Sujeito e Liberdade na Filosofia Moderna Alemã

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SUJEITO E LIBERDADE NA FILOSOFIA MODERNA ALEMÃ......................................

O CONCEITO DE MATÉRIA NA FILOSOFIA KANTIANA DA NATUREZA Gilberto do Nascimento Lima Brito1 1. Introdução Nossa pesquisa consistirá em analisar o conceito de matéria na filosofia da natureza de Immanuel Kant, considerando a relação que tal conceito possui com os fundamentos da teoria kantiana do conhecimento, descritos principalmente na obra Crítica da Razão Pura. Primeiramente, devemos ressaltar que a filosofia kantiana da natureza é uma parte da teoria kantiana do conhecimento, dedicada à elaboração de uma ciência pura que almeja conciliar uma abordagem física dos fenômenos com os princípios de uma teoria do conhecimento. Esta ciência se diferencia da Física propriamente dita porque não se baseia meramente na observação do mundo empírico para uma interpretação matemática dos fenômenos, mas leva também em consideração os princípios que originam a formação dos conceitos no sujeito cognoscente. Entretanto, para que uma ciência pura da natureza seja realmente colocada em prática, a filosofia da natureza necessita definir o que é natureza, pois só assim será possível a criação de uma ciência pura que se adéque aos fundamentos da teoria kantiana do conhecimento. Kant elabora duas definições de natureza. A primeira afirma que a “natureza é existência das coisas enquanto determinadas por leis universais”2. Ora, atribuir à natureza somente esta definição é admiti-la apenas como uma regularidade das determinações das coisas em geral, ou seja, é admitir que as leis universais que porventura venhamos a construir descrevem as representações que formamos acerca do mundo, tornando evidente o que é natureza. Mas, faz-se ainda necessária uma definição que nos forneça a base para a construção de leis universais que descrevem o mundo físico, uma definição que nos leve a considerar a natureza como possuidora de um conteúdo que pode ser observável. É para suprir esta necessidade que Kant define a natureza do seguinte modo: “a natureza considerada, portanto, materialiter é o conjunto de todos os objetos da experiência”3. Em outras palavras, a natureza considerada como materialiter é o pressuposto para a apreensão dos objetos do mundo, ou seja, para que haja a matéria do fenômeno. 1

Bolsista CAPES 2011.01 e 2011.02. E-mail: gilbertbrito1@yahoo.com.br Mestrando em filosofia pela UFC. 2 KANT, 1980, p. 35. 3 KANT, 1980, p. 36.

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