O ano da entressafra

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ÍNDICE / CONTENTS

Matéria de capa | Report of Cover

Ano de grandes emoções A great and busy year

Ilustração: Divulgação / Arte: Editora Macaé Offshore

Óleo & Gás | Oil & Gas De onshore para offshore From onshore to offshore

22 27

Maré Alta | High Tide .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

18 20

Articulando | Articulating

Um ano difícil mas animador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 A difficult year, yet exciting. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Entrevista | Interview

12 Armando Guedes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Armando Guedes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Cinco minutos | Five minutes André Araújo André Araújo

48 50

Empresas & Negócios | Companies & Business

Expectativas de negócios futuros.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 Promising expectations for business . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

Política & Economia | Politics & Economics

Os chineses estão chegando.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

The Chinese are coming. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

Tecnologia | Technology

Plataforma Espírito Santo | Espírito Santo Platform Tecnologia ao mínimo possível Maximum technology with minimum size

65 67

Nery de Rossi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Nery de Rossi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Plataforma Santos | Santos Platform

José Ricardo Roriz Coelho.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 José Ricardo Roriz Coelho.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Plataforma Campos | Campos Platform Julio Bueno.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Colunas | Columns

Por dentro do mercado Inside the market Celso Vianna Cardoso

Rede Petro-BC Rede Petro-BC Ive Talyuli

54 56

Julio Bueno.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

EBX - o fim do império EBX - the end of an empire Rede Petro-BC: grandes conquistas em 2013 Rede Petro-BC: great achievements in 2013

60 62 64

8 9 69 70 Mais informações: www.macaeoffshore.com.br

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CARTA AO LEITOR / LETTER TO THE READER

2013: o ano que sacudiu o setor Ao fechar as cortinas de 2013, a impressão que se tem é que o ano passou rápido demais. Ou melhor, voou. Para o setor de petróleo e gás, não é para menos. Este foi, sem dúvida, um ano cheio de grandes novidades, que dominaram a agenda da indústria que representa uma fatia de 12% do PIB nacional. O ano de 2013 chega ao fim como o ano da retomada da indústria, que estava em ‘banho maria’ há mais de cinco anos. As rodadas de licitação sacudiram o setor e deram novo fôlego à indústria, com mais chances de projetar seus planos de investimento no Brasil. O que é uma excelente notícia para alavancar novas oportunidades de negócios na cadeia produtiva de óleo e gás como um todo. Apesar da injeção de ânimo do governo, não foi um ano para se chamar de fácil. A Petrobras chegou aos 60 anos em meio à pior crise de sua história, causada, principalmente, pela política de preços do petróleo no país e o controle excessivo do estado. Para piorar, aquela que nasceu para ser

sua concorrente, a OGX, mergulhou numa profunda crise, junto com as coirmãs do Império X, de Eike Batista. E uma gigante em crise no setor não é bom para ninguém, a não ser mesmo para os especuladores. Altos investimentos no pré-sal, estreia do contrato de partilha, polêmica em torno da viabilidade do gás não-convencional no Brasil e muitos outros assuntos dominaram a pauta deste ano, que é analisado nesta edição por especialistas do setor em diferentes ângulos e conotações. E assim Macaé Offshore chega ao fim deste 2013 mais forte e madura, em seus quase 13 anos de vida, acompanhando de perto todos os principais acontecimentos do setor. Para 2014, a expectativa é grande e cercada de muitos desafios. Com apoio de nossos canais na internet, queremos produzir conteúdo cada vez mais dinâmico e interativo, trazendo ao leitor informação atual e de qualidade, que faça diferença. Um boa leitura e um 2014 de grandes conquistas.

2013: the year that shook the industry

A

s the year 2013 comes to an end, it feels like it was too fast. Better, too fast. It was really interesting year for the oil and gas industry, which received a number of great news. In 2013, the oil industry, which represents 12%of the national GDP, experienced the resuming of the bidding rounds, after five years without oil auctions in the country. The bidding rounds gave the industry some relief, allowing them to plan their investments in Brazil. It is really important to leverage business opportunities for the oil and gas chain as a whole. Despite some excitement provided by the Brazilian government, 2013 was not an easy year. Petrobras experienced one of its tougher moments in its 60 years of existence caused by the fuel prices policy managed by the government. Also, OGX, the company that was created to compete with Petrobras, is sinking in a severe crisis along with its co-sisters that

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belong to the ‘X’ empire, owned by the tycoon Eike Batista. In fact, a crisis in a major company is not good to anyone, even to speculators. High investments in the pre-salt, the debut of the production-sharing contract, controversies over the viability of the unconventional gas in Brazil among other issues were in the spotlight this year, which are analyzed by experts under several points of view. Thus, Macaé Offshore ends 2013 stronger and more mature in its 13 years of existence, always following the main happenings in the industry. The expectations are high and surrounded by many challenges in 2014. With the support of our internet media, we want to become ever more dynamic and interactive, giving the reader updated and good quality information. Have a nice reading. We wish you all an excellent 2014, with lots of achievements.

Capa / Cover: Paulo Mosa Filho Fotos / Photos: Divulgação / Antonio Bandeira A Macaé Offshore é uma publicação bimestral, bilíngue (português / inglês), editada pela Macaé Offshore Editora Ltda. Macaé Offshore is a bimonthly, bilingual publication (Portuguese / English), edited by Macaé Offshore Editora Ltda. Rua Teixeira de Gouveia, 1807 - Centro Macaé/RJ - CEP 27.916-000 Tel/fax: (22) 2770-6605 Avenida 13 de Maio, 13 - Sl. 1.713 - Centro Rio de Janeiro/RJ - CEP 20.031-901 Tel: (21) 3174-1684 Site: www.macaeoffshore.com.br Direção Executiva: / Executive Director: Bruno Bancovsky Editora: / Editor: Rosayne Macedo / MTb. 18446 jornalismo@macaeoffshore.com.br Jornalistas colaboradores: / Collaborators reporters : Brunno Braga, Rodrigo Leitão e Flávia Domingues redacao@macaeoffshore.com.br reportagem@macaeoffshore.com.br Publicidade: / Advertising: Fernando Albuquerque publicidade@macaeoffshore.com.br Luiza Valente comercial.rio@macaeoffshore.com.br Diagramação: / Diagramming: Paulo Mosa Filho arte@macaeoffshore.com.br Revisão: / Review: Silvia Bancovsky Tradução em inglês: / English version: Brunno Braga Distribuição: / Distribution: Dirigida às empresas de petróleo e gás To the oil and gas companies 73ª Edição - Dezembro/Janeiro 73th Edition - December/January Tiragem: / Copies: 5.000 exemplares/copies Assinatura: / Subscriptions: (22) 2770-6605 assinatura@macaeoffshore.com.br A editora não se responsabiliza por textos assinados por terceiros Macaé Offshore is not responsible for articles signed by third parties


MARÉ ALTA Divulgação

IBP lança o Dia da Indústria do Petróleo O Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) comemorou 56 anos lançando o Dia da Indústria do Petróleo (21 de novembro). A entidade passa por um momento de reformulação em seu corpo executivo, com mudanças em suas atividades e pretende estabelecer uma agenda anual para o setor. O presidente do IBP, João Carlos de Luca(foto), diz que a ideia é selecionar temas, como meio ambiente, conteúdo local e rodadas de licitação, alinhando de acordo com os objetivos da indústria, projetos e as discussões a serem desenvolvidas no futuro. A iniciativa faz parte do plano estratégico que o IBP está desenvolvendo, pela primeira vez, após sugestão do secretário geral, Milton Costa Filho. Dentro do novo programa, que conta

com assessoria da consultoria Mackenzie, estão incluídas diversas propostas, como a criação de uma publicação regular com dados estatísticos do setor, a realização de mais estudos técnicos e a busca por benchmarking, trazendo para o Brasil as melhores práticas desenvolvidas em entidades voltadas ao setor em outras partes do mundo. Por ano, o IBP promove cerca de 2.400 reuniões e visa melhorar, padronizando os processos para obter mais eficiência e garantir o sucesso dos eventos promovidos no país. A nova fase iniciou com uma grande reforma física nas instalações, para que a estrutura pudesse atender melhor às necessidades do novo Instituto, que conta com 1.700 voluntários.

Shopping center de óleo e gás no ES A empresa saudita KBW, com sede em Dubai, nos Emirados Árabes, será dona de 30% de um terminal portuário no município de São Mateus, no Espírito Santo. O Petrocity, como o projeto está sendo chamado, tem previsão de conclusão para o começo de 2016 e reunirá todo tipo de serviços para operações de exploração e produção de petróleo onshore e offshore em uma área de 1,5 milhão de metros quadrados. Os demais 70% do Petrocity estão divididos em sócios menores, dos setores financeiro e portuário. Em entrevista à Macaé Offshore, o diretor geral da Câ-

mara Árabe, Michel Alaby, disse que os investimentos árabes no Brasil têm crescido nos últimos anos e já se tornaram importantes para vários setores. Para a indústria de óleo e gás, os chamados IEDs (Investimentos Estrangeiros Diretos) árabes têm ganhado maior relevância nos últimos anos. Segundo o diretor geral da Petrocity, José Roberto Barbosa da Silva, o investimento no terminal será de R$ 1 bilhão, mas poderá chegar a R$ 1,5 bilhão se somado ao investimento que uma empresa de reparo naval fará no local.

Expro inaugura nova sede em Macaé Atenta às demandas de prospecção e exploração no pré-sal, a Expro está investindo R$ 12 milhões na construção de uma nova base em Macaé, que ficará pronta em março de 2014. Recentemente, a empresa ampliou suas operações na Bahia, onde brevemente abrirá uma nova base de operações em Catu. “O ano de 2013 foi incrível para a empresa: comemoramos 40 anos, fechamos grandes contratos e aumentamos em 21% o número de funcionários no país para atender à crescente demanda de nossas operações. A meta é duplicar o negócio na América Latina nos próximos três anos. Na Venezuela, acabamos de fechar um contrato de planta de produção, no valor de US$ 96 milhões”, explica o diretor para a América Latina, Jean Moritz.

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MARÉ ALTA

Divulgação

Harris anuncia primeiro presidente no Brasil Presente no Brasil, em diversos mercados por meio de três unidades de negócios, a Harris anunciou durante evento no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, o nome de Reinaldo Rezende para ser o primeiro presidente no país, responsável por todas as unidades. Segundo a companhia, o CEO no Brasil vem para consolidar uma estrutura local, que ajude a empresa a ampliar sua participação no mercado, onde enxerga um enorme potencial de negócios. Com a criação da presidência, todas as operações ficam subordinadas

a ele. Antigamente, essas divisões operavam de forma independente, reportando-se diretamente aos Estados Unidos. A Harris tem um faturamento global de 5 bilhões de dólares, opera em 125 países e tem cerca de 14 mil funcionários. No Brasil, tem instalações em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Macaé. O foco da Harris é a infraestrutura, em geral, em segmentos como controle de tráfego aéreo, energia, comunicações críticas, como de plataformas marítimas, e segurança pública, dentre outras.

Missões internacionais começam em fevereiro Divulgação

O Sebrae/RJ abre em fevereiro o calendário de missões empresariais internacionais para 2014. A primeira missão do ano será para o Reino Unido, nas cidades de Aberdeen(foto) e NewCastle, no período de 3 a 8 de fevereiro. Entre 5 e 7 de fevereiro, haverá um evento específico no segmento subsea em Aberdeen, na Escócia. Esta missão será oficialmente conduzida pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro com o apoio do Sebrae, da Onip, da ABDI e da Firjan. Conta ainda com suporte do UK Trade & Investment Brazil, organização do Reino Unido que atua no Brasil na promoção de parcerias comerciais. “As missões têm se consolidado como um bom instrumento para que as empresas identifiquem parceiros comerciais e tecnológicos no exterior, principalmente neste momento onde se consolida no Brasil a política de conteúdo local”, 6 MACAÉ OFFSHORE

explica Antônio Batista, gerente do programa Petróleo do Sebrae/RJ. A entidade é responsável em identificar e selecionar as empresas fornecedoras do setor de petróleo que procuram por parceiros no exterior para compra de produto ou licenciamento

de tecnologias e parcerias diversas. Durante a programação, os participantes têm acesso a encontros com empresas locais e visitas técnicas, além de contar com treinamento preparatório, orientações e suporte logístico no local e receber um catálogo dos participantes da missão.


HIGH TIDE

IBP launches Oil Industry’s Day The Institute of Petroleum of Brazil celebrated its 56th anniversary launching the Oil Industry’s Day on November 21st. The organization passes through a moment of remodeling in its board of directors, changing its activities, aiming to set an annual agenda for the industry. The president of IBP João Carlos de Luca said that the institution wants to select themes such as environment, local content and bidding rounds in order to align projects and discussions to be carried out throughout the year, the industry’s goals. This initiative is part of the IBP’s strategic plan, elaborated by the general secretary of IBP, Milton Costa Filho. The new plan is assisted by Mackenzie Consultancy and there are a number of proposal such as a launching of a publication with statistics of the industry, the release of technical studies and a implementation of a benchmarking, which brings to Brazil the best practices adopted by international entities worldwide. IBP carries out roughly 2,400 meetings a year and wants to improve the procedures in order to have more efficiency and ensure the success of the events to be carried out in the country. The new phase includes a rebuilding of the current structure of the IBP in order to meet the new demands of the organization, which has roughly 1,700 volunteers.

Expro opens a new facility in Macaé Expro is aware of the opportunities in the pre-salt activities. The company is investing R$ 12 million to build its new facility in Macaé, which is scheduled to be concluded in March, 2014. Recently, the company expanded its operations in Bahia, where a new Expro’s facility will be built. “2013 was an incredible year for the company, when we celebrated our 40th anniversary, signed important contracts and the company’s work force increased 21% in order to meet the growing demand of our operations. The goal is to double our business in Latin America . In Venezuela we have just signed a contract to build a production plant, which will cost US$ 96 million,” Expro director for Latin America Jean Moritz.

Oil and gas shopping mall in Espírito Santo The Saudi KBW, based in Dubai, in the Arabs Emirates, will own 30% of a port terminal in São Mateus, Espírito Santo. Called Petrocity, the project is scheduled to be concluded in 2016 and will gather services for the oil and gas activities. The site will have an area of 1.5 million square meters. The remaining 70% will be split among other partners. In interview to Macaé Offshore, the general director of the Arab Chamber, Michel Alaby, said that the Arabian investments in Brazil has increased over the last years and they are already important in many sectors. As for the oil and gas industry, the Arabian investments have become ever more important over the last years. For Petrocity director José Roberto Barbosa da Silva, the investment in the port terminal worth R$ 1 billion, but it can reach R$ 1.5 billion in investments in ship repair.

International trade missions start in February SEBRAE/RJ has already scheduled its world tour 2014 for trade missions. The first trade mission tour will be in the cities of Aberdeen and New Castle, in the United Kingdom, between February 3rd and 8th. In Aberdeen, SEBRAE/RJ will promote an event on subsea segment between February 5th and 7th. This mission will be officially organized by the State Government of Rio de Janeiro along with Sebra, Onip, ABDI and Firjan. It will also be supported by the UK Trade & Investment Brazil, an entity belonged to the UK Government to promote commercial partnerships.

“The trade missions have been shown as a good channel for companies who want to find commercial and partners abroad, mainly when Brazil is consolidating its local content policy,” says Sebrae/ RJ Oil and Gas manager Antonio Batista. Sebrae Oil and Gas division is responsible to find and choose suppliers for the oil and gas industry abroad in order to buy goods or technology license and several other partnerships. During the tour, the attendees will be able to meet local companies and make technical visits. They will be trained, and they will also receive logistics support.

Harris announces its first president for Brazil With a presence in Brazil in several segments through its three units Harris announced, during an event held in Rio de Janeiro, Reinaldo Rezende as its first president for Brazil. He will responsible for all the units in Brazil. The CEO of the company in Brazil will consolidate its local structure in order to allow Harris to expand its participation in the market, aiming the business opportunities. The president will coordinate all the operations. Before, those divisions were operated in an independent way and reported to the company’s headquarters in the United States. Harris has a global revenue of $5 billion. The company operates in 125 countries and has about 14,000 employees. In Brazil, Harris has facilities in Brasilia, Sao Paulo, Rio de Janeiro and Macae. The focus of Harris is infrastructure in general, in segments such as air traffic control, energy, FPSO communication, and public safety, among others.

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Por dentro do mercado

EBX - o fim do império Por Celso Vianna Cardoso*

J

á há algum tempo esta coluna vinha sinalizando a preocupação do mercado com a situação econômico-financeira do Grupo EBX,

em especial a empresa petroleira OGX. A abertura do processo de recuperação extrajudicial gerou um inevitável efeito-dominó nas demais empresas do gru-

as causas do fracasso das operações do

Houve alegações de que os balan-

grupo. Para o mercado, não resta dúvi-

ços poderiam estar “maquiados” ou

da de que Eike Batista é o grande cul-

que a forma de divulgação das informa-

pado e, que a imagem que ficou entre

ções deveria ter um controle mais rígi-

os empresários que desejavam inves-

do por parte do Bovespa, mas, mesmo

tir recursos em novas empresas, foi de

assim, os prejuízos sempre foram uma

profundo desânimo e descrença.

constante em todos os balanços. O fato é que o mercado bem que poderia di-

po. A mais atingida foi a OSX que, dias

A opinião desta coluna concorda

depois, também se viu obrigada a se-

com o mercado, mas toma a liberda-

guir os passos de sua coirmã.

de de apontar outro fator que deve

No mercado, já se cogitava que os níveis de endividamento da OGX seriam insustentáveis sem que houvesse a injeção de capital por parte do mercado ou através de seu principal acionista, o empresário Eike Batista. Como nenhuma empresa se interessou pela petroleira e Eike não possuía fôlego financeiro para a empreitada, não houve alternativa senão a já esperada: por meios judiciais.

ser levado em consideração, se quisermos fazer um retrato mais apurado dessa crise, que é o papel do investidor. Percebeu-se, claramente, uma grande onda de euforia e otimismo entre aqueles que correram para comprar ações da OGX, apenas impulsionados pelo otimismo e pelo carisma de Eike Batista. Emoção nunca foi boa conselheira para investidores que buscam aufe-

A dívida da OGX para com a OSX acabou com a capacidade desta de prosseguir com suas operações, forçando-a a entrar com o pedido de recupe-

rir lucros no mercado de renda variável no longo prazo e que análises mais diligentes sempre devem preceder uma posição comprada em qualquer ativo.

vidir essa culpa com Mister X. A repercussão da queda do império do homem que já foi o oitavo mais rico do mundo renderam matérias em jornais e revistas internacionais, algumas até bastante depreciativas, sobre os erros e falhas de Eike Batista no meio desse processo de desmonte do grupo EBX. Uma das análises aponta a perda que representou para o Brasil a possibilidade de haver uma segunda empresa petroleira que pudesse rivalizar com a Petrobras. Essa coluna acredita que, se tudo desse certo para a OGX, o concorrência entre uma administração eficiente e 100% privada na gestão de uma empresa petrolífera poderia provocar

Os investidores nunca foram obriga-

uma grande revolução na gestão do

dos ou coagidos a comprar ações da

mercado brasileiro de petróleo. O mer-

OGX, OSX ou de qualquer outra empre-

cado também acreditou nisso e a partir

sa. Muito pelo contrário, o fizeram por

do final da crise de 2008 e até meados

Vários veículos já procuraram iden-

escolha própria, ou seja, optaram por

de 2009, fez com que a valorização das

tificar e analisar as causas da derrocada

adquirir ações de empresas que nunca

ações da OGX atingisse o fantástico e

do “grupo X” e apontaram o excesso

haviam apresentado lucro ou, pelo me-

insustentável patamar de 80% do valor

de confiança e a megalomania como

nos, um plano consistente para gerá-lo.

da Petrobras. 

ração judicial, que foi acatado no dia 25 de novembro, apenas quatro dias após o da OGX.

*Celso Vianna Cardoso é analista de sistemas formado pela PUC-RJ e MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC. É co-autor do livro “Análise Técnica Clássica”, lançado pela Editora Saraiva em 2010, e diretor de Novos Negócios da Inove Investimentos.

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inside the market

EBX - the end of an empire * By Celso Vianna Cardoso

I

have been talking about the market concerns over EBX’s economic and financial situation, mainly OGX’s, for a long time. The announcement of the judicial recovery process for OGX sparked serious consequences to the group’s other companies. OSX was the most affected company and it was forced to follow the same OGX’s steps few days later. It has been said in the market that the OGX’s debt amount is unbearable without a capital injection by the market or by the tycoon Eike Batista, the company’s main shareholder. Since companies declined to give Mr Batista’s oil company some relief, there was nothing to do but file for bankruptcy protection.

Since OGX owes OSX, the ship builder had to shutdown its activities, which forced the company to file a bankruptcy protection. The Court approved this request on November 25th, four days after OGX’s request. The media tried to find out and analyze the causes of the ‘X’ Group downfall and pointed out

the group’s overconfidence and its megalomania as the causes of its failure. The market blamed it on Mr Eike Batista and thus investors did not want to invest their resources in other Batista’s companies anymore. This column agrees with the market’s view, but it also points out that the investor’s role is a fact that should also be taken into account if we want to have a more accurate picture of this crisis. A wave of high optimism was clearly seen among those who ran for OGX’s shares, boosted by the optimism and Mr Batista charisma. Emotion has never been a good investors advisor, mainly for those who search for gains in the stock market and know that a good analysis must come before the purchase of shares. Investors were not obliged to buy OGX and OSX’s stocks. Quite the opposite. They did that by their own choice. In other words, they decided to buy shares of companies that have never shown profit or even conditions to do it. It was alleged that the companies balance sheet could have been

falsified. Others said that Bovespa should have controlled the company’s statements better. Yet losses were seen in every balance sheets released by Eike Batista’s companies. So, the market should share the responsibility in this process of Mr X. The fall of the empire of a man who was considered the world’s eighth richest man rechead the national media and abroad with some articles portraying Eike Batista very negatively on talking about its mistakes and failures during the process of the demise of the EBX group. One of the analysis points out that this situation represented to Brazil a missing opportunity to have an oil company that could compete against Petrobras. This column believes that, having OGX succeeded, an efficient 100% private oil company would spark a great revolution in the oil and gas industry in Brazil. The market also believed that and they made OGX’s shares achieve 80% of Petrobras’ market value between 2008 and 2009. It was fantastic, yet unbearable. 

* Celso Vianna Cardoso is a system analyst graduated by PUC-RJ and MBA in Business Administration Management by IBMEC. Co-author of the book “Análise Técnica Clássica”(Classic Technical Analysis), released by Editora Saraiva in 2010 and New Business Director of Inove Investimentos.

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ARTICULANDO

Um ano difícil, mas

animador

Por Edmar de Almeida*

O

ano de 2013 não foi um ano fácil para o setor de óleo e gás no Brasil. Apesar do volume recorde de investimentos por parte da Petrobras e suas parceiras, o setor teve que enfrentar um contexto econômico e financeiro complicado. As principais dificuldades foram causadas pelo controle dos preços de derivados de petróleo no país, que impuseram perdas muito significativas para a Petrobras; a crise financeira da OGX e o impacto da falta de rodadas nos cinco anos precedentes. Além de enfrentar preços derivados defasados, a Petrobras teve que importar uma quantidade recorde de combustíveis e gás natural. Para se adaptar à contenção dos preços dos derivados no Brasil, num contexto de grandes investimentos, a empresa adotou o lema da disciplina de capital, que teve implicações importantes para a cadeia de fornecedores. A concentração das compras de bens e serviços deu a ela uma grande capacidade de negociação com os fornecedores visando a redução de custos. Por esta razão, foram muitas as notícias sobre empresas fornecedoras em dificuldade financeira. Em particular, as nacionais, menos capitalizadas, que tiveram problemas para se adaptar ao novo ambiente de negócios. A crise financeira do grupo EBX também teve consequências para o ambiente de negócios no setor de óleo e gás. A percepção de risco por parte dos investidores aumentou muito, afetando o custo de captação para as pequenas e médias empresas independentes atuando no Brasil. A dificuldade de captação de recursos acaba impactando no 10 MACAÉ OFFSHORE

valor dos ativos, já que algumas empresas são forçadas a vender parte dos ativos para se capitalizarem ou reduzir os ritmo dos investimentos. Ainda que a Petrobras esteja num ritmo acelerado de investimentos, o setor de óleo e gás ainda teve que enfrentar as consequências do hiato de cinco anos sem rodadas. Muitas empresas tiveram que reduzir o ritmo de atividades no país neste ano por falta de portfólio exploratório. Neste cenário, as três rodadas de licitação organizadas pela ANP representaram um enorme alento para o setor. Ainda que os efeitos econômicos diretos destas rodadas não tenham se concretizado neste ano, as rodadas apontam para um futuro muito promissor. As empresas presentes no Brasil puderam recompor seus portfólios de exploração e novas empresas vieram para o país. As rodadas foram fundamentais não apenas para viabilizar a continuidade exploratória no país, mas para abrir o horizonte de desenvolvimento da indústria. No que tange ao ambiente offshore, é importante destacar o leilão de Libra inaugurou o contrato de partilha, dando materialidade ao esforço político empreendido pelo Governo para mudar o arcabouço institucional e o regime fiscal para a área do pré-sal. Apesar destas mudanças terem sofrido muitas críticas por parte da indústria, a criação da PPSA, a elaboração do contrato de partilha e a realização do leilão contribuíram para dissipar a frustração e o sentimento de que a politização das discussões sobre o pré-sal, que não estava levando o setor a lugar algum.

