PRÉ-SAL BARSILEIRO

Page 1

MACAÉ OFFSHORE 1


2 MACAÉ OFFSHORE


ÍNDICE / CONTENTS

Matéria de capa | Report of Cover

O mundo focado no Brasil The world focused in Brazil

32 42 Paulo Mosa Filho

Brasil precisa focar na parceria intelectual

39

e mudar sua política industrial Brazil needs to focus on the intellectual partnership and changes its industrial policy

45

6 Gateway News . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 Portal de Notícias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Tecnologia | Technology Ascom UFRJ

Articulando | News & Views

12 Campos Basin: The strong investments center of the O&G market.. . . . 13 Bacia de Campos: um forte centro de investimento do mercado de P&G . . . .

Entrevistas | Interviews

18 Carlos Lessa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Aldair Costa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 Aldair Costa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Carlos Lessa.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Pequenas empresas, grandes tecnologias Small companies, big technologies

24 30

Empresas e Negócios | Companies and Business

48 Nutsteel widens its portfolio to attend the offshore market . . . . . . . . . . 49 Nutsteel amplia portfolio para atender o mercado offshore.. . . . . . . . .

Colunistas | Columnists

Gestão de Negócios Business Management Alexandre Andrade

Por dentro do mercado Inside the market Celso Vianna Cardoso

Competitividade e inovação: um desafio para as novas empresas Competitiveness and innovation: a challenge for the new companies O que esperar das prestadoras de serviços para exploração de petróleo e gás? What to expect from the services renderers for the exploitation of oil and gas?

14 15 16 17

Mais informações: www.macaeoffshore.com.br

MACAÉ OFFSHORE 3


CARTA AO LEITOR / LETTER TO THE READER

Uma década acompanhando o mercado de P&G A Revista Macaé Offshore está comemorando dez anos, trajetória marcada pela credibilidade que a levou à sua consolidação. Com sede em Macaé, acompanhando as novidades do setor de petróleo e gás do Brasil e do mundo, mais uma vez marcou presença na Feira Brasil Offshore, levando as informações aos seus leitores, empresários e parceiros e comemorando a conquista de uma década no mercado nacional. A revista traz, nesta edição, informações e análise de representantes de entidades e instituições representativas do setor que marcaram presença na Offshore Technology Conference – OTC 2011 realizada em Houston (EUA), onde o Brasil foi um dos maiores destaques. O Pré-sal mais uma vez foi a pauta nas conversas dos corredores da feira e nas rodas de debates empresariais. Acompanhando de perto todas as operações empresariais, principalmente o desenvolvimento da região da Bacia de Campos e o crescimento das pequenas e médias empresas, trazemos nesta edição matérias

que dão destaque às oportunidades pontuadas por especialistas do setor de P&G para que essas empresas possam tornar-se cada vez mais competitivas e globais, buscando parcerias e investindo na inovação. Temos entrevistas e artigos que também apresentam a visão de um economista e de empresários que fazem uma análise de mercado sobre o futuro econômico do País diante da exploração e produção de petróleo no pré-sal paralelamente aos investimentos na área de energias alternativas, onde estão as oportunidades no curto prazo e as perspectivas com relação ao futuro da região da Bacia de Campos. A Macaé Offshore aproveita a oportunidade para agradecer seus leitores e parceiros pela credibilidade depositada nesses dez anos e entra nesta nova etapa em busca de novas décadas de conquistas, com ética e compromisso, sobretudo, fortalecendo essa confiança e contanto cada vez mais com a colaboração e a parceria de todos. Boa Leitura!

A decade following the O&G market Macaé Offshore is commemorating 10 years, a trajectory marked by the credibility that resulted in its consolidation. Headquartered in Macaé, and following the news in the oil and gas sector, in Brazil and abroad, once more we were present in the Brazil Offshore Fair, taking the information to its readers, entrepreneurs and partners, commemorating the conquest of one decade in the national market. The magazine brings in this issue information and the analysis of representatives of entities and institutions that represent the sector, which were present in the Offshore Technology Conference – OTC 2011, held in Houston (USA), where Brazil was one of the biggest highlights. Pre-salt, once more was the subject of the conversations in the fair’s corridors and in the corporate debate circles. Closely following all corporate operations, especially the development of the Campos Basin region, and the growth of the small and medium sized companies, we bring, in this issue, articles that highlight the opportunities pointed out by specialists from 4 MACAÉ MACAÉOFFSHORE OFFSHORE

the O&G sector, in order these companies can become even more competitive and global, seeking partnerships and investing on innovation. We have interviews and articles that also present the views of an economist and of entrepreneurs that make a market analysis, such as the economic future of the Country, in relation to the oil exploitation and production in pre-salt, in parallel to the investments in the area of alternative energy sources; where the short term opportunities are and the perspectives in relation to the future of the Campos Basin region. Macaé Offshore takes this opportunity to thank its readers and partners by the credibility you had in us during these ten years, and it starts this new phase looking for new decades of conquests, with ethics and engagement, and above all, strengthening this trustworthiness and counting even more with the collaboration and partnership of you all. Have a good reading!

Capa / Cover: Paulo Mosa Filho Foto / Photo: Reprodução A Macaé Offshore é uma publicação bimestral, bilíngue (Português / Inglês), editada pela Macaé Offshore Editora Ltda. Rua Teixeira de Gouveia, 1807 - Centro Macaé/RJ - CEP 27.916-000 Tel/fax: (22) 2770-6605 Site: www.macaeoffshore.com.br Macaé Offshore is a bimonthly, bilingual publication (Portuguese / English), edited by Macaé Offshore Editora Ltda. Rua Teixeira de Gouveia, 1807 - Centro Macaé - RJ - CEP 27.916-000 Tel/fax: (22) 2770-6605 Site: www.macaeoffshore.com.br Direção Executiva: / Executive Directors: Bruno Bancovsky Edição Final: / Final Editing: Bruno Bancovsky Publicidade: / Advertising: Fernando Albuquerque publicidade@macaeoffshore.com.br Jornalista: / Journalist: Érica Nascimento / MTB-29639/RJ redacao@macaeoffshore.com.br Diagramação: / Diagramming: Paulo Mosa Filho arte@macaeoffshore.com.br Revisão: / Review: José Tarcísio Barbosa Tradução em inglês: / English version: Start Consultoria em Traduções Distribuição: / Distribution: Dirigida às empresas de petróleo e gás To the oil and gas companies 58ª Edição - Maio/Junho 58th Edition - May/June Tiragem: / Copies: 10.000 exemplares/copies Assinatura: / Subscriptions: (22) 2770-6605 assinatura@macaeoffshore.com.br A editora não se responsabiliza por textos assinados por terceiros Macaé Offshore is not responsible for articles signed by third parties


MACAÉ OFFSHORE 5


PORTAL DE NOTÍCIAS

Érica Nascimento

O novo presidente da Comissão Municipal Cirj-Firjan de Macaé, Evandro Esteves The new president of CIRJ-FIRJAN’s Local Committee of Macaé, Evandro Esteves

Comissão da Firjan em Macaé tem novo presidente O novo presidente da Comissão Municipal Cirj-Firjan de Macaé, Evandro Esteves, diretor da Polar, tomou posse no dia 18 de maio, na sede do Senai do município. Ele ficará no cargo por um ano e se diz entusiasmado com a nova missão, ressaltando a importância da Firjan para o desenvolvimento sustentável da região, principalmente Macaé, sobretudo para o fortalecimento da indústria no setor de petróleo e gás. De acordo com ele, Macaé vai assumir o papel de liderança regional. “Vamos olhar para frente, pois temos muito desenvolvimento que está por vir e ser aproveitado”, disse Evandro.

A comissão da Firjan é hoje a maior entidade representativa empresarial do município, pois entre os membros estão representantes de instituições e entidades como Associação Comercial e Industrial de Macaé (Acim), a Rede Petro, Sebrae, Organização Nacional da Indústria e do Petróleo (Onip) e o Instututo Brasileiro do Petróleo (IBP). “Além disso, a Petrobras é bastante atuante junto ao grupo que tem reunido seus 21 componentes com uma enorme capacidade de mobilização e articulação e que pretende usar isso para influenciar positivamente o destino de Macaé e região”, ressaltou o presidente.

Novo Senai para Macaé São muitas as ações já desenvolvidas pela Firjan no município de Macaé. Na prática, a cidade conta com as novas instalações da escola do Senai, oferecendo uma gama de cursos técnicos e de capacitação, além de cursos de pós-graduação, que em breve estarão funcionando, a escola de educação básica do Sesi, além de fóruns e 6 MACAÉ OFFSHORE

encontros empresariais. “Em breve, Macaé também contará com um novo Senai no bairro Lagomar, onde serão oferecidos diversos cursos com foco em sonda de perfuração, como Torrista, Plataformista, Soldador e Intervenção de Poços”, informou Evandro sem dar mais detalhes.

Macaé terá novo porto Macaé vai receber investimentos de R$ 350 milhões para a construção de um novo porto para a cidade. O protocolo de intenções para o empreendimento já foi assinado pela prefeitura com os grupos Albar Logistics e Meira Lins. A ideia é implantar até 2014 um complexo industrial de logística integrada para atender não só ao crescimento da indústria offshore, mas também à movimentação de cargas. O complexo será composto pelo Terminal Portuário, com dois terminais offshore, Estação Aduaneira Interior, uma área para prédios de escritórios e hotelaria e uma área para armazéns projetados para receber instalações industriais e comerciais. A área total do empreendimento é de 250 mil metros quadrados. A expectativa é de que o complexo gere 800 postos de trabalho diretos e 2400 indiretos.

Complexo Logístico e Industrial Farol / Barra do Furado As prefeituras de Quissamã e Campos dos Goytacazes estão aguardando para o mês de junho a liberação de uma verba de R$ 20 milhões do governo estadual para a recuperação dos moles de pedra de Barra do Furado, como medida importante para viabilizar o Complexo Logístico e Industrial Farol / Barra do Furado. A recuperação vai dar mais segurança ao sistema de transpasse de areia “sand by pass” e maior eficiência na dragagem que será realizada no local, que são obras de infraestrutura do projeto. Mais informações sobre o Complexo no site da Prefeitura de Quissamã, no endereço http://www.quissama.rj.gov. br/index.php/complexo-logistico-farol-barra-do-furado.


PORTAL DE NOTÍCIAS

MACAÉ OFFSHORE 7


PORTAL DE NOTÍCIAS

Technip com grandes investimentos no Brasil A Technip marca presença na Feira Brasil Offshore 2011 num stand de 90 m² localizado na tenda 2. Presente em 48 países, conta com 23 mil profissionais em todo o mundo. No Brasil, a empresa tem uma fábrica de tubos flexíveis em Vitória, um centro de engenharia no Rio de Janeiro, uma base operacional em Macaé, navios especializados em instalações de dutos e é a atual arrendatária do Porto de Angra dos Reis no Rio de Janeiro. Com atuação em todos os segmentos da indústria de óleo e gás (Subsea, Offshore e Onshore) a Technip tem investido fortemente no País e anunciou, no início deste ano, a construção de uma nova fábrica de flexíveis em Angra. Também incorporou à sua frota, dois novos navios de bandeira brasileira (o Skandi Vitória e o Skandi Niterói) e já encomendou mais seis Supply Boats (barcos de apoio), que serão entregues até dezembro de 2013.

Finep altera linhas do Inova Brasil O Programa Finep Inova Brasil, de incentivo à inovação das empresas brasileiras, sofreu ajustes. Criado originalmente com o nome de Pró-Inovação, com sete linhas, agora ele tem apenas três linhas: Inovação Tecnológica, Capital Inovador e Pré-Investimento. Passa a ter um conceito mais abrangente, sem o recorte setorial e com uma configuração mais integrada. As taxas continuam indo de 4% a 8%, mas os prazos mudaram, e para melhor. Antes eram de cem meses com carência de 20 meses, agora podem ir até 120 meses e ter até 36 meses de carência, conforme a linha. Outra mudança relevante é que agora não são passíveis de apoio no âmbito do programa empresas sob controle de capital estrangeiro que exerçam atividade econômica não especificada no decreto nº 2.233, de 23/05/1997. 8 MACAÉ OFFSHORE

Navalshore cresce em 2011 A oitava edição da Navalshore - Feira e Conferência da Indústria Naval e Offshore, a maior da América Latina, que será realizada entre os dias 3 e 5 de agosto próximo, das 14h às 21h, no Centro de Convenções Sul América, no Rio de Janeiro (RJ), acontecerá em um momento extremamente favorável para o País. Afinal, o Brasil nunca atraiu tantos investimentos internacionais nos mais variados setores da economia, em especial, os voltados à indústria naval e à exploração de petróleo e gás. Para atender à crescente demanda do mercado e cumprir seu papel de evento

gerador de negócios e troca de expertise entre empresários e profissionais de cerca de 40 diferentes países que estarão em 2011 na Navalshore, a feira terá uma área de exposição 55% maior, somando mais de 11 mil metros quadrados à exposição, que terá diversos pavilhões internacionais. A UBM Brazil, organizadora do evento, traz este ano um programa de conferência exclusivo com a presença de especialistas para troca de experiências e difusão das melhores práticas. A feira contará com mais de 350 empresas expositoras nacionais e internacionais. Mais informações, acessar www.navalshore.com.br.

Pré-Sal Brasil 2011 Nos dias 26, 27 e 28 de setembro, acontece no Rio de Janeiro a segunda edição do Congresso Pré-Sal Brasil. Na edição passada, o congresso reuniu mais de 300 participantes e contou com a participação de representantes do governo e da indústria petroleira nacional e internacional. Neste ano, o congresso discutirá a participação do Estado e do Governo Federal na exploração da camada pré-sal, concessão de financiamentos e créditos para o desenvolvimento da atividade no País e desenvolvimento de capital humano para atuar na exploração dessas novas áreas. O even-

to abordará ainda o desenvolvimento naval, as tecnologias de E&P e o estado da arte para saúde, segurança e meio ambiente no setor. O evento já conta com mais de 40 palestrantes confirmados, 14 patrocinadores e 38 apoiadores. As inscrições estão abertas e podem ser feitas no site www.presaltbrazilcongress. com.br. Mais informações podem ser obtidas pelo email contato@presaltbrazilcongress.com.br, ou pelo telefone (11) 3893-1300. O evento é promovido pela The Energy Exchange, uma divisão da Clarion Events.

Na edição passada, o congresso reuniu mais de 300 participantes In the past issue, the congress has gathered more than 300 participants

Divulgação


gateway news

MACAÉMACAÉ OFFSHORE OFFSHORE 9 9


gateway news

Firjan’s Committee in Macaé has a new president

The new president of Cirj-Firjan’s Local Committee of Macaé, Evandro Esteves, Polar’s director, took office on May 18th, at Senai’s headquarters in that city. He will be in office for one year, and he said he is excited about the new mission, emphasizing the importance of Firjan for the sustainable development of the region, especially in Macaé, in terms of industry strengthening of the industry in the petroleum and gas sectors. According to Evandro, Macaé is going to take the role of regional leadership. “Let’s look ahead, because a great deal of development is about to come and be used by us”, he says. The Firjan’s committee is, nowadays, the largest business representative entity in the city, since there are representatives of institutions and entities among the members, such as Associação Comercial e Industrial de Macaé – Acim (Commercial and Industrial Association of Macaé), Petro chain, Sebrae, Organização Nacional da Indústria do Petróleo – Onip (National Organization of Petroleum Industry) and Instituto Brasileiro do Petróleo – IBP (Brazilian Petroleum Institute). “In addition, Petrobras is rather active in the group, which has been gathering its 21 members with a great capacity of mobilization and articulation, and it intends to use that to have a positive influence on the future of Macaé and the surrounding region”, the president highlighted.

