Revista as Linguagens da Dança

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revista do projeto

As linguagens da danÇa 3o ano

PĂĄgina

Atibaia - SP, maio de 2016


Apresentação Na concepção inicial do projeto As Linguagens da Dança algumas premissas foram consideradas em função da experiência, há mais de três décadas, à frente do trabalho artístico desenvolvido no Garatuja. Algumas delas cercadas de desafios impostos pelo ineditismo da proposta, que exige amplo trabalho de convencimento dos diversos setores envolvidos. O fator integrativo é uma delas. É comum surgirem projetos sem relação alguma com o que já existe na cidade, muitas vezes valendo-se de vantagens momentâneas para impor-se de forma avassaladora, extinguindo as ações anteriores. É um eterno recomeçar. As Linguagens da Dança inverte essa lógica integrando diversos setores: da academia de dança já estabelecida na cidade, aos novos profissionais recém-formados, passando pelos trabalhos independentes e pelas danças de caráter popular. Outro desafio é a seriedade e o comprometimento exigidos de seus participantes. O trabalho corporal só tem resultado se houver dedicação integral por parte do interessado e isso fica claro nas ações desenvolvidas nos eixos da Escola Municipal de Dança e do Corpo Municipal de Dança, onde as atividades são diárias, além dos ensaios que acontecem aos sábados. É uma proposta ousada ao se considerar que o comum são cursos e oficinas de curta duração e com pouca carga horária. Embora muitos sejam os desafios, durante os três anos de existência do projeto alguns objetivos já foram amplamente alcançados, e podem ser traduzidos em número: são vinte profissionais da dança envolvidos e monitores que passaram a atuar no projeto. Em 2014 obtivemos 236 participações diretas no projeto. Em 2015, foi quase o dobro, beneficiando 442 pessoas, um percentual de aumento de 87,8%. Nas apresentações de resultados, como espetáculos, participações em festas da cidade, desfile cívico, etc., a abrangência final do projeto foi de 6535 pessoas em 2014, 16230 em 2015, significando um aumento de 148,35% no resultado final. Nestes tres anos do projeto produziram-se mais de 30 coreografias incluindo as danças brasileiras. Houve seis grupos de congadas mirins em diferentes bairros da cidade. Temos participantes do projeto inseridos nos cursos de especialização em dança, duas na ETC de dança, e outras na Anhembi Morumbi e Unicamp. Como se pode ver, o projeto foi concebido de forma ampla a atender o desenvolvimento deste segmento para a cidade de Atibaia. A ideia original deve ser implantada passo a passo, ampliando as ações ano a ano conforme o desenvolvimento. O projeto As Linguagens da Dança não é um programa de ação isolada centrada numa única ideia. Trata-se de um projeto de fato gerador de novas ideias e de ampla participação. Todo esse trabalho e investimento, tanto financeiro quanto técnico, não pode se perder. Estamos diante de num momento delicado, transitório, no qual é fundamental manter as ações implantadas e, sedimentar institucionalmente o Projeto. Alguns desafios ainda terão de ser enfrentados. Um deles é o espaço, que atualmente é cedido para uso da entidade e dos projetos. O Garatuja é uma da poucas entidades, ou talvez a única, que não está em espaço público ou alugado pela Prefeitura. É uma contrapartida. Com o sucesso do projeto o espaço se tornou pequeno, merecendo melhor localização e condições. Mais que eficiente veículo de encantamento estético, inclusão social e perpetuação da cultura local, o projeto As Linguagens da Dança procura criar perspectiva profissional para quem se dedica à dança. Tanto na carreira artística de bailarina, como a de professor, e sobre esse ponto de vista ele sai na frente dos demais segmentos. Neste ano foi aprovada a lei que passa a inserir a dança, assim como as artes visuais, a música e o teatro, na grade curricular do ensino formal. Com isso novas perspectivas se abrem. Mais que sonho, a dança pode ser profissão. Mais que uma ocupação descomprometida de tempo pode representar um novo mercado de trabalho para o jovem. Ao finalizar expresso um agradecimento especial aos que deram o start neste projeto em 2013 e 2014, Tatá Fritolli e o Prefeito Saulo Pedroso que tiveram a sensibilidade não só de acatar a proposta, mas de vestir a camisa e acreditar, assim como nós, na força da arte e da cultura como agentes de transformação humana. Agradeço a Secretaria de Cultura e Eventos, nas pessoas de Cleber Centini - Secretário de Cultura e Roberta Barsotti - Diretora de Cultura e ao Prefeito Mario Inui, que deram prosseguimento às ações implantadas. À Secretaria de Educação e as Escolas Municipais que participaram de forma parceira no atendimento ao eixo Educando Através da Dança. Élsie da Costa - Instituto de Arte e Cultura Garatuja


