Maria de Fátima Rodrigues

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Coletânea dos poemas e Crônicas publicados no Blog do CLIP entre os anos de 2009 até 2012 1


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O Rio de Piracicaba

Corre, desce, contorna: pedras, árvores, pontes, flores e aves. Seca, enche, suja, mata. Inunda casas, carrega barcos, alimenta os peixes. Aos artistas, pescadores, poetas e trovadores... acata. E, “no seu serpentear...” assim escreveu nobre escritor José de Alencar: “...parece desenhar um til”. Serpenteia, serpenteia nosso rio...

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Perdas Necessárias “Em meu voo incansável aprendi muitas coisas, e quando minhas asas fraquejaram, pousei nas montanhas, criando forças para novamente voar!” (filosofia budista) Existe um momento em nossas vidas em que acredito eu, tenhamos de imitar as águias. Elas precisam trocar seus bicos já arqueados pelo tempo, pois não conseguem prender uma presa, precisam trocar suas unhas, porque já muito compridas, não conseguem segurar a caça, e suas penas velhas e pesadas, pois não conseguem alçar voo. Têm a sabedoria de isolarem-se no alto de uma pedreira, e sentindo dor e fome, começam a bater os bicos nas pedras até que eles caiam e sejam substituídos por bicos novos, leves e fortes; depois passam a arrancar as unhas para que venham novas e afiadas, e exaustas, porém não podem se entregar, ainda têm que arrancar as penas, para que novas plumagens venham cobrir seus corpos. Então, só assim estarão prontas para continuarem a viver, talvez mais vinte anos!! Nós não podemos mudar nada em nossos corpos, pelo menos que estejam de acordo com a Natureza, pois, mesmo fazendo plásticas isso não adianta em nada. É claro que fazer correções melhora um pouco o aspecto, mas não nasce nada novo. O pior é que, nesse processo de envelhecimento, as maiorias das pessoas estacionam também seus pensamentos. Como se o corpo pudesse inibir o espírito, a alma, ou até a mente. Não, nossa mente pode reverter isso. Acredito que todas as perdas que vão aparecendo no decorrer de nossas vidas são NECESSÁRIAS. Nós não as aceitamos plenamente, não queremos acreditar, e muitas vezes nem é a perda da juventude, da energia, e da elasticidade do corpo, mas da importância que tínhamos para as pessoas, do status na sociedade, do poder, do discernimento para resolver problemas. Muitas pessoas não querem nem aposentar, eu acho isso um absurdo, mas conheço muitas pessoas assim. Bom, é claro, que muitas querem continuar trabalhando porque se não o fizerem, o valor que passariam a ganhar em suas aposentadorias seria muito pouco em relação à qualidade 3


Maria de Fátima Rodrigues de vida que possuem. Mas, mesmo neste caso, a vida também é sábia, porque em inúmeros casos essa pessoa era provedora de outras que se aproveitavam de sua generosidade, mas como não poderão mais disso usufruir, se afastam, e isso é bom, daí haverá uma verdadeira seleção natural de pessoas que viviam ao redor. Em muitos casos a revolta é consigo mesmo, por não viajarem mais vezes como antes, comprar roupas mais caras, enfim limites não só físicos, mas financeiros também. A não aceitação aos limites fará com que uma pessoa inevitavelmente procure a espiritualidade, seja como for, dependendo de seu grau de instrução. Mas, como dizem os conselheiros espirituais, a aceitação dessa realidade de uma forma serena só fará bem, pois o caminho de “volta” exigirá de nós muito mais do que o de “chegada”. Quando “chegamos” (nascemos), tivemos que nos adaptar aos limites do corpo, às regras sociais, estudar, trabalhar para comer, ter um teto. Lutarmos pela sobrevivência, e o que aprendemos a ganhar, teremos que aprender a perder... Assim como tivemos que aprender a nos apegar ao material para o bem viver, teremos que começar a nos desapegar novamente !! E para isso, nada melhor do que a sutil linguagem “criptográfica” que se chama Leis da Natureza, visto que o corpo, as fortunas e os bens, não poderemos levar conosco. Então, quaisquer que sejam as perdas que estivermos dando tanto valor no momento, podemos vê-las como o início da transformação para um Novo Ciclo! Portanto, por que não criarmos novos hábitos, de acordo com nossa realidade? Podemos tentar afastar medos, aprender coisas novas, mudar conceitos, e quem sabe, aqueles mais corajosos, darem um novo rumo à suas vidas, um novo sentido. Assim, mesmo que tenhamos que sofrer um pouco para, assim como as águias que sofrem muita dor por mais ou menos uns seis meses trocando seus bicos, as unhas e as penas para viverem bem por mais vinte anos, podemos mudar o que for necessário, para também vivermos bem ainda neste mundo por mais uns vinte anos!! É assim que compreendo o porquê da necessidade dos desapegos... será mais fácil, pois quando estivermos em outra dimensão não sofrermos tanto, e seguirmos em frente rumo à plenitude...

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Profecias Revelastes o que será, Senhora de Fátima. E o que já está... Fostes enfática. Proclamastes a bondade, sem restrição. Já caiu a grande Nação, não tem volta, a verdade ressoa: a paz só estará presente no coração. Quem viver verá!

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Solidão ... é tudo que tens. Porque só fazes o quer, o que lhe convém. Continua, vá em frente. Eu paro por aqui, ao meu coração, também sei dizer não.

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O véio Vinicius O véio Vinicius era um enigma, que eu nunca consegui decifrar, nem aos vinte, nem aos trinta, e, nem aos quarenta anos de idade... Vamos falar o que é verdade! Era liso como quiabo, quando queria esconder algo... Dona Irene sabia, só que não falava nada. E nem que jurasse por Deus... ...rs, ah, se pudesse contar tudo, o diabo! O paizão tinha um coração danado de bão. Protegia sua prole como ninguém, e procurava compreender nossos erros e defeitos, mesmo que não dissesse... amém! Seu apelido “chumbão”, tinha sua razão de ser... Era muito forte e corajoso, só que nem um tapinha, Dona Irene deixava-o nos dar... Dizia que iria nos desmontar! Seu vozeirão assustava, Quando ficava bravo, então! Mas... era tão carinhoso, porque só seu abraço gostoso, quando eu estava muito triste, me fazia parar de chorar. Ah... meu “véio”, quanta saudade do teu sereno olhar! Às vezes gostaria, mesmo em sonhos, ... te ouvir cantar!

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Piracicaba É tão triste ficar longe de um lugar... e, não ter como voltar! Nunca poderia imaginar que gostasse tanto deste lugar. Apenas uma cidade, saudade, que não tem tamanho! É tão estranho. “Piracicaba que te adoro tanto, cheia de flores, cheia de encantos!” ... compreendo agora a “grande dor que sente um filho ausente!” E, nem que eu tente, sei que longe não conseguirei ficar... Tenho paciência, sei esperar... Não sei quando, mas vai ser tudo tão diferente, quando eu voltar!

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Dezenove de Julho O vazio é incolor tua ausência insípida a saudade inodora. qual a chuva lá fora a lágrima que brota e cai devagarzinho neste papel e molha ... Não pude te levar flores hoje... Acordei, estava tão frio. Acendi uma velinha lembrei de uma canção e ... cantei, cantei como oração! Não quero tocar na dor, só lembrar de você, sem sofrer, com amor. Ajuda-me, choro ... Tá bom, tá bom... vou lembrar “Deus sabe onde eu moro!”

