Pré-sal, qual o tempo de que o Brasil precisa?

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ÍNDICE / CONTENTS

Matéria de capa | Report of Cover

O tempo certo para explorar o pré-sal The right time to explore pre-salt O principal desafio The main bottleneck O desafio que virou oportunidade The challenge that became opportunity

30 39 35 42 37 43 Paulo Mosa Filho

8 Gateway News . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Portal de Notícias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Desenvolvimento | Development Divulgação

Articulando | News & Views

10 The continuity of the auction does not bring any benefit to the country. . . 11 A continuidade dos leilões não traz qualquer vantagem para o país. . . . . . . . . .

Entrevistas | Interviews

16 Ricardo Cunha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 José Sérgio Gabrielli. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 José Sérgio Gabrielli. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Ricardo Cunha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Surge uma indústria eficiente e competitiva Arises an efficient and competitive industry

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Tecnologia | Technology

20 Ducts: a technological approach in the pre-salt layer age. . . . . . . . . . . 26 Dutos: um mergulho tecnológico na era pré-sal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Plataforma Espírito Santo | Platform Espírito Santo

60 Oil and gas: Espírito Santo in full progress. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Petróleo e gás: Espírito Santo em total progresso. . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Colunistas | Columnists

Gestão de Negócios Business Management Alexandre Andrade

Por dentro do mercado Inside the market Celso Vianna Cardoso

Como atender essa demanda do Pré-Sal? How to meet such demands from the Pre-Salt Layer? As ações da Petrobras irão subir impulsionadas pela exploração da camada pré-sal? Will Petrobras stocks rise due to the exploration in the pre-salt layer?

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Mais informações: www.macaeoffshore.com.br

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CARTA AO LEITOR / LETTER TO THE READER

Parcerias fortalecem a indústria do petróleo A exploração do pré-sal tem sido pontuada por diversos desafios, como tecnologia de ponta, profissionais capacitados, parcerias tecnológicas com universidades e instituições, incentivos e uma carga tributária mais baixa. Se conseguir vencer todos esses desafios, a indústria de petróleo e gás sairá fortalecida e pronta para competir com qualquer empresa estrangeira. O desafio maior é construir todo este cenário em curto prazo, algo que exigirá, também, um esforço em conjunto de diversos órgãos, instituições e vontade política. O fator tempo ainda é o que demandará todo este processo de exploração do pré-sal. A mobilização da cadeia de fornecedores já começou através de seminários, fóruns e encontros empresariais que se propagaram por todo o país com foco nos projetos do pré e pós-sal. Mas o que fazer para atender a toda esta demanda com agilidade para não perder este bom momento? Alguns especialistas

acreditam que a cadeia de matérias, equipamentos e serviços só conseguirá ampliar os investimentos se houver uma ligação da velocidade de desenvolvimento das reservas com o tempo de adequação da indústria. Outros apontam a construção de parcerias e cooperação tecnológica e mais incentivos como uma saída. Suprir todas estas necessidades será um fator primordial para o crescimento da cadeia petrolífera. E isso é fato! Nesta edição, a Macaé Offshore abordou o tema com diversos especialistas do setor, tanto acadêmico quanto institucional, que avaliaram, sob diversos ângulos, o tempo certo para a exploração do pré-sal, dando sugestões e apontando os gargalos do setor. A revista traz ainda uma entrevista com o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que fala do plano de negócios e afirma que “estamos tratando de desafios e não de obstáculos”. Boa leitura!

Partnerships Strengthen the Oil Industry The investigation of pre-salt has been punctuated by many challenges like the leading-edge technology, qualified professionals, technological partnerships with the universities and institutions, encouragement and a lower tax load. If we are able to defeat all those challenges, the oil and gas industry will be strengthened and ready to compete with any foreign company. The greatest challenge is to build this scenery in short term, and it will require also a joint effort on part of different organs, institutions as well as a political will. Yet, the time factor is which will mandate all this pre-salt exploration process. The mobilization of the suppliers’ chain has already started by means of seminars, forums and business meetings which propagate all around the country, with the focus on pre and postsalt projects. But, what can we do to serve all this demand with agility so as not to lose this good 6 MACAÉ OFFSHORE

time? Some specialists believe that the chain of subjects, equipments and services will only increase the investments, if there were a development speed connection of the reserves with the industry adaptation time. Others suggest a building of partnerships and technological cooperation, and more incentives with one out put. The fulfillment of all these needs will be an essential factor for the growth of the oil chain. And that is a fact! In this edition, Macaé Offshore approached the subject with different specialists of the sector, not only academic but also institutional, that under different angles will assess the right time for the exploration of pre-salt, suggesting and pointing the bottleneck of the sector. The magazine also interviews Petrobras President, José Sérgio Gabrielli, who claims that “it is about challenges, not obstacles”. Have a nice reading!

Capa / Cover: Paulo Mosa Filho Foto / Photo: Reprodução A Macaé Offshore é uma publicação bimestral, bilíngue (Português / Inglês), editada pela Macaé Offshore Editora Ltda. Rua Teixeira de Gouveia, 1807 - Centro Macaé/RJ - CEP 27.916-000 Tel/fax: (22) 2770-6605 Site: www.macaeoffshore.com.br Macaé Offshore is a bimonthly, bilingual publication (Portuguese / English), edited by Macaé Offshore Editora Ltda. Rua Teixeira de Gouveia, 1807 - Centro Macaé - RJ - CEP 27.916-000 Tel/fax: (22) 2770-6605 Site: www.macaeoffshore.com.br Direção Executiva: / Executive Director: Bruno Bancovsky Edição Final: / Final Editing: Bruno Bancovsky Publicidade: / Advertising: Fernando Albuquerque publicidade@macaeoffshore.com.br Jornalistas: / Journalists: Ludmila Azevedo / MTB-699/ES Verônica Côrtes / MTB-31357/RJ redacao@macaeoffshore.com.br Diagramação: / Diagramming: Paulo Mosa Filho arte@macaeoffshore.com.br Revisão: / Review: José Tarcísio Barbosa Tradução em inglês: / English version: Start Consultoria em Traduções Distribuição: / Distribution: Dirigida às empresas de petróleo e gás To the oil and gas companies 60ª Edição - Setembro/Outubro 60th Edition - September/October Tiragem: / Copies: 10.000 exemplares/copies Assinatura: / Subscriptions: (22) 2770-6605 assinatura@macaeoffshore.com.br A editora não se responsabiliza por textos assinados por terceiros Macaé Offshore is not responsible for articles signed by third parties


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PORTAL DE NOTÍCIAS / GATEWAY NEWS

Pesquisa e desenvolvimento: Ferramentas para a indústria Na Baixada Santista, a cooperação tecnológica entre instituições de ensino e setor produtivo já é uma realidade. Iniciativas como a criação do Parque Tecnológico de Santos (SP), credenciado e incluído no Sistema Paulista de Parques Tecnológicos em outubro de 2009, têm sido primordiais para transformar a região em um polo de desenvolvimento capaz de atrair investimentos de empresas de diversas áreas de atuação. Desde a inclusão do empreendi-

mento santista no Sistema Paulista de Parques Tecnológicos, há dois anos, foram firmados dois convênios com a Secretaria Desenvolvimento do Estado de São Paulo para a transferência de recursos no valor de R$ 260 mil. O montante foi empregado na elaboração de dois planos: de Marketing e Atração de Empresas, que identificam as demandas de tecnologia em Santos, preparam projetos e ações que atraiam a instalação de novas empresas no Parque e no plano de Ciência, Tecnologia e Inovação, que tem o papel de

diagnosticar as instalações e as oportunidades de pesquisa que promovam inovações destinadas às empresas da região. Este último plano ainda está em fase de conclusão. Segundo o secretário de Desenvolvimento e Assuntos Estratégicos de Santos, Márcio Lara, o Parque só foi possível pela conscientização e mobilização de todos os órgãos e entidades, intensificando as atividades de pesquisa, agora focadas na principal vocação econômica da região, o pré-sal.

Research and development: tools to the industry In the Santos region the technological cooperation among the educational institutions and the productive sector is already a reality. Initiatives as the creation of the Technological Park of Santos (SP), accredited and included in the Paulist System of Technological Parks on October 2009, has been primordial to transform the region in a development pole, able to attract investment of companies of several actuation areas. As of the inclusion of the santist

undertaking in the Paulist System of Technological Parks, as of two years, it were signed two conventions with the Development Secretary of the State of São Paulo to the transfer of resources in the value of R$ 260 thousand. The amount was employed in the elaboration of the Companies Marketing and Attraction plans that identify the technology demands in Santos and to elaborate projects and actions that attract the install of new companies at the Park and in the Sciences, Technology and Innovation

RigNet comemora dez anos na indústria de óleo e gás Com a presença de clientes e fornecedores, diversas subsidiárias da RigNet Communications comemoraram, no final de agosto, os dez anos de existência da empresa. No Brasil, o evento foi na sede de Macaé, na Praia dos Cavaleiros. A empresa foi criada em Houston, no Texas – EUA. Durante a comemoração de aniversário, o gerente geral da empresa no Brasil, Maurício Rubinsztajn, disse que com base nas estimativas de crescimento desse mercado pulsante e em evolução contínua, a RigNet planeja seu crescimento para os próximos anos e investirá recursos para atender à demanda do promissor mercado brasileiro. “A empresa prevê em breve o lançamento de soluções para serviços onshore e customizadas para embarcações menores que também requeiram um alto grau de qualidade e confiabilidade em serviços”, declarou. 8 MACAÉ OFFSHORE

Plan, has the role to diagnosis the installs and the research opportunities that promote the innovation destined to the regional companies. This last plan is also in its conclusion phase. In accordance with the Santos Development and Strategical Subjects Secretary, Márcio Lara, the Park was only possible with the awareness and the mobilization of all bodies and entities, intensifying the research activities, now focused in the main economic vocation of the region, the pre-salt.

RigNet celebrates 10 year activity in the oil and gas industry With the presence of clientes and suppliers, RigNet Communications’ several subsidiaries celebrated at the end of August, 10 years of the company existence. In Brazil, the event was prestiged at the Macaé’s headquarters, in the Praia dos Cavaleiros. The company was created in Houston – Texas – USA. During the commemoration of the birthday, the company’s general manager for Brazil, Maurício Rubinsztain, said that, based in the growing estimates of this pulsing market and in continued evolution, the RigNet plans its growing to the next years and will invest resources to comply with the demand of the promising brazilian market”, declared. The company foresees soon the launching of solutions to onshore and customized services to small embarkations that also require a high degree of quality and reliability on services.


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ARTICULANDO

leilões

A continuidade dos não traz qualquer vantagem para o país

A

emenda constitucional número 9, de 1995, flexibilizou o monopólio estatal do petróleo. A tabela referente a águas profundas, onde está o pré-sal, estabelece percentuais de 10 a 40% sobre o óleo/lucro, ou seja, sobre o montante produzido, deduzidos os custos de produção, royalties, impostos e depreciações. No mundo, os países exportadores ficam com 84% do óleo/lucro, em média, e como suas produções são em campos terrestres e menos onerosas, eles ficam com mais de 70% do petróleo produzido. Depois de 30 anos de estudos, a Petrobras perfurou e descobriu uma província de petróleo fantástica. Nela, os riscos de exploração caíram para próximo de zero, pois a empresa perfurou mais de 15 poços e achou petróleo em todos esses campos. Então não se poderia mais usar a lei anterior, pois ela foi feita para riscos altos e o pré-sal não tem riscos.

A continuidade dos leilões não traz qualquer vantagem, pois a Petrobras tem todas as condições técnicas e financeiras para operar o pré-sal sozinha. Se os leilões continuarem, haverá problemas sérios quanto a controlar o ritmo da produção. Os países desenvolvidos estão numa dramática insegurança energética: basearam seu desenvolvimento no petróleo, mas não têm reservas. Os EUA têm reservas de 21 bilhões de barris e consomem cerca de 10 bilhões por ano. A Europa está pior e, na Ásia, a China tem 12 bilhões de barris de reservas e consome 6 bilhões por ano. O Japão e Coréia não têm reservas. Além disto, o cartel internacional do petróleo, que já dominou 90% das reservas mundiais, tem hoje menos de 5%. Todo esse manancial de pressões, que já mostrou o seu poder de lobby levando o governo brasileiro a quebrar o monopólio estatal, não vai aceitar limites de produção.

O presidente Lula, ao ser informado da magnitude da descoberta, corretamente, retirou 41 blocos do pré-sal, que estavam incluídos no 9º leilão conduzido pela ANP, e criou um grupo de trabalho interministerial para estudar um novo marco regulatório. Depois de 18 meses, o GT concluiu seu trabalho apresentando quatro Projetos de Lei: o do Fundo Social, o de criação da empresa Pré-sal Petróleo, o da capitalização da Petrobras e, o mais importante, o projeto que muda o contrato de concessão para partilha. Neste projeto, a propriedade do petróleo volta para a União e ela remunera os custos de produção em petróleo. Este projeto trouxe avanços consideráveis, pois eleva a participação da União e designa a Petrobras como operadora única, mas peca por permitir a continuidade dos leilões.

Assim, o Governo Lula enviou os projetos para o Congresso e, na Câmara, o relator Henrique Alves inseriu um dispositivo que devolve os royalties, em petróleo, ao produtor. Piorou muito o projeto do Executivo. Denunciamos isto no Senado e o relator retirou a emenda, mas, sub-repticiamente, a inseriu de volta em 4 artigos do seu relatório. O senador Pedro Simon, a nosso pedido, fez uma emenda-antídoto para esse veneno, proibindo a devolução de royalties. Incluiu também dispositivo que distribui os royalties para todos os estados igualmente, segundo a lei dos fundos de participação de estados e municípios, que está em revisão no Congresso.

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Desinformado e sob pressão do lobby internacional, o presidente Lula vetou a emenda Simon – o antídoto – e deixou a

emenda Jucá – o veneno. Nosso trabalho hoje é lutar contra os leilões, pois se eles continuarem, os países desenvolvidos e o cartel do petróleo irão pressionar para produzir a todo vapor para salvá-los da complicada insegurança energética, e o pré-sal, que pode durar 45 anos, poderia acabar em 13 anos. A nosso ver, o ritmo da produção tem que ser compatível com as necessidades do País, pois sem o pré-sal já temos autos-suficiência para 15 anos. Com ele, para mais de 50 anos. Então não há pressa, até porque a chegada do pico de produção vai tornar o petróleo cada vez mais estratégico e mais caro. A Petrobras já está produzindo 100 mil barris por dia do pré-sal e está preparada para produzir 2.000 barris por dia até 2020. Não há barreira tecnológica para o desenvolvimento do pré-sal. Os principais gargalos existentes são a perfuração, a completação submarina (árvore de natal molhada) e a linha flexível. Todos esses serviços são prestados por empresas independentes, com a tecnologia desenvolvida em conjunto com a Petrobras. Concluindo, ponderamos que o Brasil precisa assumir o controle do pré-sal para que os brasileiros, seus donos, possam usufruir da sua riqueza. Temos que aumentar o nosso parque de refino, exportar derivados com valor agregado, e controlar o ritmo de produção para que não o esgotemos precocemente, deixando as gerações futuras a ver navios ou plataformas estrangeiras.

Fernando Siqueira é engenheiro, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET). É presidente do Conselho Fiscal da Fundação Petrobrás de Seguridade (PETROS) e vice-presidente do Clube de Engenharia. Escreveu com mais três outros autores o livro ‘La Batalla por el petróleo y el gas en America Latina”.


NEWS & VIEWS

The continuity of the

auction does not bring any benefit to the country

T

he constitutional amendment number 9, from 1995, made flexible the state monopoly of oil. To address this change, the law 9478/97 was drafted, which actualized in its article 26, the breaking of the monopoly and transferred the property of oil to whom it produced it. After the Decree 2705, from 1998, was promulgated, which established special participation tables with percentage to be paid to Union by the consortium producers. The table referring to deep water, where the pre-salt is, establishes the percentage from 10 to 40% over the oil/ profit, i.e., the amount produced minus production costs, royalties, taxes and depreciation. So, to 94,000 barrels per day, per field, the producer does not pay a special participation, only 10% of the royalties to the Union. Since the table is progressive, and the production costs are around US$ 45 per barrel, this special participation is very low. Today, it is between 11% and 12%. Therefore, the producer shall pay to the Union, depending on the volume produced, between 10% and 21% in cash because, according to the Law 9478/97, oil belongs to those who produce it. Worldwide, exporting countries stay with 84% of oil / profit, on average, and as their products are in less expensive lands and fields, they get more than 70% of the oil produced. When the Law 9478/97 was passed, the justification was that it was necessary to encourage the arrival of foreign capital to run a high risk. It happens that, after 30 years of study, and when the technology allowed, Petrobras drilled and found a great oil province. In it, the business risks have fallen nearly to zero, as the company drilled over 15 wells and found oil in all these fields. So the previous law could not longer be used because it was made for high risks and pre-salt has no risks. When President Lula was informed of the magnitude of the discovery, he correctly took 41 of the pre-salt blocks which were included in the 9th auction conducted by the ANP, and created an interministerial

working group to study a new regulatory framework. After 18 months, the Working Group concluded its work by presenting four Bills: the Social Fund, the creation of company Pré-sal Petróleo, the capitalization of Petrobras and, most importantly, the project that changes the concession contract for sharing. In this project, ownership of the oil returns to the Union and it pays the production costs of oil. This project has brought significant progress because it elevates the participation the Union and designates Petrobras as the sole operator, but is guilty of allowing the continuation of the auction. The continuity of the auction does not bring any advantage because Petrobras has all the technical and financial conditions to operate the pre-salt alone. If the auctions continues, there will be serious problems in controlling the pace of production. Developed countries are in a dramatic energy insecurity: they base their development on oil but do not have reservations. The U.S. has reserves of 21 billion barrels and consumes about 10 billion per year. Europe is worse and, in Asia, China has 12 billion barrels of reserves and consumes 6 billion a year. Japan and Korea do not have reservations. In addition, the international oil cartel, which once dominated 90% of the world, now has less than 5%. All this wealth of pressures, which has already shown its lobby power leading the Brazilian government to break the state monopoly, will not accept limits of production. Thus, the Lula government sent projects to the Congress and, in the House, the rapporteur Henrique Alves inserted a device that returns the royalties on oil to the producer. The Executive project went way down. We denounced this in the Senate and the rapporteur withdrew the amendment, but surreptitiously, inserted back into the four articles of his report. Senator Pedro Simon, at our request, made a antidote ammendment to this poison, prohibiting the return of royalties. He also included the device that distributes royalties

to all states equally under the law of equity funds of states and municipalities, which is under review in the Congress. Uninformed and under pressure from international lobby, President Lula vetoed the Simon amendment - the antidote - and left the Juca amendment - the poison. Our job today is to fight the auction, because if they continue, the developed countries and the oil cartel will push to produce at full throttle to save them from the complicated energy insecurity, and the pre-salt, which can last 45 years, could end in 13 years. In our view, the pace of production has to be compatible with the needs of the country, because without the pre-salt we already have self sufficiency for 15 years. With it, for over 50 years. So there is no hurry, because the arrival of the production peak will become more strategic and more expensive. Petrobras is already producing 100,000 barrels per day of pre-salt and is prepared to produce 2,000 barrels per day by 2020. There is no technological barrier for the development of pre-salt. The main bottlenecks are drilling, subsea completions (subsea Christmas tree) and the flexible line. All these services are provided by independent companies, with technology developed jointly with Petrobras. In conclusion, we ponder that Brazil needs to take control of the pre-salt so that the Brazilians, their owners, can enjoy their wealth. We must increase our refining capacity, export value-added derivatives, and control the pace of production so that we don’t drain early, leaving future generations to see foreign vessels or platforms.

Fernando Siqueira is an engineer, president of the Association of Petrobras Engineers (AEPET). He is chairman of the Supervisory Board of Petrobras Security Foundation (PETROS) and vice president of the Engineering Club. He wrote with three other authors, the book ‘La Batalla por el petróleo y el gas en America Latina.” MACAÉ OFFSHORE 11


Gestão de negócios

Como atender essa demanda do Pré-Sal? *Por Alexandre Andrade, PMP De acordo com o BNDES, R$1,3 trilhão será investido no país entre 2010 a 2013 nos setores de infraestrutura industrial e de edificações. O segmento industrial - petróleo e gás, mineração, siderurgia, química, indústria automotiva, eletroeletrônico e papel e celulose - deve receber grande parte deste investimento, aproximadamente, R$ 549 bilhões. Já o setor de infraestrutura - energia elétrica, telecomunicações, saneamento, ferrovias, rodovias e portos - irá movimentar R$ 310 bilhões. A área de construção civil vai mover R$ 465 bilhões. Com esse cenário de grandes investimentos e empreendimentos, temos que analisar como vamos nos preparar para atender essa demanda? O Governo já se mostrou incapaz de fazê-lo, principalmente, com relação à gestão desses grandes empreendimentos. E com projetos tão importantes a necessidade imediata para atender todas essas frentes não será só por profissionais, mas também deverá haver uma mudança estrutural e cultural dentro das empresas.