New Senai for Macaé

Many actions have been developed by Firjan in Macaé. In practice, the city counts with new facilities of Senai’s school, offering a wide range of technical and training courses, as well as post-graduation courses (which will be soon operating), Sesi’s elementary school, besides forums and business meetings. “Macaé will soon count with a new Senai facility in the Lagomar neighborhood, where several courses will be offered, focused on drilling probes, which comprises derrickman andsroughneck, welders and WellssIntervention”, Evandro informed, without providing further details.

to receive the industrial and commercial facilities. The total area of the enterprise is of 250 thousand square meters. The expectation is that the complex generates 800 direct work stations and 2400 indirect ones.

Logistic and Industrial Complex Farol / Barra do Furado

The municipal governments from Quissamã and Campos dos Goytacazes are expecting for the month of June the release of a fund of R$ 20 million from the State Government for the recovery of the stone hills form Barra do Furado, as an important measure to enable the Logistic and Industrial Complex Farol / Barra do Furado. The recovery will give more safety to the sand bypass system and more efficiency in the drainage that will be performed on the site, which are the project’s infrastructure works. More information on the Complex can be found on Quissamã’s Municipal Government website, in the address: http://www.quissama.rj.gov.br/index.php/complexo-logistico-farol-barra-do-furado.

Technip with large investments in Brazil

Technip will be present at “Feira Brasil Offshore 2011”, with a stand of 90 m2, located at Booth 2. The company is present in 48 countries, and has 23 thousand professionals around the world. In Brazil, the company has: a factory of flexible tubes in Vitória, an engineering center in Rio de Janeiro, an operational basis in Macaé and ships specialized on the installation of ducts. Technip is the current lessor of Angra dos Reis’ Port in Rio de Janeiro. With performance in all sectors of the oil and gas industry (Subsea, Offshore and Onshore), Technip has been strongly investing in Brazi, and it announced, earlier this year, the construction of a new factory of flexibles in Angra. It has also incorporated to its fleet two new ships with Brazilian flag (Skandi Vitória and Skandi Niterói), and it has already ordered six more Supply Boats (supporting boats), which will be delivered by December, 2013.

Finep changes Macaé will have a new Port “Inova Brasil” lines

Macaé is going to receive investments of R$ 350 million for the construction of a new port for the city. The protocol of intentions for the enterprise was already signed by the municipal government with the groups Albar Logistics and Meira Lins. The idea is to implement up to 2014 an industrial complex of integrated logistics, to attend not only the growth of the offshore industry, but also for the movement of cargoes. The complex will be comprised by the port Terminal, with two offshore terminals, Inner Customs Station, an area for office buildings and hotels, and an area for warehoused designed 10 MACAÉ OFFSHORE

The Finep Program “Inova Brasil”, which encourages innovation of Brazilian companies, was changed. Originally created under the name “Pró-Inovação” (Pro-Innovation), it comprised seven different line. The program has now only threeslines: Technological Innovation, Innovative Capital and Pre-Investment. The programshas now a broader concept, not comprising the sector profile, with a more integrated configuration. The rates still range from 4% to 8%, but the periods have changed for the better. Previously, thyre were one hundred months, with

a 20-month grace period, and now there can have up to 120 months, with a 36-month grace period, depending on the line. Another significant change is that companies under control of foreign capital – which develop economic activities not specified in Decree no. 2.233 of May 2, 1997 – are nt longer supported by the prograe.

Navalshore grows in 2011

The eighth edition of Navalshore – Fair and Conference of the Naval and Offshore Industry, the biggest in Latin America, which will be held on August 3 to 5, 2011, from 2PM to 9PM, in the Sul América Conventions Center, in Rio de Janeiro (RJ), will happen in an extremely favorable moment for the Country, for it has never attracted so much international investments in the most varied sectors of economy, in special, the ones related to the naval industry and to the exploitation of oil and gas. To attend to the ever growing market demand and to fulfill its role of business-generating event, with the exchange of expertise among entrepreneurs and professionals from around 40 different countries that will be, in 2011, at Navalshore, the fair will have an exhibitions area 55% bigger, adding more than 11 thousand square meters to the exhibition, which will have a lot of international pavilions. UBM Brazil, the organizer of the event, brings this year an exclusive conference schedule, with the presence of specialists for the exchange of experiences and dissemination of the best practices. The fair will count with more than 350 national and international exhibition companies. For more information, please access www.navalshore.com.br.

Pre-Salt Brazil 2011

The second edition of the “Pre-Salt Brazil” Congress takes place in Rio de Janeiro, from the 26th to the 28th of September. In the previous edition, the congress gathered more than 300 participants, and had the participation of representatives from the government and from the national and international petroleum industry. This year, the congress will discuss the participation of the State and Federal Governments in the exploitation of the pre-salt layer, the concession of funding and credits for the development of such an activity in Brazil, as well as the development of human capital to operate in the exploitation of these new areas. The event will alsohaddress naval development, E&P Technologies and the state of the art for health, security and environment in the sector. The event has already confirmed 40 lecturers, 14 sponsors and 38 supporters. The registration is already open and it can be done on the website: www.presaltbrazilcongress.com.br. Further information can be obtained by the e-mail: contato@presaltbrazilcongress.com.br or by the telephone (55) (11) 3893-1300. The event is performed by The Energy Exchange, a division of Clarion Events.


development

MACAÉ OFFSHORE 11


ARTICULANDO

Bacia de Campos: um forte centro de investimento do mercado de P&G

A

Bacia de Campos, mais especificamente Macaé, possui três características valiosas para a indústria do petróleo: capacidade logística, mão de obra especializada e expertise nas atividades de comércio e prestação de serviços diretamente relacionados à exploração e produção offshore. As atividades de E&P demandam uma grande organização logística. As metas de produção associadas ao alto valor das diárias de sondas de perfuração e barcos de apoio exigem que equipamentos e profissionais estejam prontos para serem movidos quilômetros mar adentro em prazos cada vez menores. A natureza deu a Macaé o privilégio de ser escolhida pela Petrobras quando em 1978 deu início, por meio do seu porto, na praia de Imbetiba, às primeiras atividades de apoio à exploração da Bacia de Campos. Talvez naquela época ninguém imaginasse a grandeza que essa atividade traria para a região. Em 1981, a população era de 75 mil habitantes e desde então cresceu a uma razão quase duas vezes maior que a média brasileira. Somente na última década, a população cresceu 56% e, associada ao crescimento do município vizinho, Rio das Ostras, atinge hoje o patamar de 300 mil pessoas vivendo direta ou indiretamente da atividade extrativista do petróleo. Como não poderia ser diferente, os produtos e serviços demandados pela indústria offshore são muito específicos e em poucas cidades no mundo é 12 MACAÉ OFFSHORE

possível encontrar uma rede de fornecedores tão sólida quanto em Macaé. Os mais de 30 anos diretamente ligados ao petróleo fizeram desta cidade um centro de excelência em tecnologia e empreendedorismo, atraindo, ainda, todos os grandes players do mercado mundial. Não importa a bacia brasileira de onde a indústria esteja extraindo petróleo, pois a cidade conhecida como a “Capital do Petróleo” continuará sendo sua referência. De acordo com o IBGE, já em 2009, Macaé contava com 5.283 empresas e, assim como no resto do Brasil, a esmagadora maioria é formada por micros, pequenas e médias empresas. Os empresários necessitam que o gestor público ofereça um ambiente adequado para a implementação de suas atividades econômicas, o que pode soar óbvio, mas nem sempre acontece. A Firjan mapeou as necessidades básicas e ações estratégicas para promover o desenvolvimento sustentável do Estado, baseado em seu crescimento econômico. Estes dados foram publicados no “Mapa do Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro 2006-2015” e as áreas-foco são: Infraestrutura & Logística, Financiamento, Ambiente Institucional e Regulatório, Educação & Saúde, Segurança & Combate à Criminalidade, Liderança Empresarial e Política e Gestão Pública Eficiente. A Firjan recentemente também publicou um sumário executivo sobre os investimentos no Estado do Rio de Janeiro denominado “Decisão Rio 20112013”, confirmando investimentos dire-

tos da Petrobras da ordem de R$ 108 bilhões somente no Estado. Neste montante, incluem-se os investimentos em E&P na Bacia de Campos, que ajudarão a companhia a elevar sua produção para cerca 4 milhões de barris em 2014. Esses números mostram a vitalidade e o gigantismo da Bacia de Campos, que continua sendo determinante para a Petrobras atingir suas metas. Tendo um papel importante como incentivador do desenvolvimento de Macaé e região, a Comissão Municipal Cirj/Firjan Macaé, ligada à representação Regional Norte Fluminense, atende a este mercado e à sociedade por meio da Escola do Senai, que conta hoje com mais de dois mil estudantes nas áreas de educação técnica e pós-graduação. Com isso, disponibiliza ao mercado offshore, profissionais com currículos 100% alinhados à qualificação exigida para atender à demanda. Além disso, é função permanente de nossa Comissão projetar o desenvolvimento de Macaé e da região Norte do Estado, apoiando os gestores públicos a pautar suas políticas em estratégias consolidadas, para que se crie um ambiente empresarial favorável e que este ambiente, sustentável por conceito, seja a base da melhora na qualidade de vida de toda a população local, democratizando assim a riqueza do petróleo.

Evandro Esteves é presidente da Comissão Municipal Cirj/Firjan Macaé, engenheiro de Produção, eletricista e sócio fundador da empresa Polar Componentes e Sistemas Offshore.


NEWS & VIEWS

Campos Basin: The strong investments center of the O&G market

C

ampos Basin, more specifically, Macaé, has three valuable characteristics for the oil industry: logistic capacity, specialized labor and expertise on the commercial and service rendering activities, directly related to the offshore exploitation and production. The E&P activities demand a big logistics organization. The production targets related to the high value of the drilling rigs and supply boats daily fees demand that the equipment and the professionals are ready to be moved for kilometers on the high seas, in periods that are always lower. Nature gave Macaé the privilege to be chosen by Petrobras when, in 1978, it started, by means of its port, on Imbetiba beach, the first activities of support to the exploitation of the Campos Basin. Maybe during that time, nobody would imagine the growth that such activity would bring to this region. In 1981, the population was of 75 thousand inhabitants, and since then, it grew at a ratio almost two times bigger than the Brazilian average. Only in the past decade, the population has growth 56%, which, associated to the growth of the neighboring municipality, Rio das Ostras, reaches, today, the level of 300 thousand people direct or indirectly living from the oil extraction activity.

As it couldn’t be different, the products and services requested by the offshore industry are very specific and only in some cities in the world it is possible to find a network of suppliers so solid as it is in Macaé. The more than 30 years directly connected to oil transformed this town in an excellence center in technology and entrepreneurism, also attracting all big players of the global market. It is not important what Brazilian basin the industry is extracting oil from, for the city is known as the “Oil Capital”, and it will still be its reference.

Firjan has recently published the executive summary about the investments in the State of Rio de Janeiro, called “Rio Decision 2011-2013”, where it confirms direct investments from Petrobras, in the amount of R$ 108 billion, only in the State. In such amount, the investments in E&P in Campos Basin are included, which will help the company to increase its production to around 4 million of barrels by 2014. These figures show the vitality and the hugeness of Campos Basin, which is still determinant to achieve Petrobras’ targets.

According to IBGE (Brazilian Institute of Geography and Statistics), in 2009, Macaé had 5,283 companies and, as in the rest of the Country, most of these companies is formed by micro, small and medium sized companies. The entrepreneurs need that the government offers an adequate environment for the implementation of their economic activities, which may seem obvious, but it doesn’t necessarily happen this way all the time. Firjan has mapped the basic needs and strategic actions to promote the sustainable development of the State, based in its economical growth. These data were published in the “Map of Development of the State of Rio de Janeiro 2006-2015”, and the focus areas are: Infrastructure & Logistics, Financing, Institutional and Regulation Environment, Education & Health, Safety & Combat to Criminality, Corporate Leadership and Efficient Public Policy and Management.

Having an important role as the driver of Macaé’s and the region’s development, the CIRJ / FIRJAN Macaé Municipal Committee, connected to the North Rio Regional representation, services this market and the society, by means of the Senai School, which has, today, more than two thousand students in the areas of technical and post-graduation education. With this, it makes available to the offshore market, professionals with résumés 100% aligned to the qualification required to fulfill the demand. Besides, it is the permanent function of our Committee to design the development of Macaé and of the North region of the State, supporting the government to base its policies in consolidated strategies, in order a favorable corporate environment is created, and that such environment, sustainable by concept, be the base for the improvement in the life quality of the whole local population, making the wealth from oil more democratic.

Evandro Esteves is president of the Municipal Committee CIRJ / Firjan Macaé, engineer of Production, electrician and founding partner of the company Polar Componentes e Sistemas Offshore. MACAÉ OFFSHORE 13


Gestão de negócios

Competitividade e inovação: um desafio para as novas empresas *Por Alexandre Andrade, PMP Comparando a empresa com um profissional, mais importante que ter um emprego é ter empregabilidade. Se você é um empresário, mais importante que ter uma empresa, recursos técnicos e humanos é ter um negócio competitivo. Na área de óleo e gás, de tecnologia ou de serviços, todas as áreas de negócio atuais são definidas por projetos. São os projetos que promovem melhorias, evolução e colocam as organizações em outro patamar. As empresas devem aprender a se mover de projeto em projeto. Inserir pelo menos um grande projeto por ano no Planejamento Estratégico pode transformar o perfil e o ritmo dos negócios da empresa, mas devem ser projetos diferentes, que agregam valor, que sejam importantes, que apresentem resultados positivos, deixem um legado e que sejam inovadores nas várias áreas de negócio e tecnologia existente como: Tecnologia de Produto e Materiais, Gestão de Processos e de Projetos, Tecnologia de Informação e Gestão Empresarial. Bons exemplos de projetos em uma empresa são a implantação de uma nova fábrica ou linha de produção; lançamento de um novo produto; desenvolvimento e implantação de um novo software; mapeamento de processos e implantação de normas

ISO; implantação de programas de gestão como Qualidade Total, 6 Sigma, Kanban, Manufatura Enxuta, entre outros. Todos esses tipos de projetos deixam um resultado que será colhido por muito tempo pela empresa. Nas empresas que atuam em uma estrutura de negócio sob encomenda, os conceitos de projeto são mais desenvolvidos e mais conhecidos. Cada pedido do cliente é um projeto e deve ser gerido como tal. A correta aplicação dos conceitos, técnicas e ferramentas de Gestão de Projetos dá suporte à empresa para que ela possa colher bons resultados no atendimento ao cliente quanto à qualidade do produto, atendimento dos prazos, margens de lucro mais competitivas e mesmo a positividade do fluxo de caixa. Mesmo com todo esse suporte, o índice de fracasso dos projetos é elevado. Orçamentos fora do planejado são frequentes, atrasos na conclusão, entregas diferentes da solicitada e contratada pelo cliente por falta de clareza na definição dos requisitos e escopo de fornecimento são os grandes vilões para o aumento do número de projetos de insucesso. Ocorre que eles são gerenciados de forma empírica e não de uma forma profissional. Carecem de fundamentação teórica, metodologia e boas práticas para uma gerência com pro-

fissionalismo, técnica e conhecimento. Mas também existem uma disposição e uma necessidade de que as empresas em seus projetos sejam geridas por profissionais especializados e com certificação PMP (Project Management Professional). O PMP é uma certificação que comprova profundo conhecimento do PMBOK Guide (Project Management Body of Knowledge). Este manual da metodologia de gerenciamento de projetos, referência mundial para diversas áreas, apresenta todas as regras difundidas pelo PMI (Project Management Institute). Essa qualificação não é passageira, os projetos estão aí, o País está em pleno desenvolvimento, crescendo em todas as áreas de negócio, sendo vital que as empresas e os profissionais se qualifiquem para gerir todos eles de forma a ter sucesso e resultados mais expressivos. Concluímos ser necessário e vital que as empresas se profissionalizem em sua gestão. A carência de profissionais no mercado dificulta essa profissionalização. Precisamos é criar uma sinergia para que essa união aconteça o quanto antes e sejam preenchidas essas lacunas, e essa união entre competitividade e profissionalismo se torne duradoura e definitiva nas empresas. 