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Efêmero Tudo passa... a alegria, o medo, a tristeza, tua companhia. O conhecimento, quando... embaralha nossos neurônios, o tempo. A beleza do corpo, do rosto, das mãos. Fica velha a casa, os valores. Percebemos muitos defeitos, em nós, nos outros... Levamos em conta, cada vez menos... fatores. Tudo é efêmero. Em número, grau e gênero.

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A busca Refleti por um instante, nesta tua interminável busca... Há algo de bizarro, mas, intrigante! Pensei que só as mulheres sonhavam com príncipes! E vou contar-lhe dois segredos: no enredo destas histórias de fantasia... Falar algum dia os nomes dos príncipes de: Rapunzel, Cinderela e Branca de Neve alguém saberia?. Meu amigo poeta, o segundo é ainda mais interessante: para nós mulheres sejam as amadas, sejam as amantes, nunca o primeiro... mas o último homem, é o mais importante!

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Tardio Amor Quero um caminho... posso mudar o destino? Tento desvendar o futuro, persigo-o nas tendas da sorte! ... ele me avisa, não pense na morte. Tem alguém te esperando, virá ao teu encontro... é o momento. Nada tenha a temer, tudo, tudo nesta vida, só acontece, quando tem que acontecer!

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Promessa (para minha mãe) Paz... traduz o teu nome Saudade... sentimento perene. Não gosto do jaz... porque lá não estás! Aceito só o que traz tua lembrança querida. Fecho os olhos... tento lembrar como era o teu jardim: lírios, rosas, margaridas, azaleias e hortênsias, tuas preferidas. Elevo meu pensamento, caminho no solo do tempo, me envolvo com o lamento. Obrigada por tudo, desculpa-me pelos nadas. Vou crescer... eu te prometo!

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O Fruto Que sonhos são esses tão improváveis impossíveis atormentáveis... Quais invisíveis grades, não serão derrubadas se o sensível poeta meditar sobre as Grandes Verdades. Tudo é ritmo... deixemo-nos conduzir até que o movimento nos indique o próximo passo a seguir. A que liberdade se refere? Conheço apenas uma: liberdade Interior. E essa jamais pode sufocar seu “amo” e senhor. Não lamente o atraso, quando as flores já não têm cheiro... é que o fruto está despontando, e será VOCÊ que o colherá primeiro.

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Eu temo Não temo a morte, mas... a má sorte, a dor. Não temo a escuridão, mas... a solidão, e de nunca mais ver meu grande amor. Não temo a verdade, mas... à indiferença, a maldade. Não temo perder os meus... amigos, família. Eu temo a Deus!

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HAICAIs ... lá se foi o passado. Não sobrou nem sentimentos. Não lamento.

As mágoas passarão, a vida me diz, o que me espera, será apenas do passado o que fiz. Esquecerei sim, todos aqueles que a mim fizeram mal. É natural. Meu olhos, entenderam teu olhar, não é preciso nada me falar.

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Não existe ... dia antes que a noite termine! Que o sol brilhe novamente, depois da chuva... Se entreabram os frutos, e caiam as novas sementes. Felicidade, antes que, aquilo que pensávamos ser a verdade... desmorone, “caia a cortina” da ilusão... E possamos ver com o coração! Não existe verdade, que não seja acompanhada de dor, mas... tem seu antídoto: O AMOR!

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Aquecimento Global Lindo planeta azul! Um SER equilibrado, com tudo em seu lugar. Assim foi criado. Nas flores a beleza, nos frutos o sabor, no ventre riquezas: ouro, prata, turquesa e muito mais. Inclinado em seu eixo, para poder melhor girar, assim receber todos os dias, o calor do Sol e a luz do luar! Os rios... suas veias, percorrem todo seu corpo, e desembocam em seu coração: o mar! Assim respira, nas idas e vindas das marés... alguém já parou para nisso pensar? Ora, quer lá saber o Homem disso tudo... não sabe que também é uma criatura... e menor, muito menor, a habitar neste mundo Maior. Está perdendo seu sono, mesmo sabendo que dia a dia destruindo a camada de ozônio, o Sol não vai se importar, e por estes buracos irá aquecer.. desgelar, e o e eixo desequilibrar! Ao Homem foi dado o livre arbítrio, a Onipresença, mas trata seu habitat com desdém!! Assim está provocando sua própria destruição, com este ato vil, mortífero e imoral... o AQUECIMENTO GLOBAL!

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POEMINHAS A senha de meu coração, onde está? Sei não.

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Meu anjo da guarda Ele não sabe, se fez uma boa escolha. Não poderia imaginar que aquela fofura, seria tão infernal! Às vezes tem que sair às pressas... esquece até as asas, não acha graça, quando tem que correr. Está de mal comigo, nem ligo. Eu não queria ser terráquea, penso que nasci aqui por engano, Vênus deveria ser o meu plano. Mas... deixe, ele volta, de asas retorcidas, me segura pelos cabelos, e repete o refrão: - “Ô meu Deus, levanta já daí, está tão frio esse chão!! “

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A Receita Mente vazia. Espere o melhor deste dia. Faça as pazes com Deus. O presente é tudo que tens... o passado se desfez, e o futuro tu sabes se vem? A Lei te protege, se pensa, fala e faz só o bem. Não tenhas medo. é etéreo, nele nada contém! Hoje faça planos e plante sonhos. O bem e o mal, é como o açúcar e o sal... Faça teu tempero, ele é pessoal. Se errar na dose... rs, babau...

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O Copo Faz parte do momento e do acontecimento ... Início de história de quem busca conhecimento e traz consigo o símbolo da vida! Fluido que sacia a sede do corpo, será capaz de saciar a sede da alma. Fica na lembrança uma verdade: os poetas nunca matam a sede da esperança !

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Minha avó morreu Existem muitas desculpas “de praxe”, que as pessoas utilizam para justificar o atraso, ou até mesmo a ausência de algum compromisso importante: “- Meu carro enguiçou” - geralmente atrasos no trabalho. “- Peguei uma gripe horrível” - isso quando a pessoa encontrou outro programa mais interessante para fazer. Mas... Quando alguém diz: “- Minha avó morreu!” Todos ficam te olhando como se fosse a pessoa mais mentirosa do mundo! É verdade. Podem experimentar. Isso acontece, porque essa desculpa é a preferida dos realmente mentirosos. Funciona mais ou menos assim: - Minha avó morreu! - Mas, como, por que não avisou? - Ah, coitadinha morava a 500 km daqui. Saí correndo, não lembrei! (hoje em dia acrescento: meu celular estava sem crédito ou estou sem celular..rs) Existem pessoas que já “mataram” suas avós umas cinco ou seis vezes. Se estiverem vivas, nem ficam sabendo, e se já morreram, devem perdoar (onde quer que estejam), e acho até que se sentem úteis para seus netos, mesmo em outra dimensão, né? No entanto... Quando você não puder ir a um compromisso muito importante porque REALMENTE sua avó morreu? O que acontecerá? Acreditarão em você? Pois eu lhes digo: NÃO ACREDITARÃO! Isso aconteceu comigo há muitos anos, e essa pessoa não acreditou e até hoje, tenho certeza, não acredita, ou... se ler esta crônica irá acreditar AGORA, com certeza! ... Eu tinha 16 anos, e estudava no IEE “Sud Mennucci” -2º Colegial. Estudava à noite, e morava na Usina Monte Alegre, que ficava há uns 12 km do colégio; Éramos três amigas: Sônia, Rosana e eu. Aquele ano, a Soninha não estava na mesma classe que a nossa (Rosana e eu), mas ficava em frente. Daí me interessei por um rapaz da classe dela. Ele era inteligente e bem humorado, 23