Índice Objetivo 02 Estrutura 04 Corpo Municipal de Dança 06 Escola Municipal de Dança 10 Educando Através da Dança 14 Espetáculos 18 Formação de Público 24 Implantação 26 Divulgação e Visibilidade 28 Concepção Visual 30 Concepção do Projeto 32


Objetivo

Missão do Projeto Dinamizar as diferentes iniciativas existentes, tanto públicas como privadas, e estimular os profissionais desta área; O aumento da demanda (formação de público) e criação de um novo mercado para os jovens, dentre os demais segmentos artísticos; O desenvolvimento continuado da dança para crianças e jovens estudantes de escolas públicas, que não têm recurso para se manterem em cursos e academias de teatro e dança, sem interferir no público das escolas privadas, já implantadas na cidade; O aprimoramento dos conhecimentos específicos (grupo de estudos e trocas de saberes); Criar um corpo estável de dança como produto e vitrine do projeto; Formar equipe de monitores com os participantes do Corpo de Dança e com os profissionais da cidade.

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Estrutura

O projeto se desenvolve em três eixos: O Corpo Municipal de Dança de Atibaia, com um plano semi-profissional, pretende motivar bailarinos e profissionais da dança para a expansão do segmento. O Corpo Municipal de Dança conta hoje com cerca de quinze jovens que formam um conjunto estável, com repertório dos balés clássicos à dança moderna, passando pela dança do ventre, dança indiana e outras. Professores e profissionais de dança da cidade, tanto de academias, estúdios, como profissionais independentes, compõe a grade de professores que contribuem na formação desses jovens e na preparação das coreografias apresentadas pelo grupo. Com isso sedimenta-se uma perspectiva profissional local para os jovens com aptidão, evitando a evasão ou desistência da profissão. A Escola Municipal de Dança visa a formação continuada de novos dançarinos ou bailarinos e de futuros professores. A Escola Municipal acontece na sede do Instituto Garatuja, proponente do projeto, mas o objetivo é que vá para um espaço maior e com mais abrangência de público. Atende jovens e crianças de escolas públicas com aulas diárias. O aluno passa por diversas aulas com profissionais da dança em modalidades como: sapateado, jazz, hip hop, dança clássica, danças brasileiras, etc. Em dois anos do Projeto, o resultado desse eixo começa a dar resultados com a formação do Corpo de Dança Juvenil. Educando Através da Dança, é uma ação que funciona em algumas escolas da rede pública de Educação. Esse eixo do projeto está se implantando gradualmente de forma a complementar o ensino formal. Nessa primeira etapa foram implantadas as Congadas Mirins, com base na maior tradição cultural de Atibaia. Já foram criadas seis Congadas Mirins em diferentes bairros da cidade. Outra ação é a Dança Educativa, onde jovens do Corpo de Dança começam a dar monitorias em algumas escolas municipais visando despertar o interesse, ampliar e difundir essa linguagem expressiva junto às comunidades estudantis, bem como aplica-la para auxiliar no processo educacional formal.

