Governança na Macrometrópole Paulista e Paranapiacaba
INFRAESTRUTURA, LOGÍSTICA E TERRITORIALIDADES EM PARANAPIACABA Silvana Zioni
Paranapiacaba, a vila ferroviária que se tornou museu e parque, nos revela, além da linda paisagem litorânea, a expressão das redes sociotécnicas no espaço, várias territorialidades que testemunham a projeção do trabalho, da técnica, do poder, conforme apropriações mais ou menos concretas, mais ou menos simbólicas. Esse lugar, no alto da serra, de onde se vê o mar (na origem tupi), serviu de base operacional e de residência dos trabalhadores de um ousado empreendimento – uma ferrovia que desafiando uma geografia poderosa, superou distâncias muito maiores e impôs novos ritmos de vida. A Estrada de Ferro São Paulo Railway ali assentada representou um marco do ciclo econômico do café que transformaria uma também pequena vila, a de São Paulo, num expressivo polo comercial nacional. Esse novo centro se serviria de outras redes de infraestruturas – energia elétrica, água, loteamentos e transportes urbanos – empreendimentos e capitais, além da pioneira estrada de ferro, para constituir os territórios de uma nova organização e etapa de apropriação do espaço – a industrial. Outros ritmos de vida que se impuseram na metrópole industrial transformaram os territórios, já que diversas formas de apropriação e os tempos de superação das distâncias foram possíveis, revelando novos significados aos lugares, desterritorializando e ao mesmo tempo, sobrepondo territorialidades (HAESBARTH, 2004). A ferrovia foi perdendo seu protagonismo, numa etapa do processo de produção da urbanização capitalista, que correspondeu ao avanço das infraestruturas rodoviárias, mas manteve sua identidade e seu potencial de vir a ser um vetor de reterritorialização da metrópole ampliada. Do alto da serra, Paranapiacaba preservou traços desse potencial, e ao ressignificar suas estruturas, valorizou ambiente e história. 35