Apesar da frustração com a falta de concorrência em Libra, o que certamente coloca em questão o desenho atual para os leilões para a área do présal, o consórcio vencedor certamente está à altura dos desafios técnicos e econômicos dos novos reservatórios. São muitos os desafios institucionais e econômicos a serem vencidos, mas certamente o leilão de Libra será um marco importante para o setor de petróleo nacional. No que tange ao ambiente onshore, o leilão de áreas direcionadas para gás, inclusive não convencional, inaugurou uma nova avenida para a exploração de O&G no Brasil. Trata-se de um novo modelo de negócios para o setor de gás no Brasil. Além de exigir novas tecnologias, a exploração de gás não convencional irá exigir inovações em termos de estratégias comerciais para monetização das eventuais descobertas. A retomada da exploração em terra poderá representar uma oportunidade para mudanças importantes no cenário da indústria do gás no Brasil, marcado pela instabilidade e escassez dos últimos anos. Apesar dos percalços enfrentados pela indústria em 2013, as perspectivas para 2014 parecem mais alvissareiras. Muitos desafios ainda deverão ser enfrentados, mas as rodadas de 2013 trouxeram um novo momento político e mais ânimo ao setor.

Edmar de Almeida é professor do Grupo de Gestão de Energia do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GEE-IE-UFRJ)


ARTICULATING

A difficult year, yet

exciting

By Edmar de Almeida*

Besides facing problems with fuel prices, Petrobras had to import a record amount of fuel and natural gas. In order to adjust itself to the prices control in Brazil, in a context of great investments, Petrobras chose to enforce fiscal discipline, which had serious impact in the supply chain. The concentration of purchasing of goods and services gave the state-owned oil company greater advantages to negotiate with suppliers, eyeing the costs cut. EBX’s group financial crisis also influenced the business environment in the oil and gas industry. Investors’ risk perceptions increased, affecting the costs of investments for small and medium independent companies in Brazil. Problems to attract investments will impact the assets value, once companies will have to sell part of its assets to capitalize themselves or cut investments. Even though Petrobras is speeding up its investments, the oil and gas industry had to face the consequences of five years without oil rounds. Many companies had to reduce their rythm of activities in the country because of the absence of exploratory portfolio. In this scenario, three auctions carried out by the ANP gave the industry some relief. Although the direct economic effects did not happen this year, the oil rounds point out a very promising future. Companies that have operations in Brazil resumed their exploratory portfolio and new companies came to the country. The oil rounds were not

only crucial to enable the continuity of exploratory activities in the country, but also the improvement of the industry. As for the offshore activities, it is important to highlight the auction of the Libra field, which debuted the production share contract and showed the government’s political efforts to change the regulatory framework as well as the fiscal regime for the pre-salt areas. Despite those changes were criticized by the industry, the creation of PPSA, the production-sharing contract and the carrying out of the auction helped to mitigate a likely frustation and the feeling that the political debates about the pre-salt was taking the industry to nowhere. Despite the frustation with the lack of competitors for the Libra field, which may put in doubt the current contract for the pre-salt auctions, the winner consortium is prepared for the technical and economic challenges of the new reservoirs. There are many institutional and economic challenges to be faced, but the auction of Libra field will represent a

remarkable moment for the national oil and gas industry. As for the onshore activities, the auction of areas for the production of natural gas, including the unconventional gas, started a new era for the O&G activities in Brazil. It is about a new business model for the gas segment in Brazil. Besides the demand for new technologies, the exploration of unconventional gas will require innovation in commercial strategy in order to monetize the likely discoveries. The resuming of onshore drilling will represent an opportunity for important changes in the current gas industry in Brazil, after being ostracized over the last years. Despite the hurdles faced by the industry in 2013, the expectations for 2014 look higher. Most of the challenges will remain, but the rounds carried out in 2013 brought a new political moment and left the segment more excited.

Edmar de Almeida is professor at UFRJ Institute of Economics and member of the Energy Economics Group of the Institute of IE/UFRJ.

Editora Macaé Offshore

T

he year 2013 was not easy for the oil and gas industry in Brazil. Despite the greatest amount of investments ever made by Petrobras and other companies, the industry had to face a complicated financial and economic scenario. The main difficulties were caused by the government control on fuel prices- which caused severe losses to Petrobras-, financial crisis in OGX and impacts caused by the interruption of oil auctions that lasted five years.

MACAÉ OFFSHORE 11


ENTREVISTA

Armando Guedes Presidente do Conselho Empresarial de Energia do Sistema Firjan

Ex-presidente da Petrobras acredita que o Brasil será grande exportador de petróleo Por Brunno Braga

Atuando há mais de três décadas no segmento de óleo e gás e após ter passado por vários cargos de alto escalão da Petrobras, inclusive o de presidente da companhia, Armando Guedes preside hoje o Conselho Empresarial de Energia da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Uma das figuras mais requisitadas para comentar sobre os meandros da indústria do petróleo no Brasil em sua atual fase, ele acredita que o setor, mesmo com alguns revezes, apresenta grandes oportunidades. Para Guedes, apesar da crise, a Petrobras terá todas as condições técnicas e econômicas para

Macaé Offshore - Como o senhor avalia o atual momento do setor de óleo e gás no Brasil? Armando Guedes - Estamos indo no caminho certo. Com o crescimento do volume de produção, vamos nos tornar exportador de petróleo e, para isso, temos que ter um complexo logístico eficiente, mesmo porque o grosso da demanda virá da Ásia. A China já passou os Estados Unidos no ranking de importação de petróleo, importando cerca de 6 milhões de barris. Em função disso, vemos agora 12 MACAÉ OFFSHORE

cumprir a meta de produzir 4,2 milhões em 2020, o que fará do Brasil um exportador de petróleo em razão do excedente de produção alcançado. E acrescenta a importância dos investimentos em logística e na mão de obra para o pré-sal, cujas atividades precisam ser encaradas como operações de ‘risco zero’, evitando problemas com segurança e meio ambiente. Natural de Goiás e com formação em Engenharia Química e Química Industrial, ele falou com a equipe da Macaé Offshore sobre esse e outros assuntos relacionados ao segmento. Confira:

uma maior entrada dos chineses no segmento de óleo e gás no Brasil, visando garantir o produto para o consumo interno naquele país, diferente do interesse de empresas americanas e britânicas, que têm uma visão mais comercial. M.O. - O senhor acha então que a Petrobras conseguirá atingir a meta de 4,2 milhões de barris/dia em 2020? A.G. - Sim, acredito. E as outras empresas vão conseguir produzir algo em torno de 1,5 milhão, o que

totaliza 5,7 milhões de barris de petróleo por dia. Levando-se em conta que as previsões são de que nesse período o consumo interno no Brasil será da ordem de 3,5 milhões, o País vai ter um excedente de 2,2 milhões de barris. Esses são dados extremamente importantes. M.O. - Mas alguns críticos apontam alguns problemas no horizonte, sobretudo pela falta de caixa da Petrobras. A.G. - Em relação à questão financeira, a Petrobras não terá


entrevista

problemas. O óleo já está descoberto e o próximo passo é monetizar as reservas. Hoje, com o barril de petróleo a US$ 100, com todos os custos somados, como royalties, outros impostos, custos de operação, o barril fica na faixa dos US$ 35, ou seja, a margem de lucro fica mais de 50%. A Petrobras tem hoje cerca de 15 bilhões de barris descobertos. Então, por maior que seja o problema de caixas da Petrobras, os agentes financeiros não vão deixar de investir na empresa em função dessa grande quantidade de reservas que a estatal possui. Além disso, estou vendo que o governo está mais sensível em relação a dar mais credibilidade à Petrobras. O adiamento da reunião do Conselho da Petrobras é uma sinalização de que o governo busca equacionar o problema de caixa da companhia. Temos a questão dos recursos humanos, não somente de alto nível, mas também em nível médio, e a tendência é que o Brasil seja importador de mão de obra. Quando se olha o volume de pedidos de vistos de trabalho no Brasil, a indústria de petróleo responde por 95% do total. A tecnologia brasileira está trabalhando para ser barata, eficiente e segura. Isso pode ser visto no Parque Tecnológico da UFRJ, o que mostra que o Rio de Janeiro tem trabalhado bastante para isso. Mas há uma preocupação em melhorar a tecnologia para baratear e permitir um melhor aperfeiçoamento, sobretudo em investimentos em automação. Eu vivi muito essa questão de tecnologia, mas trabalhando sempre com Planos B e C.

A.G. - A questão do operador único é uma bobagem. Eu converso com muita gente na Petrobras e muitos têm essa mesma visão. A própria diretora da ANP, Magda Chambriard, já disse que o próximo leilão do pré-sal será para daqui a três anos. Então, isso significa que o governo quer primeiramente por à prova os novos desafios (caixa, tecnologia, equipamentos, logística, mão de obra) que estão pela frente para depois lançar um novo edital.

qualificado é muito grande. Um acidente no processo de exploração e de produção pode trazer repercussões muito negativas. Em diversas universidades que tenho ido para dar palestras fica muito evidente a preocupação de que, com a necessidade de empregar muita gente, haja uma menor exigência na qualidade da mão de obra e eu digo que isso não pode acontecer em hipótese alguma. Não tem que ter espaço para improviso.

M.O. - Para o senhor, quais são os principais desafios a serem enfrentados no processo de E&P de Libra? A.G. - É importante dizer que as operações do pré-sal têm que trabalhar com o conceito de risco zero. Afinal, a 5 mil metros de profundidade, com dois mil metros de coluna de sal, a necessidade de se ter um corpo técnico altamente

M.O. - O senhor acredita que o fato de ter a Petrobras como operadora única não irá sobrecarregar a empresa? MACAÉ OFFSHORE 13


ENTREVISTA

M.O. - O senhor acha que o desinteresse das empresas privadas em participar do leilão de Libra pode ser uma tendência para as próximas licitações do pré-sal? A.G. - Eu milito há 30 anos no segmento de petróleo e posso dizer que as empresas privadas vão participar dos próximos leilões. As reservas dessas empresas estão em declínio e elas terão que recompô-las. Só que as novas fronteiras estão cada vez mais escassas e caras e o pré-sal tem a vantagem de já ter uma avaliação muito clara sobre perspectiva de reserva. Eu não tenho dúvida que qualquer outro bloco localizado no pré-sal e que venha a ser licitado gerará interesse das grandes empresas privadas. No caso de Libra, eu acho que o governo foi um pouco ‘guloso’ devido às gigantescas reservas encontradas naquele campo e isso foi determinante para que apenas um consórcio tenha sido formado. M.O. - Outro ponto controverso é a questão da logística. Como o senhor percebe o gargalo logístico que o setor enfrenta? A.G. - O aumento da produção está levando a Petrobras a buscar outros pontos de apoio, pois a cidade de Macaé não suporta mais receber operações logísticas. Essa centralização e concentração representam um risco muito grande tanto para a empresa como para a cidade. Então, a grande questão é como desenvolver esses novos pontos de apoio. O terminal de Santos pode ser uma boa alternativa, mas o pré-sal está próximo do Estado do Rio. No Rio, temos o terminal de Ponta Negra e até mesmo o Porto do Rio como alternativas viáveis para o escoamento da produção. E é preciso

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agir logo, pois não se pode perder tempo. M.O. - Como o senhor avalia a atual situação do Porto do Açu? Ela é preocupante? A.G. - O Porto do Açu irá encontrar uma saída para a crise. É claro que isso vai levar tempo, o que, sem dúvida, é muito ruim. Mas tenho certeza de que esse problema será solucionado. Afinal, é do interesse do go-

O governo foi um pouco ‘guloso’ devido às gigantescas reservas encontradas no Campo de Libra verno federal e do Estado do Rio de Janeiro e até das empresas estrangeiras que entendem a importância de se ter no Açu um porto efetivo. O que se coloca é que esse processo vai sofrer um certo retardamento que trará sérias repercussões.

M.O. - Muito se fala em buscar alternativas mais limpas para a

substituição do petróleo. Como o senhor acha que isso pode ocorrer a médio e longo prazo? A.G. - Não acredito que o petróleo será substituído como a principal matriz energética mundial a longo prazo. A própria Agência Internacional de Energia fala que até 2050 os combustíveis fósseis (petróleo e gás) serão, juntos, responsáveis pela geração de 67% da eletricidade no mundo, sendo que a participação do gás natural irá aumentar, mas o petróleo continuará com a sua supremacia. Além disso, as companhias estão investindo cada vez mais para aumentar o percentual de óleo recuperável nas reservas (que hoje está no patamar de 30%), o que reforça a importância do pré-sal de Libra. E, como o o preço do barril irá se manter na média de US$ 100, já que o crescimento do consumo será maior do que a produção mundial - que, como eu disse, enfrenta problemas com a diminuição de novas fronteiras -, os altos investimentos a serem feitos na indústria continuarão por vários anos. Temos é que saber aproveitar. M.O. - Como anda a relação entre a Firjan e a Petrobras? A.G. - A melhor possível. Temos tido reuniões frequentes com os diretores da Petrobras e este ano firmamos alguns acordos importantes, como o convênio para o desenvolvimento de simuladores e ambientes virtuais. Vamos construir 14 simuladores de operações e eles serão utilizados para capacitação de profissionais da indústria de óleo e gás nos próximos cinco anos. Isso é um passo muito importante, pois estamos investindo na qualificação da força de trabalho, muito necessária neste setor. 


entrevista

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INTERVIEW

Armando Guedes President of the Council for Energy Entrepreneurship of Firjan

Former CEO of Petrobras believes that Brazil will be a great oil exporter By Brunno Braga

Having worked with the oil and gas industry for more than three decades, including the position of CEO of Petrobras, Armando Guedes is currently the president of the Energy Commission of the Federation of Industries of the State of Rio de Janeiro (Firjan). One of the most wanted experts to talk about the current situation of the oil and gas industry, he believes that the segment presents great opportunities, though some hurdles. For Mr Guedes, despite the financial crisis in Petrobras, the company has all the technical and

MACAÉ OFFSHORE - How do you evaluate the current moment of the oil and gas industry in Brazil? ARMANDO GUEDES - We are on the right path. With the increase of the oil production, we will become an oil exporter. Yet we must have efficient logistics in order to meet the demands from Asia. China has ousted the US as the world’s largest oil importer, buying roughly 6 million boed. Thus, we see now the Chinese are coming to Brazil, aiming to ensure oil for their domestic consumption. The American and British companies have a different approach, once they have a commercial view.

M.O. - So, do you think that is going to be possible for 16 MACAÉ OFFSHORE

economic conditions available to accomplish it goal to produce 4.2 million boed in 2020, which will turn Brazil into an oil exporter. He also added that the importance of investing in logistics and the workforce for the pre-salt whose activities need to be faced as risk zero operations, avoiding safety and environmental problems. Born in the state of Goias and holding a degree in Chemical Engineering, he talked to Macaé Offshore about these issues related to the industry.

Petrobras to achieve the output of 4.2 million boed in 2020? A.G. - Yes, I do. Also, other companies will be able to produce roughly 1.5 million boed in 2020, which represents a total of 5.7 million boed. Taking into account that the domestic consumption of oil is expected to be roughly 3.5 million by then, Brazil will have an excess of 2.2 million boed. It is quite interesting indeed.

M.O. - Some experts point out some problems in the horizon, mainly because of Petrobras financial crisis. A.G. - As for the company’s financial issues, Petrobras must not face this sort of problem in the future. The oil

has been already discovered and the next step is to monetize its oil reserves. Currently, with the oil barrel priced at US$ 100, and with all the costs included, such as royalties and other taxes, operational costs, the barrel will generate a margin profit above 50% to the company. Petrobras has roughly 15 billion oil barrels discovered. So, even though Petrobras faces some cash flow problems today, bankers and financial agents will not give up the company because it owns huge reserves. Also, I can see now that the Government is trying to work to give Petrobras more credibility and it is trying to solve the company’s cash flow problems.

M.O. - Having Petrobras as the sole pre-salt operator, do you


INTERVIEW

think that the company’s activities will be even more harder? A.G. - It is a big mistake. Many people I know who work for Petrobras share the same opinion. The ANP Director said that the next pre-salt auction will be carried out three years from now, So, this means that the government wants to see how Petrobras will behave (cash flow, technology, equipment, logistic, labor force) and then they will launch a new pre-salt tender.

M.O. - As for Libra field, what are the main challenges there? A.G. - It is important to say that the pre-salt operations must work with the zero risk concept. After all, those activities will be at five thousand meters of depth, with two thousand meters of salt column so that a highly skilled staff will be needed. An accident during the drilling activities can cause a negative repercussion. I have attended many workshops and lectures in many universities and many people show their concerns about the fact that the pre-salt will require a large number of workers with lower quality. This can’t happen. We cannot improvise in this business.

M.O. - Do you think that the lack of interest of the major companies towards the Libra auction may be a tendency for the next pre-salt rounds? A.G. - I have been working with this segment for 30 years and I am sure that major companies will participate in future rounds. These companies’ oil reserves are decreasing and they need to increase them. But new frontiers are becoming ever more expensive and scarce and the Brazilian pre-salt has a great advantage in this process, once it already exists a better knowledge of the potential of the pre-salt oil reserves. As for Libra field, I think that Brazilian government was greedy because of the huge reserves found there and this explains why there was only one consortium to bid on Libra auction.

M.O. - Logistics is another controversial issue. How do you see this kind of bottleneck faced by the industry? A.G. - The increase in output is making Petrobras search for new logistics centers. Due to having intense operations, the city of Macaé cannot receive logistics activities any longer because it represents a serious risk to the city. Santos logis-

The government was a little bit greedy towards the giant oil reserves found in the Libra field tics terminal might be a nice alternative, but the pre-salt is closer to Rio de Janeiro, so I think the best alternative.

M.O. - What is the best for Rio de Janeiro then? A.G. - Here in Rio de Janeiro we have the Ponta Negra logistics terminal, located in the north of the state. Also, the Port of Rio can be seen as a viable alternative to the flow of oil. But we have to move fast because we don’t have much time.

M.O. - How do evaluate the current situation of the Açu port? Are you worried? A.G. - It is going to be found a way to get Açu port out of this crisis. Yet it is going to take some time, which is really bad. But I am sure this problem will be solved. After all, the Federal and State governments as well as companies understand the importance of Açu port. On the other hand, the whole process will be very painful, causing negative repercussions.

M.O. - Do you think that cleaner energy sources will replace fossil fuels in the short or long term? A.G. - I don’t think that oil will lose its role as the main energy source in the world in the long term. The International Energy Agency itself stated that the fossil fuels will respond for 67% of all energy sources generated in the world by 2050. Also, major companies will continue to invest in order to increase the percentage of the recoverable oil in the reserves, which is currently at 30%. This proves the importance of the pre-salt of Libra field. With the oil barrel priced at US$ 100 and with the increase of the demand and the scarcity of new frontiers. So, we have to take advantage of that situation.

M.O. - How is the relationship between Petrobras and Firjan? A.G. - The best possible. We had frequent meetings with the directors of Petrobras and this year we signed some important agreements such as the agreement for the development of simulators and virtual reality. We are going to build 14 simulators and they will be used for training professionals for the oil and gas industry over the next five years. This is a very important step as we invest in workforce improvement, much needed in this sector. 

MACAÉ OFFSHORE 17


ÓLEO & GÁS

De onshore para

offshore

Bacia Sergipe-Alagoas pode quintuplicar produção, mas precisa desenvolver tecnologias para novas demandas Agência Petrobras

Por Rodrigo Leitão

E

ntre as novas fronteiras reveladas na 11ª Rodada de Licitação, realizada em maio, a Bacia SergipeAlagoas vem despontando com uma região altamente propícia, com grande volume de óleo sendo descoberto pela Petrobras. Estimativas do mercado apontam que a produção de petróleo local, que atualmente é de 40 mil barris/ dia, tem capacidade para aumentar cinco vezes, saltando para 200 mil barris/dia. Os novos poços de petróleo foram o 1-BRSA-1108-SES (1-SES-172), localizado a 85 km de Aracaju, em profundidade de água de 2.583 metros; o 1-SES-168 (denominado Moita Bonita), o 3-SES165 (Barra) e o 1-SES-167 (Farfan), todos em águas ultraprofundas. Em entrevista à Macaé Offshore, a coordenadora do projeto de petróleo e gás em Sergipe, Ana Nunes, afirma que a Bacia de Sergipe-Alagoas vive uma nova realidade com o grande volume de óleo descoberto pela Petrobras recentemente. No entanto, a diretora alerta que a expertise da mão de obra qualificada na região é muito direcionada para a exploração onshore. “Essas novas áreas (offshore), a uma distância de 70 a 100 km, requerem tecnologias mais avançadas, mas ao mesmo tempo precisamos menos de contratações pela proximidade. Tudo isso será uma construção”, afirma Ana Nunes. 18 MACAÉ OFFSHORE

Empresas apostam na região A reboque da demanda que será necessária para atender à Petrobras na Bacia Sergipe-Alagoas, os fornecedores locais começam a se preparar para as novas oportunidades que irão diversificar a região. Com sede no Estado de Sergipe, localizada próxima à UFS (Universidade Federal de Sergipe) e a 2.000 metros da sede da Petrobras, a empresa SigMarhoh do Brasil, especializada em produzir peças de alta precisão para reposição de bombas e equipamentos industriais, aplicados à área de perfuração e produção, vem ao longo dos anos se preparando para esta

oportunidade. Seu objetivo é se consolidar no mercado brasileiro como uma companhia de serviços, ofertando soluções para que os pequenos e grandes produtores atinjam seus objetivos de E&P. “A Sigmarhoh do Brasil está ampliando a sua capacidade de produção na fabricação de peças e equipamentos para petróleo e realizando inovações para o desenvolvimento de novos produtos, a exemplo de peças em elastômeros especiais para suportar os diversos tipos de fluidos de perfuração”, afirma o diretor da companhia, Sandro Tojal.


ÓLEO & GÁS

Petrobras pode fomentar fornecedores Formada a partir de uma sociedade entre quatro ex-funcionários da Petrobras, a Engepet – Empresa de Engenharia de Petróleo Ltda, especializada na elaboração e produção de peças e equipamentos de elevação do petróleo, também se diz preparada para o aumento na demanda de serviços e produtos de fornecimento locais. Porém, segundo o sócio-administrador da Engepet, Homero Pessoa Pinto, a exemplo do que ocorre atualmente, a grande maioria dessa demanda é atendida por grandes fornecedores do sul/sudeste e do exterior. “Após as descobertas de novos campos de petróleo nos últimos anos, o potencial é de grande aumento na produção local,

tendo impacto significativo também na produção nacional”, estima o executivo. Questionados sobre como a Petrobras pode ajudar a cadeia de fornecedores do Nordeste com a atual descoberta na região e em outras bacias localizadas na Margem Equatorial (Piauí, ES, Bahia, Amazonas), os diretores afirmam que é fundamental investir na qualificação da mão de obra e inovar nos métodos e processos em busca de soluções que gerem melhor custo beneficio e confiabilidade. De acordo com Homero Pinto, a Petrobras também pode contribuir para o avanço dessas pequenas e médias empresas, convidando-as para

participar mais das licitações, a partir de 2014, em que os fornecedores estejam capacitados para isso. Segundo ele, é necessário que seja considerado na classificação de cada licitação um determinado peso por certificações em ISO9001, ISO-14001 e OHSAS-18001. “A Petrobras, em parceria com o Sebrae, há muitos anos já vem implementando ações que objetivam a criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento sustentável das empresas fornecedoras da sua cadeia de suprimento e, desta forma, acredito que estas empresas darão o retorno destes investimentos, ofertando soluções com qualidade e eficiência”, destaca.

