.20).

-Espaço para caminhar Espaços de circulação são essenciais na composição de um bom espaço público, sendo acessível e agradável, proporcionando um caminhar aprazível, com fachadas de prédios interessantes, superfícies regulares e sem obstáculos. O ato de caminhar deve ser prazeroso e não estressante. Figura 24 e 25 – Caminhada e Soft Rocker - Mobiliário Urbano. Disponível: https://www.bancodasaude.com e https://architizer.com/blog/solar-powered-rocking-chairs-that-charge-yourphone/

- Espaços para sentar | permanecer | observar A cidade deve proporcionar espaços públicos de permanência, onde as pessoas possam ficar e observar. As pessoas precisam de locais onde possam se sentar e descansar e é por isso que os estas áreas precisam ter mobiliários urbanos confortáveis e em locais protegidos, próximos a paisagens interessantes e pessoas circulando.

Acessado: 27/04/2017.


- Oportunidade de conversar Os espaços destinados ao público precisam de locais com baixo nível de ruídos para que as pessoas possam conversar. O mobiliário urbano pode incentivar, com sua forma, a troca entre as pessoas, possibilitando que mais indivíduos estejam próximos para iniciar uma conversa.

- Locais para se exercitar Os esportes são muito importantes para a vida das pessoas e pode ser mais um incentivo para traze-las a rua. Devido a isso, equipamentos para se exercitar devem ser colocados nos espaços, conciliando atividades recreativas de rua e entretenimento.

- Escala Humana Os prédios e espaços em geral devem ser projetados levando em consideração a escala humana. A cidade precisa ser projetada pelos olhos das pessoas, se tornando um local mais agradável para estar e observar.

Figura 26 e 27 - Banco de rede e pessoas se exercitando. Disponível: Disponível:http://www.archdaily.com.br/br/794563/reurbanizacao-da-orla-do-lago-paprocany-rs-plus e http://www.miyoshi.co.jp/blog/wp-content/uploads/2016/09/iStock_69562897_LARGE.jpg Acessado: 27/04/2017.

A falta de entendimento e respeito pela escala humana afeta a maioria das novas cidades e áreas construídas. Edifícios e espaços urbanos ficam cada vez maiores, mas as pessoas, que deveriam usa- los, permanecem iguais – pequenas. (La Defense, Paris, Euralille, Lille, França; e Brasilia, Brasil).

Segundo Gehl, o corpo humano, seus sentidos e mobilidade são a chave do bom planejamento urbano para todos estando todas as respostas encapsuladas em nosso corpo, sendo o grande desafio a construção de cidades esplendidas ao nível dos olhos. Figura 28 e 29 - Importância da escala humana nos espaços da cidade e pessoas na chuva.

- Possibilidade de aproveitar o clima | Boa experiência sensorial Locais com a possibilidade de se aproveitar os diversos climas do ano de forma agradável, aliados a uma boa experiência sensorial e interação com a natureza. Se esses locais não existem os esvaziamentos acabam ocorrendo por falta de proteção às intempéries e experiências desagradáveis. A boa experiência sensorial pode ser obtida através de cursos d’água aliados a mobiliários feitos com materiais de qualidade, dentre outros fatores.

Dísponível: https://www.archdaily.com.br/br/876422/a-sindrome-de-brasilia-jan-gehl-tem-razao-sergio-ulisses-jatoba e http://nevsepic.com.ua/fotografii-i-fotoraboty/17612-fotograf-danny-santos-47-foto.html Acessado: 27/04/2017.



PARQUES URBANOS


Os parques urbanos são espaços livres nas áreas urbanas de um município, de uso público destinado ao lazer da população, contendo uma estrutura morfológica autossuficiente, onde sua configuração interna não é influenciada diretamente por nenhuma estrutura construída em seu entorno. Segundo Rosa Kliass o Parque Urbano é um produto da cidade da era industrial que nasceu a partir do século XIX, com o início da necessidade de dotar as cidades de espaços adequados para atender a uma nova demanda social: o lazer, o tempo do ócio e para contrapor-se ao ambiente urbano.

Macedo diz que um parque urbano é um espaço livre público estruturado por vegetação e dedicado ao lazer da massa urbana, que atende a uma grande diversidade de solicitações de lazer, tanto esportivas quanto culturais, não possuindo, muitas vezes, a antiga destinação voltada basicamente para o lazer contemplativo. Estes espaços proporcionam a aproximação do ser humano com a natureza além de disponibilizar equipamentos públicos garantindo atividades de lazer, recreação e convívio social aos seus visitantes assegurando a estes benefícios físicos, psicológicos e sociais. Os parques urbanos são de grande vantagem, pois propõe a opção de visitar áreas naturais, com paisagens verdes, sem a necessidade de percorrer grandes distâncias propiciando maior qualidade de vida e tornando a cidade mais humanizada.

De acordo com Ferreira (pag.1) o

tema parques urbanos passou a ganhar maior relevância e visibilidade no cenário das ciências ligada ao urbanismo e meio ambiente a partir da necessidade de se pensar na integração das questões urbanas e ambientais que antes eram tratadas isoladamente. Para uma cidade que busca um alto nível de qualidade de vida aos seus habitantes, os parques são de fundamental importância já que nos

Figura 30 - Parque Red Ribbon, localizado em Qinhuangdao, China que integra as funções de iluminação, assentos, interpretação ambiental, orientação e encontros sociais entrando em sintonia com as necessidades dos moradores da região.

dias atuais as pessoas enxergam cada vez mais a necessidade do contato com a natureza e atividades de lazer como válvula de escape à conturbada vida moderna.

Acessado: 20/03/2017.

Disponível: http://www.archdaily.com.br/br/01-156629/parque-red-ribbon-slash-turenscape

Mesmo contendo inúmeras definições a seu respeito, os conceitos de um parque são muitas vezes confundidos com os que definem características de uma praça e segundo Stephane Capistrano Alexandre (pag.15) a bibliografia do paisagismo moderno brasileiro utiliza o uso dos termos “praças e parques” sugerindo questões conceituais e também de significado e função.

A designação parque elimina a significação de praça e vice - versa, como

apresentado na imagem a seguir retirada do trabalho de conclusão de curso de Stephane, para melhor entendimento das caracterizações atribuídas a um parque.