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Corpo Municipal de Dança

Escola Municipal de Dança

Educando Através da Dança


Corpo Municipal de Dança

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O Corpo Municipal de Dança de Atibaia é o principal eixo do projeto As Linguagens da Dança. Formado por jovens experientes na área, o Corpo Municipal caminha para a sedimentação de um grupo estável com repertório que vai do balé clássico ao contemporâneo, incluindo danças populares, tradicionais e outras. Sua conceituação e linha pedagógica se propõem a estabelecer, entre os bailarinos, uma interação maior das opções estéticas das iniciativas oferecidas pelos profissionais da cidade, ampliando e enriquecendo a expressão da dança aliando-se às técnicas outros métodos e sistemas de trabalhos corporais. Dessa maneira o bailarino se prepara para desempenhar bem qualquer trabalho coreográfico. Para o Corpo de Dança é fundamental o treino diário, entre aulas e ensaios, diferenciando-se das propostas “academicistas” ou de oficinas onde não acontece o comprometimento em grupo. Para o Corpo de Dança é necessária uma afinação tando no corpo de cada bailarino como no sentido de “grupo”. Para participar do grupo foi feito uma seleção inicial com bailarinos e bailarinas da cidade que já possuíam conhecimento em dança clássica e outras linguagens. Os selecionados passaram a ter aulas diárias com diversos professores e coreógrafos, tanto de academias como de trabalhos independentes, que contribuíram na preparação técnica e artística do grupo. São eles: Heydi Milhose, Thais Magalhães, Claudio Terrana, Eliane Humberg, Andrea Albergaria, Claudia Parolin, Vitor da Costa (música) e Élsie da Costa, que concebeu e coordena o projeto “As Linguagens da Dança”. Anualmente é feita nova seleção de bailarinos interessados em participar do grupo. Isso ocorre em função da necessidade de substituir integrantes, que em geral deixam de participar em razão da continuidade dos estudos. São jovens que concluem o ensino médio e partem para outras cidades a fim de cursar uma universidade. Com o prosseguimento do projeto a ideia é que essa substituição ocorra entre os próprios membros do projeto, onde alunos que já participam da Escola Municipal de Dança (outro eixo do projeto) substituam os integrantes do Corpo Municipal. Outro objetivo futuro é oferecer garantias de continuidade a quem já participa do Corpo Municipal, com justa remuneração, de forma a torná-los semiprofissionais da dança, e, dessa forma garantir sua permanência no grupo e na própria cidade.


Ao lado Élsie da Costa e a dança clássica. Acima Eliane Humberg e a dança contemporânea. Abaixo Andréa Albergaria e a dança Indiana. Na página seguinte, de cima para baixo, da erquerda para a direita: Vitor Zago e as aulas de consciência musical, Claudia Parolin e o método Isadora Duncan, Heydi Milhose e a dança clássica de repertório, Claudio Terrana e a técnica Martha Graham, Thaís Magalhâes e a dança clássica de repertório e Luciano Girardelli na aula de percussão brasileira.




Escola Municipal de Dança

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A Escola Municipal de Dança é responsável pela formação de novos dançarinos e dançarinas da cidade. Como todos sabem, para ser bom nessa área é preciso começar cedo. As oficinas oferecidas na Escola Municipal de Dança são para estudantes a partir de oito anos e funcionam como uma escola mesmo, com grade de aulas apropriadas à faixa etária, onde os integrantes passam por atividades orientadas por diferentes profissionais. Acontece balé, jazz, sapateado, danças brasileiras, dança moderna e, para o grupo intermediário (formado por jovens a partir de 16 anos), tem ainda a dança do ventre. Todos as modalidades são orientadas por profissionais do próprio município. São elas: Cecília Arends – balé clássico; Michele Maidame – jazz; Marcela Sguillaro – dança clássica; Irany Sguillaro – sapateado; Taya Perrone – Dança do Ventre e Élsie Costa – Domínio do Movimento. As aulas são diárias e o aluno, ano a ano, muda de grupo até estar apto a integrar o Corpo Municipal de Dança. As aulas são diárias, já que o processo da iniciação em dança é gradativo e necessita de prática continuada, pois o principal instrumento é o próprio corpo... E o corpo, assim como outros instrumentos, precisa de constante afinação. Outra razão é que não se pode exercitar a dança em espaços inadequados. Diferente de um instrumento musical, onde o aprendiz pode treinar em casa o que aprendeu em sala de aula, no balé isso não acontece. Um piso impróprio pode danificar articulações, nervos e cartilagem, de forma irreversível, além de ser impossível utilizar uma sapatilha de ponta, por exemplo. Outra razão é que dificilmente uma bailarina conseguirá treinar suas evoluções de movimentos amplos dentro do espaço doméstico. O projeto acontece numa parceria entre o Instituto Garatuja e a Prefeitura de Atibaia através de convênio. Portanto as aulas são gratuitas, voltadas a alunos de escolas públicas. Essa exigência vem da necessidade de oferecer oportunidades a quem não tem condições financeiras de pagar um curso de balé. Outra razão é não competir com o mesmo público das academias, estúdios e espaços comerciais já estabelecidos na cidade, e que sempre fizeram importante trabalho de incentivo e manutenção da linguagem da dança na cidade. Outro propósito da Escola Municipal de Dança é constituir um núcleo de formação de educadores, integrando tanto professores como alunos que manifestarem vocação a fim de formar equipe capacitada para atuar junto às escolas, fornecendo apoio pedagógico e melhorando a compreensão dos códigos específicos da linguagem da dança. Com a Escola Municipal de Dança espera-se que surjam novos talentos locais. Mesmo que isso não aconteça, uma pessoa que teve a oportunidade de desenvolver-se em ambiente que valoriza a organização postural, a coordenação motora, a propriocepção e mesmo a sensibilidade e o aprimoramento estético, será, provavelmente, um adulto melhor preparado para enfrentar a vida.