“Uma bela descoberta”, diz Graça Foster Em outubro, a Petrobras informou que novos testes confirmaram a descoberta de óleo leve no poço conhecido como Muriú 1, localizado na área da concessão BM-SEAL-10, blocos SEAL-M-347 e SEAL-M-424, em águas ultraprofundas da Bacia de Sergipe. A Petrobras é detentora de 100% dos interesses da concessão. Em nota, a estatal informou que será realizado um teste de formação para verificar a produtividade do reservatório. “Essa acumulação integra o projeto de desenvolvimento da Bacia de Sergipe-Alagoas em águas profundas, conforme previsto no Plano de Negócios e Gestão da Petrobras para o período 2013-2017. A Petrobras dará continuidade ao Plano de Avaliação da Descoberta (PAD), que está em aprovação pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)”, diz o comunicado. Segundo a Petrobras, uma campanha de exploração, iniciada em 2008

na Bacia Sergipe-Alagoas, apresentou 16 poços perfurados , sendo 13 portadores de hidrocarbonetos. Os destaques são as acumulações de Moita Bonita, Barra, Farfan e Muriú, nas áreas de concessão BM-SEAL-10 e BM-SEAL-11. Atualmente, as descobertas se encontram em fase de delimitação. A presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou que os depósitos de petróleo encontrados pela estatal em Sergipe são “uma bela descoberta”. “É uma nova província petrolífera na Bacia Sergipe-Alagoas, uma atividade antiga que, em 2008, foi alvo de uma análise mais profunda. As descobertas são relevantes, a 100 quilômetros da costa”, disse ela, estimando o primeiro óleo para 2018, com 100 mil barris ao dia. Durante a Offshore Technology Conference (OTC Brasil), realizada em outubro, no Rio de Janeiro, o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Miranda Formigli, afirmou que a

Petrobras pretende iniciar um teste de longa duração (TLD) na área de Muriú, na promissora bacia de Sergipe-Alagoas, no fim de 2015. Formigli explicou que o TLD permitirá a empresa ter um maior detalhamento das informações do reservatório, bem como calibrar o sistema de produção futuro para a região. “Já definimos o sistema [de produção] para 2018. Já estamos trabalhando na melhor solução para lá [Sergipe-Alagoas], tanto que, no ano passado, definimos uma unidade de 100 mil barris/ dia para 2018. Isso, por enquanto, está firme e forte, pelo resultado que estamos tendo”, afirmou Formigli. Na ocasião, o diretor reforçou que a prioridade da área de Exploração e Produção da Petrobras neste momento é o “P de produção”. “Nossa prioridade é transformar o óleo que está no reservatório em óleo produzido”, disse.  MACAÉ OFFSHORE 19


OIL & GAS

From onshore to

offshore

Sergipe-Alagoas basin may quintuple its output, but it needs to improve technology for new demands By Rodrigo Leitão

A

mong the new frontiers that were auctioned in the 11th Bidding Round, carried out last May, Sergipe-Alagoas basin is gaining momentum as a high potential area, with a huge amount of oil that has been discovered by Petrobras. The basin, which currently has an output of 40,000 boed, has a capacity to increase five times more its production, achieving an output of 200,000 boed according to market prospects.

The new oil wells are the 1-BRSA1108-SES (1-SES-172), located 85 kilometers off the Aracaju (the capital of the state of Sergipe) coast, at a depth of 2,583 meters of water, the 1-SES168 (also known as Moita Bonita),the 3-SES-165 (Barra) and 1-ses-167 (Farfan). They are located in ultradeep waters. In interview to Macaé Offshore, Sergipe Oil and Gas Project Coordinator

Ana Nunes says that Sergipe-Alagoas basin experiences a new reality with a huge amount of oil recently discovered by Petrobras. Yet the Director says that the skilled work force of the region has more experience in onshore activities. “Those new offshore areas, which are located at 70 to 100 kilometers off the coast, require cutting-edge technology. On the other hand, we need less workers. All of that is under construction”, Mrs Ana Nunes says.

Companies are excited With the demand that will be necessary to meet Petrobras’ requirements in Sergipe-Alagoas basin, local suppliers has already begun to prepare themselves for the new opportunities that will arrive in the region. Located near the Federal University of Sergipe and about 2,000 meters away from Petrobras headquarters, SigMarhih do Brasil, a company specialized on manufacturing spare parts suitably for pumps and industrial equipment to be used in drilling and production activities, has been preparing itself over the years for this kind of opportunity. The company seeks to consolidate itself in Brazil as a service supplier, offering solutions for small and major companies who want to achieve their E&P goals. “Sigmarhoh do Brasil is expanding its production capacity on manufacturing spare parts for equipment for the oil industry. We are carrying out projects to enhance innovations to develop new products, such as special elastomer spare parts to endure several types of drilling fluids,” says Sirgmarhoh do Brasil Director Sandro Tojal. 20 MACAÉ OFFSHORE

Petrobras may foster suppliers Created by four former Petrobeas employees, Engepet Empresa de Engenharia de Petróleo Ltda, a company specialized on manufacturing spare parts and lifting equipments for oil, is also preparing itself for the increasing of the demand for goods and services. Yet Engepet Director Homero Pessoa Pinto says that the most of the demand is met by major suppliers from the south and southeast of Brazil and foreign suppliers. “After the discovery of new oil fields over the past few years, a strong growth of local manufacturing companies is expected, which is going to have a significant impact in the national manufacturing,” says the executive. Asked if Petrobas may help the northeastern suppliers with the current discovery in the region as well as in the basins located in the Equatorial Margin (Piauí, Espírito Santo, Bahia and Amazonas), Engepet directors

said that investing to improve the labor force skills is crucial as well as working to have innovative procedures and process to seek solutions that create better benefit-cost ratio and reliability. For Homero Pinto, Petrobras can also contribute for the advancement of small and medium companies, inviting them to participate in the bids from 2014 onwards, as long as they meet the requirements. For him, it is important to be considered the qualification required for each auction through the certifications ISO-9001, ISO-14—1 and OHSAS-18001. “Petrobras, in a partnership with Sebrae, is working to carry out actions that create a nice environment for the sustainable development for suppliers and thus I believe that these companies will return these investments, offering solutions with quality and efficiency,” he highlights.


OIL & GAS

“A nice discovery,” says Mrs Graça Foster Last October, Petrobras informed that new tests confirmed the discovery of light oil in the well known as Muriú 1, located in the the concession area BMSEAL-10, SEAL-M-347 and SEAL-M-424 blocs, in Sergipe basin ultra deep waters. Petrobras owns 100% of the concession area. In a statement, the stateowned oil company informed that formation testing will be carried out to check the productivity of the reservoir. “This accumulation is part of Sergipe-Alagoas basin development project for ultradeep waters, according to Petrobras Business Plan 20132017. Petrobras will keep its Discovery Evaluation Plan, which is being evaluated by the National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels,” the company says. For Petrobas, a exploration campaign, which was started in 2008 in Sergipe-Alagoas basin, had 16 oil wells

drilled. Thirteen of these wells presented hydrocarbon elements. The accumulations of Moita Bonita, Barra, Farfan and Muriú, located in the concession areas BM-SEAL-10 and BM-SEAL-11, were the most distinguished fields drilled. Currently, the discoveries is under delimitation process. Petrobras CEO Graça Foster said that the oil deposits found by the stateowned oil company in Sergipe are a ‘nice discovery’. “ It is a new oil province in Sergipe-Alagoas basin, an old activity that, in 2008, passed through a deeper analysis. The discoveries are relevant. They are 100 kilometers off the coast”, she said. For her, the first oil to be produced will be seen in 2018, with an output of 100,000 boed. During the Offshore Technology Conference (OTC Brasil), held in Rio de Janeiro, Petrobras Exploration and Production Director José Formigli said

that Petrobras wants to start a long duration test in Muriú area, located in Sergipe-Alagoas basin, in the end of 2015. Mr Formigli explained that the Long Duration Test will enable the company to have a better detailing of the information of the reservoir as well as to enhance the region’s future production system. “We have defined the (production) system for 2018. We have been working to have the best solution for there (Sergipe-Alagoas basin) so that we established a FPSO with an expected output of 100,000 boed in 2018. Due to our results, this is completely feasible,” Mr Formigli says. The director emphasized that the priority of Petrobras’ Exploration and Production Department is the production. “Our priority is to transform oil that is within the reservoir into production,” he says. 

MACAÉ OFFSHORE 21


Ilustração: Divulgação Arte: Editora Macaé Offshore

CAPA

Ano de grandes

emoções

Retomada dos leilões, incertezas sobre Petrobras e fim do império de Eike marcam 2013. Esperanças por correções de rumo persistem em 2014 Por Brunno Braga e Rosayne Macedo

D

isputa pelos royalties, tentativas de dar à Petrobras um rumo mais eficiente e condizente com suas necessidades, crise na OGX, questionamentos sobre a capacidade técnica e laboral brasileira para atender às demandas do setor, fortes críticas ao modelo de partilha adotado nos leilões do pré-sal e a política intervencionista do governo para os preços de combustíveis no país foram alguns dos pontos de destaque que dominaram a agenda do setor de óleo e gás em 2013. No entanto, 22 MACAÉ OFFSHORE

apesar das incertezas, pôde-se verificar algumas definições e avanços na condução e gerenciamento da macro da indústria.

voltou a licitar áreas, colocando em pauta três leilões de petróleo, num espaço de menos de seis meses em 2013.

O ano que se encerra colocou o tema petróleo em grande evidência. O principal destaque na agenda de 2013 foi a retomada das rodadas de licitação no Brasil. Após exatos quatro anos, cinco meses e 14 dias desde a realização da 10ª Rodada de Licitação, a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), a empresa

No primeiro deles, que deu sequência à série interrompida em 2008, a agência ofereceu 289 blocos, sendo que deste total foram licitados 142, o que, no entender da diretora-geral da entidade, Magda Chambriard, representou um sucesso além das expectativas. Com 30 empresas vencedoras (18 estrangeiras e 12 brasileiras), a agência conseguiu


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arrecadar com o leilão R$ 2,83 bilhões, recorde na série de leilões de petróleo sob o regime de concessão, em áreas localizadas na Bacia do Espírito Santo, Margem Equatorial e na Bacia da Foz do Amazonas. O apetite foi tanto que o leilão atraiu 17 petroleiras estreantes, dando a dimensão da importância e senso de oportunidade gerados pela rodada. Já no leilão do pré-sal do Campo de Libra, o primeiro a ser licitado sob o regime de partilha e que gerou polêmicas, debates e especulações; não houve concorrência e o martelo foi batido em favor do consórcio formado por estatais chinesas (CNPC e CNOC), Shell, Total e, por contrato já estabelecido no edital de licitação, a Petrobras, rendendo para o bolso do Tesouro a cifra de R$ 15 bilhões. A participação chinesa já era aguardada pelo mercado, não somente pelo apetite voraz do gigante asiático, mas também pelas regras existentes no edital, tidas

como não muito atrativas para as empresas comerciais. Em novembro, foi a vez do gás onshore ser objeto de disputas por parte das empresas. No rastro dos grandes debates acerca do crescimento da importância do shale gas no mundo, o último leilão do ano teve 240 blocos à disposição, mas apenas 30% (72) foram arrematados, sendo que em nenhum deles verifica-se um grande potencial para as atividades de exploração e produção do também chamado gás não convencional. Altos índices de conteúdo local, indefinições quanto à legislação ambiental e altas cifras de investimentos a serem empregadas por companhias consideradas de médio porte são alguns dos principais pontos apontados por especialistas para a baixa performance do leilão, que, no final das contas, gerou aos cofres do Tesouro Nacional R$ 165 milhões provenientes do bônus de assinatura.

Além disso, 49 dos 72 blocos adquiridos foram obtidos pela Petrobras, salvando, praticamente, o certame de um fracasso ainda maior. No total, 12 empresas apresentaram ofertas vencedoras, sendo 8 brasileiras e 4 estrangeiras. As outras vencedoras foram: Alvopetro, Bayar, Companhia Paranaense de Energia, Cowan, GDF Suez, Geopark, Nova Petróleo, Ouro Preto, Petra Energia, Petrobras, Trayectoria e Tucumann. - Para a diretora geral da ANP, Magda Chambriard, os resultados obtidos na Bacia do Paraná, a entrada da Bacia do Acre como nova possibilidade no cenário exploratório brasileiro e o reforço de blocos no Parnaíba reiteraram a importância do leilão. Magda ressaltou também a confirmação do papel das bacias maduras do Recôncavo e de Sergipe-Alagoas, onde estão 54 dos 72 blocos arrematados.

IBP defende agenda de leilões

Divulgação ANP

Para João Carlos de Luca, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), o ano de 2013 teve saldo positivo para o mercado, em função da retomada das licitações, após o hiato de cinco anos. Porém, para garantir a sustentabilidade dos investimentos da indústria no Brasil em longo prazo, que já responde por 12% do Produto Interno Bruto (PIB), ele defende que haja maior regularidade e previsibilidade na agenda dos leilões. “Foi um ano bom. Depois de cinco ou seis anos, tivemos três rodadas, sendo que a 11ª foi um grande sucesso. No ano que vem o governo já sinalizou que deveremos ter uma ‘rodadinha’. É importante que haja essa

O último leilão do ano teve 240 blocos à disposição, mas apenas 30% (72) foram arrematados The latest auction of the year offered 240 blocs, but only 30% were acquired

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regularidade, para a indústria se programar”, destacou. Agora, segundo ele, as operadoras participantes da 11ª rodada estão se instalando, iniciando seus contratos e mobilizando suas equipes para montar suas estruturas e começar os poços em 2015.

Foi o que ocorreu nos últimos cinco anos sem rodadas, quando as empresas acabaram adquirindo participações entre si ou buscando ampliar seu portfólio em outros mercados. Se temos reservas, por que não organizar licitações?”, avaliou.

Para De Luca, 2014 será “o ano da entressafra”, em função das eleições gerais para presidente, governadores, senadores e deputados federais e estaduais, e também a Copa do Mundo no Brasil. E existe ainda um cenário de incerteza sobre o ano de 2015, em função de ser um ano de grandes mudanças políticas.

O secretário geral do IBP, Milton Costa Filho, endossou a defesa de De Luca, ao lembrar que as operadoras precisam se planejar para alocar os investimentos e evitar uma evasão diante da ausência de leilões no Brasil. Ele se referiu, especificamente, à possibilidade de o México realizar rodadas de licitação na área de petróleo e gás, o que pode representar uma grande ameaça ao Brasil. “Se o México abrir o mercado vai ser uma ameaça para nós”, afirmou. “Não tem como desenvolver uma indústria de longo prazo e

“É ruim não ter leilões em dois anos. Isso muda o perfil do nosso mercado e abre oportunidade para os investidores buscarem outros países.

Grupo EBX ladeira abaixo

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Ele lembra que uma portaria publicada pelo Ministério de Minas e Energia, em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente, prevê um plano quinquenal de rodadas, para definir quais blocos podem ser ofertados e de que maneira isso será feito a cada cinco anos. No entanto, este plano não foi ainda colocado em prática. “Estamos aguardando e apoiamos que isso seja implementado. Quanto maior a regularidade, maior a confiabilidade”, afirmou.

REUTERS/Ueslei Marcelino

Mas o mercado não viveu só de retomada dos leilões em 2013. O ano ficou marcado também pelo nascimento da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), responsável pela fiscalização dos contratos firmados entre o Ministério de Minas e Energia e as empresas que fazem parte do consórcio, que irão explorar o pré-sal de Libra, assim como inspecionar a operadora do campo, no caso, a Petrobras. Oswaldo Pedrosa, que já teve passagens pela Petrobras e HRT, foi o escolhido para assumir o cargo máximo da empresa. O megaempresário Eike Batista também se destacou, só que em análises nada positivas a respeito da saúde de suas empresas, com destaque para a petroleira OGX. O quadro trágico, que já se desenhava em 2012, confirmou-se em 2013 e hoje a empresa respira por aparelhos, entrando em recuperação judicial. Tal processo, no entanto, vem causando desconforto nos investidores e

construir uma cadeia de suprimentos forte sem licitar blocos, passando longos períodos sem novos leilões”, reiterou o diretor Antônio Guimarães, novo secretário-executivo de Exploração e Produção do IBP, que era diretor de upstream da Shell Brasil e está cedido ao instituto por três anos.

dinheiro, cuja dívida alcança quase R$ 4 bilhões.

O megaempresário Eike Batista se destacou em análises nada positivas The tycoon Eike Batista was in the spotlight with not so positive analysis

fornecedores que perigam não ver os pagamentos devidos. Acionistas e várias empresas importantes da cadeia já disseram que irão acionar os seus departamentos jurídicos para reaver parte do

Por contágio, a OSX também entrou no olho do furacão. Com dívidas astronômicas, da ordem de R$ 5,3 bilhões, a empresa do setor naval está com sérios problemas em honrar os seus compromissos com a sua colega LLX, o braço logístico da EBX, e que é responsável pelo porto de AÇU, onde a OSX está construindo o estaleiro. “Essa situação é muito triste, pois deixa uma péssima imagem do mercado de óleo e gás brasileiro no exterior”, disse o colunista da Macaé Offshore, Celso Vianna Cardoso (veja mais à página 8). Para ele, a OGX dificilmente conseguirá reverter essa situação em 2014. “A Petronas, petroleira malaia que vinha negociando injetar recursos na OGX, desistiu. O fato é que a OGX só dispões de poços secos, isto é, não tem ativos, logo, não terá mais investidores nesse primeiro momento”, avaliou.


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Fernando Frazão / ABr

No leilão do pré-sal do Campo de Libra, o primeiro a ser licitado sob o regime de partilha, não houve concorrência The pre-salt of Libra field, the first to be acquired under the production-sharing contract, was auctioned without competition

Petrobras: festa e preocupação Em 2013, a Petrobras completou 60 anos de existência. Mas, juntamente com as comemorações feitas, crescem as preocupações quanto ao desempenho da empresa em 2014. É fato que o programa de desinvestimentos da estatal tem alcançado relativo sucesso, passando ao mercado a ideia de que há compromisso com a saúde financeira da empresa. Por outro lado, verifica-se que a política da operadora única do pré-sal de Libra trará vultosos custos para a empresa, que já teve que desembolsar R$ 6 bilhões para o pagamento de bônus de assinatura deste campo gigante localizado na Bacia de Santos. Além disso, em 2013, devido às paradas programadas das plataformas para manutenção, a petroleira teve que amargar quedas na produção, o que fez com que ela tivesse problemas de caixa, uma vez que teve que importar petróleo e combustível. Para a companhia, as paradas são mais do que necessárias. Em comunicado enviado, ela conta que isso se dá em função do ambiente marinho ser altamente agressivo e provocar corrosão

em tubulações e em equipamentos metálicos. “Devido à corrosão, em certas ocasiões são realizados reparos provisórios até a realização da parada. Os reparos provisórios são projetados por profissionais qualificados da Petrobras, atendendo às normas de segurança, e realizados por empresas especializadas”. Justificativas dadas, o fato é que tal situação está fazendo com que a Petrobras registre, entre janeiro e setembro, uma produção de petróleo 3,3% menor em comparação ao mesmo período de 2012 e isso também está ajudando a prejudicar o lucro da estatal, que teve como resultado no segundo trimestre de 2013 uma queda de 39% no faturamento em relação ao mesmo período do ano passado. Dessa forma, a combinação menor produção, maior consumo, congelamento de preços e dólar alto faz com que a Petrobras se torne alvo de uma série de debates entre a diretoria da empresa e o governo, o seu principal controlador. De um lado, os diretores, que até já elaboraram cálculo de reajuste dos combustíveis para tentar dar mais fôlego para

a estatal. Do outro, o governo, que teme que os reajustes possam comprometer as metas inflacionárias, sobretudo em período de eleição presidencial. “O governo brasileiro insiste em negar que petróleo, diesel e gasolina sejam commodities, com preços regulados pelo mercado internacional . Assim, o futuro da Petrobras não terá como objetivo a rentabilidade e, sem isso, fica impossível garantir o crescimento da produção, a manutenção da situação de líder em tecnologia de águas profundas e a apresentação de bons resultados”, alerta o presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires. João Carlos De Luca, do IBP, também defendeu a regularidade na política de preços de combustíveis, para dar mais previsibilidade à Petrobras e fazer frente aos vultosos investimentos e compromissos financeiros assumidos pela petroleira. “O governo deve encontrar a fórmula para encontrar o equilíbrio, sem causar prejuízo à Petrobras. Isso pode ser um sinal extremamente importante para a necessária atração de investimentos na área de refino”, ressaltou. MACAÉ OFFSHORE 25


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Fornecedores querem cronograma Posição semelhante têm muitos fornecedores da Petrobras, que também não avaliaram como positivo o ano de 2013. Para Carlos Neves, gerente comercial da Tubos Ipiranga, é preciso que a Petrobras fixe um cronograma e acerte a velocidade de seus projetos, visando dar a possibilidade de planejamento adequado para a cadeia. “Visto que nós, fornecedores, efetuamos investimento em estoques, instalação de projetos, melhorias de fábrica, novas tecnologias, mão de obra e treinamento, esses planejamentos são extremamente dependentes do cronograma da empresa. E isso pecou muito em 2013”, ressalta.

Neves lembra que os fornecedores são a ponta do negócio e a falta de um planejamento cria inúmeros transtornos. Afinal, são investimentos pesados que ficam parados. “Até o momento, a Petrobras não se pronunciou de forma mais específica sobre 2014. Estamos aguardando, mas com muita cautela e segurando investimentos”, disse o executivo. Contudo, a Petrobras acredita que a curva de produção suba em 2014, uma vez que as paradas programadas serão em ritmo menor e novas unidades de produção entrarão em operação, objetivando retornar a média de produção de dois milhões de barris

de óleo por dia, reduzindo, assim, as importações de petróleo. Pesa para esse otimismo o último relatório da Agência Internacional de Energia, lançado em novembro, e que traça um quadro otimista para o setor de óleo e gás no Brasil. Segundo a agência, o País se converterá em um dos maiores exportadores de petróleo e um dos principais produtores de energia do mundo. Para 2035, a produção petroleira do Brasil triplicará e alcançará seis milhões de barris diários (mbd), contribuindo com um terço do crescimento da produção líquida mundial, e transformando-se no sexto maior produtor de petróleo do mundo.

Setor naval e tecnologia

Agência Petrobras

O ano também foi de correção de rumos para o setor naval. Depois de vários problemas com atrasos para entrega de navios para a Transpetro, a maior operadora logística do País, o cronograma vai, aos poucos, buscando se enquadrar nos prazos estabelecidos. No ano em que o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) completa 10 anos, o maior desafio é fazer desse ambicioso projeto uma realidade. Segundo o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, o mercado da indústria naval se confirmou como promissor em 2013, com a entrega dos navios Rômulo Almeida, Zumbi dos Palmares e José de Alencar. Esta foi a primeira vez que três navios conseguiram ser entregues em um ano. “Pretendemos continuar com essa meta em 2014”, disse Machado à Macaé Offshore. No entanto, ele ressalta que os estaleiros precisam repor encomendas em 2014. “Os estaleiros têm hoje carteira até 2018. Estaleiros têm sempre que trabalhar na visão de quatro anos para manter os investimentos em 26 MACAÉ OFFSHORE

Transpetro comemora: pela primeira vez, três navios foram entregues em um ano For the first time, Transpetro receives three ships within a year

tecnologia e os empregos e atrair novos profissionais”. Conforme mencionado em diversas matérias produzidas pela Macaé Offshore, o papel da tecnologia terá centralidade na produção e exploração do pré-sal. Empresas como BG, Halliburton, FMC e Schlumberger são algumas das

gigantes do segmento de óleo e gás que aportaram no Parque Tecnológico do Fundão. Segundo o diretor do parque, Maurício Guedes, em 2014, o local vai abrigar cinco mil pesquisadores, dos quais 3 700 mestres e doutores, confirmando a posição do Rio de Janeiro como o irradiador de tecnologia do petróleo na América Latina. 


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A great and

busy year Resuming of auctions, uncertainties about Petrobras future and the end of Eike Batista’s empire were the main topics in 2013. Hope for a better business environment remains

By Brunno Braga and Rosayne Macedo

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il royalties, the importance of giving Petrobras a more efficient performance, crisis in OGX, doubts about Brazilian workforce and its technical capacity to meet the industry’s demands, negative criticism on the production-sharing contract for the pre-salt, and governmental intervention on fuel prices were the subjects that were part of the industry’s agenda in 2013. Despite some uncertainties, some advancements were seen in the overall industry management. This year the oil industry was greatly highlighted, mainly because of the resuming of the auctions. After four years, five months and 14 days since the 10th Bidding Round, the National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels decided to resume the rounds, with three auctions that we carried out within less than six months.