REQUALIFICAÇÃO URBANA ATRAVÉS DE ESPAÇOS PÚBLICOS E SUA IMPORTÂNCIA PARA A RENOVAÇÃO DAS CIDADES


As áreas urbanas encontramse cada vez mais fragilizadas devido aos excessivos adensamentos que em sua maioria resultam de uma política de uso e ocupação do solo falha, que busca favorecer a especulação imobiliária deixando de lado as reais necessidades de seus moradores,

Através da análise do gráfico abaixo (figura 32) é possível constatar que as atividades opcionais, no mais das vezes recreativas, e as atividades sociais têm um enorme aumento quando desenvolvidas em ambientes de alta qualidade, se comparadas ao ambiente de baixa qualidade onde as atividades sociais e opcionais são baixíssimas, tendo como igualitárias nestes dois tipos de ambientes apenas as atividades necessárias.

tendo a dimensão humana como um tópico esquecido enquanto outras questões como o tráfego de automóveis ganham mais força dentro do tema planejamento urbano. De acordo com Gehl (1936) é uma característica muito comum de todas as cidades, independente de sua localização, grau de economia ou de desenvolvimento, possuir pessoas que utilizam os espaços da cidade, e estas serem cada vez mais maltratadas devido a áreas limitadas, ruídos, obstáculos, poluição e riscos de acidentes, tendo estas condições como comuns para os habitantes. Tendo em vista estes problemas é valido ressaltar que a tradicional função do espaço público foi reduzida, ameaçada ou progressivamente descartada e há a grande importância deles para a cidade, estes além de promover socialização entre moradores e visitantes também contribuem para a liberdade de expressão dos indivíduos e de grupos. Segundo Gehl (2010) as pessoas reúnem-se aonde as coisas acontecem e espontaneamente buscam pessoas, ao longo da história o espaço da cidade funcionou como ponto de encontro em vários níveis.

Figura 31 - Gráfico qualidade dos espaços x atividades Disponível: Livro “Cidade para Pessoas” Jan Gehl Acessado: 03/04/2017.

De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano deve-se buscar uma melhoria destes espaços a fim de promover a vida urbana e a segurança a partir de suportes que estimulem a permanência, criando pontos de encontros, locais para descanso e lazer permitindo um intercâmbio entre os usuários locais, os recémchegados, os estudantes, residentes, trabalhadores, comerciantes, entre outros.

Assumindo a realidade em que muitos centros urbanos se encontram a requalificação torna-se uma forte condicionante para a melhoria destes, através de locais que possuam uma ligação e influência direta com seu entorno buscando uma relação do espaço com o usuário transformando suas estruturas e visando à diversificação das atividades, melhorando a percepção de segurança e qualidade dos espaços, reforçando o sentido de identificação e pertencimento da

população

com

o

município.

Figura 32, 33 e 34 - The Yellow Picnic Wave e Intervensão no Largo São Francisco. Disponível: https://laud8.wordpress.com/2011/10/13/picnurbia-the-yellow-picnic-wave/ e Disponível:http://alotatuape.com.br/centrode-sao-paulo-esta-ficando-mais-bonito/ Acessado: 20/03/2017.


Figura 35- Atividades cotidianas - Ações culturais. Disponível: http://flaviopintonews.blogspot.com.br/2016/05/ arte-na-praca-chega-antonina-do-norte-e.html Acessado: 30/04/2017

Podemos citar como exemplo os pontos de leitura, onde cada indivíduo interessado pode ler ali mesmo, ou levar o livro para casa, sem cadastro ou data de devolução. A ideia do espaço dedicado à leitura veio da cidade de Bruchsal, na Alemanha. O Projeto Libery Lawn (figura 36) foi criado através da união de quatro bibliotecas públicas (Biblioteca do Queens, Biblioteca Pública do Brooklin, Biblioteca Pública de Nova York e o Projeto Uni), e se trata de uma sala de leitura instalada em espaços públicos, estando mais conectada com a natureza, além de estimular a pratica da leitura a seus visitantes. Como resultado a proposta vem vencendo a cada dia os desafios que se apresentam em iniciativas como esta, dentre eles mostrar que é possível uma intervenção de qualidade em espaço público, para uso de todos.

Figura 36 e 37 - Library Lawn - Governors Island, Nova York, EUA. e Atividades cotidianas - Ações de Lazer Disponível: http://ideas.demco.com/blog/good-things-arepopping-up-brooklyn-public-librarys-mobile-outreach-services/ e http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/ Acessado: 30/04/2017


Como exemplo de uma requalificação bem sucedida pode se citar o Parc de La Villette, localizado em Paris e projetado por Bernard Tschumi em 1982. Este é um ícone do desconstrutivismo arquitetônico e uma referência mundial em parque urbano, possuindo 25 hectares em área e abrigando, dentre outros equipamentos, o Museu de Tecnologia e Ciência e o Museu Cidade da Música. Há princípio o terreno acomodava um matadouro em Paris, e com sua transferência elaborou-se um concurso para eleger o melhor projeto arquitetônico, que possuía como ideia principal a criação de um parque que representasse o século XXI, para ser implantado no local que encontrava-se abandonado e inutilizado.

O conceito da obra mistura o natural

e artificial tendo por base a Teoria do Desconstrutivismo do filósofo Jacques Derrida que surgiu com a “Origem da Geometria” que tem como fundamento a desmontagem e decomposição dos elementos. Segundo o arquiteto a desmontagem dos elementos visa o conhecimento afirmando que “a arquitetura não é o conhecimento da forma, mas sim uma forma de conhecimento”.

O conceito da obra mistura o natural e artificial tendo por base a Teoria do Desconstrutivismo do filósofo Jacques Derrida que surgiu com a “Origem da Geometria” que tem como fundamento a desmontagem e decomposição dos elementos. Segundo o arquiteto a desmontagem dos elementos visa o conhecimento afirmando que “a arquitetura não é o conhecimento da forma, mas sim uma forma de conhecimento”.

Figura 38 e 39 – Parc de la Villette Disponível: http://europeantrips.org/parc-de-la-villette.html e https://www.flickr.com/photos/paspog/12838589694/in/photostream/ Acessado: 27/04/2017.