Ao lado Cecília Arends e a dança clássica (iniciação). Acima Magdala Mattos e o hip hop. Abaixo Michele Maidame e o jazz. Na página seguinte, de cima para baixo, da erquerda para a direita: Thaia Perrone e as técnicas associadas para dança e danças árabes, Marcela Sguillaro e a dança clássica (iniciação), Irany Sguillaro e o sapateado, Christiane Alcântara e as danças brasileiras e Élsie Costa e a dança clássica intermediária.



Cursos livres

Estes cursos se destinaram a um público interessado na dança como forma de prática social, sem necessariamente ser parte do Corpo de Dança. Em 2015 foram destinadas a este grupo as oficinas de danças brasileiras e dança do ventre. Em 2016, as oficinas de sapateado e jazz. As danças brasileiras são parte das propostas do Garatuja há vários anos. Em 2015 foram desenvolvidas danças da região Norte e Nordeste como Ciranda, Coco, Cacuriá, Cavalo Marinho (Mergulhão e Dança dos Arcos), Bumba-Meu-Boi Maranhense e da região sul e sudeste o Pau-de-Fitas e a Congada. Em 2016, foram incluídas no projeto o Maracatu pernambucano e o Jongo do sudeste. A Dança do Ventre traz a riqueza do Universo da Dança Oriental, a partir das técnicas e dos movimentos específicos, associados a exercícios de respiração, percepção corporal, postural, alongamentos e auto-massagens. Sapateado e Jazz (2016) Esses estilos de dança, além de serem ótimos exercícios físicos, desenvolvem com acuidade o ritmo, a musicalidade e a coordenação motora. Servem não só para dançarinos profissionais, como também para os mais diversos tipos de pessoas, independente dos seus objetivos ou da idade, sem a imposição de limites.


