Retratodo Brasil - A Construção do Mensalão

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Carlos Alberto/SEAP DF

Reprodução

O deputado José Genoíno fala no ato de apoio a João Paulo Cunha, em Osasco, para cerca de 1000 pessoas

de José Dirceu e outras personalidades, estava a colunista social Hildegard Angel. Foi um ato emocionante. O auditório da ABI, com capacidade para 600 pessoas, estava abarrotado de gente. Por questões da segurança do prédio, cerca de 200 pessoas não puderam subir para o andar onde se realizava o ato. Angel deu um depoimento emocionante no qual misturou a história da morte de três parentes no período da ditadura militar – sua mãe, Zuzu Angel, e dois irmãos – com a defesa dos condenados no mensalão. Disse que, no julgamento militar de um de seus irmãos, quando ele já estava morto, fatos levaram a junta militar a decretar sua absolvição. Hildegard

Ato “Os erros da grande mídia e do Supremo na AP 470” em Brasilia, com a presença de cerca de 500 pessoas

rebatizou o mensalão como “mentirão”, pelo fato de, no julgamento da AP 470, o STF ter ignorado direitos elementares dos acusados e fatos básicos da história em discussão, coisas que a própria ditadura levou em conta no caso de seu irmão, pelo menos para uma absolvição póstuma. Falou no ato também, num longo depoimento, o professor de direito Adriano Pilatti, do Núcleo de Estudos Constitucionais da PUC do Rio, que destacou, inclusive, o fato de o STF pretender desafiar o Poder Legislativo ao se arvorar no direito de ter a palavra final sobre a continuidade dos mandatos dos parlamentares Valdemar Costa Neto

e que só vê seus próprios interesses. (...) Quando assisti ao julgamento da Ação Penal 470, eu, com meu passado de atriz profissional, voltei à dramaturgia e me lembrei de obras-primas, como a peça As feiticeiras de Salém, escrita por Arthur Miller. É uma alegoria ao Macartismo da caça às bruxas, encetada pela direita norte-americana contra o pensamento de esquerda”. Reprodução

JB

COMO NA CAÇA ÀS BRUXAS Hidelgard Angel é colunista social e seu público não era o da ABI: a maioria não me conhece, disse ela. Com cuidado, Angel leu um texto escrito, no qual se destaca a seguinte passagem: “Importa-me os que não conheço e não me conhecem, o grande Brasil, o que está completamente fragilizado e exposto à manipulação de uma mídia voraz, impiedosa

(PR-SP), Pedro Henry (PP-MT) João Paulo Cunha (PT-SP) e José Genoino (PT-SP), punidos como mensaleiros, mas cuja cassação, segundo a Constituição, obrigatoriamente passa pelo Congresso Nacional. O ato foi encerrado com um pronunciamento ponderado e firme de Dirceu, que fez um histórico de sua punição, relembrou os pontos principais de sua carreira política e, com o braço esquerdo erguido, conclamou os presentes “à luta”. A esta altura, final de março, estima-se que foram realizados mais de 30 atos de protesto desse tipo, de uma forma ou de outra, contra a decisão do STF.

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