O Parc de la Villette foi projetado com três princípios de organização configurando três camadas de intervenção: pontos, linhas e superfícies representando respectivamente estruturas iconicas pintadas em vermelho sem um programa pré definido, os caminhos e os espaços verdes. O parque foi imaginado como um espaço para atividade e interação que evocasse a sensação de liberdade a partir de sua organização sobreposta que origina os pontos referênciais aos visitantes.

LINHAS

PONTOS

SUPERFÍCIE

Figura 40 - Princípios de organização que configuram três camadas de intervenção: pontos, linhas e superfícies. Disponível: http://www.archdaily.com.br/br/01-160419/classicos-da-arquitetura-parc-de-la-villette-slash-bernardtschumi Acessado: 27/04/2017.


O projeto foi concebido como um espaço definido pelo usuário, aberto a interpretação além de oferecer atividades que incluem oficinas, ginásio e instalações de banho, parques infantis, exposições, concertos, experiências científicas jogos e competições. Durante a noite os campos se tornam uma sala de cinema ao ar livre para 3.000 espectadores. Através da requalificação destes locais é possível notar a renovação das cidades, pois segundo Dalvi os espaços públicos desta são por natureza os ambientes onde os habitantes demostram suas relações interpessoais, criando uma ideia de conjunto, aonde entende-se que tais áreas são direito de todos e para todos e que podem possuir a função de unir o traçado da cidade e os próprios usuários. De acordo com Dalvi (pag.25), conforme citado por Jane Jacobs (1960) os lugares públicos, se bem observados e utilizados proporcionam segurança para os usuários, além disso, as calçadas e outros espaços de cunho público são responsáveis por reunirem pessoas que não se conhecem social ou intimamente e que por muitas vezes não teriam interesse em se conhecer de tal maneira. Se os contatos de uma cidade se limitassem apenas a vida privada, não existiria serventia para ela, portanto, os contatos feitos em ruas e parques são fundamentais, pois revelam uma compreensão da identidade pública das pessoas. Uma rede de respeito e confiança mútuos.

Segundo Zabotti, em seu artigo

publicado em 2016, as cidades antigas possuíam uma relação entre espaços públicos e privados muito melhor do que temos hoje. Como os deslocamentos davam-se a pé, as distâncias eram curtas, as vias menores, tornando os encontros frequentes. Os espaços eram muito mais ricos, pois era neles que se davam as

Figura 41 - Cinéma en Plein Air Parc Villette Disponível: http://europeantrips.org/parc-de-la-villette.html Acessado: 27/03/2017.

Os cidadãos são a peça chave para o bom funcionamento de uma cidade, para a perpetuação de sua história e preservação de seu patrimônio, e as ruas são onde acontece essa conversa entre a cidade e seus usuários. É no espaço público que sentimos que fazemos parte daquela cidade e ela faz parte de nós. (ZABOTTI, 2016).

Conforme Zabotti explica a sociedade contemporânea ainda herda a rotina de prazos, horários e intensa carga de trabalho da era industrial e essa herança nos traz uma rotina automatizada onde sequer prestamos atenção no caminho de volta para a casa. Nossos pés nos levam, pois já sabem o rumo certo, tornando uma caminhada que deveria ser prazerosa, rica em observações, descobertas e relações com o próximo em um caminho vazio, por falta de espaços adequados. Para Dalvi (pag 26) “o espaço urbano não é somente um espaço fisicamente aberto, mas, sobretudo, um espaço que deve estar interligado ao tecido urbano e possuir um significado social. Sua importância pode estar em seu valor histórico, bem como em sua participação na vida e desenvolvimento da cidade. É, portanto, um ambiente de convívio social da cidade que relaciona suas ruas, arquitetura e pessoas. O espaço público possui inúmeras formas e tamanhos, podendo ser desde uma calçada até a paisagem vista das janelas, além disso, abrange locais designados ao uso cotidiano, aos quais os mais conhecidos são as ruas, as praças e os parques. O espaço público significa que os locais que formam tal espaço devem ser abertos e acessíveis, sem exceção, a todas as pessoas”. (apaud ALEX, 2008).

relações fundamentais, como compra de alimentos nas feiras e mercados ao ar livre. A modernização das cidades afastou as pessoas, com vias cada vez mais largas e edificações cercadas por muros e voltadas para si mesmas, sem relação com a rua. Segundo a autora Jane Jacobs já previa o aumento drástico no tráfego de automóveis e a ideologia urbanística do modernismo, que setoriza as funções da cidade e da autonomia a edifícios individuais, acabaria com o espaço urbano e a vitalidade das cidades.

Figura 42 - Pessoas na cidade. Disponível: http://www.1stpersonaldevelopment.com/overcoming-fear-rejected-society/ Acessado: 27/04/2017.


REFERÊNCIAS PROJETUAIS HIGH LINE - NOVA YORK


O High Line Park teve sua origem na transformação de uma linha férrea suspensa desativada e outrora reservada ao transporte de cargas destinado a servir o distrito industrial de Chelsea em Manhattan, Nova York.

Figura 43 - Vista da linha férrea cortando o lado oeste de Manhattan, na altura da Rua 17; à esquerda, a 10ª Avenida (por volta de 1934) Disponível: Disponível: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/viajologia/noticia/2013/09/ bhigh-line-de-nova-yorkb-o-jardim-suspenso-da-babilonia-moderna.html Acessado: 30/04/2017.

O parque oferece espaços para a pratica de atividades como caminhadas, piqueniques, comer em um dos food trucks e cafés ao ar livre, participar de atividades culturais ou exibições de filmes também ao ar livre e principalmente relaxar. Partes de suas estrutura tipicamente industriais e de seus trechos cobertos pelos trilhos foram preservados ambicinando a apreciação de seus detalhes.

Figura 44 - High Line Park . Disponível em: http://meredithgunderson.com/high-line-symposium/ Acessado: 11/05/2017.

Figura 45 - Trecho W 30th Street até 34th Street. Imagem elaborada por Maria Eduarda Bettucci, com informações coletadas no site http://www.thehighline.org. Acessado: 11/05/2017.