* Alexandre Andrade é graduado em Administração pelo Isecensa Campos/RJ, certificado pelo PMI (PMI® - Project Management Institute) como PMP® (Project Management Professional) desde 2008. Possui MBA em Engenharia de Petróleo pela Funcefet Macaé, trabalha na área de Óleo e Gás há 11 anos em Macaé e há sete anos atua como Gerente de Projetos nos segmentos de Tecnologia da Informação e Óleo e Gás na Petrobras.

14 MACAÉ OFFSHORE


business management

Competitiveness and innovation: a challenge for the new companies * By Alexandre Andrade, PMP Comparing the company with a professional, the most important is to have employability than to have a job. If you are an entrepreneur, the most important is to have a competitive business than to have a company and technical and human resources. In the sectors of oil and gas, technology or services, all current business areas are defined by projects. It is the projects that bring improvement, evolution and place the organizations in a different level. The companies must learn how to move from one project to another. The addition of at least a great project per year in the Strategic Planning can change the profile and the rhythm of the company’s businesses, but these projects shall be different, they shall add value, be important, present positive results, leave a legacy and be innovative in all areas of the business and existent technology, such as: Product and Materials Technology, Processes and Projects Management, Information Technology and Enterprise Management. Good examples of projects in a company are the implantation of a new factory or production line; release of a new product; development and implantation of new software; mapping of processes and implantation of the ISO standards, implanta-

tion of management programs, such as Total Quality, 6 Sigma, Kanban, Lean Manufacture, among others. All these kinds of projects leave a result that will be felt in the company for a long time. In the companies that perform in a customized business structure, the concepts of project are more developed and more known. Each order of the client is a project, and shall be managed as such. The correct application of the concepts, techniques and tools of Projects Management give support to the company, in order it may have good results in the client attendance, in relation to the quality of the product, compliance with deadlines, more competitive margins of profits and even the positivity of the cash flow. Even with all this support, the index of failure of the projects in high. Unplanned budgets are frequent, delays in the conclusion, deliveries different from the requests, and different from what the client contracted, because of the lack of clarity in the definition of the requirements and scope of provision are the biggest villains for the increase in the number of unsuccessful projects. The problem is that they are managed in an empirical form, and not professionally. They lack theoretical base, methodology and good

practices for a professional, technical and knowledgeable management. But there is also disposition and a need for the companies, in their projects, to be managed by specialized professionals, with PMP (Project Management Professional) certification. The PMP is a certification that evidences a deep knowledge in PMBOK Guide (Project Management Body of Knowledge). This manual of the projects management methodology, global reference for several areas, presents all rules disclosed by PMI (Project Management Institute). This qualification is not temporary, the projects are there, the country is in full development, growing in all commercial areas, and it is vital that the companies and the professionals be qualified to manage all of them, to be successful and to have more expressive results. We conclude that it is necessary and vital that the companies become more professional in their Management. The lack of professionals in the market makes this professionalization more difficult. We need to create a synergy for this union to happen as soon as possible, for such blanks to be filled, and this union between competitiveness and professionalism become lasting and definitive in the companies. 

*Alexandre Andrade holds a Bachelor’s Degree in Business Administration from Isecensa Campos/RJ, a PMI® certificate as a PMP® (Project Management Professional) since 2008, and holds an MBA in Petroleum Engineering from Funcefet Macaé; he has been in the Oil Gas segment in Macaé for 11 years, and has been working for Petrobras as a project manager for seven years in the sectors of Information Technology and Oil and Gas.

MACAÉ OFFSHORE 15


Por dentro do mercado

O que esperar das prestadoras de serviços para exploração de petróleo e gás? *Por Celso Vianna Cardoso As estimativas de investimentos para o pré-sal aumentam a cada dia. O que começou em 2007 com 70 bilhões de dólares já atingiu 400 bilhões em investimentos diretos e indiretos até 2020. Seja qual for o volume total, a pergunta que os investidores se fazem é: onde estão as oportunidades no curto prazo?

Schlumberger

Haliburton

Baker Hughes

NOV 100,00 90,00 80,00 70,00 60,00 50,00

A resposta parecia ser comprar ações da Petrobras ou OGX, porém as ações da estatal não conseguiram decolar após setembro/2009 quando a PETR4 saiu a R$ 26,30. Em abril/2011, as ações PETR4 fecharam a R$ 25,60, 70 centavos abaixo do valor da capitalização ocorrido oito meses antes. Já a OGX perdeu 17% do seu valor em apenas um dia após a divulgação do relatório da DeGolyer & MacNaughton (D&M), rebaixando o volume para 667 milhões de boe ante aos 3,7 bilhões estimados anteriormente. As incertezas sobre o pré-sal, a queda no preço e a alta volatilidade das ações das empresas exploradoras de óleo e gás assustam os investidores. Nesse cenário, o setor de prestação de serviço se apresenta como uma alternativa capaz de atender a todos os requisitos demandados pelos investidores. As quatro maiores empresas em valor de mercado faturaram juntas em Petrobras

BP Amoco

40,00 30,00

dez/09

mar/10

jun/10

set/10

dez/10

mar/11

20,00

Evolução dos preços das ações em dólar das quatro maiores prestadoras de serviços, listadas na bolsa de Nova York entre dezembro de 2009 a março de 2011 Evolution of the prices of the shares in Dollars, from the four biggest services rendering companies, listed in the New York Stock Exchange between December, 2009 and March, 2011

2010 mais de 70 bilhões de dólares com expectativa de alta para 2011. A Schlumberger anunciou no final do mês de abril que as receitas aumentaram 40% em relação ao 1º trimestre de 2010. Baker Hughes e Halliburton anunciaram aumentos ainda mais significativos, de 78% e 100%, respectivamente, enquanto a National Oilwell Vargo (NOV) anunciou um faturamento somente 4% maior em referência ao mesmo período do ano passado. Empresas como a Schlumberger, Halliburton, Baker Hughes e NOV tiveram valorização significativa na cotação de seus Schlumberger

OGX

Haliburton

papéis no último ano, impulsionadas principalmente pela alta no preço do barril de petróleo (WTI). Com o barril de petróleo na faixa dos US$120, as empresas exploradoras passaram a ter mais margem para investir e com isso firmaram novos contratos de serviço. Os novos contratos geraram perspectiva de aumento das receitas e dos lucros valorizando as ações do setor, com o bônus de manter seus investidores protegidos das especulações acerca da viabilidade econômica da retirada do petróleo da camada pré-sal. Em comum, todas as prestadoras de Baker Hughes

NOV 250,00 200,00 150,00 100,00 50,00 –

O gráfico 2 mostra o valor de mercado em bilhões de dólares das quatro maiores prestadoras de serviço com ações listadas na bolsa de Nova York, lideradas pela Petrobras Graphic 2 shows the market share, in billions of dollars, of the four biggest service renderers with shares listed in the New York Stock Exchange, led by Petrobras

16 MACAÉ OFFSHORE


inside the market

serviço veem o pré-sal como a grande oportunidade para sua geração de receita. Além da Petrobras, a Shell e a Statoil estão investindo alguns bilhões de dólares e irão demandar serviços e equipamentos para a instalação de suas plataformas de

operação. Todo esse otimismo nos deixa duas certezas: a primeira é que o Brasil é a bola da vez para as empresas exploradoras de petróleo e gás por apresentar grandes reservas e situação política estável, diferentemente do Oriente Médio. A segunda é

que esse cenário positivo deve permanecer para os próximos anos, fazendo do Brasil um grande centro de negócios para as empresas prestadoras de serviço, fornecedoras de equipamentos e de mão de obra para exploração de petróleo. 

*Celso Vianna Cardoso é analista de sistemas formado pela PUC-RJ, com MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC. Seu trabalho de pós-graduação foi desenvolvido com foco na melhoria de performance de trades através de ajustes de parâmetros dos indicadores. É coautor do livro “Análise Técnica Clássica”, lançado pela Editora Saraiva em 2010.

What to expect from the services renderers for the exploitation of oil and gas? * By Celso Vianna Cardoso The estimates of investments in pre salt increase each day. What started in 2007 with 70 billion of dollars will reach 400 billion in direct and indirect investment until 2020. Whatever the total volume is, the question the investors are asking is: where are the short term opportunities? The answer would be to purchase shares from Petrobras or OGX, but the shares of the public company did not succeed after September/2009, when PETR4 was released at R$ 26.30. In April/2011, the PETR4 shares closed at R$ 25.60, 70 cents below the capitalization value of eight months before. As for OGX, it has lost 17% of their value in only one day after the disclosure of the DeGolyer & MacNaughton (D&M) report, lowering the volume to 667 million BOE, in view of the previously estimated 3.7 billion. The uncertainties about pre-salt, the fall in the price and the high volatility of the shares of the oil and gas exploiting companies scare investors away.

In this scenario, the service rendering sector is presented as an alternative capable of complying with all requirements demanded by the investors. The four biggest companies in market share profited together, in 2010, more than 70 billion of Dollars, with expectation of an increase in 2011. Schlumberger has announced, in the end of April, that the incomes increased 40% in relation to the first quarter of 2010. Baker Hughes and Halliburton announced even more significant increases, from 78% to 100% respectively, while National Oilwell Vargo (NOV) has announced profiting only 4% higher in relation to the same period of last year. Companies like Schlumberger, Halliburton, Baker Hughes and NOV had a significant valuation in the quoting of their papers last year, driven especially by the increases in the price of the oil barrel (WTI). With the oil barrel around US$120, the oil exploiting companies had a bigger margin to invest, and with this, they entered into new service agree-

ments. The new agreements generated a perspective of increase of the incomes and profits, valuating the shares of the sector, with the bonus of keeping their investors protected from the speculations related to the economical possibility of removal of oil from the pre-salt layer. In common, all service renderers see the pre-salt as the greatest opportunity for their income generation. Besides Petrobras, Shell and Statoil are investing some billions of dollars and will require services and equipment for the installation of their operation platforms. All this optimism leaves us with two certainties: the first one is that Brazil is in evidence now for the oil and gas exploitation companies, because the country has big reservations and a stable political situation, different from the Middle East. The second one is that this positive scenario shall remain during the next few years, transforming Brazil in a great business center for the service rendering companies, equipment and labor suppliers for oil exploitation. 

* Celso Vianna Cardoso is a systems analyst, graduated from PUC-RJ. He has a MBA in Business Management by Ibmec. His post graduation paper was developed with focus in the improvement of the performance of trades through adjustments of parameters of the indexes. He is the co-author of the book “Análise Técnica Clássica” (Classic Technical Analysis, in a free English translation), published by Editora Saraiva in 2010, and he is the manager of new businesses of Inove Investimentos.

MACAÉ OFFSHORE 17


ENTREVISTA

Carlos Lessa Economista e ex-presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Carlos Lessa fala sobre os reflexos do interesse de países estrangeiros no pré-sal para a economia brasileira e faz uma análise das políticas adotadas para o fortalecimento da indústria petrolífera no Brasil, bem como sobre o futuro com as energias alternativas. Por Érica Nascimento

Macaé Offshore – O Brasil é o centro das atenções internacionalmente por conta das grandes perspectivas em torno das reservas do pré-sal. Como o senhor avalia este novo cenário em que vive o País? Carlos Lessa – Nas últimas duas décadas, o crescimento das reservas mundiais de petróleo esteve circunscrito aos campos preexistentes. O grande novo campo é o pré-sal, que pode ter um equivalente na África. O que já foi identificado no pré-sal duplica as reservas brasileiras, po-

rém a estimativa conservadora implica reservas três vezes maiores que a atual, enquanto a avaliação eufórica fala do Brasil como detentor, em futuro próximo, da terceira reserva mundial de petróleo.

M.O. – O que o senhor traça como positivo e negativo nessas relações para a economia brasileira? C.L. – O positivo de dispor de amplas reservas de petróleo consiste na possibilidade de ampliar a disponibilidade de energia por brasileiro. Hoje, estamos abaixo da média mundial e a utilização correta das novas reservas pode situar o brasileiro próximo, em energia, dos países da OCDE. Negativo e assustador é o Brasil se converter em exportador de petróleo cru, em um movimento em que o Atlântico Sul se converte em supridor dos Estados Unidos, ou seja, fazermos uma política em que ele substitui o Oriente Médio. À exceção da Noruega, não há nenhum país exportador de petróleo bem sucedido em termos sociais e civilizatórios. A Venezuela faz um enorme esforço para mudar sua estrutura e o Irã está sob permanente ameaça.

C.L. – A premissa fundamental para esta tese é que petróleo, identificado e em condições de ser extraído, é, em longo prazo, o melhor ativo financeiro que um país pode possuir, pela simples razão de que toda a estrutura produtiva mundial depende dos combustíveis renováveis. Todos eles com tendência crescente à escassez. Haverá – já está em curso – todo um processo para reduzir o consumo dos renováveis e para identificar novas fontes energéticas. Porém, não haverá, jamais, a desvalorização e o desprezo do petróleo. Existem mais de três mil subprodutos do petróleo, que foi, até o presente, de todos os combustíveis identificados pelo homem, o mais eficiente em termos de custos de produção e logística. Assim sendo, ter o petróleo em mãos da nação aumenta, progressivamente, sua soberania e sua potencialidade. A mais prosaica é que o Brasil, dispondo do pré-sal, pode crescer com a tecnologia hoje disponível e dominada pelo brasileiro, sendo que são muito poucos os países do mundo que têm esta possibilidade.

M.O. – Que cautelas o governo deve tomar? C.L. – Faço minhas as três diretivas do

M.O. – O senhor defende essa tese de que o Brasil deveria parar de exportar óleo cru e assim desenvolver a indústria nacional. Explique melhor. 18 MACAÉ OFFSHORE

ex-presidente Lula. Primeira, o Brasil não será exportador de petróleo cru. Segunda, todos os efeitos dinâmicos da expansão da economia do petróleo serão orientados para o desenvolvimento das forças produtivas no Brasil. Terceira, os ganhos financeiros serão para alimentar


entrevista

as políticas sociais. É imprudente fechar negócio de exportação de petróleo em longo prazo com a China. Esta é a razão da vinda de presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Brasil. Creio que o negócio com a China vai nos obrigar à repetição de exportação para os Estados Unidos. É um compromisso de péssima feição estratégica.

M.O. – Como avalia as políticas adotadas a partir do novo marco regulatório? C.L. – Em relação ao cenário anterior, foi um avanço, porém, tímido. Não interferiu em nenhum dos contratos anteriores e persistiu com o sistema de leilões, em que, inclusive, houve “facilidade” com alguns lotes altamente promissores.

M.O. – O senhor já se manifestou a favor do regime de partilha nos novos lotes e contra o de concessão no pós-sal e nos lotes do pré-sal já leiloados. Por que considera que o regime de partilha é muito mais conveniente para o País?

componentes químicos dos solos. Porém, os tratores e máquinas agrícolas, os fertilizantes e os defensivos são componentes produzidos por indústrias não brasileiras. Mas na hora que o grão de soja atravessa os portões do estabelecimento agrícola para chegar a um porto de exportação, a ele se agregam o trabalho dos brasileiros no transporte e a movimentação da carga – uma fração dos equipamentos de transporte e logística portuária.

Negativo e assutador é o Brasil se converter em exportador de petróleo cru

C.L. – A partilha é muito mais conveniente do ponto de vista financeiro e patrimonial. Ao mesmo tempo, permite ao País atuar com soberania em relação ao petróleo produzido.

M.O. – O que tem a dizer a respeito do contraste entre Brasil exportador de matéria-prima e importador de mão de obra? E quanto aos equipamentos x construção com relação ao discurso do conteúdo nacional? C.L. – O Brasil exportador de matérias-primas, alimentos e energia em estado não processado é um Brasil condenado a ser uma subpotência. Acho que é útil fazer um caminho exemplificador: o Brasil produz soja tropical. Um estabelecimento agrícola produz o grão pela convergência de energia solar, água,

O petróleo das máquinas de produção, transporte e logística é exportado junto ao trabalho dos brasileiros. Se, em vez de vendido, o grão fosse processado, e exportado o óleo, ficaríamos com o farelo. Suponhamos que o utilizemos para a produção de proteínas. É fácil perceber que nelas estaria o trabalho dos brasileiros na prensagem da soja e na produção da própria proteína; também seria necessário usar energia elétrica ou derivados de petróleo no processo. Em vez de exportar quartos de boi e couro cru, deveríamos exportar carnes processadas (corned beef) e artefatos de couro. Haveria agregação de trabalho de brasileiros e mais energia para esse processo.

