para, mergulhando, se poder passar por baixo da dita parede,
público, com acesso directo ao exterior do edifício.
para o interior da “gruta” propriamente dita. Aí dentro, num
Termina assim um percurso possível dos espaços do Centro de
espaço algo claustrofóbico e muito tenuemente iluminado por
Hidroterapia, no decurso do qual se puderam observar e avaliar
luz indirecta natural, o utente pode relaxar, ouvindo os sons
as múltiplas valências terapêuticas ou lúdicas disponíveis e
e os ecos da água, num espaço completamente fechado, como
antever ou imaginar as sensações díspares e contrastantes que
se estivesse encerrado num búzio. Além disso, o próprio facto
cada uma daquelas experiências deverá proporcionar.
de se ter que mergulhar para se entrar na gruta constitui um
Conforme se apontou na descrição do interior do edifício,
desafio algo temerário para muitas pessoas e, portanto, implica
este é marcado pela presença de longas e sucessivas clarabóias
também a experiência de outras sensações. O terceiro espaço é
transversais ao mesmo, por onde a luz natural penetra em
o da piscina interior, tenuemente iluminada por outra estreita
determinadas áreas seleccionadas do centro. No exterior do
e longa clarabóia no tecto, que possibilita uma fina entrada de
edifício, essas clarabóias correm paralelas a uma sucessão de
luz.
longos muros, de pequena altura, aparentemente semeados
De seguida, podemos ser levados até à zona dos banhos
aleatoriamente no terreno, ainda que paralelos entre si.
medicinais (de jacto de água e outros), com janelas abertas
Estes muros, sem enfeites nem conforto aparente, singelos e em
para o mar. Ao longo deste alçado do edifício, estendem-se as
bruto, estão ali, silenciosos, como que sugerindo e convidando
“áreas de descanso”, viradas ao mar, mobiladas com confortáveis
as pessoas à sua utilização como bancos panorâmicos, de onde
chaises-longues, convidando ao descanso, à leitura, à
se pode calmamente contemplar a imponência da localização e
contemplação da paisagem ou ao simples prazer de uma bebida
da paisagem que este projecto fez tanta questão em preservar.
ao Sol.
Por outro lado, deve-se reparar que os ditos muros são também
Prosseguindo, poderemos chegar ao acesso a dois espaços
paralelos aos vestígios ainda presentes dos alinhamentos
sucessivos e perfeitamente distintos: o dos banhos turcos e o
antigamente destinados à operação de seca do bacalhau. Assim
frigidarium, com água a uma temperatura de 14ºC e iluminado
se quis construir um elo de ligação visível para o presente e o
com uma luz artificial de tonalidade “gélida”.
futuro daquela memória colectiva do passado do sítio e, assim,
A seguir, deparamos com a sauna que, tal como o frigidarium,
prestar uma homenagem à sua história.
foi desenhada e construída segundo os ensinamentos e as regras
Ressalta assim que, embora esteja enterrado, o projecto
enunciadas por Vitrúvio para o seu sudatorium. Possui dois
apresenta aquilo que poderíamos entender como um “5º
bancos laterais a todo o comprimento da sala, que termina
alçado”, ou seja o seu alçado superior, o qual acaba por
numa parede semicircular, encimada por uma abóbada com um
evidenciar elementos de relevância decisiva para a integração
óculo superior. Por baixo do óculo está uma enorme bacia com
coerente do projecto, quer na paisagem natural envolvente, quer
água fria, para os utentes se poderem refrescar periodicamente.
na história e no espírito do local.
Refira-se ainda que, vizinho à área de descanso, e também com vista sobre o oceano e a barra do Douro, se situa o restaurante,
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