Filosofia como estudar e frases

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Sensações - Dica 7 no estudo da Filosofia Ir até a Grécia de avião, em filmes, nas músicas, na culinária pode ser um elemento importante no aprimoramento dos estudos. Tentar achar Sócrates, Platão, Aristóteles apenas nos escritos pode ser pouco funcional para muitos estudantes.

John Locke, sobre isso, pensava que o saber produz-se em duas partes: a da sensação, com os sentidos, e a da reflexão, que ordena e sistematiza o resultado das sensações. O que é Filosofia? Dica 6 no estudo da Filosofia Filosofia: deriva do grego phílos (amigo) e sophía (conhecimento). Mas você sabe o que é isso que está estudando? Os estóicos entendiam que Filosofia seria uma norma para a ação; Locke compreendia a Filosofia como sendo uma reflexão crítica sobre a experiência; os positivistas, como um manual dos resultados da ciência. São inúmeras as definições. Não é raro que filosofar se torne mais usual do que a definição do filosofar. Isso porque a definição parece não ser concludente. Ao definirmos a Filosofia, muitas vezes, a maior parte dela costuma ficar fora da definição. Por isso, a delimitação do que é a Filosofia pode variar de filósofo para filósofo e talvez você encontre problemas ao tentar explicar o que afinal você estuda. Uma sugestão é caracterizar a sua pesquisa, mostrar os objetivos, os pressupostos, os fundamentos, as variáveis, quando possível.

atingir algo distante e diferente das "categorias tranquilizadoras" da razão. A obra de um filósofo é algo que se insere em sua historicidade. Ainda que possa ser compreendida por si somente, os elementos de uma costumam ganhar complementos e explicações na constituição da outra. Enfoquem mudam com o tempo - Dica 2 no estudo da Filosofia

Lembre-se de que cada época, cada país e cada região, cada escola, cada professor, a situação na qual determinada matéria é estudada, cada circunstância possibilita enfoques que mudam com o tempo. Assim, uma mesma matéria tem a interpretação e o sentido mudados na história. O que você estuda em Filosofia agora é o enfoque do momento.

Exemplo: Abelardo pensava que a mente humana seria capaz de alcançar o verdadeiro conhecimento natural; por isso, pregava a pesquisa crítica das Escrituras à luz da razão. Foi duramente atacado por isso. Abelardo foi um precursor do racionalismo francês. Instruções iniciais no estudo da Filosofia Observe as instruções dos professores, as opiniões dos colegas, e, aos poucos, provavelmente você encontrará um modo próprio de estudar que se aproxima de seu modo de ser.

Provavelmente há quem se utilize de outros dados de semiose para o exercício da Filosofia que não o pensamento, o papel, a caneta, a leitura.

Vamos a um exemplo: Leonard Bloomfield, em sua mais importante obra, Language, de 1933, entendia que o estudo da linguagem deveria ser empírico, preciso, objetivo; para ele, o objetivo da linguística repousaria na elucidação científica da língua. Em um instante localizado em uma época, seria necessário determinar a estrutura semântica, gramatical e fonológica dessa língua, e isso se faria através de um procedimento descritivo.

Ingmar Bergman serve como ilustração.

Ler o original - Dica 8

A partir de 1956 buscou intensamente deslindar os segredos do que considerada a morte e a vida. Seu filme Det Sjunde Inseglet (O sétimo selo), uma metáfora ambientada na Idade Média é um texto filosófico filmado.

Ler o texto original é indicado em muitos casos, mas ler comentadores e artigos antes do texto original tornou-se corrente em autores como Kant, Hegel e outros.

Semiose - Dica 5 no estudo da Filosofia

Ou seja, o que você utiliza como instrumento semiótico para exercer a Filosofia? A fotografia, a pintura, o teatro, o computador, a música? Não é obrigatório escrever e ler para construir e desenvolver a Filosofia. Elementos que afetam - Dica 4 no estudo da Filosofia Os modos didáticos, pedagógicos, também o jeito de ser do seu tutor, a interseção que você tem com ele, tudo isso pode dizer respeito diretamente ao que você descobre e quais as suas reflexões sobre um tema. Um exemplo é José de Anchieta. Ele usava o teatro e a poesia como instrumentos de ensino. Apreciava o proceder clássico do docere cum delectare, de Horácio; tinha então que os ensinamentos são mais concretos se praticados de modo aprazível com o aluno. Contexto da obra - Dica 3 no estudo da Filosofia Ao se aproximar do pensamento de um filósofo lembre-se do contexto, da vida do filósofo, a quem foi endereçado seu escrito, o que ele quis tratar, de que maneira trabalhou o texto, e ainda outros elementos que possam ser relevantes. Tomemos como exemplo Julio Cortázar, os países onde viveu, sua resistência ao peronismo. Cortázar transita entre o que é concreto e real e o devaneio, um exemplo do que se convencionou como ficção fantástica. Em seu escrito Rayuela, de 1960, o escritor usa a pesquisa, é audacioso, os capítulos do livro burlam a ordem, trocam a cronologia, os eventos. Tudo isso ocorre como exemplo do próprio personagem que procura desorientar seu intelecto como modo de

A explicação de um especialista pode ser de grande valia, assim como o acompanhamento de professores, na leitura. De qualquer modo, o objetivo será o texto original. Paulo Freire tem uma contribuição que podemos considerar. Ele escreveu: "A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não pode prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto." A pessoa e o pensador - Dica 9 Pode ser interessante conhecer a pessoa do filósofo e fazer uma série de associação com os escritos que ele publicou. Às vezes, conhecer o filósofo, estar com ele presencialmente, pode complementar, explicar, negar, aprofundar parte dos temas que lemos nos textos que ele escreve. Nem sempre existe uma relação direta entre a maneira como um filósofo vive e o que ele escreve, ainda que sua história de vida muitas vezes informe sobre estes aparentes paradoxos. Um exemplo acontece em Rousseau. Du contrat social e Émile são contrastes que aparentemente mostram um aspecto da vida que ele possivelmente gostaria de ter vivido. Textos antigos para os dias atuais - Dica 10 É possível usarmos textos antigos para reflexões do que acontece nos nossos dias, mas isso requer cuidados na transposição do material.


Por exemplo: se vamos falar de educação e utilizamos os textos que Platão coloca na República, é importante considerarmos primeiro que na Grécia antiga a educação tinha como objetivo orientar os jovens para as funções na cidade-estado. É oportuno colocarmos primeiro o escrito em seu ambiente, sua prerrogativa, sua tentativa de questionar e de responder, seus endereços existenciais, entre outros fatores. A partir dali, e admitindo as diferenças, passamos a tratar do que pode ser atualizado, ilustrado, exemplificado, quais as lições possíveis para os nossos dias. A tarefa não costuma ser simples e frequentemente as citações apressadas podem conduzir a graves enganos de interpretação sobre a intenção do autor. Discussões na academia - Dica 11 Conversações, debates, polêmicas, conflitos entre filósofos, entre correntes filosóficas, entre escolas são comuns na história da Filosofia. É importante que o estudante verifique o que está acontecendo, algo nem sempre discernível.

limites, definições, conceitos; não é uma regra e nem sempre isso é suficiente ou o caminho que se apresenta. Dicionários - Dica 14 A aventura filosófica requer alguns elementos importantes. Entre estes elementos, o dicionário. Um bom dicionário de Filosofia é um instrumento essencial para os estudos. Se você quiser saber as principais concepções sobre Destino, por exemplo? Em um dicionário como o de Oxford você encontrará resumidamente as definições de Plotino, Schopenhauer, Hegel, Nietzsche e de outros filósofos. A partir das definições do dicionário, você pode orientar com maior precisão os limites e os rumos de sua pesquisa. Se possível, um dicionário específico para um tema, para um autor, isso pode ser de grande auxílio para desenvolver as suas ideias em torno do assunto. Viagens e Filosofia - Dica 15

Um exemplo ocorreu com Sartre e Merleau-Ponty. Outro exemplo encontramos em Schopenhauer e Hegel.

Andar por onde Aristóteles e seus alunos passaram por Atenas, conhecer a localização do Liceu, da Academia de Platão, passear nas cercanias de onde Epicuro esteve com os aprendizes, tudo nisso pode ser relevante a quem se propõe a estudar a Filosofia. Para alguns estudantes é essencial vivenciar parte do contexto que inspirou os pensadores. O acesso direto ao pensamento do autor em palavras pode ser insuficiente. Ir aos países, museus, geografias, povos que nos reportam diretamente aos filósofos pode contribuir para o aprofundamento no entendimento de suas obras. Os exemplos são inúmeros. Semelhante a Heródoto que, exilado em Samos, viajou pelas ilhas do mar Egeu e regiões vizinhas, muitos filósofos buscaram inspirações e conhecimento em suas viagens.

Axiomas - Dica 12

Horários e local - Dica 16

Você já foi a uma cantina na Universidade e ouviu de um colega coisas como: - Marx foi um palhaço trágico...

Organizar horário de estudo e local de estudo para trabalhar auxiliam no estudo da Filosofia? Para muitos estudantes, não. Hoje a Filosofia ganhou as praças, os estúdios, os ateliês e recebeu aportes significativos da fotografia, da música, do teatro, de áreas que dependem às vezes mais da inclinação do sol do que da inclinação dos ponteiros do relógio.

Muitas vezes um embate acadêmico tem muito pouco a ver com o assunto que de fato é tratado - escondendo rusgas pessoais, desentendimentos da vida cotidiana, ciúmes, invejas e outros elementos que aparentemente não dizem respeito ao tema da conversação, da polêmica, do debate. Às vezes, um descontentamento pessoal respinga para o campo da discussão filosófica, como o oposto também pode acontecer.

Em geral, dito com autoridade por um colega seu que é voraz consumidor de orelhas de livros, pesca opiniões aqui e ali, e que acha que filosofar é produzir máximas ou frases de efeito acústico. Procure ler os autores, conversar em bases seguras, anotar reflexões, juntar às reflexões suas, procure o diálogo a partir das premissas e conclusões inerentes à obra. - Heidegger era nazista - diz alguém porque ouviu falar entre dois parágrafos na conversa de professores. Isso que dizer o quê? Sua obra é menor porque ele pertenceu ao partido nazista? Seu pensamento perdeu o crédito? Ele deve ser entendido de que maneira? O que quer dizer afirmar que ele foi nazista? Os axiomas, as máximas têm seus lugares na Filosofia. O cuidado com os usos de tais expressões deve ser observado. Limites da Filosofia - Dica 13 Qual a linha que separa a Filosofia da arte, da arquitetura, da ciência, da religiosidade, das emoções? Quando o estudante aprofunda os estudos filosóficos, é comum que constate o quanto é difícil construir uma linha que delimite campos, áreas, atividades. Muitas vezes, ao separarmos a Filosofia da arquitetura, por exemplo, acabamos eliminando e restringindo conceitos de tal maneira que inviabilizamos o andamento filosófico da pesquisa. Ainda que pareça razoável, mais de uma vez recomendável, delimitar os ambientes da pesquisa, pode ser importante considerarmos a possibilidade do trabalho ser realizado sem a ocupação prévia com os limites. É frequente que o próprio desenvolvimento do estudo, ao focar determinados aspectos de um campo, deixe campos fora dos temas principais. Ou seja, o próprio desenvolvimento da pesquisa traça

Parte da produção filosófica hoje transcendeu o esquema dos horários fixos, das rotinas escolares. Alguns filósofos, por exemplo, produzem de modo semelhante ao que Breton mostra. A polêmica em torno do quanto e de que modo isso é de fato Filosofia é grande. O que você acha? ?Mande trazer com que escrever, quando já estiver colocado no lugar mais favorável possível para concentração do seu espírito sobre si mesmo. Ponha-se no estado mais passivo, ou receptivo, dos talentos de todos os outros. Pense que a literatura é um dos mais tristes caminhos que levam a tudo. Escreva depressa, sem assunto preconcebido, bastante depressa para não reprimir, e para fugir à tentação de se reler. A primeira frase vem por si, tanto é verdade que a cada segundo há uma frase estranha ao nosso pensamento consciente, pedindo para ser exteriorizada. É bastante difícil decidir sobre a frase seguinte: ela participa, sem dúvida, a um só tempo, de nossa atividade consciente e da outra, admitindo-se que o fato de haver escrito a primeira supõe um mínimo de percepção.? Você prefere horários e disciplinas ou opta por deixar estes itens abertos às contingências? Rotina - Dica 17 Habituar-se a um horário de estudo, a um dia, a uma burocracia na ordem das leituras e dos escritos é algo discutível. Alguns estudantes preferem uma primeira aproximação com autores e textos seguida de um jejum; outras atividades ganham lugar. Um tempo considerável depois, meses talvez, ao retomar, ao prosseguir o estudo, o estudante pode vivenciar aspectos curiosos. Houve uma vez, uma aluna me disse que o afastamento do estudo


foi importante para que ela conseguisse digerir determinados aspectos.