In the 11th Bidding Round, the first round to be carried out in 2013, the agency offered 289 blocks and 142 blocks were acquired. For the ANP general-director Magda Chambriard, the success of this round was beyond expectations. The blocks were acquired by 30 oil companies – 18 foreigners and 12 Brazilians. The total of bonus of signature paid by the companies was R$ 2.83 billion, the greatest ever achieved since the rounds began. The blocks offered are located in Espírito Santo basin, Equatorial Margin and Upper Amazon basin. The blocks were acquired by 17 oil companies that participated in the round in Brazil for the first time. As for the auction of the pre-salt of Libra field, the first one to be auctioned under the production-sharing contract, sparking controversies, debates and speculations, the bid only had one

competitor represented by a consortium made by two Chinese state-owned oil companies - CNPC and CNOOC-, the Anglo-Dutch Shell, the French Total and Petrobras. The price of the bonus of signature paid by the consortium was R$ 15 billion. The presence of the Chinese oil companies was expected not only because of their great appetite for oil, but also because of the lack of interest of western majors caused by some controversial aspects in the pre-salt tender. The auction for onshore gas was held last November and it came in the wake of the growing interest for the shale gas worldwide. The ANP offered 240 blocks, but only 30% of them were acquired and none are located in areas with great potential for shale gas drilling. High percentages of local content, uncertainties about environmental regulation, and the great amount of MACAÉ OFFSHORE 27


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investments required are some aspects pointed out by experts to explain why the auction was not very attractive. The government received R$ 165 million in bonus of signature paid by the companies. Also, 49 from 72 blocks were acquired by Petrobras, which saved the auction for a total fiasco. Overall there were 12 winner companies – 8 Brazilian, 4 foreigners. Petrobras, Alvopetro, Bayar, Companhia Paranaense de Energia, Cowan, GDF Suez, Geopark, Nova

Petróleo, Ouro Preto, Petra Energia, Petrobras, Trayectoria e Tucumann. To the director general of the ANP, Magda Chambriard, the results obtained in the Paraná Basin, the entrance of the Acre Basin as a new potential area in the Brazilian scenario and strengthening of exploratory blocks in the Parnaíba reiterated the importance of the auction. Magda also stressed the confirmation of the role of mature basins Reconcavo and Sergipe-Alagoas, where they are auctioned off 54 of the 72 blocks.

IBP wants a schedule for the auctions To João Carlos de Luca, president of the Brazilian Institute of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (IBP), the year 2013 was very positive for the market, due to the resuming of the rounds, after five-year fast. However, to ensure the sustainability of investments by the oil industry in Brazil in the long term, which already accounts for 12% of Gross Domestic Product (GDP), he claims for more regularity and predictability in the auctions schedule. “It was a good year. After five or six years, we had three rounds, and the 11th was a great success. Next year the government has already indicated that we should have another round. It is important to have this regularity to help the industry’s business plan,” he said. He also attested that , the operators that acquired the blocks offered in the 11th round are settling, starting their contracts and mobilizing their staff to assemble their structures and begin their activities in 2015. For De Luca, 2014 will be an off season year because of elections and the World Cup in Brazil. Also, there is a scenario of uncertainty about 2015, due to be a year of major policy changes. “Not having auctions every two years is really bad. This

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changes our industry’s performance and make investors to seek opportunities in other countries. This is what happened in the last five years without rounds, when companies acquired assets between them or seek portfolio expansion in other markets. If the country has oil reserves, why doesn’t it organize bidding rounds? “he asked. IBP general secretary Milton Costa Fillho agreed with Mr De Luca, saying that the oil companies need to plan its investments. He recalled that Mexico may carry out oil bidding rounds soon, which may represent a threat against Brazil in terms of investments attraction. “We will face some losses if Mexico opens its oil market,” he said. “It is impossible to improve the oil industry in the long term without a bidding rounds schedule,” reiterated IBP executive-secretary Antonio Guimaraes. He said that the Ministry of Mining and Energy along with the Ministry of Environment establish a five-year rounds plan to determine the blocks to be auctioned and how this is going to occur every five years. Yet this plan has not been put in practice. “The more regularity in the process, the better reliability will be found”, he says.

EBX Group in huge crisis Yet the oil industry not only experienced the resuming of the auctions in 2013. Also, the oil and gas segment see the birth of the Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), a company that will be responsible to inspect the pre-salt contracts. Oswald Pedrosa was announced as the CEO of PPSA. The tycoon Eike Batista was also in the spotlight. Due to huge crisis in his oil company – OGX- he was portrayed negatively. The company faced severe problems in 2012 and now it is under judicial recovery process,which is causing discomfort among its investors and suppliers who battle in court to have their due payments. The company’s debt is around R$ 4 billion. OSX, a shipbuilder also owned by Eike Batista, is also in the eye of the thunder. With high debts – R$ 5.3 billion, the company is renegotiating its agreement with LLX Logistica SA, Mr. Batista’s logistics unit, to return some land at LLX’s Acu superport project in exchange for lower monthly payment. ‘ It is a very sad situation, because it harms the Brazilian oil and gas industry,” says the consultant Celso Vianna Cardoso. To him, OGX will have difficulties to reverse this situation in 2014. “ After initial negotiations to inject some cash flow in OGX, Petronas decided to quit. The fact is OGX only has dry wells which mean no investments for now, “ he evaluates.


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Petrobras: celebration and concerns Petrobras celebrated ts 60th anniversary in 2013. Yet along with the celebrations, concerns about the company’s performance in 2014 raise. In fact, Petrobras’ Divestment program has been achieving some progress, which shows the market the company’s commitment for a healthy fiscal policy. On the other hand, having the company as the sole operator in Libra field will make Petrobras increase its expenses for their activities. Moreover, due to scheduled shutdowns of FPSOs for maintenance, the output shrunk and Petrobras faced some losses once it had to import oil and fuel to supply the domestic market. For the company, the shutdowns were more than necessary. In a statement, Petrobras says that because of the marine environment. “Due to corrosion, temporary repairs are designed by skilled professionals of Petrobras and performed by specialized companies in order to meet safety standards “ Yet this situation is making Petrobras decreased its oil production 3.3% between January to October, 2013 comparing to the same period in 2012. It is also helping to undermine the state-owned oil company’s revenues, which went down 39% in sales in the second quarter 2013 comparing to the same period last year. Thus,

the combination of lower production, higher consumption, freezing prices and currency devaluation makes Petrobras a target of a series of discussions between the directors of the company and the government. By one hand, Petrobras directors, who have proposed adjustment calculation of fuel to give the company a sounder cash flow. On the other hand, the government, who aims the inflation targets, especially in a presidential election period. “The Brazilian government continues to deny that oil, diesel and gasoline are commodities, which prices are regulated by the international market. Thus, for the government Petrobras was not made to profit. But, with no profit, it is impossible to ensure the growth of oil outputs. So, the maintenance of the status of leader in deepwater technology and good results will not happen, “says the president of the Brazilian Center for infrastructure, Adriano Pires. The president of IBP, João Carlos De Luca, also defended a fuel prices regulated by the market in order to give Petrobras more power to carry out the huge investments. “ The government must find a way to solve this problem without harming Petrobras. This may be a good sign for the necessity of investments in the refining area,” he emphasized.

Suppliers want a better plan Some Petrobras suppliers share the same view. They don’t see 2013 as a good year. For Tubos Ipiranga Commercial Manager Carlos Neves, Petrobras must organize its schedule in order to give its projects a faster conduction, which helps the suppliers plan their investments better. ““We invest in inventories, projects, facilities new technologies, workforce and training. These investments rely on the company’s schedule and that was not very organized in 2013, “he says. Neves recalls that without Petrobras’ schedule, a number of heavy investments is halted. “So far, Petrobras did not specify its plans for 2014. We are still waiting and holding investments, “ he said. However,

Petrobras believes that the production may increase in 2014, once the shutdowns will be lesser and new plants will , aiming to return the average production of two million barrels of oil per day, reducing thus oil imports. This optimism is backed on the latest report from the International Energy Agency, released in November. The report states that the oil and gas industry in Brazil will make the country become a major exporter of oil and one of the main energy producers in the world. In 2035, oil production in Brazil will triple and reach six million barrels per day (mbd), which will represent a third of the oil growth in global net production, and becoming the sixth-largest oil producer in the world.

Shipbuilding and technology Also, the shipbuilding industry walked on the right path in 2013. After several problems with delays in delivering vessels for Transpetro, the largest logistics operator in the country, the schedule seems to begin to gradually fit the established deadlines. In the year that the Program for Modernization and Expansion of the Fleet (Promef) completes 10 years, the biggest challenge is to turn this ambitious project into reality. With the delivery of the vessels Romulo Almeida, Zumbi dos Palmares and José de Alencar, the president of Transpetro, Sergio Machado, said that the shipbuilding industry was very well succeeded in 2013. “This was the first time that three ships were able to be delivered in a year. “We intend to achieve this goal in 2014,” Mr Machado said. Yet he points out that yards need to reposition their orders in 2014. “ The yards today have portfolio by 2018. They must work to maintain their investments in technology and workforce to attract new business with four years in advance.” As Macaé Offshore magazine reported in many articles, technology will have a special role in the pre-salt activities. Companies such as BG, Halliburton, FMC and Schlumberger are among the majors that have already set their units in the UFRJ Technology Park, in Rio de Janeiro. The Park director Mauricio Guedes said that the site will receive roughly 5,000 researchers,which 3,700 of them with masters and doctorate degrees. This helps to confirm Rio de Janeiro as a technology hub for the oil and gas industry in Latin America.  MACAÉ OFFSHORE 29


EMPRESAS & NEGÓCIOS

Arte: Paulo Mosa Filho / Fotos: Fernando Frazão/ABr e Agência Petrobras

Expectativa de negócios

futuros

Leilões animam as empresas da cadeia produtiva de óleo e gás, que fazem um balanço positivo de 2013

A

realização de três leilões para atividades petrolíferas em 2013 fez com que empresas de petróleo corressem para disputar diversas áreas oferecidas, com grande destaque para a 11ª Rodada, que licitou, inclusive, regiões de novas fronteiras. E se os certames possibilitaram às oil companies vencedoras a oportunidade de recompor suas carteiras de ativos, a cadeia de fornecedores também comemorou a volta das rodadas, e já está de olho nos bilionários recursos que serão aportados para os próximos anos. 30 MACAÉ OFFSHORE

A razão disso recai na necessidade de garantir às empresas operadoras, Petrobras em destaque, a entrega de produtos e serviços produzidos no Brasil, atendendo, assim, às especificações de conteúdo local. Há muito trabalho pela frente. Com o objetivo de dobrar a atual produção até 2020, chegando aos esperados 4,2 milhões de barris/dia, e com grandes expectativas em torno do pré-sal, as empresas fornecedoras prometem intensificar investimentos, confirmando, assim, a indústria de óleo e gás como um dos

mais dinâmicos segmentos da economia no Brasil. A Macaé Offshore ouviu representantes de algumas das mais importantes empresas da cadeia fornecedora de petróleo e gás e colheu informações importantes sobre o ano de 2013 e as expectativas de negócios futuros. Expansão, contratação de pessoal, investimentos em tecnologia e inovação foram alguns dos pontos mais abordados pelas fornecedoras consultadas.


EMPRESAS & NEGÓCIOS

De olho no pré-sal, Aker investe em expansão

A

Aker, empresa que desenvolve produtos e tecnologias para o mercado brasileiro, está intensificando os seus investimentos para o pré-sal no país. Segundo Luís Antonio Gomes Araújo, vice-presidente executivo e presidente da Aker Solutions no Brasil, entre exemplos do comprometimento com o conteúdo local para os próximos anos, está a construção da nova fábrica em Macaé (RJ), que começa a ser construída em dezembro deste ano e a previsão é que seja finalizada no primeiro trimestre de 2015. Com capacidade para empregar até 700 funcionários, a nova unidade ficará em um terreno de 335 mil m² e seu objetivo será atender à demanda de conteúdo local para as sondas que estão sendo construídas no Brasil, além de prestar serviços de manutenção à frota de sondas de águas profundas do país, que hoje já é uma das maiores do mundo, devendo aumentar nos próximos anos. A outra nova fábrica está sendo construída em São José dos Pinhais, em Curitiba

(PR), e deverá ser inaugurada em meados de 2015, substituindo a atual unidade da empresa na cidade. Estima-se a contratação de 1.200 funcionários diretos e mais de 5 mil indiretos. Essa unidade vai atender a alguns grandes contratos com a Petrobras para o pré-sal, que foram anunciados recentemente, como, por exemplo, um Frame Agreement para o fornecimento de 60 conjuntos de árvores de natal submarinas (ANMs). A fábrica de equipamentos submarinos da companhia, situada em Curitiba, já dispõe de um laboratório para testar alguns destes produtos-chave, como, por exemplo, válvulas e conectores para águas ultraprofundas. “Temos grandes expectativas no que chamamos dos três pilares de crescimento no mercado brasileiro, ou seja: sistemas submarinos, plataformas de perfuração e FPSOs, nos quais somos fornecedores de diversas tecnologias-chave”, explica. Segundo ele, estes três segmentos apresentam um enorme potencial de crescimento no Brasil, pois este mercado

representa cerca de 35% de todas as árvores de natal molhadas (ANMs) planejadas. “Isso representa 40% da frota de

perfuração para águas ultraprofundas e 40% de todas as embarcações do tipo FPSOs em construção no planeta”, afirma o executivo. (Brunno Braga)

FICHA TÉCNICA Ano de fundação: 1978 (Brasil) Segmento / atividade: empresa é referência em tecnologia, serviços de engenharia e soluções de produtos para a indústria de óleo e gás. Principais produtos/serviços: sistemas submarinos, equipamentos de perfuração, process systems, oielfield services e marine assets.

Número e localização de unidades no Brasil e no mundo: 3 unidades no Brasil - Curitiba, Rio de Janeiro e Rio das Ostras e presente em 30 países Principais clientes no Brasil: Petrobras e Subsea 7. Funcionários no Brasil: 1.600.

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EMPRESAS & NEGÓCIOS

Brastech investe em práticas globais

O

ano de 2013 foi de bons negócios para a Brastech, especializada na prestação de serviços de inspeção, reparo de risers, flutuadores e juntas telescópicas, que atua há 41 anos no mercado. Em paralelo à busca por práticas globais, a empresa está ampliando sua atual base, em Rio das Ostras (RJ), a fim de duplicar a capacidade de produção. Para isso, está investindo na construção de uma nova planta industrial, na contratação e capacitação de novos colaboradores e, principalmente, na automação dos processos,

que é uma das principais metas da empresa. Para 2014, a Brastech seguirá também bastante movimentada, conforme revela o diretor de Operações da empresa, Roberto Chedid Filho. “Trabalhamos para chegar a um crescimento anual de 35%”. Segundo ele, com o início das explorações no pré-sal, em função da maior profundidade para extração do petróleo, a demanda pelo serviço de inspeção e reparo aumentará significativamente. “Os próximos anos prometem. E, com o selo API, conquistado recentemente,

Contratos e certificações Um dos pontos altos de 2013 aconteceu em junho, quando a empresa, que tem sede no Rio de Janeiro, fechou importante contrato com a Ecovix, no qual especifica a fabricação e fornecimento de oito embarcações de resgate, destinadas a trabalhar nas novas plataformas da Petrobras, responsáveis pela exploração de petróleo no pré-sal. As embarcações foram modernizadas e serão utilizadas para atender aos FPSOs que estão em construção - P-66, P-67, P-68, P-69, P-70, P-71, P-72 e P-73 - e que serão operados pela Petrobras.

Segmento / Atividade: prestação de serviços de inspeção, reparo de risers, flutuadores e juntas telescópicas Localização: A empresa é sediada no Rio de Janeiro, na cidade de Rio das Ostras

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Da mesma forma, a subsidiária Brastech Marine está em fase de ampliação. De acordo com Chedid Filho, a empresa ganhará, em 2014, uma nova base dedicada exclusivamente ao setor naval, náutico e offshore. “A nova área será três vezes maior que a atual, possibilitando ainda mais infraestrutura e facilidade para a Brastech atuar em atividades relacionadas ao pré-sal e ao desenvolvimento e produção de novos campo”, adianta.

Paulo Mosa Filho

Durante a Offshore Technology Conference Brazil (OTC), a Brastech se tornou a primeira prestadora de serviços do Brasil, em sua área a ser certificada pelo American Petroleum Institute (API), um dos mais importantes certificados de petróleo do mundo. A empresa recebeu as certificações API Spec Q1, ISO/TS 29001 e NBR ISO 9001. A empresa já trabalha agora para estar em conformidade com a nona edição da API Spec Q1, que está bem mais completa e com um número bem maior de práticas.(Brunno Braga)

FICHA TÉCNICA Ano de fundação: 1972

garantimos que estamos prontos para atender o setor com as práticas exigidas pelo mercado internacional”, garantiu .

Principais clientes: Preferiu não divulgar Número de funcionários no Brasil: 220 Faturamento em 2012: Último ano fiscal (out 2012-out 2013) preferiu não divulgar.


EMPRESAS & NEGÓCIOS

Chemtech: cautela para continuar crescendo no Brasil

Sediada no Rio de Janeiro, com escritórios em outras três capitais brasileiras (Belo Horizonte, São Paulo e Salvador), além de representações na Alemanha, Estados Unidos e Peru, a empresa aposta no setor de óleo e gás para continuar crescendo no Brasil. O diretor da Chemtech, Gildeon Filho, acredita que os próximos anos serão essenciais para a companhia, que quer

continuar desenvolvendo soluções com a demanda do pré-sal – principalmente no campo de Libra - como em outros projetos na matriz energética brasileira.

atingiu o mundo inteiro. “Tivemos projetos que eram para ter sido executados em 2013, mas tiveram que ser postergados para 2014. Isso indica Divulgação

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á mais de 20 anos no mercado, sendo os 12 últimos como parte do Grupo Siemens, a brasileira Chemtech, especializada em serviços de engenharia e tecnologia, se destaca como a companhia que mais conquistou projetos de detalhamento das plataformas FPSOs (Unidades Flutuantes de Produção, Armazenamento e Descarga) replicantes do pré-sal contratadas pela Petrobras e seus parceiros.

“Com o leilão do pré-sal de Libra, os desafios da curva de produção da Petrobras e a contratação de plataformas, embarcações pela estatal temos como objetivo oferecer uma engenharia de valor”, diz o diretor. Segundo Gildeon, a companhia tem como compromisso não só entregar projetos com qualidade, mas desenvolvê-los com otimização de custos, de prazo e cumprimento rigoroso das metas métricas internacionais de engenharia. No entanto, o diretor afirma que a Chemtech vai focar os investimentos para não serem surpreendidos por uma eventual crise global, como a que

que vamos ter cautela e avaliar muito bem onde pisamos”, avalia Gildeon. (Rodrigo Leitão)

FICHA TÉCNICA Ano de fundação: 1989 Segmento / Atividade: a empresa presta serviços de engenharia e tecnologia nas áreas de óleo e gás; gás e energia; química e petroquímica; metais e mineração; geração, transmissão e distribuição de energia elétrica Principais produtos/serviços: Engenharia Conceitual; Engenharia Multidisciplinar; TI Industrial; Instrumentação Offshore; Lifecycle Solutions

com escritórios em outras três capitais brasileiras (Belo Horizonte, São Paulo e Salvador), além de representações na Alemanha, EUA e Peru Principais clientes no Brasil: Petrobras, Brasken, Statoil, Total, ONS, Odebrecht, entre outros Funcionários no Brasil: Entre 800 e 900 Faturamento em 2012: Último ano fiscal (out 2012out 2013) ainda não foi divulgado pela Siemens

Número e localização de unidades no Brasil e no mundo: A empresa é sediada no Rio de Janeiro,

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EMPRESAS & NEGÓCIOS

Dräger cresce 20% em 2013 e mira em fusões e aquisições

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Paulo Mosa Filho

Dräger, empresa voltada para fornecimento de equipamento de segurança para a indústria, com forte presença no segmento de óleo e gás, vem investindo para aproveitar as oportunidades que surgirão com a exploração de novas reservas. Em 2013, a Dräger cresceu cerca de 20%, e, segundo o diretor de Marketing e Vendas – Segmento Segurança da empresa, Marcio Mazon, grande parte do crescimento está atrelado ao setor de óleo e gás. “Fizemos grandes investimento em nossa nova filial de Macaé, aumentamos nosso estoque para dar uma rápida resposta aos clientes, investimos em novos colaboradores e alocamos recursos para treinar toda a equipe. Os ótimos resultados são fruto de uma atuação focada e condizente com as exigências do segmento”, comemora em entrevista à Macaé Offshore. Para 2014, o executivo revelou que o objetivo é estar atento a oportunidades de negócio que gerem sinergia com a operação atual da empresa. “Isto significa que estamos abertos a estudar fusões e aquisições no Brasil. Temos em nossa casa matriz um

Ele explica que a Dräger, está elaborando um planejamento estratégico estruturado que visa acompanhar o desenvolvimento do setor. “Nossos estudos apontam que estamos no caminho certo. Estamos crescendo neste segmento proporcionalmente aos avanços do país. Consequentemente, estaremos investindo ainda mais em nossa companhia no Brasil, tanto em pessoas, quanto em infraestrutura, para provermos sempre aos nossos clientes a mais completa e rápida solução em segurança”, detalha. departamento dedicado à análise deste tipo de oportunidades e uma equipe local com amplo conhecimento de mercado”. Segundo Mazon, as oportunidades em torno do pré-sal aparecerão com o crescimento de novas plataformas, que vão requerer soluções para as diversas normas de segurança aplicadas ao setor. “O desafio que existe e sempre existirá neste segmento é atender à demanda de forma rápida e dinâmica. Por este motivo investimos na ampliação de nossa estrutura interna e hoje temos uma equipe capacitada e dedicada para atuar neste segmento”, conta o executivo.

A Dräger emprega atualmente no Brasil cerca de 200 funcionários, dos quais 100 estão dedicados à divisão de segurança. O portfólio da empresa conta com mais de 153 famílias de produtos e cerca de 1.800 soluções. “A Dräger investe anualmente 9% de seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento de produtos. Isso faz com que todos os anos tenhamos novas tecnologias e equipamentos para oferecer ao setor. Detectores mais leves, mais precisos e de rápida resposta, equipamentos autônomos mais confortáveis e capacetes inovadores, conforme o perfil do segmento, são apenas algumas inovações recentes”, ressalta. (Brunno Braga)

FICHA TÉCNICA País: Alemanha Ano de fundação: 1889 Segmento / atividade: fornece serviços e tecnologia de segurança e de atendimento médico para a indústria de óleo e gás, mineração. Principais produtos/serviços: Capacetes, respiradores, detectores de gás

Número e localização de unidades no Brasil e no mundo: Presentes em 50 países. No Brasil a Dräger tem representações que alcançam todo o país, sendo que a empresa conta com filiais em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Pernambuco. Principais clientes – Não divulgado Receita 2012 – Não divulgado Funcionários no Brasil: Cerca de 200 colaboradores

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GE confirma Brasil como país estratégico

“O mercado brasileiro tem mostrado perspectivas muito positivas, em especial desde o início da descoberta das reservas na camada do pré-sal. O Brasil é um país estratégico não só para a GE Oil & Gas, como para toda a GE, e ainda para o setor petrolífero”, afirma o presidente e CEO da GE Oil & Gas para América Latina, João Geraldo Ferreira à Macaé Offshore. Segundo Ferreira, há uma crescente demanda por tecnologias e soluções adequadas à exploração de reservas em águas ultraprofundas e a GE se preparou para continuar como referência no desenvolvimento e fornecimento dessas soluções. De acordo com o CEO, a Petrobras é um cliente exigente e isso é positivo, porque faz a companhia se aprimorar como fornecedor para uma cadeia tão dinâmica como a do setor de petróleo e gás. Desde 2010, a companhia investiu US$ 282 milhões, entre expansão das unidades de Jandira (SP), Niterói e Macaé (RJ) e abertura da unidade de “packaging” de turbomáquinas em Recife (PE). Além disso, o Centro de

Divulgação

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egundo as estimativas recentes da Petrobras, a produção atual do pré-sal é de 300 mil barris diários. Em 2017, a previsão da companhia é que esse número alcance um milhão e que ultrapasse 2 milhões de barris ao dia em 2020, elevando a posição atual no ranking de maiores produtores de petróleo do mundo. É nesse contexto que a GE Oil & Gas vem a cada ano investindo em suas sete unidades no Brasil e no primeiro centro tecnológico (CAC) da América Latina, que simula as aplicações mais utilizadas pelas indústrias de petróleo, gás e geração de energia na região.