Educando Através da Dança

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O Educando Através da Dança é uma ação desenvolvida nas escolas municipais. Uma das propostas é fornecer subsídios aos professores da educação formal relativos à disciplina da dança. A partir do projeto de lei 7.032 de 2010, aprovado esse ano, a dança, assim como as artes visuais, a música e o teatro passaram a fazer parte da grade curricular da educação básica. O sistema de ensino terá cinco anos para fazer as adaptações necessárias. Esse projeto antecipa essa necessidade e oferece aos professores da educação formal metodologias e recursos humanos que possam contribuir no processo. São proposituras que surgiram do Corpo Municipal de Dança, da Escola Municipal de Dança, assim como de profissionais envolvidos no projeto As Linguagens da Dança. Tal ação ainda não foi implementada, mas algumas escolas já contam com oficinas que são ministradas por monitorias saídas do Projeto. São as oficinas de Dança Educativa (sistema Laban) e Ludodança que trazem práticas da cultura infantil e do folclore, contribuindo de maneira efetiva no desenvolvimento educacional. O folclore é outro segmento que ganha importância maior nesse eixo do projeto através da formação das congadas mirins, difundindo e reforçando o valor simbólico de nossa maior manifestações cultural local - as Congadas de Atibaia. Já são seis grupos de congadas mirins formadas em diferentes bairros da cidade. Nesse trabalho as crianças têm aulas de canto, descobrindo o rico universo musical das congadas da cidade. Aprendem a tocar os instrumentos típicos da tradição, além da dança, que tem características próprias de batalhão para batalhão. As congadas mirins acontecem nas escolas municipais de educaçao fundamental EMEFs, a Congada MirimVerde na EMEF Serafina de Luca Cherfen (B. Estoril), a Rosa na EMEIF Takao Ono (Cerejeiras), a Vermelha na EMEF Nelson Pedroso (B. Portão), a Azul turquesa na EMEF Gilberto Sant’Anna (B.Tanque), a Azul clarinha na EMEIF Eva C. H. Vallejo (B. Boa Vista) e a Amarelinha na EMEIF Paulo Freire (B. Usina). Estas duas últimas, a amarela e azul clarinha, homenageiam as congadas que existiram no passado. A intenção desse trabalho é inserir no ambiente escolar o universo de um Patrimônio Cultural da maior importância em nossa cidade e região, manifestação cada vez mais distante de grande parte dos moradores da cidade.


Ao lado a dança educativa: Élsie Costa, com o monitor Vitor Zago, (não aparecem na foto as monitoras Paola Reis e Flora Palmari). Na página seguinte, de cima para baixo, da erquerda para a direita as congadas mirins em suas escolas: Azul Clara - Eva Vallejo, Rosa - Takao Ono, Azul Turquesa Gilberto Sant’Anna, Verde - Serafina de L. Cherfen, Vermelha - Nelson Pedroso e Amarela - Silveira Bueno e agora na Nelson Freire.




Espetáculos Página 18

Os espetáculos e apresentações resultantes da execução do Projeto são a coroação de meses de trabalho, empenho e dedicação. Não só dos bailarinos, que se desdobram em ensaios frequentes, mas da equipe de professores, da parte administrativa, técnica e demais trabalhadores como costureiras, cenografia, artista gráfico e outros. Foram várias apresentações que aconteceram em diversas oportunidades como nas Festas das Flores, na Festa Nordestina, Ciem, praças públicas, etc. Os espetáculos foram três: O Quebra Nozes e A Dança Moderna no Século XX, em 2015 e A Pequena História da Dança, em 2014. A montagem do balé de repertório O Quebra Nozes foi um enorme desafio para os organizadores e participantes do Projeto. Primeiro, pela responsabilidade de adaptar uma obra mundialmente consagrada às condições locais. Segundo, pela grandiosidade da produção e exigência técnica das bailarinas. Foram mais de quarenta pessoas no palco entre os integrantes do Corpo Municipal de Dança de Atibaia, crianças da Escola Municipal de Dança, bailarinas dos diversos espaços existentes na cidade e convidados. Essa integração entre academias, estúdios e trabalhos independentes sempre fez parte do escopo do projeto As Linguagens da Dança, que com essa montagem comprovou a viabilidade da proposta. Os diversos profissionais envolvidos trabalharam partes da coreografia separadamente e posteriormente elas foram integradas através do trabalho da Thaís Magalhães, responsável pela direção coreográfica do espetáculo e de Élsie da Costa, coordenadora artística. O Quebra Nozes, peça composta por Tchaikovsky, estreou em 1892, no Teatro Mariinsky-St. Petersburg. Narra a história de Clara, uma menina que ganha de presente natalino um boneco quebra nozes. Nos sonhos de Clara o boneco adquire vida. A peça tem todos os elementos típicos do período romântico e sua apresentação tornou-se uma tradição de natal em vários países. Essa peça foi especialmente escolhida pelo caráter didático.



Foi o primeiro espetáculo do Corpo Municipal de Dança e incluiu um breve panorama das diferentes épocas da história da dança e suas formas de expressão: Da dança ritual indiana às danças de fertilidade do Oriente Médio e Ásia Meridional, passando pelas danças populares da Idade Média. Minueto e a dança de corte da renascença, além dos balés românticos e de repertório clássico. Os Pas de Deux, Isadora Duncan, Martha Grahn e os sapateados de origem camponesa e americano também integraram o espetáculo, que contou ainda com jazz, hip hop e a dança moderna. A intenção foi de reunir os diferentes estilos que compõem o Projeto numa apresentação voltada também para o caráter didático.