A questão do Pré-sal é a que mais merece atenção por vários motivos, pela questão da logística e do desenvolvimento tecnológico. As descobertas da camada do pré-sal na Bacia de Santos levantam algumas questões como quais serão as estratégias de gestão utilizadas na exploração da área? O assunto vai render oportunidades de negócios para as empresas, mas só para aquelas que estiverem preparadas para este novo cenário no Brasil.

Acredito que este é o momento em que o pré-sal dará um novo impulso em inovações e tecnologias, com foco em Gerenciamento de Projetos, através do desenvolvimento de estruturas organizadas eficientes.

Como destaquei no alerta para a questão da tecnologia, novos equipamentos e materiais mais modernos começaram a fazer parte deste contexto. A indústria nacional e as empresas da área de petróleo e gás, que estiverem com processos de gestão e produção ultrapassados, não serão incluídas neste novo cenário.

Do ponto de vista profissional, o mercado estará cada vez mais exigente na busca por profissionais capacitados, com perfil de liderança, integração, inovação e, principalmente, com visão estratégica para os negócios.

Com esses investimentos, serão viabilizadas estratégias organizacionais, alcançando os objetivos e metas determinados pelo governo através da Petrobras e pelas organizações, que agora, mais que nunca, necessitam de competências para implementar estes empreendimentos.

Outro ponto importante e crítico é a criação de Escritórios de Projetos (PMOs) Estratégicos voltados para o desenvolvimento de metodologias, processos, ferramentas e treinamentos de pessoas.

Sem dúvida nenhuma, essa nova era de desenvolvimento na área de Óleo e Gás com o pré-sal trará boas oportunidades para o campo de Gerenciamento de Projetos e para o crescimento do Brasil. Com isso, colocará o país entre os mais importantes não só em produção de petróleo, mas em gestão e implantação de grandes empreendimentos.

* Alexandre Andrade é graduado em Administração pelo Isecensa Campos/RJ, certificado pelo PMI (PMI® - Project Management Institute) como PMP® (Project Management Professional) desde 2008. Possui MBA em Engenharia de Petróleo pela Funcefet Macaé, trabalha na área de Óleo e Gás há 11 anos em Macaé e há sete anos atua como Gerente de Projetos nos segmentos de Tecnologia da Informação e Óleo e Gás na Petrobras.

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business management

How to meet such demands from the Pre-Salt Layer? * By Alexandre Andrade, PMP

According to BNDES, R$ 1.3 trillion will be invested in the Brazil from 2010 and 2013 in the infrastructure and building sector. The industrial-petroliferous sector, along with gas, mining, steel, chemistry, automobile industry, electrical-electronic products, paper and cellulose – is to receive great part of this investment, about R$ 549 billion. On the other hand, infrastructure, electric power, telecommunications, sanitation, railways, roads and ports will move R$ 310 billion. Building will move R$ 465 billion. With this scenario of large investments and ventures, we have to find out how we are going to be prepared to meet such demand.

most of the attention for several reasons, both due to logistics and technologic development. Recent discoveries at the pre-salt layer in Bacia de Santos raise an issue on what management strategies are used in the exploration of the area. The subject will lead to business opportunities for companies, but only for those prepared to this new scenario in Brazil.

the pre-salt layer will push new impulse for technological innovations, focusing on Project Management, through development of efficient organized structures.

As I have pointed out in the alert for technologic issues, new equipment and more modern materials have started to be part of this context. The domestic industry and oil and gas companies under outdated management and production processes will not be included in this new scenario.

From the professional point of view, the market will be more and more demanding in the search for skilled professionals with a profile for leadership, integration, innovation and, especially, with a strategic view for business.

The Government could not do it, especially regarding the management of these huge enterprises. To such important projects, there will be the need to meet all these work fronts not only by professionals, but it also should have a structural and cultural change in companies.

With these new investments, organizational strategies will be made available, achieving goals and targets determined by the government through Petrobrás and companies that now, more than ever, need the skills to implement such enterprises.

The Pre-Salt layer deserves

I believe this is the time where

Another important and critical issue is the creation of Strategic Project Offices (PMOs), focused on the development of methodologies, processes, tools and personnel training.

Undoubtedly, this new age of development in the Oil and Gas industry to the Pre-salt layer will bring good opportunities for the Project Management area and for the development of Brazil. Due to this, the country will be placed among the most important nations, not only in terms of Oil production, but also regarding the management and implementation of large enterprises.

*Alexandre Andrade holds a Bachelor’s Degree in Business Administration from Isecensa Campos/RJ, a PMI® certificate as a PMP® (Project Management Professional) since 2008, and holds an MBA in Petroleum Engineering from Funcefet Macaé; he has been in the Oil Gas segment in Macaé for 11 years, and has been working for Petrobras as a project manager for seven years in the sectors of Information Technology and Oil and Gas.

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Por dentro do mercado

As ações da Petrobras irão subir impulsionadas pela exploração do petróleo na camada pré-sal? *Por Celso Vianna Cardoso Existe uma forte especulação a respeito do momento em que o preço das ações da Petrobrás irá subir impulsionado pela exploração do petróleo na camada pré-sal, porém, ao contrário da expectativa de alta, o que vimos até agora foi uma desvalorização do preço das ações da petroleira brasileira da ordem de 26%, quase um ano depois do plano de capitalização em setembro de 2010. A pergunta que fica é: Afinal, o que falta para o preço das ações da Petrobras subir? Entre os principais fatores da queda recente esteve a insatisfação do mercado com o plano de capitalização, já discutido em outro artigo, que foi totalmente injusto com os acionistas minoritários que viram sua participação ser diluída em contraste com o aumento do controle do governo para 50,45% do total das ações da companhia. O mercado, que não costuma tolerar esse tipo de manobra, cobrou o preço, iniciando um movimento de venda das ações.

O plano para captação de recursos tem como objetivo evitar o aumento do índice de endividamento da Petrobrás, ameaçando o rebaixamento do “rating” dos títulos da empresa. No cenário político, o governo federal e os municípios produtores não conseguem chegar a um consenso sobre a distribuição dos royalties do pré-sal, estimados em R$25 bilhões. Os municípios não produtores fazem pressão no Congresso para receber parte desse bolo, enquanto os produtores lutam para manter o percentual atual e exigem reparos pelos possíveis danos ambientais. Maior beneficiado pelos royalties e acionista controlador da Petrobras, o governo federal não dá sinais de que irá abrir mão de parte de sua participação nesse bolo para atender às demandas dos municípios produtores e não produtores.

A conjuntura da economia mundial traz incertezas quanto ao aumento da demanda por petróleo, forçando os preços para baixo. Os EUA não conseguem atingir os níveis de produção e emprego do período pré-crise, a Europa, mergulhada numa recessão puxada pela Grécia, Espanha, Portugal e França, ameaçados de rebaixamento, cria um cenário de incerteza quanto à demanda por petróleo para os próximos anos. Havendo uma queda no consumo, o preço da commodity tende a cair, reduzindo a margem de lucro do setor. Do mercado podemos esperar todo o tipo de reação, porém redução de margem devido à crise mundial, pesados investimentos que aumentarão a dívida da Petrobras e a incerteza política não criam uma conjuntura favorável para uma alta no preço das ações da Petrobras no curto e médio prazo.

25%

20%

15%

Pelo lado financeiro, o investimento de R$389 bilhões até 2015 poderá trazer para a Petrobras dificuldades de caixa nos próximos anos. As previsões indicam que a estatal irá precisar levantar algo entre U$ 7 a US$ 12 bilhões ao ano no mercado via debêntures ou lançamento de novas ações. A venda de ativos no valor estimado de U$13 bilhões está sendo considerada para aumentar a captação de recursos para fazer frente aos investimentos no pré-sal. 14 MACAÉ OFFSHORE

10%

5%

Petrobras 0%

Shell

Petrochina

Exxon

Chevron

BP Amoco

WTI -5%

-10%

-15%

-20%

Valorização do preço das ações das maiores produtoras de petróleo do mundo entre setembro/2010 e agosto/2011 Valuation of stock price of the largest oil producers of the world from September 2010 to August 2011


inside the market

Para o longo prazo, no entanto, a situação é diferente. Como podemos notar no gráfico, todas as empresas de petróleo tiveram valorização no preço de suas

ações desde a data em que a Petrobras executou seu plano de capitalização em setembro/2010, o que nos leva a concluir que a desvalorização da Petrobras

está mais ligada a fatores de gestão interna, que deverão ser ajustados antes de vermos os preços das ações da Petrobras voltarem a subir. 

*Celso Vianna Cardoso é analista de sistemas formado pela PUC-RJ, com MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC. Seu trabalho de pós-graduação foi desenvolvido com foco na melhoria de performance das trades através de ajustes de parâmetros dos indicadores. É coautor do livro “Análise Técnica Clássica”, lançado pela Editora Saraiva em 2010, e Diretor de Novos Negócios da Inove Investimentos.

Will Petrobras stocks rise due to the oil exploration in the pre-salt layer? * By Celso Vianna Cardoso There is a strong speculation regarding the moment in which the price of the Petrobras stocks will rise due to the oil exploration in the pre-salt layer; however, unlike the high expectations, what we have seen so far is the devaluation of the stock prices of the Brazilian oil company comprising 26%, nearly one year after the capital plan in September 2010 The question remains: By the way, what needs to be done for Petrobras stocks to rise? Out of the main factors of the recent decline in stocks, it is the dissatisfaction of the market with the capital plans, already discusses in another article, which was totally unfair with the minor stockholders, who saw their participation being diluted in contrast with the increase of control by the government to 50.45% of the total of the stocks of the company. The market, which usually does not tolerate this type of manipulation, has charged the price, thus starting a movement of stock sale. Financially, the investment of R$ 389 billion up to 2015 may bring to Petrobras cash difficulties in the next years. Forecasts

show that this public company needs to raise from US$ 7 to US$ 12 billion per year in the market via debentures or releasing new stocks. The sale of assets in the foreseen amount of US$ 13 billion has been considered to improve fundraising to deal with investments in the pre-salt layer. The plan for fundraising aims at avoiding the debt ratio of Petrobras, threatening to rate downgrade of the company’s securities. In the political scenario, the federal government and the producer municipalities cannot get to an agreement about the distribution of the pre-salt layer royalties, foreseen in R$ 25 billion. The non-producer municipalities are forcing the Congress to receive a piece of this cake, while the producers fight to keep the current percentage, demanding repair for the possible environment damages. The federal government, which benefits the most by the royalties and is the controlling stockholder of Petrobras, does not give evidence that it will not give up its participation in this cake to meet the demands of producers and non-producers municipalities. The situation of the world economy brings uncertainty about the increase of

demand for oil, forcing the prices down. The USA cannot reach the pre-crisis levels of production and employment; Europe, which is drowned in a recession created by Greece, Spain, Portugal and France, threatened with demotion, creates a scenario of uncertainty about the demand for oil for the next years. Once the consummation decreases, commodity prices tend to decrease, thus reducing the profit of the sector. We can expect from the market all types of reaction; however, decrease of profit due to the global crisis, the heavy investments that will increase Petrobras debt and the political uncertainty do not create a favorable situation for raising the value of Petrobras stocks in short and long terms. For long terms, however, the situation is different. As we can see in graph, all the oil companies have raised the price of their stocks since the date on which Petrobras performed its capital plan in September 2010. That makes us to deduce that the devaluation of Petrobras is much related to factors of internal management, which shall be adjusted before we see Petrobras stocks raise again. 

* Celso Vianna Cardoso is a system analyst graduated by PUC-RJ and MBA in Business Management by IBMEC. His post-graduation work was developed with the focus on the trade performance through adjustments of indicators settings. Co-author of the book “Análise Técnica Clássica” (Classic Technical Analysis), released by Editora Saraiva in 2010 and New Business Director of Inove Investimentos.

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ENTREVISTA

Ricardo Cunha Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento da Indústria do Petróleo e Gás, o BNDES criou o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia de Fornecedores de Bens e Serviços relacionados ao setor de Petróleo e Gás Natural (BNDES P&G) que irá emprestar R$ 4 bilhões até o fim de 2015. Uma das linhas do programa é criar e ampliar a capacidade produtiva das empresas, além de aperfeiçoar instrumentos que as capacitem a aumentar sua participação no mercado. Em entrevista à Revista Macaé Offshore, o chefe do Departamento da Cadeia Produtiva de Petróleo e Gás da Área da Indústria de Base do BNDES, Ricardo Cunha, fala sobre o Programa e seus diferenciais.

Por Ludmila Azevedo

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Macaé Offshore - Quais as ações do Banco para beneficiar as micro e pequenas empresas? Ricardo Cunha - Atualmente, a cadeia de fornecimento de P&G é composta em cerca de 80% de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), empresas que faturam por ano até R$ 90 milhões. Sendo assim, recentemente, o BNDES apro-

vou o programa BNDES P&G, que facilita o acesso ao crédito e proporciona condições mais favoráveis para as MPMEs.

M.O. - Como funciona o BNDES P&G? R.C. - O BNDES P&G tem três formas de apoio, com os seguintes objetivos: i) aumento da capacidade produtiva; ii) fortalecimento da cadeia produtiva, que inclui a aquisição de empresas estrangeiras que possuem tecnologia que o Brasil ainda não detém; e iii) capital de giro. Além dessas linhas, existem também as linhas de inovação tecnológica, que também podem ser utilizadas pelo setor.

M.O. - Como é feito o processo de cadastro destas empresas no BNDES P&G? R.C. - O processo é exatamente o mesmo de solicitação de apoio financeiro ao BNDES. Há duas formas de apoio: 1) modalidade direta; 2) modalidade indireta de financiamento. Na modalidade direta, a empresa tem que apresentar uma carta consulta para o projeto ser aceito para análise. 16 MACAÉ OFFSHORE

Posteriormente, a empresa tem que apresentar o detalhamento do projeto. A equipe de análise do BNDES analisará o mérito e a viabilidade econômica do projeto. Caso tudo esteja dentro dos requisitos no que concerne a licenças ambientais, certidões etc., o projeto será submetido à Diretoria do BNDES. Na modalidade indireta nãoautomática, a empresa precisa acessar os recursos do BNDES por meio de uma instituição financeira credenciada pelo próprio banco.

M.O. - Que tipo de facilidade é oferecido às micro e pequenas empresas na hora da concessão do crédito? R.C. - O grande diferencial do BNDES P&G é facilitar a concessão de crédito para as MPMEs. Neste contexto, o BNDES aceita o contrato de prestação de produto ou serviços com uma empresa do setor de P&G, operadora ou não, como garantia. Além disso, o limite de crédito será em função do valor do contrato ou do faturamento da MPME e não necessariamente em função dos ativos ou do patrimônio da empresa, conforme a análise tradicional. Os spreads básicos para as MPMEs também serão menores do que para as médias e grandes empresas.


entrevista

M.O. - Qual o tempo que as empresas esperam para aprovação do crédito? Este tempo difere das outras modalidades de empréstimos oferecidos pelo Banco? R.C. - O trâmite interno será o mesmo das outras modalidades. O tempo pode ser reduzido quando a empresa apresentar o projeto com todas as documentações em ordem, como licença ambiental, certidões de dívida ativa, FGTS, RAIS etc., declarações e quando o projeto for menos complexo.

M.O. - Quais as diferenças entre os sistemas de crédito oferecidos pelos bancos de linha em relação ao BNDES? R.C. - O BNDES sempre tem como foco desenvolver e gerar empregos no país, oferecendo taxas mais favoráveis e financiamento de longo prazo. As condições financeiras previstas no programa têm taxas de juros que variam de 4,0% ao ano, para inovação, até 11,04%, para o financiamento a capital de giro, nas operações diretas. Os projetos precisam ter objetivos claros, de forma que o BNDES possa verificar que o projeto exerce um papel importante e estratégico para o desenvolvimento da indústria nacional de petróleo e gás, gerando emprego e renda no país. Outra inovação é a empresa-âncora. Trata-se de uma companhia de maior porte, com receita operacional bruta anual acima de R$ 90 milhões. A partir de um Plano de Desenvolvimento de Fornecedores, ela vai direcionar no mínimo 30% dos recursos do financiamento aos seus fornecedores e subfornecedores.

M.O. - Em relação ao BNDES P&G, qual será o mecanismo adotado pelo Banco para facilitar o acesso ao crédito das micro e pequenas empresas visto que um dos objetivos do BNDES

P&G é evitar a dificuldade ao crédito a essas empresas. R.C. - O grande diferencial do BNDES P&G é facilitar a concessão de crédito para as MPMEs. Neste contexto, o BNDES aceita o contrato de fornecimento de um bem ou prestação de serviços com uma empresa do setor de P&G, operadores ou não, como garantia. Além disso, o limite de crédito será calculado em função do valor do contrato ou do faturamento da empresa e não necessariamente em função dos ativos ou dos patrimônios da em-

O grande diferencial do BNDES P&G é facilitar a concessão de crédito para as MPMEs presa, conforme a análise tradicional. Essas mudanças de critérios por si só ampliam o limite de exposição do BNDES às MPMEs da cadeia produtiva de petróleo e gás.

M.O. - Somando o acesso ao crédito, uma reforma fiscal e tributária não contribuiria para o desenvolvimento de uma cadeia produtiva

mais forte e competitiva? R.C. – Sim! Toda redução de custo de produção favorece a competitividade da indústria.

M.O. - A crise internacional não irá afetar ou desacelerar os investimentos das micro e pequenas empresas para o pré-sal? R.C. - O mundo está em crise devido à crise bancária e financeira dos EUA e Europa. A Petrobras acabou de lançar seu novo plano de negócios, pretendendo investir um valor vultoso no país, mesmo considerando esse cenário internacional. É o maior plano de investimento no mundo. Pela necessidade de a Petrobras produzir tanto no pós-sal quanto no pré-sal, será necessária uma demanda enorme de bens e serviços que as MPMEs poderão suprir. Além disso, com exigência de conteúdo local por parte da ANP, haverá obrigatoriedade de aquisição de bens e serviços nacionais.

M.O. - Como o BNDES avalia hoje a cadeia produtiva de petróleo e gás? Somente os recursos financeiros ajudariam as micro e pequenas empresas a se desenvolver e acompanhar os projetos do pré-sal? R.C. - Existem várias ações em paralelo por diversas instituições, que se autocomplementam para atingir o objetivo final, que é desenvolver uma indústria de fornecimento da cadeia de P&G competitiva. Uma das ações é o financiamento do BNDES através do programa BNDES P&G. Como exemplo de outras ações, podemos citar a política de conteúdo local, o Progredir da Petrobras, o Prominp, entre outros não citados, porém também muito importantes para que o objetivo final seja alcançado.  MACAÉ OFFSHORE 17


INTERVIEW

Ricardo Cunha With the purpose of contributing for the development of the Oil and Gas Industry, BNDES has created the Program of Support to Development of the Suppliers Chain of Goods and Services related to the Oil and Natural Gas Sector (BNDES P&G), which will lend R$ 4 billion until the end of 2015. One of the lines of the program is to create and expand the productive capacity of companies, and improve instruments that will enable them to increase their participation in the market. In an interview with the Magazine Macaé Offshore, the head of the Department of Supply Chain of Oil & Gas of the Industry Base Area of ​​BNDES, Ricardo Cunha, talks about the program and its differences.

By Ludmila Azevedo

Macaé Offshore - What are the Bank’s actions for the benefit of micro and small businesses? Ricardo Cunha - Currently, the supply chain for P&G is composed of about 80% of micro, small and medium sized enterprises (MSMEs), businesses that bill up to $ 90 million a year. So, recently, BNDES approved the program BNDES P&G, which facilitates the access to credit and provides more favorable conditions for MSMEs.

M.O. - How does BNDES P&G work? R.C. - BNDES P&G has three forms of support, with the following objectives: i) increase production capacity, ii) strengthen the productive chain, which includes the acquisition of foreign companies that have technology that Brazil does not own yet, and iii) working capital. Besides these lines, there are also lines of technological innovation, which can also be used by industry.

M.O. - How is the process of registration of these companies in BNDES P&G? R.C. - The process is exactly the same for the request of financial support from BNDES. There are two forms of support: 1) direct mode, and 2) indirect mode of financing. In the direct mode, the company has to submit a query letter for the project to be accepted for analysis. Subsequently, the company has to present the detailed project. The review team of BNDES will examine the merits and the economic viability of the project. If everything turns out to be within the requirements regarding environmental permits, certificates etc., 18 MACAÉ OFFSHORE

the project will be submitted to the Board of BNDES. In the indirect non-automatic mode, the company needs to access to BNDES resources through a financial institution accredited by BNDES.

The major advantage of BNDES P&G is to facilitate the granting of credit to MSMEs

M.O. - What kind of ease is offered to micro and small enterprises at the time of granting the credit?

R.C. - The major advantage of BNDES P&G is to facilitate the granting of credit to MSMEs. In this context, BNDES accepts the contract to provide products or services with a company in the P&G sector, operator or not, as guaranty. In addition, the credit limit will be based on the value of the contract or billing of MSME and not necessarily in terms of assets or the patrimony of the company, according to the traditional analysis. The basic spreads for MSMEs will also be smaller than for medium and large enterprises.

M.O. - How long should the companies expect to get the credit approved? Does this time differ from other types of loans offered by the Bank? R.C. - The internal process is the same as other modalities. The time can be reduced when the company presents the project with all the documentation in order, as an environmental license, certificates of active debt, FGTS, RAIS, etc., statements and when the project is less complex.