M.O. – Então o Brasil não deve exportar sua energia? C.L. – Um país que exporta a sua energia abre mão de toda esta cadeia produtiva e tende a ser exportador de trabalho brasileiro barato. Se eu utilizasse o minério de ferro em vez de grãos de soja, chegaria à mesma conclusão. O leitor precisa perceber que estamos multiplicando emprego e renda de brasileiros, que serão naturais consumidores, no exemplo, de óleo de soja, proteínas, sapatos e produtos de couro. O Brasil estaria fortalecendo o mercado interno. Exportar energia é atrofiar toda essa cadeia produtiva. Pense no que acontece com a energia elétrica de Itaipu, que é utilizada para a produção de lingotes de alumínio exportados e bruto, em vez da energia renovável ser utilizada para melhorar a qualidade de vida das populações do nordeste que, cada vez mais, vão usar termeletricidade baseada em subprodutos de petróleo. M.O. – Na economia brasileira temos uma realidade um quanto cruel com relação ao famoso “custo Brasil” somado à dificuldade de crédito, ou seja, modelo competitivo que deixa muitas vezes a indústria nacional em desvantagem em relação a players internacionais. Qual a sua opinião sobre isso? C.L. – O custo Brasil é uma invenção conservadora. Somos realmente complicados e chegados a rituais burocráticos. Porém, a mão de obra brasileira é extremamente criativa e, motivada, produz com muita competência. A dificuldade de crédito no Brasil existe, principalmente, no segmento bancário privado. Felizmente, há, no Brasil, o Banco do Brasil, o BNB, o Basa, a Caixa Econômica Federal e o BNDES. O setor público bancário estatal brasileiro resistiu à liberalização e tem um protagonismo de estima às pequenas e médias empresas. MACAÉ OFFSHORE 19


ENTREVISTA

M.O. – Desde a descoberta de petróleo no pré-sal, apesar dos investimentos da Petrobras, cresceu seu endividamento, sendo boa parte com bancos públicos, como o BNDES, que detém quase R$ 44 bilhões em ações da petroleira. A petroleira paga taxas de juros internacionais, em torno de 6% ao ano, sobre esses empréstimos. Não deveria haver mais transparência por parte das estratégias da Petrobras? C.L. – Considero a articulação BNDES-Petrobras a mais estratégica das articulações para o desenvolvimento brasileiro. O que considero terrível é a parcela expressiva de ações da Petrobras em mãos das bolsas mundiais, bem como os nove por cento de ações adquiridas em bolsas brasileiras. A privatização feita por FHC, que vendeu as ações em Nova Iorque, implica que parte dos lucros irá para o exterior. Concordo que a Petrobras deveria dar transparência às suas estratégias de financiamento. Na medida em que avança o pré-sal, mais fácil será para a Petrobras obter financiamentos de baixo custo.

M.O. – Enquanto o Brasil vive o momento “pré-sal”, visando ao aumento

20 MACAÉ OFFSHORE

das suas reservas petrolíferas, em outros países, o debate maior é em torno das energias alternativas que o Brasil possui plenas condições de expandir, porém este não parece ser objeto de desejo. Como avalia essa realidade no Brasil? C.L. – Sou favorável à produção de hidreletricidade, energia renovável, de baixo custo e pouco poluente. O ambientalista, ao invés de ser contra o aproveitamento hidrelétrico, deveria se posicionar contra a termeletricidade e a exportação de madeiras e bois do pasto formado depois da destruição da floresta. É evidente que, do ponto de vista científico e tecnológico, o Brasil tem que ter pesquisas de energias alternativas. Porém, para o futuro, não para o presente.

M.O. – Isso possivelmente bota o discurso de que investir em novas energias alternativas não é vantajoso. Então podemos afirmar que o pré-sal é de fato o melhor investimento do País, deixando as outras fontes em segundo plano? C.L. – Considero o investimento no pré-sal tão importante quanto um investimento em hidreletricidade. Acho extre-

mamente interessante a possibilidade de uma fusão Petrobras-Eletrobrás. As outras fontes devem ser objeto de pesquisa tecnológica e ensaios de produção. Algumas regiões do nordeste têm um grande potencial eólico e, se baixarmos custos, a insolação brasileira poderia ser uma fonte alternativa.

M.O. – Finalizando, o que está por trás desta indústria de petróleo que nós não conseguimos ver num primeiro olhar? C.L. – Qualquer especialista que vê a indústria de petróleo sabe que ela utiliza equipamentos complexos projetados por uma engenharia especial e fabricados principalmente pela caldeiraria. Sabe que os equipamentos de petróleo demandam mecânica fina de alta precisão, que o uso do hardware e software é intenso e estas atividades desenvolvem serviços sofisticados. Qualquer especialista sabe que o renascimento da indústria de construção naval é oriundo da demanda da Petrobras por embarcações. Talvez seja tão extensa a lista de indústrias que suprem a economia do petróleo que, em última instância, quase se confunde com a indústria no País. 


entrevista

MACAÉ OFFSHORE 21


INTERVIEW

Carlos Lessa Economist and former president of the National Development Bank (BNDES), Carlos Lessa talks about the reflexes of the interest of foreign countries in pre-salt to the Brazilian economy and he makes an analysis of the policies adopted to the strengthening of the oil industry in Brazil, as well as the future with alternative energies. By Érica Nascimento

Macaé Offshore – Brazil is the center of international attentions in view of the great perspectives surrounding the pre-salt reserves. How do you evaluate this new scenario the Country has been experiencing? Carlos Lessa – In the past two decades, the growth of the world’s oil reserves was restricted to the preexistent fields. The greatest new field is pre-salt, which may have an equivalent in Africa. What was already identified in pre-salt duplicates the Brazilian reserves, but the conservative estimation talks about reserves three times larger than the current one, while the euphoric estimation talks about Brazil as the holder, in a close future, of the third biggest oil reservation in the world.

M.O. – What do you outline as positive and negative in these relations to Brazilian economy? C.L. – The positive in having wide oil reserves consists of the possibility of extending the availability of energy per Brazilian citizen. Today, we are below the world’s average, and the correct usage of the new reserves can place the Brazilian citizen closer, in energy, to OCDE countries. The negative and scary aspect is that Brazil may be converted in a crude oil exporter, in a movement in which the South Atlantic is converted as suppliers of the United States, that is, that we make a policy in which Brazil replaces the Middle East. With the exception of Norway, there isn’t any oil exporter country that was well succeeded in social, civilized terms. Venezuela makes a great effort to change its structure and Iran is under permanent threat.

M.O. – You defend this theory that Brazil should interrupt its crude oil exports and therefore, develop the national industry. Please explain. 22 MACAÉ OFFSHORE

C.L. – The fundamental premise for this theory is that oil, identified and in conditions of being extracted, is, in the long run, the best financial asset that a country can have, for the simple reason that the whole worldly productive structure depends on renewable fuels. All of them, with a growing trend to shortage. There will be – it is already in course – a whole process to reduce consume of the renewable sources and to identify new energy sources. However, there will never have the devaluation and the disdain of oil. There are more than three thousand sub-products of oil, which was, so far, among all fuels identified by men, the most efficient in terms of costs of

The negative and scary aspect is that Brazil may be converted in a crude oil exporter production and logistics. This way, to have oil in the hands of the nation progressively increases its sovereignty and potentiality. The most prosaic one is that Brazil, with pre-salt, can grow with the technology available today, which is dominated by the

Brazilian, and there are few countries in the world that has this possibility.

M.O. – What care should the government take? C.L. – I take as mine the three directives of the former president Lula. First, Brazil will not be an exporter of crude oil. Second, all dynamic effects of the expansion of the oil economy shall be guided to the development of the productive forces in Brazil. Third, the financial gains shall be to fund social policies. It is imprudent to close an oil exportation business in the long run with China. This is the reason why the president of the United States, Barack Obama came to Brazil. I believe that the business with China will oblige us to repeat the exports to the United States. It is a compromise with an awful strategic feature.

M.O. – How do you evaluate the policies adopted as from the new regulatory mark? C.L. – In relation to the previous scenario, it was an advancement, but a timid one. It did not interfere in any of the previous agreements, and it persisted with the biddings system, in which, also, there was “facilitation”, with some highly promising lots.

M.O. – You already manifested in favor of the sharing system of the new lots and against the concession system in the post-salt and in the pre-salt lots, already bid. Why do you consider that the sharing system is much more convenient for the country? C.L. – The sharing is much more convenient from the financial and patrimonial point of view. At the same time, it allows the Country to act with sovereignty in relation to the produced oil.


INTERVIEW

M.O. – What do you have to say in relation to the contrast between the Brazil that exports raw material and that imports labor? And what about the equipment x construction, in relation to the discourse of the national content? C.L. – The Brazil that exports raw materials, food and unprocessed energy is a country condemned to be a sub-power. I think it is useful to make an exemplification path: Brazil produces tropical soy. An agricultural establishment produces the grain by the convergence of solar energy, water, chemical components in the soil. But the tractors and agricultural machines, the fertilizers and the defensives are components produced by non Brazilian companies. But, when the soil grain goes through the gates of the agricultural establishment, to reach an exportation point, it is aggregate to it the work of the Brazilians in the transport and the cargo movement – a fraction of the transportation and port logistics. The oil from the production machines, transportation and logistics is exported together with the work from Brazilians. If, instead of being sold, the grain was processed, and the oil exported, we would stay with the bran. Let’s suppose that we use it to produce proteins. It is easy to perceive that in them, there would be included the work of Brazilians in the soy pressing and in the production of the protein itself. It would also be necessary to use electric energy or oil derivatives in the process. Instead of exporting bull parts and crude leather, we should export processed meats (corned beef) and leather artifacts. There would have the aggregation of the work from Brazilians and more energy for this process.

M.O. – So, Brazil shall not export its energy? C.L. – A country that exports its energy renounces all this productive chain and tends to be an exporter of cheap Brazilian work. If I used the iron ore instead of soy grains, I would reach the same conclusion. The reader has to realize that we are multiplying jobs and income of Brazilians, who will be the natural consumers, in the example, of soy oil, proteins, shoes and leather products. Brazil would be strengthening its internal market. To export energy is to atrophy all this productive chain. Think about what happens with the electric energy in Itaipu, which is used for the production of crude aluminum ingots, exported, instead of the renewable energy

be used to improve the life quality of the population in the Northeast who, even more, will use thermoelectricity based in oil sub-products.

M.O. – In the Brazilian economy, we have a very cruel reality in relation to the famous “Brazil cost”, in addition to the difficult of credit, that is, a competitive model that leaves, many times, the national industry in disadvantage in relation to international player. What is your opinion about this? C.L. – The Brazil cost is a conservative invention. We are really complicated and like clerical rituals. However, the Brazilian labor is extremely creative and motivated, with a lot of competence. There is difficulty of credit in Brazil, especially in the private bank sector. Fortunately, there is, in Brazil, the Banco do Brasil (Bank of Brazil), BNB, Basa, the Caixa Econômica Federal and BNDES. The Brazilian public banking sector resisted to liberalization, and it has an initiative of estimation of the small and medium sized companies.

M.O. – Since the discovery of oil in pre-salt, despite the investments from Petrobras, its debts have grown, and a good part of it with public banks, such as the BNDES, which holds almost R$ 44 billion in Petrobras’ shares. The company pays international interests fees around 6% per year on these loans. There shouldn’t have more transparency on the part of the strategies of Petrobras? C.L. – I consider that the BNDES – Petrobras articulation is the most strategic of the articulations for the Brazilian development. What I consider as terrible is the expressive part of Petrobras’ shares in the hands of the world stock exchanges, as well as the nine per cent of the shares acquired in Brazilian stock exchanges. The privatization made by Fernando Henrique Cardozo, who sold the shares in New York, implies that part of the profits will go abroad. I agree that Petrobras should be more transparent in relation to its financing strategies. As pre-salt advances, it will be easier to Petrobras obtain low cost financings.

M.O. – While Brazil is living the “pre-salt” moment, aiming the in-

crease of its oil reserves, in other countries, the bigger debate is around alternative energies, which Brazil has great conditions for expansion, but this doesn’t seem the object of desire. How do you evaluate this reality in Brazil? C.L. – I`m favorable to the production of hydro-electricity, renewable energy, of low cost and not so much pollutant. The environmentalist, instead of being against the use of hydroelectricity, should be positioned against the thermal-electricity and the exportation of wood and bulls from the pasture formed after the destruction of the forest. It is evident that, form the scientific and technological points of view, Brazil has to have research on alternative energies. But, for the future, not for now.

M.O. – This possibly places the speech that, investing in alternative energies is not advantageous. So we can affirm that pre-salt is, in fact, the best investment from the Country, leaving the other sources in second plan? C.L. – I consider the investment in pre-salt so important as an investment in hydroelectricity. I think it is extremely interesting the possibility of a merger Petrobras-Eletrobrás. The other sources shall be subject of technological researches and production tests. Some regions in the Northeast have a great Aeolian potential and, if we lower costs, the Brazilian insolation could be an alternative source.

M.O. – To finish, what is behind this oil industry that we cannot see at a first glance? C.L. – Any specialist that sees the oil industry knows that it uses complex equipment designed by a special engineering, and especially manufactured by boilermaking. They know that the oil equipment demand fine high precision mechanics, that the use of hardware and software is intense, and that such activities develop sophisticated services. Any specialist knows that the rebirth of the naval construction sector is resulting from Petrobras demand for vessels. The list of industries that supply the oil economy may not be so extensive, which, in the last instance, almost gets confused with the industry in the Country.  MACAÉ OFFSHORE 23


TECNOLOGIA

Pequenas empresas, grandes tecnologias

Oportunidade para a empresa que quer se tornar competitiva Por Érica Nascimento

A

s empresas estão atentas às metas da Petrobras com relação ao conteúdo local para contratação de máquinas e equipamentos. Essa pode ser a contribuição do setor de Petróleo e Gás para a sustentabilidade das microempresas e de pequeno porte. A defasagem tecnológica e conhecimento para desenvolvê-las são pontuadas como um dos gargalos desse mercado, mas as soluções estão surgindo e muitas dessas empresas já estão dando passos importantes por meio de iniciativas como a Incuba-

dora de Empresas da Coppe - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), instalada na Ilha do Fundão. Criada em 1994, ela tem atuação focada principalmente nas áreas de Petróleo e Gás, Energia, Meio Ambiente e Tecnologia da Informação. Esses setores são fortemente estimulados pelos laboratórios e pesquisadores da própria Coppe e UFRJ, além da proximidade com o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello

(Cenpes) da Petrobras. Segundo Lucimar Dantas, gerente de operações da Incubadora, a incubadora, que faz parte do projeto do Parque Tecnológico da UFRJ, apontado como o maior polo de inovação e negócio, principalmente nas áreas de Petróleo e Gás, Energia e Meio Ambiente, com presença de empresas nacionais, multinacionais e centros de excelência e pesquisa, tem por objetivo incentivar o empreendedorismo e a transferência de conhecimentos gerados em pesquisas acadêmicas para novos serviços e produtos tecnológicos. Fotos: Ascom UFRJ

Atualmente a Incubadora tem capacidade para receber até 21 empresas Currently, the Incubator has capacity to receive up to 21 companies

24 MACAÉ OFFSHORE


TECNOLOGIA

MACAÉ OFFSHORE 25


TECNOLOGIA

Atualmente ela tem possui 17 empresas residentes e instaladas no local e mais de 40 empresas graduadas, que já passaram pelo tempo de incubação que é de três anos. São empresas de diferentes áreas, cinco delas oferecendo serviços/produtos que atendem ao setor de P&G, como a Ambidados, a Aquamet, a Oilfinder, a Promec e a Virtualy. “Por serem de base tecnológica, essas empresas aproveitam a mão de obra disponível dentro da própria universidade. Estagiários, pesquisadores e profissionais qualificados são frequentemente contratados por elas. Além disso, são formadas por pesquisadores, professores e ex-alunos que veem alguma possibilidade de negócio em pesquisas desenvolvidas dentro da própria universidade”, disse Lucimar.