A proposta de apresentação de A Dança Moderna no Início do Século XX foi que as coreografias tivessem alguma ligação histórica com esse movimento, seja pela estética ou corrente artística. A precursora do movimento na dança, Isadora Duncan, estava presente no trabalho da professora Claudia Parolin. Martha Grahan foi objeto de estudo do professor Claudio Terrana. A música teve grande influência na montagem da peça através da obra de George Gershwin, com inserções no sapateado através do trabalho de Irany Sguilaro, o jazz, de Michele Maidame e o sistema Laban, na coreografia de Élsie da Costa. O oriente foi representado pela dança indiana coreografada por Andréa Albergaria e a belly dance de origem árabe por Taya Perrone. A dançarina Alika, de Florianópolis, teve uma participação especial como convidada. O hip-hop, expressão de data posterior ao movimento, foi coreografado por Magdala Mattos, que buscou origens em sonoridades exploradas por Russolo, músico modernista precursor da expressão contemporânea dos DJs. Eliane Humberg coreografou uma peça contemporânea, cujas origens têm base nos modernistas e seus sucessores. Esse espetáculo também pautou pela didática das propostas visando a formação de público e apresentou pequenas vinhetas projetadas entra as diferentes coreografias.



Formação de público Página

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Toda pessoa traz suas referências culturais, incluindo-se a dança. Daí a pergunta: Que tipo de dança vocês ensinam? Esse é o desafio de um projeto como esse. Como elemento formador das diferentes linguagens, tanto as da vertente popular como da erudita, são abordadas de forma similar. Todas elas trazem elementos corporais e estéticos que necessitam ser conhecidas, estudadas e difundidas de forma a criar códigos, tanto em quem pratica como em quem assiste a dança. Nesse sentido o projeto dá continuidade a uma prática recorrente nas atividades do Garatuja - o debate após as apresentações. Prova disso foi o evento Panorama da Dança, realizado em 2014, que tinha como proposta a troca de experiência entre os diversos artistas da dança de Atibaia. Inverter a lógica comum, levando a dança erudita para espaços públicos e trazendo a dança popular para espaços consagrados é outra maneira de formar público. Em 2015 foi realizado um primeiro evento nesse sentido, quando apresentamos o Quebra Nozes, de Tchaikovsky, no Centro de Convenções e em seguida na praça da Matriz atingindo um público diverso que na grande maioria tem pouco acesso a espetáculos de dança especialmente os de repertório clássico. Neste contexto o projeto As Linguagens da Dança se estruturou numa perspectiva didática quanto às suas apresentações a fim de formar público, ou seja, dentro de um contexto histórico e estético.


Na página ao lado alguns integrantes do Corpo Municipal de Dança de Atibaia no Teatro Alfa (SP) para conhecer a versão da obra O Quebra Nozes, realizada pela Companhia Cisne Negro. Abaixo palestra e debate sobre apresentações no Garatuja. Acima a apresentação em palco aberto na Praça da Matriz (Atibaia - SP). Abaixo a apresentação das danças brasileiras na Festa das Flores e na Festa Nordestina. Em seguida as apresentações do Corpo Municipal de Dança de Atibaia em Limeira, no Mapa Cultural Paulista 2016, onde ganhamos Menção Honrosa na Regional Campinas e a participação no Festival Internacional de Dança de Taubaté, em 2016.


Implantação O projeto As Linguagens da Dança teve início em 2014, quando o Instituto Garatuja estabeleceu convênio com a Prefeitura da Estância de Atibaia. Esse é o primeiro investimento público voltado ao segmento e a primeira parceria do Instituto de Arte e Cultura Garatuja com o poder público local, em seus trinta e três anos de trabalhos ininterruptos na cidade.