M.O. – What are the differences between the credit systems offered by the line banks in relation to BNDES? R.C. - BNDES always has a focus to develop and generate jobs in the country, offering more favorable fees and long term financings. The financial conditions set forth in the program have three interest rates, which vary of 4.0% per year, for innovation, up to 11.04%, for the financing of the working capital, in the direct operations. The projects need to have clear


INTERVIEW

objectives, in a way BNDES can verify that the project plays an important and strategic rule for the development of the national oil and gas industry, generating jobs and income in the country. Another innovation is the anchor-company. It is a big company, with annual gross operational income above R$ 90 million. As form a Plan of Development of Suppliers, it will direct, at least, 30% of the resources of the financing to its suppliers and sub-suppliers.

billing of the company and not necessarily in terms of assets or the patrimony of the company, according to the traditional analysis. These changes in criteria alone broaden the exposure limit of BNDES to MSMEs in the production chain of oil and gas.

M.O. - Adding access to credit, wouldn’t a tax and fiscal reform contribute to the development of a stronger and more competitive productive chain?

M.O. - Regarding BNDES P&G, what is the mechanism adopted by the Bank to facilitate access to credit for micro and small enterprises as one of the goals of BNDES P&G is to avoid the difficulty of credit to these companies.

R.C. - Yes! Any reduction in cost of production enhances competitiveness of the industry.

R.C. - The major advantage of BNDES P&G is to facilitate the granting of credit to MSMEs. In this context, BNDES accepts the contract to provide services with a company in the P&G sector, operators or not, as guaranty. In addition, the credit limit will be based on the value of the contract or

R.C. - The world is in crisis due to banking and financial crisis in the U.S. and Europe. Petrobras has just released its new business plan, pretending to invest a bulky value in the country, even considering the international scene. It is the largest investment plan in the world. By the need of

M.O. - Won’t the international crisis affect or slow down investments in small and medium enterprises for the pre-salt?

Petrobras to produce as much in post-salt as in post-pre-salt will require a huge demand for goods and services that MSMEs may meet. Moreover, with local content requirement by the ANP, there will be compulsory acquisition of domestic goods and services.

M.O. - How does BNDES estimate today the production chain of oil and gas? Would the financial resources only help micro and small businesses to develop and monitor the projects of the pre-salt? R.C. - There are several actions in parallel by several institutions, which self complement to achieve the final goal, which is to develop an industry supply chain of competitive P&G. One of the actions is the financing of BNDES through the BNDES P&G program. As examples of other actions, we can mention the local content policy, the Progress of Petrobras, Prominp, among others not mentioned, but also very important for the ultimate goal to be achieved.

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TECNOLOGIA

Dutos:

um mergulho tecnológico na era pré-sal Kita Pedrosa

No Brasil, empresas do setor petrolífero estão diante de um boom de investimentos Por Verônica Côrtes

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plataformas precisam de tubos de exploração e perfuração que possam suportar ondas sísmicas, correntes fortes em águas profundas e que resistam à pressão e à corrosão.

Tendo o país como um rico território de perspectivas neste mercado, o desenvolvimento de tecnologias de exploração em águas profundas é um ponto determinante nesse segmento. A extração de petróleo dessa camada pré-sal é um dos maiores desafios que o país enfrenta atualmente. As empresas do setor dutoviário, por exemplo, são de suma importância nesse processo, pois exigem tubos com características diferentes dos usados em águas rasas. As

Hoje, as empresas já estão se adequando a este cenário em busca de soluções tecnológicas. O diretor de negócios da Protubo, Sergio D´Oliveira, diz que um dos principais mercados atendidos pela empresa é justamente o de equipamentos para exploração submarina. A Protubo atua com soluções integradas para projetos de tubulações industriais. A empresa fornece tubos curvados para todos os fabricantes de árvores de natal molhadas, manifolds, Plets/Plem, além de curvas para gasodutos e oleodutos submarinos. “Neste mercado, os requisitos de qualidade são extremamente altos e para atender à crescente demanda por materiais com alta resistência à corrosão, a empresa até fez no ano passado uma parceria estratégica com a australiana

om a confirmação da existência de gigantescos campos de petróleo na camada do pré-sal, o Brasil se coloca hoje em destaque no mercado mundial. O país virou o centro das atenções para investimentos na exploração do pré-sal. E nessa constante busca de poços cada vez mais produtivos, as empresas do segmento procuram melhorar a eficiência dos seus serviços no novo ambiente exploratório. Elas precisam se desenvolver para atender às demandas.

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Cladtek, uma das maiores fornecedoras de tubos de aço carbono com a tecnologia conhecida como clad. É uma troca de experiências”, destaca. De acordo com Sérgio, a empresa tem atualmente em operação cinco máquinas capazes de revestir pelo processo de weld overlay, usando tubos com 12m de comprimento, com diâmetro interno a partir de 48mm, e quatro máquinas de curvamento por indução capazes de produzir curvas com raio a partir de uma vez e meia o diâmetro em tubos de até 38”. “Nós estamos mantendo estreito relacionamento com os principais fornecedores de equipamentos para exploração submarina e com fabricantes de tubos e de insumos para o processo de clad, com foco no desenvolvimento de materiais com excelente resistência à corrosão e alta resistência mecânica”, disse D’Oliveira, lembrando que, deste estudo, a empresa em breve estará fornecendo tubos curvados de aço carbono


TECNOLOGIA

Divulgação

revestidos com Inconel, um dos materiais mais resistentes à corrosão no mercado, com resistência mecânica superior a 80ksi, aptos a atender às altas pressões e ao ambiente corrosivo das operações dos campos do pré-sal. O desenvolvimento de dutos capazes de operar nestas condições é uma peça chave para o estabelecimento de uma divisa (águas ultraprofundas) e traz grandes desafios em termos tecnológicos e resistência para os fabricantes. Para D’Oliveira, o maior desafio é desenvolver materiais e fornecer produtos de alta performance com alta resistência mecânica, capazes de suportar o trabalho em águas ultraprofundas e, ao mesmo tempo, ter alta resistência à corrosão devida ao elevado teor de H2S e CO2 presente no petróleo do pré-sal. E para atender a essa demanda, a empresa vem aperfeiçoando permanentemente seus processos, tendo feito recentemente parceria com a Cladtek. Ela está participando de diversos

Diretor de Negócios da Protubo, Sérgio D`Oliveira Director of Business from Protubo, Sérgio D`Oliveira

projetos em que são fornecidos ao mercado offshore tubos curvados revestidos com Inconel. Os custos de exploração para as empresas do setor são outro fator relevante

nesse processo, pois, além das tecnologias, envolvem a logística e o transporte, que têm geralmente preços elevados. Para garantir um valor competitivo no mercado e compensar os investimentos, as empresas também estão se ajustando. Sérgio D’Oliveira, da Protubo, pontua que o ambiente de negócios no Brasil é extremamente desfavorável principalmente pela alta carga de impostos, contudo, a empresa tem conseguido manter a competitividade através do controle efetivo dos custos de produção e com o desenvolvimento de parceria com fornecedores locais, que possibilitam reduzir os custos logísticos e, consequentemente, o custo do produto. “Em paralelo a estas ações, o aprimoramento contínuo da qualidade dos produtos, incorporando as mais avançadas tecnologias para o curvamento por indução, também contribui para que continuemos a fornecer ao mercado produtos com excelente qualidade a preços competitivos”, avalia o diretor. Kita Pedrosa

Tubos curvados revestidos com inconel, resistentes à corrosão, são fornecidos pela Protubo Curved tubes coated with inconel, resistant to erosion are provided by Protubo

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TECNOLOGIA

Na exploração do pré-sal em águas profundas, os dutos flexíveis no Brasil, por exemplo, têm sido utilizados em larga escala e seu uso pode vir a ser ainda mais vantajoso, mesmo dependendo do desenvolvimento de novos materiais. Segundo D’Oliveira, a utilização de tubos de aço carbono revestidos internamente com Inconel tem como principal

benefício a excelente resistência à corrosão do revestimento aliada à alta resistência mecânica do tubo a um custo relativamente baixo, se comparado a outros tipos de materiais como alguns aços inox especiais. “A Protubo, por ser pioneira no país na tecnologia de curvamento por indução, tem como maior diferencial a possibilidade de fabricação de várias curvas

num mesmo tubo, no plano e/ou espaço, o que reduz, sensivelmente, os pontos de solda, com grande flexibilidade de raio, ângulo e geometria das peças. Consequentemente, são reduzidos os prazos e custos finais dos projetos, como horas de soldadores qualificados, inspeções, ensaios não destrutivos, entre outros fatores”, completa.

Empresas estão atentas à evolução do mercado Divulgação / Apolo Tubulars

Não basta só produzir, é preciso investir em desenvolvimento com eficiência. Outras empresas do setor dutoviário também não abrem mão de pesquisas como estratégia na busca de soluções tecnológicas. O presidente, CEO da Apolo Tubulars S.A., Eduardo A. Valle, informou que atualmente a empresa produz um tubo de excelente qualidade, com alta resistência ao colapso e baixa susceptibilidade à corrosão. “Apesar dos avanços oferecidos por nós à indústria de óleo e gás, continuamos investindo em pesquisa e desenvolvimento, trabalhando com instituições acadêmicas e de pesquisa, bem como com parceiros internacionais, para aprimorar nosso produto com foco em melhorias metalúrgicas Divulgação / Apolo Tubulars

Presidente CEO da Apolo Tubulars S.A., Eduardo A. Valle President CEO of Apolo Tubulars S.A., Eduardo A. Valle

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Parque Industrial da Apolo Tubulars tem foco em tecnologia de revestimento Apolo Tubulars Industrial Park focuses on the coating technology

e tecnologias de revestimento para proteção dos nossos tubos em ambientes agressivos”, diz. A Apolo Tubulars está participando do desenvolvimento de produtos que poderão ser utilizados nestas áreas do pré-sal no futuro. “Como se trata de uma nova fronteira, o grande desafio é a aquisição de conhecimento prático que permita definir a tecnologia adequada para otimizar o binômio segurança-economicidade”, frisa o presidente, acrescentando que a empresa busca agregar valor tecnológico ao seu portfólio, que venha se somar à

sua capacidade de operar com eficiência e baixo custo. Mesmo com a evolução tecnológica, em relação à utilização de dutos flexíveis em águas profundas no sistema de exploração Valle diz que ainda não está claro para a empresa o que este material pode oferecer de real vantagem técnica, econômica e ambiental. “Ainda é cedo para analisar os benefícios. Para melhor nos adequarmos ao novo cenário, estamos em constante atenção à evolução do mercado e das tecnologias emergentes”, explica.


TECNOLOGIA

Empresas e pesquisa no mesmo caminho Um recente estudo intitulado “Capacidade de Produção da Indústria Nacional para o Setor de Petróleo de Gás”, coordenado pelo professor Adilson de Oliveira, do Colégio de Altos Estudos da UFRJ, constata que muitas empresas brasileiras fornecedoras de bens e serviços ainda estão desconectadas das universidades e dos institutos de pesquisa, que produzem conhecimento, o que configura um problema sério para um país que se propõe a explorar uma grande potencialidade, que é o pré-sal. Segundo o professor, pelo ponto de vista tecnológico, o estudo identificou a

existência de uma conexão frágil entre as empresas desse segmento e o sistema científico e tecnológico do país, ou seja, as universidades e os institutos de pesquisa. Para Oliveira, o potencial da camada pré-sal representa uma janela aberta de oportunidades para o país e para o desenvolvimento do seu parque tecnológico, o que só se dará com a mobilização dos atores envolvidos no processo “para romper os diversos gargalos que se apresentarem pelo caminho”. Também existe todo um esforço no sentido de as empresas brasileiras investirem mais em ciência e tecnologia, e,

segundo Oliveira, as que fazem esses investimentos hoje são, em geral, as multinacionais instaladas no Brasil, mas elas o fazem, em sua grande maioria, ainda fora do país. “Os centros dessas empresas aqui instalados nada mais fazem do que ajustar o conhecimento desenvolvido lá fora às características do processo produtivo brasileiro. E essa não é uma inovação que possa mudar realmente o quadro que se faz presente com o pré-sal, em que os desafios tecnológicos exigem, realmente, mudanças radicais em relação ao que é feito atualmente”, avalia. Fonte: Agência Brasil Divulgação / CTDUT

Profissionais do setor dutoviário participando do curso Clarion, no CTDUT, utilizando um duto de testes Professionals from the pipeline participating from the clarion course, at CTDUT, using a test pipe

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TECNOLOGIA

Fotos: Divulgação / CTDUT

Laboratório de Integridade 2 do CTDUT, onde é feito demonstração de equipamentos para pesquisa dos associados Integrity 2 Laboratory of CTDUT, where the demonstration of the equipment for research of the associates is made

Centro de Tecnologia de Dutos em profundos estudos Equipamentos devem ser mais inteligentes e resistentes frente aos desafios do pré-sal

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ara se chegar às jazidas de petróleo, o caminho não é nada fácil, pois os desafios tecnológicos estão diretamente relacionados com as condições de profundidade em lâminas d’água. Como a dúvida é se o volume de petróleo na camada do pré-sal compensa os investimentos, assim como a Apolo Tubulars, várias em-

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presas do setor dutoviário recorrem às pesquisas referentes à tecnologia. O Centro de Tecnologia de Dutos (CTDUT) tem participado de pesquisas relacionadas às demandas do setor frente aos desafios do pré-sal. Como o Brasil é visto hoje como forte produtor e alvo de investimentos, o Centro vem

se preparando para isso. O gerente executivo do CTDUT, Arthur Braga, diz que, devido às novas demandas do pré-sal, será necessário desenvolver novas tecnologias e produtos, e o Centro, sendo um laboratório em escala real, facilitará esse teste com total confiabilidade e segurança. Cada dia mais empresas desse segmento procuram o CTDUT para se


TECNOLOGIA

associar ou fazer uso das instalações. Segundo Braga, para atender a essa demanda, os equipamentos terão que se tornar mais inteligentes e resistentes para superar a barreira da profundidade e operar em ambiente hostil, contendo CO2 e dióxido de enxofre. “Para desenvolver esse tipo de tecnologia, o investimento será agressivo e em curto prazo”, ressalta. E quanto à possibilidade de pequenas empresas se tornarem competitivas dentro deste cenário, o gerente diz acreditar que haverá mercado para todo tipo de empresa, uma vez que com a necessidade de desenvolver diferentes tipos de produtos e serviços de diversos portes, todos terão suas oportunidades de acordo com o seu nicho. O conhecimento para desenvolver as tecnologias necessárias é pontuado como um dos gargalos do mercado. E no atual ambiente, há necessidade de acelerar novos conhecimentos aplicados à cadeia produtiva do petróleo. Dentro desse contexto, Braga explica que devido à participação dos associados nos Conselhos Consultivos e no direcionamento do CTDUT, que tem entre seus associados as principais empresas e instituições do mercado, o Centro tem uma forma muito eficaz e atuante de identificar as demandas tecnológicas. “O Brasil tem um grande potencial tecnológico em suas universidades e instituições de ciência e tecnologia, que têm feito ótimo uso da cláusula de investimento em P&D da ANP, que alavanca recursos para o crescimento desta capacitação e realização deste potencial em produtos e processos”, frisa. Arthur Braga informa ainda que o CTDUT está em fase de planejamento e construção dos laboratórios: Labliq - Laboratório de calibração de medidores de vazão; Labval - Laboratório de válvulas; e a UPPC - Unidade Piloto de Proteção Catódica. “Estamos também avaliando a construção de laboratórios para avaliação

de ferramentas de inspeção contra corrosão de fundo de tanque, que hoje é uma demanda latente; monitoramento dutoviário através de fibra ótica; avaliação microbiológica em corrosão, juntamente com o desenvolvimento de dutos em material compósito, que é um dos pontos que talvez seja um dos grandes desafios para a exploração do pré-sal”, destaca o gerente. O Centro de Tecnologias de Dutos tem o papel de unir especialistas, empresas e universidades para juntos analisarem as necessidades do mercado em prol de conseguir soluções e investimentos para o setor, oferecendo as instalações físicas necessárias aos testes de campo. De acordo com Braga, no que diz respeito ao impasse em relação ao tempo de exploração do présal, a contribuição do CTDUT está em viabilizar os testes e desenvolvimento

de novas tecnologias em ambiente controlado, encurtando o prazo necessário ao seu desenvolvimento. Nesse processo, também há participação das empresas estrangeiras, o que é um ponto muito positivo para o país. Isso traz boas perspectivas de mercado no Brasil, que tem capacidade de transferir tecnologias. Quanto a isso, Braga diz que o CTDUT está muito atento a parcerias junto com empresas internacionais e tem entre seus associados no exterior o GTI - Gas Technology Institute, uma renomada instituição de pesquisas dos EUA especializada em distribuição de gás. “Temos também diversos acordos com outras instituições, entre as quais destacamos os acordos de cooperação com a OCP (Equador) e com a Sonangol (Angola) para prestação de consultorias através dos associados do CTDUT”, conclui. 

Pesquisa e desenvolvimento: profissionais fazendo teste de pig palito 8 Research and development: professionals making Pig Palito 8 test

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technology

Ducts: a technological

approach in the pre-salt layer age In Brazil, oil companies are facing an explosion of investments By Verônica Côrtes

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ue to the confirmation of huge oil fields in the pre-salt layer, Brazil is under the spotlights in the world market. The country has become the main focus for investments in the exploration of the pre-salt layer. In the search of oil wells more and more productive, such companies aim at improving the efficiency of their services in the new exploration environment. They need to develop themselves to meet the demand. Since the country has been seen as a broad field in this market, the development of technologies of deep-water exploration is a key factor in this sector. Oil extraction from this pre-salt layer is one of the major challenges Brazil faces these days. Pipeline companies, for instance, are very important throughout this process, since they require pipes different from those used in shallow water. The platforms require exploration and drilling pipes that may support seismic waves, strong currents and deep waters, and they should resist to pressure and corrosion. Nowadays, companies have been adapted to this scenario with a view for technologic solutions. Protubo’s business director, Sérgio D’Oliveira, says that one of the main markets served by the company is that of equipment for undersea exploration. Protubo acts by providing integrated solutions to industrial piping projects. The company provides curved tubes for all wet Christmas trees manufacturers, manifolds, Plet/Plem, in addition to bends to pipelines and undersea oil pipelines. “In this market, the quality requirements are extremely high and, in order to meet the growing demand for materials highly resistant to corrosion, the company made a strategic partnership with the Australian company Cladtek last year, which is one of the main suppliers of carbon-steel pipes that use a technology known as clad. It’s an exchange of experiences”, he notes. 26 MACAÉ OFFSHORE

According to Sérgio, the company currently has five machines in operation, which are able to overlay through overlay weld, using 12-meter pipes and 48mm inner diameter, as well as four induction bending machines, which can produce bends with radius from one and a half the diameter in pipes up to 38”. “We keep close relationship with the main supplier of equipment for undersea exploration and with pipe and input manufacturers to the clad process, focusing the development of materials highly resistant to corrosion and with high mechanical resistance”, D’Oliveira said, pointing out that, from this study, the company soon will provide Inconel-coated carbon-steel curved pipes, which is one of the materials most resistant to corrosion in the market, with mechanic resistance higher than 80ksi, which are able to resist to high pressure and to the corrosive environment of the pre-salt layer operations. The development of ducts operating in these conditions is a key factor to establish a division (ultra-deep water) and brings huge challenges in terms of technology and resistance to manufacturers. According D’Oliveira, the main challenge is to develop materials and provide high performance products with high mechanic resistance, being able to support work in ultra-deep waters and, at the same time, to be highly resistant to corrosion due to high levels of H2S and CO2 found in the pre-salt oil. To meet such demand, the company has been improving in a regular basis its processes in the recent partnership with Cladtek. The company also participates in several projects where Iconnel-coated curved piped to the offshore market. The costs for exploration to the sector companies are another relevant factor in this process, because, besides technologies, they involve logistics and

transport, which is usually expensive. In order to guarantee competitive prices in the market and compensate the investments, companies are also adjusting. Sérgio D’Oliveira, working for Protubo, points out that the environment of business in Brazil is extremely adverse, especially due to the high tax burden. However, the company has managed to keep the competitiveness through effective control of production costs along with the development of a partnership with local suppliers, which make possible to reduce the logistics costs and, consequently, the product cost. “In parallel to these measures, the continuous improvement of product quality, incorporating the most advanced technologies for inducted bending, also supports us to continue providing to the market products with excellent quality and competitive prices”, the director evaluates. In the exploration of the pre-salt layer in deep Waters, the flexible ducts in Brazil, for example, have been widely used and their use may become even more profitable, although it depends on the development of new materials. According to D’Oliveira, carbon-steel pipes internally coated with Inconel provide excellent resistance to the coating corrosion along with the high mechanic resistance of the tube at a relatively low cost, when compared to other types of materials, such as certain special stainless steel ones. “Protubo, which is the pioneer in Brazil on the induction bending technology, has the greatest differential the possibility of producing several bends in the same pipe, flat and/or space, which significantly reduce the welding points with great flexibility range, and also angle and geometry of the parts. Consequently, deadlines and final costs of the project, such as hours of skilled welders, inspections, non-destructive tests, among other reasons”, he completes.


technology

Companies have an eye to the market development It is not enough only to produce: what we need is to invest in efficient development. Other pipeline companies in the sector do not give up research as a strategy in the search of technologic solutions. President, CEO of Apolo Tubulars S.A., Eduardo A. Valle, says the company produces highquality pipes, which are highly resistant to the collapse and low susceptibility to corrosion. “Despite the advance provided by us to the oil and gas industry, we keep on investing in research and development, working with academic and research institutions, as well as international partners, to

improve our product with a view to metallurgical improvements and coating technologies to protect our pipes from hostile environments”, he says. Apolo Tubulars has been participating in the development of products that may be used in these areas of the pre-salt layer in the future. “As this is a new frontier, the big challenge is to get practical knowledge that allows to define the proper technology to increase the duality of safety-economy”, the president highlights, then the company seeks to add technologic value to its

portfolio, that will add to its ability to operate efficiently with low costs.” Even with the technological evolution regarding the use of flexible pipes in deep Waters in the exploration system, Valle says that it is not clear to the company what this material may really provide technical, economic and environmental advantage. “It is still early for us to analyze the benefits. In order for us to conform to the new scenario, we are constantly attentive to the market and the emerging technologies”, he explains.