Maria de Fátima Rodrigues chamava-se Eduardo. Mas... nós éramos tímidos. Mas havia a “torcida” dos amigos dele: o Osmair e o Jura. Ficávamos só na paquera...rs, e foi assim o ano todo, até que em setembro uma amiga nossa, que também morava na Usina, iria fazer uma “brincadeira dançante”. Naquela época chamávamos assim as festinhas em casa, onde os pais só podiam “aparecer” para trazer mais salgadinhos e refrigerantes, é... as “coisas” não mudaram muito de lá para cá!. Na festa, poderíamos convidar alguns amigos do nosso Colégio. Taí, pensamos... Uma ótima oportunidade para acertarmos “os pontos”. E lá veio a Sôninha: “- Fá, os meninos irão e... Acho que o Eduardo “vai pedir namoro” para você!” Fiquei eufórica... Então, chegou o grande dia: 12 de outubro de 1974, era um sábado. Logo de manhã, o telefone tocou em casa: vovó Dina (Adelina) havia MORRIDO. Meus tios a haviam levado para São Paulo fazer um tratamento e... acabou morrendo lá mesmo. Estava bem velhinha, e tinha o que hoje as pessoas chamam de “Alzheimer”. É, preciso me preocupar, pois a mamãe também morreu desta mesma doença em 2005. Bom EU, e... toda família Santini ou Bragion, né gente? rsrs. E... foi aquela correria, nada diferente de quando morre alguém da família... Quando chegou à tarde, a Rosana telefonou perguntando se eu estava preparada para a festa. - “O que?” - respondi. - “A brincadeira dançante, tinha esquecido” - e contei que minha avó havia morrido, e que infelizmente eu não poderia ir. E lá fui eu avisar a Sônia: - “Sô, minha avó Dina morreu” - “Morreu? Mas como! E agora?” – disse ela. - “Agora, estou indo ao velório na “cidade”, e amanhã será o enterro, vou passar a noite lá. Por favor, você explica para o Eduardo o que aconteceu, ele entenderá, é claro.” - “Tudo bem, mas que vai ficar chato,vai...” - disse ela. Assim foi... À noite fiquei no velório (Cemitério da Saudade), de manhã foi o enterro. A tarde liguei para a Sônia: - “Fá, a festa para nós (os amigos do Sud), foi uma catástrofe. O Eduardo ficou uma “fera”. Não comeu nada, só bebeu, ficou num canto sozinho e... NÃO ACREDITOU! Disse que esta foi uma desculpa ridícula, e que você o enganou e lhe deu o maior 24


Maria de Fátima Rodrigues “fora!”. O Jura e o Osmair fizeram de tudo para consolá-lo, mas não houve jeito; foram embora cedo, os três. Eu não acreditava no que estava ouvindo. Na segunda-eira ele nem olhou para mim. Daí... o que fazer? Nada né... Depois de muitos anos, eu estava trabalhando no escritório da Usina mesmo, e nos encontramos novamente, pois ele havia se tornado técnico de uma Empresa, e foi instalar uma máquina lá. Hoje, acho que é advogado. - “Oi Fátima, tudo bem?” - disse ele. - “Tudo bem.” - respondi, e comentei sobre o “assunto”. - “Ah não! Pelo amor de Deus, não acreditei e nunca acreditarei, vamos esquecer sua avó, certo?” Então, achei melhor esquecer mesmo. Com essa história, aprendi a primeiro acreditar na justificativa das pessoas, mesmo que às vezes pareça meio absurda e questionável, para depois verificar os fundamentos. Tendemos sempre a achar que a mentira é mais detectável que a verdade... Mas acredito que não só as pequenas, mas as GRANDES VERDADES nos parecem inicialmente absurdas... Assim o digam os: filósofos, ufólogos e alquimistas, não é? Portanto, se algum dia, alguém me disser: - “Minha avó morreu!” – para justificar a ausência de um compromisso... ... “O MUNDO pode não acreditar, mas eu acreditarei” (inicialmente... É claro)

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Desarmada Não desanimo Ante as dificuldades. Nelas... afio a espada! Minha aura flamejante, ígnea, defende-me. É meu abrigo das flechas do inimigo. Intensa é a batalha, essa do desapego, da vaidade. Sussurra-me o ego: convoca a humildade, e... mais nada!

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Ironia Não importa que decisão solução, escolha, você tome, nas encruzilhadas da vida... Ao final, pensando bem, assim do nada, perceberá algo estranho... Pensará um pouco... talvez ...tenha colocado um ponto, que ainda poderia ser uma virgula?! Mas... sempre, sempre achará que foi a errada!

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Tumultos internos .... Ataques

Filosofias, pensamentos, auto-ajuda, tudo isso parece-nos ter sido em vão. Sentimos que nossa maior derrota é não conseguir mais adaptar-nos em qualquer lugar, a qualquer pessoa. Talvez seja este o motivo pelo qual, eu particularmente, gosto de lembrar-me do passado, mas... ledo engano, percebi que já era assim no passado! É que quando somos crianças ou adolescentes não nos auto-analisamos e por isso não sabemos, e estamos pouco nos importando com isso!! No entanto, na maturidade. Ah! “Essa passagem do meio” nos coloca no centro de um furacão dos tumultos internos e não temos saída. Nossa fragilidade aflora, e não importa o nome que dermos: depressão, solidão (mesmo que estejamos cercados de muita gente), insatisfação, dúvidas a respeito do livre arbítrio; será que somos nós mesmos que escolhemos nosso destino? Será que “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley não era ficção científica... rs. A maturidade nos conduz aos tumultos internos e consequentemente aos ataques externos, porque estar frágil é como a curva de um rio... de tudo para ali! Para as pessoas que ultrapassaram essa “passagem do meio” estão mais serenas, dependendo de cada tipo de personalidade, é claro, pois existem aquelas que não ficaram em pé, depois do furacão... foram arrastadas, ou não conseguiram encontrar o caminho de volta, o que é lamentável. Porque não é fácil atravessar esse “estado de sítio interior”, sem frescuras, lamentações e tristeza... nem fazer promessas, o caminho de São Thiago de Compostela (deve ser um ótima experiência, mas...). Pode pedir para o mundo parar que quer descer... ele não para!!

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Maria de Fátima Rodrigues Nós temos que entender e assumir o quanto do que nos aconteceu... influenciou nossas decisões, desacertos, mal entendidos, fatalidades que não conseguimos superar. Não podemos continuar a SER o que nos aconteceu. Temos que tomar difíceis decisões sozinhas, frear o furacão dos tumultos internos, defender-nos dos ataques externos, adaptarmos a outros lugares, à pessoas diferentes.... Aos que estão no “meio do furacão”, a caminho da maturidade um conselho... através do pensamento de James Hollis, em seu livro “A Passagem do Meio”: “... eu NÃO SOU o que me aconteceu, EU SOU o que escolhi tornar-me! Quando pudermos ousar viver os desafios da Vida e alcançarmos a individualidade... podemos nos transformar em estranhos para os outros, para aqueles que julgavam nos conhecer, mas pelo menos não mais seremos ESTRANHOS PARA NÓS MESMOS!”

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Ilusão

A paixão pela Liberdade nos leva ao encontro de multidões... A paixão pela Verdade nos condena à solidão... Fiquemos com a ilusão!

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Realidade

O tempo arrasta-se. E eu espero. A vida passa. diante de meus olhos assustados E ainda assim... te espero. Tantos sonhos, Anseios... Daí a realidade chega, não aceito, não quero. A noite vai, o sol vem, Então percebo que faço... o que realmente todos nós aqui viemos fazer ...apenas VIVER.