Há muitas razões para questões desta natureza se produzirem de tais maneiras. Observe que vagar pelo passeio público em um domingo à tarde, curtir um bom vinho tinto com os amigos, ouvir um concerto de violão e flauta, descansar na varanda, um chimarrão pela manhã, e muitos outros afazeres que aparentemente nada têm a ver com o estudo podem ser, na verdade, complementares, explicativos, temporais. Ou seja, podem fazer parte dos estudos e podem ser mais de uma vez a parte mais importante. Um exemplo é o trabalho de Albrecht Altdorfer, na distante 1480; estudou com seu pai de forma provavelmente rigorosa, mas livre. Somente depois formalizou seus estudos em Amberg. Estudando Filosofia - orientações de Lúcio Packter Estudar todas as disciplinas? - dica 19 Estudar todas as disciplinas pode trazer ao estudante a idéia de estar contemplando tudo em torno da Filosofia, mas esta idéia geralmente anda longe do que de fato se passa. O conteúdo programático da Filosofia é somente uma referência a ela mesma, não é um elenco de disciplinas que esgota o assunto. A partir de um referencial de início, o estudante poderá estudar disciplinas que não estão no conteúdo programático, que são importantes para as pesquisas que ele pretende desenvolver. Veja o caso de Theodor Adorno. Ele focou o teatro, a literatura, o jazz, a música dodecafônica e estudou tais temas que transcendem as disciplinas do curso de Filosofia. Tinha como objetivo denunciar a mercantilização na arte contemporânea. Por isso, algumas disciplinas do curso de Filosofia merecerão menor e quase nenhuma atenção de sua parte. Seu professor pode auxiliar nesta consideração. Vários livros, vários autores - dica 18 Alguns estudantes apreciam buscar uma mesma informação, um parecer, em diversos autores, em mais de uma obra. Enquanto para alguns alunos isso pode gerar confusão para outros alunos esta pesquisa enriquece os pensamentos e desenvolve a reflexão Uma das explicações para a busca por várias versões de um tema reside na necessidade do diálogo entre os autores. Tomemos como exemplo o personagem lendério Don Juan,assunto central de obras literárias, obras musicais, como a ópera Don Giovanni, de Mozart. Não são poucos os que estudam o personagem e o descobrem diferem em cada versão ao final, o aluno pode sentir que possui um leque de opiniões. Lucio Packter Dedicação somente a uma coisa? - dica 20 Hoje é comum que um estudante leia, ouça música, acompanhe trechos de um filme, tudo ao mesmo tempo. Alguns não conseguem mais a dedicação exclusiva a um tema durante longo período. Mais do que uma questão problemática, provavelmente estamos diante de uma característica cada vez mais usual em nossos tempos. Ainda que não de forma complementar, os temas paralelos auxiliam em questões como relaxamento, capacidade de prolongar a permanência em um tema, dialética, versatilidade. Cada caso será único e os elementos podem variar. Berbardo Bertolucci é um exemplo quando em seus filmes mesclava psicologia, história, política, estética em porções diversas, às vezes conflitantes. Isso se reflete em obras tão distintas quanto La luna, que realizou em 1979, e La tragedia di un uomo ridicolo, de 1981. Revisar o conteúdo? - dica 21 Revisar a matéria pode não ser necessário porque às vezes o assunto estudado é trabalho em outra disciplina, o que foi estudado é vivenciado fora da escola em atividades do cotidiano,

trata-se de um tema com o qual você já possui familiaridade, por outros motivos também. A maneira como um assunto é revisado pode afetar sua compreensão em torno das questões centrais. É oportuno observarmos isso. As alterações acontecem por fatores ligados a nossas reflexões a partir da leitura anterior, principalmente. Hoje é usual em muitos ambientes acadêmicos que se troque a revisão de um texto por aprofundamentos em escritos paralelos e complementares. Trata-se de um modo de rever e aproveitar a oportunidade para obter novos direcionamentos sobre o assunto. Descanso e estudo - dica 22 Estudo e lazer não precisam ser elementos diferentes. Estudar pode ser o seu lazer. Estudo e descanso não precisam ser elementos distantes. Estudar e descansar podem ser aspectos de uma mesma função. Estudar Filosofia, vivenciar a Filosofia em seus aspectos teóricos e práticos , as experiências em torno disso podem dizer respeito à vida como uma continuação, não como uma interrupção. Estudar Filosofia pode ser tão agradável (e tão desagradável) quanto uma caminhada, um papo com os amigos, um cinema, namorar. Tudo está relacionado ao modo como você tem o exercício da Filosofia em sua vida. Para muitas pessoas, o estudo da Filosofia é revigorante, apaziguador, prazeroso. Como é isso para você? Avaliação - dica 23 Como avaliar um trabalho filosófico? Questão complexa, muitas vezes. Há trabalhos filosóficos que se revelam na vida do estudante, na maneira como ele resolve suas questões; quando tratados no papel, essas questões podem diminuir as façanhas parecendo algo tênue. Outras vezes ocorre o contrário. Por isso, avaliar um trabalho pode consistir apenas em considerar suas características, pode consistir em compreender seu significado, pode dizer respeito ao seu movimento como instrumento, entre outros elementos. Costumo avaliar meus alunos por aspectos teóricos, pelo que compreenderam do autor trabalhado, mas sobretudo por elementos das vidas deles em relação à Filosofia, o que é um dado de aproximação e não de exatidão. Por exemplo: Bakunin,foi mais feliz em sua teoria e bastante infeliz na prática desta teoria, especialmente ao criar centros anarquistas na Itália, na Rússia e se deparar com uma circunstância que transcendeu seus esforços. Construindo o texto - dica 24 O estudante pesquisa em casa, procura em sites as informações, folheia livros de comentadores, lê alguns capítulos do texto original e enfim se depara com a construção do texto. Os elementos não andam necessariamente nesta ordem, mas quando são deste feito o estudante às vezes se depara com algumas eventualidades. Pode descobrir que prefere filosofar estudando, pensando, que é muito promissor nisso, porém é frágil na composição de um discurso escrito. Ao escrever pode se sentir estranho com o tema, pode entender que não consegue o domínio que imaginava ter. Isso acontece muito. É hora de mais uma vez recorrer ao seu professor. Muitos filósofos vivenciaram este tipo de situação, como Kant e Wittgenstein. Uso de estrangeirismos no texto - dica 25 Estrangeirismos, em Filosofia, são inevitáveis. Mas nem por isso o aluno vai rechear a folha com starts, case, out. Além disso, o inglês, que é o idioma mais usado em Filosofia, não é um idioma reconhecidamente filosófico como o alemão, o grego, o francês. Por mais que se use ?date? quando se fala de Filosofia informalmente, isso ainda disputa um lugar no texto formal. De qualquer modo, dependendo do assunto, o estrangeirismo se torna irrelevante em sua presença. Utilizando o texto para outros fins - dica 26


A licença de utilizar os textos de um autor para outros fins e para outros propósitos, algo diferente do objetivo pelo qual os escritos surgiram, é algo discutível, frequente e seguidamente inevitável. Trata-se de um elemento usual em Filosofia. Um exemplo: na Filosofia Clínica, as categorias aristotélicas e kantianas foram modificadas, desenvolvidas, reorganizadas segundo a subjetividade de pessoas em hospitais e consultórios.

agudas, enfim, o que são em relação ao que foi pensado? E o aluno conhece, por aproximação, a correspondência entre o ato pensado e o ato escrito? É pertinente considerar sobre as diferenças que surgem quando uma reflexão filosófica é expressa pela caneta, pelo teclado, pela fala, pelo pensamento.

O tema é polêmico e implica, entre outros itens, nas perdas, dubiedades, alterações do discurso. No entanto, em muitos casos este instrumento de transposição é necessário, conceitualmente correto, um caminho possível. Os cuidados são muitos, pois há riscos como tornar a questão filosófica algo sem sentido, perdida entre conceitos que romperam o diálogo e que nada mais dizem respeito ao assunto em pauta. Portanto, prudência.

Efeitos do estudo - dica 31

Exemplos pessoais - dica 27 O lugar e o momento dos exemplos pessoais na construção de um texto filosófico: eis um problema que envolve desde elementos do bom senso, estéticos e lógicos. De um modo geral, os exemplos pessoais são importantes por fazerem um vínculo entre o tema tratado e a vida do pesquisador; entre outros elementos, o pesquisador evidencia que seu discurso transcende um aspecto curricular acadêmico, evidencia que sua experiência abrange outras searas da vida, uma relação mais próxima entre teoria e prática ? desde que esta relação fortaleça o que está em pauta. Os limites às vezes são estreitos. Por exemplo: e ao se tratar da angústia em Heidegger, a linha entre salvar e por a perder o texto é usualmente mínima. Uso do Lugar Comum - dica 29 O uso de lugares comuns pode auxiliar no alicerce de passagens entre as ideias. As obviedades podem servir como elos, como introdução, como instrumento da narrativa. Vamos a um exemplo: Sartre, existencialista, estava incomodado com as interpretações que sofria de parte influente da esquerda. O lugar comum, neste caso, serve também para pontuar o discurso, destacar um elemento que logo em seguida entrará em contraste. Tornou-se um lugar comum achar que os lugares comuns empobrecem a construção do texto. Mas as ideias gastas têm seu lugar. Analogias - dica 28 Cuidado. A instrução sobre as analogias é ter prudência. Assim como as generalizações, as analogias são elementos importantes nos textos, encurtam os caminhos, fornecem acessos difíceis, aproximam e afastam conceitos, mas facilmente levam o autor a derrapar em erros graves. Exemplo triste: o que houve entre Kierkegaard e Hegel foi o mesmo que aconteceu entre Popper e o Círculo de Viena, as brigas e intrigas filosóficas sobre quem tem a razão. Analogia de difícil sustentação, errada em seus pressupostos, traz o argumento afetado. Eruditismo - dica 29 Escrever ornamentando o texto com suntuosidades, citações, um modo barroco de construir o tema, é um problema muito comum em diversos estudantes que confundem erudição com Filosofia. Enfeitar o discurso pode desviar o foco, pode colocar a perder o argumento. Erudição tem sua razão de ser como elemento de sustentação e de composição do escrito, basicamente. É importante levar em conta o objetivo do texto e trazer autores e trechos de obras que façam naturalmente parte do que está em tratamento no estudo em andamento. Simplicidade e objetividade hoje são as orientações vigentes na academia. Correspondência entre os atos - dica 30 O aluno pensa algo como o conceito de angústia no existencialismo de Heidegger. Em seguida, inicia suas considerações por escrito. Estas considerações por escrito são mais intensas, mais profundas, confusas, mais criativas, morosas,

É oportuno lembrar que os efeitos do estudo em Filosofia seguem dimensões diferentes dos efeitos concretos de um estudo de engenharia, agronomia, medicina. O resultado do pensamento pode ser mais um pensamento, muitos pensamentos. O próprio estudo da Filosofia, o modo como se processa esta pesquisa, os protocolos das abordagens dos temas podem trazer em si mesmos a essência da Filosofia. Uma das razões de considerarmos isso é que alguns estudantes somente conseguirão se aproximar de um estudo da Filosofia se puderem seguir o modo como estudam outras disciplinas. Autores sempre conversam? - dica 32 Se consultássemos os autores e obtivéssemos suas opiniões sobre isso, um dos resultados apontaria para o desinteresse em determinadas conversações. No entanto, este dado não impede um estudo que aponte caminhos para algumas relações. É importante que tenhamos cuidados nesta conversação entre autores, pois em muitos casos o que ocorre é um monólogo, uma defesa aberta de um pensamento em detrimento de outro. Um modo de iniciar tais cuidados é colocar na conversação o que cada autor disse ou escreveu. Considere que há casos realmente complexos. Filosofia é difícil? - dica 33 Para você, como é? E o quanto o modo de estudo, o acesso ao estudo, as condições em torno do filosofar fazem a dificuldade maior? Além disso, a maneira como você e a Filosofia se encontram em interseção, o jeito deste encontro, pode alterar algo de simples para complexo. Considere estes fatores e mais alguns elementos que podem ser determinantes como seu caminho existencial até a Filosofia e outros. Gramsci, em Cadernos do Cárcere, afirmava que "é preciso acabar com o juízo, muito difundido, de que a Filosofia é algo difícil pelo fato de ser a atividade intelectual própria de uma determinada categoria de cientistas especializados ou de filósofos profissionais e sistemáticos". Filosofias - dica 34 O caminho usual no desenvolvimento do exercício da Filosofia pode exigir, mais de uma vez, o afastamento da academia. A Filosofia, por sua natureza e propriedade, pode ser realizada em empresas, hospitais, praias e cantinas. A Filosofia que existe nas Faculdades de Filosofia costuma seguir critérios de fundamentos e métodos que produzem um tipo de Filosofia característico de tais ambientes. Pode ser importante verificar qual o ambiente para a Filosofia que você desenvolve se exercitar e ser. Pensamentos avulsos - dica 35 Pensamentos soltos, sem relações lógicas, sem argumentos entre eles mesmos, são caracteres filosóficos relevantes? Algumas vezes sim, pois podem funcionar como elementos de composição, de construção, de relação na narrativa. É usual que ocorra durante o estudo filosófico a aparição de conceitos isolados, aparentemente aleatórios, ideias; tais elementos podem mais tarde vir a fazer parte importante da construção dos argumentos. É interessante anotar suas aparições e verificar a pertinência depois com o texto em andamento. Desconhecendo para conhecer - dica 36 O contato direto com um filósofo, com sua obra, pode ser um fator de afastamento desta mesma obra por conta de elementos


como estilo, abordagem, caminhos. Isso pode ocorrer ainda que existam afinidades e concordâncias outras. Um dos modos de lidar com este curioso aspecto é o estudo da teoria de um filósofo por meio de outros filósofos que tratem do mesmo tema.

