A internet e a rua

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Ninguém é forçado a entrar para nosso clube, mas aqueles que desejam participar devem nos oferecer a mesma cooperação que recebem de nós. Isso torna o sistema justo (Stallman, 2001, p. 1).

O caráter constituinte do Movimento do Software Livre vai radicalizar um princípio que também está presente na ampla segmentaridade dos grupos de discussão: só pode existir “cooperação” se houver liberdade de circulação da informação. E é uma liberdade que recusa a lógica da competição como valor produtivo, pois competir significa o predomínio da crença em um só vencedor, gerando um duplo monopólio: o conhecimento do produto e o produto do conhecimento. E nem sempre o vencedor possui mais competência ou habilidade técnica, e sim capacidade de apreender (ou prender) a capacidade cognitiva de outros.

A contracultura da cultura hacker Se há toda uma cena de ciberativista fomentando a liberdade na produção do software livre em 1984, articulando múltiplos segmentos da cadeia produtiva de software – mergulhado numa forte pressão da economia nascente das patentes, este ano mítico ainda vai fazer emergir um outro fenômeno: a emergência dos hackers que invadem e se apropriam de redes, como o Cult of Dead Cow. É também neste ano que a Microsoft vai lançar o Windows NT, um programa de U$ 1.500,00, que se apresentava como um grande administrador de rede, totalmente seguro, inexpugnável, tentando reduzir o valor do UNIX. Mas para usar o NT o usuário tinha de comprar um outro programa chamado Back Office – depois vai virar o pacote Office – que custava mais U$ 1.000,00. Ou seja, o pacote todo ficava em U$ 2.500,00. A 45


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