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Silêncio

Não temos muito que conversar. Preciso te ouvir... E... mesmo não tendo nada a dizer, ouvirei teu silêncio. Então... ele dirá mais, muito mais, do que eu deveria saber.

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Tempo

Agora o tempo, a resgatar o talento, que as idas e vindas da vida ondularam, atrasaram o momento. Este é o lugar. Jogarei uma semente. Tempo de plantar na terra fértil da mente. Tempo... Ah! Esse tempo que passou como o vento, eu quase não senti! Tempo de produzir, perseguir sonhos, insistir, criar... acontecimentos.

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Tarot Espero tua volta. Assim pediram os deuses, senhores etéreos de todos os mistérios. Pediram em linguagem sutil, com símbolos de reis e magos, rainhas e cavaleiros. E eu, ingênua, pueril, percorro estranho caminho, como vestal: a dominar a terra, o fogo, a água ... o ar. É o destino: traduzem essas figuras vibrantes, quem sabe me achem hilariantes! Mas ... não consigo desistir, nem deixar de te esperar.

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Esperar Nada mais interessante que esperar: a chegada das estações, dos invernos, dos verões ... Esperar a volta das emoções, por novas situações, pelo crescimento da planta, do bebê, esperar por você. Os reais acontecimentos são efêmeros, a espera é eterna, singular. Esperar pelo Grande Avatar, pela força, pelo poder, dizem os sábios : “só depende do querer”. Esperar pela chuva na seca, pelo sol na enchente, pela felicidade da gente. Esperar a flor desabrochar, o dia clarear. Podemos antecipar momentos quando o desenrolar dos acontecimentos, nos faz fantasiar? Esperar, esperar sempre, até chegar a hora. E depois que passar, esperar o próximo evento, até que um dia se perca a noção do tempo... Descobrir que se é parte integrante de um Todo Resplandecente, e nesta descoberta, desejar uma nova dimensão. E depois ainda, descobrir que Deus nos responde, qual o segredo de Tudo: é só ouvir o bater, 35


Maria de Fátima Rodrigues sentir o ritmo do próprio coração !

Alquimia do destino

É difícil olhar para o espelho de nosso pensamento reflexivo e nele ver nossas mais íntimas emoções expostas! Criamos nossos próprios infernos e sabemos que estamos sofrendo as conseqüências. No entanto, acredito que se tomarmos consciência de nossa própria arrogância mental, de nossa intolerância emocional, podemos encontrar nossas raízes sagradas... Existe um tempo em que chegamos a um impasse: sabemos exatamente o que plantamos, portanto também sabemos o que iremos colher... E daí? Como conter a força do destino, que, como escreveu Pietro Ubaldi: “... nosso destino não passa de um campo de forças, em cujo centro está o EU. Nossas obras (atitudes e escolhas) nos acompanham, e num dado momento tornam-se VIVAS, como se fossem criaturas que nós moldamos, é a nêmese da Vida... causa e efeito!” Como podemos nos defender do inimigo que está dentro de nós mesmos e queremos eliminar agora? Cheguei à conclusão de que devemos continuar a olhar no espelho reflexivo de nós mesmos e alcançarmos o êxtase da emoção, que é a compreensão de nossos sentimentos, os motivos que nos levaram a determinados atos e escolhas no passado, e isto não é auto-terapia, pois através dela fazemos perguntas e na reflexão temos as respostas ou prováveis soluções. Mas, este êxtase NÃO conterá o destino presente, porque os efeitos de nossas escolhas do passado apenas cessarão quando toda essa auto-energia por elas geradas for esgotada!! Acredito sim existir uma relevante solução ou talvez a única solução, para atravessarmos este “campo minado” que se tornou nosso destino presente: a SUBLIMAÇÃO! A sublimação é um sacrifício que só poderá vir de nosso Divino Interior, de nossa raiz sagrada. Sublimar é transcender, e a transcendência é irrestrita, fecunda e imparcial... O ato de sublimar os sofrimentos presentes pode ser o antídoto para as mágoas, a ponte que nos conduzirá ao perdão, e nos 36


Maria de Fátima Rodrigues proporcionará o incentivo para plantarmos no PRESENTE, e em terras férteis boas sementes de atos e escolhas que começarão a germinar e florescerão no destino do FUTURO! Assim colheremos alegrias e realizações. Então... a harmonia e a paz se farão PRESENTES! “Nada é imóvel no acontecer dos fatos, TUDO tende ao equilíbrio!” (I CHING – oráculo chinês das mutações)

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Maria de Fátima Rodrigues Irmão Sol Adolescente, criativo... Astuto, carente. Teve alegrias e dores em sua jornada. E nos tortuosos caminhos procurou uma estrada... Poderia Ser o que quisesse: engenheiro eficiente, piloto tenaz, músico brilhante, e um vendedor convincente ... Mas, o que se passava em sua mente? Descrente, ansioso, ainda assim bondoso. Pai orgulhoso de seus filhos, de tudo o que plantou acha que eles... as melhores sementes. Um dia ficou sem chão, sem coragem, sem coração . ...uma luz surgiu, quando a alma do poeta se fez presente. Lenta, discreta, depois forte, ardente! O Tudo era só a outra face do Nada! entendeu sua missão, obedeceu seu Eu Maior, sem dúvidas, sem aflição. Hoje, enfrenta a vida como um leão, Emana luz e amor, e feliz quando ao entrar na sala de aulas, ouve esses jovens ansiosos, ainda descrentes, solitários,... carentes: - “BOM DIA PROFESSOR!” 38


Maria de Fátima Rodrigues Nascer

Procura-se...um espírito, para um Ser que tem como morada um ventre uterino, onde a vida é limitada por um corpo de mulher. Um espírito, para um pequeno corpo, que não conhece a dor nem o ódio, não sabe o que é perfeito ou imperfeito, apenas seu mundo... Submerso na água viva que o alimenta... protege, e navega lentamente acompanha o ritmo consciente. É chegado o momento, sua placenta já não resiste, é preciso perpetuar a raça... a natureza insiste. Onde está o espírito? Ah! Ali... a réplica imaterial une-se ao pequeno Ser na sala do mundo material, é tão natural.

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Maria de Fátima Rodrigues Senhores da Paz Almas de poetas assim serão os Seres de Nova Era. Nobre planeta azul o que te espera? Sabes por que ainda tens luz? são os poetas... senhores da PAZ que lhe emprestam a calma, a alma, o AMOR. E nesta hora eles podem ajudar compreendem melhor ... a dor.

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Maria de Fátima Rodrigues Depende de mim No presente estou triste. No passado fiz tudo errado. No presente, ansiosa. Do passado somente provas. No presente, preocupada. Do passado mágoas. No presente, esperança. O passado será enterrado. O futuro? É só uma criança.

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Maria de Fátima Rodrigues O Encontro

Obrigada pela atitude decidida, o sacrifício da vinda... minha alegria na espera, e o encontro sempre tão mágico. Por colher as amoras maduras, a compreensão do “pequeno desencontro”, sem censuras... Pelos beijos sinceros, os abraços apertados, a massagem em meus pés, pela brincadeira de “caçar” teus lábios. Os desejos, os receios, e... a ternura do teu olhar. Até algum dia amor... quando for o MOMENTO, quando tudo for fácil, simples. Quando EU for a pessoa, e houver só para nós... um LUGAR.