Pesquisas Global que a GE está erguendo no Rio de Janeiro terá um laboratório específico de sistemas submarinos, que recebe investimento de outros US$ 20 milhões.

na Bacia de Santos e o início da fabrica-

Entre as inovações tecnológicas, destaque para o desenvolvimento de tubos flexíveis com materiais adequados para o transporte do óleo extraído

turbomáquinas. A empresa também

ção de selos para cabeças de poço em Jandira (SP). A inauguração da nova unidade em Recife traz a etapa de montagem com alto grau de engenharia de comemora o lançamento do Wayne Reliance, o primeiro dispenser para Arla 32 no Brasil. (Rodrigo Leitão)

FICHA TÉCNICA País de origem: Estados Unidos (EUA)

fábricas, unidades de serviço e escritórios

Ano de fundação: 1892

Unidades no Brasil: Atualmente 6 unidades produtivas, localizadas em Jandira e Campinas (SP); Niterói, Bonsucesso e Macaé (RJ) e Recife (PE)

Segmento/atividades: A empresa atua em diversas áreas, com produtos que vão de equipamentos usados na extração, como cabeças de poço e árvores de natal, soluções de energia para plataformas, com turbomáquinas, até o fornecimento de bombas de combustível Número de colaboradores: Aproximadamente 2,5 mil funcionários no Brasil, distribuídos entre

Faturamento: O faturamento global da GE Oil & Gas foi de US$ 15 bilhões em 2012, uma alta de 12% em relação ao ano anterior — a empresa não abre o dado por país ou região. A divisão de petróleo e gás é a que cresce mais rapidamente dentro da GE.

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EMPRESAS & NEGÓCIOS

Tubos Ipiranga sente retração em 2013 Divulgação

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ara a Tubos Ipiranga, empresa voltada para a distribuição de tubos de aço, o ano de 2013 foi aquém das expectativas. Segundo o gerente comercial da companhia, que tem sede na cidade de Ribeirão Pires (SP), mesmo com o mercado promissor e inúmeras oportunidades, o País carece de planejamento por parte da principal empresa de petróleo. “É necessário que a Petrobras fixe melhor o cronograma e a velocidade de seus projetos visando ofertar possibilidade de planejamento adequado para a cadeia. Visto que efetuamos investimento em estoques, instalação de projetos, melhorias de fábrica, novas tecnologias e mão de obra e treinamento, um cronograma mais previsível é essencial”, afirmou o gerente de compras da empresa, Carlos Neves. Para ele, a falta de planejamento prejudica a tomada de investimentos. “Nós somos a ponta de negócio. Investimentos pesados e que ficam parados. O mercado

que haverá problemas por parte do cumprimento das exigências de conteúdo nacional, previstas nos editais. “O governo ainda não tem uma visão ampla para estimular a produção de peças e equipamentos no Brasil. Assim, eu passo a competir com projeto importado, já que não há clareza com relação a essa política”, afirma o executivo.

está com dificuldade. Estamos fechando o terceiro trimestre com resultados 6% a 10% menores em relação ao ano passado. Temos cronograma de implementação de investimentos, mas estamos com retração”. Em sua avaliação, a retomada dos leilões de petróleo foi válida para a indústria como um todo. No entanto, ele acredita

Ele ainda ressalta os problemas que poderão ser gerados com as crises da Petrobras e do grupo de Eike Batista. “Com essa crise, estamos reavaliando os projetos. Estamos com cautela em função das indefinições”. Contudo, o executivo conta que, mesmo com os problemas apresentados, está otimista para 2014. As empresas estrangeiras vão continuar a vir para o Brasil e isso vai gerar certo alento para o setor. Pesquisas mostram que 83% das pessoas no Brasil não possuem gás encanado e o pré-sal tem tudo para atender toda essa demanda. Mas precisamos de clareza e velocidade”, destaca. (Brunno Braga)

FICHA TÉCNICA Ano de fundação: Fundada em outubro de 1996. Segmento / atividade: Atende os mais diversos âmbitos: petróleo e gás; metalúrgico; siderúrgico; autopeças; instalações prediais; engenharia; offshore; telecomunicações e papel e celulose. Principais produtos/serviços: Tubos (condutores; mecânico e de ferro dúctil); tubos trefilados e peças, eletrodutos, conexões, aço laminado e serviços.

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Número e localização de unidades no Brasil e no mundo: Localizada na cidade de Ribeirão Pires (Grande ABC), a Tubos é composta de oito filiais localizadas em Sertãozinho (SP); Americana (SP); Belo Horizonte (MG); Cachoeirinha (RS); Recife (PE); Salvador (BA); Rio de Janeiro (RJ), além de uma unidade fabril em São Bernardo do Campo (SP). Funcionários no Brasil: Aproximadamente 500 colaboradores


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Rolls-Royce fecha contratos e planeja nova fábrica

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resença crescente no Brasil, com seis unidades, entre reparo, fábricas e escritório, a inglesa RollsRoyce espera que os novos leilões do pré-sal tragam mais contratos para o fornecimento de equipamentos para o mercado de óleo e gás brasileiro, impulsionando o crescimento da companhia.

Em entrevista à Macaé Offshore, Rodrigo Barbosa, diretor de Comunicação Corporativa, Responsabilidade Social e Relações Acadêmicas da Rolls-Royce para a América do Sul, afirma que o ano de 2013 foi extremamente importante para as operações da empresa no Brasil, com a unidade de Santa Cruz (RJ) saindo do papel e entrando em fase final para iniciar as atividades em 2014. De acordo com o diretor, a companhia fechou um contrato de cerca de R$

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38 milhões com o estaleiro Aliança S/A Indústria Naval e Empresa de Navegação, uma subsidiária da Fischer Group, e o armador brasileiro, Asgaard Navegação S.A, que prevê o fornecimento de equipamentos para suas embarcações offshore da Asgaard. “Fechamos também um contrato com o Grupo Detroit Chile para o fornecimento de guindastes para quatro embarcações brasileiras de apoio a plataformas offshore (PSVs, na sigla em inglês). Os PSVs servirão à Petrobras pelo período de oito anos”, concluiu Barbosa. Em 2014 será inaugurada uma fábrica projetada para a montagem e teste de pacotes de turbinas a gás para o setor de petróleo e gás, atendendo demandas da exploração do pré-sal. (Rodrigo Leitão)

FICHA TÉCNICA País de origem: Inglaterra Ano de fundação: 1904 Segmento / Atividade: Sistemas de energia Principais produtos/serviços: Fornecimento de sistemas de energia e serviços para uso em terra, mar e ar, operando em quatro mercados globais - Aeroespacial Civil, Aeroespacial Militar, Marítimo e Energia. Número e localização de unidades no Brasil e no mundo: A Rolls-Royce atua em mais de 50 países. No Brasil, são seis unidades, entre reparo, fábricas e escritório: São José dos Campos (unidade de suporte à Embraer), São Bernardo do Campo (unidade de serviços aeromotores), Macaé (Energy Workshop), Niterói (Marine workshop) e Rio de Janeiro (Santa Cruz e Centro). A fábrica de Santa Cruz tem previsão de inauguração para 2014.

Número de funcionários: Mais de 45.000 funcionários em escritórios, fábricas e centros de serviço em mais de 50 países. No Brasil são cerca de 850 funcionários, contando com as da MTU, parte do Grupo Rolls-Royce. Principais clientes no Brasil: Embraer, Petrobras, TAM, Asgaard Navegação S.A, Grupo Bravante e Forças Armadas (Marinha e Aeronáutica). Faturamento em 2012: £12.2 bilhões (aproximadamente R$ 43,7 bilhões) Faturamento previsto/estimado para 2013: Crescimento modesto em receitas subjacente e bom crescimento no lucro subjacente, com fluxo de caixa em torno do ponto de equilíbrio à medida que continuamos a investir para o crescimento futuro.

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Transpetro: correção de rumos e muito trabalho pela frente

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e o ano de 2012 foi marcado pela polêmica dos atrasos na entrega de navios encomendados a estaleiros localizados no Brasil, 2013 pode ser visto como um ano de correção de rumos para a Transpetro, o braço logístico da Petrobras. Um dos momentos de grande destaque foi a solução para os impasses envolvendo o Estaleiro Atlântico Sul, que, após esbarrar em sérios problemas quanto ao cumprimento dos prazos, conseguiu atrair investidores japoneses para dar o impulso tecnológico necessário para que as futuras encomendas não se atrasem demais. Conforme anunciado pelo presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em 2013 foram entregues três navios, sendo que o navio de produtos Rômulo Almeida, feito no Estaleiro Mauá, e o suezmax Zumbi dos Palmares, entregue em maio pelo EAS, já se encontram em operação. O último navio a ser entregue em 2013 foi o navio petroleiro José de Alencar, fazendo com que a meta proposta pelo Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) de receber três navios por ano fosse cumprida. Outro dado importante da empresa é o volume de investimentos feitos em

2013, que segundo Machado alcançou a cifra de R$ 1,4 bilhão. “Esse resultado é 47% maior do que em 2012, o que mostra a força dessa empresa. Estamos melhorando os resultados e estamos no rumo certo”, declarou Machado durante solenidade realizada em novembro na Associação Comercial do Rio de Janeiro.

“Apostamos no conteúdo local, mas não vamos comprar a qualquer preço”, destaca. Ele lembra que em 2013 a indústria

Para o ano que vem, o presidente da Transpetro já tem como garantida a entrega do petroleiro suezmax Dragão do Mar, que terá capacidade para transportar um milhão de barris de petróleo, o equivalente a quase metade da produção diária nacional. “Temos oito navios e quatro barcaças em construção. Para Machado, o Promef, capitaneado pela Transpetro, baseia-se em três pilares: construção de navios no Brasil, conteúdo nacional e ganhos de competitividade. “Já conseguimos alcançar os dois e resta somente sermos mais competitivos. A gente tem que conseguir desenvolver tecnologia para tornar o Brasil uma potência da indústria naval”, considerou. Contudo, mesmo apontando os avanços obtidos, Machado ressalta que a Transpetro não vai abrir mão da eficiência.

naval gerou cerca de 11 mil empregos diretos e 19 mil indiretos. Atualmente, o Brasil tem hoje a quarta maior carteira de encomendas de petroleiros do mundo, atrás apenas da Noruega, Estados Unidos e Grécia. (Brunno Braga)

FICHA TÉCNICA Ano de fundação: 1988

Cliente: Petrobras

Segmento/atividade: Realiza o transporte de petróleo e seus derivados, gás natural e álcool, utilizando-se de oleodutos, gasodutos e navios

Funcionários: cerca de 5 mil

Localização: Sediada na cidade do Rio de Janeiro/RJ

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Faturamento em 2012: R$ 6,8 bilhões


EMPRESAS & NEGÓCIOS

Wärtsilä inaugura nova fábrica em 2014 Divulgação

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e olhos bem abertos nas oportunidades do pré-sal do campo de Libra e outras linhas de fontes de energia que o mercado brasileiro pretende oferecer para os próximos anos, a finlandesa Wärtsilä, há algum tempo já vem preparando o seu terreno no Brasil. É justamente esse otimismo que vem tomando conta da companhia. O diretor da divisão Ship Power da Wärtsilä, Luiz Barcellos, acredita que o mercado offshore para os próximos anos no Brasil é bastante positivo, pois entre janeiro de 2012 e fevereiro de 2013, praticamente em um ano, o Brasil anunciou 15 descobertas de novas acumulações de petróleo no pré-sal. “Em breve o início da exploração do campo de Libra e o desenvolvimento dos novos campos acarretarão na necessidade de novas unidades de produção, barcos de apoio, navios tanques, entre outros”, afirma o diretor, em entrevista à Macaé Offshore.

no suporte à operação de plantas termelétrica instaladas na região norte do Brasil. Segundo a Wärtsilä, o investimento previsto no Açu gira em torno de R$ 50 milhões e deverá gerar entre 200 e 300 empregos diretos. Já na unidade de Niterói, o investimento foi de R$ 15 milhões. “A tendência, em função da grande demanda offshore, considerando ainda a curva de aprendizado, é termos em breve uma indústria mais forte e competitiva”, acrescenta Barcellos. Além da fábrica no Porto do Açu (planta de montagem e produção de grupos geradores e motores de navio), que começa a operar em 2014, no município de São João da Barra (RJ), a companhia conta atualmente com um centro de serviços, localizada em Niterói (RJ), onde executam serviços em motores de grande porte e manutenção de sistemas de propulsão e outro em Manaus, que é focado

A empresa investiu 180 milhões de euros em inovações tecnológicas. “Recentemente lançamos uma nova série de propulsores mais eficientes e com maior faixa de potência e anunciamos também o motor Wärtsilä 20DF, que vem em resposta à crescente demanda por motores a gás natural e atende aos rigorosos critérios de emissões Tier 4 da Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA)”, conta. (Rodrigo Leitão)

FICHA TÉCNICA País de origem: Finlândia Ano de fundação: 1834 Segmento / atividade: Soluções e equipamentos de geração de energia para os mercados de geração e indústria naval. Principais produtos/serviços (nos segmentos naval e offshore): Projetos navais, motores e grupos geradores, sistemas de propulsão, automação, sistemas elétricos, sistemas de gás inerte, sistema de

gerenciamento de água de lastro, operação e manutenção de plantas termelétricas e instalações marítimas, manutenção de motores e sistemas de propulsão. Número e localização de unidades no Brasil e no mundo: 170 unidades em 70 países Número de colaboradores no mundo e Brasil: 18.900 colaboradores no mundo, 600 no Brasil Principais clientes no Brasil: Petrobras Faturamento em 2012: 4,7 bilhões de euros

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COMPANIES & BUSINESS

Promising expectations for business Auctions make oil and gas suppliers excited. For them, 2013 was a positive year

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he carrying out of three oil auctions in 2013 made oil companies ran to dispute the areas with the 11th Bidding Round in spotlight, which offered blocs in regions in new frontiers. If the auctions gave the oil companies opportunities to rebuild their portfolio, the supply chain also celebrated the resuming out the bids, eyeing the billionaire resource that will come over the next years.

The reason is the necessity of ensuring the supplying of goods and services to oil companies and meeting the local content requirements. There are much work to do, indeed. Aiming to double the current output by 2020, when the country expects to reach 4.2 million boed and with great expectations for the pre-salt, suppliers will intensify their invetments, which confirms the oil and gas

industry as one of the most dynamic segments in Brazil. Macaé Offshore interviewed some of the mot important suppliers of the oil and gas chain and gathered important information about their expectations for the future. Expansion, investments in work force, technology and innovation were the topics discussed by the supply companies interviewed.

Eyeing the pre-salt, Aker invests to expand

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ker, a Norwegian company specialized in manufacturing subsea equipment, is intensifying its investments eyeing the pre-salt. Aker Solution Vice-President for Brazil Luis Antonio Gomez Araújo aid that the company i committed to the local content policy over the next years and the construction of a new facility in Macaé (RJ) as an evidence of that. The construction of the new Aker’s facility started in December, 2013 and it is scheduled to be concluded in the first quarter 2015. The new facility will have 335,000 square meters and roughly 700 jobs will be created. Its goal is to meet the local content requirements for the drilling rigs that are being built in Brazil and provide maintenance services. Currently, Brazil has one the world’s largest fleet of drilling rigs. Aker is also building a new facility in São José dos Pinhais (PR) and it is scheduled to be inaugurated in 2015,

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which is going to replace the current facility located in this city. For this facility, Aker will hire roughly 1,200 people and 5,000 indirect jobs will be created after the conclusion of the facility. This unit will meet Petrobras’ demands for the pre-salt such as the Frame Agreement to provide 60 subsea Christmas trees. The company’s facility for subsea equipment, located in Curitiba, has a laboratory to carry out tests of some of the key-products such as valves and deep waters connectors. “We have great expectations for subsea systems, drilling rigs and FPSO, whose equipment is supplied by us,” he explains. According to him, these three segments have enormous potential in Brazil because the pre-salt represents 35% of all planned wet Christmas trees . “The pre-salt also represents 40% of all the drilling fleet to ultra-deep waters and 40% of all FPSOs that are under construction in the world,” says the executive. (Brunno Braga)

GENERAL INFORMATION Country: Norway Year of foundation: 1978 (Brazil) Segment / activity: the company provides technology, engineering services and solutions for the oil and gas industry Main products: subsea systems, drilling equipment, process systems, oilfield services and marine assets. Presence: The company operates in 30 countries and has 3 facilities in Brazil - Curitiba, Rio de Janeiro e Rio das Ostras. Main clients in Brazil: Petrobras and Subsea 7. Employees in Brazil:1,600


COMPANIES & BUSINESS

Brastech invests in global practices B

rastech is a Brazilian company that operates 41 years in the oil and gas sector, with representations that involve the product and equipment commercialization, as well as the services for companies which act in the offshore production and drilling activities. For Brastech, 2013 was a good year for business. The company is investing to expand its facility located in Rio das Ostras (RJ) in order to double its production capacity. In order to achieve that, Brastech is building a new industrial plant, hiring and training the work force, specially in automation systems, one of the main company’s goals. For 2014, Brastech Operations director Roberto Chedid Filho said that the company will continue to be very busy. “ We work to increase 35% a year.” For him, the beginning of the activities in the pre-salt, the demand for inspection and repair services will increase. “The next years are very promising. With the API certification, we attest that we are prepared to meet the sector demands at an international level,”

Likewise the Brastech Marine is also expanding. For Chedid Filho, the company will have a new facility for the marine industry in 2014. “The new area will

be three times bigger than the current one, enabling the company to work with a better infrastructure to operate in the activities for the pre-salt”.

Contracts and certifications The contract signed with Ecovix to manufacturing and supply eight vessels was one of the Brastech’s highlighted moments in 2013. The vessels will be acquired by Petrobras for the pre-salt operations. During the OTC Brazil, Brastech has received a pioneer certification in the country. The company is the first service renderer in Brazil specialized in inspection

services and the repair of drilling risers, buoyance modules and telescopic joints certified by API Spec Q1, ISO/TS 29001 and NBR ISO 9001. Chedid Filho said that actions to rationalize the use of natural resources during the manufacturing process are priorities in Brastech . “ So in 2014 , we seek to ISO 14001. (Brunno Braga)

GENERAL INFORMATION Year of foundation: 1972 Segment / Activity: specialized in inspection services and the repair of drilling risers, buoyance modules and telescopic joints

Presence: Rio das Ostras, Rio de Janeiro Main clients: Not announced Employees in Brazil: 220 Revenue 2012: not announced

Chemtech: caution

to keep growing in Brazil

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he Brazilian Engineering company Chemtech, operates in Brazil for more than 20 years. Since 2001, it was acquired by the Siemens Group. Recently, the company was awarded with projects for the detailing FPSOs contracted by Petrobras and its partners that are going to be used in the pre-salt. Chemtech’s headquarters is located in Rio de Janeiro and has offices in Belo Horizonte, São Paulo and Salvador. The company has also offices in Germany, United States and Peru. Chemtech

GENERAL INFORMATION Year of foundation : 1989 Segment/Activity – the company provides engineering and technology services for the oil and gas industry, chemical and petrochemical industry, mining, and electric energy industry. Main products/services: Conceptual Engineering, Multidisciplinary engineering, Industrial IT, Offshore Instrumentation, Lifecycle Solutions

Location: The company’s headquarters is located in Rio de Janeiro, and has offices in Belo Horizonte, São Paulo and Salvador. The company has also offices in Germany, United States and Peru Main clients in Brazil: Petrobras, Brasken, Statoil, Total, ONS, Odebrecht Employees in Brazil: Between 800 e 900 Revenues in 2012: Not announced MACAÉ OFFSHORE 43


COMPANIES & BUSINESS

believes that the Brazilian oil and gas industry will continue to grow. Chemtech director Gildeon Filho says that new oil auctions will be crucial for the company that aims to keep developing solutions for the pre-salt, mainly for the Libra, as well as in other energy sources. With the auction of Libra, the challenges to increase Petrobras’ output and

the acquirement of FPSOs and vessels by the state-owned oil company, make us offer a good engineering service. For Gideon, the company is committed not only to deliver good quality projects, but also develop them with costs optimization, schedule and working very strictly to ensure international metric standard.

Yet Chemtech director says that the company will focus its investments to avoid an eventual global crisis like the one that affected the world recently. “We had projects that were supposed to be implemented in 2013, but they had to be postponed for 2014. This means that we must be cautious and evaluate the scenario with more accuracy,” the executive says. (Rodrigo Leitão)

Dräger increases 20% in 2013 and aims mergers and acquisitions

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räger, a leading international company in the fields of medical and safety technology and with strong presence in the oil and gas industry, has been investing to take advantage of the opportunities that will come with the discovery of new oil reserves. In 2013, Dräger grew 20% and for Dräger Marketing and Sales Director – Safety Department, Marcio Mazon, this growth was backed greatly on the oil and gas industry. “We greatly invested in our new branch in Macaé. We expanded our inventories in order to meet our clients faster and we trained our workforce. The great results were achieved because we worked in accordance with the industry’s demands,” the executive highlights.

In 2014, Mr Mazon said that the company’s goal is aware of the business opportunities that can get along with the current strategy of Dräger. “This means that we are ready to study mergers and acquisitions in Brazil. We have a department dedicated to analyze these kinds of opportunities.” Mr Mazon told that the opportunities of the pre-salt will be found in new FPSOs, once they will require safety procedures. “The challenge of meeting the demands faster is very challenging. That is why we are investing to expand our unit. Currently, we have a good staff to work in this segment”. He explains that Dräger is elaborating a strategic business plan to improve its

activities in the sector. “Our studies point out that we are on the right path. As a consequence, we are increasing our investments in Brazil both in infrastructure and workforce in order to supply our clients the most complete and fast safety solution,” he details. Currently Dräger has roughly 200 employees, with 100 workers dedicated to the safety division. The company’s portfolio has more than 153 types of products and roughly 1,800 solutions. “Dräger invests 9% of its revenue in research and development of products a year. As a result, we have new technologies and equipment every year. Lighter and more precise detector, innovative and more comfortable helmets are some of our latest innovations,” he emphasizes. (Brunno Braga)

GENERAL INFORMATION Country: Germany Year of foundation: 1889 Segment / activity: provides safety and health equipment, services and technology for the oil and gas, mining and medical clinics. Main products: Helmets, gas detectors and rebreathers

44 MACAÉ OFFSHORE

Location: In more than 50 countries. In Brazil, Dräger has representation offices all over the country and its branch offices are located in São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul and Pernambuco. Main customer – Not announced Revenue 2012 – Not announced Employees in Brazil – around 200


COMPANIES & BUSINESS

GE confirms Brazil as a strategic country T

he current pre-salt output is roughly 300,000 boed, according to Petrobras. The state-owned oil company is predicted to produce one million boed by 2017 and two million boed by 2020, which will turn Petrobras as one of the world’s oil companies in the world. In this context, GE Oil & Gas is working to increase its investments in its seven facilities in Brazil and in its first Technology Center in Latin America, which simulates the most used technologies in the oil and gas industry in the region. “The Brazilian market has shown very positive perspectives, with the pre-salt in the spotlight. GE group sees Brazil as a

strategic country”, says GE Oil & Gas Latin America CEO João Geraldo Ferreira. Mr Ferreira says that there is a growing demand for technology and proper solutions for ultra deep water drilling so that GE is already prepared to maintain itself as a reference in terms of development and supply of the those solutions. The executive also said that Petrobras is a demanding client, which is very positive because it forces the company to become a very dynamic supplier. The company has invested roughly U$ 282 million since 2010 to expand its facilities in Jandira (SP), Niterói and Macaé (RJ), and to open a turbomachinery packaging

unit in Recife (PE). Also, the Global Research Center, which GE is building in Rio de Janeiro,will have a specific laboratory for subsea systems, and will receive investments worth US$ 20 million. Among other technology innovations, the flexible pipes development with proper material for the transportation of oil extracted in Santos basin as well as the manufacturing of seals for well-heads in Jandira (SP) are seen as one of the most important GE projects. The opening of the new unit in Recife brings the state-of-the-art engineering for turbomachinery assembling. The company also celebrates the launching of Wayne Reliance, its first dispenser for Arla 32 in Brazil. (Rodrigo Leitão)

GENERAL INFORMATION Country: United States

Employees: Roughly 2.5 thousand employees in Brazil

Year of Foundation: 1892

Facilities in Brazil: Currently GE has 6 facilities in Brazil located at Jandira (SP), Campinas, Niterói (RJ), Bonsucesso (RJ), Macaé (RJ) and Recife (PE)

Segment/Activities: The company works in several areas, manufacturing products that range from drilling equipment – such as well heads, Christmas trees – FPSOs energy solutions, with turbomachinery, to the supplying of fuel pumps

Revenues: GE Oil & Gas total revenue in 2012 was US$ 15 billion, 12% higher than the previous year