Companies and researches in the same way A recent study named “Capacidade de Produção da Indústria Nacional para o Setor de Petróleo e de Gás” (Capacity of Production of the National Industry to the Oil and Gas Industry”, coordinated by professor Adilson de Oliveira at Colégio de Altos Estudos da UFRJ (High Studies College of the Federal University of the State of Rio de Janeiro), finds that many Brazilian companies that supply goods and services are still not connected with universities and research institutes that produce knowledge, thus being a serious issue to the country that proposes to explore a huge potential as the pre-salt layer.

According to professor Oliveira, in terms of technological point of view, the study has identified a fragile connection among the companies in this sector and both the scientific and technological system of the country, that is, universities and research institutes. To Oliveira, the potential of the presalt layer represents an open window for opportunities to the country and to the development of its technology park, which will only happen by the mobilization of the persons involved in the process “to break the bottlenecks that may appear on the way”.

There is also the entire effort for Brazilian companies to invest more in Science and technology and, according to Oliveira, those who make these investments are nowadays, in general, the multinationals in Brazil, but they still make such investments abroad. “The centers of these companies installed in Brazil do nothing but adjusting the knowledge developed abroad to the characteristics of the Brazilian productive process. This is not such an innovation that may really change the current situation of the pre-salt layer, whose technological challenges really require radical changes relative to what is done these days”, he evaluates.

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technology

Duct Technology Center under deep study Equipment shall be more intelligent and resistant in relation to the pre-salt challenges To reach the oil deposits, the track is no easy, for the technological challenges are directly related to the conditions of deepness on water slides. The doubt comes from whether the amount of oil in the pre-salt layer is worth the investment and, such as Apolo Tubulars, several pipeline companies turn to research related to technology. The Duct Technology Center (CTDUT) has been participated in research related to the demands of the industry when facing the challenges of the pre-salt layer. Since Brazil nowadays is seen as a huge producer and investment target, the Center has been preparing to this. Arthur Braga, CTDUT executive manager, says that, due to the new demands arising from the pre-salt layer, it will be necessary to develop new technologies and products, and the Center, which is a real-scale laboratory, will make this test easier with total reliability and safety. Every day, more companies in this sector get in touch with CTDUT to join it or use its facilities. According to Braga, to meet such demand, the equipment should become more intelligent and resistant to overcome the barrier of deepness and operate in a hostile environment, containing CO2 and sulfur dioxide. “To develop this type of technology, there will be shortterm and aggressive investments”, he points out. Concerning the probability for small companies to become competitive within this scenario, the manager say he

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believes that there will be markets for all type of companies, once the need to develop different types of products and services of various sizes, all of them will have a chance according to their niche. The knowledge to develop the necessary technologies is seen as one of the bottlenecks of the market. And, in the current environment, there is the need to accelerate new knowledge applied to the oil supply chain. In this context, Braga explains that due to the participation of associates in the Advisory Councils and in the direction by CTDUT, which has among its associates the main companies and institutions in the market, the Center provides a very efficient and active way to identify the technological demands. “Brazil has a large technological potential at universities and science and technology institutions, which has been properly using the P&D investment clause of ANP, thus leveraging resources for increasing this capacitation and turning such potential into products and processes”, he stresses. Arthur Braga also says that CTDUT is under a stage of planning and building of the laboratories: Labliq – Laboratory of flow measurer calibration; Labval – Valve laboratory and UPPC – Pilot Unit of Cathodic Protection. “We have been also thinking of building laboratories for evaluation of inspection tools against tank bottom corrosion, which is a strong demand nowadays; pipeline monitoring

by optical fiber; microbiological evaluation on corrosion, along with the development of ducts in composite materials, which is one of the points that may be a huge challenge for the pre-salt layer exploration”, the manager states. The Duct Technology Center role is to unite specialists, companies and universities so that they can analyze the necessities of the market aiming at finding solutions and investments to the sector, offering the physical facilities necessary to field tests. According to Braga, regarding the impasse related to the duration of the pre-salt layer exploration, CTDUT makes available tests and the development of new technologies at a controlled environment, decreasing the term necessary to its development. In this process, there is also the participation of foreign companies, which is a very positive aspect to our country. That brings new perspectives of the market in Brazil, which can transfer technologies. About it, Braga says that CTDUT pays close attention to partnerships with foreign companies, and has among its associates abroad the GTI – Gas Technology Institute, a renowned research institution from the USA specialized in gas distribution. “We also have made several agreements with other institutions, among them we highlight the cooperation agreements with OCP (Ecuador) and with Sonangol (Angola) for consultant services through the CTDUT associates”, he concluded. 


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Arte: Paulo Mosa Filho / Ilustração: Agência Petrobras

tempo

O certo de explorar o pré-sal Investimento de bilhões somados a divergências no processo exploratório Por Ludmila Azevedo

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descoberta da camada do présal redesenhou a indústria brasileira de Petróleo e Gás em uma área que hoje representa 2% da produção da Petrobras e que, segundo estimativa da própria Companhia, em 2020, vai chegar a 40%. O Plano de Negócios 2011-2015 da Petrobras prevê aportes de US$ 53 bilhões para a exploração de óleo na camada pré-sal, um aumento de US$ 20 bilhões em relação ao plano anterior 30 MACAÉ OFFSHORE

(2010 a 2014). O total equivale a 57% do investimento da empresa no período. Dentro de todo este contexto, a cadeia produtiva corre agora para atender, em tempo hábil, às demandas previstas, investindo em novas tecnologias, conteúdo local e mão de obra qualificada. Além do enorme potencial revelado pelas jazidas do pré-sal, o Brasil tem outros pontos favoráveis, como uma posição privilegiada, por estar localizado em

área estável, longe de conflitos armados. Mas ainda assim há alguns fatores que podem adiar o início do projeto como o debate político sobre a questão da distribuição dos royalties do petróleo da camada pré-sal que paira como eventual ameaça a atrasar a agenda de exploração, lembra o coordenador acadêmico de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), professor e Doutor em Ciências Isnard Marshall Junior. E falando em cifras, o adiamento


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pode representar perdas gigantescas. Os investimentos da Petrobras para o período de 2011-2014, segundo o Plano de Negócios, são de US$ 224 bilhões. Somados aos investimentos de outros “big players” (multinacionais do petróleo), este montante poderá chegar a US$ 400 bilhões em cinco anos. Então a meta é cumprir este programa de investimento em cinco anos. E esse seria o tempo certo para explorar o pré-sal ou esse processo (da descoberta ao início da produção) necessitaria de mais tempo? Este “tempo” é constantemente revisto, lembra o superintendente da Onip, Bruno Musso, adiantando que tudo isso está interligado aos objetivos e necessidades de cada momento, às condições macroeconômicas do país e ao cenário internacional. A exploração das reservas do pré-sal precisa ser vista sob vários ângulos, tanto do pré-sal quanto do pós-sal, do ponto de vista do país e não simplesmente de uma empresa de petróleo, alerta o diretor executivo de Petróleo, Gás Bioenergia e Petroquímica da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Alberto Machado. - O objetivo empresarial é acelerar o desenvolvimento dos projetos e antecipar a geração de caixa através da produção de petróleo e derivados. Do ponto de vista do país, o que deve ser considerado é o desenvolvimento que pode ser alavancado em sua indústria, gerando empregos e renda locais a partir do aproveitamento das demandas de bens e serviços decorrentes, diz. Para o diretor executivo da Abimaq, o mais importante em todo esse processo, é o ritmo para a exploração das novas reservas: “Algo que tem que partir da combinação dos interesses da empresa de petróleo e do país como um todo”, conclui.

O projeto para prospecção e exploração do pré-sal adotado no Brasil é apontado pelo presidente da Associação Brasileira das Empresas do Setor Naval e Offshore (Abenav), Augusto Mendonça, como o adequado para o setor de petróleo. “O modelo é focado no desenvolvimento da indústria, na geração de renda e vai responder na velocidade exigida. É um desafio, mas estamos acostumados a desafios”, afirma. Um outro ponto colocado pelo coordenador acadêmico de MBAs da Fundação Getúlio Vargas está relacionado à exploração em longo prazo. Para ele, é preciso considerar que a indústria de combustíveis no Brasil e no mundo se encontra em uma fase de busca de definições, principalmente quanto à relação do petróleo com os biocombustíveis, incluindo não só etanol como outro derivado de biomassa. - A própria indústria do etanol encontra-se em fase fluida. Tais fatos não podem ser desconsiderados, haja vista que as grandes petrolíferas mundiais têm investido em projetos relacionados a combustíveis não fósseis. Isnard vai além quando diz que a atual indefinição da indústria pode fazer com que os produtos funcionem de forma complementar ao petróleo do présal: “O longo prazo poderia ser considerado a partir de 2015, quando se acredita já ter ocorrido uma melhor definição da matriz energética nacional”. Vantagens - Há ainda outros pontos que estão diretamente ligados à questão “tempo”, como as vantagens e desvantagens acarretadas em curto ou em longo prazo. Políticas de aceleração da produção trazem um risco potencial de apreciação da taxa de câmbio, o que, ao “baratear” produtos importados, afeta a performance da indústria como um todo (é a conhecida doença holandesa), ressalta o superintendente da Onip.

Divulgação

O diretor executivo de Petróleo, Gás Bioenergia e Petroquímica da Abimaq, Alberto Machado The executive director of Oil, Gas, Bio-energy and Petrochemical of Abimaq, Alberto Machado

“Impulsionar a produção implica também menos tempo para que a indústria local se estruture, possa aumentar a capacidade de oferta e desenvolvimento tecnológico, e assim fazer frente à concorrência internacional”, alerta. Musso lembra que acelerar a monetização das reservas produz um ganho significativo na arrecadação tributária no curto prazo: “O que, em tese, amplia os investimentos do setor público voltados ao bem-estar social”, relata. O coordenador da FGV, Isnard Marshall, afirma que as vantagens econômicas, de segurança e social do curto prazo e do longo prazo se encontram, neste momento, fortemente atreladas a questões geopolíticas e econômicas mundiais. Para o diretor executivo da Abimaq, as vantagens consistem no aproveitamento da demanda que surgir para a indústria, através do aumento do conteúdo local, da capacidade em desenvolver tecnologia, gerar emprego e renda, de forma consistente e sustentável. MACAÉ OFFSHORE 31


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Capacitação da mão de obra Ampliar os investimentos e capacitar a mão de obra em curto prazo é outro desafio para as empresas. E uma grande preocupação, como ressalta o coordenador acadêmico da FGV: “A capacitação da mão de obra demandará cada vez mais empenho dos agentes envolvidos para que seja suprida esta importante necessidade“. Como ele mesmo faz questão de lembrar, este é um processo de construção de uma nova rede de infraestrutura na prestação de serviços de uma indústria altamente especializada, com alto nível de desenvolvimento tecnológico e especialização de pessoal, que provavelmente estará ocorrendo em paralelo às fases de desenvolvimento dos projetos e de sua implementação. “A construção de parcerias e de cooperação tecnológica entre as diversas empresas fornecedoras de equipamentos, serviços e instituições de ensino poderá contribuir para atingir a desejada meta de capacitação de mão de obra”, propõe Isnard. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Perfuradores de Petróleo (Abrapet), José Eduardo Frascá Poyares Jardim todas as empresas associadas estão se preparando para esse boom de crescimento: “Estamos acompanhando os investimentos alocados à atividade e toda a sua movimentação operacional, principalmente na capacitação adequada da mão de obra especializada, com grande foco em Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde- QSMS”, frisa. O diretor executivo da Abimaq, Alberto Machado, acredita que a cadeia de matériais, equipamentos e serviços

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Mauro Frasson

O superintendente da Onip, Bruno Musso The superintendent of Onip, Bruno Musso

só conseguirá ampliar os investimentos em novas fábricas e capacitar toda a mão de obra necessária se houver uma ligação da velocidade de desenvolvimento Katarine Almeida

O presidente da Associação Brasileira dos Perfuradores de Petróleo (Abrapet), José Eduardo Frascá Poyares Jardim The president of the Brazilian Association of Oil Drillers (Abrapet), José Eduardo Frascá Poyares Jardim

das reservas com o tempo de adequação da indústria, alimentado-a com as informações necessárias e desenvolvendo uma política industrial que a torne mais competitiva em termos internacionais. Se toda a cadeia vai conseguir aumentar seus investimentos, é uma incógnita. O superintendente da Onip acredita que boa parte já tenha iniciado este processo: “Os investimentos estão ocorrendo, além do crescimento das operações de fusão e aquisição. O mercado local está se mexendo, e a comunidade internacional percebe, cada vez mais, que vir para o Brasil é um bom negócio, o que contribuirá para o aumento da oferta local”. Em relação à formação de mão de obra, Musso diz que esta é uma questão mais complexa, a começar pela questão temporal. “Isto é, o tempo necessário para capacitar profissionais em número condizente com a demanda do mercado, havendo categorias para as quais este tempo já passou, ou seja, o mercado não formou profissionais no prazo requerido, e hoje o Brasil importa trabalhadores para essas categorias”, pontua. Há ainda outro ponto, talvez ainda mais preocupante, relata o superintendente da Onip: o nível da educação básica das pessoas. Ele lembra que os programas de capacitação de mão de obra têm tido dificuldade em preencher as vagas, tendo em vista o nível de instrução dos candidatos, o qual não permite sua aprovação. “Há um contingente grande de pessoas que, sem um reforço prévio, não está em condições de absorver qualquer treinamento”.


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Investimentos

Divulgação / Aker Solutions

A melhor medida para atender a um dos setores mais promissores do país é estender para toda a cadeia produtiva incentivos equivalentes aos que foram concedidos aos estaleiros e que resultaram no êxito do renascimento da construção naval, cita o diretor executivo da Abimaq, Alberto Machado. Como exemplo, Machado cita os financiamentos em níveis internacionais como os provenientes de recursos do Fundo de Marinha Mercante, a existência de um fundo garantidor para esses empréstimos, aceitação de estaleiros virtuais, encomendas de longo prazo, informação da demanda, entre outras medidas. De acordo com ele, ainda falta desenvolver uma política industrial que realmente permita o desenvolvimento no Brasil de um parque industrial sólido, competitivo em termos internacionais e sustentável. O superintendente da Onip diz que “há inúmeras medidas que são absolutamente necessárias para que as reservas de petróleo sejam plenamente aproveitadas em prol da geração de emprego, renda e conhecimento locais”. O que é necessário, alerta Musso, é uma conscientização de todos e de suas condições para alavancar em nível de competitividade e participação da indústria local. Para o coordenador acadêmico da FGV, Isnard Marshall, a criação de um ambiente propício para a consolidação dos investimentos seria um dos caminhos. “O planejamento e o comprometimento com as metas desafiadoras de produção de petróleo e da construção da infraestrutura, que têm como característica principal o fato de possuir ativos indivisíveis de alto custo de implantação, deixam de ser eficientes, trazendo impactos nos resultados no segmento de petróleo”, destaca.

Primeira Árvore de Natal Molhada da Aker desenhada especificamente para o pré-sal sendo instalada. The first Wet Christmas Tree from Aker designed specifically for the pre-salt being installed

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Os perigos da desaceleração da economia Uma eventual desaceleração da economia mundial implicará queda na demanda de energia e, por conseguinte, do preço do petróleo, reduzindo as margens de lucro, avalia o coordenador acadêmico de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), professor e Doutor em Ciências, Isnard Marshall.

Divulgação

Por outro lado, adianta Isnard, a crescente tensão política no Oriente Médio pode ser um forte concorrente para a redução da oferta de óleo e, portanto, para a elevação do seu preço, podendo favorecer economicamente outros países produtores. Como estes dois fatores estão presentes no atual cenário e, teoricamente, pressionam em sentidos opostos, a preponderância de um ou outro fator é determinante para que se conheça o time ideal para angariar vantagens nos campos social, econômico e de segurança.

O coordenador acadêmico de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), professor e Doutor em Ciências, Isnard Marshall The Academic Coordinator of MBAs of the Getúlio Vargas Foundation (FGV), Professor and Doctor in Sciences, Isnard Marshall

Segundo Isnard, a receita oriunda da produção do présal e da arrecadação dos tributos (royalties, impostos etc.) pode contribuir para a melhoria das diversas áreas que serão beneficiadas, inclusive pelo fundo soberano, como, por exemplo, ensino, saúde, inovação.

operadoras”, enumera. E ainda, completa Isnard, “possibilitará maior capacitação de mão de obra especializada, que contribuirá para maior segurança nas diversas operações e redução do consumo energético, sendo este último forte contribuinte na redução de emissões atmosféricas”.

“Projetos específicos vão impulsionar o desenvolvimento dos municípios e estados produtores, além do aprimoramento das tecnologias desenvolvidas com o direcionador de redução de custos operacionais das companhias

Para a exploração do pré-sal no cunho ambiental, na visão do coordenador acadêmico, é fundamental que se disponha de equipamentos específicos. De acordo com ele, considerando que o fornecimento desse material a

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tempo e a custos razoáveis tem se apresentado como uma restrição no momento atual, acredita -se que a vantagem de natureza ambiental seja obtida na medida em que se adotem as cautelas de segurança necessárias. “Principalmente na utilização de material e processos adequados a esse perfil de exploração, o que pode retardar um pouco o calendário de exploração”, diz. Na questão tecnológica, ao contrário do que ocorreu ao final da Segunda Guerra Mundial, quando se consolidou o processo de transição do carvão para o petróleo, não se espera um processo “substitutivo” em relação aos biocombustíveis, frisa Isnard. “Entende-se que, tanto no curto como no longo prazo, os biocombustíveis funcionarão, basicamente, como matéria-prima complementar ao petróleo no mercado de energia, principalmente por razões logísticas e de escala, fatores que não são substituídos facilmente e pesam fortemente a favor do petróleo e, por conseguinte, da valorização da camada présal”. Adicionalmente, cita o professor, pode-se fazer uma comparação da indústria do petróleo com uma competição de rally, em que a regularidade é o fator do sucesso, não a velocidade, pensando que a atividade de produção de petróleo tem que atingir metas e dar retorno financeiro durante longo tempo e não por apenas alguns anos.


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O principal desafio Tecnologia, mão de obra especializada e informações precisas vão definir o tempo de exploração

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m ambiente exploratório de difícil acesso e com desafios técnicos nunca antes visto no setor. Como definir o melhor tempo de exploração do pré-sal e superar todas as barreiras técnicas impostas neste escopo? Para cada empresa, esse tempo está relacionado com as informações que terão em cada reservatório, com a cadeia produtiva e a qualificação da mão de obra para o pré-sal. Um tempo que pode levar de três a dez anos. Em se tratando de uma área desafiadora, é difícil precisar o tempo necessário para exploração em um bloco na região do pré-sal, pontua o gerente de Relações Externas de Exploração e Produção da Shell, Flávio Rodrigues. Ele usa como referência outras áreas, também de difícil acesso, como é o caso do Parque das Conchas (BC-10), já em produção, em que foram necessários aproximadamente dez anos, desde a aquisição do bloco até a produção do primeiro óleo. Rodrigues lembra que a Shell possui extenso conhecimento em águas profundas. “São mais de 40 anos de experiência no pré-sal, principalmente, no Golfo do México, Omã e Holanda. Mais de 10% da produção anual da Shell no mundo vem do pré-sal”. Na região do cluster do pré-sal, a Shell é operadora do BM-S-54, localizado cerca de 200 quilômetros da

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O gerente de Relações Externas de Exploração e Produção da Shell, Flávio Rodrigues Shell’s External Relations Manager of Exploration and Production, Flávio Rodrigues

costa do Rio de Janeiro, com profundidade total de 5.825 m. E também perfurou um poço exploratório no prospecto chamado Gato do Mato, localizado na Bacia de Santos, com indícios de hidrocarbonetos, em setembro de 2010, cita o gerente de Relações Externas de E&P da Shell. “A empresa planeja perfurar mais poços no bloco nos próximos anos”. Para a Petrobras, a velocidade do desenvolvimento desses campos dependerá das informações sobre os reservatórios obtidas com os testes de longa duração realizados na região e

da capacidade da indústria nacional de fornecer bens e serviços para atender às demandas. A primeira descoberta no pré-sal foi feita em 2006 e, já em maio de 2009, a Petrobras começou a produzir nessa nova fronteira exploratória, no campo hoje denominado Lula. Esse intervalo entre a descoberta e a produção é bem menor do que o praticado normalmente pela indústria do petróleo, e, segundo a Companhia, isso demonstra sua capacidade de produzir no pré-sal, já que é líder na exploração e produção de águas profundas. A Companhia já perfurou 30 poços no pré-sal de 2006 até julho deste ano e, somente este ano, 15 poços deverão ser perfurados na região. A situação da indústria nacional é avaliada com cautela pelas operadoras. Um estudo da Onip aponta que atualmente o Brasil não possui capacidade industrial instalada disponível para atender à demanda projetada dos projetos na área de upstream, de forma competitiva e dentro do cronograma, lembra o gerente de Relações Externas de E & P da Shell. No entanto, diz Rodrigues, existem grandes esforços, inclusive do próprio setor, para incentivar a indústria nacional. “Para isso, tem sido fundamental a criação de parcerias entre empresas privadas fornecedoras da cadeia de petróleo e gás, instituições de pesquisa e a própria indústria, para formação MACAÉ OFFSHORE 35


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de mão de obra e aceleração da indústria no desenvolvimento de novas tecnologias”.

em torno de US$450 mil, muito competitiva quando comparada ao mercado internacional.

