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Tatuagens são menos discriminadas pelas empresas

Empresas têm se tornado cada vez mais tolerantes aos desenhos nos corpos de seus funcionários

Maria Ligia Vasconcelos

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Existe um artigo da CLT (Conjunto de Leis Trabalhistas) que admite tatuagens como um item que não está na lista de razões de rescisão por justa causa. Mas e na contratação? Como funciona esse sistema na prática? O preconceito ligado a elas surge quando foram relacionadas a lugares como prostíbulos, bares e outros de baixo prestígio social. Dentro das empresas, a estética está diretamente ligada ao segmento e à imagem que elas desejam passar. Por exemplo, hoje em dia ainda existem empresas com um pensamento conservador e não ligado ao preconceito de origem da instituição, mas sim ao público-alvo destas, afinal, vivemos em uma sociedade capitalista e desconstruir ideais perde muitas vezes na competição com o lucro. Por outro lado, algumas empresas não ligam e até consideram um atrativo para os clientes. A assessora de imprensa Daniela Pessanha decidiu que seria de melhor tom ocultar suas 12 tatuagens no seu horário de trabalho: “Durante meu trabalho prefiro escondê-las com acessórios, roupas mais adequadas, mas o motivo nunca foi medo, pelo contrário, é mais uma forma de me reafirmar como mulher e nossas várias faces flexíveis”, afirma a profissional.

Já em outros ramos do mercado, em que a tatuagem é considerada um atrativo para clientes, os empregados afirmam que elas fazem parte de sua identidade. Em entrevista ao Acontece, “O Murcego”, nome artístico de Gabriel Soares, 24 anos, disse: “Precisar me esconder não é comigo. Acho que é uma coisa que está cravada na minha pele, é muito eu, e a gente não separa um ser, quem for gostar de mim vai gostar do todo e ainda mais por causa das minhas ‘babies’”, como carinhosamente apelidou suas 22 tatuagens espalhadas pelo corpo e rosto. Os tempos estão mudando e há cada vez mais pessoas tatuadas. O preconceito é combatido com a lógica. O Brasil é o oitavo país com a população mais tatuada do mundo, somando quase 50% da população, segundo o Instituto Dalia. A pesquisa realizada na Alemanha ouviu nove mil internautas de diferentes paíse, e apontou, também, que a maioria das pessoas não possui apenas uma tatuagem.

Pelo lado do mercado de tra-

Pixabay

O Brasil é um dos países com mais tatuados no mundo

balho, a empresa global de recursos humanos Accountemps fez uma pesquisa com gerentes e descobriu que 1 em cada 3 não encontra problemas com tatuagens. E quase 60% afirmaram que isso não vem sendo mais um tabu devido aos “padrões sociais mais flexíveis” do mundo de hoje. E outra parte aposta na entrada de profissionais cada vez mais jovens no mercado. Seja qual for a aposta dos departamentos de RH, o profissional do futuro é uma pessoa tatuada e capacitada.

Jornal-Laboratório dos alunos do 2o semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

As reportagens não representam a opinião do Instituto Presbiteriano Mackenzie, mas dos autores e entrevistados. Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Comunicação e Letras

Diretor do CCL: Rafael Fonseca Coordenador do Curso de Jornalismo: André Santoro Supervisor de Publicações:

José Alves Trigo

Editor: André Santoro

Animais de estimação ajudam as pessoas durante o isolamento social

O número de adoções de pets durante a pandemia teve grande aumento (Unsplash)