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Maria de Fátima Rodrigues Eu sou a primavera

... então, quero fazer você sorrir, com a beleza das hortênsias de meu jardim. Com a graça das margaridas brotando dentro de mim, a pureza das rosinhas brancas em pencas... saltando lá no cantinho do meu amor por você... sem fim. Então, quero ressuscitar teu coração, que pensa estar morto! Colorir tua alma, com o arco-íris que tudo acalma... depois da chuva torrencial. Quero vê-lo livre, leve e solto como aquele passarinho que SABE em que flor deve parar... para beijar ! Eu sou a Primavera? Então ACORDE para beijá-la, sentir seu perfume... sem ciúmes. Esqueça os “verões” de outras paixões, dos “outonos” que mataram seus sonhos... Dos “invernos” daqueles caminhos tortuosos e incertos. Eu sou a Primavera? Você é o oásis no meio de meu deserto, que sempre está longe de corpo, Mas... no pensamento, eu o deixo tão perto!!

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Maria de Fátima Rodrigues Descortino

“... existe uma menina em mim que se recusa a morrer!” (Anne Frank) Quando Anne escreveu isto em seu diário, na verdade era ainda uma menina, no entanto, foi exatamente esta frase que me emocionou, como se a cortina de um palco fosse descerrada antes dos atores estarem a postos, nem preparados e até alguns deles desnudos. Senti um “frio na barriga”, como costumamos dizer para exprimir uma emoção inesperada... Comecei a chorar... lágrimas quentes, abundantes e as deixei fluir até se esgotarem. Quando secaram, lavei o rosto, porque a alma já estava lavada! Era isso... existe uma menina EM MIM que se recusa a morrer também, a amadurecer a se tornar uma mulher! Um amigo sempre me diz “este teu jeito de menina...”. Nunca levei a sério, sempre achei que era brincadeira, mas NÃO É. Nada é mais assustador do que olhar no espelho de nossa vida e desvendar nossos defeitos, falhas, incertezas e fraquezas, encobertas com uma fina camada de teorias filosóficas, e autocontroles emocionais. Existe uma MENINA em mim que se recusava a morrer, porque descobriu que na vida tem “gente grande”... e com elas, falsidades, hipocrisias e indiferenças. Essa menina quer crescer agora... Precisa morrer para se tornar uma mulher madura, mesmo que para isto tenha que romper a fina camada de teorias filosóficas... Sem defesas imaginárias e utópicas, mas concretas e prudentes. Nada é superior a Força da Mente, e a consciência do Divino em nosso Interior! A menina se vai, tem que ir... Não pode mais ficar à margem do oceano de pessoas, como uma sereia... rs, mas mergulhar e chegar no fundo e depois emergir em alto mar! Esta mulher tem que aprender a nadar em águas mansas ou turbulentas! 44


Maria de Fátima Rodrigues Nunca mais amar sem ser amada, nunca mais visitar sem ser convidada, não se magoar se for rejeitada, muito menos ferida se for esquecida. Amigos não são perfeitos, e nem para sempre, amores mudam tanto, ficam diferentes. E o que dizer de parentes indiferentes? rs. A hipocrisia existe, mesmo nos mais generosos corações! Crescer é doloroso... e esta menina vai sofrer, porque vai doer! Mas é assim que tem que SER!

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Maria de Fátima Rodrigues

“Seo” Vinicius

(para o papai, que já está em Outro lugar)

Queria tanto ouvir tua voz, sentir segurança. Mesmo que estivesses dormindo no sofá. Como antes... quando eu era criança. Nem ligaria mais, se ficasse bravo, se eu falasse muito ao telefone, acharia graça. Dizem as pessoas: “Nesta vida, tudo passa.” Não é verdade, a saudade rechaça... nos leva ao passado. Tão rápido, com apenas um pensamento, estou lá dentro, em casa, e num piscar de olhos, te vejo sorrindo, cantando velhas canções, contando histórias, piadas de “macaco véio”, mentindo, que daquela marca não tinha o macarrão. A mamãe desconfiava, sabia, era só porque não estava na promoção ... Queria tanto dizer, que foi o pai mais querido do mundo, e nem ligo, quando dizem, que por você fui mimada, acho que, quem não teve um pai maravilhoso, nesta vida, não teve “chão”, não teve exemplo, não teve NADA! E o Senhor a ouviu Minha irmã Graça ficou atônita quando Dr. Sérgio Bruno, meu oncologista deu o diagnóstico, baixando o tom de voz ... até que a última palavra quase não conseguiu pronunciar: -“Carcinoma ductal infiltrante, pouco diferenciado de BloomRichardson ... na, na mama direita e será preciso fazer mastectomia radical, quimioterapias e radioterapias?”. Silenciei: a voz, a mente e a alma. Enquanto conversavam sobre os detalhes do tratamento ... iniciei a CONTAGEM REGRESSIVA! Pensei – eu vou morrer. Nem medo, nem tristeza, só uma estranha sensação de culpa ... só tenho quarenta e quatro anos e, nem tão bem vividos assim! Não tive filhos (bem que tentei), nem escrevi um livro e ... não lembro deter plantado uma árvore. Passou em minha mente um amigo de infância – o Renato Agostinho, depois outro amigo mais 46


Maria de Fátima Rodrigues velho, quarenta e dois anos – o Luiz Salvador, que tiveram câncer e morreram dois meses depois ... Minha irmã ouviu atentamente as explicações do médico com calma, mas ... quando entramos no carro, explodiu: -“SENHOR, não fará isso comigo novamente ... Já perdi uma irmã com apenas vinte e seis anos de idade, e tragicamente! Agora NÃO, outra vez, não! Está me ouvindo Senhor? Está me ouvindo?”. Comecei a rir. Minha família sempre teve muito senso de humor, principalmente o papai, o “veio” Vinicius; apenas a mamãe era mais séria... também, alguém tinha que ter juízo nesta família! -“Mara, eu é que estou doente, e terei que enfrentar um “belo” tratamento... afinal, não são todos os dias que são encontrados um “carcinoma ductal de Bloom-Richardson num seio, né? E o SENHOR está fazendo algo para você?”. -“Não seja irônica Fá. Você NÃO VAI morrer. Não SE ATREVA!” Tentei convence-la de que talvez a trajetória não seria tão difícil, afinal o mundo em que vivemos não era lá GRANDE COISA! Mas, ela esta muito triste e com raiva, e eu sabia que não iria chorar perto de mim, no entanto, quando estivesse sozinha iria desabar ... Do trajeto até minha casa, ficamos em silêncio. Nem imaginei o que se passava pela sua mente... mas, na minha TUDO: família, amigos, um grande amor, momentos felizes, infelizes, mágoas, frustrações, muitas realizações. Percebi que a sensação era de euforia. Afinal, eu não iria deixar NADA neste planeta por terminar... nenhuma missão sem cumprir, pelos menos as que me foram entregues “de bandeja”, nenhum filho pra ninguém terminar de criar, nem dúvidas, nem dívidas! Por que deveria ficar triste? Apenas o sofrimento que causaria aos meus pais... mas logo esqueceriam. Nunca imaginei que minha reação, diante da morte iminente seria essa. Senti alívio... e iria fazer uma longa viagem, não precisarei levar nada! Eu detesto arrumar malas mesmo, sempre levo coisas demais! Aliás, nem meu CORPO levarei...viche. Bom, já decidi, viverei um dia de cada vez, meus últimos meses, com paciência, calma e alegria. Que venham quimioterapias, radioterapias, cirurgias ... a viagem JÁ FOI MARCADA, e, sem passagem de volta. 47


Maria de Fátima Rodrigues -“SENHOR – pensei (dirigindo-me ao mesmo Senhor que minha irmã estava, digamos, tendo uma pequena divergência.... Eu estou pronta e irei em paz, pois acredito na VIDA após a vida (terrena), e depois, sei que para onde quer que eu vá, farei o melhor que puder. Sempre fiz aqui, por que não faria aí?” E assim, já se passaram cinco anos. Fiz as quimios, radioterapias e cirurgias. O papai morreu, a mamãe também e... não fui! O SENHOR desmarcou a viagem ... ouviu minha irmã! Depois de tudo isso, plantei FLORES, já muito tarde para ter um FILHO, mas... ainda posso escrever um LIVRO! -“Esta me ouvindo SENHOR? Está me ouvindo?”