Como demostrado na imagem que ilustra o The Chelsea Ticket, abaixo, ocorreu como forma de medida de conservação, além das ações tomadas acima, a manutenção dos trilhos da linha férrea, que foram removidos para permitir ajustes e reparos na estrutura e posteriormente reinstalados em suas posições de origem, reproduzindo o estado em que se encontravam antes da reforma, sendo estes revelados aos transeuntes nos canteiros, misturados a vegetação que cresce entre eles.

Figura 46 - Trecho Gansevoort Street até W 17th Street. Imagem elaborada por Maria Eduarda Bettucci com informações coletadas no site http://www.thehighline.org. Acessado: 11/05/2017


O parque busca promover a diversidade de grupos sociais por meio de variados eventos como exposições, workshops, palestras, visitas guiadas, dentre outras, destinadas a atrair públicos variados e que são gratuitos ou de baixo custo, em sua maioria. Estes eventos ocorrem durante todo o ano e têm programação divulgada por meio do website oficial destacando-se dente eles os programas que tratam de temas como arte, design, jardinagem e história criando ambientes que proporcionam o encontro entre as pessoas sendo estes os mais importantes, projetados de forma atenciosa e sensível.

Figura 47 - Trecho Gansevoort Street até W 17th Street. Imagem elaborada por Maria Eduarda Bettucci com informações coletadas no site http://www.thehighline.org. Acessado: 11/05/2017


Foi adotada para o projeto a paisagem espontânea, ou auto – semeada, com espécies cuidadosamente estudadas de forma a reproduzir essa aparência selvagem e nativa da vegetação,a lém de exigir pouca manutenção. Muitas das espécies que creciam na estrutura abandonada foram incorporadas às áreas verdes do parque, tendo em vista que estas, por serem nativas se adaptam de forma melhor estando já ambientadas com o clima do local. O projeto paisagístico foi pensado com o intuíto de garantir grande diversidade de espécies e variação de alturas e cores, visando modificações decorrentes da sazonalidade, almejando a conservação dos microclimas originalmente encontrados ali. Para reforçar o carater espontâneo da distribuição das áreas plantadas foi instalado um sistema de placas de concreto pré moldado em quatro formas diferentes que permitem variadas configurações de superície de pisos que se fundem gradualmente com as áreas verdes. As juntas abertas dos pisos permiktem o surgimento da grama entre as placas, mesclando a pavimentação com a vegetação.

Figura 48 - Esquema para demostração da vegetação e sua variação de acordo com as estações. Disponível:http://codythesis1213.blogspot.com.br Acessado: 11/05/2017.

Figura 49 e 50 - Demonstração do sistema de placas em concreto pré moldado. Disponível:http://www.blogdobraulio.com/ Acessado: 11/05/2017.

O mobiliário adequa-se a cada uma das diferentes partes e espaços do High Line através de bancos em diferentes formatos, que surgem das placas de concreto, arquibancadas e espreguiçadeiras dotadas de rodízios que deslizam sobre trilhos remetendo claramente aos trens que ali passavam, permitindo variadas configurações, sendo estes quase que exclusivamente em madeira.

Figura 51, 52,53 e 54 - Vegetação nas diferentes estações do ano e Mobiliário High Line. Disponível: http://jamesjardimsuspenso.blogspot.com.br/2013/10/o-outono-caisobre-high-line.html Acessado: 11/05/2017.



PRAÇA VICTOR CIVITA – SÃO PAULO


A praça localiza-se em uma área situada no bairro Pinheiros – Sp que funcionava como uma incineradora de lixo nos anos de 1949 até 1989, e após sua desativação passou a abrigar cooperativas de triagem de material reciclável. Projetada pelas arquitetas Adriana Blay e Anna Julia Dietzsh, surgiu então como principal objetivo a ocupação dessa área, degradada pelas atividades anteriores relacionadas ao tratamento de resíduos sólidos.

O projeto teve início em 2006 e foi elaborado a partir das premissas sustentáveis como o baixo consumo de energia, utilização de materiais reciclados, o reuso da água, aquecimento solar e manutenção da permeabilidade do solo. Com a ideia de praça elevada surgiu então o deck, funcionando como um casco de barco, flutuando e se desdobrando no plano vertical e horizontal, com formas curvilíneas e criando uma ambiência diversificada. O deck pousa sobre o terreno, sustentado por estrutura metálica, de modo a impedir o contato com o solo contaminado, se estendendo na diagonal do terreno, propondo um percurso que enfatiza a perspectiva natural do espaço e convida o usuário a percorrer os caminhos da Praça. Este está suspenso a aproximadamente 1,00 m do nível do piso existente e leva o usuário a um passeio pelo conhecimento de processos ligados à sustentabilidade, como a certificação da madeira, laboratório de plantas com espécies em pesquisa para produção de biocombustíveis, hidroponia, renovação de solos, fitoterapia e engenharia genética. Também conduz ao conhecimento de sistemas orgânicos para o reuso de águas pluviais e servidas, adotados no funcionamento da praça, além do racionamento energético alcançado com a utilização de placas solares.

Figura 55, 56 e 57 - Praça Victor Civita, Detalhe do Deck que recobre a área, com formas curvilíneas e Detalhamento da estrutura que sustenta o deck. Disponível: http://saopaulosaudavel.com.br/praca-victor-civita/, https://arcoweb.com.br/projetodesign/ e http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ projetos/09.106/2983 Acessado: 11/05/2017.


Junto a essas experiências, o usuário tem também acesso a outros programas, como à arena coberta, ao Museu da Reabilitação instalado no edifício do Incinerador, ao Centro da Terceira Idade, à Oficina de Educação Ambiental, ao Núcleo de Investigação de Águas e Solos subterrâneos e à Praça de Paralelepípedos. O projeto busca usar o espaço como catalisador de desenvolvimento comunitário, cultural e educacional, oferecendo acesso a programas como a Arena Coberta, os Museus da Reabilitação, o Centro da Terceira Idade, a Oficina de Educação Ambiental, o Núcleo de Investigação de Solos e Águas subterrâneas, a Praça de Paralelepípedos e o Museu Aberto da Sustentabilidade. Para isso conta com a parceria de instituições como Verdescola, CETESB, GTZ e MASP.