Ele afirma que a Shell está trabalhando constantemente para expandir seu conhecimento sobre as capacidades dos fornecedores brasileiros. “A Shell é a única companhia de óleo, além da Petrobras, a participar do Plano Nacional de Qualificação Profissional (Prominp)”, relata. Ajuda também a Onip a criar uma base de dados de fornecedores (CADFOR) que vai trazer benefícios para a indústria brasileira. “Com o Parque das Conchas, por exemplo, a Shell conseguiu entregar parte significativa dos contratos de equipamentos submarinos para as empresas brasileiras”.

Segundo a assessoria de imprensa da empresa, a estatal tentou afretar sondas de perfuração no mercado internacional e, mesmo com as taxas em torno de US$ 700 mil por dia, a Companhia não conseguiu esses equipamentos disponíveis, assim como não havia também disponibilidade nos estaleiros para a construção dessas sondas. Para a Petrobras, a melhor solução, em termos econômicos e estratégicos, é desenvolver a indústria nacional de forma a torná-la competitiva.

A Petrobras diz que a indústria nacional tem atendido de forma extremamente satisfatória à sua demanda. Encomendou no país sete sondas de perfuração, dentro de um pacote de 21 sondas. De acordo com a Companhia, é a primeira vez que esses equipamentos altamente complexos serão produzidos no Brasil. Um processo considerado de sucesso porque a taxa diária paga por essas sete sondas está

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Crise econômica – A crise financeira internacional é avaliada com cautela pelas empresas. A Petrobras diz que ainda é cedo para dimensionar o tamanho do impacto que a crise econômica na Europa e nos Estados Unidos terá na economia mundial e, particularmente, na brasileira. O histórico da Petrobras na captação de recursos demonstra, no entanto, que crises internacionais não afetam a captação de recursos pela Companhia.

No auge da crise de 2009, por exemplo, a Petrobras captou US$ 6 bilhões no mercado internacional. Os projetos da Companhia são muito bem elaborados e promissores e esse é o principal elemento para que consiga levantar recursos sem maiores dificuldades. A Shell também considera difícil prever se a crise internacional vai causar, ou não, impactos no setor. “Consideramos um dos pontos positivos que afastam essa possibilidade o fato de o Brasil ser visto atualmente como uma boa oportunidade de investimento, aliado à previsão de alta no consumo de energia derivada de petróleo e gás”, explica o gerente de Relações Externas de E&P da empresa. Nesse sentido, segundo Rodrigues, a Shell mantém os planos em curso e aqueles previstos para investimento no país nos próximos anos. “Estamos investindo em projetos com previsão de continuidade para, pelo menos, a próxima década. Também vamos continuar investindo em outros projetos ainda em fase de exploração, como os cinco blocos na Bacia de São Francisco e BM-S-54, localizados na região do pré-sal”, relata.


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O desafio que virou oportunidade Empresas da cadeia produtiva buscam soluções para contornar os gargalos do setor

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ualificar mão de obra para o pré-sal, investir em tecnologia e atender às novas regras da indústria do petróleo. Estes são alguns dos desafios das empresas que fazem parte da cadeia petrolífera. Em algumas situações, o desafio virou oportunidade de crescimento e tem ajudado as empresas a se expandir. O país vive um bom momento no que tange à estabilidade econômica e à demanda de investimento externo, assim define o diretor da Tecman, Orlando Maciel do Nascimento, uma das fases mais promissoras do setor de petróleo e gás. Para ele, a questão de infraestrutura interna e a qualificação de pessoal são estimulantes para uma exploração em longo prazo, embora ainda existam alguns gargalos que precisam ser resolvidos, como a redução da carga tributária e a distribuição “justa” do mercado de produtos e serviços para as empresas de pequeno e médio porte. “Esses fatores somados à escassez de mão de obra especializada aumentam consideravelmente o risco para estas empresas”, avalia Nascimento. Na Aker Solutions do Brasil, desde que o boom do pré-sal começou, nos últimos três anos, a atividade da empresa no país dobrou. Em dezembro de 2010, a Aker entregou à Petrobras, a primeira árvore de natal molhada

impostas pela questão “tempo”, a Aker Solutions tem adotado algumas medidas, como a contratação de profissionais de outro segmento. Segundo Marquesini, a empresa tem buscado talentos na área automotiva, já que o treinamento de um profissional demanda uma média de três a cinco anos. O executivo cita também que são necessárias condições contratuais mais apropriadas para o mercado. “Nosso foco é reduzir o risco ao fornecedor e, desta forma, reduzir nosso custo e, consequentemente, o valor do produto”. E por último, a capacitação dos fornecedores da Aker.

O vice-presidente de Produtos da Aker Solutions do Brasil, Jonas Marquesini The vice-President of Products of Aker Solutions do Brasil, Jonas Marquesini

(ANM), desenhada especialmente para a exploração na camada de pré-sal. Segundo o vice-presidente de Produtos da Aker Solutions do Brasil, Jonas Marquesini, o desafio agora é adaptar a tecnologia de que dispõe e criar soluções economicamente viáveis às condições do mercado brasileiro, respondendo às necessidades técnicas do pré-sal de forma ágil. Para contornar algumas dificuldades

Marquesini diz que foram feitos acordos de longo prazo com os fornecedores, nas mesmas condições que a empresa tem com a Petrobras. A Aker também colocou funcionários para acompanhar o desenvolvimento desses fornecedores na inspeção e qualificação do produto. Mesmo assim, há uma dificuldade para encontrar empresas para desenvolver este sistema. Muitas estão com sua capacidade limitada. - Para mudar este quadro, o governo precisa dar mais apoio na criação de linhas de financiamento, com juros menores e prazos mais longos. As existentes, atualmente, por meio do Finame, BNDES e outros, ainda não são suficientes. Para o diretor da Tecman, as MACAÉ OFFSHORE 37


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empresas precisam de mais tempo

a possibilidade de alcançar um lugar de

dos royalties do pré-sal, redução de car-

para se organizar. “A cadeia já evoluiu

destaque no cenário mundial.

ga tributária e criação e expansão de es-

bastante. Porém é preciso crescer de

colas técnicas em todo território brasi-

forma ordenada e equilibrada com um

E para a realização de uma opera-

bom planejamento”, cita Nascimento,

ção confortável em curto prazo, é ne-

prazo, diz ele, haveria necessidade de

lembrando que isso garantirá uma ex-

cessário que haja uma definição do

investimentos maciços em educação,

ploração segura e, consequentemente,

governo nas questões como a partilha

pesquisas e infraestrutura.

leiro, destaca Nascimento. E em longo

Preparação para aumentar a competitividade No campo para competitividade, a Tecman tem se preparado com a melhoria da gestão de pessoas e capacidade produtiva, aproveitando a abertura de crédito. “Estudamos a possibilidade de associar nossa empresa a outra que fortaleça nossa marca e fomente um maior volume de projetos”, relata o diretor da Tecman.

a aquisição de um espaço maior na Zona Especial de Negócios de Rio das Ostras contribuiu para aumentar seus negócios. Na Aker, segundo Marquesini, os maciços investimentos realizados, sobretudo nos três últimos anos, refletem o interesse da empresa em desenvolver a indústria de óleo e gás no Brasil.

A expansão da empresa feita com

A empresa espera um grande

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crescimento para os próximos anos aliado à sua capacidade de produção até 2020. “O Brasil tem chamado a atenção do grupo, principalmente após a descoberta do pré-sal e dos novos campos exploratórios”, diz. Para os próximos anos, a empresa pretende investir na ampliação do parque fabril, em pesquisa e desenvolvimento e na qualificação de profissionais. 


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time

The right to explore pre-salt Investment of billions added to divergences in the exploration process By Ludmila Azevedo

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he discovery of the pre-salt layer redesigned the Brazilian industry of Oil and Gas in an area that today, represents 2% of Petrobras production and that, according to an estimation of the Company, in 2020, will reach 40%. The Business Plan 2011 – 2015 of Petrobras predicts amounts of USD 53 billion for the exploration of oil in the pre-salt layer, an increase of USD 20 billion in relation to the previous plan (2010 to 2014). The total is equivalent to 57% of the company’s investment in the period. According to this context, the productive chain tries now to attend, in a timely fashion, to the expected demands, investing in new technologies, local content and skilled labor. Besides the great potential revealed by the pre-salt fields, Brazil has other favorable points, as a privileged position, as it is located in a stable area, far away from armed conflicts. But still, there are some factors that may postpone the commencement of the project, such as the political debate about the issue of distribution of the oil royalties of the pre-salt layer that stands as an eventual threat to delay the exploration schedule, reminds the academic coordinator of MBAs of Getúlio Vargas Foundation (FGV), professor and Doctor in Sciences, Isnard Marshall Junior And talking about amounts, such postponement may represent huge losses. Petrobras investments for the 2011-2014 period, according to the Business Plan, are of USD 224 billion. Summed to the investments of other “big players” (oil, multinationals), such amount may reach USD 400 billion in five years.

So, the target is to achieve this investment schedule in five years. And would this be the right time to explore the pre-salt or this process (of discovery to the commencement of the production) would this process need more time? This “time” is constantly reviewed, reminds the superintendent of Onip, Bruno Musso, saying in advance that all this is interconnected to the objectives and needs of each moment, to the macroeconomic conditions of the country and to the international scenario. The exploration of the pre-salt reservations needs to be seen under several angles, both from pre-salt and post-salt, from the point of view of the country and not simply of an oil company, alerts the executive director of Oil, Gas, Bio-energy and Petrochemical of the Brazilian Association of the Industry of Machines and Equipment (Abimaq), Alberto Machado. - The corporate objective is to accelerate the development of the projects, and anticipate the generation of income through the production of oil and derivatives. From the point of view of the country, what shall be considered is the development that can be leveraged in its industry, generating local jobs and income, as from the use of the demands of resulting goods and services, he said. For the executive director of Abimaq, the most important thing in this whole process, is the rhythm for the exploration of the new reservations. “It is something that has to come from the combination of interests of the oil company and of the country as a whole”, he concluded. The project for the prospection and

exploration of pre-salt adopted in Brazil is pointed out by the president of the Brazilian Association of the Companies of the Naval and Offshore Sectors (Abenav), Augusto Mendonça, as the adequate one for the oil sector. “The model is focused on the development of the industry, in the generation of income and will answer in the required speed. It is a challenge, but we are used to challenges”, he says. Another point emphasized by the academic coordinator of MBAs of the Getúlio Vargas Foundation is related to the long term exploration. For him, it is necessary to consider that the fuel industry in Brazil and in the world is in a phase of looking for definitions, especially in relation to the oil with biofuels, including not only ethanol as another biomass derivative. - The ethanol industry itself is in a fluid phase. Such facts cannot be disregarded, as the big oil companies in world have been investing in projects related to nonfossil fuels. Isnard goes beyond when he says that the current vagueness of the industry can make with the products work in a supplementary way to pre-salt oil. “The long term could be considered as from 2015, when it is believed that a better definition of the national energetic matrix will have already occurred.” Advantages - There is also other points that are directly related to the “time” issue, as the advantages and disadvantages resulting in the short or long term. Policies for the acceleration of the production have a potential risk of appreciation of the exchange rate, which, when “cutting the price of” imported products, affects the performance of the MACAÉ OFFSHORE 39


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industry as a whole (it is the well known Dutch disease), emphasizes Onip’s superintendent. “To leverage the production also implies in less time for the local industry to be structured, in order it can increase the capacity of offer and technological development, and this way, face the international competition”, he warns. Musso reminds

that to accelerate the monetization of the reserves produces a significant gain in the tax collection in the short term. “This, theoretically, increases the investments of the public sector related to the social well being”, he says. FGV’s coordinator, Isnard Marshall, declares that the economic, safety and social advantages in the short and long term are,

right now, strongly connected to worldly geopolitical and economic issues. For the executive director of Abimaq, the advantages consist of the usage of the demand that arises for the industry, by means of the increase of the local content, of the capacity to develop technology, of generating jobs and income, in a consistent and sustainable way.

Labor qualification To increase the investments and qualify the labor in the short term is another challenge for the companies. And it is a big worry, as it is emphasized by FGV’s academic coordinator: “The qualification of the labor will require much more emphasis of the agents involved, in order this important need is supplied.” As he likes to remind, this is a process of building a new infrastructure network in the rendering of services of a highly specialized industry, with a high level of technological development and qualification of personnel, which will probably be occurring along with the phases of development of the projects and their implementation. “The construction of partnerships and technological cooperation between the several companies that provide equipment and services and teaching institutions may contribute to reach the so desired labor qualification target”, proposes Isnard. According to the president of the Brazilian Association of the Oil Drillers (Abrapet), José Eduardo Frascá Poyares Jardim all associated companies are getting

prepared for this growth boom: “We are following the investments allocated to the activity, and all its operational movement, especially in the adequate qualification of the specialized labor, with great focus in Quality, Safety, Environment and Health – QHSE”, he emphasizes. The executive director of Abimaq, Alberto Machado, believes that the chain of subjects, equipment and services will only be able to increase the investments in new factories and qualify the whole necessary labor if there is a relation of the development speed of the reserves with the time for the adequation of the industry, feeding it with the necessary information and developing an industrial policy that makes it more competitive in international terms. If the whole chain will be able to increase its investments, this is unknown. Onip’s superintendent believes that a good part has already started this process: “The investments are occurring, besides the growth of the merger and acquisition operations. The local market is moving,

and the international community perceives that, once more, coming to Brazil is a good deal, which will contribute for the increase of the local offer.” In relation to the qualification of the labor, Musso says that this is a more complex issue, starting by the time issue. “That is, the necessary time to qualify professionals in a number related to the market demand, with categories to which this time already passed, that is, the market did not qualify professionals in the necessary time and today, Brazil imports workers for such categories”, he emphasizes. There is yet another point, maybe even more worrying, says Onip’s superintendent: the people’s basic educational level. He reminds that the labor qualification programs are having difficulties in filling vacancies, in view of the level of instruction of the candidates, which does not allow their approval. “There is a big amount of people who, without a previous reinforcement, are not in condition to absorb any training.”

Investments The best measurement to attend to one of the most promising sectors in the country is to extend to all production chain incentives equivalent to the ones that were granted to the shipyards and that resulted in the success of the rebirth of the naval construction, says the executive director of Abimaq, Alberto Machado. As an example, Machado mentions the financings in international levels, such as the ones from the resources from the Merchant Navy Fund, the existence of a fund guaranteeing such loans, the acceptance of virtual shipyards, long term orders, information

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on demands, among other measures. According to him, there is still the need of developing an industrial policy that really allows the development, in Brazil, of a solid industrial park, competitive in international and sustainable terms.

the local industry.

Onip’s superintendent says that “there are several measures that are absolutely necessary for the oil reserves to the fully used in benefit of the generation of jobs, income and local knowledge”. What is necessary, alerts Musso, is an awareness of everybody and their conditions to leverage a competitiveness and participation level of

“The planning and the engagement with the challenging targets of oil production and with the construction of infrastructure, which have as main characteristic the fact of having indivisible assets of high cost of implantation, are no longer efficient, resulting in impacts in the results in the oil sector”, emphasizes he.

For FGV’s academic coordinator, Isnard Marshall, the creation of an environment appropriate for the consolidation of the investments would be one possible way.


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The dangers of the deceleration of economy An eventual deceleration of the world economy will result in a fall of the demand for energy and therefore, of the oil prices, reducing the profit margins, evaluates the Academic Coordinator of MBAs of the Getúlio Vargas Foundation (FGV), Professor and Doctor in Sciences, Isnard Marshall. On the other hand, says Isnard, the crescent political tension in Middle East may be a strong competitor for the reduction of the oil offer and therefore, for the increase of its price, and it may economically favor other producing countries. As both factors are present in the current scenario and, in theory, the press in opposite ways, the preponderance of one or other factor is determining to learn the ideal time to obtain advantages in the social, economic and safety sectors. According to Isnard, the income from the pre-salt production and from the collection of taxes (royalties, taxes, etc.) may contribute for the improvement of the several areas that will be benefitted, includ-

ing the main fund, such as, for instance, teaching, health, innovation. “Specific projects will leverage the development of the producing municipalities and states, besides the improvement of the technologies developed with the direction of the reduction of operational costs from the operating companies”, he describes and also, goes on Isnard, “it will enable a better qualification of the specialized labor, which will contribute for the better safety in the several operations and reduction of the energy consume, being the latter a strong contributor in the reduction of the atmospheric emissions. For the exploration of pre-salt in relation to the environment, in the view of the academic coordinator, it is vital to have specific equipment. According to him, considering that the provision of this material on time and at reasonable costs is being a restriction in the current moment, and it is believed that the advantage of environmental nature is obtained as long as the necessary safety cautions are adopted. “Especially in the

usage of the material and processes adequate to this profile of exploration, which can retard a little the exploration schedule”, he says. In relation to the technological issue, unlike what occurred in the end of the Second World War, when it was consolidated the transition process from coal to oil, a “replacement” process in relation to biofuels is not expected, emphasizes Isnard. “It is understood that, whether in the short or in the long term, the biofuels will basically work as supplementary raw material to oil in the energy market, especially for logistical and scale reasons, factors that are not easily replaced and strongly weight in favor of oil and, therefore, of the valorization of the presalt layer”. Additionally, the professor says, a comparison can be made of the oil industry with a rally competition, in which the regularity is the success facto, not the speed, considering that the oil production activity has to achieve targets and provide financial return during the long term and not only for some years.

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The main bottleneck Technology, specialized labor and precise information will define the exploration time

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hard access exploration environment, with technical challenges, never seen before in the sector. How to define the best time to explore the pre-salt and overpass all technical barriers imposed in this scope? For each company, this time is related to the information that they will have in each reservoir, with the productive chain and the qualification of the labor for pre-salt. A time that can take from three to ten years. As this is a challenging area, it is hard to define the time necessary for the exploration of a block in the pre-salt region, emphasizes the manager of External Relations of Exploration and Production of Shell, Flávio Rodrigues. He uses as reference other areas, also hard to be accessed, as it is the case of Parque das Conchas (BC-10), already in production, in which approximately ten years were necessary, since the acquisition of the block until the production of the first oil. Rodrigues reminds that Shell has an extensive knowledge in deep waters. “We have more than 40 years of experience in pre-salt, especially in the Gulf of Mexico, Oman and Holland. More than 10% of the Shell’s annual production in the world comes from pre-salt.” In the region of the pre-salt cluster, Shell is the operator of BM-S-54, located around 200 kilometers from the coast of Rio de Janeiro, with total depth of 5,825 m. And it also drilled an exploratory well in the prospect called Gato do Mato, located in Santos Basin, with vestiges of hydrocarbons, in September, 2010, says the manager of External Relations of E&p of Shell. “The company plans to drill more wells in the block in the next years.” To Petrobras, the speed of development of these fields will depend on the information about the reservoirs obtained with the long duration tests performed in the region, and in the capacity of the national industry of providing goods and services to comply with the demands. The first discovery in pre-salt was made in 2006 and, already in May, 2009, Petrobras started to produce in this new exploratory 42 MACAÉ OFFSHORE

frontier, in the field called nowadays Lula. This interval between the discovery and the production is lower than the one usually practiced by the oil industry and, according to the Company, this shows its capacity of producing in pre-salt, which is already a leader in the exploration and production of deep waters. The Company has drilled 30 wells in pre-salt of 2006 until last July and, only this year, 15 wells shall be drilled in the region. The situation if the national industry is carefully evaluated by the operators. An Onip’s study points out that currently, Brazil does not have industrial capacity available to comply with the projected demand of the projects in the upstream area, in a competitive way and within the schedule, reminds the manager of External Relations of E7P of Shell. However, Rodrigues says, there are great efforts, including from the sector itself, to incentive the national industry. “For such, is has being vital the creation of partnerships between private supply companies of the oil and gas chain, institutions research and the industry itself, for the qualification of the labor and the acceleration of the industry in the development of new technologies.” He says that Shell is constantly working to expand its knowledge about the capacities of the Brazilian suppliers. “Shell is the only oil company, besides Petrobras, to participate of the National Plan of Professional Qualification (Prominp)”, he says. It also helps Onip to create a database of suppliers (CADFOR), which will bring benefits to the Brazilian industry. “With the Parque das Conchas, for instance, Shell was able to deliver a significant part of the submarine equipment agreements for the Brazilian companies.” Petrobras says that the national industry is attending, in an extremely satisfactory way, to its demand. It ordered in the country seven drilling rigs, in a package of 21 rigs. According to the Company, it is the first time such highly complex equipment will be produced in Brazil. A process considered well succeeded because the daily fee paid by such seven rigs is around USD 450 thousand, very competitive when compared to the international market.