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Maria de Fátima Rodrigues O Serafim

para um brilhante missionário

Na voz grave, o homem. Na devoção, o padre. Nas palavras, sabedoria. Sua presença alinha nossos “chakras”... Ilumina nossa alma até com poesia! Imparcial na doação. Ser santo... nenhuma pretensão. Mas... nada lhe passa em branco. E não desafiem sua calma... como a FORÇA do vento, quando se enfurece, a sua se faz presente. Um Ser para iluminar... um certo tempo, num determinado lugar, a muita gente!! Um mestre? um anjo: que um dia “baterá as asas”, é sempre assim. Não importa. Agora ele é o “nosso” autêntico SERAFIM.

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Maria de Fátima Rodrigues

Fênix

Renascer... não é nascer. É ter ardido no fogo da alma, da mente, e do corpo feito cinzas. ... é ter se deixado levar pelo ar, pela brisa. Mergulhado em águas profundas, e emergido sem mágoas, sem trevas, limpa. E novamente ter se misturado à terra, feito barro, secado e... voltado.

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Maria de Fátima Rodrigues

Você e Eu ≠ NÓS O que somos nós? nem amigos... nem amantes ... Somos Seres errantes que caminham no tempo e só desejam... Somos aves que não voam, apenas sonham que estão no ar! Somos rios perdidos nunca nunca encontraremos o mar!

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Maria de Fátima Rodrigues

Mutação

Dores em amores guizos em risos sonhos em flores, bondade em amigos. Todo o Sistema em um só lema: a PAZ ferro em ouro fel em mel ... Todas as virtudes em único tesouro. Nossos governantes em sábios. Nossos demônios em anjos. Apenas boas palavras nos lábios. Deixemos de lado o “mas ...” Vamos sonhar, querer, imaginar, mudar. Nossa mãe Terra carece, merece.

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Maria de Fátima Rodrigues

A pele da alma

“Assim como ossos, carne, intestinos e vasos sanguíneos estão encerrados em uma pele que torna a visão (aspecto) do Homem suportável, também as agitações e paixões da ALMA estão envolvidas pela VAIDADE; ela é a pele da Alma!” (Friedrich Nietzsche). Esse filósofo alemão acredito eu, simplesmente viveu para PENSAR... e como pensou! Dizia ele que “seus pensamentos e conclusões” sobre o comportamento humano não seriam entendidos na época em que vivia: 1870 mais ou menos, mas depois do ano 2000. Ele tinha toda razão. Acho que seus pensamentos, além de profundos, eram... poéticos!! Como ao dizer que suas dores de cabeça incuráveis e infindáveis; eram “dores de parto cerebrais”, porque sua cabeça estava grávida e, enquanto não escrevesse todos os livros que tinha em mente para escrever... essa enxaqueca não passaria! Mas, voltando ao pensamento sobre a “pele da alma”: A VAIDADE... Eu nunca havia refletido sobre isso, mas concordo. Nenhum Ser Humano conseguiria viver, em sã consciência, sem a proteção... ou posso até ousar escrever: “sentido para suas vidas, suas ações” que é a vaidade, e não estou falando de vaidades da aparência física, poder, intelectual, etc... mas também da caridade, bondade, desprendimento de coisas materiais, idealismos e os defensores dos pobres e oprimidos. Acho até que as mais ostensivas das vaidades são essas... eles são os que possuem a “pele mais resistente da alma”! O vaidoso materialista é muito mais vulnerável aos “bombardeios” dos problemas para resolver do dia a dia, da rotina da vida... Os bondosos conseguem resistir com mais equilíbrio a isso: no entanto, apesar “da pele da alma” ser mais resistente, essa vaidade é perigosa, pois NADA é mais doído que: a decepção, ingratidão e injustiça das pessoas más... é um ferida que demora para fechar e muitas vezes não fecha nunca. É claro que os bondosos não fazem nada esperando gratidão ou recompensas, mas é inevitável. Tem um dito popular: “O dia do benefício é a véspera da ingratidão”, então esses bondosos deveriam estar preparados... mas não estão não. Ah, mas não estão mesmo, principalmente porque NÃO SABEM, e nem passa por suas mentes que a vaidade está acompanhando suas trajetórias. Fica quietinha, escondida lá no Subconsciente, e 53


Maria de Fátima Rodrigues manifestará sua poderosa presença quando for humilhada; como se ela fosse um SER, independente da própria pessoa, que tem vida própria. É verdade! Se ficarmos pensando bem, é isso mesmo. Quando ela é ferida se rebela, e com uma ferocidade muito maior do que a vaidade dos indiferentes, superficiais... injustos, egoístas, que não “estão nem aí” com ninguém. Infelizmente é assim, eu acho. A paixão pelo BEM.... rs, Nietzsche detestavaaaaa os misericordiosos, os bons. Ele dizia que eram a desgraça do mundo, da sociedade! Quando mais jovem, eu não conseguia entender isso, mas, agora compreendi: foi porque ELE era bom e misericordioso... e foi ferido, muito ferido. Ninguém pode afirmar algo, sem ter passado pela experiência, sem ter vivido a situação; e ele a viveu com certeza, e, muitas vezes. Então TEVE que buscar o “motivo” pelo qual era bom, senão não iria conseguir mais viver. Pensou, pensou tanto, que conseguiu encontrar, em seu esconderijo mais secreto: ela... a VAIDADE, e para o seu próprio bem. Daí sim sentiu prazer em escrever, e “remendou” sua pele resistente que havia se rompido ADOTANDO a vaidade intelectual, uma proteção menos perigosa e mais leve. Então as ingratidões dos maus... rs, não tinha mais importância, seu motivo para viver era outro! A BONDADE foi banida de sua vida. Era educado, gentil, no entanto não se importava mais em ser bom ou mau, tinha a “coragem” de admitir isso... (em suas próprias palavras). Seu objetivo era MAIOR, valia mais que sua própria vida! E... como filósofo fez sua parte tão bem feita, e até chocante para a época dele, mas.... NÃO para a nossa! Não é fácil ser bom no coração e indiferente nas atitudes, é como morrer e depois renascer das cinzas, como Fênix. É deixar crescer “uma nova pele na alma”: É procurar ter uma vaidade tênue, Como a luz da Lua. Mais vulnerável, só que... menos perigosa. É tentar ser o que NÃO É, Mas TEM QUE SER. Só para se proteger, dos que são”maus de coração”, e que nem ao menos se preocupam, em fingir que não o são!