Figura 58, 59 e 60 - Museu de Reabilitação Ambiental, Perspectiva renderizada arena coberta para shows e Detalhes dos mobiliários. Disponível: https://www.adrianegalisteu.com.br/2015/09/a-praca-e-nossa-a-praca-victor-civita-e-um-programa-e-tanto/, Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/01-10294/praca-victor-civita-espaco-aberto-da-sustentabilidade-levisky-arquitetos/implantacaolegenda-2/ e https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/adriana-levisky-e-anna-julia-dietzsch-praca-victor-12-05-2009 Acessado: 11/05/2017.



LEVANTAMENTO DE DADOS

ÁREA DE INTERVENÇÃO

O LUGAR


Figura 61 e 62 - Identificação da área - vista aérea. Disponível:https://www.google.com.br/maps Acessado: 11/05/2017.

Este levantamento tem por objetivo analizar as características da área através da constatação do uso e ocupação do solo, do gabarito das construções existentes, da intensidade do fluxo de automóveis nas vias e dos cheios e vazios – que auxiliam na identificação da distribuição dos lotes, disponibilidade de área livre, identificação dos recuos e densidade.

Localizada na cidade de Sertãozinho – SP, a área escolhida situa-se no bairro Parque Residêncial Francisco Paschoal – um conjunto habitacional - mais especificamente no cruzamento das ruas Francisco Ferreira da Matta e Olímpio Pereira da Silva (que encontram-se nas laterais do terreno) com a Rua Hugo Campelo (que localiza-se na testada do terreno). O local possui uma área total de 7200,00 metros quadrados e aproximadamente 95,00 metros de testada, pertencente a Prefeitura do município, estando destinado como área de lazer, porém nunca houve projetos ou algum tipo de iniciativa.

Figura 63 - Identificação da área. Disponível:http://www.sertaozinho.sp.gov.br/conteudo/secretaria-deplanejamento-e-gestao-orcamentaria#.WRUXwPnyupo Acessado: 11/05/2017.

Rua Olímpio Pereira da Silva Rua Hugo Campello Rua Fco. Ferreira da Matta Área escolhida


O espaço encontra-se abandonado e para se dizer que não foram tomadas medidas a respeito a única intervensão no local em questão foi o plantio de algumas árvores e através de uma coversa com alguns dos moradores foi possível constatar que um pequeno número destas foi plantado por eles mesmos. A implantação da vegetação na área obviamente tem seu lado positivo, porém quando planejada e disposta de maneira correta, o que não é o caso aqui, pois a região que já era escura e desprovida de movimentação – fluxo médio de veículos durante o período da manhã e tarde diminuindo durante a noite não havendo uma deslocação constante de pedestres - ganhou mais um ponto negativo, principalmente durante o período noturno, uma vez que estas tornam o local um possível ponto de esconderijo através das regiões de penumbra.

Figura 64, 65 e 66 - Fotos da área. Disponível: Arquivo Pessoal, 2017.



USO E OCUPAÇÃO DO SOLO


Com base nos levantamentos elaborados da região escolhida foi possível constatar uma forte presença de habitações, por se tratar de um bairro deselvoldido para ser um conjunto habitacional, sendo notória a predominância de comércios e serviços durante a extenção da Avenida Egistro Sichieri. No interior do bairro, comércios e serviços se encontram espalhados, servindo a escala de vizinhança. Os espaços sem uso também são encontrados no interior do bairro , ficando mais intensa a sua aparição a partir do momento em que se aproxima da avenida.

Figura 67 - Mapa de uso e ocupação do solo. Desenvolvido por Maria Eduarda Bettucci, 2017.

Há na área a presença da Câmara Municipal de Sertãozinho e da Escola EMEF Prof. Nair Teixeira Ortolan, com 490 alunos (253 no período da manhã e 237 no período da tarde) em uma faixa etária de 06 a 14 anos, que terá uma influência direta com as atividades propostas para o projeto. As praças Domingo Prizon e João Mauro Miessa - com quadra de futebol e pista de skate - presentes no bairro não garantem a permanência de pessoas, apenas passagem, pois estas acabam sendo frequentadas por usuários de drogas e andarílios, gerando um certo medo e insegurança nos possíveis usufruidores destes locais. A Avenida Egistro Sichieri é um ponto gerador de fluxo, bem arborizada e iluminada, possui uma faixa destinada ao deslocamento de bicicletas – Ciclovia e outra ao deslocamento de pedestres, tendo passado recentemente por uma reforma onde estas mudanças foram efetuadas, além da colocação de sinalização adequada, pintura dos passeios em diferentes cores, sendo azul para os transeuntes e vermelho para as bicicletas e a implantação de duas academias ao ar livre. Nela são organizadas caminhadas coletivas, aulas de dança e exercícios, sendo movimentada em todos os horários, com uma maior intensidade nos períodos da manhã e noite.

Figura 68, 69 e 70 - Pista de Skate, Praça Domingos Prizon e Avenida Egistro Sichieri antes da reforma. Disponível: https://www.google.com.br/maps Acessado: 11/05/2017.


GABARITO


O entorno é composto por residências e predominantemente por edificações térreas, sendo possível encontrar algumas de dois pavimentos e apenas duas edificações possuindo três pavimentos.

Figura 71 - Mapa de Gabarito. Desenvolvido por Maria Eduarda Bettucci, 2017.

Figura 72, 73 e 74 - Perspectivas para demonstração do gabarito. Disponível: https://www.google.com.br/maps Acessado: 11/05/2017.


CHEIOS E VAZIOS


Através da analise constata – se que a área apresenta três tipos de ocupação, sendo elas intensa – onde se encontra implantado o projeto do conjunto habitacional, média e ao se aproximar da avenida torna-se baixa, os recuos são pequenos e às vezes inexistentes com uma notável exceção no terreno pertencente à Câmara Municipal que apresenta uma grande área de recuo.

Figura 75 - Mapa cheios e vazios Desenvolvido por Maria Eduarda Bettucci, 2017.

Figura 76 - Vista aérea dos cheios e vazios. Disponível: https://www.google.com.br/maps Acessado: 11/05/2017.


VIAS E ANÁLISE DE FLUXOS.