According to the company’s press agent, the public company tried to charter drilling rigs in the international market and, even with the fees around USD 700 thousand per day, the Company could not find such available equipment, as well as there wasn’t also any availability in the shipyards to build such rigs. To Petrobras, the best solution, in economic and strategic terms, is to develop the national industry, in a way to make it more competitive. Economic Crisis – The international financial crisis is carefully evaluated by the companies. Petrobras also says that it is very early to dimension the size of the impact that the economic crisis in Europe and in the United States will have in the world economy and, especially, in the Brazilian one. Petrobras background in the capitation of resources show, however, that international crisis do not affect the capitation of resources by the Company. In the peak of the crisis of 2009, for instance, Petrobras obtained USD 6 billion in the international market. The Company’s projects are very well elaborated and promising, and this is the main element in order more resources can be raised without any other difficulties. Shell also considers hard to predict if the international crisis will cause, or not, impacts in the sector. “We consider one of the positive points that dismiss this possibility the fact that Brazil is currently seen as a good opportunity of investment, aligned to the prediction of high in the consume of energy derived from oil and gas”, explains the manager of External Relations of E&P of the company. In this sense, according to Rodrigues, Shell maintains the plans in course, and those ones expected for investment in the country in the next years. “We are investing in projects with expectation for continuance for, at least, the next decade. We will also keep investing in other projects, still in the exploration phase, such as the five blocks in the São Francisco Basin and BM-S-54, located in the pre-salt region”, he says.


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The challenge that became opportunity Companies of the productive chain seek solution to control the sector’s bottleneck

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ualify the labor for pre-salt, invest in technology and comply with the new rules of the oil industry. These are some of the challenges of the companies that are part of the oil chain. In some situations, the challenge become opportunity of growth and it has been helping the companies to expand.

To overcome some difficulties imposed by the “time” issue, Aker Solutions has been adopting some measures, such as the contraction of professionals of other segments. According to Marquesini, the company has been seeking talents in the automotive area, as the training of a professional demands an average of three to five years.

The country lives a good moment in what it relates to the economic stability and to the demand of external demand, defined this way, the director if Tecman, Orlando Maciel do Nascimento, one of the most promising phases o the oil and gas sector. For him, the internal infrastructure issue and the qualification of the personnel are stimulant for a long term exploration, although there are some bottlenecks that need to the solved, such as the reduction of the tax load and the “fair” distribution of the market of products and services for the small and medium sized companies. “These factors summed to the lack of specialized labor considerably increase the risk for such companies”, evaluates Nascimento.

The executive also mentions that are necessary agreement’s conditions more appropriate to the market. “Our focus is to reduce the risk to the supplier and this way, reduce our cost and, consequently, the value of the product.” And at last, the qualification of Aker’s suppliers.

In Aker Solutions do Brasil, since the pre-salt boom started, in the last three years, the activity of the company in the country has doubled. In December 2010, Aker delivered to Petrobras the first wet Christmas tree (WCT), specially drawn for the exploration of the pre-salt layer. According to the vice-President of Products of Aker Solutions do Brasil, Jonas Marquesini, the challenge now is to adapt the technology that he has and create solutions economically possible to the conditions of the Brazilian market, answering to the technical needs of the pre-salt in an agile way.

Marquesini says that long term agreements with suppliers were performed, in the same conditions the company has with Petrobras. Aker also put employees to follow the development of these suppliers in the product’s inspections and qualification. Even so, there are difficulties to find companies to develop this system. Many of them are with their capacities limited.

And for the performance of a comfortable operation in the short term, it is necessary to have a definition of the government in the issues such as division of the pre-salt royalties, reduction of the tax load, and creation and expansion of technical schools throughout Brazil, says Nascimento. And in the long term, he says, there would be the need of big investments in education, research and infrastructure.

Preparation to increase competitiveness In the field for competitiveness, Tecman has been preparing itself with the improvement of the management of people and productive capacity, taking advantage of the opening of credit. “We studies the possibility of associating our company to another one that strengthen our brand and feeds a bigger volume of projects”, says Tecman’s director.

- To change this scenario, the government needs to provide more support in the creation of financing lines, with smaller interest and longer terms. The currently existent ones, by means of Finame, BNDES and others, are not yet enough.

The expansion of the company was made with the acquisition of a bigger space in the Special Business Zone of Rio das Ostras has contributed to increase its businesses. In Aker, according to Marquesini, the huge investments performed, especially in the three last years, reflect the interest of the company in developing the industry of oil; and gas in Brazil.

For Tecman’s director, the companies need more time to organize themselves. “The chain has already evolved a lot. Therefore, it is needed to grow in an ordered and balanced way, with good planning”, mentions Nascimento, remembering that this will guarantee a safe exploration and, therefore, the possibility of reaching an important place in the world scenario.

The company waits for a big growth for the next years, aligned to its capacity of production until 2020. “Brazil has called the attention of the group, especially after the discovery of pre-salt and of the new exploratory fields”, he says. For the next years, the company intends to invest in the extension of its manufacturing park, in research and development and in the qualification of professionals.  MACAÉ OFFSHORE 43


ENTREVISTA

José Sérgio Gabrielli O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, em entrevista à Revista Macaé Offshore, fala sobre o crescimento da cadeia de fornecedores que tem permitido a elevação do conteúdo local. Segundo Gabrielli, a Companhia tem investido, em média, cerca de R$ 460 milhões por ano, em instituições conveniadas para a aquisição de equipamentos e criação de laboratórios de padrão mundial de excelência, fruto das parcerias estratégicas com 50 redes temáticas com 80 instituições. Gabrielli fala ainda dos planos da Petrobras para a construção naval.

Macaé Offshore – Dentro da Política de desenvolvimento da Cadeia de Fornecedores, para maximizar o conteúdo nacional, a Petrobras apontou, em seu Plano de Negócios 2011-2015, diretrizes para qualificação e política industrial. Como isso se dará? Gabrielli – Vamos apoiar a ampliação da capacidade produtiva de setores altamente competitivos, desenvolver concorrência em setores de média competição, incentivar novos entrantes nacionais, incentivar a associação entre companhias nacionais e internacionais e a instalação de empresas internacionais no Brasil. Temos iniciativas para a qualificação profissional e tecnológica para a otimização da capacidade industrial brasileira, tanto no tocante à ampliação de escala de produção como na inserção de micro e pequenas empresas e na melhoria da gestão. No que se refere à política industrial, diversas ações de financiabilidade, política fiscal e regulação estão sendo empreendidas dentro do Plano Brasil Maior. Estas iniciativas visam ao

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desenvolvimento de fornecedores nacionais com alta competitividade e sustentabilidade ambiental e social num patamar de classe mundial.

M.O. – A Companhia avalia positivamente o desenvolvimento da Cadeia de Fornecedores Nacionais e a entrada de empresas estrangeiras no mercado doméstico. Quais foram os maiores benefícios gerados até então e o que ainda falta para impulsionar mais o conteúdo local e agregar novos fornecedores? Gabrielli - Os benefícios podem ser medidos pela cadeia de fornecedores que vem crescendo a cada ano, como consequência, permitindo a elevação do conteúdo local. Podemos oferecer, como exemplo, a construção das duas últimas plataformas a entrar em operação, a P-56 e a P-57, que foram concluídas dentro do prazo com preços compatíveis aos do mercado internacional e com conteúdo nacional além da exigência contratual, chegando a 72%. Estas plataformas e os oito FPSOs replicantes para o pré-sal, que terão os cascos construídos no estaleiro Rio Grande, seguiram a orientação de simplificação e padronização de projetos. Esta decisão veio possibilitar


entrevista

a implantação seriada de empreendimentos, proporcionando mais rapidez na fabricação e montagem, ganhos de escala e a consequente redução dos custos. Uma das principais iniciativas em curso no país para fortalecer a cadeia de suprimento é o Prominp, que vem estruturando suas ações a partir das reais necessidades de bens e serviços, associadas aos investimentos do setor de petróleo e gás natural. A partir de um grande diagnóstico dos recursos críticos para a implementação de projetos, o Prominp, o E&P e a área de materiais identificam as lacunas e gargalos relacionados à qualificação profissional, infraestrutura industrial e fornecimento de materiais, equipamentos e componentes, estando desenvolvendo, desde 2003, um conjunto expressivo de ações para equacioná-los. Entre os exemplos de realizações desse importante programa estão: formação de 78 mil profissionais em cursos gratuitos de qualificação, inserção de mais de 2.500 micro e pequenas empresas na cadeia de petróleo e gás, em 14 estados, com volume de negócios de R$ 2 bilhões; desenvolvimento Tecnológico Industrial, em parceira com a Finep, para elevar a competitividade dos fornecedores do setor, com investimento de U$ 145 milhões; e desenvolvimento de polos supridores regionais para fortalecer a vocação industrial local nas diversas regiões do país. Em 2010, o percentual de contratação de empresas brasileiras nos projetos de petróleo e gás da companhia alcançou 77,4%, o que representa um crescimento de 400% em relação a 2003. Estamos tentando montar uma cadeia nacional de fornecedores que cresça com condições competitivas internacionais e possa, além de atender às nossas demandas, se tornar exportadora. Destaca-se também, nos procedimentos internos, a evolução do nosso cadastro

de fornecedores de bens e serviços, atualmente com mais de 5.500 empresas. O cadastro funciona também como estímulo para as empresas aperfeiçoarem suas gestões, item fundamental para acesso à demanda crescente de bens e serviços comprados pela Petrobras.

M.O. - Como lembrado antes, a Companhia avalia positivamente o desenvolvimento da Cadeia de Fornecedores. No entanto, o senhor disse que a empresa irá reduzir seu programa de financiamento a forne-

Por tudo isso, podemos afirmar que a consolidação da indústria naval brasileira já é uma realidade cedores. Como espera que as empresas consigam introduzir um sistema tecnológico eficiente e competitivo frente às multinacionais? Gabrielli – O apoio da Petrobras à sua rede de fornecedores se dá de diversas formas, abrangendo, entre outras iniciativas, a qualificação profissional, a estruturação de mecanismos de financiamento, a melhoria da gestão da cadeia de

fornecedores, a facilitação de parcerias entre empresas nacionais e estrangeiras de base tecnológica e incentivo a pequenas e médias empresas para inserção na rede produtiva do setor, por intermédio de convênio com o Sebrae. Também desenvolvemos ações facilitadoras de crédito e de condições mais favoráveis de financiamento, com destaque para o Progredir, que viabiliza, de forma ágil e padronizada, a oferta de crédito em volume e condições competitivas para todas as empresas que integram a nossa cadeia de fornecedores. A estimativa é que o custo de captação dos fornecedores caia, em média, 20%.

M.O. – Ainda dentro da política de desenvolvimento da Cadeia de Fornecedores, a Companhia também diz que, na sua “Fase I”, pretende consolidar estaleiros. Como a Petrobras avalia o potencial dos estaleiros brasileiros? O que falta para que aconteça a consolidação e o que a Companhia vem fazendo para contribuir para seu desenvolvimento? Gabrielli – Os planos da Petrobras para a construção naval estão baseados em três premissas: construir navios, barcos de apoio, sondas marítimas de perfuração, barcaças e plataformas de produção no Brasil, alcançar o nível mínimo de nacionalização de 65% e oferecer condições para que os estaleiros brasileiros se tornem internacionalmente competitivos. Além das contratações próprias, a Petrobras lançou o programa Empresas Brasileiras de Navegação que garante o afretamento de embarcações de diversos tipos, desde que sejam construídas em estaleiros nacionais. Por tudo isso, podemos afirmar que a consolidação da indústria naval brasileira já é uma realidade. No ano de 2000, havia cerca de 1900 trabalhadores diretos no setor. Hoje são cerca de 56 mil, nível superior ao pico MACAÉ OFFSHORE 45


ENTREVISTA

atingido no final dos anos 70, início dos 80. As encomendas nos estaleiros brasileiros somam hoje 271 navios, cerca de 4% da carteira mundial. É importante destacar que estas encomendas não consideram as aprovações do Fundo da Marinha Mercante, que irão somar mais 223 navios. Um bom exemplo é a P-56, plataforma construída no estaleiro Brasfels com o maior índice de nacionalização entre as estruturas do tipo já construídas no Brasil: 73%.

M.O. – A respeito do pré-sal, os investimentos e as expectativas no mercado mundial em relação a essas reservas, inclusive pela qualidade do óleo, são grandes. Levando em conta o investimento no desenvolvimento tecnológico e a questão ambiental, qual a posição da Companhia quanto à forma e o tempo para se explorar essas reservas? Economicamente é mais vantajoso o pré-sal ser explorado em longo ou curto prazo? Gabrielli – Não se trata de curto ou longo prazo, mas sim de encontrar a forma mais adequada de recuperar o maior volume possível dos reservatórios, de forma mais econômica e rentável. É isso que a Petrobras está desenvolvendo através de programas de pesquisa tecnológica específicos para o pré-sal, como o Prosal. Na primeira etapa do desenvolvimento da produção do pré-sal, estamos aplicando tecnologias já conhecidas. Numa segunda etapa, serão aplicadas novas tecnologias, como separação submersa e soluções específicas de logística. Vale ressaltar que nos projetos para o desenvolvimento da produção no pré-sal estamos tratando de desafios e não obstáculos. Buscase, portanto, mais otimização para tornar mais lucrativos os negócios. O que temos à frente são, portanto, desafios tanto tecnológicos como de gestão que estamos desenvolvendo com nossos técnicos e parcerias tecnológicas com instituições de pesquisa e universidades. 46 MACAÉ OFFSHORE

M.O. – De acordo com o PN, a participação do pré-sal na produção nacional de petróleo passará da estimativa de 2% em 2011 para 40,5% em 2020 com os investimentos no segmento de E&P. Com o TLD e o projeto piloto do Lula, que geram um incremento como um todo, o processo de exploração começa a ganhar peso. Quais os próximos campos que entrariam em operação? A Companhia tem uma estimativa para esses campos?

No pós-sal, deverão entrar em produção, nos cinco anos do plano, cerca de 12 novos projetos Gabrielli – No horizonte do pré-sal, estão previstos os seguintes projetos de produção: ainda em 2011, serão iniciados dois testes de longa duração (TLD) com capacidade de 30 mil barris dia cada um, nos campos de Lula Nordeste e Cernambi; em 2012, deverão entrar o Piloto 2 de Guará, com utilização do FPSO Cidade de São Paulo, além do FPSO Cidade de Anchieta, ambos para 100 mil barris diários; em 2012, estamos prevendo a instalação de quatro

TLDs em áreas do pré-sal; no ano seguinte, entre os projetos que darão sustentação ao aumento da produção, estão o FPSO Cidade de Parati, em Lula Nordeste, para 100 mil barris/dia, a plataforma P-58, no Parque das Baleias e mais três TLDs; para 2014, deverão entrar dois FPSOs definitivos nas áreas de Guará Norte e Cernambi Sul, ambos com capacidade para 150 mil barris; e em 2015, estamos prevendo a entrada do primeiro sistema na Cessão Onerosa, na área de Franco, com um FPSO para 150 mil barris/dia, das plataformas P-67 e P-66, ambas com capacidade para 150 mil barris por dia, e da instalação de cinco TLDs. Estes são projetos previstos para o pré-sal no nosso Plano até 2015 que, entretanto, serão alimentados, ao longo do tempo, pelas informações a serem obtidas pelos testes de longa duração e pelas atividades exploratórios. No pós-sal, deverão entrar em produção, nos cinco anos do plano, cerca de 12 novos projetos que, juntos com os do pré-sal, vão sustentar o aumento da produção da Petrobras dos atuais 2,6 milhões barris de óleo equivalente para mais de 3,8 milhões em 2015.

M.O. – O Brasil vem investindo em P&D como nunca, mais ainda tem muito a fazer e conquistar em termos de tecnologia. Esse investimento em tecnologias é positivo no processo de exploração do présal em curto prazo? O que a Companhia está fazendo para adquirir toda essa tecnologia? Gabrielli – A Petrobras é a principal referência mundial na tecnologia de produção de petróleo em águas profundas. Estamos produzindo neste horizonte desde 2009 em diversas áreas, nas Bacias de Campos e Santos. Um dos pontos de destaque é a utilização de unidades de produção do Tipo FPSO. Nos projetos para o desenvolvimento da produção no pré-sal, estamos tratando de


entrevista

desafios. Esses desafios envolvem dois grandes movimentos tecnológicos: mais sistemas submarinos e melhoria nos processos de recuperação. Hoje, com a produção superior a 100 mil barris dia no pré-sal, podemos afirmar que estamos vencendo todos os desafios.

M.O. – Em relação ao conteúdo nacional, espera-se que cerca de 70% dos investimentos sejam colocados junto a fornecedores brasileiros. Mas o senhor destacou também, na apresentação do Plano em Londres, que a política de conteúdo tem atraído investimentos em pesquisa e motivado empresas internacionais a se instalar no Brasil para atuar no setor de petróleo e gás. Qual a opinião da Petrobras a respeito deste modelo, em que as empresas com capital e tecnologia estrangeira fazem fusões e aquisições no Brasil para conseguir operar rapidamente? Gabrielli – Nossa opinião é que este é um movimento positivo e que tem sido adotado por nós, que temos viajado para diversos países, procurando incentivar empresas de elevado conteúdo tecnológico do setor de óleo e gás a se instalar no Brasil, e podemos afirmar que esta iniciativa está trazendo resultados altamente positivos. Hoje, fornecedores importantes da indústria estão vindo e instalando centros de pesquisa no país, o que tem fortalecido as parcerias, principalmente nos projetos relacionados com o pré-sal.

M.O. – Ainda dentro desse assunto, no Plano de Negócios, a Petrobras cita dentro de suas parcerias estratégicas 50 redes temáticas com 80 instituições. A empresa pode destacar o que essas parcerias já têm gerado de positivo? Gabrielli – Nas redes, as instituições desenvolvem pesquisas estratégicas

para os negócios da Petrobras e para a indústria brasileira de energia. Estamos investindo cerca de R$ 460 milhões anuais, em média, possibilitando às instituições conveniadas a implantação de infraestrutura, aquisição de modernos equipamentos, criação de laboratórios de padrão mundial de excelência, capacitação de pesquisadores e desenvolvimento de projetos de Pesquisa & Desenvolvimento nas áreas de petróleo e gás, biocombustíveis e preservação ambiental. Passamos a ter no Brasil laboratórios superiores aos que tínhamos que utilizar fora do País, com menor tempo de resposta, e sem a necessidade de deslocar o pessoal. Segunda grande vantagem: o custo de um ensaio aqui é, obviamente, muito menor. A terceira e mais importante vantagem de todas: estamos atraindo os maiores e melhores talentos das universidades e pesquisadores brasileiros que tinham ido para o exterior por falta de boas condições de pesquisa aqui. É um movimento fantástico de incremento da capacidade de inovação do meio acadêmico e dos institutos de pesquisa brasileiros.

cerca de 70% são de nível básico e médio, onde está a maior carência da cadeia de fornecedores de bens e serviços. Isso significa que vamos ter que formar, em quatro anos, três vezes o número de pessoas que o Prominp capacitou em seus cinco anos de existência, o que deverá envolver recursos de R$ 550 milhões, mais do que o dobro o investimento até 2010 pelo programa. Na Petrobras, estamos aumentando nosso efetivo, que deverá passar dos atuais 61 mil empregados para 74.400 em 2015, sem contar as subsidiárias. O segmento de exploração e produção será o principal demandador de recursos humanos em função do aumento da produção. Temos promovido processos seletivos a cada ano e sempre com um número de candidatos muito superior ao de vagas.

M.O. – O petróleo é, em longo prazo, o melhor ativo financeiro que um país pode possuir, pela simples razão de que toda a estrutura produtiva mundial ainda depende dos combustíveis. Existem mais de três mil subprodutos do petróleo. O senhor não acha que o petróleo em

M.O. – O mercado aponta como grande desafio a demanda de mão de obra. Apesar de os investimentos acontecerem, principalmente na formação de engenheiros, a formação básica é o ponto mais crítico. Como a Petrobras avalia esse fato? E a perspectiva da empresa em relação à formação de mão de obra para atender à demanda do mercado? Gabrielli – A formação profissional é realmente um dos maiores desafios da cadeia produtiva de petróleo e gás. Levantamentos do Prominp indicam a necessidade de qualificação de 213 mil pessoas para atender às demandas do setor até 2014, em 185 categorias profissionais. Deste total, MACAÉ OFFSHORE 47


ENTREVISTA

mãos da nação aumenta, progressivamente, sua supremacia? Então, por que o Brasil insiste em ser exportador de óleo cru? Gabrielli – Hoje exportamos petróleo pesado pela simples razão de que nosso parque de refino, construído para petróleo leve, não tem condições de absorver toda a nossa produção de óleo pesado. A última refinaria construída no Brasil foi inaugurada em 1980. Portanto, ficamos 30 anos sem construir refinarias. Neste período, a Petrobras descobriu grandes volumes de óleo pesado e adaptou as refinarias para aumentar o volume deste óleo nacional e a qualidade dos combustíveis mas, mesmo assim, continuamos com excedente exportável, o que, nos últimos anos, proporcionou ganhos para empresa e divisas para o país. Para corrigir esta defasagem e atender ao aumento esperado da demanda de derivados, que deverá crescer entre 3,8 e 4,5% ao ano, estamos construindo cinco novas unidades de refino que, além de absorver o petróleo pesado que hoje é exportado, também processará o óleo leve proveniente do pré-sal.