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Maria de Fátima Rodrigues Páscoa, Cristo, Chocolate e Coelho

Quem foi aquele de longos cabelos, descendente dos essênios Uma seita tão secreta existente há milênios ... Um judeu nazareno, seu voto era o da perfeita pureza da abstinência e castidade... e por isso mesmo tantas vezes desmascarou os fariseus e suas maldades. Quem foi aquele Que refletia nos olhos a simplicidade E proferia eternas verdades... da alma e do “espírito que vivifica” não das aparências e das palavras que matam. Quem foi aquele que desafiou os escribas ... orgulhosos secretários dos reis de Judá doutores se achavam das leis de Moisés. Aquele que ousou enfrentá-los nas Sinagogas e apesar de tão jovem, menos da metade de suas idades, o fez tão brilhantemente e com tanta autoridade! Aquele foi um verdadeiro Homem de nome Jesus com a de energia de “Cristus”, a “Grande Luz”. E é por causa desse Homem, temido pelos samaritanos e saduceus e tão amado pelos defensores da LEI de Deus, 55


Maria de Fátima Rodrigues que comemoramos a “Paschoa”. Antigamente uma festa anual dos hebreus, em memória de sua saída do Egito ... E hoje nossa Páscoa está escrito, é em memória de um rei! O rei de uma história de FÉ, AMOR, LUZ e LIBERDADE. Uma comunhão coletiva de nossa própria identidade! Mas ... existe outra versão desta festa, dos filhos desta geração... da televisão da informatização. Pergunte a uma criança o que é a Páscoa ? Ela responderá a você: - Tem gosto de chocolate Que pode ser Garoto, Lacta ou Nestlé... - Tem cara de coelho... de pelos cinzas ou branquinhos, de olhos pretos ou bem... vermelhinhos!

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Maria de Fátima Rodrigues Alma Leve

A folha seca de verão, é levada pelo vento... sem tocar o chão. Leva-me também o tempo. Não pára o vento, nem o tempo. A folha seca. A alma leve. A folha leve não sabe onde vai cair. A alma seca deixa o tempo decidir...

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Maria de Fátima Rodrigues Gota no oceano

Neste deserto, sob o sol escaldante do fogo interior, que de meu Ser irradia, procuro o oásis da alegria nos pequenos acontecimentos. Descubro de repente, a única fonte onde posso matar a sede, o tédio e a solidão que persiste, mesmo na multidão. Integrar-me no oceano de pessoas, Tornar-me uma gota sem identidade ... para que ser brilhante, diferente ... Se os seres obscuros, obtusos de pensamento, procuram ofuscar a Luz/ tentam escarnecer, ignorar o talento... Uma gota no oceano tento ser, para alegrar àqueles que me desvalorizam e entristecer AQUELE que me ama... mas não me ouve gritar nas areias do deserto !

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Maria de Fátima Rodrigues

Amor insensato O tempo ...meu aliado Instrumento deste amor inacabado. Tua voz - o elo, presença abstrata, sensual, amiga, irreal. Não quero mais entender este amor nem você... Mas, tua ausência é pura dor, ficarei assim ... à tua mercê. O pensamento me leva, conduz minha alma ao teu lado. O que mais posso fazer? Deixo a vida acontecer, o pranto calado. ...é assim que queres ser amado?

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Maria de Fátima Rodrigues Não sei

... o que fazer com a liberdade: da idade, das crenças, lembranças. ...o que dizer: das antigas verdades. ... de meus sonhos não realizados, que me acompanharam do passado. ... falar de meus medos, dos fragmentos, perdidos no tempo. ... de meus segredos, sem mais importância. Quero varrer a memória, deixa-la como a de uma criança.

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Maria de Fátima Rodrigues Mulher

Tenho sede de conhecimento ternura, declarações de amor, sabedoria, acontecimentos. Guerreira, tenho minha espada para ferir, matar a ausência, a solidão, o desamor, a dor. Amazona, cavalgo até o campo de batalhas, venço as ilusões, os vazios espaços ... Sempre farei o melhor que puder. Desato todos os laços que ousam me amarrar, para ter todo carinho, elogios, beijos, abraços... que quiser! Anjo, tenho asas, que me conduzem ao céu... céu interior, sem pudor. Guerreira, Amazona, Anjo... MULHER!

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Maria de Fátima Rodrigues

Acróstico para Maria Cecília Bonachella M eiga, mãe, mulher. A sempre “menina” sonhadora sem fim R imar... sua arte, seu refúgio. I magem que refletia seu Ser. A poesia era seu jardim. C ultivava suas flores... E nele declarava sua solidão a céu aberto C omo um pássaro que cantava e cantava, I ncansável, sem dor, sem desamor, em Palavras & Versos... L iberta agora está, para melhor encantar! I nfinita saudade deixou, mas... A migos “pássaros” ensinou, e assim continuarão a cantar, até que UM DIA também, ficarão livres para voar!!

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Maria de F谩tima Rodrigues

Teus olhos

... amendoados, distantes, serenos, pequenos... Misteriosos, silenciosos, doces. Na noite, no momento, de repente.. num instante arderam! ... e foram s贸 meus.

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Maria de Fátima Rodrigues

Poeminhas Hai Kai Não há paz na solidão. Só o vazio... preenchido por cenas do passado. As lágrimas quentes que correm pelo meu rosto agora, suavizam o lamento... Mas não a saudade da velha amiga: a serenidade.

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Maria de Fátima Rodrigues

Amar

Amada ... não. Nunca fui amada. Um homem quando ama vai até o fim ... Mas nenhum deles nem mesmo até a metade foi por mim. Amei... eu amei sim. E desta vida fugaz fiz tudo e tudo mais por amor mesmo na dor tingi de rosa o que não tinha cor transformei em versos o que era prosa ... só por amor! Consegui chegar ao fim de todos os amores que escolhi Amei sim. E nunca os enganei mesmo quando os deixei ... pois é o que se faz quando se sente definhar não mais se consegue conjugar o único verbo que traz sentido à vida ... AMAR.

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Maria de Fátima Rodrigues

Começo ou fim

E agora, onde está o caminho? Não sei, quem sabe de mim ... Fique assim, tentei matar suas charadas, e vi passarem todas as madrugadas. Parei no tempo, mas só no pensamento. Andei sem rumo, a procura do fácil ... ou do difícil? Como distinguir? Assumir o que afinal ... se o livre arbítrio me desnorteou? As regras ... não as obedeço. Será que realmente as conheço? Acabou. Não ... acho que AGORA é que começou.

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Maria de Fátima Rodrigues Amor de uma nota só

O que você fez com esse amor? Não deixou momentos serem vividos... Abraços serem abraçados, beijos beijados. O que fez do amor que te ofereci quando lhe vi lhe conheci? Deixou-o seguir sozinho, sem acalanto... Deixou-o vazio, apenas o lamento, com uma nota só. Amor inferior, Esquecido, sombrio. De um... Dó Menor!

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Maria de Fátima Rodrigues

Dois mil anos

Jesus desce dessa cruz, Vem caminhar conosco na multidão... Chega de solidão. Na Era de Peixes, fizeste tua parte. Doação, atos, renúncias e fatos. Tua palavra semeaste em nossa alma. Todos ouviram, leram, te amaram: muitos agitados, outros, serenos... com calma. Jesus desce dessa cruz, vem caminhar conosco, vê como aprendemos, estamos abrindo nossos armários, distribuindo nossos pertences, chegamos na Era de Aquário! Ensina-nos agora outra doutrina, a da alegria, da arte, prosperidade... sorte. Canta conosco, a música das esferas. Que venha o som, de Mercúrio, do Sol, de Marte... Desce dessa velha madeira, desse pingente de ouro, prata, rubi... 68


Maria de Fátima Rodrigues Nós estamos aqui. Te ajudaremos a descer, Ajuda-nos a renascer! Faremos muitas perguntas: - Como se faz um milagre? -... e a história dos pergaminhos do mar morto, da Índia, do Tibet, é verdade? Apontarás nossos erros, egoísmos, guerras, por que? Por certo nos defenderemos, e talvez coloquemos culpa no destino, Nas dúvidas, nos Et’s. Mesmo assim, desce dessa cruz, Nossa Terra caminha para a LUZ. Vem com o vento, fazem dois mil anos, Não achas que já é tempo?