A partir do mapa ao lado verifica-se a alta intensidade do fluxo de automóveis em ruas como a Hugo Campello, devido a presença da escola Nair Teixeira Ortolan e por ser uma via que tem acesso da Av. Hideo Takada sentido ao interior dos bairros, podendo ser caracterizada fisicamente como uma via coletora.

Figura 77 - Mapa de vias e análise de fluxo. Desenvolvido por Maria Eduarda Bettucci, 2017.

A Rua Olímpio Pereira da Silva possui um fluxo intenso por ter acesso direto a Av. Egistro Sichieri, o mesmo vale para a Rua Francisco Ferreira da Matta e o trecho inferior da Rua Valter Segado que joga o fluxo da Hugo Campelo para a avenida, tendo em vista que está é sem saída, pois logo após existe uma horta que ocupa toda a quadra, deixando a rua enclausurada. Já as Ruas Mario Cunha Jr e Vitório Mazer possuem um fluxo intenso por destinarem o transito da Rua Hugo Campello até a Av Nossa Senhora Aparecida. Todas estas podem ser caracterizadas como vias coletoras, uma vez que destinam-se a coletar e distribuir o transito que tem a necessidade de entrar ou sair das vias rápidas, no caso as avenidas, possibilitando o mesmo dentro das regiões da cidade. Vale ressaltar que embora as ruas próximas ao terreno escolhido para a elaboração deste projeto sejam consideradas portadoras de um fluxo intenso de veículos, isto não ocorre a toda hora, sendo os principais horários os de entrada e saída de alunos da escola e início e término da jornada de serviço, o que torna os dois últimos quarteirões, sentido Av. Egistro Sichieri inseguros, pois ali não passam veículos e muito menos pessoas. Não é possível identificar uma movimentação intensa de pessoas a pé ou de bicicleta no local, podendo – se perceber a circulação de pedintes, entregadores de panfletos, cobradores e em sua maioria pessoas que estão saindo ou chegando as suas casas – amanhecer e entardecer - e raras as vezes que algumas crianças saem pra brincar nas ruas.


TOPOGRAFIA


Aapós visitas ao local pode-se verificar que ambas as ruas que passam pelas laterais do terreno possuem uma pequena inclinação, pois estão próximas ao Córrego Sul, localizado na Av. Egistro Sichieri, enquanto a Rua Hugo Campello apresenta-se praticamente plana.

Figura 78 - Mapa com curvas de nível. Disponível: Arquivo Pessoal. 2017.

Figura 79 - Rua Hugo Campello e Francisco Ferreira da Matta – Antes do plantio das árvores. Disponível: https://www.google.com.br/maps Acesso: 11/05/2017.


VEGETAÇÃO


A vegetação foi outro dado não encontrado, após uma conversa com o Secretário do departamento do Meio Ambiente, este informou a falta da documentação que conteria as espécies plantadas na área, sendo o único dado obtido à quantidade de espécies usadas, que variam de 50 a 80, espalhadas por todas as áreas verdes, de parques e praças da cidade. Devido a falta de dados foi feita uma visita ao local acompanhada por um engenheiro ambiental sendo possível assim fazer o reconhecimento das espécies presentes no lote, sendo estas: Pé de goiaba, Saboeiro, Pé de manga, Pé de jaca, Pé de tamarindo, Pitanga, Amora, Reseda, Chuva de ouro, Pata de vaca, Urucum, Cajamanga, Acerola, Jambolão, Laranjeira, Limoeiro, Uva japonesa, Ipê rosa, Ipê branco, Ipê roxo, Ipê amarelo do cerrado, Sombreiro, Pé de abacate, Jatobá, Mogno, Pau d’alho, Farinha seca, Pau viola, Amoeira pimenteira, Paineira rosa, Árvore da china, Graviola, Ingá de metro, Pé de jaboticaba, Açoita cavalo amarelo, Dedalheiro, Condia, Jenipapo, Canafistula, Espatodia e Guapuruvu.

Figura 80 - Vegetação presente no local. Disponível: Arquivo Pessoal. 2017.

Figura 81 - Vegetação presente no local. Disponível: Arquivo Pessoal. 2017.

Figura 82, 83, 84, 85, 86, 87 e 88 - Exemplos de algumas das vegetaçõies encontradas na área. Disponível: Arquivo Pessoal, 2017.


O PROJETO

PARTIDO ARQUITETÔNICO


A configuração dos espaços públicos estão intimamente ligadas ao bem estar e saúde do ser humano, influenciando de forma direta nos encontros, praticas de atividades, trocas de ideias e sociabilização, garantindo a vida na e da cidade. Tendo isto em vista adotou-se como partido a constituição do ambiente através das formas geométricas, que podem ser combinadas de diversas maneiras a fim de se obter estruturas que garantam a funcionalidade do local e ao mesmo tempo possuam leveza e delicadeza em seus desenhos, podendo elas dar origem a decks, coberturas, passagem por lagos artificiais, estruturas de iluminação e até mobiliários e equipamentos urbanos.

Figura 89- Roombeek Street Disponível: http://ooom.it/roombeek-street-un-progetto-di-rinnovo-urbano-in-olanda/ Acessado: 11/05/2017.

Será através destas formas que as concepções do projeto serão traçadas, almejando a conexão entre as necessidades expostas através da analise da área e opinião dos moradores. O ambiente deve conversar totalmente com seu entorno, promovendo o bem estar de quem ali passa ou permanece. Além disso, a integração entre novo e existente se dará através destes desenhos, como o piso de concreto do High Line Park que por meio de seus recortes permite que a natureza ali presente se adeque ao projeto e ganhe seu espaço, sem tornar esse processo forçado, incoerente ou sem conexão.

Figura 90 e 91 - Zighizaghi Urban Garden. Disponível: http://www.guihuayun.com/read/26032 Acessado: 11/05/2017.

Figura 92 - Espaço Urbano. Disponível: https://m-arch.livejournal.com/1273036.html Acessado: 11/05/2017.

Figura 93 e 94 Iluminação e Mobiliário. Disponível: http://lepamphlet.com/tag/luminaire/ e https://mobile.twitter. com/slowottawa/status/541541740281626624/photo/2 Acessado: 11/05/2017.