Tubos Ipiranga holds investments in 2013

F

or Tubos Ipiranga, a company specialized in steel pipe supplying, 2013 was not a good year. For the company’s commercial manager Carlos Neves, the country is suffering from the lack of plannings, though the existence of a number of opportunities in the oil and gas industry. “It is important that Petrobras works in a better schedule in order to give the supply chain an well organized planning. Once we work under inventories, projects, betterment of facilities, new technology and training of the workforce. Thus, a a well done

schedule is crucial,” says the executive. For him, the lack of planning harm the resuming of investment in Brazil. “We, the supplier, are at the bottom of the business. Our segment is under difficulties. The results of the third quarter are between 6% to 10% lower than the same period of the former year. We have a schedule, but we are having to hold our investments.” In his view, the resuming of the oil auctions is important for the industry as a whole. Yet he believes that the oil industry will face some problems to

GENERAL INFORMATION Year of foundation: 1996. Segment / activity work for many industrial segments: oil and gas, steel industry, engineering, offshore, telecommunication, paper industry Main products/services: Steel Pipes Location: The company is based in São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco and Rio de Janeiro Employees: roughly 500 MACAÉ OFFSHORE 45


COMPANIES & BUSINESS

meet the local content requirements. “ The government does not have a broader approach to stimulate the local manufacturing of spare parts and equipments. Thus, local manufacturing will have to compete against the imports at the same time there isn’t a

clear local content policy yet,” the executive says. He also emphasizes that the financial crisis in Petrobras and OGX may cause severe problems to the supply chain. “ We are reconsidering the investments because of those uncertainties.” Yet he says

Rolls-Royce signs contracts and plans to build a new facility

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perating in Brazil through its six units – repair, facilities and offices, the British Rolls-Royce hopes that the new pre-salt auctions attract further equipment supplying contracts for Rolls-Royce for the oil and gas industry in Brazil, boosted by the growth of the company. In interview to Macaé Offshore, Rolls-Royce Head of Corporate Communications for South America Rodrigo Barbosa says that 2013 was a very important year for the company in Brazil, mainly because the company’s unit in Santa Cruz (RJ) is about to start its operations in 2014. The director revealed that the company signed a R$ 38 million

contract with the Brazilian Aliança S/A Indústria Navak e Empresa de Navegação, a Fischer Group’s subsidiary, an the Brazilian shipowner Asgaard Navegação S.A., to supply equipment for Asgaard’s offshore vessels. “We also signed a contract with Detroit Chile Group to supply cranes for four Brazilian Platform Supply Vessels. The PSVs will work for Petrobras for eight years,” Mr Barbosa concludes. In 2014, the company will open a facility for assembling and tests of gas turbine packaging for the oil and gas industry, which will meet the pre-salt demands. (Rodrigo Leitão)

he is optimistic about the coming year. “Foreign companies will continue to invest in Brazil and this will give the industry some relief. A survey shows that 83% of people in Brazil do not have piped gas, and the pre-salt is ready to to meet all this demand. But we have to move faster,” he says.(Brunno Braga)

GENERAL INFORMATION Country: United Kingdom Year of Foundation: 1904 Segment/ Activity: Energy Systems Main products/Services: provides integrated power solutions for customers in civil and defense aerospace, marine and energy markets. Operations in Brazil and worldwide Rolls-Royce operates in more than 50 countries. In Brazil, the company has six units - São José dos Campos, São Bernardo do Campo , Macaé (Energy Workshop), Niterói (Marine workshop) and Rio de Janeiro (Santa Cruz e Centro). Employees: Roughly 45,000 employees around the world. In Brazil, Rolls-Royce has roughly 850 employees. Main customers in Brazil Embraer, Petrobras, TAM, Asgaard Navegação S.A, Grupo Bravante, Nay and Air Force. Revenue in 2012 £12.2 billion Revenue 2013 Not announced

Transpetro: seeking the right path and with much work to do

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f 2012 was a controversial year because of the delays in the delivering of vessels to be built in shipyards in Brazil, 2013 may be seen as a good year for Transpetro, Petrobras logistics branch. One of the the most impor-

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tant steps taken was the solution for the many delay problems in the Atlântico Sul Shipyard. As a result, the shipyard could attract Japanese investors for the technology improvements in order to avoid delays.

As the president of Transpetro, Sérgio Machado, said, three ships were delivered in 2013 and two of them - Rômulo Almeida, built in Mauá shipyard, suezmax Zumbi dos Palmares, delivered by EAS – are already operating. The vessel José de


COMPANIES & BUSINESS

Alencar is the third ship to be delivered. Thus, the Promef goal,which is to deliver at least three ships a year, is going to be accomplished. The amount of investments is another important aspect to be taken into account. According to Mr Machado, Transpetro invested R$ 1.4 billion n 2013. “This amount is 47% higher than what was invested in 2012, which shows how strong the company is. We are improving the results and we are on the right path,” Machado says during an event held in Rio de Janeiro. In 2014, the president of Transpetro ensures the delivering of the tanker Dragão do Mar, a ship that can load one million oil barrels. “We also have twelve ships that are under construction in Brazil,” he says.

For Mr Machado, the Promef, a program which is owned by Transpetro, is based on three pillars – shipbuilding in Brazil, local content and competitiveness. “ We have already achieved two of the pillars and now we must be more competitive. We have to be able to develop technology to transform Brazil into a maritime power,” he says. Despite all the advancements, Mr Machado emphasizes that Transpetro will not give up the efficiency. “ We support the local content, but we will not buy at any price”, he emphasized. He recalls that the shipbuilding industry created 11,000 jobs and 19,000 indirect jobs. Currently, Brazil has the world’s fourth largest oil fleet orders, after Norway, United States and Greece. (Brunno Braga)

Wärtsilä opens a new facility in 2014

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yeing the opportunities in the pre-salt and in other energy sources in Brazil, the Finn Wartsila has been preparing itself to operate in the country. The company’s optimism is huge.

the company currently has two service centers. In Niterói, the service center works in propulsion systems repairing and in Manaus, it works to assist thermoelectric plants installed in the north region of Brazil.

Wartsilla Ship Power Division director Luiz Barcellos says that the offshore market is extremely positive over the next years. He relies on the fact that Brazil announced 15 new oil accumulation discoveries in the pre-salt between 2012 and 2013.

The company’s investment in its facilities in the Açu Port worth R$ 50 million and it may create roughly 300 jobs. As for the facility in Niterói, the investment worth R$ 15 million. “Due to the great demand caused by offshore operations, it is very likely that we will have a strong and competitive industry very soon”, Mr Barcellos adds.

The Libra activities are going to be started very soon and the development of new fields will boost the acquirement of new FPSOs, PSVs and tankers,” the director says. Besides its assembly and manufacturing facilities in the Açu Port, located in the state of Rio de Janeiro, which is going to start their operations in 2014,

The company invested 180 million euros in technology innovation. “We launched recently a new set of more efficient propellers and we also announced the Wartsila 20DF, a natural gas engine that meets the strict EPA Tier 4 criteria,” he says. (Rodrigo Leitão)

GENERAL INFORMATION Year of foundation: 1988 Segment/activity: Oil transportation; Pipeline services Headquarters: Janeiro/RJ

Rio

de

Main Customer: Petrobras Employees: 5,000 Revenue 2012: R$ 6,8 billion

GENERAL INFORMATION Country: Finland Year of foundation: 1834 Segment / activity provides solutions and equipments of energy generation for the shipbuilding industry as well as the energy market Main products/service (maritime and offshore): Maritime projects, engines, propulsion systems, automation, electric systems, gas systems, water management system, thermoelectric plants repair, propulsion system and engines repair. Presence : 170 facilities in 70 countries Employees: 18.900 employees around the world, 600 employees in Brazil Main clients Petrobras

in

Brazil

:

Revenue 2012: 4,7 billion euros

MACAÉ OFFSHORE 47


CINCO MINUTOS

André

Araújo

Presidente da Shell Brasil

“O Brasil é um mercado promissor”

P

Divulgação

resente no Brasil desde 1913 e contando, atualmente, com 900 colaboradores no país - número que não inclui sua participação em joint ventures - a anglo-holandesa Shell enxerga aqui um mercado ainda bastante promissor. As recentes descobertas no pré-sal e em outras áreas ainda não exploradas, como a margem equatorial, garantem essas perspectivas. Em outubro, em um consórcio formado com a Petrobras, a francesa Total e duas estatais chinesas, a Shell ganhou um contrato de 35 anos para desenvolver o reservatório de Libra, na camada do pré-sal da Bacia de Santos, que tem volumes recuperáveis estimados entre 8 e 12 bilhões de barris. Em entrevista exclusiva à Macaé Offshore, o presidente da Shell Brasil, André Araújo, diz que o desafio é enorme, mas o consórcio trabalhará fortemente para cumprir as metas de conteúdo local estabelecidas. Ele também espera novos leilões em 2014 e 2015, para manter o mercado aquecido.

1 - Como o senhor avalia o atual cenário brasileiro para o mercado offshore? O modelo de partilha adotado pela política brasileira é melhor e mais viável do que o modelo antigo de concessão? O Brasil seguramente é um mercado promissor. As recentes descobertas e desenvolvimentos no pré-sal mostram claramente um mercado com muitas oportunidades. E ainda há um enorme potencial para novas descobertas em áreas não exploradas. Temos também um setor de suprimento e serviços a 48 MACAÉ OFFSHORE

todo vapor. Os desafios são enormes, mas o momento é histórico. O melhor modelo é aquele que oferece boas possibilidades para o país e para as empresas que vão investir. É uma questão de adequação do negócio e das oportunidades que estão sobre a mesa. Concessão ou partilha, o importante é que o governo esteja atento aos interesses do país, tendo em vista a realidade da indústria. Os leilões precisam ser economicamente atraentes. Hoje a indústria de O&G tem uma enorme demanda de capital, pessoas e tecnologia

em todo o mundo. Há muita competição por investimentos. Gosto sempre de lembrar a importância da regularidade dos leilões. A indústria de O&G não se faz somente com um projeto. A Shell está satisfeita com o retorno dos leilões em 2013, mas esperamos que novos leilões sejam já realizados em 2014 ou 2015. 2 - A Shell entrou em um consórcio para arrematar o pré-sal do campo de Libra. Onde estão as oportunidades e quais os desafios que a


cinco minutos

companhia terá que desenvolver daqui em diante? A Shell opera em mais de 90 países, com diferentes regimes legais e regulatórios. No caso específico do leilão de Libra, a companhia avaliou que os termos e condições ofereciam uma relação razoável entre investimento, risco e possibilidade de retorno. A Shell enxerga a oportunidade de Libra como algo grande, complexo, com significativos desafios, o que irá exigir que as empresas trabalhem de forma bastante integrada e que soluções criativas sejam pensadas e executadas em conjunto, aproveitando as forças e competências de todos os integrantes do consórcio. Estamos falando de produzir petróleo a 170 quilômetros da costa, numa profundidade de 2000 metros de lâmina d’ água e aproximadamente 3.500 metros abaixo do leito do oceano. Não é tarefa fácil. Isto posto, a Shell tem experiência em parcerias com todas as companhias participantes de Libra em diferentes projetos ao redor do mundo. Estou certo de que esse consórcio está à altura do desafio. Libra certamente vai gerar um incremento no nosso volume de investimentos no Brasil, mas ainda é cedo para falar em números.

3 - Inovação e tecnologia são os dois pilares de uma campanha exploratória bem sucedida. Como a Shell espera contribuir junto com a Petrobras no pré-sal de Libra para os próximos anos? A Shell tem experiência em exploração na camada do pré-sal brasileiro, com a nossa presença no bloco BMS-54 na Bacia de Santos e também em outros países e regiões do planeta, como Gabão, Omã, Egito, e Golfo do México. Ainda é cedo para discutir que tecnologias especificamente serão empregadas no prospecto de Libra, mas certamente estaremos prontos para contribuir com a Petrobras. 4 - Como a Shell espera adequar seu compromisso com o conteúdo local e com os desafios logísticos que o présal irá demandar? Nós entramos no leilão sabendo o percentual de conteúdo local exigido e o consórcio vai trabalhar fortemente e de forma integrada para atingir as metas estabelecidas. Conteúdo Local faz parte dos princípios de negócio da Shell. Indústria e governo precisam continuar se esforçando para atrair

mais investimentos e assegurar que as melhores tecnologias sejam trazidas e também desenvolvidas no país. 5 - A companhia já desenvolve um trabalho importante no Parque das Conchas, na Bacia de Campos. Qual a sua importância e como a companhia espera redistribuir seus investimentos nas bacias de Campos e de Santos? A Shell prefere não divulgar valores de investimentos específicos por projeto. A companhia avalia constantemente seu portfólio de ativos globalmente. Não analisamos especificamente redistribuição de investimentos em um país, como no caso específico do Brasil. A atividade no Parque das Conchas segue a pleno vapor: a fase dois do projeto entrou em produção em outubro, com um pico previsto de 35,000 boe/dia, e este ano nós anunciamos a decisão de investir no desenvolvimento da terceira fase. A Shell está presente em sete áreas de concessão de exploração e produção no Brasil, e Libra vai se somar a esse portfólio. 

MACAÉ OFFSHORE 49


FIVE MINUTES

André

Araújo Shell Brasil CEO

“Brazil is a promising market”

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perating in Brazil since 1913 and, currently, boasting 900 stakeholders around the country, the Anglo-Dutch Shell sees Brazil as a promising market. The latest oil discoveries in the pre-salt and in other areas not yet explored, such as the Equatorial Margin, confirm these expectations.

In a consortium made by Petrobras, the French Total and two Chinese state-owned oil companies, Shell acquired a 35-year contract to explore the Libra field in the pre-salt layer at Santos basin last October, which has between 8 to 12 billion barrels of recoverable oil.

In exclusive interview to Macaé Offshre, Shell Brasil CEO André Araújo says that the pre-salt challenge is huge, but the consortium will work to meet the local content requirements. He also expects new bids in 2014 and 2015 in order to have the market booming.

1 - How do you see the current Brazilian offshore scenario? Is the producing share contract better than the concession model?

conditions offered a reasonable relation between investment, risk and possibility of return.

4 - How will Shell adjust itself to meet the local content requirements and logistics challenges in the pre-salt?

Certainly, Brazil is a promising market. The latest discoveries and the activities in the pre-salt clearly show a market with many opportunities. Also, there is a huge potential in the new areas discovered but not yet explored. We also have supply chain and a service sector which are booming. Challenges are huge, but it is a historic moment. The best model is that that offers good opportunities to the country and companies who are going to invest. It is a matter of adjustment of the business and the opportunities that are available. Either concession model or producing share contract, the most important thing is to have the government aware of what is the best for country. The auctions must be attractive. Currently, the O&G industry does not work with one project only. Shell is happy with the resuming of the auctions in 2013, but we expect other auctions in 2014 and 2015.

2 - Shell is part of the consortium that acquired the pre-salt of Libra field. Where are the opportunities and the challenges that the company will face from now on? Shell has operations in more than 90 countries in different regulatory models. As for the specific case of Libra, the company evaluated that the terms and 50 MACAÉ OFFSHORE

Shell sees the opportunity found in Libra field as something great, complex and with significant challenges, which is going to force the companies to work extremely integrated and think about creative solutions to be executed together in order to take advantage of the expertise of all consortium members. We are talking about activities whose are going to be carried out at 170 kilometers off the coast and at a depth of roughly 3,500 meters. It is not an easy task. With all that, Shell has experience in partnerships with all the consortium members in many regions around the world. I am sure that this consortium is prepared for this challenge. Certainly Libra will increase our amount of investments in Brazil. Yet it is still early to put it in numbers.

3 - Innovation and technology are the two cornerstone of a well succeeded exploratory campaign. What does Shell expect to contribute for the Libra field activities along with Petrobras over the next years? Shell has a knowledge in the Brazilian presalt drilling, with our presence in the bloc BMS-54 located in Santos basin. Also, we have same operations in other countries and regions, such as Gabon, Oman, Egypt and the Gulf of Mexico. It is still early to talk about the technologies that will be implemented in Libra, but we are ready to work along with Petrobras for sure.

We were aware of the local content minimum percentage required when we decided to participate in the bid and the consortium is going to work in a integrated way to meet the goal required. Local content is part of Shell’s business principles. Industry and government need to keep their efforts to attract further investments and ensure the coming of best technologies abroad and develop them in the country.

5 - The company carries out an important activity in Parque das Conhas located in Campos basin. Can you mention the importance of this field? How is the company going to distribute its investments both in Campos and Santos basins? Shell would rather not announce its investments of each project specifically. The company often evaluates its assets portfolio worldwide . We do not analyze the redistribution of investment in a specific country, which is the case of Brazil. The activities in the Parque das Conchas field are booming. The second phase of the Parque das Conchas came on stream in October 2013 with a peak production of 35,000 boe per day. This year we announced that we would move forward with investments in the Phase 3 of the project. Currently, Shell is present in seven exploration and production areas in Brazil and Libra will be added in this portfolio. 


POLÍTICA & ECONOMIA

Divulgação

Para especialista, com a entrada das companhias chinesas, a tendência é que algumas empresas daquele país comecem a vir para o Brasil, para respeitar a legislação de conteúdo local. For the expert, with the coming of Chinese companies, it is likely that some other Chinese companies come to Brazil in order to meet the local content requirements.

Os chineses estão

chegando

De olho no pré-sal, China mostra que o Brasil é mercado estratégico para suprir sua demanda interna Por Brunno Braga

P

aís que na última década conseguiu se consolidar como uma potência econômica de grande envergadura, a China conseguiu mais um feito em 2013, ao ultrapassar os Estados Unidos como maior importador de petróleo do mundo. Dados divulgados pela Agência Internacional de Energia (AIE) revelam que a média das importações chinesas superou a produção diária em 6 milhões de barris e a tendência é que, para os próximos anos, a curva venha a

ascender ainda mais. Diante deste quadro, o gigante asiático continua em sua busca frenética por posições em regiões consideradas estratégicas como as costas africanas, Oriente Médio e, agora, Brasil, onde duas estatais se uniram para fazer parte do consórcio que arrematou o pré-sal de Libra. Tal configuração pode marcar uma nova etapa nas atividades petrolíferas brasileiras ao entrar em cena uma abordagem diferente das já conhecidas, nas quais as majors americanas e

europeias sempre tiveram primazia. “O perfil a ser adotado pelas companhias chinesas não tenderá a ter um apelo mais comercial, como é o visto pelas majors dos países ocidentais. O que vai contar é a aquisição do óleo. Até 2020, a China deverá importar 10 milhões de barris por dia e Libra poderá ter um papel importante nesse processo”, afirma Armando Guedes, presidente da Comissão de Energia da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) – leia entrevista completa à página 62. MACAÉ OFFSHORE 51


POLÍTICA & ECONOMIA

De fato, a China é o país que mais compra petróleo produzido no Brasil. De janeiro a outubro, o país, liderado pelo primeiro ministro Lei Keqiang, comprou 179,5 mil barris/dia de petróleo brasileiro. Este volume significa 125% a mais do que em igual período do ano anterior, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Atualmente, as operações chinesas no país estão restritas à participação da Sinopec em 40% no capital da espanhola Repsol Brasil, que detém direitos de concessão em vários blocos de E&P, inclusive do Campo de Sapinhoá, com uma produção de 37 mil boe/d, no pré-sal da Bacia de Santos. Outra participação importante é da Sinochem, em 40% do Campo de Peregrino, atualmente com produção (no pós-sal) de 84 mil boe/d, na Bacia de Campos, operados pela norueguesa Statoil. Em agosto, a Petrobras fez farmout de 35% de seu interesse no Bloco BC-10, conhecido por Parque das Conchas, operado pela Shell e prestes a aumentar a produção na área, também para a Sinochem, por US$ 1,54 bilhão. Contudo, são as atividades do pré-sal de Libra que darão à China uma

presença ainda mais efetiva. O ex-diretor da Petrobras e atual professor da Fundação Getúlio Vargas, Wagner Freire, lembra que as relações entre Brasil e China datam da década de 1980, quando a Braspetro, subsidiária da Petrobras, associada com a BP (operadora) e outras companhias obteve cinco blocos. “Estive na China, nessa oportunidade, pela primeira vez, na qualidade de vice-presidente executivo da companhia, para assinatura dos contratos. Algumas companhias foram bem sucedidas e esse processo de licitação para concessão de novas áreas continua até hoje”, afirma, em entrevista à Macaé Offshore. Ele conta que a aquisição do bloco de Libra pelas companhias chinesas faz parte de uma estratégia agressiva por parte do governo para abocanhar, com mais segurança, a produção no exterior e, assim, evitar problemas com a crescente demanda por esse combustível, enquanto a Petrobras, numa política contrária à dos chineses, vem buscando vender várias posições no exterior, como fez, recentemente, com os seus ativos de E&P na Colômbia, onde atuava desde 1972, por US$ 2,10

bilhões para a malaia Petronas, e, no Peru, por US$ 2,6 bilhões para a CNPC. “Atualmente, quatro companhias chinesas estão expandido bastante sua atuação no exterior. As companhias chinesas têm marcada participação atualmente no Canadá e nos EUA e, agora, o Brasil virou um dos alvos, seguindo essa tendência”, conta. Para ele, o fato de Libra ter as suas atividades em águas profundas foi um ponto importante para que a China arrematasse o campo, uma vez que o desenvolvimento do campo gigante de gás de Liwan, em bloco de concessão obtida em 2006 pela companhia canadense Husky, no Mar do Sul da China, também fica em águas profundas. “Para os chineses, Libra não será uma grande novidade, pois já estão familiarizados com esse tipo de operação. O campo de Liwan fica em cota batimétrica de 1.450 m, 340 km (a sudeste de Hong Kong) e deverá entrar em produção no fim de 2013 e início de 2014, com a produção inicial de 50 mil boe/d, o que contribuirá para atender à demanda de gás da China, em grande parte importada via GNL. A concessão agora tem 51% da CNOOC e 49% da Husky”, explica Freire.

Compra de peças e equipamentos Um dos pontos a serem levados em conta será o processo de aquisição de máquinas e equipamentos para as atividades de Libra que, segundo estudos feitos por especialistas, devem gerar investimentos da ordem de US$ 400 bilhões. Como a cadeia de fornecimento no Brasil terá dificuldades em atender às demandas, apesar das exigências de cumprimento de conteúdo local previstas no contrato, poderá haver necessidade de importação por

52 MACAÉ OFFSHORE

parte do consórcio para operar no campo. Segundo o advogado Miguel Mirilli, especialista no setor de petróleo, a tendência é que os chineses exerçam influência na compra de equipamentos e peças para as atividades a serem desenvolvidas pela Petrobras, operadora única. “Juntas, a CNOOC e a CNPC detêm 20% do total do consórcio. É uma percentagem pequena, mas que pode influenciar na hora da decisão de

comprar equipamentos chineses, o que pode gerar certo desconforto para os fornecedores instalados no Brasil”, avalia. Ele afirma ainda que, com a entrada das companhias chinesas, a tendência é que algumas empresas daquele país comecem a vir para o Brasil, para respeitar a legislação de conteúdo local. “Esse movimento vai ser tímido no começo, mas é um processo que é visto em outros países onde a China atua”, afirma. 


Politics & Economics

The Chinese are

coming

Eyeing the pre-salt, China confirms Brazil as a strategic market to supply its domestic demand By Brunno Braga

A

fter being consolidated itself as a very important economic power over the last decade, China has recently achieved another record replacing the United States as the world’s largest oil importer. Data published by the International Energy Agency revealed that the country imports overreached the domestic output in 6 million barrels a day. The IEA also said that purchases may increase even more over the next years. Before this scenario, China keeps searching for positions in strategic regions such as the African coast, Middle East and, now, Brazil, where two Chinese state-owned oil companies were part of the consortium that acquired the pre-salt of Libra auctioned last October. Such movement may represent a new era for the oil activities in Brazil where American and British oil companies have always mastered. “Unlike western oil companies, the Chinese companies will not have a commercial appeal. For China, it is the oil acquisition that counts. By 2020, China may import 10 million boed and Libra will have an important role in this process”, says Armando Guedes, president of the Energy Commission of the Federation of Industries of the state of Rio de Janeiro - read the interview on page 64. In fact, China is the largest Brazilian oil importer. From January to October, 2013, the Asian country, which is led by the Prime-Minister Lei Kegjang, purchased

170,5 thousand barrels a day from Brazil. This amount of oil is 125% more than it was registered in the same period of the former year, according to Brazil’s Secretary of Foreign Trade data. Currently, Chinese operations in the country are restricted to Sinopec and Sinochem activities. Sinopec has a join venture with Repsol. The Spaniard oil company has 60% stake and the Chinese counterpart owns the remaining 40%. They operate in several blocs, including the Sapinhoá field, located in Santos basin, which output reaches 37,000 boed. Sinochem, as its turn, owns 40% of Peregrino field, located at Campos basin, and the field is operated by the Norwegian Statoil. Last August, Petrobras sold 35% stake in block BC-10, known as Parque das Conchas, which has Shell as operator to the Sinochem Group for US$ 1.54 billion. Yet with the activities in Libra field, China will have a broader presence in Brazil. Former Petrobras director and Fundação Getulio Vargas professor Wagner Freire recalls that the relations between Brazil and China in the oil segment started in the 1980s, when Braspetro, a Petrobras subsidiary, acquired five blocs in a joint venture with BP and other oil companies. “Back then I was in China for the first time as the vice-president of Braspetro to sign the contracts. Some companies succeeded and this auction process of new areas remains today”, Mr Freire says.