M.O. – No segmento de Refino, Transporte e Comercialização, o investimento é de US$ 70,6 bilhões. A estratégia é expandir a capacidade de refino para melhor atender à demanda esperada no mercado nacional de derivados. Qual é a prioridade de investimento da companhia para conseguir atender à crescente demanda? Gabrielli – Nosso melhor e maior mercado é o doméstico, para onde vendemos 90% de nossa produção e, por isso, a prioridade é para o aumento da capacidade de refino, que passará dos atuais 2 milhões para 3,3 milhões de barris/dia. Com isso, vamos atender plenamente à demanda interna de combustíveis e demais derivados de petróleo, com excedente para exportação. Também é 48 MACAÉ OFFSHORE

prioridade investimentos em projetos de ampliação e modernização das refinarias existentes, melhoria operacional e ampliação da frota de naviostanque. O maior déficit entre oferta e demanda de derivados deverá ocorrer nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste, o que justifica a prioridade de investimentos em refino fora o eixo SulSudeste. Por isso, a construção de três unidades no Nordeste: Ceará, Maranhão e Rio Grande do Norte. A refinarias tipo Premium do Maranhão e do Ceará vão produzir combustíveis de alta qualidade. Como as fases de refino das duas unidades serão iguais, haverá uma redução de custos de projeto e de instalação, além de diminuição dos prazos de execução. Os projetos preveem a maximização de derivados médios e eficiência energética e também terão como premissas fundamentais critérios de segurança, meio ambiente e saúde.

M.O. – Que metas foram definidas para redução de custo na construção de novas refinarias? E os novos prazos para entrega das refinarias anunciados no PN 2011/2015 não trariam um comprometimento para o país, já que continuaremos a exportar petróleo bruto e a importar derivados? Gabrielli – A última refinaria brasileira, inaugurada em 1980, tornou o país autossuficiente em derivados, com sobras para exportação. Porém, produzíamos 181 mil barris/dia de petróleo para uma demanda superior a 1,1 milhão de barris/dia. Éramos, portanto, grandes importadores de petróleo, uma vez que as primeiras descobertas da Bacia de Campos foram na segunda metade dos anos 70 e começaram a contribuir, mais significativamente para aumento de nossa produção, na segunda metade dos anos 80. Ocorre que a demanda de derivados somente começou a apresentar maior expansão a partir da segunda metade dos anos 90. Como o parque de refino vinha atendendo à demanda e a empresa

estava obtendo êxito nas atividades exploratórias na Bacia de Campos, a ênfase nos investimentos passou a ser o E&P, em detrimento do refino. Nos últimos anos, a demanda começou a crescer em percentuais maiores do que os índices históricos anteriores. Diante das novas descobertas de petróleo e da expansão da demanda, estas duas vertentes de nossas atividades passaram a receber a mesma prioridade e, por isso, estamos construindo novas refinarias. Como são obras de longa duração, vamos ter um período de aumento nas importações de alguns derivados, o que será compensado em parte pelo aumento das exportações de petróleo, uma vez que nossa produção de petróleo é superior à carga processada nas refinarias.

M.O. – Com relação às metas corporativas definidas para minimizar o impacto potencial das atividades sobre o meio ambiente, seis novos indicadores ambientais foram incluídos como metas. Quais são os principais e de que forma vão contribuir para a sustentabilidade do negócio? Gabrielli – Nosso plano estabelece como objetivos principais maximizar a eficiência energética e reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Assumimos, para o período 2010-2015, como compromisso voluntário, reduzir a intensidade energética nas operações industriais, principalmente no refino, com a meta de 10%, e na geração térmica, com a meta de 5%. Também estabelecemos voluntariamente reduzir em 65% a intensidade da queima de gás natural em tochas nas operações de exploração e produção. Com relação à emissão de gases de efeito estufa, as metas são redução de 15% na exploração e produção, 8% no refino e 5% nas termelétricas. Para cumprir os compromissos com eficiência energética e redução de emissões, o plano prevê investimentos de US$ 1,2 bilhão. 


entrevista

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INTERVIEW

José Sérgio Gabrielli The president of Petrobras, José Sergio Gabrielli, in interview to the Macaé Offshore Magazine, talks about the growth of the supply chain that has allowed the rise of the local content. According to Gabrielli, the Company has invested on average, about R$ 460 million per year, in associated institutions for the acquisition of equipment and creation of laboratories of worldwide standard of excellence, which is result of strategic partnerships with 50 thematic networks with 80 institutions. Gabrielli also talks about the Petrobras plans for shipbuilding.

Macaé Offshore – Inside of the development Politics of the supply chain, to maximize the national content, Petrobras has pointed in its 2011-2015 Business Plan, guidelines for qualification and industrial politics. How will this happen? José Sérgio Gabrielli – We will support the expansion of productive capacity of highly competitive sectors, develop concurrence in sectors of medium competition, encourage new national entrants, encourage the association between national and international companies and encourage the establishment of international companies in Brazil. We have initiatives for the professional and technological qualification for the optimization of the Brazilian industrial capacity, both in terms of expansion of production scale as in the inclusion of micro and small companies and in the management improvement. As regards industrial policy, several financiability actions, fiscal policy and regulation are being held within the Plano Brasil Maior. These initiatives aim at national suppliers developing with high competitiveness and environmental and social sustainability in a world-class level.

M.O. – The Company positively evaluates the development of the National Supply Chain and the entrance of foreign companies in the domestic market. What were the biggest benefits generated until then and what remains to boost more local content and add new suppliers? Gabrielli - Benefits can be measured by 50 MACAÉ OFFSHORE

the supply chain which is growing every year and, consequently, allowing the elevation of local content. We can offer, as an example, the construction of the last two platforms to enter in operation, the P-56 and the P-57, which

For all these reasons, we can say that the consolidation of the Brazilian naval industry already is a reality were completed on time with compatible prices in relation to the international market and with national content beyond the contractual requirement, reaching 72%. These platforms and eight replicating FPSOs for the pre-salt, which will

have hulls constructed in Rio Grande, followed the direction of projects simplification and standardization. This decision has enabled the serial deployment of enterprises, providing more quickness in the manufacturing and assembly, scale gains and consequent costs reduction. One of the main ongoing initiatives in the country to strengthen the supply chain is the Prominp, which has been structuring its shares from the real needs for goods and services, associated to the investments in the oil and natural gas sector. From a major diagnosis of critical resources for the implementation of projects, the Prominp, E&P and the Materials area identify gaps ​​ and bottlenecks related to professional qualification, industrial infrastructure and materials supply, equipment and components and has been developing, since 2003, a significant set of actions to equate them. These are some examples of achievements of this important program: training of 78 thousand professionals in free courses of qualification, inclusion of more than 2,500 micro and small companies in the chain of oil and gas in 14 states, with turnover of R$ 2 billion; Industrial Technological development, in partnership with FINEP, to raise the competitiveness of suppliers in the sector, with an investment of U$ 145 million; and development of Regional suppliers poles to strengthen the local industrial vocation across the country. In 2010, the hiring percentage of Brazilian companies in oil and gas projects of the company reached 77.4%, representing a growth of 400% compared to 2003. We are trying to build a national chain of suppliers that will grow with international competitive conditions and may, in addition to meeting


INTERVIEW

our demands, become an exporter. It also stands out, in the internal procedures, the evolution of our registration of goods and services suppliers, currently with more than 5,500 companies. The register also works as a stimulus for businesses to improve their management, key item to access the growing demand for goods and services purchased by Petrobras.

M.O. - As recalled earlier, the Company positively evaluates the development of the Supply Chain. However, you said that the company will reduce its funding program to suppliers. How do you expect that companies be able to introduce an efficient and competitive technological system facing the multinationals? Gabrielli – Petrobras support to its network of suppliers is given in several ways, including, among other initiatives, professional qualification, structuring of financing mechanisms, improvement of suppliers chain management, facilitation of partnerships between national and foreign companies of technological base and incentive for small and medium companies for insertion in the productive sector network, through an agreement with the Sebrae. We also develop actions that facilitate credit and more favorable financing conditions, especially for the Progress, which enables, in a fast and standardized way, the supply of credit in volume and competitive conditions for all companies that integrate our supply chain. The estimation is that the intake cost of suppliers falls, on average, 20%.

M.O. – Still within the development policy of the Supply Chain, the Company also says that, in its “Phase I”, aims to consolidate shipyards. How does Petrobras evaluate the potential of the Brazilian shipyards? What is missing for the consolidation to happen and what the Company has been doing to contribute to its development? Gabrielli – Petrobras plans for shipbuilding are based on three premises: building ships, support vessels, maritime drilling probes, barges and production platforms in Brazil, reaching the minimum level of 65% nationalization and provide conditions for

the Brazilian shipyards become internationally competitive. In addition to the own contracting, Petrobras launched the Empresas Brasileiras de Navegação (Brazilian Shipping Companies) program which guarantees the chartering of vessels of various types, provided that these are built in national shipyards. For all these reasons, we can say that the consolidation of the Brazilian naval industry already is a reality. In the year of 2000 there were about 1,900 direct workers in the sector. Today there are about 56 thousand, superior level to the peak reached at the late of the 70’s/ beginning of the 80´s. Nowadays, orders in Brazilian shipyards add up 271 ships, about 4% of the global portfolio. Importantly, these orders do not consider the approval of the Merchant Marine Fund, which will add up more than 223 ships. A good example is the P-56, which is a platform built on the Brasfels shipyard with the highest nationalization index among the structures of this kind ever built in Brazil: 73%.

M.O. – Regarding the pre-salt, investments are large, and expectations in the global market for these reserves, including the quality of oil. Taking into account the investment in technological development and environmental issues, what is the Company position regarding the form and time to exploit these reserves? Is the pre-salt more economically advantageous to be exploited in long or short term? Gabrielli – It is not about short or long term, but finding the most appropriate way to recover the largest possible volume of the reservoir, more economically and profitable. That’s what Petrobras is developing through specific technological research programs to the pre-salt, like the Prosal. In the first stage of production development of the pre-salt, we are applying known technologies. In the second stage, new technologies will be applied, such as submerged separation and specific logistics solutions. It is noteworthy that, in the projects for the development of the pre-salt production, we are dealing with challenges and not obstacles. Thus, we are searching for more optimization to make business more profitable. What lies ahead is, therefore, challenges, both technological and management, which we are developing with our technicians and technological

partnerships with research tions and universities.

institu-

M.O. – According to the PN, the share of pre-salt in national oil production will be from the estimate of 2% in 2011 to 40.5% in 2020 with the investments in the E & P follow-up. With the TLD and Lula´s pilot project, which generate an increment as a whole, the exploration process begins to gain weight. What are the next fields that would come into operation? Does the Company have an estimate for these fields? Gabrielli – In the pre-salt horizon, the following production projects are planned: still in 2011, it will be initiated two long term tests (TLD) with a capacity of 30 thousand barrels a day each, in the fields of Lula Nordeste and Cernambi; in 2012, Pilot 2 of Guará should enter, using the São Paulo City FPSO, in addition to the Anchieta City FPSO, both for 100 thousand barrels per day; in 2012, we plan to install four TLDs in pre-salt areas; in the following year, among projects that will support the production increase, there are the Parati City FPSO, in Lula Nordeste, to 100 thousand barrels/ day, the P-58 platform at Parque das Baleias and three more TLDs; for 2014, there should come in two definitive FPSOs in the Guará Norte and Cernambi Sul areas, both with a capacity of 150 thousand barrels; and in 2015 we are planning the entrance of the first system at Assignment for Consideration, in the area of ​​Franco, with a FPSO for 150 thousand barrels/day, of the P-67and P-66 platforms, both with capacity of 150 thousand barrels per day and the installation of five TLDs. These are projects planned for the pre-salt in our Plan until 2015 which, however, will be fed, over time, by the information to be gained by longterm tests and by the exploratory activities. In the post-salt, there should come into production within five years of the plan, about 12 new projects which, along with the pre-salt, will sustain the expansion of the production of Petrobras from current equivalent 2.6 million barrels of oil to more than 3.8 million in 2015.

M.O. – Brazil has been investing in R & D as never before, but still has much to do and achieve in terms of technology. Is this technology investment positive in the process of pre-salt exMACAÉ OFFSHORE 51


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ploration in short term? What is the company doing to acquire all this technology? Gabrielli – Petrobras is the main worldwide reference in the oil production technology in deep waters. We are producing in this horizon in several areas since 2009, in the Campos and Santos Basins. One of the highlight points is the use of production units of the FPSO type. In projects for the development of production in the pre-salt, we are dealing with challenges. These challenges involve two major technological movements: more subsea systems and improvement in the recovery processes. Today, with production exceeding 100 thousand barrels a day in the pre-salt, we can state that we are winning all the challenges.

M.O. – Regarding the national content, 70% of investments is expected to be placed with Brazilian suppliers. But you also highlighted, at the presentation of the Plan in London, that the content policy has attracted investments in research and has motivated international companies to settle in Brazil to operate in the oil and gas sector. What is the opinion of Petrobras about this model, where companies with capital and foreign technology make mergers and acquisitions in Brazil to get running quickly? Gabrielli – Our opinion is that this is a positive movement that has been adopted by us, which we have traveled to many countries, seeking to encourage high-tech companies in the oil and gas sector to settle in Brazil and we can state that this initiative is bringing highly positive results. Today, major industry suppliers are coming and settling research centers in the country, which has strengthened partnerships, particularly in projects related to the pre-salt.

M.O. – Even within this subject, in the Business Plan, Petrobras mentions within its strategic partnerships 50 thematic networks with 80 institutions. Does the company can highlight what these partnerships have already generated of positive? Gabrielli – In networks, institutions

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develop strategic research for the Petrobras business and for the energy Brazilian industry. We are investing about R$ 460 million annually, on average, allowing the implementation of infrastructure to the partner institutions, acquisition of modern equipment, creation of laboratories of worldwide standard of excellence, training of researches and development of R & D projects in the areas of oil and gas, biofuels and environmental preservation. We now have superior laboratories in Brazil than the ones we had to use outside the country, with faster response time, and without the need to move staff. Second great advantage: the cost of a trial here is, obviously, much

In the post-salt, there should come into production within five years of the plan, about 12 new projects smaller. The third and most important advantage of all: we are attracting the biggest and best talents from universities and Brazilian researchers who had gone abroad for lack of good research conditions here. It is a fantastic movement to increase capacity for innovation in academics and Brazilian research institutions.

M.O. – The market aims as great challenge the demand for labor. Despite the investments do occur, mainly in engineering training, the basic training is the most critical point. How does Pe-

trobras evaluate this fact? And what is the company perspective for the training of labor for meeting the market demand? Gabrielli – The professional training is actually one of the biggest challenges of the production chain of oil and gas. Prominp surveys indicate the need for qualification of 213 thousand people to meet the demands of the sector until 2014, in 185 professional categories. Out of this total, about 70% are basic and secondary levels, where there is the greatest lack of the supply chain of goods and services. That means we have to train, in four years, three times the number of people which the Prominp trained in its five years of existence, which shall involve funding of R$ 550 million, more than double of the investment up to 2010 by the program . In Petrobras we are increasing our effective, which should rise from the current 61 thousand employees to 74,400 in 2015, excluding subsidiaries. The exploration and production segment will be the main consumer of human resources, due to increased production. We have performed selective processes each year and always with a much higher number of candidates than vacancies.

M.O. – The oil is, in the long term, the best financial asset that a country may have, for the simple reason that all the world productive structure still depends on fuels. There are over three thousand oil byproducts. Don´t you think that oil on the hands of the nation increases, progressively, its supremacy? So, why Brazil insists on being an exporter of crude oil? Gabrielli – Today we export heavy oil for the simple reason that our refining capacity, built for light oil, is unable to absorb all our heavy oil production. The last refinery built in Brazil was inaugurated in 1980. Therefore, we haven´t built refineries for 30 years. In this period, Petrobras discovered large amounts of heavy oil and adapted the refineries to increase the volume of this national oil and fuels quality but, even so, we continue with the exportable surplus, which, in recent years, provided earnings to the company and foreign exchange for the country. To correct this gap and meet the expected increase of the demand for derivatives, which should grow between 3.8 and 4.5% per year, we are building five new refining units which, in


INTERVIEW

addition to absorb the heavy oil that is exported today, will also process light oil from the pre-salt.

M.O. – In the segment of Refining, Transportation and Trading, the investment is US$ 70.6 billion. The strategy is to expand refining capacity to better meet the expected demand at the national market of derivatives. What is the priority of investment of the company to be able to meet the growing demand? Gabrielli – Our best and biggest market is the domestic, where we sell 90% of our production to and, therefore, the priority is to the increase of refining capacity, which will increase from the current 2 million to 3.3 million barrels / day. This will fully meet the domestic demand for fuel and other oil products, with surplus for export. It is also a priority investment in expansion projects and modernization of existing refineries, operational improvement and expansion of the oil tankers fleet. The largest deficit between supply and demand of oil products shall occur in the North, Northeast and Midwest regions, which justifies the priority of investment in refining out the SouthSoutheast axis. That is the reason for the construction of three units in the Northeast: Ceará, Maranhão and Rio Grande do Norte. The Premium refineries of Maranhão and Ceará will produce highquality fuels. As the phases of two refining units will be equal, there will be a reduction of project costs and installation, in addition to the reduction of

terms of execution. The projects predict the maximization of average derivatives and energy efficiency and will also have as fundamental premises, criteria for security, environment and health.

M.O. – Which goals were set for cost reduction in building new refineries? And what about the new deadlines for delivery of refineries, announced in PN 2011/2015, wouldn´t they bring a commitment for the country, since we will continue to export crude oil and import oil products? Gabrielli – The last Brazilian refinery, opened in 1980, made the ​​ country selfsufficient in oil products, with surplus for exportation. However, we were producing 181 thousand barrels / day of oil for a demand higher than 1.1 million barrels / day. We were, therefore, major oil importers, since the first discoveries in the Campos Basin were made in the second half of the ‘70s and began to contribute more significantly to increase our production in the second half of the ‘80s. It happens that the demand for oil products only began to present further expansion from the second half of the year ‘90s. Since the refining park had been meeting to the demand and the company was achieving success in the exploration activities at the Campos Basin, the emphasis on investment became the E & P, at the expense of refining. In recent years, demand began to grow in higher percentages than the previous historical

rates. Facing the new oil discoveries and the expansion of demand, these two aspects of our activities have received the same priority and, therefore, we are building new refineries. As these are long-term works, we will have a period of increased imports of some products, which will be partially compensated by increased oil exports, since our oil production is above the load processed in the refineries.

M.O. – With respect to corporative goals defined to minimize the potential impact of activities on the environment, six new environmental indicators were included as goals. What are the main ones and how will they contribute to the business sustainability? Gabrielli – Our plan establishes as main goals to maximize energy efficiency and to reduce emissions of greenhouse gases. We assume, for the period 2010 – 2015, as a voluntary commitment, to reduce the energy intensity in industrial operations, especially in refining, with the goal of 10%, and in the thermal generation, with the goal of 5%. We also voluntarily established to reduce by 65% the intensity of burning natural gas in torches at the exploration and production operations. Regarding the emission of greenhouse gases, the goals are of 15% reduction in exploration and production, 8% in refining and 5% in thermoelectric power plants. To fulfill the commitments with energy efficiency and emissions reduction, the plan predicts investments of US$ 1.2 billion. 

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DESENVOLVIMENTO

A regra de conteúdo local foi criada com o intuito de aumentar a participação da indústria nacional nos projetos de exploração de petróleo e gás The local content rule was created in order to increase participation of the national industry in oil and gas projects

indústria

Surge uma eficiente e competitiva

As regras de conteúdo local irão criar uma cadeia produtiva sustentável

Por Ludmila Azevedo

A

indústria de fornecedores offshore já deu início ao seu processo de consolidação para atender às regras de certificação de conteúdo local. Estruturada, a cadeia de bens e serviços poderá se beneficiar do expressivo volume de encomendas provenientes dos projetos do pré e pós-sal, tornando-se uma rede de fornecedores eficiente e competitiva. 54 MACAÉ OFFSHORE

A regra de conteúdo local foi criada com o intuito de aumentar a participação da indústria nacional nos projetos de exploração de petróleo e gás no país. É aplicada em cada fase do ciclo de exploração e nos seus blocos. O aumento do conteúdo local vem sendo desenvolvido desde 2008 e faz parte das regras da Agência Nacional de Petróleo (ANP) desde 2005.