Alice Labate

Apandemia da covid-19 teve grande influência no cotidiano das pessoas, principalmente por acabar obrigando todos a permanecerem em isolamento social. Essa mudança de rotina acabou levando muitos a adotarem animais de estimação por estarem passando mais tempo em casa, muitas vezes, sozinhos. Inúmeras organizações registraram um aumento na procura de animais para adoção durante o período de quarentena. A ONG União Internacional Protetora dos Animais (UIPA), em São Paulo, por exemplo, indicou que houve crescimento de 400% na procura. O aumento das adoções durante o período de isolamento social deve-se, principalmente, ao fato de que muitas pessoas se sentem solitárias em casa, o que traz prejuízos psicológicos. Segundo dados de uma pesquisa realizada pela Human Animal Bond Research Institute (HABRI), de 2.000 pessoas com animais de estimação, 74% notaram uma melhora na sua saúde mental devido à relação com seu pet, e 75% notaram melhora na saúde mental de um familiar ou amigo em decorrência da presença de um animal em sua residência. Mel Marques, 18 anos, estudante de psicologia em São Paulo, adotou um cachorro no início da quarentena. Em entrevista, a estudante diz que a sua saúde mental foi prejudicada pela pandemia, mas que seu pet a ajudou a lidar melhor com esse período. “Ele (o cachorro) foi a minha esperança, porque eu estava me sentindo extremamente sozinha e triste e ele foi o único que me fez ter algo pra pensar”, afirmou. Além disso, um estudo elaborado por psiquiatras da Clínica Médico-Psiquiátrica da Ordem, em Portugal, mostrou que a presença de um animal pode amenizar quadros de depressão graves. A estudante de veterinária em São Paulo, Maria Fernanda Madeira, 19 anos, tem 11 animais de estimação e dois deles foram adotados no período de pandemia. Ela faz tratamento para depressão e ansiedade e afirma que, durante o isolamento, seus pets a ajudaram muito com sua saúde mental. “Me senti mais motivada a fazer as coisas. Dediquei e ainda dedico muito do meu tempo aos meus animais, eles se tornaram uma das principais razões para eu querer levantar da cama de manhã”, diz. Apesar dos benefícios que a presença de um animal de estimação traz para as pessoas, adotar um pet exige cautela e planejamento, caso contrário, o arrependimento pode levar ao abandono. Mariane Mazzon, 31 anos, fundadora do Instituto SOS 4 patas, no Paraná, que resgata e doa animais, afirma que “no começo da pandemia, o pessoal se empolgou em adotar, porque iam ficar em casa, mas, depois, muitos começaram a trabalhar ou a ver que o animal dava bastante trabalho e que não estavam preparados, então, no começo, aumentaram as adoções (no Instituto) e, em seguida, as devoluções dos animais. Depois disso, as adoções diminuíram e aumentaram os números de denúncias e resgates de animais abandonados”. Segundo dados da AMPARA Animal (Associação de Mulheres Protetoras dos Animais Rejeitados e Abandonados), uma organização sem fins lucrativos que ajuda abrigos e protetores independentes, em 2020 o abandono de animais cresceu 70% no Brasil. Beatriz Beltramini Soave, 26 anos, uma das responsáveis do projeto Pata Sem Dono, em São Paulo, que também trabalha resgatando e doando pets, indica alguns dos possíveis motivos para o aumento dos abandonos de animais de estimação: “Muitas pessoas que não tinham pensado antes em ter um pet acabaram adotando, mas, por outro lado, muitas pessoas ficaram sem dinheiro e acabaram abandonando seus animais, porque, infelizmente, falta instrução do governo para as pessoas entenderem melhor sobre eles”. O problema envolvendo abandono de animais na pandemia não ocorre só no Brasil: a maior organização de proteção animal da Inglaterra diz que, à medida que os estabelecimentos começaram a reabrir, abrigos receberam muitos animais abandonados, e essa onda de abandono de pets é conhecida como “crise canina” ao redor do mundo.

Proprietários falam sobre os desafios atuais e as expectativas para o futuro pós-covid

Divulgação

Restaurante Tanit, de comida mediterrânea, adotou vários procedimentos na pandemia

Ana Clara Campos

Os últimos meses foram os mais desafiadores para a economia nacional e mundial em anos, e os restaurantes e bares não ficaram de fora dessa conta. De acordo com a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), foram mais de 12 mil restaurantes e relacionados (bares, buffets, lanchonetes etc.) da capital paulista que fecharam as portas definitivamente durante a pandemia. Isso além do fato de o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ter apontado esse setor como um dos 20 mais afetados pela covid-19 no Brasil. A situação é delicada, e a inovação foi mais do que essencial para que esse nicho conseguisse resistir durante esse período. Cristiano Marcondes, 44 anos, sócio do restaurante de comida mediterrânea Tanit, destaca as novas normas sanitárias, a entrada de vários chefs de cozinha no ramo de aulas virtuais e a adaptação definitiva do restaurante aos serviços digitais de delivery como as principais mudanças que não só o seu estabelecimento, como diversos outros restaurantes com estruturas familiares, vão levar da pandemia para os próximos anos. Ainda na parte do delivery, ele também destaca certa dificuldade de se comunicar com o cliente por aplicativos como IFood e Uber Eats, já tendo caso de cancelamentos não avisados e de não receber notificação de um pedido ou outro. Mas ele não vê isso como algo muito alarmante por acreditar que logo em breve as plataformas serão atualizadas. Ainda sobre o restaurante Tanit, Cristiano fala de algumas medidas que foram mais do que essenciais para manter o restaurante nesse momento, como suspender o contrato de trabalho de alguns colaboradores e aumentar o valor de alguns pratos do cardápio, já que muitos produtos básicos de alimentação sofreram um grande aumento nesse período. Segundo ele, o restaurante não tinha margem para lucro, já que a meta era apenas fechar as contas ou amenizar o prejuízo. Só neste ano é que os lucros estão melhorando, de acordo com o sócio do estabelecimento. Analisando outro estabelecimento afetado nesse período, Pérola Medina, 75 anos, dona do Pérola Buffet & Art, já destaca diferentes problemas que sofreu no período, como a ausência dos clientes e a dificuldade na manutenção dos funcionários. O buffet é diretamente dependente dos eventos, que foram praticamente suspensos durante a pandemia. Além disso, ela destaca os riscos que sua equipe corria ao ir trabalhar, enfrentando o transporte público no auge da propagação do vírus, por exemplo. Ela própria, por fazer parte do grupo de risco, também se sentiu muito insegura nos primeiros momentos da pandemia. Pérola também relatou que, em mais de trinta anos de carreira, nunca se viu tendo que modernizar tanta coisa em um período tão curto. Novas medidas, como adaptar os produtos do cardápio para porções específicas de delivery e começar a vender vários de seus temperos e refeições congeladas no varejo, foram algumas das que ela teve que tomar em um cenário onde não se tinha projeção de quando as coisas poderiam voltar a se flexibilizar. O que tanto Cristiano como Pérola acabam tendo em comum é o fato de que ambos estão otimistas com o avanço da vacinação pelo país e, consequentemente, com a retomada da estabilidade das empresas da área. Enquanto ele diz sentir que seus clientes estão mais seguros em ficar no ambiente do restaurante, ela diz que aqueles mais fiéis estão voltando a consumir seus serviços.

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