He says that the acquisition of Libra by Chinese companies is part of an aggressive strategy conducted by the Chinese government in order to ensure foreign output and avoid problems with the domestic demand for oil. On the other hand, Petrobras is selling its assets abroad like it recently did in Colombia, where the Brazilian company sold its E&P positions to Petronas for US$ 2 billion, and in Peru, where its assets were sold for US$ 2.6 billion to CNPC. “Currently, four Chinese oil companies are expanding their activities abroad. They have a strong presence in the United States and Canada. Brazil has become one of their targets now”, he says. For him, having Libra operations in ultra deep waters was a another important factor that made the Chinese companies acquire this bloc. The CNOOC, one of the companies that is part of the consortium that successfully bid the pre-salt in Santos Basin, is carrying out the development of Liwan gas field along with the Canadian Husky in a bloc acquired in 2006 located in the ultra deep waters of the South Sea of China. “For the Chinese, the activities in Libra will not be a new thing, because they are already familiar with this type of operation. The field is located in Liwan bathymetric elevation of 1,450 m, 340 km (southeast of Hong Kong) and its production may start between the end of 2013 and the e beginning of 2014, with initial production of 50,000 boed. This will contribute to meet the demand for gas in China. The CNOOC has 51% stake and Husky owns the remaining 49%.

Spare parts and equipment imports It is also important to take into account the process of acquisition of machinery and equipment for the activities in Libra, which is believed that will require investments worth US$ 400 billion. As the Brazilian supply chain will face some difficulties to meet the demand, though the local content requirements, it may be necessary to purchase some equipment abroad.

For the attorney Miguel Mirilli, an oil and gas expert, it is likely that the Chinese will influence the purchase of spare parts and equipment for the activities to be performed by Petrobras. “ Together CNOOC and CNPC own 20% of the consortium stakes. It is a small percentage, but it can influence the decision to buy Chinese equipment , which may cause

some discomfort for Brazilian suppliers”, he evaluates. He also says that the coming of those Chinese oil companies to Brazil, some other Chinese suppliers may follow them in order to meet the local content requirements. “In the beginning, this is going to be a very shy movement, but it is a process that is seen in countries where China operates,”, he says.  MACAÉ OFFSHORE 53


Plataforma espírito santo

Nery

de Rossi

Secretário de Estado de Desenvolvimento do Espírito Santo Por Rodrigo Leitão

“O ano de 2013 foi positivo” Divulgação

O

ano de 2013 foi positivo para a Bacia do Espírito Santo, que manteve a posição de segunda maior produtora do país e comemora a construção de novos empreendimentos ligados ao setor, como o Terminal Petrocity, o C-Port e o Itaoca Offshore. Na construção naval offshore, o Estaleiro Jurong Aracruz iniciou suas obras e já conta com encomendas da Sete Brasil. Para o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Nery de Rossi, que concedeu entrevista à Macaé Offshore, as perspectivas diante deste cenário são positivas para os fornecedores da cadeia produtiva, que hoje já fornece, anualmente, cerca de R$ 4 bilhões em bens e serviços para a Petrobras.

1 – Como o senhor avalia o setor de óleo e gás no Estado do Espírito Santo neste ano de 2013? Quais obras, contratos e parcerias importantes foram criados? Podemos dizer que o ano de 2013 foi positivo para o setor de petróleo e gás no Espírito Santo. Além da produção que nos mantém como segundo maior produtor brasileiro, foi oficializada a construção do Terminal PetroCity, em São Mateus, que terá como objetivo atender às crescentes demandas do 54 MACAÉ OFFSHORE

setor, e outros empreendimentos que atenderão à cadeia obtiveram suas licenças ambientais, como as bases de apoio offshore C-Port e Itaoca Offshore (Itapemirim), Imetame (em Aracruz) e o Polo Gás-Químico (Linhares). Além disso, o Estaleiro Jurong Aracruz iniciou suas obras e já conta com R$ 11 bilhões em encomendas da Sete Brasil para sete navios-sonda e dois FPSOs. A 11ª rodada de leilão de novos blocos exploratórios, promovida pela ANP, também trouxe perspectivas positivas para a atividade tanto em terra quanto no mar.

2 – Quais as perspectivas do estado para o setor nos próximos anos, principalmente o ano de 2014? As perspectivas são de crescimento. O ano de 2014 começa com o início da produção da P-58, que chega ao Espírito Santo em dezembro de 2013. Com capacidade de produção de 180 mil barris de petróleo e 6 milhões de metros cúbicos de gás por dia, permitirá um significativo aumento de produção nos campos do Parque das Baleias, Sul do Estado. Quando a P-58 atingir


Plataforma espírito santo

seu pico de produção, o estado poderá atingir mais de 500 mil barris de petróleo por dia. Além disso, no próximo ano teremos o início da operação do Estaleiro Jurong Aracruz, quando efetivamente se iniciará um novo setor da economia capixaba voltado para a indústria naval.

de apoio offshore e o Espírito Santo está se preparando para esta nova fase de fornecimento de bens e serviços, seja para Libra ou para as novas demandas que surgirão em função dos novos leilões da ANP.

3 – Como a cadeia produtiva do Espírito Santo aproveita as oportunidades em torno do pré-sal de Libra? O estaleiro Jurong e o estado estão preparados para receber todas as demandas provenientes da Petrobras e de outras operadoras?

Além do contrato já firmado com a Petrobras, o estado possui outros projetos para atendimento das demandas das operadoras de petróleo e gás. Como já comentamos, empreendimentos como o C-Port, Itaoca Offshore, PetroCity prestarão o suporte logístico necessário para o desenvolvimento da cadeia e atendimento das demandas de apoio offshore.

O desenvolvimento do Campo de Libra deve praticamente dobrar a produção brasileira de petróleo e gás. Isso irá gerar uma grande demanda de serviços

4 – Como a Sedes vem trabalhando para incentivar multinacionais do setor de óleo e gás a se instalarem no estado?

A Secretaria de Estado de Desenvolvimento (Sedes) tem por objetivo propor e atrair projetos que agregam valor às cadeias produtivas do Espírito Santo. A implantação do Estaleiro Jurong Aracruz é um exemplo concreto da aplicação da estratégia. Buscamos sempre novas empresas que poderão gerar oportunidade e renda para os capixabas. 5 – Como o senhor espera solucionar a questão do conteúdo local exigido pela ANP no estado? O Espírito Santo já fornece, anualmente, cerca de R$ 4 bilhões em bens e serviços para a Petrobras e se prepara para ampliar sua participação nos projetos executados no Brasil, contribuindo para o incremento de conteúdo nacional nos mesmos. 

MACAÉ OFFSHORE 55


espírito santo Platform

Nery de

Rossi

Secretary of Economic Development of Espírito Santo

2013 was a positive year By Rodrigo Leitão

T

he year of 2013 was positive for Espírito Santo basin, keeping its position as the second largest oil producing state in the country. Also, it celebrates the construction of new sites linked to the

oil and gas industry, such as Petrocity terminal, C-Port and Itaoca Offshore. As for the shipbuilding industry, the Jurong Aracruz yard has started its construction process and it received orders from Sete Brasil.

For the Secretary of Economic Development of Espírito Santo, Nery de Rossi, the expectations for the suppliers are very positive. Currently, those companies supply goods and services worth R$ 4 billion a year to Petrobras.

1 – How do you evaluate the oil and gas segment in the state of Espírito Santo in 2013? What were the most important projects, contracts and partnerships created?

We expect to grow in 2014. P-58 will begins its production activities. Its output capacity is around 180,000 oil barrels and six million cubic meters of natural gas a day and the oil platform will enable an impressive production increase in Parque das Baleias field. When P-58 achieves its production peak, the state may produce more than 500,000 boed. Also, the Jurong Aracruz yard will start its activities, setting a new era for the shipbuilding industry in the state of Espírito Santo.

other projects to meet the demands of major oil companies. As we said before, companies like C-Port, Itaoca Offshore and PetroCity will offer logistics support to enhance the supply chain and meet the demands for offshore support.

We can say that 2013 was positive for the oil and gas industry in the state of Espírito Santo. Besides the oil production, which makes the state the second largest oil producer in Brazil, the construction of the Petrocity terminal, in São Mateus city. This terminal will meet the industry’s growing demands and other projects that will meet the supply chain have their environmental licenses, such as C-Port offshore and Itaoca Offshore, Imetame and the Petrochemical cluster (Lnhares). Also, Jurong Aracruz yard has started its construction and it has orders from Sete Brasil to build seven drilling rigs and two FPSOs worth R$ 11 billion. The 11th Bidding Round carried out by the ANP has also created positive expectations for oil activities both onshore and offshore.

2 - What are the expectations for the years to come, mainly for 2014? 56 MACAÉ OFFSHORE

3 – How does the state of Espírito Santo take advantage of Libra’s pre-salt? The Jurong yard and the state are prepared to receive all orders from Petrobras and other major companies? The Libra oilfield development may double the Brazilian output. This will create a great demand for offshore services so that the state of Espírito Santo is preparing itself for this new era of supplying of goods and services to Libra field and other areas to be auctioned by the ANP. Besides the contract signed with Petrobras, the state of Espírito Santo has

4 – How does the Sedes work to stimulate international major companies to come to Espírito Santo?

The State Secretary of Development aims to propose and attract projects to have an aggregate value in the productive chains in the state of Espírito Santo. The coming of Jurong Aracruz yard is an example of how this strategy was implemented. We search for new companies who can create opportunities and income for the state.

5 – Do you expect to solve the local content issues demanded by the ANP? The state of Espírito Santo supplies roughly R$ 4 billion in goods and services to Petrobras annually and it is preparing itself to expand its share in projects to be carried out in Brazil, contributing for the improvement of the local content. 


PLATAFORMA SANTOS

José Ricardo Roriz

Coelho

Diretor do Decomtec, da Fiesp Por Rodrigo Leitão

‘As perspectivas são promissoras’

E

studos do Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) indicam que dos 3,5 milhões de empregos a ser gerados no País até 2020, 640 mil serão diretamente criados na exploração e produção de petróleo e gás natural, gerados na cadeia de fornecedores. Outros 850 mil indiretos são ligados a subfornecedores e os 2 milhões restantes representam o efeito multiplicador dos investimentos no setor. Estes e outros números são apresentados pelo diretor-titular do Decomtec, José Ricardo Roriz Coelho, em entrevista à Macaé Offshore.

Divulgação

Também à frente do Competro (Comitê da Cadeia de Petróleo e Gás), Coelho faz um balanço positivo do setor em 2013 e considera promissor o momento de investimentos na cadeia produtiva de óleo e gás. “A oportunidade que se mostra ao Brasil é justamente utilizar os investimentos do pré-sal para desenvolver outras cadeias produtivas no Estado de São Paulo, tanto a montante quanto a jusante do poço, trazendo o aumento da competitividade da indústria nacional”.

1 – Qual avaliação o senhor faz do setor de óleo e gás no Estado de São Paulo neste ano de 2013? Quais obras, contratos e parcerias importantes foram criados? A avaliação quanto ao setor no ano de 2013 foi extremamente positiva. A Petrobras manteve seu plano de investimentos até 2017 mais de 230 milhões de dólares, na exploração e produção de

óleo e gás, no refino, na petroquímica, no transporte e na comercialização de derivados. Somente em um dos gargalos do setor, o de pesquisa e desenvolvimento, a Petrobras investiu mais de US$ 1 bilhão nos últimos cinco anos. São 137 laboratórios e 30 plantas piloto desenvolvendo projetos tecnológicos que beneficiam as atividades da Empresa e o setor. Estes projetos envolvem cerca de 80

instituições de pesquisa e universidades, formando 50 redes temáticas. Os recursos investidos em pesquisa de 2004 a 2012, em novos ativos, foram de US$ 251 bilhões e, no Centro de Pesquisa da Petrobras, US$ 7,5 bilhões e US$ 2 bilhões em universidades brasileiras. Outros três gargalos, a capacitação de fornecedores locais, a oferta de MACAÉ OFFSHORE 57


PlatAformA santoS

financiamento e o treinamento de mão de obra, são atendidos pelo Prominp Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural. Dentro de uma das ações do Programa, o Plano Nacional de Qualificação Profissional, são oferecidos cursos gratuitos de nível básico, médio, técnico e superior, em mais de 175 categorias, para capacitar profissionais ligados às atividades do setor de petróleo e gás natural. Já passaram por cursos de qualificação mais de 90 mil profissionais, em cerca de 80 instituições de ensino, em 17 estados do país, sendo investidos recursos da ordem de R$ 270 milhões para o treinamento. Do ponto de vista do Governo do Estado de São Paulo, a Secretaria de Energia do Estado de São Paulo criou recentemente o CEPG - Conselho Estadual de Petróleo e Gás Natural, possuindo diversas linhas de atuação. O Governo do Estado atua de forma conjunta com outras instituições, entre elas, a Fiesp, para minimizar os gargalos e as dificuldades referentes à exploração e produção do pré-sal. Porém, todo este potencial que se apresenta somente será convertido em riqueza, desenvolvimento tecnológico e negócios para as empresas brasileiras, se houver uma excelente articulação entre todas as instituições que apoiam o setor de petróleo e gás no País. 2 – Quais as perspectivas do para os próximos anos, principalmente para 2014?

58 MACAÉ OFFSHORE

As perspectivas do setor para os próximos anos são promissoras. Apenas com um maior crescimento industrial o País poderá realizar a meta de crescer a taxa de 4,7% ao ano. Segundo estimativas do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp (Decomtec), esta projeção de investimentos proporcionará até 2020 um aumento de cerca de 3,5 milhões de empregos no País. Destes, cerca de 640 mil são diretos, relativos a empregos na exploração e produção de petróleo e gás natural, gerados nos setores fornecedores da cadeia de P&G e concentrados nos serviços prestados a operadoras, na fabricação de produtos de metalurgia e na fabricação e manutenção de máquinas e tratores. Outros cerca de 850 mil são indiretos, distribuídos em diversos setores da economia e entre subfornecedores, ou seja, aqueles que fornecem insumos para os fornecedores diretos das operadoras, como exemplo, o setor naval que é afetado de forma direta e a siderurgia, indiretamente. Os restantes 2 milhões de empregos são gerados pelo efeito renda e representa o impacto multiplicador dos investimentos em P&G, que dinamizam outras atividades da economia, principalmente, o comércio e os serviços. 3 – Depois de muitas controvérsias, finalmente foi realizado o leilão de Libra, confirmando uma nova etapa nos processos de exploração e produção de petróleo no Brasil, na qual teremos a Petrobras como operadora única. Do ponto de vista

das empresas fornecedoras, muitas delas sediadas no Estado de São Paulo, como avaliar o aumento do papel da Petrobras como única compradora para essas empresas? A produção no campo de Libra trará ofertas na ordem de centenas de milhões de reais em oportunidades de fornecimento para toda a cadeia do petróleo e gás, nos mais diversos setores da indústria nacional. Estas oportunidades ocorrem em diversos elos da cadeia produtiva e não somente pela Petrobras, desde grandes empresas sistemistas e epecistas até pequenas indústrias podem ofertar bens e serviços a estas primeiras. Portanto, a oportunidade que se mostra ao Brasil é justamente utilizar os investimentos do pré-sal para desenvolver outras cadeias produtivas no Estado de São Paulo, tanto a montante quanto a jusante do poço, trazendo o aumento da competitividade da indústria nacional. Isto pode ser realizado com o fortalecimento das políticas de conteúdo local, priorizando o desenvolvimento tecnológico da indústria nacional e viabilizando a inserção competitiva da indústria petrolífera em âmbito global. 4 – Como a Fiesp vai trabalhar para incentivar multinacionais do setor de óleo e gás a se instalarem no estado, de olho nos investimentos estrangeiros por conta do pré-sal? A Fiesp incentiva o crescimento do setor e a instalação de empresas


PlatAformA santoS

multinacionais por meio do Competro. O comitê está elaborando a agenda de eventos voltados ao setor para 2014, que inclui a realização de eventos de mobilização voltados à geração de negócios em regiões no Estado de São Paulo nas quais haja maior concentra ção de empresas do setor ou de outros setores que potencialmente possam atender à cadeia de P&G. Assim que esta agenda estiver fechada iremos divulgá-la no site do Comitê: www.fiesp. com.br/petroleo-e-gas. Uma forma concreta de incentivar a vinda de grandes players internacionais do setor de P&G para o estado é apoiar a atuação do Investe SP - Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade, que foi criada pelo Governo do Estado de São Paulo com o intuito de atrair investimentos e aumentar a competitividade da economia paulista, promovendo a geração de empregos, renda e inovação tecnológica. Em 2013, a Fiesp promoveu duas missões internacionais, uma para o Reino Unido (Feira NOF Energy) e outra para a Finlândia e Noruega (Feira ONS) em parceria com o Investe SP. Na pauta da missão estava a apresentação das vantagens para as empresas internacionais contatadas virem se instalar no Estado de São Paulo. 5 – Em relação à logística offshore, bases de apoio, como a Fiesp espera contribuir para desenvolver essas questões junto com a Petrobras?

A grande distância entre os campos de petróleo do pré-sal e a costa encarece a logística em todo o complexo da Bacia de Santos. Está em análise a utilização da malha tradicional de escoamento via ga-

Uma forma concreta de incentivar a vinda de grandes players internacionais do setor de P&G para o estado é apoiar a atuação do Investe SP

sodutos. Mas o maior problema relacionado à logística do pré-sal é que as futuras plataformas de produção serão, em média, três vezes mais distantes que as instaladas nos campos offshore na Bacia de Campos. Elas estão localizadas a cerca de 300 km da costa.

As operações de transporte estarão sujeitas a maiores instabilidades climáticas e isso requer novas soluções logísticas, preparadas para superar desafios técnicos complexos, até agora não enfrentados no Brasil. As alternativas em estudo buscam aumentar a eficiência logística e econômica dos futuros projetos, garantindo segurança operacional diante do intenso fluxo de transporte e das grandes distâncias a serem percorridas por barcos e helicópteros, além da instalação de bases de apoio. Tudo isto ocorrerá com o desenvolvimento de tecnologias disponíveis a bordo de embarcações e helicópteros. A distância da costa ao cluster pré-sal da Bacia de Santos, por exemplo, equivale ao limite de autonomia de voo dos helicópteros convencionais. A ideia é reduzir as dificuldades inerentes à distância da área do pré-sal, tanto pela utilização de recursos logísticos mais velozes, quanto por ter um melhor posicionamento de bases de apoio no continente, centros de distribuição bem localizados e um sistema de apoio à decisão que proporcione às empresas de logística a possibilidade de tomar decisões rápidas. Um dos principais gargalos para a prospecção do pré-sal é a criação de infraestrutura portuária e apoio logístico adequados para atender as atividades de exploração e produção na Bacia de Santos. Isso inclui as atividades de transporte de equipamentos, pessoal embarcado e manutenção para as plataformas, construção de bases de apoio e o transporte marítimo realizado por barcos de apoio.

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santos Platform

José Ricardo Roriz

Coelho

Decomtec Director - Fiesp

Promising expectations By Rodrigo Leitão

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tudies commissioned by the Department of Competitiveness and Technology of the Federation of Industries of the State of São Paulo point out that 3.5 million will be created in the country by 2020 and 640 thousand of this total will be created by the oil and gas activities. The 850,000 other jobs will be indirect

ones. These kind of jobs will be found in several segments and among other sub-suppliers and 2 million other jobs will be created by the income effect and it will represent a multiple impact caused by investments in the O&G industry. These and other figures will be shown by Decomtec director José Ricardo Roriz Coelho in an interview to Macaé Offshore.

Also in charge of Competro (Oil and Gas Chain Committee), Mr Coelho considers 2013 as a positive year and he is expecting a promising moment for investments in the supply chain. “it is important to know how to use the pre-salt investments in order to improve the supply chain in the state of São Paulo and give the national industry competitive.”.

1 – How do you evaluate the oil and gas industry in São Paulo in 2013? What are the most important partnerships, projects and contracts throughout the year you can mention?

The expectations for the years to come are very high. Only with a higher industrial growth the country can grow 4.7% a year.

mostly located in the state of São Paulo, is it possible to evaluate the increase of Petrobras’ role as a sole buyer?

The oil and gas industry in 2013 was extremely positive. From São Paulo government’s perspective, the State Secretary of Energy has recently created the State Council of Oil and Gas, which has several lines of action. São Paulo government works along with other institutions such as Fiesp in order to minimize the bottleneck and difficulties related to the drilling and production activities in the pre-salt. Yet all of this potential will only become wealth, technological development and nice business for Brazilian companies if an excellent approach between all the institutions that support the oil and gas industry in the country exists.

2 - What are your expectations for the years to come, mainly for 2014? 60 MACAÉ OFFSHORE

The 850,000 other jobs will be indirect ones. These kind of jobs will be found in several segments and among other sub-suppliers who are those who supply inputs to major suppliers such as the maritime industry, which is directly affected, and the steel industry, which is indirectly affected. The 2 million other jobs will be created by the income effect and it will represent a multiple impact caused by investments in the O&G industry,which is going to foster other activities, mainly the trade and service segments.

3 – After many controversial issues, the Libra field was finally auctioned, setting a new step for the drilling and production activities in Brazil, presenting Petrobras as the sole operator. From the suppliers perspective,

Libra’s output will offer hundreds of millions of reais to the oil and gas supply chain as a whole. Those opportunities will be found in every aspects of the supply chain, from majors to small suppliers. Therefore, it is important to know how to use the pre-salt investments in order to improve the supply chain in the state of São Paulo and give the national industry competitivity. This can be carried out with the improvement of local content policies, which must prioritize the national industry development, enabling the competitive insertion of the oil industry at a global level.

4 – How does the Fiesp work to stimulate international major companies to come to São Paulo, aiming to have foreign investments for the pre-salt?


santos Platform

Fiesp will stimulate the growth of the industry and the coming of international major companies through Competro. The committee is preparing a schedule of events for the oil industry in 2014, which includes events that will foster the creation of business opportunities in some regions of the state of São Paulo where O&G companies are found. As long as the event schedule is ready we will publish it at the committee website - www. fiesp.com.br/petroleo-e-gas. Investe SP (São Paulo’s Agency for the Promotion of Investments and Competitiveness) is a channel that can be used to attract international players to invest in São Paulo. The agency was built to promote the creation of jobs and the generation of income and technological innovation. In 2013, Fiesp promote international missions to the UK, Finland and Norway. In those missions we showed the international companies all the

opportunities that exist in the state of São Paulo.

5 – As for offshore logistics, how can Fiesp support to improve those issues along with Petrobras?

The huge distance between the presalt oil fields and the coast makes the logistics activities really expensive throughout Santos basin. It is under analysis the use of the traditional transportation network through gas pipelines. Yet the greatest problem of the pre-salt logistics is the distance of FPSOs to be installed because they will located at 300 kilometers off the coast. The transportation operations will be subject to greater climate instabilities. Thus, new logistics solutions will be needed in order to overcome the new complex technical challenges to be faced in Brazil. Some studies seek to improve the logistics efficiency in future projects, ensuring operational safety for the intense transportation

flux as well as the great distances to be traveled by vessels and helicopters as well as support vessels. It will be achieved through the improvement of the available technologies existed in vessels and helicopters. The distance between the coast and the cluster of Santos basin, for example, is equivalent to the limit of autonomous helicopter flight. The goal is to mitigate the difficulties of the presalt distances, using faster technological resources, having better support terminals positions in the land, distribution centers and a support system for decisions that enable logistics companies to make decisions faster. One of the main hurdles in the presalt prospect ion activities is to create a port infrastructure and logistics able to perform the operations in Santos basin. This includes equipment transportation activities, staff and shipbuilding industry. 

