Cartilha Combate ao Racismo

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Mandato Coletivo Flavio Serafini

SOcIeDAde HIerARquIZadA PelA RaçA No Brasil, ignora-se as desigualdades racial, social e de gênero. Alguns chegam a defender que são fruto do comodismo das “minorias”. A realidade é bem diferente disso. Com uma população de 204 milhões, os negros compõem 110 milhões de brasileiros. Dados do IBGE, do PNAD e do IPEA mostram que o homem branco tem a melhor renda média, seguido da mulher branca. Os salários dos homens negros e, principalmente das mulheres negras, são, em média, menores. A diferença da média de renda do homem branco para a mulher negra é de cerca de 200%. Se a população negra e branca fossem divididas de acordo com as condições de vida, a população branca ocuparia no ranking da ONU o 65° lugar em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), enquanto a população negra se situaria em uma posição bem inferior, o 102° lugar (Atlas do Desenvolvimento Humano 2003). Isso se explica porque as taxas de mortalidade infantil, expectativa de vida, anos de estudo e renda são distintas entre brancos e negros no Brasil. Os pretos e pardos, que são 56% da população, são apenas 8% nos bancos das universidades (Censo 2011). Nas eleições de 2014, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, dos 513 deputados federais, 81 são pardos e apenas 22 são negros, ou seja, menos de 5%. No Senado Federal, somente um senador é negro. Os dados demonstram de maneira fidedigna que a pirâmide socioeconômica brasileira é estruturada com os pretos e pardos na base e os brancos no topo. Essa estrutura foi construída no século XVI e mantém-se inalterada após 500 anos. É urgente potencializar a denúncia a essa configuração da realidade brasileira, com políticas públicas que considerem a perspectiva racial, social e de gênero.

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