Fotomontagens políticas em capas de revistas: o legado das vanguardas artísticas

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10 1 INTRODUÇÃO

A fotografia foi, sem dúvida, um grande avanço tecnológico e tem causado alvoroço nas artes visuais desde o seu advento. Por décadas, foi discutido seu status de arte, seja por correntes ligadas à tendência purista — que defendia a prática da fotografia como forma de arte autônoma e com procedimentos próprios do meio; ou à tendência pluralista — aberta às influências da pintura e de outras formas de expressão (FATORELLI, 2012). Na tendência pluralista, uma técnica desenvolvida desde os primórdios da fotografia e que, com o passar dos anos, aperfeiçoou-se cada vez mais foi a fotomontagem. Se a fotografia pura remete diretamente ao objeto fotografado — sendo, portanto, uma representação do real —, com a técnica da fotomontagem, em que diversas fotos são reordenadas para a composição de uma nova imagem, temos a construção de uma nova realidade em que essas imagens reorganizadas passam a ter uma nova significação. O processo é, ao mesmo tempo, de desconstrução — ao se eliminarem certos detalhes — e reconstrução — ao se inserirem novos elementos (FRESNAULT-DERUELLE, 2012). O objetivo deste trabalho é falar da fotomontagem política ilustrada nas capas de revistas contemporâneas (Figuras 1 e 2) em comparação com as fotomontagens do início do século XX, quando foi largamente utilizada pelos movimentos de vanguarda modernistas, em especial o construtivismo russo, o dadaísmo (Figura 3) e o surrealismo, tendo dois períodos históricos delimitados pelo advento da desktop publishing (editoração eletrônica) a partir da década de 1990. Figuras 1 e 2 – Capas de revistas

Capas das revistas Veja ed. 2.220, 8/6/2011 e Época ed. 715, 30/1/2012, respectivamente Fonte: nosso acervo


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