Um exemplo: há estudantes que compreendem páginas da angústia de Heidegger fazendo estudos continuados em Kierkegaard e rumando em seguida para comentadores. Mitologia é Filosofia? - dica 37 As divisões acadêmicas auxiliam a compreender contextos, épocas, situações específicas, passagens e movimentos filosóficos. Mas trazem aspectos que pedem frequentes revisões. Em Filosofia é usual o estudante aprender que após a época das narrativas dos mitos iniciou a Filosofia, com a razão. Na prática, os mitos foram parte importante da construção do que se seguiria. A Filosofia está impregnada dos mitos. Em alguns filósofos, como em Platão, há elaborações complexas relacionando mito e Filosofia. Mitos, mitologia, narrativas alegóricas são parte da Filosofia. Assim como fotografia, teatro, música. Congressos, encontros - dica 38 Congressos, workshops, eventos filosóficos trazem elementos importantes, desde que o patamar de desenvolvimento no qual o estudante se encontre tenha interação com os trabalhos. Mas um elemento relevante nestes encontros filosóficos é o aspecto que transcende os trabalhos apresentados. As conversas no cafezinho, a convivência fora da formalidade, a amizade que é feita nos intervalos, o vinho com os colegas. Não é raro que a parte mais importante esteja fora da formalidade. Cuide e observe se o que é apresentado na formalidade acadêmica encontra paralelo na informalidade dos corredores, das mesas, das conversas de jardim. Algumas filosofias somente funcionam no papel, no discurso da mesa de apresentação, e nada há de errado ou ruim nisso, em alguns casos, pois há espaço para as filosofias especulativas e elas têm sua razão de ser no mundo acadêmico. Mas o aluno, ao avaliar as rupturas e complementações entre teoria e prática, pode se orientar quanto aos rumos a tomar. Isso, evidentemente, nem sempre é simples e fácil. Congressos, eventos, mostram parte da vida social do filósofo, mostram às vezes outras faces do discurso, trazem a chance da experiência do convívio filosófico em bases que vão além dos papéis, dos escritos. A validação do discurso pode passar por este critério, vez ou outra. Vale, muitas vezes, verificar se isso tem a ver com você, com seu modo de trabalhar a Filosofia. Filosofia sem reflexão - dica 39 Uma parte importante do que chamamos de Filosofia é provavelmente feito sem reflexão, tal qual a conhecemos. Muitos encadeamentos de idéias, muitas concepções, diversas construções teóricas são constituídas por outros caminhos, muitos deles ainda desconhecidos. O que sabemos desses caminhos desconhecidos diz respeito à feitura de suas aparições, ao modo como se expressam, ao elemento de decorrência. Assim, intuições, sensações, fragmentos conceituais, sonhos etc, entrem no bojo do discurso filosófico. Lidar apropriadamente com isso, dentro do que está em tratamento, o assunto, colocar estes aspectos no âmbito das reflexões, eis um dos desafios filosóficos. Nem sempre é possível um corpo teórico coerente que amarre o discurso em um discurso academicamente aceito. Eis aqui uma abertura epistemológica para a poesia, o devaneio, a quimera no discurso filosófico. Os cuidados, é notório, são muitos. Há aqui dificuldades e desafios, um caminho diferente na Filosofia atual. Estamos prontos para este desafio filosófico, algo a somar com a Filosofia que já fazemos? Utilidade do estudo - dica 40

Compreender o estudo da Filosofia via utilidade é uma possibilidade que leva a resultados complexos, muitas vezes. Alguns filósofos se indagam sobre se realmente existe uma utilidade. Se tentarmos mensurar esta utilidade como quem analisa o valor e os desdobramentos de um prédio repleto de escritórios, provavelmente encontraremos problemas que levarão a questão para outros âmbitos. Há conhecimentos e ideias que não se misturam às medidas e ao peso, por exemplo, de um tijolo.

De modo geral, a utilidade do estudo filosófico aparece ao longo da vida, misturado, adaptado, modificado, articulado em decisões, em alternativas, em preceitos e em experiências. Isso não significa estar melhor subjetivamente, de modo hedonista, no mundo. A Filosofia se torna mais visível em sua forma estética, ética, filosófica propriamente, entre outras, e menos visível quando falamos em utilidade. Esta, curiosamente, é mais uma de suas utilidades prováveis. Ponto de Vista de quem escreve - dica 41 O escritor de um texto filosófico não necessariamente precisa resolver os problemas do mundo, dar conselhos, propor alternativas, desautorizar ou autorizar autores. Um autor de um texto filosófico pode colocar suas angústias, suas perplexidades, seus anseios. Às vezes isso é o mais próximo do tema em questão que o autor chegará. São muitos os que se encontram diante de um teclado com a noção de que se vão escrever um texto filosófico precisarão respondem a questões milenares da humanidade, e tudo em um tom formal ou engraçado (tom jornalístico usual de alguns semanários importantes para questões filosóficas). A abrangência de uma questão - dica 42 Um cuidado com o estudo diz respeito também ao delimitar da questão a ser tratada. Há questões que se esparramas em níveis, capítulos, associações longas. Veja como um exemplo quando Heidegger trata do que vem a ser a Filosofia. Ele espalha o tema em sentidos que se cruzam e se desdobram. Em casos assim, ainda que acarrete riscos no conteúdo, uma alternativa é fragmentar o texto e tomar um elemento separado, quando isso puder ser realizado. Neste caso, os desdobramentos a partir do fragmento tomado para estudo devem ser mencionados, mas não desenvolvidos. Delimitar um tema pode significar mudar o tema em sua essência, pois alguns temas pedem a abrangência dos horizontes e se perdem quando são circunscritos a uma gama pequena de elementos. Exatidão do conceito - dica 43 Elementos literais, dados convencionados, rituais do jargão, os protocolos, há dados no estudo que pedem estas exatidões. É deste modo que um estudante pode saber exatamente o que lhe é solicitado. Há algumas orientações que podem auxiliar o estudante nesta tarefa: consultar um dicionário sobre o assunto tratado, recorrer a um autor que trate especificamente do tema, tirar dúvidas diretamente com o professor. Isso tudo é particularmente relevante quando estamos em uma área da Filosofia que exige cuidados com os conceitos. Português e Filosofia - dica 44 Qual a influência das palavras, a sonoridade, a cadência, os modos gerais da língua portuguesa na Filosofia que trabalhamos? Para muitos, é determinante e faz com que autores como Heidegger e Levinas, mesmo em tradução, soem distante. Amadeu Amaral ilustra este tema em sua obra sobre o folclore chamada O dialeto caipira. Ele pesquisa o linguajar regional, em 1920, neste livro. Mostra como fala o caboclo paulista no vale do rio Paraíba, seu vocabulário. Como você se expressa no cotidiano?


Isso tem a ver com a Filosofia que você vive e o modo como a trabalha? Confira isso. Há elementos interessantes que podem ser aqui descobertos.

a quem eu atendia no hospital. Eu perguntei a ele quantas faces ele imaginava que a questão teria. A resposta foi ?ao menos duas, pois em tudo há duas faces?.

Perguntas e respostas - dica 45

Isso me fez lembrar os ensaios de Bobbio: ?Toda a época tem duas faces, e a capacidade de vermos uma ou outra depende da posição em que nos colocamos. Raramente conseguimos nos colocar numa posição da qual se podem ver ambas. Daqui a extraordinária ambigüidade da história do homem (que corresponde, de resto, à contraditoriedade da natureza humana), na qual o bem e o mal se contrapõem, se misturam e se confundem. Pessoalmente, não hesito em afirmar que o mal sempre prevaleceu sobre o bem, a dor sobre a alegria, o sofrimento sobre o prazer, a infelicidade sobre a felicidade, a morte sobre a vida. Naturalmente, não sei explicar esta tremenda característica da história do homem. Suspendo o juízo sobre as explicações teológicas. Prefiro afirmar: não sei.?

Um leitor deste site, Antonio de Assis, escreve: "Não chegou o tempo no qual a Filosofia agora mais responde do que pergunta? Os textos dos filósofos que vemos em jornais e revistas mostram opiniões, mostram argumentos prontos, trazem mais respostas do que perguntas. A Filosofia apresenta uma nova forma de expressão?"

A Filosofia realmente mudou em vários aspectos, desde a época quando é exercida até as novas mídias. Mas as respostas, as ideias prontas, as afirmações antes mesmo das perguntas, tudo isso é antigo, não é novidade. É parte essencial do acervo filosófico, e sabemos que há dogmas consistentes no fazer Filosofia. No entanto, não podemos deixar de lado um fator: responder, afirmar, negar, apresentar uma ideia pronta é um modo também de expressar interrogativas. Exemplo: "o governo pensa que somos inocentes em questões políticas". E em seguida vem um sólido argumento mostrando que quem é inocente é o governo, que as massas pensam e reagem de modo diferente, e que derrubam governos quando as coisas ultrapassam certos limites. Quando não há uma definição - dica 46 Há elementos na Filosofia que fogem a definições, não cabem nas definições, são abatidos em sua compreensão quando definidos. Há diversos aspectos que podem ser compreendidos e estudados em seus processos dinâmicos, mas que dificilmente poderão ser pontuados por um termo, uma expressão. Um exemplo acontece nos estudos da Matemática Simbólica, em Filosofia Clínica, quando os filósofos estudam transparências, invisibilidades processuais, opacidades; os aspectos que ocorrem dentro destes eventos podem ser explicados, mas é improvável que se tenha definições que consigam abraçar os fenômenos inteiros. Movimento - dica 47 Algumas idéias se movem enquanto são trabalhadas. Algumas têm isso como característica. Elas se deslocam e se modificam enquanto são construídas, passam por reflexões. Este fenômeno encontra parentesco no cinema, no pensamento filosófico em torno de elementos semelhantes aos que encontramos ali. Cada vez mais. Um exemplo é O Mito da Caverna, que se move e se espalha em direções e sentidos quando o consideramos. Cerca ocasião, Deleuze chamou a atenção para este aspecto dizendo: ?Tenho a impressão de que as concepções filosóficas modernas da imaginação não levam em conta o cinema: ou elas crêem no movimento, mas suprimem a imagem, ou elas mantém a imagem, mas suprimem dela o movimento. É curioso que Sartre, em A Imaginação, considere todos os tipos de imagem, exceto a imagem cinematográfica. Merleau-Ponty se interessava pelo cinema, mas para confrontá-lo às condições gerais da percepção e do comportamento?. Filosofias que pedem distância ? dica 49

Uma orientação aqui é que podemos nos aproximar de uma questão filosófica sabendo que em algumas vezes não encontraremos duas faces, apenas uma. Ou nenhuma. Ou várias. Nem sempre algo terá necessariamente dois lados, duas faces. Tempo - dica 49 Observe como o tempo, a temporalidade, tem a ver com o seu estudo, seu caminho para a compreensão. Hoje há diversos fenômenos paralelos que podem auxiliar, por complementação e associação, o filosofar. Por isso, para muitos, estudar menos é aprender mais. Evidentemente, há muitos fatores que devem ser aqui considerados. Considere como um exemplo o que Sartre escreve em O Ser e o Nada: "A temporalidade é evidentemente uma estrutura organizada, e esses três pretensos "elementos" do tempo, passado, presente, futuro, não devem ser considerados como uma coleção de "dados" cuja soma deve ser feita _ por exemplo, como uma série infinita de "agora", alguns dos quais ainda não são, outros que não são mais _, mas como momentos estruturados de uma síntese original. Senão encontraremos, em primeiro lugar, este paradoxo: o passado não é mais, o futuro ainda não é, quanto ao presente instantâneo, todos sabem que ele não é tudo, é o limite de uma divisão infinita, como o ponto sem dimensão." Muitas palavras - dica 50 A impressão de que a Filosofia requer muitas palavras, tratados volumosos, provavelmente esteve ligada a restrições de dados de semiose como expressão. Por muito tempo a Filosofia se fez por escrito. Hoje, com as novas mídias, com os recursos de expressão, como fotografia e cinema, filosofias inteiras podem ser comunicadas por imagens, sons etc. O estudante, o estudioso, pode procurar por tais elementos que tenham mais a ver com suas reflexões filosóficas. "Toda esta tagarelice dos homens não constitui uma verdadeira palavra, suporto-a para poder gozar o silêncio que passa através dela."

Há questões filosóficas que foram erguidas como peças que somente podem ser vivenciadas, não explicadas. A tentativa de aproximação e explicação, em tais casos, pode tornar tudo diferente e destituir de sua identidade a questão. A idéia filosófica de que devemos tratar tudo pelo crivo da razão, a tentativa de entender e de explicar, isso pode arruinar certas questões filosóficas cuja composição pede distância, dúvida, o não saber. Isso pode ocorrer, por exemplo, na Filosofia da Arte, na vivência de uma obra surrealista. Algumas filosofias podem ser vividas e terão nisso toda a possível explicação, longe da argumentação, das explicações tradicionais do método e da pesquisa.

Buber

Os lados de uma questão - dica 48

Uma ilustração encontramos em Ariano Suassuna, no trecho auto biográfico a seguir.

Certa ocasião, durante uma aula na pós-graduação, um aluno me perguntou quantas faces teria determinada questão que estudávamos. O tema tratava da busca do suicídio por uma pessoa

Afinidades - dica 51 É interessante observar o que chama a atenção do estudioso em Filosofia. O que lhe pede pesquisa, o que lhe afasta das obras, quais os caminhos para determinado autor, para determinada teoria. As afinidades não são sempre evidentes em Filosofia. Por isso, as propensões existenciais do estudante auxiliam a se ter uma ideia, ainda que por vezes remota, das possíveis trajetórias.


"Tem uma frase de Thomas Mann que me tocou profundamente. Ele disse: ninguém pode sofrer influência daquilo que lhe é estranho, que lhe é alheio. Você só vai se influenciar por uma coisa que você já tem dentro de si e que talvez você não soubesse que ia se revelar. A arte popular é profundamente dinâmica, é formidável nela a capacidade de absorver elementos estranhos. Dou sempre esse exemplo: quando o homem chegou à Lua pela primeira vez eu não vi nada que se aproveitasse. Quando menino vi um seriado chamado Flash Gordon no Planeta Mongo, que me deu muito mais sensação de conquista do espaço do que aquela porcaria. É um negócio feio, rapaz, horrível, a roupa dos astronautas era horrorosa, uns sapatos de chumbo, e eles andando tudo assim, com medo da falta de gravidade... um negócio feio, desgraçado. Flash Gordon era 10 mil vezes melhor."

