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INFLAÇÃO ASSUSTA NOVAMENTE

O custo da alimentação está cada vez mais fora do orçamento de grande parte da população

Giulia Guimarães e Rafaella Mondelli (15,36%), feijão carioca (8,62%), café em pó (8,31%), óleo de soja (6,69%),

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Aprevisão da inflação no Bra- leite integral (6,64%), farinha de trigo sil superou todas as expec- (4,70%), arroz branco (4,07%), carne tativas durante a pandemia bovina de primeira (3,32%), pão frande covid-19. Economistas cês (2,78%), açúcar refinado (0,95%) e afirmam que incertezas políticas e o manteiga (0,77%). Apenas a banana vírus circulando pelo país pioram as teve diminuição de preço (-8,66%). chances de uma melhora nesse ce- A Cesta básica impacta fornário, que poderia desacelerar a alta temente na camada mais pobre da contínua dos preços. O Brasil está população, uma vez que sua renda sendo muito afetado por esse proble- é destinada principalmente para a ma, se tornando o 5° país a ter a maior compra de alimentos. “O brasileiro foi inflação na América Latina. Segundo obrigado a reduzir o consumo de cero IBGE, o índice IPCA já acumula uma tos produtos e substituiu o que pode, alta de mais de 11% nos últimos 12 trocando de marcas e até mesmo de meses, algo que não ocorria desde marca. O auxílio emergencial ajudou 2015. Além do Brasil, o mundo aca- a reduzir o impacto do desemprego bou virando refém desse aumento e inflação, mas podemos concluir que dos preços de bens e serviços. Com a os mais pobres foram muito afetados inflação, vem a diminuição do poder na qualidade do que consomem e na de compra, que reduz a qualidade de dificuldade em levar o alimento para vida da população – especialmente casa”, diz o economista Reinaldo Caas camadas mais pobres. feo, 61 anos. A inflação dos alimentos foi Uma das questões mais lea que mais afetou a população de vantadas pela população foi o porbaixa renda no Brasil. Em março deste ano, a cesta básica, em São Paulo, apresentou aumento de 6,36% em relação a fevereiro, custou R$ 761,19 e foi a mais cara entre as capitais selecionadas. Tendo como base o mês de março de 2021, a cesta acumulou elevação de 21,60%. Se alimentar bem nunca custou tão caro quanto em 2022, e o público que frequenta os supermercados reclama dessa alta absurda nos preços. Marcia Machado, 56 anos, diarista, explica: “parei de consumir carne, porque o quilo já está a 54 reais, então não compro sempre. Passei a consumir mais frango e salsicha, que têm um preço mais acessível”. Os preços médios de 12 dos 13 produtos que compõem a cesta básica aumentaram muito no mês de março em relação a fevereiro. Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), foram registradas elevações de preços para os seguintes itens: tomate (35,36%), batata O tomate foi um dos produtors responsáveis pela alta dos preços

quê dessa inflação, como isso foi ocasionado, já que em três anos de pandemia os produtos encareceram. Não existe apenas um fator determinante nisso tudo, mas o real desvalorizado e o aumento da demanda, especialmente neste momento em que a pandemia perdeu força, são causas disso tudo. Além disso, a desvalorização do real em relação ao dólar fez com que o preço das commodities (produtos mais básicos) disparasse. O futuro do Brasil não depende só dos brasileiros, mas sim de um conjunto global. Mas o avanço nas imunizações traz esperança. “Não vejo que a economia brasileira seja a única totalmente comprometida. O fim do conflito entre Rússia e Ucrânia será o início da normalização do mercado. Projeto um 2022 ainda difícil para controle inflacionário, mas, mantendo o atual modelo econômico brasileiro, no ano que vem a inflação cairá a níveis aceitáveis”, afirma Reinaldo Cafeo.

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