MEMORIAL


Tendo em vista a grande importância dos espaços e sua interferência sob o meio e os indivíduos que ali estão – seja ela positiva ou negativa, se mal elaborado – adotou-se como ponto de partida para este projeto o propósito de transformação de um lote esquecido em um polo gerador de

do ambiente, facilitando a realização de exercícios e aulas concomitantemente.

IDEIAS INICIAIS

movimento para o bairro. O terreno em questão está localizado entre as ruas Francisco Ferreira da Matta, Rua Hugo Campello e Rua Olímpio Pereira da Silva, na cidade de Sertãozinho e deveria destinar –se a um sistema de lazer, em seu plano original, porém atualmente encontrase em um estado de abandono, trazendo uma falta de segurança para os moradores e pedestres que por ali circulam. Para que esta proposta seja possível elaborou-se um programa de necessidades que vinculará as atividades sugeridas pelos moradores da região, além de criar conexões com os programas oferecidos pela Prefeitura de Sertãozinho e com a Escola Nair Teixeira – localizada ao lado do terreno em questão que poderá passar a desenvolver os exercícios para seus alunos no local.

IDEIAS FINAIS

O projeto foi elaborado através do estudo das formas geométricas que foram combinadas de diversas maneiras a fim de se obter estruturas que garantam a funcionalidade do local e ao mesmo tempo possuam leveza e delicadeza em seus desenhos, originando a laje, o espelho d’água, os caminhos, e mobiliários. Seu ponto inicial foi o desejo de se obter uma cobertura aliada as passagens elevadas. A cobertura implantada possui um desenho leve e orgânico que abrigará um espaço amplo sob si, garantindo a acomodação necessária para o desenvolvimento de múltiplas atividades como aulas de karatê, kung – fú, ginastica para a terceira idade, capoeira, pilates, pintura, yoga, transmissões de filmes, peças de teatro, shows e também haverá a demarcação de uma quadra poliesportiva com uma fita no chão, indicando que ela está ali e o esporte poderá ser praticado naquele espaço. Para que não haja um conflito durante a execução das atividades o parque contará com alguns horários estipulados como aulas de exercícios físicos pela manhã, aulas de artes e lutas a tarde e exibições de filmes no período noturno, possuindo também horários vagos para atividades livres, além de biombos que servirão como divisores

Figura 95, 96 e 97 e 98 - Imagens para detalhamentos. Disponível: Arquivo Pessoal.


O restante da área permanecerá descoberta dando lugar à reintegração da vegetação existentes no local, que será replantada de maneira mais organizada, aliando-se a disposição dos caminhos criados, juntamente com a passarela elevada, permitindo que os usufruidores do parque cruzem por todo ele, passando por debaixo da cobertura, podendo observar o que acontece ali, seguindo por entre as árvores que foram replantadas, incluindo as frutíferas, bem rentes a passarela para que o usuário possa caminhar bem próximo a elas, e até mesmo colher seus frutos, fazendo sua conexão final com a arquibancada. Um espelho d’água fará parte do projeto, ajudando a criar e regular o microclima no parque, além de trazer serenidade e calmaria aos usuários. Este possuirá uma camada de cascalhos em seu fundo, podendo ser adentrado, ampliando ainda mais as experiências que poderão ser vivenciadas ali. Mobiliários, playground e área para food trucks serão implantados viabilizando a permanência na área independendo do período do dia tornando o ambiente seguro.

Figura 99 e 100 - Imagens para detalhamentos. Disponível: Arquivo Pessoal.

Os bancos vermelhos serão de concreto e foram pensados para que surgissem do chão, dando a sensação de continuidade, adentrando no espelho d’água, área coberta e locais com vegetação, criando espaços para permanência. A área contará também com uma biblioteca ao ar livre.

Figura 101 e 102 - Imagens para detalhamentos. Disponível: Arquivo Pessoal.


Foi planejada a instalação de duas

redes, uma localizada na passarela elevada, em um rasgo localizado logo abaixo da cobertura, para que as pessoas que ali circulam possam passar, deitar e relaxar e outra que rodeia todo o playground, estando ancorada na rampa ao lado, possibilitando uma maior segurança para as crianças que ali estão, além de servir como brinquedo, podendo ser escalada.

Os sanitários encontramse instalados abaixo da arquibancada, aproveitando melhor o espaço, juntamente com três salas que servirão como almoxarifado e DML e um local com armários e bancos, funcionando como guarda volumes. Presando pela utilização de todos o parque conta com rampas de acesso em todas as calçadas e em seu interior, além dos pisos táteis e um balanço adaptado. Vagas para idosos e cadeirantes foram dispostas em um estacionamento em 45º presente na Rua Hugo Campello, totalizando 12 vagas para carros, 5 vagas para motos e um bicicletário. O acesso ao parque pode ser realizado pelas três fachadas, pois todas foram projetadas e adaptadas ao pedestre. A rua com o estacionamento também poderá ser acessada sem problemas pois um espaço para passagem foi implantado por entre as vagas, facilitando a entrada ao local, sem a necessidade de dar a volta até o outro lado. Elev 3

2 Elev

atta rreira da M Rua Fco. Fe

Silva o Pereira da Rua Olímpi N

4 x 0,113 = 0,450

As entradas são variadas e não possuem o desenho muito forçado, permitindo que o usuário caminhe de forma mais livre, podendo adentrar em qualquer um dos encontros entre a calçada e o piso interno, ou até mesmo por entre a vegetação. A seta em vermelho representa os acessos do transeunte enquanto a azul mostra por onde passarão os food trucks, porém para não haver transtornos e acidentes estes possuírão horário para a entrada e saída.

4 x 0,113 = 0,450

4 x 0,113 = 0,450

Rua Hugo Campello Rua Hugo Campello 1 Elev

Figura 103, 104, 105, 106 e 107 - Imagens para detalhamentos. Disponível: Arquivo Pessoal.