26 MACAÉ OFFSHORE

Lucimar Dantas gerente de operações da Inbubadora da Coppe na UFRJ Lucimar Dantas, operations manager of the Incubator of Coppe, at UFRJ

Tecnologias desenvolvidas A empresa Ambidados, especializada em P&D de processamento e análise de dados meteoceanográficos, com ênfase em monitoramento ambiental

para o mercado offshore, desenvolve tecnologia pioneira no Brasil para navegação de submarinos e robôs no fundo do mar. O NASD – Navegador Submarino Doppler é uma tecnologia que auxilia na manutenção e prevenção de equipamentos usados na exploração de petróleo. Os EUA eram os únicos que dominavam essa tecnologia, mas alegando questões de segurança nacional, o Departamento de Comércio americano determinou o controle de exportação desse equipamento para uma lista de países - entre eles o Brasil. A Aquamet é uma empresa especializada em meteorologia. Ela desenvolveu o Sara – Sistema de Informações Ambientais para Resposta a Acidentes de Óleo no Mar, pioneira para tomada de decisão em casos de contenção do óleo disperso no mar originado, principalmente, de acidentes ambientais no setor offshore.


DESENVOLVIMENTO

MACAÉ OFFSHORE 27


TECNOLOGIA

Já a Oilfinder, especializada no desenvolvimento de sistemas de modelagem computacional, desenvolveu um sistema capaz de localizar a origem de exsudações de óleo de petróleo no fundo do mar. Além de identificar a posição do óleo na superfície por imagens de satélites, a tecnologia inovadora permite simular seu trajeto inverso, detectando sua origem no assoalho oceânico. Desta forma, a ferramenta possibilita otimizar os processos de exploração e produção na indústria do petróleo. Entre os benefícios do uso dessa tecnologia integrada, está a redução de custos exploratórios, além do aumento na taxa de sucesso na identificação de sistemas petrolíferos ativos. Empresa especializada em mecânica e engenharia computacional, a Promec desenvolveu um sistema capaz de reproduzir efeitos severos da natureza, como correntes marítimas em alto mar, identificando problemas de instabilidade que possam comprometer a integridade de equipamentos e, até mesmo, o conforto dos tripulantes de uma embarcação ou plataforma em alto mar. Chamado de Simulador Numérico de Estabilidade Hidrodinâmica de Navios e Sistemas Flutuantes (Sistab), o objetivo é contribuir na elaboração de projetos de engenharia naval garantindo maior confiabilidade às amplitudes de movimento de embarcações, em especial, para aplicações no novo cenário do pré-sal. E a Virtualy, que tem especialização em simulação de realidade virtual, desenvolveu o SIMCRANE Offshore, um simulador de guindaste para operações em plataformas de exploração de petróleo para treinamento de mão de obra. Ele é capaz de gerar sensações próximas da realidade a partir de uma base móvel ou fixa, que serve de suporte para diversos modelos de guindastes. O cenário virtual em 3D é projetado em cave (caverna digital) com simulação de condições meteorológicas em tempo real, 28 MACAÉ OFFSHORE

Simulador de Guindaste Offshore da Virtualy Offshore crane simulator from Virtualy

como vento, maré e ondas, além de som e reprodução de movimentos por meio de uma base móvel.

Capacidade da incubadora Atualmente, a Incubadora tem capacidade para receber até 21 empresas em uma excelente infraestrutura empresarial com salas de reunião, escritórios, auditório e refeitório. As empresas incubadas recebem orientação empresarial especializada nas áreas de comercialização, marketing, finanças, jurídica, contábil e comunicação. Essa supervisão permite que os empreendedores gerenciem melhor seus negócios e direcionem o foco

para o mercado em que atuam.

Como fazer parte Para fazer parte da Incubadora, as empresas ou projetos precisam antes ser selecionados pelo conselho diretor da instituição. Alguns critérios contam para a aprovação como a viabilidade técnico-econômica do projeto, perfil do grupo proponente, grau de inovação da tecnologia, impacto modernizador na economia e possibilidade de interação da empresa com atividades de pesquisa desenvolvidas na universidade ou nos institutos de pesquisa sediados na Cidade Universitária. 


MACAÉ OFFSHORE 29


technology

Small companies, big technologies

Opportunity for who want to be competitive By Érica Nascimento

The companies are aware of Petrobras’ goals in relation to the local content for the contraction of machines and equipment. This can be the contribution of the Oil and Gas sector to the sustainability of the micro and small sized companies. The technological and knowledge lag to develop them is marked as one of the bottlenecks of this market, but the solutions are appearing and many of these companies are already giving important steps, by means of initiatives, such as Coppe’s Companies Incubator – Post-graduation and Research Institute Alberto Luiz Coimbra of Engineering of the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ), installed in Ilha do Fundão. Created in 1994, it has its performance mainly focused on the areas of Oil and Gas, Energy, Environment and Information Technology. These sectors are strongly stimulated by the laboratories and researchers of Coppe and UFRJ, besides the proximity to the Research and Development Center Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) of Petrobras. According to Lucimar Dantas, operations manager of the incubator, part of the project of the Technological Park of UFRJ and appointed as the biggest pole of innovation and business, especially in the Oil and Gas, Energy and Environment areas, with the presence of national, multinational companies and excellence and research centers, the incubator has as purpose to incentive the entrepreneurism and the transference of knowledge generated in academic researches for new services and technological products. It currently has 17 resident companies, installed at the place, and more than 40 graduated companies, which already went through the incubation time, of three years. They are companies from different areas, being five of them companies that offer services / products that serve the O&G sector, such as Ambidados, Aquamet, Oilfinder, Promec and Virtualy. “For having technological base, these companies use the labor available in the university. Interns, researchers and qualified professionals are frequently hired by them. Besides, they are 30 MACAÉ OFFSHORE

formed by researchers, professors and former students who see in them some possibility for business in researches developed in the university”, said Lucimar.

Developed technologies The Ambidados company, specialized in P&D of meteoceanographic data processing and analysis, with emphasis in environmental monitoring for the offshore market, develops a pioneer technology in Brazil for the navigation of submarines and robots on the seabed. NSDA – Doppler Submarine Navigator, is a technology that helps in the maintenance and prevention of equipment used in oil exploitation. The USA was the sole country that dominated this technology, but alleging national safety issues, the American Department of Commerce has determined the exports control of this equipment to a list of countries – among which, Brazil. Aquamet is a company specialized in meteorology. It develops the Sara – System of Environmental Information for Answering to Accidents of Oil on the Sea, pioneer for taking decisions in cases of contention of the oil spread on the sea, mainly originated from environmental accidents on the offshore sector. As for Oilfinder, specialized in the development of the computerized modeling systems, it has developed a system capable of locating the origin of exudations of petroleum oil on the seabed. Besides identifying the position of the oil on the surface through satellite images, the innovative technology allows to simulate its inverse path, detecting its origin in the oceanic floor. This way, the tool enables to optimize the exploitation and production processes in the oil industry. Among the use benefits of such integrated technology is the reduction of exploitation costs, besides the increase in the success rate in the identification of active oil systems. A company specialized in computerized mechanics and engineering, Promec has developed a system capable of reproducing severe effects of nature, such as ocean currents on the high seas, identifying instability problems that

may compromise the integrity of the equipment, and even the comfort of the crew of a vessel or platform on the high seas. Known as Numerical Simulator of Hydrodynamic Stability of Ships and Floating Systems (SISTAB), its purpose is to contribute to the elaboration of naval engineering projects, guaranteeing more trustworthiness to the amplitudes of movement of vessels, especially for the application on the new pre-salt scenario. And Virtually, which has the specialization in virtual reality simulation has developed the SIMCRANE Offshore, a crane simulator for operations in oil exploitation platforms, for training the labor. It is capable of generating sensations close to reality, as from a movable or fixed base, which serves as support for several models of cranes. The virtual 3D scenario is designed in cave (digital cave), with simulation of meteorological conditions in real time, such as wind, tide and waves, besides the sounds and the reproduction of movements through a movable base.

Capacity of the incubator Currently, the Incubator has capacity to receive up to 21 companies, in an excellent corporate infrastructure, with meeting rooms, offices, auditory and refectory. The incubated companies receive specialized corporate guidance in the areas of commercialization, marketing, finances, legal, accounting and communications. This supervision allows the entrepreneurs to better manage their business and direct the focus in the market in which they act.

How to become part of it To be part of the Incubator, the companies or projects need, first, to be selected by the institution’s direction committee. Some criteria count for approval, such as the technical / economical viability of the project, profile of the proposing group, degree of innovation of the technology, modernizing impact on the economy and possibility of interaction of the company with research activities developed in the university or in the research institutes headquartered in the campus. 


DESENVOLVIMENTO

MACAÉ OFFSHORE 31


CAPA

Paulo Mosa Filho

O mundo focado no

Brasil

A estrela do momento é o pré-sal que, junto com os grandes investimentos no setor de petróleo e gás, incentiva joint ventures entre empresas nacionais e estrangeiras Por Érica Nascimento

O

Brasil nunca esteve tão em alta. Com o pré-sal, o País pode se tornar uma das maiores reservas de petróleo do planeta, e é de olho nesta riqueza e nos investimentos previstos para os próximos anos que outros países, como os Estados Unidos, China, Escócia e Noruega, vêm buscando penetrar neste mercado por meio de acordos e parcerias diante das grandes oportunidades previstas. Isso ficou evidente nos corredores e nas rodas de conversas entre empresários e representantes de entidades nacionais e estrangeiras do mercado de petróleo e gás durante a Offshore Technology Conference – OTC 2011, realizada em Houston (EUA), em maio. Quem compareceu ao evento pôde perceber as atenções voltadas para o 32 MACAÉ OFFSHORE

Brasil, que marcou presença com 36 expositores, sendo que cinco expuseram pela primeira vez. E foi neste evento que especialistas do setor, representantes das entidades e instituições brasileiras, puderam perceber fortes mudanças no cenário e nas relações comerciais que o mundo enfrenta. O Brasil, com toda sua perspectiva de desenvolvimento no setor de petróleo e gás, tem que estar atento ao que pode extrair da expertise estrangeira, bem como aos cuidados que deve tomar para não se tornar apenas um alvo para exploração dos que apenas querem ganhar mercado. Com o declínio de produção de petróleo no Mar do Norte, os fornecedores altamente qualificados daquela região estão ávidos na busca de novos

mercados: os Estados Unidos, detentores das maiores tecnologias e dispostos às parcerias; e a China, que precisa da matriz energética e quer vender seus serviços. É um cenário que por um lado faz com que gere oportunidades para as empresas brasileiras, mas também se torna um risco caso não haja cautelas e estratégias. As saídas para se proteger para não virar um simples “empregado” da empresa estrangeira são pontuadas pelos especialistas e eles são unânimes nas suas opiniões: parceria para fabricação no Brasil e transferência de tecnologia e formação de pacotes, ou seja, joint ventures. Solução que, além de agregar valor, proporcionará o fortalecimento da indústria, assim como geração de emprego e renda para o País.


capa

Empresários falam das oportunidades na OTC “A OffShore Technology Conference impressionou, não apenas pelo seu gigantismo, mas pelo o fato de o Brasil ter sido considerado “a bola da vez”, ao se falar de petróleo no mundo. Exemplo da razão que move este grande interesse por nosso País é a solicitação visto de trabalho de mais de oito mil engenheiros e técnicos americanos em nossos consulados. Durante o evento, fiz contato com dezenas de empresas estrangeiras, inclusive americanas, tendo percebido que há dois tipos de interesse pelo Brasil. Há empresas que nos veem apenas como um mercado comprador. Algumas fabricam commodities a preços muito baixos, com pouca inovação, como as chinesas. Há também empresas maduras e bem estruturadas, com forte viés de

desenvolvimento tecnológico, que, enfrentando dificuldades em seus países de origem, por exemplo, no Mar do Norte e nos Estados Unidos, acreditam que será simples se estabelecer no Brasil e até dominar o mercado, sem nenhum tipo de parceria. O mais interessante para o nosso País são aquelas que desejam estabelecer parcerias verdadeiras, trocar conhecimento e realizar inovação conjunta, não apenas se beneficiando da expertise local e vantagens decorrentes da exigência de conteúdo local, mas também ajudando a levar a outros mercados os produtos e o know-how de empresas brasileiras. Acredito que haja uma enorme oportunidade para milhares de empresas brasileiras, em especial as médias e pequenas, no estabelecimento

Fotos: Divulgação

deste tipo de parceria ganho a ganho. Ao invés de temermos uma ‘invasão estrangeira’, vamos partir para a internacionalização, atuando em um mercado global”. Fernando Jefferson – diretor da TechBusiness e membro do Comitê Gestor da RedePetro-Rio.

Inovação “made in Brasil” “Houston é a capital mundial de petróleo e, durante a feira, tivemos oportunidade de estar em contato com o mercado no âmbito global. O Brasil já é a terceira maior delegação em número de visitantes, atrás apenas do Reino Unido e da China. Verificamos que o mundo do petróleo converge para o Brasil. Em diversos stands visitados, dos mais diferentes países, fomos recepcionados por profissionais falando nosso idioma. Dominar o português, justificavam, é um diferencial competitivo. É business! Preparados para avançar e conquistar nosso mercado, o idioma que nós brasileiros temos que dominar é o da Inovação Tecnológica. O pré-sal é a estrada para a construção de um

país melhor para as gerações futuras. Queremos que este recurso estratégico seja explorado de forma sustentável para desenvolver toda a nossa cadeia produtiva. Mas isso só será possível com investimentos aqui no Brasil, fomentando a indústria nacional, gerando emprego e renda para milhões de brasileiros. ‘O desafio é grande. Somos muito competitivos na agricultura, na aviação, gás e petróleo, mas a nossa indústria vem de uma cultura de baixa inovação’, disse, recentemente, Aluízio Mercadantes, Ministro de Ciências e Tecnologias. Ir à OTC é retornar com a certeza de que o campo de batalha será aqui e não lá fora. E nossa vitória ocorrerá pela integração de todos os atores,

da esfera pública e privada, para direcionar esforços e ampliar nossa competitividade no campo da inovação e desenvolvimento tecnológico”. Fernando Potsch, coordenador executivo da RedePetro-Rio, consultor do Sebrae/RJ e diretor da Maintrends Consultoria.