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Apresentação do projeto aos profissionais da área de dança de Atibaia - 2014

Assinatura do convênio em 2014 e 2015

Algumas reuniões com pais, alunos e professores que aconteceram em 2014 e 2015


Divulgação e visibilidade Página 28

A visibilidade do projeto ocorre de várias formas, de acordo com a função e necessidade das etapas. Para a Escola Municipal de Dança é feita uma divulgação específica nas escolas, através da distribuição de folhetos. Para o Educando Através da Dança, que conta com as aulas de Ludodança e das Congadas Mirins, a divulgação é feita na escola onde ocorrem as atividades, através de folhetos, banners e palestras com os pais. No Corpo Municipal de Dança a divulgação acontece sempre no início do ano através de outdoors colocados em locais estratégicos, próximos ao complexo de escolas estaduais do Alvinópolis, região da Estância e Jardim Imperial. Os eventos e apresentações são divulgados por cartazes, jornais e mídias digitais como site, blog, páginas sociais e outros.


Materias que saíram na imprensa local, panfletos e a divulgação de rua nos anos de 2014, 2015 e 2016.


Concepção visual Página 30

O planejamento visual do projeto As Linguagens da Dança contempla diversas necessidades: desenvolvimento de logomarca, cartazes, programas, banners, placas, uniformes, registro videográfico e fotográfico, criação e manutenção de blog, páginas em redes sociais, cenários, figurinos, matériais de cena, projeções e outros. Esse trabalho é desenvolvido por Márcio Zago.



Concepção do Projeto

Elaborar um projeto que transcendesse ao âmbito das atividades do Garatuja, pensando na cidade como um todo foi um desafio. Não foi num estalo de dedo. Pensar e redigir cada propositura, desde os objetivos e respectivas justificativa, equacionando planejamento de atividades, cronograma, espaço/ tempo, recursos, já custaram alguns meses de reflexão, leituras, estudos e elaboração. O passo seguinte foi a apresentação para as pessoas da área da dança. Algumas de início se mostraram reticentes. Com razão, pois a dança muitas vezes foi relegada às ultimas pautas das questões das artes e da cultura, junto à literatura. No entanto, ao apresentar o projeto aos profissionais do segmento, a surpresa foi a acolhida e adesão de quase todos. Porque quase todos? Porque não havia contato anterior com alguns profissionais, que posteriormente nos foram apresentados. Dentro das atividades que envolveram os cursos, apresentações diversas, formação de monitores e professores, divulgação, aulas, coordenação, direção de arte, entre outras coisas, procuramos envolver mais pessoas, academias, bailarinos convidados, etc. Tudo isso, acontece em tempo determinado por um Plano de Trabalho previamente aprovado, por meio de Convênio, com metas a alcançar, com duração anual, que segue o ano fiscal, leis, instruções normativas, pagamentos de encargos, contrapartidas, enfim, regras. É preciso estar com toda a documentação da entidade em dia e ser declarada de Utilidade Publica. Ao findar cada ano, fecha-se a contabilidade, faz-se o relatório de cumprimento do objeto e pleiteia-se a continuidade com novo projeto. Posso dizer que 50% do tempo para executar-se um projeto, se gasta com este processo burocrático. Convém ressaltar que fomos elogiados e convidados pela Secretaria de Estado da Cultura a dar nossa contribuição aos Pontos de Cultura do Estado de São Paulo quanto aos relatórios e prestação de contas. Também fomos elogiados pelo auditor do TCE quando em visita ao Garatuja. Não adianta só conceber o projeto, mas sim ter um cuidadoso olhar na execução, acompanhando aulas, dialogando com professores, dando aulas, cuidando de materiais, resolvendo questões emergentes, fazendo a gestão dos recursos, reuniões com pais, dirigentes públicos (Prefeito, secretários de diversos setores, diretores de escolas) e profissionais parceiros. Cada ação proposta no projeto se desdobra em outro tanto de trabalho e produção. Muitas vezes tenho que ser chata, pois temos um cronograma a cumprir e o resultado do trabalho é nosso ponto de honra. A coordenação técnica e artística, somando-se à criação e elaboração do projeto, mais às aulas de dança clássica e pontas, sistema Labam, danças brasileiras, ludodança, dança educativa, congadas mirins, envolve 14 horas de trabalho diário incluindo-se sábados, domingos, feriados e períodos de recesso. Finalizo com um provérbio popular, alterado por mim, por motivos ecológicos: Depois de laçar a onça, você pode tentar alisar o couro. Élsie da Costa - maio de 2016