Teoria para tudo - dica 52 O cuidado com a universalização, o cuidado com a tentativa de tudo explicar a partir de um argumento, de um pensamento contundente; o cuidado com os exageros teóricos, o cuidado com o enquadramento de caracteres amplos e distintos sob um mesmo princípio, tudo isso exige discernimento, estudo do aluno de Filosofia. Miguel Torga escreveu em 1941 o que segue: ?... a gente põe-se a pensar em quantas maravilhosas teorias os filósofos arquitetaram na severidade das bibliotecas, em quantos belos poemas os poetas rimaram na pobreza das mansardas, ou em quantos fechados dogmas os teólogos não entenderam na solidão das celas. Nisto, ou então na conta do sapateiro, na degradação moral do século, ou na triste pequenez de tudo, a começar por nós. Mas a vida é uma coisa imensa, que não cabe numa teoria, num poema, num dogma, nem mesmo no desespero inteiro dum homem?. Local - dica 53 Thomas Bernhard escreveu o seguinte: ?Se o ambiente em que estudamos nos é adverso estudamos melhor do que num que nos seja propício, quem estuda faz sempre bem em escolher um local de estudo que lhe seja adverso, e não um que lhe seja propício, porque o local propício rouba-lhe sempre uma grande parte da concentração no estudo, e o que lhe é adverso, pelo contrário, permite-llhe um estudo a cem por cento, porque o obriga a concentrar-se nesse estudo?. Um fator interessante é que você observe se o local tem maior ou menor influência em seus estudos filosóficos. Alguns estudantes se desenvolvem com barulho, bagunça, falta de horário etc. Muitos estudantes necessitam de lugares calmos e tempo. Verifique como é para você. Complexidades - dica 54 Algus alunos perguntam se podem usar de termos vagos, de linguagem mergulhada em neblina, para poderem colocar suas ideias na academia. A resposta é que, de modo geral, não podem. Nos bancos escolares, tendo em vista a conversação e o entendimento mútuo, é essencial que a complexidade se reduza a expressões que possam ser partilhadas e entendidas.

Leia o que escreve sobre isso Ortega y Gasset:

"Sempre acreditei que a claridade é a gentileza do filósofo e, além disso, esta nossa disciplina tem como ponto de honra, hoje mais do que nunca, estar aberta e porosa a todas as mentes, diferente das ciências especiais, que cada vez mais com maior rigor, interpõem entre o tesouro das suas descobertas e a curiosidade dos profanos o dragão medonho da sua terminologia hermética. Penso que o filósofo tem que levar até ao limite de si próprio o rigor metódico quando investiga e persegue as suas verdades, mas que ao emitilas e enunciá-las deve evitar o uso cínico com que alguns homens de ciência se comprazem, como Hércules de feira, em ostentar diante do público os biceps do seu tecnicismo."

Evolução contingente - dica 55 A Filosofia é um dos caminhos nos quais o desenvolvimento pode caminhar célere para um atraso, do atraso diversas vezes - para o abandono do tema. O desenvolvimento não se faz necessariamente, na Filosofia, por somas, por acréscimos. Dependendo de como o jovem filósofo construiu sua mente, isso pode ser frustrante. Jaspers pensava algo que pode contribuir com este assunto: "Não há homem total e não o haverá jamais. Por isso há dois modos de pensar o futuro do homem. Posso concebê-lo como um processo natural, análogo àquele que respeita aos objetos, e formular probabilidades". Interpretar - dica 56 Algumas vezes é interessante observar que qualquer que seja a sua interpretação sobre um elemento filosófico, ele poderá ser revisto, refeito, reconsiderado de inúmeras maneiras. Trata-se de uma das peculiaridades da Filosofia. Ter prudência quanto ao alcance da verdade que propomos pode ser um ato de liberdade para outros que se ocuparão do tema. Raymond Aron escreveu, neste sentido, o que segue: "Não existe uma realidade histórica, já feita antes da ciência, que conviesse simplesmente reproduzir com fidelidade. A realidade histórica, por ser humana, é equívoca e inesgotável. São equívocas a pluralidade dos universos espirituais através dos quais se desenrola a existência humana, a diversidade dos conjuntos nos quais vêm situar-se as ideias e os atos elementares. É inesgotável a significação do homem para o homem, da obra para os intérpretes, do passado para os presentes sucessivos". Dúvidas - dica 57 A dúvida pode ser uma resposta ao problema formulado. A dúvida pode ser a afirmação da questão, seu desenvolvimento. A fé em algo é possível como condição de um filosofar, mas a dúvida também conhece um espaço amplo. Pode ser importante para os seus estudos filosóficos aprender a lidar com a dúvida, com a incerteza. ?Tanto a dúvida como a crença têm efeitos positivos sobre nós, ainda que bem distintos. A crença não nos faz agir prontamente, mas predispõe-nos a agir de uma certa maneira quando surge a ocasião? ? escreveu Peirce. Observe como isso é para você. Sobre os filósofos - dica 58 Uma indicação importante: conhecer a historicidade de quem edifica pensamentos filosóficos. Tome como exemplo um trecho da autobiografia de Patativa do Assaré.Observe como se torna mais acessível o conhecimento de suas ideias a partir de sua trajetória de vida. "Eu, Antônio Gonçalves da Silva, filho de Pedro Gonçalves da Silva, e de Maria Pereira da Silva, nasci aqui, no Sí¬tio denominado Serra de Santana, que dista três léguas da cidade de Assaré. Meu pai, agricultor muito pobre, era possuidor de uma pequena parte de terra, a qual depois de sua morte, foi dividida entre cinco filhos que ficaram, quatro homens e uma mulher. Eu sou o segundo filho. Quando completei oito anos, fiquei órfão de pai e tive que trabalhar muito, ao lado de meu irmão mais velho, para sustentar os mais novos, pois ficamos em completa pobreza. Com a idade de doze anos, freqüentei uma escola muito atrasada, na qual passei quatro meses, porém sem interromper muito o trabalho de agricultor. Saí¬ da escola lendo o segundo livro de Felisberto de Carvalho e daquele tempo para cá não freqüentei mais escola nenhuma, porém sempre lidando com as letras, quando dispunha de tempo para este fim. Desde muito criança que sou apaixonado pela poesia, onde alguém lia versos, eu tinha que demorar para ouvi-los. De treze a quatorze anos comecei a fazer versinhos que serviam de graça para os serranos, pois o sentido de tais versos era o seguinte: Brincadeiras de noite de São João, testamento do Juda, ataque aos preguiçosos, que deixavam o mato estragar os plantios das roças, etc. Com 16 anos de idade, comprei uma viola e comecei a cantar de improviso, pois naquele tempo eu já improvisava, glosando os motes que os interessados me apresentavam. Nunca quis fazer profissão de minha musa, sempre tenho cantado, glosado e recitado, quando alguém me convida para este fim.


Quando eu estava nos 20 anos de idade, o nosso parente José Alexandre Montoril, que mora no estado do Pará, veio visitar o Assaré, que é seu torrão natal, e ouvindo falar de meus versos, veio à nossa casa e pediu à minha mãe, para que ela deixasse eu ir com ele ao Pará, prometendo custear todas as despesas. Minha mãe, embora muito chorosa, confiou-me ao seu primo, o qual fez o que prometeu, tratando-me como se trata um próprio filho. Chegando ao Pará, aquele parente apresentou-me a José Carvalho, filho de Crato, que era tabelião do 1o. Cartório de Belém. Naquele tempo, José Carvalho estava trabalhando na publicação de seu livro ?O matuto Cearense e o Caboclo do Pará?, o qual tem um capí¬tulo referente a minha pessoa e o motivo da viagem ao Pará. Passei naquele estado apenas cinco meses, durante os quais não fiz outra coisa, senão cantar ao som da viola com os cantadores que lá encontrei." Quem está a dizer - dica 59

Quem de fato entende, escreve, estabelece vínculos a partir do que você estuda? Qual parte de você? Alguns são teóricos, constroem poemas existenciais achando que estão fazendo casas de tijolos; nem sempre há relações. Por isso, o Cancioneiro, de Fernando Pessoa é sempre atual em Filosofia: De quem é o olhar Que espreita por meus olhos? Quando penso que vejo, Quem continua vendo Enquanto estou pensando? Por que caminhos seguem, Não os meus tristes passos, Mas a realidade De eu ter passos comigo ?

Em parte, sim. Serve para ilustrar o rumo da pesquisa. Entre os paralelos que podemos traçar com relação ao estudo filosófico, e são muitos, procure observar as imagens, as perguntas que são feitas, as medidas que são cobradas, as conclusões, os desdobramentos. Além disso, há aspectos sobre o objeto último. O que na base move a pesquisa (interesse de informar?) e como isso se desenvolve. Outro elemento é a forma de abordar o tema, a posição de quem aborda, de onde. Observe ainda o alcance; está restrito ao evento? Espalha-se em direção a outros setores? O que acontece? O que mais neste estudo sobre o modo como a tragédia foi estudada nas mídias serve para um pesquisador em Filosofia? O que é o homem? É a primeira e principal pergunta da filosofia. ... nasceu do que pensamos sobre nós mesmos e sobre os outros e queremos saber, em relação ao que refletimos e vimos, o que somos e em que coisa nos podemos tornar... Gramsci sobre a identidade do homem. Não há quem possa ter um rosto para si mesmo e outro rosto para a multidão, por muito tempo, sem que comece a confundir qual dos rostos é o verdadeiro. Nathaniel Hawthorne, sobre identidade O que em realidade deixa um homem lisonjeado é o fato de você o considerar digno de adulação. Bernard Shaw Sobre a lisonja, de Bernard Shaw Os que leem maus livros não levam vantagem sobre aqueles que não leem livro nenhum. Mark Twain Sobre ler maus livros, de Mark Twain

Às vezes, na penumbra Do meu quarto, quando eu Por mim próprio mesmo Em alma mal existo,

- A guerra é a arte de destruir e a política de enganar os homens. dAlembert

Toma um outro sentido Em mim o Universo ? É uma nódoa esbatida De eu ser consciente sobre Yinha ideia das coisas.

Se a moral se baseia na teologia e o direito depende da autoridade divina, as coisas mais imorais e injustas podem ser justificadas e impostas. Ludwig Feuerbach

Se acenderem as velas E não houver apenas A vaga luz de fora ? Não sei que candeeiro Aceso onde na rua ? Terei foscos desejos De nunca haver mais nada No Universo e na Vida De que o obscuro momento Que é minha vida agora! Um momento afluente Dum rio sempre a ir Esquecer-se de ser, Espaço misterioso Entre espaços desertos Cujo sentido é nulo E sem ser nada a nada. E assim a hora passa Metafisicamente. Perspectivas em pesquisa - dica 60 "Tragédias públicas como a ocorrida em Santa Maria mostram a Filosofia, a pesquisa filosófica, da imprensa para episódios desta natureza?" - pergunta um aluno.

Tratar-se-á de operar a conversão da alma de um dia tão tenebroso como a noite para o dia verdadeiro, isto é, elevá-la até o ser. E é a isso que chamaremos a verdadeira filosofia. Platão - A República Sócrates - O que é Filosofia? Tu tens o direito de ser aquilo que a tua força te permite ser. A força é coisa bela e em muitos casos é útil, porque se vai mais longe com uma mão cheia de força do que com um saco cheio de direitos. Johann Caspar Schmidt (Max Stirner) "Escuta, amigo, a filosofia não é a sabedoria, mas o estudo da sabedoria." Agostinho de Hipona - Contra os Acadêmicos. Agostinho de Hipona - O que é Filosofia? É necessário acabar com este modo de corrupção, acabar com a "partidocracia" no Brasil.A esquerda brasileira perdeu a chance de liberar o país desta corrupção e infelizmente ajudou a desenvolver a corrupção. Daniel Cohn-Bendit Daniel Cohn-Bendit, sobre a corrupção no Brasil Aquele que não se ocupa da política, tomou a decisão política de que apreciaria ter poupado a si mesmo: está a serviço do partido dominante. Max Frisch (escritor suíço) Max Frisch, sobre política


A prioridade política há anos é a educação básica. Há quase vinte anos os ministros da educação afirmam isso, mas não conseguimos ainda dar um salto de qualidade nesta área. Renato Janine Ribeiro Renato Janine Ribeiro, ministro da Educação O motivo de o juízo da posteridade sobre o indivíduo ser mais certo do que o juízo dos contemporâneos, encontra-se no próprio morto. O indivíduo desenvolve-se só depois da morte, quando sozinho. A morte é para o indivíduo o que é a tarde de sábado para o limpador de chaminés: lava-o da fuligem. Kafka, sobre juízos atuais e póstumos Há dois pecados capitais, dos quais derivam todos os outros: impaciência e relaxamento. Por efeito da impaciência, foi o homem expulso do paraíso; por efeito do relaxamento, lá não voltará. Mas também pode ser que não volte por efeito da impaciência. Kafka, sobre os dois maiores pecados Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo. Todos educam-se entre si, mediatizados pelo mundo. Sobre construir o país, de Paulo Freire Se nossa opção é progressista, se estamos a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não temos outro caminho senão viver plenamente a nossa opção. Nossas escolhas, com Paulo Freire Um número crescente de homens e de mulheres reconhece a sua dificuldade em amar a mesma pessoa para toda a vida. Relativamente a este aspecto, a situação mais frequente não é o sexo pelo sexo e o aumento relativo dos parceiros sexuais, mas a multiplicação das próprias histórias amorosas. Por um lado, o ideal amoroso constitui um obstáculo ao consumo-mundo; por outro, a vida sentimental tende a acompanhar a temporalidade efêmera e acelerada do hiperconsumo. Assistimos à anulação da dimensão afetiva, a uma vida amorosa que começa a desenvolver em si mesma a estrutura do turboconsumismo, com a desregulação do mito do amor eterno, a desqualificação dos ideais de sacrifício, a progressão das relações temporárias, a instabilidade e a inconstância dos sentimentos. Gilles Lipovetsky, sobre a relação íntima afetiva Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, dependendo de uma gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora gentilmente. Sobre apresentações, do livro A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak Markus Zusak, sobre apresentações Há alguma coisa para além da representação? É a consciência uma janela fiel dando para a realidade, ou, antes, um sistema de lentes embaciadas e riscadas pela história, que filtram só imagens falsas e sombras incertas da verdade? E há deveras qualquer coisa por trás do conhecimento, ou apenas o nada, como por trás da vida? Seria talvez apenas espelho de si mesmo, casca sem tronco e roupagem sobre o vácuo? Giovanni Papini, em Um Homem Liquidado Somos livres, mas isso não nos dispensa de nos tornarmos livre. Simplesmente foi indispensável que a ontologia nos dissesse de antemão se a tentativa teria sentido. As análises ontológicas já feitas nos mostram que ela tem sentido, pois essencialmente não somos determinados. Cabe a nós lhe dar