MACAÉ OFFSHORE 33


CAPA

Internacionalizar é tornar-se global

Fotos: Divulgação

Que o Brasil de fato é a bola da vez, não há como negar, muito menos frear a migração de estrangeiras para cá, principalmente tendo o pré-sal como atrativo. Conforme afirma a coordenadora do Programa de Internacionalização da Cadeia Produtiva de Petróleo e Gás (ProInter), Miriam Ferraz, essa é a oportunidade para as empresas nacionais, principalmente as pequenas e médias, tirarem proveito, ao invés de brigar com esses fornecedores que estão vindo. “Isso é possível por meio de joint ventures. Temos aí uns 15 cases de empresas que firmaram esse tipo de parceria no sentido de transferência de tecnologia. Estamos agora fazendo um acordo com o polo da Noruega – o mais desenvolvido no setor de petróleo e gás – justamente para verificarmos tecnologias de pequenas e médias empresas que queiram se associar a empresas brasileiras, não só com tecnologia, mas trazendo investimentos para nosso País”, revela. A coordenadora explica que o ProInter é um processo efetivamente alavancador e propulsor da mudança da empresa e que traz um resultado positivo na vida da pequena e média. Aquelas que passaram pelo ProInter aumentaram seu faturamento em 162% e foram fechadas joint ventures de mais de 15 milhões de Euros, o que mostra a efetividade do programa, principalmente envolvendo empresas que nunca exportaram e começam exportar e empresas que trouxeram tecnologias. “O empresário brasileiro precisa compreender que não existe mais “lá fora” ou mais “aqui dentro”. O mercado é um só. Concorre com o mundo. A partir de uma mudança de mentalidade e cultura é que ele vai começar a modificar os demais passos dentro 34 MACAÉ OFFSHORE

Carlos Camerini, Marcos Hupe, Miriam Ferraz, Ziney Marques e empresários da missão brasileira que marcou presença na OTC 2011 Carlos Camerini, Marcos Hupe, Miriam Ferraz, Ziney Marques and entrepreneurs from the Brazilian mission that was present in OTC 2011

de sua empresa, passando a ter pensamento de que é uma empresa global”, frisa Miriam. “Aqui existem certos pensamentos de “medo” de as americanas sufocarem nossas empresas. Temos que ter pontos de vista distintos quanto a isso, pois as pequenas e médias vão absorver tecnologias de modo muito mais rápido e mais barato. O programa de internacionalização não é um programa de exportação. É importante que isso fique bem claro. O objetivo é melhorar a competitividade”, acrescenta Marcos Hupe, que é diretor do Centro Internacional de Negócios na parceria Sebrae-Firjan, onde o ProInter foi criado em parceria com a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip).

Atentos às famosas “cascas de banana” Há ainda o risco de que essas empresas vejam o Brasil apenas como

mercado de colocação de produto, não visando a promover o desenvolvimento de tecnologias e produtos aqui, por meio de parceria com as empresas nacionais. Segundo Míriam, existem principalmente empresas de maior porte que podem inclusive vir sozinhas para o mercado brasileiro. “O que elas têm colocado para nós é o seguinte: que não estão conseguindo entrar no Vendor List da Petrobras, assim, encontrar um parceiro local facilita esse processo”, disse. Quando elas somente buscam o Vendor List, a tendência é quererem dominar o processo da negociação, ou seja, numa parceria com uma empresa nacional, impor-se por meio de cláusulas contratuais com uma joint venture na base de 60% x 40% a seu favor. Nesse caso, segundo alerta Miriam, cabe uma postura do empresário nacional. O que ele quer como empresa? Ter contratos? Melhorar sua competitividade pensando na parceria e na co-


capa

MACAÉ OFFSHORE 35


CAPA

operação empresarial? Ele deve atentar para o seguinte: elas não têm para quem vender e precisam abrir um novo mercado, mas por terem poder financeiro e tecnológico, impõem determinadas regras às empresas nacionais. Mas como agir e se defender numa situação como essa? Ela orienta que primeiramente o empresário brasileiro deve definir sua estratégia. Tem que ser muito claro no que diz respeito à sua visão de futuro, aonde quer chegar, e traçar seu plano de ação. É óbvio que há empresas estrangeiras que não querem uma relação ganho a ganho, mas sim uma relação de domínio. “Há vários casos como este. Então elas colocam algumas cláusulas contratuais que consideramos “casca de banana”, que engessam a empresa brasileira, que se não tiver uma estratégia e objetivos claros de onde quer chegar, corre o risco de cair numa tentação dessas”, comenta Miriam Ferraz. O ProInter oferece assessoria nesse sentido, que vai desde a identificação desses potenciais parceiros, dessas tecnologias que poderiam ser aplicadas, até pós-identificação e a negociação em si. Trata-se também de uma assessoria jurídica para a formatação de um contrato para que seja uma operação ganho a ganho. “Oferecemos apoio por meio de consultorias em diversas áreas para essas empresas se protegerem dessas “cascas de bananas” em contrato jurídicos internacionais. Temos consultores especializados que fazem contratos a partir da gestão do negócio que essas empresas estão propondo. Advogados de uma parte e de outra vêm tentando explicitar suas intenções e necessidades, mas falta o contrato do direito de gestão do processo, dos objetivos da fusão e da joint venture, que está sendo proposta”, acrescenta Marcos Hupe. 36 MACAÉ OFFSHORE

Aberdeen(Escócia) é a cidade do petróleo Aberdeen(Scotland) is the city of the oil

O perfil dos possíveis parceiros Essa invasão, ou seja, a chegada de empresas internacionais está sendo difícil de ser administrada, segundo afirma Marcos Hupe. Porém, o que Brasil tem a seu favor é o fato de o seu mercado não ser aberto da forma como os estrangeiros gostariam que fosse, pois em meio aos processos burocráticos, há tanta dificuldade para entrar aqui, quanto para entrar lá, inclusive, para licença de visto de trabalho. Os especialistas ressaltam que há diferença no perfil e interesses dos países que buscam oportunidades aqui. Aberdeen (Escócia) e Estavanger (Noruega) estão à frente do Brasil, principalmente em termos de tecnologia. E querem ensinar as empresas brasileiras como desenvolver conteúdo local. Aberdeen é a cidade do petróleo, um modelo, pois suas instituições de ensino foram preparadas e se transformaram em universidades do petróleo,

tendo os governos municipais e estaduais como parceiros nesse processo, criando grandes polos industriais e de conhecimento. “Todos os grupos da Europa são

Marcos Hupe, diretor do Centro Internacional de Negócios na parceria Sebrae-Firjan Marcos Hupe, director of the International Business Center, in the partnership Sebrae-Firjan


MACAÉ OFFSHORE 37


CAPA

parceiros de longo prazo”, afirma Marcos Hupe. “Apesar de o petróleo lá estar em declínio, restou o conhecimento, que não podemos perder, apesar do conhecimento que já obtivemos”, complementou Ziney Marques, assessor de Petróleo e Gás na Diretoria de Relações com o Mercado do Sistema Firjan. Segundo Hupe, os americanos são os que mais desenvolvem tecnologia, mas são pragmáticos na negociação. E Miriam Ferraz confirma, assinalando que eles tendem a ter uma relação de querer dominar todo o processo na parceria. Quanto à China, ela se coloca numa outra dimensão, ou seja, preço e commodities. Num primeiro momento, ela entra como oportunidade de atração de tecnologias que não estão disponíveis no Brasil, mas, por outro lado, ocupa a linha de ameaça e risco, porque entra no mercado nacional com uma condição comercial com a qual dificilmente os brasileiros, por mais competitividade que vierem a alavancar, não conseguiriam competir, tendo em vista suas condições de formações de preço.

38 MACAÉ OFFSHORE

Érica Nascimento

“Quando chega um produto chinês a um preço baixo, o empresário, para sobreviver e para ganhar na competitividade, pega o componente chinês. Temos que tomar cuidado com a qualidade do que está vindo. Isso vale para todo mundo. Não quero dizer que o produto chinês seja ruim, mas o cuidado deve ser maior, tendo em vista que eles entraram por último nesse processo de desenvolvimento qualificação e qualidade”, alerta Ziney. “Eles são mais complicados, pois ainda não conhecemos muito sua cultura e temos muito que aprender. Como fazer uma parceria ou um trabalho integrado, por exemplo? No caso dos chineses, você muda do alfabeto para o ideograma, o que é mais complicado. Se você abrir uma planta de um projeto chinês, nenhum ocidental vai entender. As barreiras culturais são maiores nesse sentido. Imagine isso a nível operário? Como você vai integrar trabalho? Você tem que fazer parceria em parte”, comenta Marcos Hupe. “Muitos empresários estão indo fabricar na China porque o mundo está muito competitivo e as empresas estão

Miriam Ferraz, coordenadora do ProInter Miriam Ferraz, ProInter’s coordinator

na corrida para obter qualidade com o menor preço. Olham para ela como um fator de redução de custo. Há espaço para parceria com os chineses, porém tem que haver cautelas, pois quando a China chega, arrasa todo mundo”, pontua Míriam Ferraz.


capa

Brasil precisa focar na parceria intelectual e mudar sua política industrial Transferência de tecnologia favorece principalmente as pequenas e médias empresas, mas o custo Brasil impede o desenvolvimento

C

omo incentivo, instituições e entidades promovem uma série de movimentos voltados para a cadeia. Uma delas é a Onip, que está fazendo um esforço muito grande tentando promover parcerias e associações entre empresas brasileiras e estrangeiras para que a fabricação aconteça no Brasil e, assim, haja transferência de tecnologia.

inovação”, disse Musso, orientando, inclusive, os empresários a ficar atentos e estudar os editais da Financiadora de Estudo e Projetos (Finep). Ziney Marques concorda com o Bruno. De acordo com ele, as empresas brasileiras, principalmente as menores, precisam saber trabalhar em rede. “Não é só participar dos movimentos, mas sim trabalhar em rede e nela identifi-

“Todos podem se beneficiar nesse processo, mas o interesse maior nosso, como Onip, é no final da linha promover a geração de emprego e renda no Brasil”, disse Bruno Musso, superintendente da Onip. O segredo para se preparar para este mercado, segundo aconselha Bruno, é se integrar aos movimentos que as instituições organizam. A Firjan, por exemplo, tem seus fóruns e grupos, assim como as outras federações. Existem ainda o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), a própria Onip e as Redes Petros. “Além disso, é preciso participar também de missões, abrir a mente e expandir seus horizontes. Para isso é importante redefinir suas estratégias e, na medida do possível, investir em recursos humanos, tecnologia e

Site AMCHAM

Bruno Musso, superintendente da Onip Bruno Musso, Onip’s superintendent

car os eventuais e potenciais parceiros, porque assim conseguem se fortalecer em atividades complementares às suas e se unir para enfrentar a concorrência externa”, explica.

Os movimentos Superintendente da Onip na área de desenvolvimento de fornecedores, Carlos Camerini, também gerente do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), aborda esses movimentos. Ele destaca as ações do ProInter e outro projeto na área de Navipeças, por exemplo, junto à Finep, em que se procura dentro do segmento encontrar demandas bem específicas apresentadas pelas empresas. A partir daí, são feitas a análise de oportunidade de negócios, as demandas e a identificação da defasagem tecnológica. Ele informa que até o final do ano será lançado um portal voltado para isso, ou seja, uma comunidade de interação virtual. Outro movimento importante é o convênio Petrobras-Sebrae, pelo qual também foi firmado um convênio com a Onip. “Num primeiro instante, o objetivo era saber quantas patentes da Petrobras seriam disponibilizadas para MACAÉ OFFSHORE 39


CAPA

as empresas para o Sebrae mapear. Então foi feito esse mapeamento e temos cerca de 420 empresas com uma capacidade tecnológica razoável atuando na área de petróleo e gás. São patentes do Cenpes. Ao longo do processo, fomos induzindo outro movimento, que é envolver o restante da cadeia, o que aparentemente está ficando forte dentro da Petrobras”, frisa Camerini. Entre várias ações, a principal e que está em discussão hoje, conforme menciona Camerini, é a relacionada aos recursos financeiros. Ele cita, como exemplo, os investimentos voltados para o desenvolvimento de tecnologias nas instituições de ensino. De acordo com ele, há recursos financeiros no Brasil de aproximadamente R$ 2 bi por ano, que podem ser alocados tanto para as universidades, quanto para as empresas. Só que, por motivos jurídicos, por razões de como foram criados os mecanismos, esses recursos acabam quase que totalmente ou preferencialmente voltados para as universidades. “Há uma necessidade de fazer mudanças jurídicas nos processos, uma delas é o contrato de concessão, que fala da obrigatoriedade de investimen-

40 MACAÉ OFFSHORE

Ascom Findes

bastante forte, segundo Camerini. Nos últimos dez anos, foram investidos mais de R$ 5 bi na formatação de laboratórios em universidades e em preparação de pessoal. “Então, em termos tecnológicos, temos uma infraestrutura preparada”, assinala.

Política Industrial Para que as coisas de fato aconteçam, é preciso uma política industrial para o setor de petróleo e gás no Brasil. Todos os especialistas são enfáticos e concordam que o País precisa fazer o seu “dever de casa”.

Ernesto Mosaner, presidente do Coinfra da Findes Ernesto Mosaner, president of Coinfra of the Findes

tos de 1% do faturamento bruto e que está em discussão neste momento em audiência pública. O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), a Confederação Nacional da Indústria (CNI), algumas federações e a Onip colocam a necessidade de mudar isso”, disse. O Brasil possui base tecnológica

“Temos que traçar uma estratégia de país em termos de política industrial, e várias instituições estão engajadas nisso, como a CNI, várias federações e a Onip, que possui um núcleo com essas entidades e associações comerciais e industriais. Considero que o Brasil está se preparando”, disse Camerini. “Se quisermos competir no mercado, que é um só, temos que fazer nosso trabalho, pois o Brasil tem problemas internos de valoração, impostos, custo Brasil e burocracias. Quanto mais


capa

Renata Castelo Branco

rápido, melhor”, afirma Marcos Hupe. Ziney frisa que a luta contra a carga tributária é pesada. O último levantamento da Firjan apontou quase 60% de carga tributária como impedimento para o desenvolvimento. “O governo tem que rever a questão, e a Firjan vem contestando isso há bastante tempo”. Presidente do Conselho Superior de Infraestrutura (Coinfra) da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e membro da CNI, Ernesto Mosaner, atualmente CEO do Grupo Elkem (Noruega) no Brasil, afirma também que é preciso estabelecer regras claras e haver preservação da soberania nacional. De acordo com ele, a Findes vê como um grande equívoco a mudança do regime de concessão, que vem mostrando grande eficiência, pelo regime de partilha. “O regime de partilha pode afetar o interesse de empresas e países sérios, ao abrir enormes oportunidades para a prática de corrupção e demais desvios de conduta”, disse ele pontuando esse aspecto como maior fator negativo nas relações internacionais.

Paulo Skaf presidente da Fiesp Paulo Skaf, president of Fiesp

Como grande gargalo, ele cita a enorme incidência de impostos. “Isso vem onerando os produtos nacionais, entre os quais os energéticos, o que prejudica sobremaneira a competitividade da indústria nacional”, disse. Por fim, o que garante que o Brasil seja um porto seguro para se investir, apesar de todas essas questões buro-

cráticas? Para Mosaner, o Brasil possui uma economia relativamente estável, com estabilidade política e com algumas reformas que ele espera que ocorram. “Teremos uma maior estabilidade e uma legislação mais adequada e justa, que contribuirão para o aumento de nossa competitividade e atratividade em termos de investimento”, disse confiante. Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), lembra que os números são um indicador da confiança dos investidores no Brasil, que, em 2010, recebeu o volume recorde de US$ 48 bilhões em investimentos estrangeiros. E este montante deverá continuar crescendo nos próximos anos, com as oportunidades do pré-sal, por exemplo. “A estabilidade democrática, penso, é o principal fator de garantia para os investidores. Após duas décadas de democracia, período no qual se sucederam diversos governos com perfis variados, a sociedade brasileira acostumou-se com o cumprimento das regras. Não há mais espaço no Brasil para a contestação do Estado de Direito”, defendeu Skaf. 

MACAÉ OFFSHORE 41


COVER

The world focused in

Brazil

The star of the moment is the pre-salt, which along with big investments in the oil and gas sectors, incentives joint ventures between national and foreign companies By Érica Nascimento

B

razil was never in so much evidence. With pre-salt, the country can become of the biggest oil reservations in the planet, and other countries, such as the United States, China, Scotland and Norway, are aiming this treasury and the investments expected for the next years, and are trying to enter this market by means of agreements and partnerships in view of the great expected opportunities. This became evident in the corridors and in conversation groups among entrepreneurs and representatives of national and foreign entities of the oil and gas market during the Offshore Technology Conference – OTC 2011, held in Houston (USA), in May. Who went to this event could see all the attention devoted to Brazil, which was present with 36 exhibitors, being 5 of

them exhibiting for the first time. And it was in this event that specialists from the sector, representatives of the entities and Brazilian institutions could notice the strong changes in the scenario and in the commercial relations that the world is facing. Brazil, with all its perspective of development in the oil and gas sector, has to be aware of what can be learnt from the foreign expertise, as well as of the care that shall be taken to not become only a target for the exploitation of the ones that only want to gain market. With the oil production in the North Sea declining, the highly qualified suppliers of that region are eager to seek new markets: the United States, holder of the biggest technologies, and eager to make new part-

nerships, and China, which needs the energetic matrix and wants to sell its services. It is a scenario that, on one hand, generates opportunities for the Brazilian companies, but it is also a risk, in the event there aren’t care and strategy. The solutions to protect yourself, to not become just an “employee” of the foreign company, are emphasized by the specialists, and they are unanimous in their opinions: partnership for manufacturing, in Brazil, and transference of technology and formation of packages, that is, joint ventures. This is a solution that, besides aggregating value, will propitiate the strengthening of the industry, as well as the generation of employment and income to the country.