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Maria de Fátima Rodrigues

Percurso

Planto sementes em terra úmida e fértil, onde se misturam livros idéias pessoas diferentes. Na mala: a solidão. Companheira inseparável, que busca a Outra Parte, percorre o caminho, triste e alegre... incansável. A escolha é certa? Todas as forças parecem contrárias... ocultas forças, que embriagam os pensamentos, cultivam o sofrimento. - “Acenda a chama!” - diz a Alma. - “Alimente o fogo, siga em frente, plante, plante sementes!”

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Maria de Fátima Rodrigues

Marionetes

Não sei viver sem sonhar... Para viver, é preciso seguir as regras: trabalhar, comer, beber e amar. Sonhar não, sonhar, é como se sentir o próprio Criador, que maneja todos nós os Marionetes! O sonhador NÃO aceita seu “papel”, sacode os fios invisíveis, e tropeça nos outros bonecos. Então, caminho devagar, e continuo a sonhar ... viver representar.

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Maria de Fátima Rodrigues Falando da vida

“Reflexões de Uma Pretensa Escritora” A última vez em que fui ao “Salão de Humor de Piracicaba”, achei fantástico... Como estes cartunistas e chargistas conseguem transmitir em apenas um desenho TANTA COMICIDADE e nos demonstrar que temos sempre duas opções na vida: dramatizar ou satirizar as situações. Eles satirizam... Fiquei pensando que se conhecessem a metade de todas as situações em que a VIDA ME COLOCOU, teriam “materiais” para suas sátiras por pelo menos umas dez exposições. Até hoje, sempre dramatizei, mas se tentar vê-las com os olhos de um chargista poderei satirizá-las. Afinal, refletindo bem, acho que minha vida tem sido UMA GRANDE HISTÓRIA DE HUMOR... E como disse Günter Grass: “Maturidade significa rir de si próprio”. Será que cresci? Não pensei que isso iria acontecer... Quando completei 38 anos de idade e escrevi a crônica: “A Vida Começa aos Quarenta”, talvez estivesse “profetizando” o acontecimento. Não achei que poderia realmente ESCREVER algum dia, algo de interessante sem ser medíocre, pois sou muito detalhista. Quando assisto a um filme, ou novela, em que os personagens não trancam a porta do carro (e o carro está lá na volta, ninguém rouba). Tocam a campainha de apartamentos sem que o porteiro tenha avisado, ou pessoas indesejáveis chegam em mansões com portões eletrônicos e mais de cinco seguranças, abrindo a porta principal, sem que “ninguém” os tenha visto (e nenhum deles é demitido)... Acho tão ridículo, que não saberia escrever algo que NÃO FOSSE REAL, pois iria prestar “mais atenção” aos detalhes do que na essência dos fatos. Mas... E se eu escrever fatos reais, o que seria CRÔNICAS, pois CONTOS... Jamais! Nem precisarei ter imaginação, a VIDA já fez isso por mim. Posso pensar que é uma extensa obra... Só PASSAREI A LIMPO. No entanto, tem um probleminha: por ONDE COMEÇAR? Bom, posso escolher qualquer página, e sempre terá sentido. Acredito que será um GRANDE DESAFIO. Mas, já que sou taurina (signo de Touro), e, segundo os astrólogos nossa vida se resume assim: “... Colecionamos de tudo: amigos raros, livros raros, objetos raros, e... Acima de 72


Maria de Fátima Rodrigues tudo muitos “desafios profissionais”... Ah! E alguns, muito dinheiro NÃO raros também, o que NÃO É o meu caso nesse item, pelo menos até agora! Quem sabe? Desafios sim... É o meu forte! E MÃOS À OBRA !!

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Maria de Fátima Rodrigues Ser....e só

Por que queremos tanto ter? saber, tentar, terminar. Queremos lembrar, cogitar, lamentar. Ficar só, Ir para lá. Mudar de lugar. Se desculpar. Se intrometer. Não perdoar. Andar, correr. Se o que deveríamos, fazer para ter paz, seria apenas ser capaz, de só: SER.

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Maria de Fátima Rodrigues

Labirinto

Não procuro a saída. Volto no caminho já percorrido, para saber como entrei, quando entrei .. Ficaram rastros, e neles me agarro para voltar.. Encontro sonhos inacabados, ficaram por aqui, neste lugar. Volto mais um pouco... Não procuro a saída, quero saber quando entrei... Isto é o que eu não sei. Encontro castelos destelhados, amigos desaparecidos, julgamentos pré-concebidos. Como entrei? Vejo personagens que não lembrava. Tenho medo de saber, Por que entrei? Isto eu não sei. Quero parar de voltar, mas não consigo. Quero achar a entrada. Vou descansar, estou cansada. Quero saber como entrei, vou continuar a voltar. Quero saber como... achei este lugar. A saída EU SEI.

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Maria de Fátima Rodrigues Bastidores da vida

Forças interiores ultrapassaram os limites físicos, debilitaram-me o corpo, este templo inerte que abriga um coração cansado. Quantas lutas ainda será preciso travar com o passado ... Já não bastaram as perdas, amizades, planos, sonhos, até mesmo da própria identidade. Por que me submetes, Deus, a tantas iniquidades ? Não lamento o que já fiz. Toda busca traz realizações. Basta então! Liberta-me dos grilhões que me acorrentaram às emoções. Nos bastidores da vida estive tão só... Entrei em cena sim! Entrei em cena novamente, e desta vez para sempre!

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Maria de Fรกtima Rodrigues

Luz da Lua Hoje vi a lua cheia, brilhante, linda, misteriosa, e... sempre sรณ. Pensei entรฃo, num tempo distante, da vida da gente, virou pรณ... Preparo o solo de novo, รกgua, adubo, sementes. Sonho de felicidade, de luz, da Lua, da mente. Vai dar certo, de verdade... Acredito. Tem coisas que a gente sabe, sente!

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Maria de Fátima Rodrigues

Maria de Fátima Rodrigues, poeta, escritora, Secretária Executiva, natural de Piracicaba SP (bairro Monte Alegre), nascida em 12 de maio. Participou de três Antologias, com poetas piracicabanos "Aprendizes de Versos" (1995), "Oficina 13" (1995) e "Poemas para um tempo de Paz (1999). Autores preferidos: Milan Kundera, Pablo Neruda, Mário Quintana, J.G.Araujo Jorge, Friedrich Nietzsche, Honore de Balzac. Iniciou sua vida literária em 1989, enviando sua poesia “Esperar” para a grande poetisa e escritora piracicabana Maria Cecília Bonachela (falecida), coordenadora da Oficina Literária à época. Posteriormente foi convidada a participar da Oficina Literária de Poesias comandada pela Maria Cecília, com o objetivo de aprimoramento em Literatura. Colaboradora de 1990 até 2003, para o Jornal de Piracicaba na coluna "Palavras & Versos". Escreve crônicas, e sua maior incentivadora foi a Poeta Piracicabana Ivana Maria França de Negri. Colabora também, semanalmente, com suas crônicas para “A Tribuna”, na “Coluna Falando da Vida!”, coluna esta criada em parceria com coordenador Erick.

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