um sentido positivo na atitude prática pela qual existencialmente nós nos determinamos, tomando apoio nas dificuldades de nossa própria presença no mundo. Um elemento sobre a liberdade. Giles O homem se define antes de tudo como um ser em situação. Isto significa que constitui um todo sintético com a sua situação biológica, econômica, política, cultural, etc. Não é possível distingui-lo desta situação, pois ela o forma e decide de suas possibilidades, mas, inversamente, é ele que lhe atribui o sentido, escolhendo-se em e por ela. Estar em situação, segundo nós, significa escolher-se em situação e os homens diferem entre si como diferem suas respectivas situações e também conforme a escolha que efetuam de sua própria pessoa. O homem em situação, Sartre Ser judeu é ser atirado à situação judaica, abandonado nela e é, ao mesmo tempo, ser responsável em e por sua própria pessoa pelo destino e pela natureza mesma do povo judeu. Não é o passado, nem a religião, nem o solo que unem os filhos de Israel. Mas se dispõem de um liame comum, se merecem todos o nome de judeu, é porque possuem em comum uma situação de judeu, isto é, porque vivem no seio de uma comunidade que os considera judeu. A identidade judaica. Sartre Os outros fazem comigo o que eu consinto que eles façam, dispersando-me. Aquilo que eu lhes peço para fazerem: não me deixarem ser eu-um. Nem foi preciso rogar-lhes de boca. Adivinharam. Claro que eu queria sair com eles por aí, fugindo de mim como se foge de um chato. Mas não foi essa a dissipação maior. No trabalho é que me perdi completamente de mim, tornando-me meu próprio computador. Sem deixar faixa livre para nenhum ato gratuito. Na programação implacável, só omiti um dado: a vida. Os outros em nós, por Carlos Drummond de Andrade O destino, isso a que damos o nome de destino, como todas as coisas deste mundo, não conhece a linha reta. O nosso grande engano, devido ao costume que temos de tudo explicar retrospectivamente em função de um resultado final, portanto conhecido, é imaginar o destino como uma flecha apontada diretamente a um alvo que, por assim dizer, a estivesse esperando desde o princípio, sem se mover. Ora, pelo contrário, o destino hesita muitíssimo, tem dúvidas, leva tempo a decidir-se. José Saramago Imprevisibilidade da Vida, por Saramago A maior parte das pessoas, seduzidas pelas aparências, deixa-se tomar pelos engodos enganadores de uma baixa e servil complacência; tomam-na por um sinal de uma verdadeira amizade; e confundem, como dizia Pitágoras, o canto das sereias com o das musas. Montesquieu, sobre os enganos de época. Tudo é loucura ou sonho no começo. Nada do que o homem fez no mundo teve início de outra maneira - mas já tantos sonhos se realizaram que não temos o direito de duvidar de nenhum. Sobre o fazer, por Monteiro Lobato. Não há vício que se não esconda atrás de boas razões; a princípio, todos são aparentemente modestos e aceitáveis, só que a pouco e pouco vão-se expandindo. Não conseguirás pôr fim a um vício se deixares que ele se instale. Toda a paixão é ligeira de início; depois vai-se intensificando, e à medida que progride vai ganhando forças. É mais difícil libertarmo-nos de uma paixão do que impedir-lhe o acesso. Ninguém ignora que todas as paixões decorrem de uma tendência, por assim dizer, natural. A natureza confiou-nos a tarefa de cuidar de nós próprios, mas, se formos demasiado complacentes, o que era tendência torna-se vício. Sêneca, sobre o vício e a dependência


Estamos neuróticos. Não só existe desigualdade na distribuição da riqueza como também na satisfação das necessidades básicas. Não nos orientamos por um sentido de racionalidade mínima. A Terra está rodeada de milhares de satélites, podemos ter em casa cem canais de televisão, mas para que nos serve isto neste mundo onde tantos morrem? É uma neurose coletiva, as pessoas já não sabem o que é que lhes é essencial para a sua felicidade. (publicado em Zero Hora, 1997) José Saramago sobre a nossa neurose. Será necessário inaugurar uma nova civilização, criar uma estética antropológica, um sistema de ressonância com a parte iluminada de nós mesmos e de outras pessoas; uma espécie de chave-mestra de nosso coração, capaz de descobrir a semente da beleza indescritível. Não somente nas pessoas agraciadas pela perfeição externa que existe este interior iluminado, mas também naquelas aparentemente feias ou grotescas, porque a Luz de Deus aparece por igual em todos os seres humanos. Rolando Toro, sobre um novo mundo Eu diria que o pós-modernismo detectou problemas-chave, pecados capitais no modernismo. A meu ver, nos três vértices do triângulo: o campo dos valores, o campo das crenças ou do que aceitamos e o campo das esperanças ou das utopias. As pessoas trabalham amplamente nestes três campos: no campo cognitivo, o que podemos acreditar (estilo Kant); o que temos que fazer, campo prático, pragmático; e, o terceiro, o campo sentimental. Agora, o modernismo pecou, e o exemplo mais evidente está nas utopias criadas nesse período, como no caso do fascismo e do stalinismo. O que fazer? Temos duas possibilidades. Uma é dizer que tudo isso foi ruim, ou que isso é ser pós- -modernista, ou seja, perdemos valores que eu creio que temos que ter; outra possibilidade é dizer que somos o neo-modernismo, ou seja, queremos voltar a muitas coisas do modernismo, mas sem os pecados do modernismo. Os pecados foram que de um lado a Europa fala de igualdade, liberdade, fraternidade, e de outro, escravizou a África e parte da Ásia, e isso é um pecado que, com justiça, a Europa deve pagar. Mas, para além disso, não podemos perder a acepção de que nem tudo é igual, contra o relativismo. Shalom Rosenberg, sobre os pecados da modernidade. Mandam as crianças à escola, não tanto para que aprendam alguma coisa, mas para que se habituem a estar calmas e sentadas e a cumprir escrupulosamente o que se lhes ordena, de modo que depois não pensem mesmo que têm de pôr em prática as suas ideias. Kant, sobre educar as crianças. O erro na verdade não é ter um certo ponto de vista, mas absolutizá-lo e desconhecer que, mesmo do acerto de seu ponto de vista é possível que a razão ética nem sempre esteja com ele. Paulo Freire O absolutismo da verdade, de Paulo Freire O que impressiona o homem no espetáculo dos outros homens são os pontos em que se assemelham. Historiadores, arqueólogos, filósofos, moralistas, literatos pediram primeiro aos povos recém?descobertos uma confirmação de suas próprias crenças sobre o passado da humanidade. Isso explica porque, durante os grandes descobrimentos do Renascimento, os relatos dos primeiros viajantes não tenham causado surpresa: acreditava?se menos em descobrir novos mundos que encontrar o passado do mundo antigo. Os gêneros de vida dos povos selvagens demonstravam que a Bíblia, os autores gregos e latinos diziam a verdade ao descrever o jardim do Éden, a Idade de Ouro, a Fonte da Juventude, a Atlântida ou as Ilhas Afortunadas... Admiração entre os homens, de Claude Lévi-Strauss É por isso que se mandam as crianças à escola: não tanto para que aprendam alguma coisa, mas para que se habituem a estar calmas e sentadas e a cumprir escrupulosamente o que se lhes ordena, de modo que depois não pensem mesmo que têm de pôr em prática as suas ideias. Kant, sobre a conformidade na Educação

Não há ideal a que possamos sacrificar-nos, porque de todos eles conhecemos a mentira, nós os que ignoramos em absoluto o que seja a verdade. A sombra terrestre que se alonga por detrás dos deuses de mármore basta para nos afastar deles. Ah, com que amplexo o homem se estreitou a si próprio! Pátria, justiça, grandeza, piedade, verdade, qual das suas estátuas não traz em si os sinais das mãos humanas para que não desperte a mesma ironia triste que os velhos rostos outrora amados?. André Malraux, sobre os problemas do mundo A gramática universal é um conjunto de princípios, que caracteriza a classe das gramáticas possíveis, preconizando o modo com que são organizadas as gramáticas particulares. sobre a gramática universal, Noam Chomsky Em nossos dias, mais que a ausência ou a morte de Deus, e proclamado o fim do homem. dilemas de época, de Michel Foucault É falso dizer que na vida "decidem as circunstâncias". Pelo contrário: as circunstâncias são o dilema, sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter. O que decide as ações, Ortega y Gasset Quase quatrocentos anos após sua entrada em cena, Fausto continua a atrair a imaginação moderna. Por isso, o semanário The New Yorker, em um editorial antinuclear, logo após o acidente de Three Mile Island, aponta a figura de Fausto como símbolo de irresponsabilidade política e indiferença à vida: "O propósito fáustico que os experts concebem em relação a nós é deixá-los dispor da eternidade com suas mãos humanas e falíveis, e isso não é tolerável". Enquanto isso, no outro extremo do espectro cultural, um número recente da revista em quadrinhos Capitão América anuncia "os desígnios maléficos do... Doutor Fausto!". O vilão, que se assemelha extraordinariamente a Orson Welles, sobrevoa o porto de Nova York num gigantesco dirigível. Sobre Fausto, de Marshall Berman O que se ocupa demasiado a fazer o bem não tem tempo para ser bom. Bem e Bom, Rabindranath Tagore É melhor ser bom que mau, mas o preço de ser bom é terrivelmente alto. O custo de ser bom, por Stephen King A normal antipatia do homem por seus parentes, principalmente pelos de segundo grau, é explicada pelos psicólogos de várias maneiras torturantes e improváveis. A real explicação me parece muito mais simples. reside no simples fato de que todo homem vê em seus parentes (especialmente em seus primos) uma série de grotescas caricaturas de si próprio. H. L. Mencken sobre parentescos. O homem detesta os parentes de sua mulher pela mesma razão de que não gosta de seus próprios, ou seja, porque eles lhe parecem grotescas caricaturas daquela por quem ele tem respeito e afeição, ou seja, sua mulher. De todos eles, a sogra é obviamente a mais repugnante, porque ela não apenas macaqueia sua mulher, mas também porque antecipa o que sua mulher provavelmente se tornará. H. L. Mencken, sobre contra-parente Acredita no teu próprio pensamento. Crer que o que é certo para ti, no teu coração, o é também para todos os homens isso é o gênio. Expressa a tua convicção latente e ela será o juízo universal; pois sempre o mais íntimo se converte no mais externo, e o nosso primeiro pensamento é-nos devolvido pelas trombetas do Juízo Final. Acreditar no próprio pensar. Por Emerson.


O que é a vida? - por Rubem Alves Cabe-nos a tarefa irrecusável, seriíssima, dia a dia renovada, de - com a máxima imediaticidade e adequação possíveis fazer coincidir a palavra com a coisa sentida, contemplada, pensada, experimentada, imaginada ou produzida pela razão. Que cada um tente fazê-lo. Verificará que é muito mais difícil do que se costuma pensar. Porque para os homens, infelizmente, as palavras são de um modo geral toscos substitutos. Na maior parte das vezes o homem pensa ou sabe melhor do que aquilo que exprime. O que pensamos e o que é; por Goethe. Pensar sem aprender torna-nos caprichosos, e aprender sem pensar é um desastre. Pensamento e aprendizagem. Por Confúcio Em tudo eu vejo sempre os antecedentes, as consequências, as razões e as causas: sou como as crianças que desmancham o brinquedo que as entretém só pelo prazer de saber o que está dentro. Apesar do meu tradicional horror às ciências positivas, eu tenho uma grande dose de positivismo e a ciência a que na vida ligo maior importância é a matemática. Paradoxos. Por Florbela Espanca ?Eu acho que a gente podia ter se aproximado mais, podia ter tido uma relação de amizade. E não teve. Para mim era muito difícil, porque o papel de pai para ele era diferente. Parece coisa piegas o que vou dizer, mas eles nunca souberam direito como sou grato a eles pelo que fizeram à maneira deles. Quer dizer, minha mãe tadinha, fazia todo o sacrifício. Meu pai também. Mas como foi legal, porque, acima de todas essas coisas... aprendi mais tarde, na relação de pai com o filho, que nisso tudo o importante é o amor. Quer dizer, de passar pro filho ou pro pai que você gosta dele.? Sobre os pais, de Zuenir Ventura Eu rodei o mundo e cantei em todos os palcos, grandes e pequenos. Vivi coisas mágicas. Eu aprendi que o que se acredita ter adquirido é apenas uma pequena parte do que resta a ser descoberto. Georges Moustaki poeta, músico, pensador Georges Moustaki, sobre o Ser. "...a mentira é uma armadura com a qual o homem, muitas vezes, permite ao inapto que existe em si sobreviver aos acontecimentos que, sem essa armadura, o aniquilariam (bem como ao orgulho para sobreviver às humilhações), e esta armadura é como que segregada pelo inapto para prevenir uma situação de perigo (o orgulho, perante a humilhação, adensa a ilusão interior." Simone Weil. Uma das funções da mentira. Comecei por falar de coisas vagas, dessas coisas insignificantes com que se enchem os silêncios embaraçosos. Ela não me respondia nada e permanecia diante de mim, do outro lado da lareira, de cabeça baixa, o olhar indeciso, um pé estendido para o fogo, como que perdida numa difícil meditação. Quando esgotei todas as minhas ideias banais, calei-me. É curioso como às vezes é difícil achar coisas que dizer. Pois bem, eu sentia que havia qualquer coisa de novo no ar, algo invisível, um não sei quê impossível de expressar, essa advertência misteriosa que nos previne das intenções secretas, boas ou más, de outra pessoa a nosso respeito. Em um de seus contos. Guy de Maupassant ilustra cuidados e timidez. O que é a vida de um ser humano? O que e quem a define? O coração que continua a bater num corpo aparentemente morto? Ou serão os ziguezagues nos vídeos dos monitores, que indicam a presença de ondas cerebrais? Confesso que, na minha experiência de ser humano, nunca me encontrei com a vida sob a forma de batidas de coração ou ondas cerebrais. A vida humana não se define biologicamente. Permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da alegria. Morta a possibilidade de sentir alegria ou gozar a beleza, o corpo se transforma numa casca de cigarra vazia. em sua crônica na Folha de S. Paulo