Entrepreneurs talk about the opportunities in OTC “Offshore Technology Conference has impressed, not only for its hugeness, but by the fact that Brazil was considered its highlight, when people talked about oil in the world. An example of the reason that drives this big interest in our Country: more than eight thousand American engineers and technicians are requesting working visas in our consulates. During the event, I contacted several foreign companies, including American ones, realizing that there are two kinds of interests in Brazil. There are companies that see us only as a purchaser market. Some of them

42 MACAÉ OFFSHORE

manufacture commodities, at very low prices, with little innovation, such as the Chinese companies. There are also mature and well structured companies, with strong technological development, which, facing difficulties in their home countries, for instance, in the North Sea and in the United States, believe that it will be simple to establish themselves in Brazil and even dominate the market, without any kind of partnership. The most interesting thing for our Country are those companies that want to establish true partnerships, exchange knowledge and perform joint innovations, not only benefitting from the local exper-

tise and advantages resulting from the local contents requirement, but also to help to take to other markets the products and the know-how of Brazilian companies. I believe that there is a huge opportunity for thousands of Brazilian companies, especially the small and medium sized ones, in the establishment of this kind of win-win partnerships. Instead of fearing a ‘foreign invasion’, we shall start our internationalization, performing in a global market“. Fernando Jefferson – Techbusiness’ director and member of the Managing Committee of the RedePetro-Rio.


COVER

Innovation “made in Brazil” “Houston is the world capital of oil, and during the fair, we’ve had the opportunity of being in contact with the global market. Brazil is already the third biggest delegation in number of visitors, only behind the United Kingdom and China. We could see that the oil world converges to Brazil. In several stands visited, from the most different countries, we were received by professionals speaking Portuguese. To dominate our language, they justified, is a competitive differential. This is business! Prepared to advance and conquer our market, the language we, Brazilians, have to dominate is Technological Innovation. Pre-salt is the road to build a better country for the future generations. We want that this strategic resource is explored in a sustainable way, to develop our entire productive chain. But this will only be possible with investments

To internationalize is to become global Brazil is actually in evidence, there is no way to deny it, even less prevent the migration of foreign companies here, especially with pre salt as attraction. As the coordinator of the Program of Internationalization of the Productive Chain of Oil and Gas (ProInter), Mirian Ferraz, says, this is the opportunity for the national companies, especially the small and medium sized ones, to take advantage, instead of fighting with these suppliers that are coming here. “This is only possible by means of joint ventures. We have around 15 cases of companies that entered into this kind of partnership, to transfer technology. We are now entering into an agreement with the Norway pole – the most developed one in the oil and gas sector – just to check technologies of small and medium sized companies that want to be associates of Brazilian companies, not only with technology, but with investments in our Country” – she reveals. The coordinator explains that ProInter is a process that effectively levers and drives the changes of the company, and that brings a positive result in the life of the small and medium sized companies. Those

here in Brazil, promoting the national industry, generating jobs and income for thousands of Brazilians. ‘The challenge is big. We are very competitive in agriculture, in aviation, gas and oil, but our industry is the result of a culture with low innovation’, recently said Aluízio Mercadante, Ministry of Sciences and Technology. To go to OTC is to return with the certainty that the battlefield will be here, and not abroad. And our victory will happen through the integration of all actors, from the Public and the Private sectors, to direct efforts and widen our competitiveness in innovation and technological development fields”. Fernando Potsch, executive coordinator of RedePetro-Rio, consultant from Sebrae/RJ and director of Maintrends Consultoria.

ones that took part of ProInter increased their income in 162% and there were joint ventures of more than 15 million of Euro, which shows the effectiveness of the program, especially involving companies that never exported and are now starting to export, and companies that brought technologies. “The Brazilian entrepreneur needs to understand that there is no longer “out there” or “here”. The market is only one. It competes with the world. With a change in the way of thinking and in their culture, they will modify the other steps inside their companies, starting to think they are a global company”, emphasizes Miriam. “Here, there are certain “fear” thoughts that the American companies will suffocate our companies. We have to have distinct points of view in relation to this subject, because the small and medium sized companies will absorb technologies in a faster and cheaper way. The internationalization program is not an exports program. It is important that this is very clear. The purpose is to improve the competitiveness”, adds Marcos Hupe, who is a director of the International Center of Business in the Sebrae – Firjan partnership, where ProInter was created, in a partnership with the National Organization of the Oil Industry (Onip). MACAÉ OFFSHORE 43


COVER

Aware to the famous “banana peels” There is still the risk that these companies see Brazil only as a product placing market, not aiming to promote the development of technologies and products here, by means of partnerships with local companies. According to Miriam, there are especially bigger companies that may come alone to the Brazilian market. “What they have told us is this: they cannot enter the Vendor List of Petrobras, and therefore, to find a local partner makes this process easier”, she said. When they only seek the Vendor List, the trend is that they want to dominate the negotiation process, that is, in a partnership with a national company, they impose themselves by means of contractual terms with a joint venture on the basis of 60% x 40% on their favor. In this case, as Miriam alerts, the na-

tional entrepreneur has to act. What they want as a company? To have agreements? To improve their competitiveness thinking about the partnership and in the commercial cooperation? They shall be aware to this: these companies do not have whom to sell, and they need to open a new market, but, as they have financial and technological power, they impose some rules to the national companies. But, how to act and defend yourself in a situation like this? She orients that, first, the Brazilian entrepreneur shall define their strategy. They have to be clear of their view of the future, what they want to achieve, and elaborate their action plan. It is obvious that there are foreign companies that do not want a win-win relation, but a domination relation. “There are several cases like this. They then add some contractual terms that we consider as “banana peels”, that immobilize the Brazilian company, which, if it does not have a strategy and clear objectives of what do they want to achieve, faces the

risk of falling in this temptation”, says Miriam Ferraz. ProInter offers consulting in this area, which ranges from the identification of potential partners, of these technologies that could be applied, to the post-identification and the negotiation itself. It is also a legal consulting for the elaboration of an agreement, in order the operation is a win-win one. “We offer support by means of consulting in several areas, for these companies to protect themselves from these “banana peels” in international legal agreements. We have specialized consultants, who draft agreements as from the management of the business that these companies are proposing. Lawyers from both parties are trying to explicit their intentions and needs, but the agreement of the process management rights, of the objectives of the merger and of the joint venture that is being proposed is lacking”, adds Marcos Hupe.

The profile of the possible partners This invasion, that is, the arrival of the international companies is being hard to be administered, according to Marcos Hupe. But what Brazil has in its favor is the fact that its market is not open in the way the foreigners would like it to be, for because of the clerical processes, there are a lot of difficulties to enter here, and also to enter there, and also for the license for working visas. The specialists emphasize that there is a difference in the profile and interests of the countries that seek opportunities here. Aberdeen (Scotland) and Stavanger (Norway) are ahead of Brazil, especially in terms of technology. And they want to teach the Brazilian companies how to develop local content. Aberdeen is the city of oil, a model, for its schools were prepared and transformed in oil universities, and the municipal and state governments are partners in this process, creating big industrial and knowledge poles. “All groups from Europe are long term partners”, affirms Marcos Hupe. “Even though the oil is in decline over there, they still have the knowledge, which we cannot lose, despite the

44 MACAÉ OFFSHORE

knowledge we already have”, added Ziney Marques, Oil and Gas assessor in the Directorate of Relations with the Market of the Firjan System. According to Hupe, the Americans were the ones who most developed technology, but they are pragmatic in the negotiation. And Miriam Ferraz confirms, emphasizing that they tend to have a relation of domination in the whole process in the partnership. As for China, it is in another dimension, that is, price and commodities. In a first moment, it enters as an opportunity of attraction of technologies that are not available in Brazil, but on the other hand, it occupies the line of threat and risk, because it enters in the national market with a commercial condition with which the Brazilians, even with all the competitiveness they may have, would hardly compete with, having in view China’s conditions of prices formation. “When a Chinese product arrives at a low cost, the entrepreneur, to survive and to gain in competitiveness, chooses the Chinese component. We have to take care with the quality of what is arriving. This is valid for eve-

ryone. I do not want to say that the Chinese product is bad, but people should be more careful, having in view that these products entered last in this process of development, qualification and quality”, alerts Ziney. “They are more complicated, for we still do not know much about their culture and we have a lot to learn. How to make a partnership or an integrated work, for instance? In the case of the Chinese, you change from the alphabet to the ideogram, which is more complicated. If you open the blueprint of a Chinese project, no Westerner will understand. The cultural barriers are bigger in this sense. Imagine this in an employee level? How you will integrate the work? You have to make a partial partnership”, comments Marcos Hupe. “Many entrepreneurs are manufacturing in China, because the world is very competitive and the companies are in the run to get quality with the lowest price. They look at it as a factor of cost reduction. There is space for a partnership with the Chinese, but care shall be taken, for when China comes, it wipes everything out”, emphasizes Miriam Ferraz.


COVER

Brazil needs to focus on the intellectual partnership and changes its industrial policy The transference of technology favors especially the small and medium sized companies, but the Brazil cost prevents development

A

s an incentive, institutions and entities promote a series of movements for the chain. One of them is Onip, which is making a very big effort, trying to promote partnerships and associations between Brazilian and foreign companies, for the manufacturing to happen in Brazil and, therefore, to result in transference of technology. “Everyone can benefit from this process, but our biggest interest, as Onip, is in the end of the line, to promote the generation of employment and income in Brazil”, said Bruno Musso, Onip’s superintendent. The secret to be prepared for this market, as Bruno advises, is to be integrated with the movements that the institutions organize. Firjan, for instance, has its forums and groups, as well as the other federations. There is also the Program for the Mobiliza-

tion of the National Industry of Oil and Natural Gas (Prominp), Onip, and the Petros networks. “In addition, it is necessary to also be part of missions, open the mind and expand your horizons. For such, it is important to redefine your strategies and, as much as possible, invest in human resources, technology and innovation”, said Musso, orienting, also, the entrepreneurs to be aware and study the notices to bid from the Study and Projects Financer (Finep). Ziney Marques agrees with Bruno. According to him, the Brazilian companies, especially the small ones, need to know how to work in a network. “It is not just to be part of the movements, but also to work in a network, and identify in it eventual and potential partners, because this way, they can strengthen themselves in activities that are supplementary to their own, and be united to face the external competition”, he explains.

The Movements Onip’s superintendent in the area of development of suppliers, Carlos Camerini, also manager of the Center of Research and Development Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), talks about these movements. He emphasizes ProInter’s actions and other project in the area of Ship parts, for instance, besides Finep, in which one searches within the industry to find well specific demands presented by the companies. From there, the analyses of business opportunities, the demands and the identification of the technological lag are made. He says that, until the end of the year, a website about this subject will be released, that is, a virtual interaction community. Another important movement is the partnership Petrobras – Sebrae, through which a

MACAÉ OFFSHORE 45


partnership with Onip was also performed. “At first, the object was to know how many Petrobras’ patents would be made available to the companies, for Sebrae to map. This mapping was then performed, as we have around 420 companies with a reasonable technological capacity performing in the oil and gas area. They are Cenpes’ patents. During the process, we were inducing another movement, which is to involve the rest of the chain, which apparently is becoming stronger inside Petrobras”, emphasizes Camerini. Among several actions, the main one and the one in discussion today, as Camerini says, the one related to financial resources. He mentions, for instance, the investments in the development of technologies in the schools. According to him, there are financial resources, in Brazil, of approximately R$2 billion per year, which could be allocated both to universities and to the companies. But, for legal reasons, for reasons related to how the mechanisms were created, such resources end up almost totally or preferentially allocated to the universities. “There is a need for legal changes in the processes, and one of these changes is the concession agreement, which sets forth the obligation of investing 1% of the gross profiting and that is currently being discussed in a public hearing. The Brazilian Oil, Gas and Biofuels Institute (IBP), the National Confederation of Industry (CNI), some federations and Onip emphasize the need to change this”, he says. Brazil has a very strong technological base, according to Camerini. In the last ten years, more than R$5 billion were invested in formatting laboratories in universities and in the preparation of personnel. “So, in techno-

46 MACAÉ OFFSHORE

logical terms, we have a prepared infrastructure”, he emphasizes.

Industrial Policy For things to really happen, an industrial policy for the oil and gas sector in Brazil is needed. All specialists are emphatic about it, and they agree that the country needs to do its “homework”. “We have to outline a country strategy in terms of industrial policy, and several institutions are engaged on this, such as CNI, several federations and Onip, which has a nucleus with these entities and commercial and industrial associations. I consider that Brazil is preparing itself”, Camerini said. “If we want to compete in the market, which is unique, we have to do our job, for Brazil has internal problems of valuation, taxes, Brazil cost and bureaucracy. The faster, the better”, says Marcos Hupe. Ziney emphasizes that the fight against the tax load is hard. The last Firjan assessment pointed out that almost 60% of tax load prevents development. “The government has to review this issue, and Firjan has been objecting this for a long time.” The President of the High Infrastructure Committee (Coinfra), of the Federation of the Industries of Espírito Santo (Findes), and member of CNI, Ernesto Mosaner, currently CEO of the Elkem Group (Norway) in Brazil, also says that it is necessary to establish clear rules and to preserve the national sovereignty. According to him, Findes sees as a big mistake the change from the concession system, which is showing great effectiveness, to the sharing system.

“The sharing system may affect the interest of serious companies and countries, for it creates huge opportunities for the practice of corruption and other deviations of behavior”, he said, pointing out this aspect as the biggest negative factor in the international relations. As a big bottleneck, he mentions the huge incidence of taxes. “This is burdening the national products, among which, the energetic ones, which causes huge damages in the competitiveness of the national industry”, he said. At last, what guarantees that Brazil is a safe port to invest in, despite all of these clerical issues? For Mosaner, Brazil has a relatively stable economy, with political stability and with some changes that he hopes to occur “We will have more stability and more adequate and fair laws, which will contribute for the increase of our competitiveness and attractiveness in terms of investment”, he said, in a confident manner. Paulo Skaf, president of the Federation of the Industries of the State of São Paulo (Fiesp), reminds that the numbers are an indicator of the trustworthiness of the investors in Brazil, which, in 2010, has received the record volume of US$ 48 billion in foreign investments. And such amount shall keep growing in the next years, with the pre salt opportunity, for instance. “The democratic stability, I think, is the main guarantee factor for the investors. After two decades of democracy, period in which several governments succeeded, with varied profiles, the Brazilian society got used to the compliance with the rules. There is no longer space in Brazil for the objection of the State of Rights”, defended Skaf. 


INTERVIEW

MACAÉ OFFSHORE 47


empresas e negócios

Nutsteel amplia portfolio

para atender o mercado offshore Entre seus produtos de destaque, está a Luminária LED Por Érica Nascimento

A

tenta às particularidades do mercado offshore, a Nutsteel, ciente da importância de investir no mercado nacional, impulsiona fortemente o conteúdo local, desenvolvendo equipamentos de alta tecnologia no País, mas com suporte técnico e comercial global. A empresa segue valorizando e investindo nas principais feiras do setor e, mais uma vez, marcará presença na feira Brasil Offshore, em Macaé, que acontece em junho deste ano. E esta será a oportunidade que a empresa terá para apresentar seu portfólio de produtos. A Nutsteel estará presente com seu time de engenheiros e executivos da área comercial para poder receber o cliente. “Prestigiamos a feira Brasil Offshore, que já é, há muito tempo, referência mundial do segmento. Temos grandes expectativas de receber nossos amigos e parceiros em nosso estande em mais esta edição”, disse o gerente comercial da empresa, Mauro Noda.