Para se adequar a este processo, a rede de fornecedores tem alguns desafios pela frente como a questão tecnológica, a capacitação de pessoal, o alto custo da matéria-prima e a elevada carga tributária. Instituições representativas como a Onip, Abenav, IBP, Abimaq, Rede Petro Brasil, entre outras, e a própria Petrobras têm feito um esforço conjunto na busca de soluções que fortaleçam a cadeia produtiva.


Divulgação

DESENVOLVIMENTO

Divulgação / Vicel

Respondendo a todo este desafio, a rede tem lançado mão de diversos recursos para atender o mercado. Atuando há 13 anos na inspeção de dutos, a PipeWay, prevendo o incremento da demanda nos próximos anos, tem investido na expansão e desenvolvimento da frota de ferramentas, bem como na capacitação continuada dos colaboradores. O presidente da PipeWay Brasil, José Augusto Pereira da Silva, acredita que mesmo com todos esses desafios, a política de conteúdo nacional poderá trazer desenvolvimento tecnológico e maior geração de empregos para o setor.

A Brastech procura contornar parte destes desafios da política de conteúdo local, capacitando e qualificando seus profissionais. Segundo o diretor de operações, Roberto Fernando Chedid Filho, toda equipe técnica da empresa tem acompanhado as movimentações do projeto do pré-sal. “Temos procurado desenvolver novos equipamentos e soluções para atender às demandas tecnológicas exigidas pelo pré-sal”, relata o diretor de operações, lembrando que o trabalho tem sido feito com foco no aumento da produtividade. Na Vicel, uma das estratégias adotadas foi criar um projeto para atender os requisitos do conteúdo nacional. Por meio deste projeto, a empresa viabiliza a importação de equipamentos de classe mundial para geração de água e tratamento de efluentes para navios e plataformas offshore em kits desmontados para montagem no Brasil, com mão de obra local e componentes nacionais.

O coordenador de Marketing e de Novos Negócios da Vicel, Hélio Brasileiro The Coordinator of Marketing and Business Development from Vicel, Helio Brasileiro

Segundo o coordenador de Marketing e de Novos Negócios da Vicel, Helio Brasileiro, estes equipamentos eram fornecidos pelos fabricantes nos EUA e na Europa, agora serão montados pela Vicel. A Vicel também tem feito a capacitação dos seus funcionários. “Nossos técnicos são enviados para o exterior para cumprir programas de treinamento realizados pelos próprios fabricantes e retornam ao Brasil com certificação FCE ou “Factory Certified Engineers”, diz. A empresa estuda outros caminhos

para atender à demanda do pré-sal, como fazer acordos de parceria com os principais estaleiros do país para levar novas linhas de montagem para os demais polos da construção naval e offshore do país, como Rio Grande e Suape, conforme revela Brasileiro. Com isso, a Vicel espera ampliar a área de cobertura da empresa, como entregas sob demanda, e poder também operar em regime de consórcio industrial com os estaleiros e EPCistas. Segundo ele, o maior desafio é encontrar fontes de financiamento para os processos de crescimento. Divulgação / PipeWay

Entre os gargalos que o segmento vai enfrentar, ele descreve a dificuldade de recursos humanos qualificados e a necessidade do aumento da capacidade produtiva dos fornecedores nacionais. “O elevado custo da matéria-prima local também é um fator que merece ser destacado”, alerta José Augusto.

A PipeWay tem investido na expansão e desenvolvimento da frota de ferramentas visando à demanda dos próximos anos Pipe way has invested in the tools fleet expansion and development aimed at the demand of the next years

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DESENVOLVIMENTO

Os desafios do pré-sal

Divulgação

Mesmo tendo vivenciado tempos atrás uma política de conteúdo nacional, quando também foi preciso investir e se aprimorar, a indústria de petróleo passa agora por momento ainda mais desafiador. Com as reservas do pré-sal, o Brasil está diante da possibilidade de criar uma nova indústria e modernizar a cadeia produtiva, com elevado componente tecnológico, afirma o presidente da Associação da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy. Agora, estamos diante de um novo desafio, em um patamar superior, frisa Godoy. “Está bem claro que a indústria tem de se planejar desde já, de forma que, quando forem iniciadas as primeiras e principais compras de bens e serviços, ela esteja pronta para atender aos pedidos, com prazos adequados, tecnologia de ponta e preços competitivos”, alerta. Segundo Godoy, nos últimos anos, as empresas fornecedoras têm investido e se preparado para atender às encomendas tanto da Petrobras quanto das concessionárias de petróleo e gás. “Antes visando ao pós-sal, agora também ao présal”. De acordo com o presidente da Abdib, a cadeia produtiva terá de promover um amplo programa de investimento para expandir a capacidade de ofertar bens e serviços, melhorar prazos e custos, absorver novas tecnologias e formar mão de obra especializada. “Não creio que haverá falta de fornecedores, ainda que possa surgir algum hiato momentâneo entre demanda e capacidade de oferta em alguma área específica”. Segundo ele, o grande parceiro tempos atrás e que agora também tem contribuído para aprimorar as condições de fornecimento da indústria brasileira é o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp). 56 MACAÉ OFFSHORE

O presidente da Associação da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy The president of the Association of Infrastructure and Basic Industries (Abdib), Paulo Godoy

Competitividade - Godoy destaca outros desafios existentes com complexidades variadas como os estaleiros, os equipamentos, financiamento e mão de obra. Ele diz que as empresas fornecedoras de bens e serviços terão de melhorar as condições de competitividade, formar mão de obra especializada, desenvolver e absorver novas tecnologias e ampliar a capacidade produtiva. “É importante que sejam instituídos programas de apoio com medidas de redução de custos tributários e financeiros”. Outro ponto colocado pelo presidente da Abdib é em relação à ampliação da capacidade de infraestrutura de estaleiros e canteiros. Após décadas de pouca atividade e declínio, a indústria naval encontra-se com elevados níveis de utilização da capacidade instalada de produção. Para Godoy, isso é bom porque impulsiona a expansão física e tecnológica do setor. Ele acredita que a perspectiva de investimentos e de encomendas que o pré-sal projeta será um fator econômico suficiente para motivar a substituição

competitiva e responsável de importações por meio de parcerias tecnológicas e de planos de desenvolvimento da indústria local. “Para toda essa atividade, precisaremos aprimorar as condições de financiamento e de garantias, com programas abrangentes, com novos instrumentos e com custos e prazos competitivos”, observa. Godoy reforça a importância da mobilização das empresas e das instituições de ensino na formação de mão de obra em diversos níveis de especialização. “Acredito que o aprendizado com o Prominp possa ser aproveitado, já que foram construídas metodologias e formas de treinamento que podem ser replicadas para o desafio de absorver novas tecnologias”. O presidente da Abdib diz que um dos principais desafios será a estruturação de financiamento para os pesados investimentos que terão de ser feitos pelas empresas da cadeia produtiva do setor de óleo e gás. A Petrobras terá um papel fundamental por meio do programa Progredir, aponta. 


DESENVOLVIMENTO

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DEvelopment

Arises an efficient and competitive

industry

The local content rules will create a sustainable supply chain

By Ludmila Azevedo

T

he industry of offshore suppliers has already started its consolidation process to meet the rules of certification of local content. Consolidated, the chain of goods and services can benefit from the significant volume of orders from the projects of the pre-salt and post-salt, becom-ing an efficient and competitive network of suppliers. The local content rule was created in order to increase the national industry participation in projects of oil and gas exploration in the country. It is applied at each stage of the exploration cycle and its blocks. The increase of the local content has been developed since 2008 and is part of the rules of the Agência Nacional de Petróleo - ANP - (National Petroleum Agency) since 2005 To suit this process, the suppliers network has some challenges ahead as the technological question, personnel training, the high cost of raw materials and the high tax burden. Representative institutions such as Onip, Abenav, IBP, Abimaq, Rede Petro Brasil, among others, and Petrobras itself has made a joint effort to find solutions that strengthen the supply chain. Replying to this challenge throughout, the network has made use of ​​ various resources to meet the market. Working for 13 years in pipeline inspection, the Pipeway, 58 MACAÉ OFFSHORE

anticipating the increased demand in the coming years, it has invested in the expansion and development of the tools fleet, as well as ongoing training of the employees. The president of Pipeway Brasil, José Augusto Pereira da Silva, believes that even with all these challenges, the policy of national content will bring technological development and more job generation for the sector. Among the bottlenecks that the segment will face, he describes the difficulty of qualified human resources and the need to increase the productive capacity of the national suppliers. “The high cost of local raw materials is also a factor that deserves to be highlighted”, alert José Augusto. To overcome part of these challenges of the local content policy, the Brastech is training and qualifying its professionals. According to the director of operations, Roberto Fernando Chedid Filho, every company’s technical team has been tracking the movements of the presalt project. “We have sought to develop new equipment and solutions to meet the technological demands required by the pre-salt”, reports the director of operations, noting that the work has been done with focus on increasing productivity, In Vicel, one of the strategies adopted was to create a project to meet the requirements of the national content. Through the

project, the company enables the importation of world-class equipment for producing water and wastewater treatment for ships and offshore platforms in disassembled kits for assembly in Brazil, with local labor and national components. According to the Marketing and New Business Coordinator of Vicel, Helio Brasileiro, these equipment were supplied by manufacturers in the US and Europe, now they will be assembled by Vicel. Vicel has also made the training of its employees. “Our technicians are sent abroad to carry out training programs conducted by the manufacturers themselves and return to Brazil with FCE certification or “Factory Certified Engineers” he says. The company is studying other ways to meet the demand of the pre-salt, such as making partnership agreements with major shipyards in the country to bring new assembly lines for the other poles of the shipbuilding and offshore of the country, like Rio Grande and Suape, as Brazilian reveals. Thus, Vicel hopes to expand the company´s coverage area, as deliveries on demand, and also be able to operate under industrial consortium with the shipyards and EPCistas (big companies). According to him, the biggest challenge is finding funding sources for the growth processes.


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The challenges of pre-salt Despite having experienced a policy of national content some time ago, when it was also necessary to invest and improve, the oil industry is now experiencing an even more challenging moment. With the pre-salt reserves, Brazil is facing the possibility of creating a new industry and modernizing the supply chain, with a high technological component, states the president of the Associação da Infraestrutura e Indústrias de Base - Abdib - (Association of the Infrastructure and Basic Industries), Paulo Godoy. Now, we are facing a new challenge, in a higher level, highlights Godoy. “It is quite clear the industry has to plan now, so that, when the first major purchases of goods and services are initiated, it is ready to meet the orders, with appropriate deadlines, latest technology and competitive prices” he warns. According to Godoy, in recent years, supplier companies have invested and prepared to meet the orders from both the Petrobras and oil and gas concessionaries. “Before only aiming at post-salt, now also aiming at the pre-salt”. According to the president of Abdib, the production chain shall promote a comprehensive investment program to expand the capacity to supply goods and services, improve deadlines and costs, absorb new technologies and train specialized labor. “I do not think there will be lack of suppliers, although some momentary gap may arise between demand and supply capacity in some specific area.” According to him, the major partner some time ago and which now has also contributed to improve the supply conditions of the Brazilian industry is the Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural Prominp - (Program for Mobilization of the National Industry of Oil and Natural Gas). Challenges - Godoy highlights other existing challenges with various

complexities, such as shipyards, equipment, financing and labor. He makes a point of emphasizing that suppliers of goods and services will have to improve the competitiveness conditions, train specialized labor, develop and absorb new technologies and expand productive capacity. “It is important that programs are established to support measures to reduce tax and financial costs.” Another point made by the president of Abdib is regarding the expansion of infrastructure capacity for shipyards and construction sites. After decades of little activity and decline, the marine industry meets with high levels of utilization of the installed capacity of production. For Godoy, this is good because it boosts the physical and technological expansion of the sector. He believes that the prospect for investment and orders that presalt projects will be a sufficient economic factor to motivate the competitive and responsible substitution of importations through technological partnerships and development plans of the local industry. “For all this activity, we will need to improve the financing conditions and guarantees, with comprehensive programs, with new instruments and with competitive costs and deadlines,” he points. Godoy reinforces the importance of mobilizing companies and educational institutions in the training of labor at various levels of expertise. “I believe that learning with Prominp can be used, since methodologies and training forms were built, which can be replicated to the challenge of absorbing new technologies.” Abdib’s president says that a key challenge will be to structure the financing for the heavy investments that will have to be made​​ by the companies of the productive chain of the oil and gas sector. Petrobras will have a key role through the financial support program that was launched, the Progress, he points out. 

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Plataforma Espírito santo

A indústria petroleira terá novas atividades no Parque das Baleias - sul do Espírito Santo The oil industry will have new activities in Parque das Baleias - south of Espírito Santo

Petróleo e gás:

Espírito Santo em total progresso Desde 2006, o Estado é o segundo maior produtor de petróleo do Brasil, além de ter um potencial de produção de 15 milhões de metros cúbicos/dia de gás natural

N

os últimos oito anos, o Espírito Santo se tornou destaque na economia nacional como um dos Estados

cada favorecem novos investimentos,

que mais se desenvolveram no país.

Uma das áreas que vêm rece-

A localização estratégica - próxima aos

bendo grandes investimentos e, por

grandes centros de produção e consu-

isso, merece destaque e valoriza-

mo do Brasil - e a economia diversifi-

ção, é a de petróleo e gás: elementos

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tanto para o comércio internacional, como para o mercado interno.

catalisadores do desenvolvimento desta região. Com a descoberta de novos campos offshore do Espirito Santos feitos, principalmente pela Petrobras, o Estado tornou-se a segunda maior província petrolífera do país e, até o final de 2011, deverá alcançar uma produção de cerca de 400 mil barris por


Arte: Paulo Mosa Filho / Informações: Petrobras

Plataforma Espírito santo

dia. Atualmente, a produção gira em torno de 350 mil. Em abril deste ano, o Instituto Jones dos Santos Neves – autarquia da Secretaria de Estado de Economia e Planejamento – anunciou um levantamento de cerca de R$ 98,8 bilhões em investimentos para o Espírito Santo até 2015. Só a indústria do petróleo contrata cerca de R$ 4 bilhões por ano.

Novos campos No contexto da cadeia produtiva de petróleo e gás, as perspectivas petrolíferas das áreas do pré e pós-sal do Espírito Santo formam uma combinação de comprovado elevado potencial. Com lâminas d’água que variam de 1,3 a 2 mil metros de profundidade, grandes reservatórios de óleo e gás estão sendo encontrados acima e

abaixo de camada de sal de idade Aptiana que, em média, tem 200 metros de espessura. Desde 2008, a Petrobras vinha produzindo em caráter experimental no campo de Jubarte – na porção capixaba da Bacia de Campos, a 80 km da costa do Espírito Santo – onde se encontra o segundo maior polo do pré-sal brasileiro em reservas. No dia 15 de julho de 2010, a empresa anunciou, oficialmente, o início da produção comercial na camada do pré-sal do Espírito Santo, no campo de Cachalote. No mesmo ano, a Plataforma P-57 – que opera na região de Anchieta, a 75 km do litoral capixaba e a 110 km de Vitória – atingiu a meta dos 100 mil barris de petróleo processados por dia, além dos dois milhões de metros

cúbicos de gás. Ela tem capacidade para produzir e processar, diariamente, até 180 mil barris de petróleo e dois milhões de metros cúbicos de gás.

Projetos futuros O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, já destacou a importância deste momento para o Estado, com a produção do petróleo superando os 300 mil barris/dia. A indústria petroleira terá novas atividades no Parque das Baleias - sul do Espírito Santo – que serão iniciadas em 2012 e 2013. No próximo ano, na área de pré-sal do campo de Baleia Azul, o FPSO Cidade de Anchieta começa a operar. Enquanto isso, a plataforma P-58, que está em construção, começa a produção de petróleo a partir de 2013.

Vitória Oil & Gas 2011 Aproveitando o bom momento do setor no Espírito Santo, inclusive para o mercado de trabalho, o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) vai organizar, entre os dias 24 e 26 de outubro, na Praça do Papa, na Enseada do Suá, em Vitória, a Feira e Conferência Vitória Oil & Gas 2011. A expectativa é de que o evento se transforme, mais uma vez, em uma importante vitrine para as companhias capixabas, nacionais e estrangeiras interessadas em mostrar seus produtos e serviços. O evento terá uma conferência que irá abordar temas como Produção de Petróleo e Gás no Espírito Santo, Desafios Tecnológicos

e Gestão Ambiental da Indústria do Petróleo. A exposição paralela, aberta aos profissionais do segmento, já tem presença confirmada das principais empresas do setor, entre elas a Petrobras, Shell, BP, Codesa e Technip. Também estarão presentes, com estandes, entidades como a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Governo do Estado, Sebrae e Rede Petro – ES. O encontro também vai promover atividades paralelas, como a Rodada de Negócios, organizada pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) e o Sebrae-ES e o Programa Profissional do Futuro. Além disso, haverá Mesa Redonda sobre

Empregabilidade na Indústria do Petróleo, realizada pela primeira vez no evento, com objetivo de intermediar o contato entre empregadores e representantes acadêmicos para o debate de temas como a falta de profissionais especializados no mercado. Como se vê, o que não faltam são oportunidades de desenvolvimento em uma das regiões de maior potencial econômico do País. O IBP, como fórum representativo da indústria de petróleo, espera contribuir de maneira positiva e sustentável com esse momento capixaba. Álvaro Teixeira é Secretário Executivo do IBP - Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis.

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Platform espírito santo

Oil and gas:

Espírito Santo in full progress Since 2006, the State is the second largest oil producer in Brazil, and has a potential to produce 15 million cubic meters per day of natural gas

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ver the past eight years, Espírito Santo became prominent in the national economy as one of the most developed states in the country. The Strategic location - close to major centers of production and consumption in Brazil - and the diversified economy favor new investments, both for international trade, as for the internal market. One of the areas that have received large investments and, therefore, deserves attention and appreciation, is the oil and gas area: catalyst elements for the development of this region. With the discovery of new fields in the offshore of Espírito Santo, primarily by Petrobras, the state became the second largest oil province in the country, and by the end of 2011, it should reach a production of almost 400,000 barrels per day. Currently, the production is around 350,000. In April of this year, the Instituto Jones dos Santos Neves - authority of the State Secretariat of Economy and Planning - has announced a survey of about R$ 98.8 billion in investments for Espírito Santo, until 2015. Only the petroleum industry hires about R$ 4 billion per year.

New fields

In the context of the production chain of oil and gas, the oil prospects of the areas of pre and post-salt of Espírito Santo, form a combination of proven high potential. With water depths ranging from 1.3 to 2000 meters of depth, large reservoirs of oil and gas are being found above and below the salt layer of Aptian age which, on average, has 200 meters of thickness. Since 2008, Petrobras had been producing on an experimental basis in the 62 MACAÉ OFFSHORE

field of Jubarte - in the portion of Bacia de Campos, 80 km from the coast of Espírito Santo - where the second largest presalt pole of Brazil, in reserves, is found. On July 15th, 2010, the company officially announced the start of commercial production in the pre-salt layer of Espírito Santo, in the field of Cachalote. In the same year, the Platform P-57 which operates in the region of Anchieta, 75 km from the coast of Espírito Santo and 110 km from Victory - achieved the goal of 100 thousand barrels of processed oil per day, in addition to two million cubic meters of gas. It has the capacity to produce and process daily up to 180 thousand barrels of oil and two million cubic meters of gas.

Future Projects

The governor of Espírito Santo, Renato Casagrande, has already highlighted the importance of this moment for the state, with oil production surpassing 300 thousand barrels per day. The oil industry will have new activities in Parque das Baleias - south of Espírito Santo - which will be launched in 2012 and 2013. Next year, in the pre-salt field of Baleia Azul, FPSO City of Anchieta will begin to operate. Meanwhile, the platform P-58, which is under construction, will begin oil production from 2013.

Vitória Oil & Gas 2011

Taking advantage of the momentum of the sector in Espírito Santo, including the labor market, the Brazilian Institute of Oil, Gas and Biofuels (IBP) will host, between 24 and 26 October, in Praça do Papa, in Enseada do Suá, Vitória, the Victoria Oil & Gas 2011 Fair and Conference.

The expectation is that the event will be, once again, an important showcase for the Espírito Santo companies, as well as the domestic and foreign companies, interested in showing their products and services. The event will be a conference that will address topics such as Oil and Gas Production in Espírito Santo, Technological Challenges and Environmental Management of the Oil Industry. A parallel exhibition, open to industry professionals, has already confirmed the presence of the sector’s leading companies, including Petrobras, Shell, BP, Technip and Codesa. Organizations like the Federation of Industries of Espírito Santo (Findes), the State Government, Sebrae and Rede Petro - ES, will also be present with booths. The meeting will also promote parallel activities, such as the Business Roundtable, organized by the National Organization of the Petroleum Industry (Onip) and Sebrae-ES and the Professional Program of the Future. In addition, there will be a Roundtable on Employment in the Oil Industry, performed at the event for the first time, with the aim of facilitating the contact between employers and academic representatives to debate issues such as lack of trained professionals in the market. As it is seen, there is no shortage of opportunities for the development in a region of the greatest economic potential of the country. IBP, as a representative forum of the oil industry, hopes to contribute in a positive and sustainable way with this time of Espírito Santo. Álvaro Teixeira is Executive Secretary of IBP - Brazilian Institute of Oil, Gas and Biofuels


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