IMPLANTAÇÃO


LEGENDA LAJE VERDE

CAMINHOS SEMI PERMEÁVEIS

CAMINHOS EM MOSAICO DE PEDRA

ESPELHO D’ÁGUA Elev 3

2 Elev

4 x 0,113 = 0,450

4 x 0,113 = 0,450

tta rreira da Ma Rua Fco. Fe

Silva o Pereira da Rua Olímpi

BANCOS

PASSARELA ELEVADA

N

4 x 0,113 = 0,450

Rua Hugo Campello

ÁREA PLAYGROUND

Rua Hugo Campello 1 Elev

ARQUIBANCADA

0. GSEducationalVersion

IMPLANTAÇÃO

1:1000


PLANTAS


C

C

B

A

B

A

4 x 0,113 = 0,450

Elev 3

2 Elev

Elev 3

2 Elev

4 x 0,113 = 0,450

4 x 0,113 = 0,450 4 x 0,113 = 0,450

N

N

4 x 0,113 = 0,450

4 x 0,113 = 0,450

B

B

C

C

A

A 1 Elev

0.

GSEducationalVersion

TÉRREO

1 Elev

1:500

1.

PASSARELA

1:500


CORTES


+12,000 2 COBERTURA

+12,000 2 COBERTURA

+7,000 1 PASSARELA

+7,000 1 PASSARELA

±0,000 0 TÉRREO

±0,000 0 TÉRREO

A

CORTE A

+12,000 2 COBERTURA

+12,000 2 COBERTURA

+7,000 1 PASSARELA

+7,000 1 PASSARELA

±0,000 0 TÉRREO

B

±0,000 0 TÉRREO

CORTE B

C

1:200

+12,000 2 COBERTURA

+12,000 2 COBERTURA

+7,000 1 PASSARELA

+7,000 1 PASSARELA

±0,000 0 TÉRREO

GSEducationalVersion

1:200

±0,000 0 TÉRREO

CORTE C

1:200


ELEVAÇÕES



PERSPECTIVAS







DETALHES TÉCNICOS


LAJE VERDE

Por se tratar de uma cobertura grande, curva e irregular (funcionando como concha acústica), que necessita de um vão interno amplo para que sua área central seja aproveitada ao máximo, foi utilizada a laje nervurada protendida com uma espessura máxima de 70cm, considerando as camadas para o telhado verde, que são demonstradas a seguir.

A laje verde foi implantada almejando o aumento da qualidade do ambiente, aliando -se a vegetação já presente no local, proporcionando benefícios como isolamento acústico, melhoria na qualidade do ar, recuperação de zonas verdes, melhorias no microclima, dentre outras. Para que o vão interno da cobertura seja vencido foram utilizados pilares em concreto armado, estando espaçados a cada 20m.

Figura 108, 109 e 110 - Laje nervurada protendida, corte esquemático e camadas da laje verde. Disponível: Arquivo Pessoal , http://2030studio.com/telhado-verde-uma-opcaosustentavel/ e http://dicasdeportugues.net/2013/10/o-que-e-laje-nervurada.html Acessado: 31/10/2017.

ESPELHO D’ÁGUA O espelho d’água foi pensado para trazer beleza aliada aos seus benefícios, sendo este acessível, possibilitando a entrada das pessoas, possuirá uma camada de cascalhos em seu fundo permitindo novas sensações ao mesmo tempo que refresca o ambiente e controla o micro clima do local. Para seu bom funcinamento deve-se utilizar um sistema de filtração semelhante ao de uma piscina, além de um sistema construtivo adequado, utilizando todas as camadas necessárias, como demonstrado nas imagens a seguir.

Bocal de retorno

Bocal de aspiração

Filtro

SKIMMER

Ralo de fundo Bomba

Dreno

Água Cascalho Manta EPDM

Figura 111, 112, 113 e 114 - Espelho d’água, detalhamento das camadas e bombeamento da água.

Manta Geotextil

Disponível: Arquivo Pessoal e http://decorandocasas.com.br/2014/10/07/projetos-de-piscinas-de-concreto/

Solo Compactado

Acessado: 31/10/2017.


CAMINHOS

Para os caminhos e área impermeável foram escolhidos três tipos de pisos, sendo eles: PISO PAVI PLACA DRENANTE feito com concreto poroso, possibilitando a drenagem da água, considerado também um piso ecológico por possuir de 35% a 70% de sobras siderúrgicas. Estará localizado nas passagens fora da cobertura, demonstradas na cor amarelo ocre na imagem ao lado. Os recortes em cinza próximos ao espelho d’água, playground e arquibancada serão elaborados com o MOSAICO PEDRA ACETINADO SEIXOS NANTOU, texturizado e próprio para usos externos. A área da cobertura e passarela será feita em CONCRETO devido a possibilidade de instala – lo de acordo com o formato desejado e sua boa resistência. O playground possuíra em sua superfície areia, para que as crianças possam brincar, circundada pelo mosaico pedra acetinado seixos nantou, para que esta não se espalhe. Figura 115, 116, 117 e 118 - Representação de pisos e testuras. Disponível: Arquivo pessoal.

FECHAMENTOS O parque contará com um horário de funcionamento, e para que este possa ser fechado apenas durante a noite, sem portões e grades envolvendô-o durante todo o dia foi pensado na instalação de portões retráteis, que serão ativados apenas com o encerramento das atividades no local.

Figura 119 e 120 - Portão retrátil e esquema de funcionamento. Disponível: https://hypescience.com/quando-aberto-este-portao-fica-escondido-no-solo-veja-designs-modernos/ Acessado: 31/10/2017.



CONSIDERAÇÕES FINAIS


O projeto proposto possui como primeiro ponto o desejo por segurança no bairro através da implantação de um parque urbano, tomando por consequência a requalificação de um espaço público, que passe a oferecer atividades e lugares que unifiquem os moradores e usuários do local. Pretendeu-se projetar um ambiente confortável que alia as necessidades previstas com as características da área, incluindo o replantio da vegetação ali encontrada, porém de maneira organizada e estruturada, buscando seu maior proveito. Através de um programa elaborado em parceria com as atividades oferecidas pela Prefeitura da cidade, a opinião dos moradores e com os exercícios propostos pela escola vizinha a área pode ser contemplada com espaços que possibilitam o desenvolvimento de atividades físicas, artisticas e culturais. Portanto conclui-se que a arquitetura é de essencial importância incluindo o indivíduo em um contexto societário e auxiliando na manutenção de uma cidade viva através das sensações produzidas por seus espaços, garantindo a movimentação constante e o desejo de permanência.


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