Jornal Maranduba News #86

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Julho 2016

Quilombola recebe professores e alunos da Universidade Federal de São Paulo

Dentro do Festival da Mata Atlântica em Ubatuba, professores e alunos da UNIFESP- Universidade Federal de São Paulo - foram recebidos pelo quilombola-caiçara Domingos Crispim do Saco das Bananas no quilombo da Caçandoca. O morador abriu as portas de sua residência para o projeto “Práticas Pedagógicas em Ecossistemas Costeiros” realizado nos primeiros dias de junho. O projeto é parte integrante de extensão universitária com alunos do curso de Ciências-Licenciatura da UNIFESP, campus Diadema. Todo trabalho refere-se ao desenvolvimento de material didático para ensino de ciências a alunos de ensino fundamental e médio, com foco em conceitos relacionados a ecossistemas costeiros - mata Atlântica, mar, costão rochoso, rios, entre outros. O projeto foi coordenado pelos professores doutores Camilo de Lellis Santos, Fábio Raposo do Amaral, Ilana Fichberg, Michelle Manfrini e Ana Paula Dornellas. Embora seja uma atividade pedagógica a equipe se deslumbrou com a beleza, a hospitalidade local e o potencial para produção de material didático-pedagógico. Um pequeno laboratório foi montado para as atividades que foram divididas em pré e pós-saída campo. Aldeia Ywyty Guaçú Após o desembarque no Rio Maranduba a equipe se dirigiu a Aldeia Ywytú Guaçú para uma conversa com o jovem professor Awa Kiririndju - Cristiano de Lima, responsável pela escola E.E.I. Profª Penha Mitãngwe Nimboea - Aldeia Renascer. Kiririndju é formado em pedagogia pela Universidade de São Paulo-USP e é conhecido por sua dedicação em resgatar a didática educacional indígena. Responsável por colaborar em

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Domingos - de pé, quilombola dedicado e concentrado na aproximação do desembarque

Cacique Awa (direita) nas boas vindas

vários trabalhos de aprendizagem e implantação pedagógica na cultura indígena, também por receber parceiros interessados que possam colaborar na manutenção e desenvolvimento de metodologias que não fujam do foco no atendimento pedagógico a sua vivencia cultural e educacional. Bem recebidos pelo cacique Awa e pelo professor Kiririndju, várias informações sobre o processo de aprendizagem indígena foi disponibilizado conforme surgiam as perguntas, o professor apresentou alguns modelos de materiais didáticos impressos e publicados além de projetos em andamento. Na realidade os especialistas fizeram uma roda de perguntas tendo em vista a tentativa de entendimento especifico no tocante ao como proceder para a capacitação de professor sobre a temática indígena na universidade. Vale lembrar que desde 1988 a Constituição Federal assegu-

Professor Kiririndju, dedicão exclusiva, modelo a ser observado

rou a nação indígena o direito à educação, inclusive diretrizes especificas da Educação Escolar Indígena. Na oportunidade o professor também apresentou o espaço físico da escola à equipe, pelo menos uma “espiadinha” discreta pode ser realizada numa aula em andamento. Ao final foram apresentados ao artesanato da aldeia que causou “certo alvoroço” na equipe tendo em vista a importância e beleza do trabalho apresentado. Na despedida os agradecimentos e a intenção de manterem-se em contato para futuras parcerias. Professores e alunos se articulam para colaborar com a equipe educacional da aldeia a fim de realizar pesquisa científica no desenvolvimento de projetos de Trabalho de Conclusão de Curso e mestrado acadêmico no programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática (PECMA-UNIFESP).

Almoço no Corcovado e Oficina no Aquário de Ubatuba

A PROMATA ofereceu um almoço típico regional no Sitio do Corcovado. Na visita uma conversa informal foi tratada sobre os trabalhos da associação, observação de aves, cultura local e um pouco de meio ambiente com gente dentro. Com o cronograma apertado após a foto oficial do encontro no sítio, a equipe se dirigiu ao Itaguá para uma atividade com alunos da E.E. Profa. Sueli Aparecida Figueira dos Santos no Aquário de Ubatuba. Ainda satisfeitos com toda comilança caiçara proporcionada pelo pela PROMATA, a equipe de professores e os alunos do curso de Ciências-Licenciatura da Unifesp instalou 3 módulos didáticos para ensinar ciências aos alunos de Ubatuba. Os projetos visam utilizar temas da costa do Estado de São Paulo para motivar, engajar e ensinar os alunos de escolas públicas de Ubatuba. Nessas oficinas os estudantes aprenderam sobre a “Física do Surf”, “Seleção Natural em Ecossistemas Costeiros” e “Sistemática com Conchinhas da Praia”. Materiais simples, conceitos elaborados e idéias inovadoras proporcionaram às crianças um momento rico de aprendizagem nas dependências do Aquário de Ubatuba, graças ao acolhimento da coordenadora de Educação, Flávia Brito. Toda experiência foi de grande

Do campo ao laboratório, mais que uma experiencia, um aprendizado pra toda vida

valia pois o Saco das Bananas é uma região pouco conhecida do ponto de vista científico e o reconhecimento por uma equipe de professores especialistas em aves, peixes e moluscos, facilita a elaboração de projetos que permite divulgação científica e conservação da biodiversidade. A partilha de experiência com as comunidades caiçaras de Ubatuba contribui para o estreitamento das relações dos sistemas educacionais da cidade com a Universidade Federal de São Paulo. Toda essa experiência somente pode ser realizada com a ajuda de parceiros que merecem os sinceros agradecimentos de toda equipe, sobretudo a PROMATA, Pizzaria Tortilhão, assessoria vereador Reginaldo de Matos, cacique Awa, professor Awa Kiririndju, Quilombo Caçandoca, Domingos Crispim, marinheiro Alex Soares, pescador Sr. Luciano, Rosalia Luiza, Marlene Amorim e Valter Pereira (Valtera).


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