Reconsiderando o odre frank viola

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mediante o consenso seja, tanto uma realidade prática como um testemunho frutífero da vida indivisível do Ungido. Neste aspecto, é muito esclarecedor o depoimento de G.H. Lang: Como alguém associado a esta igreja (a igreja Bethesda em Bristol, Inglaterra) durante os últimos sessenta anos, com muito gosto testemunho que creio firmemente que a simples obediência à direção da Palavra de Deus neste assunto, foi uma das causas principais da notavel e ininterrupta paz e harmonia que, pela bondade de Deus, caracterizou esta igreja todos estes anos. A razão não está distante. O hábito de esperar, antes de chegar a tomar uma decisão sobre qualquer passo, até que o Espírito Santo que mora em nós conduza todas as mentes a uma unidade de propósito, concede a nosso Senhor Jesus Cristo seu próprio lugar como o único Senhor e Soberano em sua Casa, mantendo-nos como irmãos em nossa condição de humildade, dependência e submissão (The Churches of God /As igrejas de Deus /).

O Abismo O abismo existente entre a moderna prática eclesial da tomada de decisões e o modelo neotestamentário, é realmente profundo. Isso nos leva a refletir e perguntar por que nos desviamos tanto. Problemas como divisão na igreja, ovelhas desviadas e lutas pelo poder clerical, nãoseriam uma consequencia direta de nossa arrogante conclusão de que achamos uma melhor forma de dirigir a casa de Deus no século XX? Em muitas igrejas institucionais, o pastor (e as vezes ‘a junta’) toma decisões de forma independente da congregação sem levar em conta os interesses e o sentido espiritual da igreja. Os membros da igreja não têm voz nem voto nos assuntos da congregação e são estimulados a procurar outro lugar se não se ‘alinham’. Mesmo assim, nas igrejas que tomam decisões por voto de maioria, aqueles que ‘perdem no voto’ acabam objetando o critério da maioria e, às vezes, a ética dos procedimentos. Além disso, matreiramente, passam por cima do fato de que as Escrituras estão cheias de exemplos onde a maioria estava equivocada. Argumentando com base em Mateus 18:18-20, Robert Banks faz a seguinte observação: Os membros da igreja recebiam direção do alto em assuntos que afetavam a vida da comunidade, principalmente quando se congregavam para discernir a vontade de Deus para eles. Recebiam essa direção do Espírito Santo mediante o exercício dos dons do conhecimento, da revelação, da sabedoria, etc. Tanto que Paulo nunca se cansa de fazer questão de que cada membro da comunidade assumisse a responsabilidade de dividir os conhecimentos particulares que porventura tivesse. Estimula todos a ‘ensinar uns aos outros’, a ‘profetizar... para que todos aprendam, e para que todos sejam exortados’, e ‘ensinando-vos e exortando-vos uns aos outros em toda sabedoria’, porque ‘seguindo na verdade e no amor’ cresceremos ‘em tudo naquele que é a cabeça, isto é, O Ungido’. Portanto, o ambiente mais característico onde a comunidade recebia direção, era quando os cristãos se congregavam para compartilhar e avaliar os dons que tinham recebido. Ali, numa variedade de formas de dons, a direção era comunicada por meio de cada um para todos, e por meio de todos para cada um (Paul’s Idea of Community /A idéia que Paulo tinha da comunidade /). Não cabe dúvida de que o consenso é custoso, porque impõe responsabilidade sobre todos os santos a procurar ao Senhor para si mesmos, e demanda que se esforcem e lutem juntos para obter a mente dEle. Com freqüência quer dizer trocar decisões apressadas por ganhar confiança mediante a dilação. Mas, oh, que edificação conjunta depara este processo para a assembléia —que lucro de paciência —que reflexo de amor e respeito mútuos —que exercício de comunidade cristã —que sujeição imposta sobre a carne —que sacrifício de levar a cruz —que morrer para nossos próprios programas! Não valeria a pena pagar este preço para cumprir o propósito do Senhor para seu Corpo e dar-lhe a oportunidade de atuar em nós mais profundamente no aspecto coletivo? Será que é tão difícil alcançar a mente do Senhor em um assunto relacionado com sua (não nossa) igreja? Porque tomar decisões apressadas que podem afetar negativamente a vida dos irmãos e deixar de refletir a vontade do Senhor? Esquecemos frequentemente que no pensar de Deus, os meios são tão importantes quanto os fins. Ao enfocar o assunto do consenso, alguns exclamam: "É prático isto? —É possível isto? —É conveniente isto?" No entanto, devemos compreender que no conceito divino estas perguntas são tão improcedentes quanto (com freqüência) irreverentes. A conveniência é um critério extremamente suspeito e perigoso, porque julga atos no âmbito espiritual. A pergunta essencial que devemos fazer não é "É conveniente isto?", mas "É bíblico isto?" Você pode estar seguro de que se o Senhor, por meio de sua Palavra, mandou-nos fazer algo, isso será tão possível quanto prático por sua graça. Em suma, os líderes da igreja neotestamentária dirigiam estimulando a universalidade de dons e ministérios na congregação, ajudando a formar uma solidariedade caseira entre os crentes, e fomentando um sentido de comunidade, coesão e unidade dentro da igreja. A liderança bíblica não é caracterizada pela habilidade de conquistar poder ou impor a vontade própria sobre outros, mas pela habilidade de unificar a igreja a fim de atingir discernimentos indivisos com respeito a assuntos críticos. Os líderes neotestamentários provêem supervisão, ensino e direção para a congregação, mas fazem isto dentro de um marco de submissão mútua e de responsabilidade fraternal (Efésios 5:21; 1 Timóteo 5:19, 20). Em geral, o Novo Testamento não sabe nada de um modo autoritário de liderança, nem de um igualitarismo sem líderes. Recusa tanto as estruturas hierárquicas, como o individualismo exacerbado. A liderança bíblica é 37


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