Luminária LED LED lighting

48 MACAÉ OFFSHORE

Entre os produtos de destaque, apresentaremos a Luminária LED, compacta e leve, ideal para montagens em áreas de difícil acesso e grandes alturas. Seu design modular permite diversas combinações de componentes de fixação, atendendo às mais diferentes necessidades de instalação. É construída em liga de alumínio copper free e revestimento à base de epoxy na cor cinza claro munseel N 6.5, globo em policarbonato, temperatura de operação de -40°C até 55°C, alimentação 120-277 Vac, 50/60 Hz, grau de proteção IP 66, para instalação em Zona 2, Grupo II. Este é um equipamento que pode ser utilizado em ambientes marinhos e úmidos; áreas industriais, químicas e outras, onde gases e vapores inflamáveis podem estar presentes em condições anormais; áreas de teto alto; e em ambientes industriais em que condições severas de temperatura, poeiras excessivas, atmosfera corrosiva podem estar presentes.

Fotos: Divulgação

O painel proporciona proteção e controle The panel propitiates protection and control

luções metálicas e não-metálicas para áreas classificadas”, disse Noda. Os painéis “Ex” são para instalação em áreas classificadas como zonas 1 & 2, 21 & 22, temperatura de operação de -20°C até 55°C (-40°C sob consulta), tensão até 440V (opção de fornecimento em 480V), IP 65/66 e corpo em plástico reforçado com fibra de vidro, ou ainda aço inox 316L.

“Facilidade de manutenção e longa vida útil, além de estarmos cientes de novas tecnologias e adequação a produtos mais ambientalmente amigáveis”, disse o gerente.

O produto proporciona proteção e controle dos equipamentos elétricos em áreas classificadas onde vapores, gases ou poeira combustível estão ou podem estar presentes, podendo ser aplicado em plantas químicas, petroquímicas, petróleo e outros setores das indústrias, permitindo as mais variadas aplicações como iluminação, distribuição, proteção de tomadas, válvulas motorizadas e outras aplicações sob consulta

A Nutsteel também tem hoje uma linha muito atraente de painéis, seja de aço inox 316L ou plástico reforçado com fibra de vidro “poliéster”. “A empresa apresenta hoje uma vasta gama de so-

Para melhor atender a seus clientes, a Nutsteel possui uma equipe de profissionais especializados e escritórios situados nos principais locais da indústria offshore no mundo. 


logística

Nutsteel widens its portfolio to attend the offshore market Among its main products, there is the LED By Érica Nascimento

A

ttempt to the particularities of the offshore market, Nutsteel, aware of the importance of invest in the national market, strongly drives the local content, developing high technology equipment in the Country, but with technical and commercial global support. The company is valuing and investing in the main fairs of the sector, and once more will be present in the Brazil Offshore fair, in Macaé, which will happen in June. And this will be the opportunity the company will have to present its products portfolio. Nutsteel will be present with its team of engineers and executives of the commercial area, to be able to receive the client. “We honor Brazil Offshore fair which is, for a long time, world reference in the sector. We have great expectations to receive our friends and partners in our stand with this edition”, said the commercial manager of the company, Mauro Noda. Among the main products, we will present the LED lighting, compact and light, ideal for assembling in had access areas and heights. Its modular design allows several combinations of components of fixation, attending the most different needs of installation. Built in copper free aluminum alloy, and epoxy-based coating in munseel light gray N 6.5, globe in polycarbonate, operation temperature of -40°C up to 55°C, Feeding 120-277 Vac, 50/60 Hz, Protection degree IP 66, for installation in Zone 2, Group II. This is an equipment that may be used in maritime and humid environments; industrial and chemical areas, as well as in

other areas, where inflammable gases and vapors may be present in abnormal conditions; high ceiling areas; and in industrial environments, where severe temperature conditions, excessive dust, corrosive atmosphere may be present. “Easy to maintain and with long shelf life. We are also aware of new technologies and adequacy to more environmentally friendly products”, said the manager. Nutsteel has also, today, a very attractive line of panels, whether of stainless steel 316L or Reinforced Plastic with “polyester” fiberglass. “The company presents today a wide range of metallic and non-metallic solutions for classified areas”, said Noda. The “Ex” panels are to be installed in Areas Classified as Zones 1 & 2, 21 & 22, operation temperature of -20°C up to 55°C (-40°C under consultation), voltage of up to 440V (supply option in 480V), IP 65/66 and body in plastic reinforced with fiberglass (or also in stainless steel 316L). The product propitiates protection and control of the electric equipment in classified areas, where combustible vapors, gases or dust are or may be present. They can be applied in chemical, petrochemical plants, oil and other sectors if the industries. It allows the most varied applications, such as illumination, distribution, protection of outlets, motorized valves and other applications under consultation. To better attend its clients, Nutsteel has a team of specialized professionals and offices located in the main sites of the offshore industries in the world.  MACAÉ OFFSHORE 49


50 MACAÉ OFFSHORE


DESENVOLVIMENTO

MACAÉ OFFSHORE 51


ENTREVISTA

Adail Costa O empresário José Adail Lima Costa, CEO da Adail Costa Assessoria Contábil, no comando de uma das mais conceituadas e tradicionais empresas do setor contábil na região da Bacia de Campos, comenta as dificuldades usuais enfrentadas pela maioria das empresas e empresários estrangeiros que desejam entrar no mercado brasileiro nos setores de petróleo & gás e serviços.

Macaé Offshore – Como avalia a experiência vivida por sua empresa desde o início das operações da Petrobras e das empresas estrangeiras desses setores na região? Adail Costa - Nossa empresa, desde o início, sempre teve como foco clientes com perfil diferenciado, pois não bastavam apenas meros donos de empresa, buscávamos compor nosso portfólio de clientes com empresários locais que fossem formadores de opinião, compartilhassem conosco as mudanças e tivessem um espírito empreendedor. Com a chegada das empresas estrangeiras, tivemos que nos adaptar e passar por um processo de requalificação de nossas equipes, criando dessa forma procedimentos diferenciados visando a atender às necessidades de clientes que buscavam soluções objetivas, com custos compatíveis com esses serviços. Mudamos nosso perfil de serviços para melhor.

M.O. – O que mudou nesse período?

da de um enorme volume de clientes

A. C. – Hoje já temos mão de obra

que estavam acostumados a legalizar

qualificada, o poder público já entende melhor as necessidades e estabeleceu novos critérios que visam a agilizar o atendimento em diversos setores, contudo, ainda estamos atrasados pelo menos dez anos, isso se tomarmos como parâmetro outros países no mesmo patamar de desenvolvimento. Serviços essenciais e a infraestrutura ainda são de péssima qualidade, onerando todo o sistema e, às vezes, comprometendo uma operação inteira. Precisaríamos mudar a mentalidade das pessoas que governam o País, estabelecer prioridades e poder contar com serviços essenciais de qualidade.

empresas em prazos curtos e sem a burocracia que já nos é familiar e isso criou uma situação que afetou de maneira geral a cidade toda, não só as instituições.

Com a chegada das empresas estrangeiras, tivemos que nos adaptar e passar por um processo de requalificação

A. C. – Com a chegada dessas empresas, a principal mudança que identificamos foi comportamental, pois além da falta de profissionais qualificados, do total desconhecimento de alguns procedimentos e práticas por parte do poder público, percebemos a chega52 MACAÉ OFFSHORE

M.O. – O que ainda precisa mudar nesse cenário em sua opinião?

M.O. – Como avalia o papel e a participação do poder público nessas situações? A. C. – Da mesma forma, o poder público sofre com sua própria burocracia, já institucionalizada. É aí que o jeitinho brasileiro e a corrupção figuram como fatores que comprometem a boa funcionalidade do sistema, que é incompetente. Em alguns casos, ele se omite do seu papel, não possibilitando acesso às informações necessárias ou departamentos que poderiam orientar essas empresas e investidores atentos às novas oportunidades de negócios em nossa região, por exemplo.


entrevista

M.O. – Esses seriam desafios que as empresas estrangeiras do mercado de petróleo e gás enfrentam? Fale sobre eles e como uma empresa de assessoria contábil como a sua pode ajudá-las a superá-los? A. C. – Os principais desafios que identificamos, além da enorme burocracia das instituições públicas, é a falta de informação ou as informações equivocadas disponíveis, que levam muitas dessas empresas e investidores a onerar desnecessariamente suas operações, o que pode ser definido pela expressão “non cost effective”, ou seja, compromete todo o planejamento das empresas, que passam a tentar resolver problemas que não fazem parte do negócio principal. Nossa Empresa hoje não se limita apenas aos serviços contábeis, pois tivemos a possibilidade de nos preparar para as novas demandas e incluir novos serviços em nosso portfólio, tais como, Procurement Consultancy, Outsourcing, Due Diligencies, entre outros, necessários a todas as empresas que desejam atuar em outros mercados. Dessa forma, esperamos dar nossa contribuição para atrair novas possibilidades para nossa região.

M.O. – O que sua empresa tem feito no sentido de implementar soluções objetivas que facilitem a resolução dessas situações? A. C. – Após entendermos que não poderíamos ficar fora desse “momento”, o primeiro passo, como já mencionei, foi qualificar nossas equipes e torná-las aptas a atender a qualquer necessidade de nossos clientes ou informar onde estas necessidades poderiam ser obtidas de fontes confiáveis. A seguir, dotamos nossa empresa de certificações internacionais, que comprovam a qualidade de nos-

sos serviços e os critérios que adotamos para desempenhá-los, que são os mesmos já conhecidos por esses clientes no exterior. Isso nos ajudou inclusive a mudar nossa maneira de pensar, nos aproximando da realidade vivenciada por nossos clientes com esse perfil.

M.O. – Quais são as perspectivas para o setor de serviços complementares, para os próximos anos? A. C. – Acreditamos que ainda há muito para acontecer com o início dos trabalhos e os novos contratos do pré-sal, sendo animadoras as perspectivas para o setor serviços com a chegada de novas empresas estrangeiras. Estamos a cada dia implementando novas estratégias e técnicas para acompanhar o desenvolvimento de nossa região.

funcionam de alguma forma.

M.O. – O que o senhor acredita que poderia ser feito para incentivar a chegada e instalação de novas empresas do setor na região? A. C. – Acreditamos que ações locais são fundamentais, contudo os governos federal e estadual deveriam desenvolver mais programas específicos para esses setores e priorizar a implantação de serviços essenciais e infraestrutura. Outros exemplos de cidades e regiões que passaram por esse tipo de transformações, deveriam ser observados, evitando dessa forma a repetição de problemas que poderiam certamente ser evitados aqui. 

M.O. – Acredita que eventos como a Brasil Offshore e a Rio Oil & Gas contribuem para um melhor acesso a informações que facilitam a instalação de novas empresas dos setores de Óleo & Gás e serviços na região? A. C. – Percebemos uma especialização dos setores de serviços, com isso recebemos mão de obra qualificada de todas as partes do País e também as novas empresas atraídas por eventos como a Brasil Offshore e a veiculação através dos meios de comunicação especializados, que informam a esses potenciais clientes, por isso acreditamos que todas as iniciativas visando a difundir as possibilidades encontradas aqui MACAÉ OFFSHORE 53


INTERVIEW

Adail Costa The entrepreneur José Adail Lima Costa, CEO of Adail Costa Assessoria Contábil, in the command of one of the most prominent and traditional companies of the accounting sector in the region of Campos Basin, comments the usual difficulties faced by most of the foreign companies and entrepreneurs that want to enter the Brazilian market in the sectors of oil & gas and services. Macaé Offshore – How do you evaluate the experience your company had since the beginning of the operations of Petrobras and of the foreign companies from these sectors in the region?

Adail Costa – Our company, since the beginning, had as focus clients with a differentiated profile, for mere company owners were not enough. We tried to compose our clients’ portfolio with local entrepreneurs that were opinion formers, who would share with us the changes, and who had an entrepreneurial spirit. With the arrival of the foreign companies, we had to adapt ourselves and go through a requalification process of our teams, creating, therefore, differentiated procedures, aiming to comply with the needs of clients who sought objective solutions, with costs that were compatible with these services. We changed our services profile for the better.

M.O. – What changed during this period?

A. C. – With the arrival of these companies, the main change we identified was in the behavior, because, besides the lack of qualified professionals, the total unawareness of some procedures and practices on the part of the public power, we perceived the arrival of a great volume of clients that were used to lega-lize companies is short terms and without the bureaucracy that is very familiar to us, and this resulted in a situation that generally affected the whole town, not only the institutions.

M.O. – In your opinion, what still needs to change in this scenario?

A. C. – Today, we already have qualified labor, the public power understands better the needs and has established new criteria that aim to speed up the attendance in a lot of sectors; however, we are still behind, at least 10 years, if we take as parameter other countries in the same level of development. Essential services and the infrastructure are still of bad quality, burdening the whole system, and sometimes, compromising the whole operation. We need to change the mentality of the people who govern the country, and be able to count with essential quality services. 54 MACAÉ OFFSHORE

M.O. – How do you evaluate the role and the participation of the public power in these situations?

A. C. – In the same way, the public power suffers with its own bureaucracy, already institutionalized. And in there, the Brazilian way and the corruption figure as factors that compromise the good operation of the system, which is incompetent. In some cases, it omits itself from its role, not providing access to the necessary information or departments that could guide these companies and investors who are attempt to the new business opportunities in our region, for instance.

M.O. – Would these be challenges that the foreign companies from the oil and gas market face? Talk about them, and how an accounting consulting company like yours can help these companies to overcome them?

A. C. – The main challenges we identified, besides the huge bureaucracy of the public institutions, is the lack of information, or the mistaken information available, which take many of these companies and investors to unnecessarily burden their operations. This can be defined by the expression “non cost effective”, that is, it compromises the whole planning of the companies, which try to solve problems that are not part of the main business. Our company today is not limited only to the accounting services, for we had the possibility of preparing ourselves to the new demands, and include new services in our portfolio, such as Procurement Consultancy, Outsourcing, Due Diligences, among others, necessary to all companies that wish to perform in other markets. This way, we hope to give our contribution to attract new possibilities to our region.

M.O. – What has your company been doing to implement objective solutions that make easier the resolution of these situations?

A. C. – After we understood that we could not be out of this “moment”, the first step, as I said, was to qualify our teams, and make them apt to attend any need of our clients, or to inform were these needs would be obtained from trustworthy sources. Afterwards, we endowed

our company with international certifications, which evidence the quality of our services, and the criteria we adopted to perform them, which are the same that are already known by these clients abroad. This helped us to also change our way of thinking, getting us closer from the reality lived by our clients with this profile.

M.O. – What are the perspectives for the supplementary services sector, for the next years? A. C. – We believe that there is still a lot to happen with the commencement of the works and the new pre-salt agreements, and the perspectives for the services sector are very encouraging with the arrival of new foreign companies. We are implementing, every day, new strategies and techniques to follow up the development of our region.

M.O. – Do you believe that events such as the Brazil Offshore and Rio Oil & Gas contribute for a better access to information that facilitate the installation of new companies from the Oil & Gas and services sectors in the region? A. C. – We realized a specialization of the services sectors, and with it, we receive qualified labor from all over the country, and also the new companies attracted by events such as the Brazil Offshore, and the disclosure, through the specialized means of communication, which inform such potential clients. Therefore, we believe that all initiatives aiming to spread the possibilities found here work somehow.

M.O. – What do you believe that could be done to incentive the arrival and installation of new companies of the sector in the region? A. C. – We believe that local actions are vital, however, the federal and state governments should develop more specific programs for these sectors and prioritize the implantation of essential services and infrastructure. Other examples of cities and regions that went through this kind of transformations should be observed, avoiding thus, the repetition of problems that could certainly be avoided here. 


MACAÉ OFFSHORE 55


56 MACAÉ OFFSHORE


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.