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A realização do projeto As Linguagens da Dança é possível graças ao convênio entre a Prefeitura da Estância de Atibaia e o Instituto de Arte e Cultura Garatuja. O Instituto de Arte e Cultura Garatuja é um espaço de pesquisa, difusão e criação artística direcionado a diferentes formas de expressão. Situa-se em Atibaia-SP sendo resultado da soma de duas experiências: a de Márcio Zago, artista plástico, e de Élsie da Costa, bailarina e pesquisadora da cultura popular. Fundado em 1983, e com ações ininterruptas, é a mais antiga iniciativa com esse perfil da Região Bragantina. Seu espaço está dividido em dois ambientes, um para as artes corporais e cênicas, e outro para as artes visuais. Ambos com caráter multiuso, abrigando salas de aula ou locais para exposições, exibições e apresentações. Tem como missão a promoção do potencial humano, tendo como meio a arte e a cultura, através de ações que priorizem a cultura brasileira, regional e local.

Professores:

Andréa Itacarambi Albergaria Christiane de Alcantara Ferreira Gomes Cláudia Aparecida Parolin Cláudio Terrana Eliane Souza Humberg Heliton José da Silva Reis Heydi Cleto Milhose Irany Sguillaro Rubbo Luciano da Costa Giradelli Magdala Duarte Mattos Porto Marcela Sguillaro Rubo Maria Cecilia Dias Arends Michele Maidame Cancherini Taya Perrone Gaspar Medeiros Thais de Paiva Magalhães Maran Vitor da Costa Zago

Ficha Técnica Dança Indiana Danças Brasileiras Isadora Dança Moderna Dança Contemporanea Pas de Deux Balé Sapateado Percussão Sapateado Balé Balé Jazz Dança do Ventre Balé Música

Escolas: EMEIF Prefeito Takao Ono, EMEF Estudante Nelson José Pedroso, EMEF Prefeito Gilberto Sant’Anna, EMEF Prof. Serafina de Lucca Cherfen, EM Educador Paulo Freire, EMEIF Eva Cordulla Hauer Vallejo, EMEIF José Aparecido Ferreira Franco, EMEIF Francisco da Silveira Bueno Monitores: Paola Reis, Flora Palmari, Thais Cristina, Alais Mulato, Marcella Prado, Chris Alcântara, Vitor Zago. Voluntárias: Letícia Pereira, Ellem Crisóstomo, Alexandrina Louvisi. Direção Artística e coordenação técnica: Élsie da Costa Direção de Arte: Marcio Zago Secretaria: Aparecida Barbosa Pimentel Diretoria: Mary Uchinaka (Presidente), Erica Yamaguchi, Andrea I. Peçanha Travassos, Marina Bueno Cardoso, Cláudio Bittencourt Fonseca Ribeiro, Gustavo M. Quintanilha. Parcerias: Secretaria de Cultura e Eventos, Secretaria de Comunicação, Secretaria de Educação, Escolas Municipais de Educação Infantil e Fundamental da Prefeitura da Estância de Atibaia. Escolas de dança: Copelia, Magdala Mattos, Sapatearte, Nucleo Nuaar.

Agradecimentos Aos pais dos participantes do projeto, Euclides Sandoval, Mayra Pinzan, aos veículos de Imprensa, a todos os funcionários da Secretaria de Cultura e Eventos, professores e funcionários das Escolas Municipais, Diretoras Vilma S. Cimino, Sandra R. Fernandes, Lucia Fumani, Leonice Silva, Keila Pavão, Liliane R. de Almeida, Jumara Massoni, Vivian Kimura, Secretário de Cultura Cleber Centtini, Diretora de Cultura Roberta E. Barsotti, Secretária de Educação Marcia Bernardes, Secretária de Comunicação Viviane Cocco, Chefe de Cerimonial Itais Dutra, Tatá Frittoli, Prefeitos Saulo Pedroso e Mario Inui.


Realização:


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