A dualidade entre fatos e decisões leva à validação do conhecimento fundado nas ciências da natureza e desta forma elimina-se a práxis vital do âmbito destas ciências. A divisão positivista entre valores e fatos, longe de indicar uma solução, define um problema. Jürgen Habermas, sobre fatos e decisões Existem dois principais pecados humanos a partir dos quais derivam todos os outros: impaciência e indiferença. Por causa da impaciência fomos expulsos do Paraíso, por causa da indiferença não podemos voltar. Kafka, sobre os dois maiores pecados. Para que discutir com os homens que não se rendem às verdades mais evidentes? Não são homens, são pedras. Tenho um instinto para amar a verdade; mas é apenas um instinto. Voltaire, sobre o curvar à verdade na existência. A existência não cabe numa balança ou entre os ponteiros dum compasso. Pesar e medir é muito pouco; e esse pouco é ainda uma ilusão. O pesado é feito de imponderáveis, e a extensão de pontos sem extensões... Porque a vida, individual ou coletiva, pessoal ou histórica, é a única entidade do universo cuja substância é o perigo. Compõe-se de peripécias. É, rigorosamente falando, drama. - ... a cada minuto precisamos decidir o que vamos fazer no minuto seguinte, e isto quer dizer que a vida do homem constitui para ele um problema permanente. Ortega y Gasset, sobre o drama do viver. Quando se faz uma pergunta dissemos já que nos interessamos por uma determinada questão, limitamos já o campo da resposta. Vergílio Ferreira Detesta o cientista toda a contradição; o artista não a julga; o religioso a absorve no melhor do seu deus. Agostinho Silva Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o estreitam. Brecht Que ninguém hoje me diga nada. Que ninguém venha abrir a minha mágoa, esta dor sem nome que eu desconheço donde vem e o que me diz. É mágoa. Talvez seja um começo de amor. Talvez, de novo, a dor e a euforia de ter vindo ao mundo. Pode ser tudo isso, ou nada disso. Mas não o afirmo. As palavras viriam revelar-me tudo. E eu prefiro esta angústia de não saber de quê. Fernando Namora (sobre a mágoa) Não confundas o amor com o delírio da posse, que acarreta os piores sofrimentos. Porque, contrariamente à opinião comum, o amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, que é o contrário do amor, esse é que faz sofrer. Antoine de Saint-Exupéry Dentre estes diversos trabalhos, os mais excelentes pela arte são os que menos devem ao acaso; os mais baixos, os que mais sujam o rosto e as mãos; os mais servis, aqueles em que o corpo trabalha mais do que o espírito; os mais ignóbeis, os que não requerem nenhuma espécie de virtude. Aristóteles O mais alto objetivo da Arte é o que é comum à Religião e à Filosofia. Tal como estas, é um modo de expressão do divino, das necessidades e exigências mais elevadas do espírito


Hegel (sobre a meta da Arte) O artista não precisa de filosofia e, se pensa como filósofo, entregase a um trabalho que está justamente em oposição à forma do saber próprio da arte." Hegel (identidade do artista) São os homens os produtores das suas representações, das suas ideias, mas os homens reais agentes, tais como são condicionados por um desenvolvimento determinado das suas forças produtivas e das relações que lhes correspondem. A consciência não pode ser coisa diversa do ser consciente e o ser dos homens é o seu processo de vida real. (?) A consciência é portanto, desde início, um produto social, e assim sucederá enquanto existirem homens em geral. Marx (sobre a consciência) Você pensa honestamente, por isso acaba por odiar o mundo inteiro. Você detesta os crentes porque a fé é um indicador de estupidez e de ignorância; e detesta os descrentes porque não têm fé nem ideal. Odeia os velhos pelas suas mentalidades ultrapassadas, e os novos pelo seu liberalismo. Tchekhov (sobre os paradoxos) Confusão é o nome que inventamos para uma ordem que não compreendemos. Henry Miller (sobre a confusão) A vida real de um pensamento dura apenas até ele chegar ao limite das palavras: nesse ponto, ele lapidifica-se, morre, portanto, mas continua indestrutível, tal como os animais e as plantas fósseis dos tempos pré-históricos. Essa realidade momentânea da sua vida também pode ser comparada ao cristal, no instante da cristalização. Schopenhauer. Pensamento (a vida de um pensamento) Todos os homens se imaginam no bem, no passado ou no futuro. Todos os homens se esquecem dos verdadeiros fins e fazem dos meios os seus objetivos. Para onde quer que os homens se voltem, encontram o impossível. Todos os homens se julgam mais que os outros. Não basta aos homens possuir um bem, se não for maior que o do próximo. Papini (o que pensam os homens) É difícil o enfrentamento com os erros do nosso tempo. Se os enfrentamos ficamos desacompanhados, e se nos deixamos apanhar por eles não ganhamos com isso nem mérito nem a alegria.Parece que para destruir servem todos os falsos argumentos. Para construir, não. Goethe (enfrentar os dilemas de época) A felicidade é uma estação intermediária entre a carência e o excesso. Ibsen (sobre a felicidade) É sabido que grupos completos de pensamento atravessam instantaneamente as nossas cabeças, na forma de certos sentimentos, sem tradução para a linguagem humana, menos ainda para uma linguagem literária... porque muitos dos nossos sentimentos, quando traduzidos numa linguagem simples, parecem completamente sem sentido. Essa é a razão pela qual eles nunca chegam a entrar no mundo, no entanto todos os tem. Dostoievski (escritor russo) A palavra não é o signo do pensamento, se compreendermos como tal um fenômeno que anuncia outro, como o fumo anuncia o fogo. A palavra e o pensamento só admitiriam essa relação exterior se uma e outro fossem dados tematicamente; na realidade estão envolvidos uma no outro, o sentido está preso na palavra, e a palavra é a existência exterior do sentido. Maurice Merleau-Ponty (sobre a palavra e o pensamento) Admiro os viciados. Num mundo em que está toda a gente à espera de uma catástrofe total e aleatória ou de uma doença

súbita qualquer, o viciado tem o conforto de saber aquilo que quase de certeza estará à sua espera ao virar da esquina. Adquiriu algum controle sobre o seu destino final e o vício faz com que a causa da sua morte não seja uma completa surpresa. Chuck Palahniuke, ironias e drogas Nós combatemos a nossa superficialidade, a nossa mesquinhez, para tentarmos chegar aos outros sem esperanças utópicas, sem uma carga de preconceitos ou de expectativas ou de arrogância, o mais desarmados possível, sem canhões, sem metralhadoras, sem armaduras de aço com dez centímetros de espessura; aproximamo-nos deles de peito aberto, na ponta dos dez dedos dos pés, em vez de estraçalhar tudo com as nossas pás de lagarta, aceitamo-los de mente aberta, como iguais, de homem para homem, como se costuma dizer, e, contudo, nunca os percebemos, percebemos tudo ao contrário. Philip Roth, sobre os encontros entre pessoas. A mais pequenina dor que diante de nós se produz e diante de nós geme, põe na nossa alma uma comiseração e na nossa carne um arrepio, que lhe não dariam as mais pavorosas catástrofes passadas longe, noutro tempo ou sob outros céus. Um homem caído a um poço na minha rua mais ansiadamente me sobressalta que cem mineiros sepultados numa mina da Sibéria. Eça de Queirós, sobre as distâncias da dor. O espírito do homem é feito de maneira que lhe agrada muito mais a mentira do que a verdade. Fazei a experiência: ide à igreja, quando aí estão a pregar. Se o pregador trata de assuntos sérios, o auditório dormita, boceja e enfada-se, mas se, de repente, o zurrador (perdão, o pregador), como aliás é frequente, começa a contar uma história de comadres, toda a gente desperta e presta a maior das atenções. Erasmo de Roterdã, sobre mentira e verdade. Normalmente, a ausência de dor é apenas a condição física necessária para que o indivíduo sinta o mundo; somente quando o corpo não está irritado, e devido à irritação voltado para dentro de si mesmo, podem os sentidos do corpo funcionar normalmente e receber o que lhes é oferecido. Hannah Arendt, sobre sentir o mundo. Alegria desmedida e dor muito violenta acometem sempre e apenas a mesma pessoa: pois ambas se condicionam reciprocamente e são também condicionadas juntas por uma grande vivacidade do espírito. Ambas são causadas, não pelo simples presente, mas pela antecipação do futuro. No entanto, visto que a dor é essencial à vida e, pelo seu grau, é também determinada pela natureza do sujeito - o que implica que, na realidade, modificações repentinas, sendo sempre externas, não podem mudar o seu grau -, na base do júbilo ou da dor excessivos há sempre um erro e uma falsa crença: por conseguinte, essas duas exaltações do espírito poderiam ser evitadas com o uso do juízo. Schopenhauer, sobre a gangorra alegria e dor

"Creio que muitos indivíduos poderiam ter chegado ao patamar da sabedoria, se não tivessem julgado já estarem, ali, ocultando alguns de seus defeitos ou fechando os olhos para outros. Não há motivo para pensar que a bajulação alheia seja mais nociva do que a nossa. Com efeito, quem ousaria proferir verdades para si? Quem, em meio à multidão dos que aplaudem e bajulam, não se atribui méritos ainda mais elevado do que os elogiados?". Frase de Séneca, filósofo estoicista, nascido no ano 4 a.C. em Córdova e falecido no ano 65 d.C. em Roma. SÊNECA "Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros são naturais e não necessários; outros, nem naturais nem necessários, mas nascidos apenas de uma vã opinião". EPICURO


"O homem possui a capacidade de construir linguagens com as quais se pode expandir todo sentido, sem fazer idéia de como e do que cada palavra significa - como também falamos sem saber como se produzem os sons particulares". LUDWIG WITTGENSTEIN "O homem, porém, não é apenas um ser vivo; ao lado de outras faculdades, também possui linguagem. Ao contrário, a linguagem é a casa do ser; nela morando, o homem ec-siste enquanto pertencer à verdade do ser, protegendo-a". MARTIN HEIDEGGER No fundo da prática científica existe um discurso que diz: "nem tudo é verdadeiro; mas em todo lugar e a a todo momento existe uma verdade a ser dita e a ser vista, uma verdade talvez adormecida, mas que no entanto está somente à espera de nosso olhar para aparecer, à espera de nossa mão para ser desvelada. A nós cabe achar a boa perspectiva, o ângulo correto, os instrumentos necessários, pois de qualquer maneira ela está presente aqui e em todo lugar". Em 1979, Michel Foucault publicou Microfisica do Poder, obra que questionou vários postulados filosóficos entre os quais o poder. MICHEL FOUCAULT "A força que a amizade encerra-se inteiramente clara para o espírito se considerarmos o seguinte: em meio à infinita sociedade do gênero humano, que a própria natureza dispôs, um vínculo é contraído e cerrado tão intimamente que a afeição se acha unicamente condensada entre duas pessoas, ou raramente mais que duas". Marco Túlio Cícero,filósofo romano de 106 a.C. a 43 a.C., esteve diretamente envolvido no poder romano. Ao permanecer afastado da política produziu suas principais obras filosóficas, entre as quais Saber Envelhecer e A Amizade. CÍCERO "Todos os filósofos têm em si o defeito comum de partirem do homem do presente e acreditarem chegar ao alvo por uma análise dele". Em 1879, Nietzsche iniciou uma grande crítica aos valores vigentes, escrevendo Humano, Demasiado Humano. FRIEDRICH NIETZSCHE "Felizes os homens de outras eras! Eles se contentavam com frutos que a Terra lhes dava: Não se perdiam a troco de um luxo dispensável Eram pacientes em seu apetite Até que a Natureza os satisfizesse. Eles não sabiam ainda misturar Os dons de Baco com o puro mel Nem impregnar os tecidos da Índia De corantes tírios. O campo fornecia um campo reparador". Trecho extraído do livro A Consolação da Filosofia de Boécio, que escreveu durante a prisão, enquanto aguardava ser executado. SEVERINO BOÉCIO "A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito que, embora por vezes se encontre um homem manifestante mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que qualquer possa com base nela reclamar qualquer benefício a que outro não possa também aspirar, tal como ele". Thomas Hobbes, filósofo inglês,do final do século XVI ao século XVII. Principal obra de Hobbes, Leviatã, provocou muitas controvérsias em torno de questões políticas e religiosas. THOMAS HOBBES "A nossa liberdade é liberdade de pessoas situadas, e é também liberdade de pessoas valorizadas. Não sou livre apenas porque exerço minha espontaneidade, torno-me livre se der a essa espontaneidade o sentido duma libertação, ou seja, duma personalização do mundo e de mim próprio". Mounier, filósofo francês do século XX, foi o principal representante do Personalismo. Suas idéias influenciaram vários movimentos de resistência.Emmanuel Mounier "O mundo não chega a nós já dividido em objetos; compete a nós dividi-lo; e o modo como o dividimos é de competência de nosso sistema de representação e, nesse sentido, é de nossa competência, ainda que se trate de um sistema biológico, cultural ou lingüisticamente configurado". Em 1983, John Searle, no início da sua carreira filosófica, publicou o livro Intencionality - An Essay in Philosophy of Mind, constituindo-se em uma das principais obras do autor.JOHN R. SEARLE "O destino do homem é sofrer em todos os tempos. A própria preocupação com sua conservação está ligada ao sofrimento. Feliz de quem conhece na infância só os males físicos, males bem menos cruéis, bem menos dolorosos do que os outros, e que bem

mais raramente do que eles nos fazem renunciar à vida! Ninguém se mata por causa das dores gota; quase que só as dores da alma produzem o desespero. Lamentamos a sorte da infância, mas é a nossa que deveríamos lamentar. Nossos maiores males vêm-nos de nós mesmos". A obra Emílio ou Da Educação, publicada por Rousseau em 1762, foi condenada pelo Parlamento de Paris e o autor condenado a prisão. Jean-Jacques Rousseau "Compreender uma pessoa é já falar-lhe. Pôr a existência de outrem, deixando-a ser, é já ter aceito essa existência, tê-la tomado em consideração. Ter aceito, ter considerado, não corresponde a uma compreensão, a um deixar-ser". Emmanuel Levinas , filósofo de origem judáica, foi aluno de Edmund Husserl e Martin Heidegger. Em 1961 publica Totalidade e Infinito, uma síntese das suas investigações até então. EMMANUEL LEVINAS "A educação forma e reforma um ser prudente que se julga finito; a instrução da verdadeira razão lança-o num infinito devir". Michel Serres, filósofo francês, desde 1990 ocupa a poltrona 18 da Acadenia francesa. Entre as obras publicada destaca-se ?O contrato natural?. MICHEL SERRES "Que é, pois, o tempo? Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? Quem o poderá apreender, mesmo só com o pensamento, para depois nos traduzir por palavras o seu conceito? E que assunto mais familiar e mais batido nas nossas conversas do que o tempo? Quando dele falamos, compreendemos o que nos dizemos. Compreendemos também o que nos dizem quando dele falam. O que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei". Aurélio Agostinho (354 ? 430). Foi professor de retórica em Milão em 383. Em 397-398 escreveu Confissoões, a obra de sua autoria mais conhecida. AURÉLIO AGOSTINHO

