Bairro Alto, cultura emergente no pós-25 de Abril: um “novo design” português na década de 80.

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Entrevista a José Viana _ Realizada na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa no dia 11 de Fevereiro de 2010

Contexto sociocultural, o pós-25 de Abril, as novas escolas, a visão dos intervenientes: O 25 de Abril já está esquecido nessa altura, já estamos a viver a liberdade em pleno, sem qualquer tipo de constrangimentos.

Mas por exemplo, os poucos que tinham estudado design tinham meios, ou tinham conseguido meios, para estudar fora de Portugal, nomeadamente em Londres. Teria tido essa oportunidade se o regime se tivesse mantido? Provavelmente não. Tive sorte e eu sentia isso, que havia uma grande oportunidade para o design. Se houve um período em que se sentia uma vontade poderosa de mudar tudo foi este e de facto criaram-se condições para a adopção de uma maneira de estar, um certo abecedário inerente ao pós-modernismo, algo a que, no entanto, eu nunca aderi…

É uma das minhas questões: em conversa com o Designer Pedro Silva Dias foi referido que a geração que marcou a década de 80 não passou por essa fase, que passou logo para a seguinte… Concordo, éramos mais observadores e críticos em relação ao que se passava, como sejam os ―movimentos memphis‖ e afins… deixavam-nos curiosos mas nunca me terá suscitado vontade de aderir a eles. Alguns desta geração eram muito ligados a este „estar‟ no Bairro Alto, mas não era o seu caso… Tal como o Pedro silva Dias, o Filipe Alarcão, o Marco Sousa Santos, havia realmente alguns designers que tinham uma grande conexão com esse ―estar‖, era pelos menos o que eu sentia. Eu nunca me senti assim tão conectado com o Bairro Alto, antes

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