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PLATAFORMA CAMPOS

Julio

Bueno

Secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro

“Não há como não ser otimista” Divulgação

Por Brunno Braga

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ara o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro, Julio Bueno, o ano de 2013 foi de grandes avanços para a indústria de petróleo no Brasil. Muito disso deve-se, na avaliação de Bueno, aos três leilões realizados após quase cinco anos de paralisia. E, para 2014, o secretário mostra-se bastante otimista, já que prevê a intensificação de investimentos da cadeia fornecedora para atender aos projetos da Petrobras para os próximos anos. Bueno falou com Macaé Offshore e comentou sobre os movimentos da indústria que estão ligados aos interesses do estado. Confira:

1. O senhor poderia citar os avanços obtidos este ano para o setor de óleo e gás neste ano no Estado do Rio de Janeiro? É possível enxergar um cenário otimista para 2014? Por quê? 62 MACAÉ OFFSHORE

Em 2013 foram retomadas com sucesso as licitações de blocos exploratórios. Na décima primeira rodada, no regime de concessão, foram arrematados 144, entre 30 operadoras. Na primeira rodada

do pré-sal, a primeira sob o regime de partilha, foi licitado o campo de Libra, localizado na Bacia de Santos, no Estado do Rio, onde estimam-se investimentos de US$ 300 bilhões.


PLATAFORMA CAMPOS

Ainda em 2013 foi realizada a primeira licitação de blocos exploratórios em terra, voltados para gás, tanto convencional como não-convencional. Os investimentos em desenvolvimento de produção são enormes, em uma escala nunca realizada no Brasil. As encomendas de fornecimento de equipamentos e de serviços colocados pelas operadoras, principalmente da Petrobras, colocam a perspectiva de intensa atividade no setor. O Rio de Janeiro, com a província do pré-sal, é um dos principais destinos para investimentos mundiais no setor de O&G. Não há como não ser otimista. 2. Alguns críticos disseram que a existência de apenas um consórcio no leilão de Libra provou o desinteresse de grande parte das majors de petróleo em participar do certame em função do modelo de partilha. Como o senhor responde a essas críticas? As condições do contrato foram criticadas em alguns aspectos, porém, o resultado da licitação nos pareceu um sucesso, com um consórcio vencedor formado por Petrobras, Total e Shell - empresas que estão entre as maiores do mundo - e duas empresas chinesas de petróleo, trazendo aspectos muito positivos, de repartição de riscos tecnológicos, financeiros e operacionais. 3. A questão do preços dos combustíveis também vem sendo apontada como um dos principais problemas que a Petrobras enfrenta atualmente,sobretudo em função da necessidade de dinheiro para a empresa tocar seus investimentos. Como o senhor observa essa situação, sabendo que grande parte dos

investimentos da empresa está alocada no Rio de Janeiro? O Rio de Janeiro é a capital nacional do petróleo, com cerca de 75% da produção de óleo e de 45% de gás natural, e onde se encontram as reservas gigantes do pré-sal. Por esta razão, a grande parte dos investimentos em infraestrutura de exploração, produção, escoamento, logística, refino, transporte, tan-

O Porto do Açu já é uma realidade irreversível para o desenvolvimento de nosso estado. Não há como voltar atrás cagem etc. serão realizados necessariamente aqui no Rio de Janeiro. A questão do preço dos combustíveis é outro assunto, mais relacionado à política que o atual governo vem implementando para combate à inflação, em detrimento da saúde financeira da Petrobras. 4. O senhor acha que a crise no Grupo EBX trará repercussões para o futuro do Porto de Açu? E o Comperj,

que recebeu, mais uma vez, um novo cronograma de entrega, agora para 2016, continua viável? O Porto do Açu já é uma realidade irreversível para o desenvolvimento de nosso estado. Já estão concluídas as obras do porto e empresas de grande porte, como NOV, Technip e Wartsila, fabricantes de equipamentos para o setor de petróleo, já estão instaladas, devendo algumas iniciar sua operações ainda este ano. Não há como voltar atrás. A tendência é de um forte crescimento e atração de fornecedores para a região. Já o Comperj é uma das obras mais importantes em implantação em nosso estado, que irá gerar milhares de postos de trabalho, com emprego qualificado, e receitas para o Rio de Janeiro. Não há nenhuma dúvida sobre a viabilidade do Comperj. 5. O polo navipeças e o polo subsea são projetos anunciados pelo governo, mas que ainda não saíram do papel. Há previsão para que esses projetos comecem a ser implantados? O Estado do Rio de Janeiro já possui implantado um polo ou cluster subsea, com perspectivas de mercado de longo prazo, demanda, fabricantes de equipamentos e fornecedores de serviços instalados, centros de tecnologia desenvolvendo pesquisa e inovação, uma cadeia de subfornecedores. O que o estado está buscando é aumentar a competitividade e o nível de conteúdo local deste segmento em nível internacional, por meio de mecanismos de gestão baseado em conceitos de cooperação em clusters. O polo de navipeças se encontra em fase de licenciamento e será mais um distrito industrial disponível, onde investidores do setor naval, offshore e subsea terão disponível para se instalarem, com saída para o mar.  MACAÉ OFFSHORE 63


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Julio Bueno Secretary of Economic Development of Rio de Janeiro

“I couldn’t be more optimistic” By Brunno Braga

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or the Secretary of Economic Development of Rio de Janeiro, Julio Bueno, 2013 was a year of great achievements for the oil and gas industry in Brazil. Much of that was due to the three auctions carried out after almost five years. For 2014, Mr Bueno is optimistic because it is expected to have huge investments in the supply chain to meet Petrobras demands over the next years.

1 - Can you mention the advancements achieved this year in the oil and gas industry in the state of Rio de Janeiro? Is it possible to talk about an optimistic scenario in 2014? The oil auctions were resumed in 2013. Carried out by the National Agency for Petroleum, Natural Gas and Biofuels, the auctions were a great success. In the 11th Bidding Round, under the concession regime, 142 exploratory blocs were acquired by 30 companies in a total area of 100,000 square kilometers, In the first pre-salt round, the first auction under production sharing contract, Libra field, located at Santos Basin, has between 8 to 12 billion of recoverable oil barrels, with a peak of production of 1.6 million boed scheduled for 2026. It is expected investments worth US$ 300 billion just for Libra field.

Still, onshore blocs were auctioned in 2013, with emphasis for natural gas as well as unconventional gas. Huge investments in production development have been carried out in a scale that has never seen in Brazil before. Orders for equipment and services by Petrobras and other oil majors set a perspective of intense activities in the oil segment. The state of Rio de Janeiro, known as the pre-sal province, is one of the world’s top destinations for investments in the O&G industry. I couldn’t be more optimistic.

2 - Some experts said that the existence of only one consortium for the Libra auction showed the lack of interest by many oil majors mainly because of the production sharing contract. How do you see these critics? 64 MACAÉ OFFSHORE

The production sharing contract was very criticized in some aspects. Yet the auction was well succeeded, having a consortium teamed by Petrobras, Total and Shell – three of the world’s greatest oil companies – and two Chinese oil companies, which will give very positive aspects, such as the mitigation of technological, financial and operational risks.

3 - The issue of the fuel prices has been seen as one of the main problems that Petrobras faces today, mainly because the necessity of having cash to carry out the company’s projects. How do you see this situation, knowing that most of Petrobras investments are located in the state of Rio de Janeiro?

Rio de Janeiro is the Brazilian oil capital, with roughly 75% of the country’s oil production and 45% of Brazil’s natural gas output. For this reason, mostly investments in infrastructure, drilling, production, outflow, logistics, refining, transportation etc will be carried out right here in the state of Rio de Janeiro. As for the fuel price issue, it is a government current policy to fight the inflation while harming Petrobras’ financial health.

4 - The crisis in the EBX group is another issue with serious repercussions about the future of the Açu port, a project that had a strong support from the State government. Can this problem be solved to avoid a economic crisis in the region as well as in the state of Rio de Janeiro as a

whole?As for Comperj, which conclusion is scheduled now for 2016, is it possible to have it done by then? The Açu Port is an irreversible reality for the development of the state of Rio de Janeiro. The construction of the port is already concluded and major companies are already established there such as NOV, Technip and Wartsila. These companies may start their operations this year in the site. This trend will not be reversed. Also, the port is expected to receive new suppliers. As for the Comperj, it is one of the most important projects in the state, which will create thousands of jobs and revenues for Rio de Janeiro. I have no doubt about the Comperj’s viability.

5 - The maritime spare parts and subsea clusters are projects announced by the government, but they are still on paper. Can you say when these projects will be implemented? The state of Rio de Janeiro has a subsea cluster already, with expectations for demands for equipment, technology center, service suppliers and sub-suppliers. Now the state is fostering their local content competitiveness at an international level, through management procedures based on the concept of cooperation between clusters. The spare parts cluster is under the licensing phase and it will be an industrial district where shipbuilding, offshore and subsea investors will have an available area to establish their facilities very close to the sea. 


TECNOLOGIA

Tecnologia ao

mínimo possível

Indústria de O&G desperta para as vantagens trazidas pela nanotecnologia Por Brunno Braga

A

Divulgação

tecnologia não é nova e já pode ser encontrada em vários segmentos da indústria. Mas, com o avanço das operações no pré-sal, a nanotecnologia começa a ganhar destaque e pode se tornar, em alguns anos, um dos requisitos básicos para as operações das empresas em águas ultraprofundas. Muitas empresas já buscam trabalhar o desenvolvimento da nanotecnologia para ser inserido no setor, procurando capacitar seu pessoal e acompanhar esse avanço. O aumento do interesse já chegou às esferas governamentais, que, em 2012, lançaram o SisNANO (Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologias), capitaneado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia. A ideia é desenvolver um programa de mobilização de empresas instaladas no Brasil e de apoio às suas atividades, para atuar no desenvolvimento de processos, produtos e instrumentação, envolvendo ciência e tecnologia na nanoescala e promover no

A nanotecnologia no setor de petróleo e gás foi destaque na OTC Brasil, em outubro, no Rio Nanotechnology in the oil and gas industry was in the spotlight in the OTC Brasil

País o avanço científico e tecnológico e a inovação ligados às propriedades da matéria na nanoescala, entre outras atribuições. Ainda em fase de desenvolvimento, o sistema dispõe, atualmente, de 26 laboratórios para realização de pesquisas.

O assunto também esteve na pauta da Offshore Technology Conference Brasil, realizada em outubro, no Rio de Janeiro, quando empresas, pesquisadores e instituições discutiram as aplicações da nanotecnologia no segmento de óleo e gás.

uma vez que as explorações se mostram cada vez mais complexas e hostis. Por isso é necessário buscar métodos e tecnologias que garantam a integridade dos equipamentos”, afirma o gerente de sistemas de engenharia do departamento de engenharia do Centro de Tecnologia da FMC, Alan Labs, que proferiu palestra na OTC.

O professor do Departamento de Nanotecnologia da Coppe/UFRJ, Sérgio Camargo, diz que o segmento de óleo e gás tem muito a ganhar com a aplicação dessa tecnologia, pois é capaz de aumentar a eficiência do processo de exploração e produção, com custo reduzido, e ainda ajudar a preservação de equipamentos e

Vantagens em ambiente hostil A nanotecnologia permite manipular átomos e moléculas, colocando cada uma no lugar desejado para permitir criar novas utilidades para insumos. Mas como a indústria de petróleo pode se beneficiar com ela? A aplicação deste tipo de tecnologia tem o objetivo de proteger equipamentos da FMC Technologies. “É muito importante,

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TECNOLOGIA

poços de petróleo, através de manipulação de nanopartículas.

do país está precisando”, afirma o acadêmico.

Contudo, ele alerta que muitas dessas empresas ainda não conseguem seguir essa evolução tão rápido. Por isso, as universidades têm atuado no sentido de cooperar com elas. ‘Nós oferecemos informação, formação de recursos humanos e desenvolvimento de novas tecnologias. É fundamental realizar um trabalho que seja vinculado ao que a indústria

A Coppe/UFRJ participa do SisNANO, por meio do Laboratório de Engenharia de Superfícies e Materiais Nanoestruturados, que envolve o programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais, o Programa de Engenharia Química e o Núcleo de Microscopia Eletrônica. “Segundo nosso levantamento, o Laboratório de Engenharia de Superfícies e Materiais Nanoestruturados da Coppe dispõe de

um total de R$ 36 milhões em equipamentos, o que é muito em qualquer país do mundo. Tudo isso é fruto de muito investimento realizado ao longo dos anos, que pode ser utilizado em parceria com as empresas para resolver problemas concretos, criar tecnologia e formar pessoal altamente qualificado”, diz o professor Sérgio Camargo. Em novembro, a instituição realizou um workshop, reunindo empresas de vários setores, inclusive as do segmento de óleo e gás, como a Petrobras, FMC e Schlumberger.

Emulsão água-óleo pode se beneficiar Um dos exemplos de como o uso da nanotecnologia pode beneficiar o setor é o tratamento da emulsão causada pela mistura entre óleo e água durante o processo de extração de petróleo. Uma vez que a emulsão água-óleo, caracterizada por diminutas gotas d’água dispersas no petróleo, recobertas por uma fina camada oleosa, é verificada, cria-se a necessidade de separar essas duas substâncias, buscando evitar, assim, problemas com o óleo extraído, desde a produção até o refino. Durante o processo, são utilizados, na maioria, polímeros, mas que por vezes não conseguem alcançar resultados satisfatórios.

solúvel em água e outra que recusa a água.

Há dois anos, o Grupo de Tecnologias Ambientais, composto por alunos da pós-graduação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desenvolveu tecnologia na qual testou a substituição desses polímeros por nanotubos de carbono aderidos à vermiculita. Esse mineral tem afinidade com a água e, com a síntese de nanotubos de carbono, que possuem afinidade com o óleo, criam nanopartículas anfifílicas - material que possui em sua estrutura duas partes de polaridade diferentes associadas, uma

A pesquisa rendeu prêmios internacionais para a universidade e a equipe já negocia com várias empresas a aquisição e transferência dessa tecnologia. Em agosto deste ano, a Petrobras assinou acordo para o projeto de construção de um centro de pesquisa e desenvolvimento em nanotecnologia, o CTNanotubos, em Minas Gerais, cujo financiamento terá apoio do BNDES. O CTNanotubos será construído no Parque Tecnológico de Belo Horizonte e vai atuar com síntese de nanotubos de carbono e maior escala do que já feito atualmente pela equipe de pesquisadores da universidade. As obras

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“Uma das vantagens dessas partículas é que, ao contrário dos desemulsificantes utilizados atualmente pelas indústrias do setor, elas poderiam ser separadas da mistura magneticamente e ainda serem reutilizadas por cinco vezes, sem perder a eficiência”, completa o pesquisador Aluir Purceno. Segundo ele, isso é capaz de gerar uma economia de até 80% no processo. “Para uma empresa do porte da Petrobras, que gasta anualmente cerca de US$1 bilhão para fazer a separação da emulsão água-óleo, seria uma economia de US$ 800 milhões”.

do CTNanotubos serão financiadas pelo Funtec-BNDES e devem começar entre o final deste ano e começo de 2014. Além do setor acadêmico, a iniciativa privada tem dados passos positivos nessa direção. A Polinova, que trabalha com nanotecnologia desde o ano 2000, está desenvolvendo resinas epóxi modificadas com polímeros e nanotubos de carbono, processo já difundido por empresas nos Estados Unidos e Europa. “Os resultados dos testes mecânicos e de adesão destas matrizes epóxi contendo nanotecnologia desenvolvidas pela Polinova são de 20 a 40% superiores aos obtidos com as resinas puras encontradas no mercado, o que nos motivou a testar estas matrizes modificadas em adesivos e revestimentos de alto desempenho”, afirma Fábio L. Barcia, diretor da Polinova. Ele revela que os primeiros testes destes produtos estão sendo realizados em parceria com a Petrobras, visando aplicações futuras na proteção anticorrosiva de equipamentos do pré-sal, devido às condições operacionais destes campos, que são bastante agressivas e necessitam de produtos com performance superior aos existentes hoje no mercado. 


TECHNOLOGY

Maximum technology with

minimum size

O&G industry eyes the advantages brought by nanotechnology

By Bruno Braga

T

his type of technology is not new and it can be found in many industry’s segments. Yet with the advance of the pre-salt operations, nanotechnology begins to gain momentum and it can become one of the most wanted aspect for companies’ activities in ultra deep waters. Any companies seek to apply nanotechnology in order to train their staff to follow it as good as possible.

This kind of interest reached the government that launched in 2012 the SisNANO. The program is managed by the Ministry of Science and Technology. The goal is to develop a mobilization program for companies established in Brazil to support their activities to develop process, products and instrumentation linked to nanoscale and promoting scientific and technological advancement. There are

currently 26 laboratories to carry out researches. The issue was discussed in the Offshore Technology Conference Brasil, held in Rio de Janeiro last October. There, companies, researchers and institutions debated the implementation of nanotechnology in the oil and gas industry.

Advantages in a hostile environment Nanotechnology enables the manipulation of matter at atomic and molecular level, allowing the creation of new inputs usage. Yet how can the oil industry benefit from this technology? For Systems Engineering Manager at FMCTechnologies Alan Labes the company seeks to implement nanotechnology to protect its equipment. “It (nanotechnology) is very important, once the offshore activities is becoming ever more complex and hostile. Therefore, it is necessary to find new methods and technologies that ensure the equipment integrity”, says the executive.

industry will be improved through the implementation of nanotechnology. It can improve the efficiency of the oil activities, with lower costs and also helps to preserve the equipment and oil wells through the manipulation of n anoparticles.

Professor of Nanotechnology Department at Coppe/UFRJ, Sergio Camargo, says that the oil and gas

Coppe / UFRJ participates in SisNANO through the Laboratory of Surface Engineering and

Yet he warns that many companies is having problems to follow the advances of this technology in a faster way. “That is why we work to inform, train the human resources and develop new technologies. It is crucial to carry out a research that is linked to what the industry needs”, the scholar says.

Nanostructured Materials, which involves a program of Steel and Materials Engineering, Chemical Engineering Program and the Center for Electron Microscopy. “According to our survey, the Laboratory for Surface Engineering and Nanostructured Materials at Coppe has equipment worth R$ 36 million. This is the result of investment made over the years, which can be used in partnership with industry to solve real problems, create technology and train highly skilled work force”, says Professor Sérgio Camargo. In November, the institution held a workshop bringing together various sectors, including the oil and gas sector, such as Petrobras, Schlumberger and FMC companies.

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TECHNOLOGY

Solving water oil emulsion One example of how the use of nanotechnology can benefit the sector is the treatment of the emulsion caused by the mixing of oil and water during the process of oil extraction. Since the water-oil emulsion, characterized in tiny drops of oil dispersed in water, coated with a thin oily coating is observed, there is a need to separate these two substances, thus avoiding problems the oil extracted from production to refining. During the process, polymers are the most used material, but sometimes they fail to achieve satisfactory results. Two years ago, the Environmental Technologies Group, teamed by students from the Federal University of Minas Gerais (UFMG), has developed technology that has tested the replacement of these polymers by carbon nanotubes adhered to vermiculite. This mineral has affinity with water, and with the synthesis of carbon nanotubes, which also have affinity with the oil, create amphiphilic nanoparticles – which is structured with two pieces of different polarity associated.

68 MACAÉ OFFSHORE

“Unlike the demulsifiers currently used by the industrial sector, one of the advantages of these particles is that they could be magnetically separated from the mixture and still be used five times without losing efficiency,” adds the researcher Aluir Purceno. According to him, it enables a saving of more than 80% in the process. “For a major company like Petrobras, which spends about R$ 1 billion to make the separation of water-oil emulsion, would be a savings of R$ 800 million” . The search awarded the university staff and now many companies is negotiating with the university to acquire and transfer this technology. Last August, Petrobras signed an agreement for the construction project of a center for research and development in nanotechnology, the CTNanotubos in Minas Gerais. The National Development Bank will finance and support the BNDES. The CTNanotubos will be built in Belo Horizonte Technology Park and will work with the synthesis of carbon nanotubes in a larger scale than has currently done by the team of university researchers. The

construction of the building will be financed by the CTNanotubos Funtec-BNDES and it might be concluded by 2014. Besides the academia, the private sector has taken positive steps in this direction. Polinova, a tech that works with nanotechnology since the year 2000, is developing modified epoxy resins with polymers and carbon nanotubes, a process that has already been developed by companies in the United States and Europe. “The results of mechanical tests and adhesion of these epoxy matrices containing nanotechnology are 20 to 40% higher than the pure resins found in the market, which led us to test these modified matrices in adhesives and high-performance coating “says Fabio L. Barcia, director of Polinova. He reveals that the first tests that are being carried out along with Petrobras, aiming future implementations in anti-corrosive protection of equipment for the pre-salt, are presenting performance superior than the similar technologies that exist in the market. 


rede petro-BC

Rede Petro-BC: grandes conquistas em 2013 Por Ive Talyuli Com forte atuação em Macaé, sempre trabalhando para a criação de um ambiente favorável para o fomento de negócios entre as empresas que compõem a cadeia produtiva de petróleo, gás e energia, a Rede Petro – Bacia de Campos obteve grandes conquistas ao longo de 2013. A principal delas foi a comemoração dos seus 10 anos de fundação, que ocorreu no dia 24 de outubro. O objetivo central da Rede Petro-BC é atender as demandas da principal área de exploração e produção brasileira, investindo em estudos para viabilização de projetos em que a promoção de negócios se dê por meio da competitividade, gerando oportunidades de negócios para as empresas e instituições associadas. Para cumprir esta meta, em 2013 foram realizadas sete reuniões gerais

com apresentação das demandas de grandes empresas, além da última reunião do ano, que conta sempre com a presença do gerente geral da Unidade de Operações da Petrobras na Bacia de Campos, Joelson Falcão. A Rede Petro-BC ganhou força em 2013 e conta atualmente com cerca de 70 empresas associadas, tendo recebido 15% de novas adesões. Além disso, a participação em feiras como Brasil Offshore, em Macaé, e OTC Brasil, no Rio de Janeiro, ajudou a instituição a divulgar ainda mais suas ações e atrair a atenção de grandes empresas. Outra meta da Rede Petro-BC foi o recebimento de demandas por parte de empresas do setor offshore, associadas e também não associadas. Ao todo foram 17 demandas com 65 itens divulgados,

dando oportunidade às empresas que integram a instituição de fazer negócios e conquistar novos clientes. A comemoração dos 10 anos da Rede Petro-BC foi marcada por um grande evento, realizado no auditório do Senai Macaé. A organização aproveitou a oportunidade para homenagear as instituições mantenedoras e também as empresas associadas mais antigas. Para simbolizar a data, que representa um marco em sua história, a Rede Petro-BC lançou um vídeo institucional, contando toda a sua trajetória, diretamente ligada à história do petróleo e também da Bacia de Campos, onde atua. O material passará a ser exibido em todos os eventos realizados pela instituição. Divulgação

MACAÉ OFFSHORE 69


rede petro-BC

Rede Petro-BC: great achievements in 2013 By Ive Talyuli With a strong presence in Macaé,

enterprises, as well as last year’s meeting,

to companies within the institution doing

always working to create a favorable en-

which has always attended by the General

vironment for the promotion of business

Manager Operations Unit of Petrobras in

business and win new customers.

between the companies in the supply

the Campos Basin, Joelson Falcão.

Now celebrating 10 years of Rede

chain of Oil, Gas and Energy, Rede Petro

- Campos Basin has obtained great achie-

Currently, the Rede Petro-BC has

vements throughout 2013. The main one

about 70 member companies and in

was the celebration of its 10 years of foun-

2013 received 15% of new members.

dation, which took place on October 24.

Furthermore, participation in fairs like

tunity to honor maintaining institutions

Brazil Offshore in Macae, OTC Brazil, in

and also the oldest member companies.

The main objective of the Rede Petro-

Rio de Janeiro, helped the institution to

BC is to meet the demands of major ex-

disclose further actions and attract the at-

ploration and production in Brazil, inves-

tention of large companies.

Petro-BC was marked by a major event, held in the auditorium of Senai Macae. On occasion, the organization took the oppor-

To symbolize the date, which represents a milestone in its history, the Rede

ting in feasibility studies for projects that

promote business occurs through com-

Another goal of the Rede Petro-BC

petitiveness, generating business oppor-

which gained strength in 2013 was the re-

tunities for companies and associated

ceipt of demands by Offshore sector com-

institutions. To accomplish this goal, in

panies, associates and also not associa-

2013 held seven meetings with presen-

ted. Altogether, there were 17 claims with

be displayed in all events held by the ins-

tation of the general demands of large

65 items disclosed, giving an opportunity

titution.. 

70 MACAÉ OFFSHORE

Petro-BC launched a corporate video, telling his entire career, directly linked to the history of oil and also in the Campos Basin, where it operates. The material will


Plataforma santos

MACAÉ OFFSHORE 71


72 MACAÉ OFFSHORE


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