"Que é, pois, o tempo? Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? Quem o poderá apreender, mesmo só com o pensamento, para depois nos traduzir por palavras o seu conceito? E que assunto mais familiar e mais batido nas nossas conversas do que o tempo? Quando dele falamos, compreendemos o que nos dizemos. Compreendemos também o que nos dizem quando dele falam. O que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei". Aurélio Agostinho (354 ? 430). Foi professor de retórica em Milão em 383. Em 397-398 escreveu a obra mais conhecida e lida Confissões. AURÉLIO AGOSTINHO "A filosofia grega surgiu para ajudar o homem a superar seus medos e angústias e, assim, encontrar a serenidade". Luc Ferry, 57, filósofo francês, em entrevista a revista Veja, edição 2083.LUC FERRY "O mundo como experiência diz respeito à palavra-princípio EUISSO. A palavra-princípio EU-TU fundamenta o mundo da relação". O filósofo de Viena Martin Buber(1878 a 1965) teve com pricipal obra EU e TU, que publicada em 1923. Essa obra é associada a cultura intelectual do movimento estudantil. MARTIN BUBER "Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, chefe de corporação e assalariado; resumindo, opressor e oprimido estiveram em constante oposição um ao outro, mativeram sem interrupção uma luta por vezes, por vezes aberta - uma luta que todas as vezes terminou com uma transformação revolucionária ou com ruína das classes em disputa". O Manifesto Comunista (1848) foi uma das publicações de Karl Marx e Friedrich Engels de maior repercussão. Neste ano de 2008, o Minifesto faz 160 anos de publicação. KARL MARX e FRIEDRICH ENGELS "Que se ensine filosofia nas universidades é de fato algo benéfico para ela sob vários aspectos. Ela ganha uma existência pública, e seu estandarte aparece estampado aos olhos dos homens, o que a traz sempre de novo à lembrança e faz com seja notada". Arthur Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX. Sua principal obra ?O mundo como vontade representação?. Em 1851, publicou o ensaio SOBRE A FILOSOFIA UNIVERSITÁRIA. ARTHUR SCHOPENHAUER


"O que o homem é ou deve vir a ser moralmente, bom ou mau, deve fazê-lo ou sê-lo feito por si mesmo. Ambos devem ser um efeito de seu livre arbítrio; do contrário, isto não poderia ser-lhe imputado, conseqüentemente, não poderia ser moralmente nem bom, nem mau". Immanuel Kant(1724-1804), filósofo alemão, estudou profundamente a questão do conhecimento (A Crítica da Razão Pura); estudou o problema moral(Crítica da Razão Prática) e outras grandes temáticas da filosofia. Immanuel Kant "O intelecto deixado a si mesmo, na mente sóbria, paciente e grave, sobretudo se não está impedida pelas doutrinas recebidas, tenta algo na outra via, na verdadeira, mas com escasso proveito. Porque o intelecto não regulado e sem apoio é irregular e de todo inábil para superar a obscuridade das coisas". Francis Bacon(1561-1626)foi considerado pelos historiadores da filosofia como "Filósofo da idade industrial" e "Filósofo da ciência planificada". FRANCIS BACON

"Ao desobedecer as leis, posso contribuir para o respeito em que são tidos o procedimento definido de tomada de decisões e as leis. Ao desobedecer, dou aos outros um exemplo que também pode levá-la à desobediência. O efeito pode multiplicar-se e contribuir para a decadência da lei e da ordem. Em casos extremos, pode levar à guerra civil". Peter Singer é filósofo contemporâneo, professor de filosofia e codiretor do Institut of Ethics and Public Affairs. Ficou conhecido em vários países com a publicação do livro Ética Prática e Animal Liberation. PETER SINGER

"O pensamento em nós não é um atributo? E é tão bem um atributo, que ora é fraco, ora é forte, ora razoável, ora extravagante. Ele se esconde, se mostra; foge, retorna; é nulo, é reproduzido". Voltaire (1694-1778)é pseudônimo de François-Marie Arouet. Acusado de ser autor de um panfleto político em versos, em 1717 foi preso e passou seis meses na Bastilha. VOLTAIRE

?Ora, a arte, e notadamente a pintura, nutrem-se nesse lençol de sentido bruto do qual o ativismo nada quer saber. Elas são mesmo as únicas a fazê-lo com toda inocência. Ao escritor, ao filósofo, pede-se conselho ou opinião; não se admite que mantenham o mundo em suspenso; quer-se que tomem posição, e eles não podem declinar as responsabilidades do homem que fala?. Maurice Merleau-Ponty, filósofo francês,(1908-). Obteve o título de doutor em filosofia em 1945, após a defesa da tese ? Phénomemélogie de La Perception (Fenomenologia da Percepção). MAURICE MERLEAU-PONTY "O mundo real não é, mas se faz, sofre incessantes retoques, se suaviza, se enriquece[...]". Jean-Paul Sartre, filósofo francês do século XX, conheceu Albert Camus e tornou-se grande amigo até 1952, quando rompeu a relação publicamente devido à publicação do livro de Camus ?O homem revoltado?. JEAN-PAUL SARTRE "O filósofo é o amigo do conceito, ele é conceito em potencia. Quer dizer que a filosofia não é uma simples arte de formar, de inventar ou de fabricar conceitos, pois os conceitos não são necessariamente formas, achados ou produtos. A filosofia, mais rigorosamente, é a disciplina que consiste em criar conceitos". Em 1968, Gilles Deleuze conhece Félix Guattari, e este encontro resulta em uma longa e rica colaboração. GILLES DELEUZE e FÉLIX GUATTARI "A verdade é que nenhum prazer prejudica a virtude, quando deriva da atividade do hábito virtuoso, antes pelo contrário, o prazer nos impele cada vez mais à virtude". Aristóteles(384 a.C. - 322 a.C.).

Filósofo grego, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande. ARISTÓTELES "A consciência, que é tal verdade, deixou para trás esse caminho e o esqueceu, ao surgir imediatamente como razão; ou seja, essa razão, que surge imediatamente, surge apenas como certeza daquela verdade. Assevera somente que é toda a realidade, mas não conceitua sua asserção; ora, aquele caminho esquecido é o conceituar dessa asserção expressa de modo imediato. Igualmente, para quem não fez tal caminho, essa asserção é inconcebível quando a escuta nessa sua forma pura, - pois numa forma concreta bem que faz essa asserção". Hegel, 1807 a 1808, foi diretor de um jornal em Bamberg, e de 1808 a 1816, diretor do ginásio em Nuremberg. Tornou-se, então, professor da universidade de Heidelberg e, em 1818, foi chamado para Berlim, ocupando a cátedra de filosofia. G.W.F. HEGEL "Parece-me ser bem significativo o fato de que uma expressão como qualidade de vida tivesse de ter sido inventada na civilização progressista e técnica de nossos dias. Ela pretende descrever o que sofreu nesse meio-tempo. Contudo, na verdade é um tema muito antigo da humanidade o ter de conduzir sua vida e ter de se perguntar como se deve conduzi-la". Hans-George Gadamer (1900-2002) lecionou em Leipzig, Frankfurt e Heidelberg. Suas principais obras foram publicadas a partir de 1986, abrangem o conhecimento hermenêutico, em diálogo constante com Platão, Aristóteles, Hegel, Heidegger e outros mestres da filosofia contemporânea. Hans-George Gadamer

"Todo conhecimento logicamente perfeito tem sempre alguma utilidade possível. Mesmo que[...] escape no momento, pode ser que a posteridade a descubra". Kant nasceu, viveu e morreu em Konisberg, uma cidade da Prússia Oriental (Alemanha). Filho de um comerciante de descendência escocesa. Recebeu uma educação pietista. Frequentou a Universidade como estudante de filosofia e matemática. Dedicou-se ao ensino, vindo a desempenhar as funções de professor na Universidade de Konisberg. Immanuel Kant

"Quando só falamos a nós mesmos, é indiferente que palavras empregamos, desde que nos lembremos do seu sentido e não o alteremos. Contudo, o uso da comunicação é também de duas espécies, civil e filosófico. O civil consiste na conversação e no uso da vida civil. O uso filosófico é aquele que se deve fazer das palavras para dar noções precisas e para exprimir verdades certas em proposições gerais". Gottfried Wilhelm Leibniz nasceu em Leipzig, a 1° de julho de 1646, filho de um professor de filosofia moral.Desde muito cedo, teve contato, na biblioteca paterna, com filósofos e escritores antigos, como Platão (428-347 a.C.), Aristóteles (384-322 a.C.) e Virgílio (c. 70-19 a.C.), e com a filosofia e a teologia escolásticas. Aos quinze anos começou a ler Bacon (1561-1626), Hobbes (1588-1679), Galileu (1564-1642) e Descartes (1596-1650), passando a dedicarse às matemáticas. Gottfried Wilhelm Leibniz

"O homem não aparece na solidão, embora sua verdade última seja sua solidão: o homem aparece na socialidade como Outro,alternando com o Um, como reciprocante". José Ortega y Gasset nasceu em Madrid (Espanha), no dia 9 de maio de 1883. Graduou-se e doutorou-se em Filosofia na Universidade Central de Madri em 1904. Em 1910 obtém a cátedra de Metafísica na Universidade Central de Madri JOSÉ ORTEGA Y GASSET "Nova consciência começa a surgir: o homem,confrontado de todos os lados às incertezas, é levado em nova aventura. É preciso aprender a enfrentar a incerteza, já que vivemos em uma época de mudanças em que os valores são ambivalentes, em que tudo é ligado".


Edgar Morin (1921-)pensador francês. Reconhecido internacionalmente,é, um humanista preocupado com a elaboração de um método capaz de apreender a complexidade do real, tecendo severas críticas à fragmentação do conhecimento. EDGAR MORIN "Se alguém fez qualquer coisa que imagina que afeta os outros de alegria, será afetado de uma alegria acompanhada da idéia de si mesmo como causa, isto é, contemplar-se-á a si mesmo com alegria. Mas, se ele fez qualquer coisa que imagina que afeta os outros de tristeza, contemplar-se-á, ao contrário, com tristeza". Baruch de Espinosa(1632-1677)publicou anonimamente o Tratado Teológico-Político em 1670. Baruch de Espinosa "Um modo de fazer filosofia não se relaciona com outros modos de fazer filosofia do mesmo modo que um tipo de dança se relaciona com outros. Os tipos de dança não se excluem ou incluem mutuamente. Pode-se, em uma mesma noite, e com igual entusiasmo, dançar um tango, um boogie e um rock n roll, sem nos preocupar com a valsa, mas não se pode filosofar de um modo sem ter rejeitado ou incorporado os outros modos". Ernst Tugendhar é um dos maiores filósofos da atualidade. Fez sua formação entre Alemanha e os Estados Unidos. Sua carreira profissional inclui, entre 1966 e 1975, o cargo de professor catedrático em Filosofia em Heidelberg(Alemanha). ERNST TUGENDHAT

"O filósofo não procura a verdade, mas a metamorfose do mundo nos homens: luta pela compreensão do mundo com a consciência de si. Luta em vista de uma assimilação; fica satisfeito quando consegue colocar algo de antropomórfico. Do mesmo modo que o astrólogo vê o universo a serviço dos indíviduos particulares, assim também o filósofo vê o mundo como sendo um ser humano". Friedrich Nietzsche, dotado de sólida formação clássica, foi nomeado aos 25 anos professor de Filologia na universidade de Basiléia. FRIEDRICH NIETZSCHE "Meu sentido de sagrado, na medida em que tenho algum, está atado à esperança de que algum dia, em algum milênio futuro, meus descendentes remotos viverão em uma civilização global em que o amor será adequadamente a única lei". Richard Rorty (1931-2007) foi professor de Filosofia e da Literatura Comparada na Universidade de Stanford, Estados Unidos.Uma das pricipais obras publicadas do filósofo no Brasil é A Filosofia e o Espelho da Natureza (1995). RICHARD RORTY "O costume é, pois, o grande guia da vida humana. É o único princípio que torna útil nossa experiência e nos faz esperar, no futuro, uma série de eventos semelhantes àqueles que aparecem no passado. Sem a influência do costume, ignoraríamos completamente toda questão de fato que está fora do alcance dos dados imediatos da memória e dos sentidos. Nunca poderíamos saber como ajustar os meios em função dos fins, nem como empregar nossas faculdades naturais para a produção de um efeito. Seria, ao mesmo tempo, o fim de toda ação como também de quase toda especulação". David Hume, filósofo empirista do século XVIII. Foi na França que em 1737, Hume publicou o Tratado da Natureza. Como candidato a carreira de professor de ética na Universidade de Edimburgo foi recusado sob a acusação de heresia, ateísmo e ser notório infiel. DAVID HUME "A escrita cria uma memória artificial através da qual os humanos podem ampliar sua experiência além dos limites de uma geração ou de um modo de vida. Ao mesmo tempo, ela tem permitido que inventem um mundo de entidades abstratas e as tomem por realidade. O desenvolvimento da escrita permitiu que construíssem filosofias nas quais eles já não pertencem ao mundo natural". John Gray, pensador inglês contemporâneo, professor de Pensamento Europeu na London School of Economics, é colunista do jornal britânico The Guardian. É autor de Falso amanhecer; Two Faces of Liberalism e Isaiah Berlin JOHN GRAY

"A vida de atividade conforme à excelência é agradável em si, pois o prazer é uma disposição da alma, e o agradável para cada pessoa é aquilo que se costuma dizer que ela ama[...]". Aristóteles, filósofo grego (384 a.C. ? 322 a.C.), ingressou na escola de Platão com dezoito anos. Fundou no ano de 335 a.C., em Atenas, a sua escola e lá realizou muitas pesquisas e estudos em diversas áreas, deixando uma vasta produção de inscritos. ARISTÓTELES "O homem é livre porque não é si mesmo, mas presença a si. O ser que é o que é não poderia ser livre. A liberdade é precisamente o que nada que é tendo sido no âmago do homem e obriga a realidade humana a fazer-se em vez de ser". JEAN-PAUL SARTRE, (1905 - 1980), filósofo francês, escritor e crítico, conhecido representante do existencialismo. Era um artista militante, e apoiou causas políticas de esquerda com a sua vida e a sua obra. JEAN-PAUL SARTRE "O sofrimento não é unicamente definido pela dor física nem mesmo pela dor mental, mas pela diminuição até a destruição da capacidade de agir, do poder fazer, sentidos como um golpe à integridade do si". Paul Ricouer nasceu em Valence(França) em 1913. Foi decano da Faculdade de Letras e Ciências Humanas e também foi professor honorário de filosofia em Paris-Nanterre. PAUL RICOUER "O verdadeiro amigo do povo deve garantir que ele não seja pobre em demasia, pois a pobreza extrema é a causa da fragilidade da democracia; assim, deve-se tomar medidas que promovam uma prosperidade duradoura; e como esse é um interesse comum a todas as classes, os resultados das rendas públicas deveriam ser acumulados e distribuídos entre os pobres[...]". Aristóteles, em 367 a.C., aos seus 17 anos, foi enviado para a Academia de Platão em Atenas, na qual permanecerá por 20 anos, inicialmente como discípulo, depois como professor, até a morte do mestre em 347 a.C. ARISTÓTELES "O bom princípio está, pois, compreendido tanto na renúncia do mal como na admissão da boa intenção, e a dor que acompanha legitimamente o primeiro ato decorre inteiramente do segundo". Immnauel Kant nasceu em Königsberg no ano de 1724 e faleceu em 1804. "A filosofia é uma interrogação sobre o sentido e o valor do conhecimento e da ação, uma atitude crítica com relação ao que nos é dado imediatamente em nossa vida cotidiana, um trabalho do pensamento para pensar-se a si mesmo e da ação para compreender-se a si mesmo". Marilena Chaui, filósofa brasileira, professora da FFLCH-USP, em 1992 recebeu as distinção da "Ordre des Palmes Académiques", conferido pela Presidência da República francesa e dois títulos de doutora "honoris causa", um pela Universidade de Paris e outro pela Universidade de Córdoba. MARILENA CHAUI "A filosofia do senso comum ignora a natureza do gosto. Mais do que isso, nasce como irrupção do mau gosto na filosofia". Bento Prado de Almeida Ferraz Júnior(1937-2007)defendeu em 1965 sua tese de livre-docência sobre Bergson: "Presença e campo transcendental: consciência e negatividade na filosofia de Bergson". BENTO PRADO JÚNIOR "No calor e no silêncio, e para o coração em pânico dos nossos concidadãos, tudo assumia, aliás, uma importância maior. Pela primeira vez todos se tornavam sensíveis às cores do céu e aos odores da terra causados pela mudança das estações". Albert Camus, filósofo francês, em 1934 ingressou no Partido Comunista Francês. ALBERT CAMUS "A percepção, como evento em nossa própria história, é uma ocorrência reconhecível; seu significado psicológico é amplamente definido. Mas ela tem também um significado epistemológico, e este dificilmente está sujeito a se tornar tão definido quanto poderia desejar".


Bertrand Russel (1872-1970), filósofo, liderou um movimento contra a participação dos norte-americanos na guerra do Vietnã. BERTRAND RUSSEL "A felicidade do homem encontra-se na pureza de sua alma, e consiste no fato de que a forma das coisas se realiza nela e que ela se mantém longe das imundícies da natureza". Avicena(980-1037)filósofo árabe, foi médico. Depois de ter sido jurista, professor e administrador em Ray e Hamadã, na Pérsia, foi nomeado vizir de Shams al-Dawla. AVICENA

"Os seres humanos sentem prazer em olhar para as imagens que reproduzem objetos. A contemplação delas os instrui, e os induz a discorrer sobre cada uma, ou a discernir nas imagens as pessoas deste ou daquele sujeito conhecido". Aristóteles, filósofo grego, nasceu em Estagira, na Calcídica (384 a.C. - 322 a.C.). Filósofo grego, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande, é considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos e criador do pensamento lógico. ARISTÓTELES "O homem é uma síntese de infinito e de finito, de temporal e de eterno, de liberdade e de necessidade, é, em suma, uma síntese. Uma síntese é a relação de dois termos. Sob este ponto de vista, o eu não existe ainda". Kierkegaard (1813 a 1855), estudou na Universidade de Compenhague, onde tomou conhecimento do sistema filosófico de Hegel. SOREN AABYE KIERKEGAARD "Enquanto estive ao lado de Sócrates minhas impressões pessoais foram, de fato, bem singulares. Na verdade, ao pensamento de que assistia à morte desse homem ao qual me achava ligado pela amizade, não era a compaixão o que me tomava. O que eu tinha sob os olhos... era um homem feliz: feliz, tanto na maneira de comporta-se como na de conversar, tal era a tranquila nobreza que havia no seu fim". Platão (428-7 a.C. a 348-7), filósofo grego de grande importância na construção do pensamento filósofico antigo. Sua principal obra é "A República". PLATÃO "A ética, por isso, nunca parte do nada, mas parte dos mundos historicamente gestados, que são produtos da práxis criativa dos seres humanos em sua história e os submente a uma avaliação crítica a partir de princípios normativos". Manfredo Araújo de Oliveira, pensador cearense da atualidade, doutor em Filosofia pela Universidade Ludwig-Maximilian de Munique na Alemanha. Manfredo Araújo de Oliveira "A Filosofia, como a entendo, é uma ciência positiva teorética, em início de desenvolvimento. Com efeito, sou obrigado a confessar que se acha numa posição tão incerta que se teoremas comuns da física molecular e da arqueologia são fantasmas de crenças, no meu modo de ver, as doutrinas dos filósofos são pouco mais que fantasmas de fantasmas". Charles S. Peirce, pensador norte americano do século XIX. Seu pensamento é marcado pelo rigor do espírito científico. Charles Sanders Peirce "Corrompe-se o espírito da democarcia não só quando se perde o princípio da igualdade, mas também quando cada qual se apodera do espírito de igualdade ao extremo, pretendendo ser igual àquele que ele escolheu para governá-lo". Montesquieu (1689-1755), pensador francês. Sua principal obra "O Espírito das Leis" foi publicado em 1748, em Genebra, para evitar a censura, mesmo assim tornou-se um imenso sucesso. Montesquieu "A identidade absoluta do subjetivo e do objetivo não pode ser um mero equilíbrio ou mesmo uma síntese, mas apenas o ser-uno total". F.W.J. Schlling, aos 23 anos, por interferência de Goethe, foi nomeado professor da Universidade de Jena, na Alemanha. F.W.J. Schlling

"A filosofia trabalha sempre com o seu tempo, consciente ou inconsciente. Ela efetua uma reflexão, sem necessariamente dizerse, com os signos que dele recebe e as perspectivas que aí se abrem". Marcel Gauchet (nascido em 1946, Poilley, Manche, França) é filósofo, historiador e sociólogo. MARCEL GAUCHET "As tentativas que fazemos de harmonizar nossos aspectos divergentes em geral não têm a ajuda do mundo que nos cerca, que tende a enfatizar uma gama de antíteses incômodas". Alain de Botton, pensador contemporâneo, nasceu na Suíça, em 1969, formou-se em Cambridge. Uma das suas principais obras é: As consolações da filosofia. ALAIN DE BOTTON "A palavra é uma imagem abstrata, a coisa imaginária ou, enquanto toda coisa é sempre um objeto do pensamento, é o pensamento imaginado; por isso os homens, quando conhecem a palavra ou o nome de uma coisa, crêem conhecer também a própria coisa". Ludwig Feuerbach, filósofo alemão.Em Berlim tentou contato com Hegel e sua filosofia. Falceu em 1872, na Alemanha. LUDWIG FEUERBACH "A filosofia só pode falar da ciência por alusão, e a ciência só pode falar da filosofia como de uma nuvem" Gilles Deleuze e Félix Guattari, filósofos franceses do século XX. GILLES DELEUZE e FÉLIX GUATTARI "Deus Todo-Poderoso foi quem primeiro plantou um jardim. Na verdade, plantar jardins é o mais puro dos prazeres humanos, isto é, aquele que constitui maior repouso para o espírito do homem; sem jardins, edifícios e palácios não passam de construções grosseiras; e vemos sempre que, .à medida que os tempos desabrocham para a civilizarão e para a elegância, os homens se preocupam em construir edifícios grandiosos e a jardinar delicadamente, como se a jardinagem fosse o complemento máximo da perfeição. Eu deduzo da maneira como estão ordenados os jardins reais, os quais devem ser jardins para todos os meses do ano, durante os quais, frequentemente, belas flores devem então estar no seu tempo. Francis Bacon(1561 ? 1626) foi um político, filósofo e ensaísta inglês.É considerado como o fundador da ciência moderna. FRANCIS BACON

"O homem é essencialmente liberdade finita; liberdade, não no sentido de indeterminação, porém no sentido de ser capaz de se determinar por meio de decisões no núcleo de seu ser". Paul Tillich, pensador do século XX, sua principal obra foi publicada em 1952: "The Courage to be". Paul Tillich

Quem não admiraria ao homem? Este, com mérito, é designado, nas sacras escrituras mosáicas e cristãs, por vezes, ora com termos "toda carne", ora com a expressão "toda a criatura", já que ele se forja a si mesmo e transforma-se em imagem de toda a carne, em símbolo que expressa toda corporeidade. Pico Della Miràndola (1563-1494). Em Roma, no ano de 1486, Giovanni com apenas 23 anos de idade, publica as suas polêmicas 900 teses intituladas Conclusiones philosophicae, cabalisticae et theologicae, onde ele acreditava ter desvelado as bases de todo o conhecimento da humanidade, combinando elementos do neoplatonismo, hermetismo e cabalismo, além de versar sobre lógica, matemática, física. Pico Della Miràndola "Quem se propõe ser útil para os cidadãos e, em geral, para os mortais, ao mesmo tempo quem trabalha e produz, cuide de administrar, segundo seus talentos, os interesses comunitários e particulares". Sêneca, nasceu em Córdoba, na Espanha. No ano 4a.C., sua familia muda-se para Roma. SÊNECA


?A Filosofia aparece a alguns como um meio homogêneo: os pensamentos nascem nele, morrem nele, os sistemas nele edificam para nele desmoronar. Outros consideram-na como certa atitude cuja adoção estaria sempre ao alcance de nossa liberdade. A nosso ver, a Filosofia não existe; sob qualquer forma que a consideremos, esta sombra da ciência, esta eminência parda da humanidade, não passa de uma abstração hipostasiada. De fato, o que há são filosofias?. Jean-Paul Sartre (1905-1980), filósofo francês da corrente existencialista. Um de suas principais obras ?O Ser e o Nada?, foi publicada em 1943. Recusou o prêmio Nobel de Literatura em 1964. Jean-Paul Sartre Os argumentos filosóficos sempre consistiram largamente, se não exclusivamente, em tentativas de examinar ?o que significa dizer isso e aquilo?. Observamos que os homens, no seu discurso ordinário, isto é, no discurso que eles empregam quando não estão filosofando, utilizam certas expressões. Os filósofos, então, fixam a atenção em determinados tipos ou classes mais ou menos radicais dessas expressões, levantando suas questões acerca de todas as expressões de um determinado tipo e perguntando o que elas realmente significam. Gilbert Ryle, filósofo inglês do século XX. Foi catedrático de filosofia metafísica de 1947 a 1972. Foi também editor da revista Mind. GILBERT RYLE

"O diálogo racional deve ser essencialmente aberto e estimular perguntas esclarecedoras sobre todos os aspectos pertinentes de uma questão controversa". Douglas Walton, filósofo contemporâneo, é um dos grandes pesquisadores sobre lógica informal. Atualmente é professor de Filosofia na Universidade de Winnipeg. Douglas Walton


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