Indústria naval rumo à internacionalização

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ÍNDICE / CONTENTS Divulgação NavalShore

Matéria de capa | Report of Cover

O FUTURO JÁ CHEGOU 6 Política e Economia

Recursos Humanos

ANP quer consolidar competitividade

Qualificação de mão de obra ainda é o

do conteúdo local

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Finanças

Tecnoilogia

Caixa quer ser o banco da

Navalshore abre espaço para

indústria naval no Brasil

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maior desafio na indústria naval e offshore

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inovação e reforço de marca

Especial 20 Treinos simulados, vantagens reais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Competitividade é o desafio da indústria naval, diz Transpetro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Indústria naval internacional aposta em negócios no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Estaleiro Arpoador dedica 80% da produção para a Petrobras .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Indústria naval investe cada vez mais em tecnologia 3D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Governo do Rio divulga cluster de subsea durante a Navalshore . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Navalshore comemora 10 anos com indústria naval aquecida .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Empresas & Negócios Sotreq anuncia entrega de geradores para sondas do pré-sal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Empresas canadenses vêm ao Brasil em busca de novas parcerias no setor naval. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Locação de equipamentos pode reduzir custos e ampliar aproveitamento de novas tecnologias na indústria naval. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Uma vitrine de grandes novidades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Danica comemora os últimos resultados obtidos em sua Divisão Naval. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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CARTA AO LEITOR / LETTER TO THE READER

Da retomada à consolidação Foi-se o tempo em que se falava de retomada. O setor naval agora segue de vento em popa, alavancado pelas gordas encomendas da indústria de óleo e gás. Já se passaram mais de 10 anos desde que os estaleiros reabriram as portas e começaram a se modernizar para atender as exigências de conteúdo local. Hoje a conversa é outra. A cantilena preço-prazo-qualidade foi substituída pelo necessário tripé gestão-qualificação-tecnologia. Sem planejamento, controle de prazos, acabamento adequado, profissionais experientes e tantos outros elementos é difícil para o país transpor a curva de aprendizagem e alcançar a competitividade global. E fundamental para este movimento é mobilização de todos os atores envolvidos - estaleiros, contratantes, governo, fornecedores, órgãos de fomento, entidades de classe etc - cientes também de que esta é uma indústria extremamente estratégica e crucial para o alcance das metas de produção do setor de O&G. Durante a Navalshore 2013, ficou o alerta: na área de reparo, conforme antecipou Macaé Offshore em sua última edição, se nada for feito, vamos ter problemas em médio prazo, pois não é razoável supor que se pode tirar uma embarcação daqui e levar para outros países. A Transpetro já fez estudos a respeito, tentando atrair investimentos na indústria de reparos, mas os esforços ainda são insipientes. Este é um ponto extremamente importante para garantir a tranquilidade das operações. Hoje, o custo chega a 60 mil dólares por dia para deixar uma embarcação fora de operação. Geopoliticamente, analistas da Petrobras entendem que o Brasil é desfavorável ao desenvolvimento da indústria de reparo, mas é necessário buscar um modelo de negócios mais adequado, que atenda os interesses da indústria local e garanta mais oportunidades de negócios para a cadeia produtiva. Divulgação Naval Shore

Foto da Capa / Cover Photo: Deborah Ghelman A Macaé Offshore é uma publicação bimestral, bilíngue (português / inglês), editada pela Macaé Offshore Editora Ltda. Macaé Offshore is a bimonthly, bilingual publication (Portuguese / English), edited by Macaé Offshore Editora Ltda. Rua Teixeira de Gouveia, 1807 - Centro Macaé/RJ - CEP 27.916-000 Tel/fax: (22) 2770-6605 Avenida 13 de Maio, 13 - Sl. 1.713 - Centro Rio de Janeiro/RJ - CEP 20.031-901 Tel: (21) 3174-1684 Site: www.macaeoffshore.com.br Direção Executiva: / Executive Director: Bruno Bancovsky Editora: / Editor: Rosayne Macedo / MTb. 18446 jornalismo@macaeoffshore.com.br Jornalistas colaboradores: / Collaborators reporters : Brunno Braga, Rodrigo Leitão e Flávia Domingues redacao@macaeoffshore.com.br reportagem@macaeoffshore.com.br Publicidade: / Advertising: Fernando Albuquerque publicidade@macaeoffshore.com.br Luiza Valente comercial.rio@macaeoffshore.com.br Diagramação: / Diagramming: Paulo Mosa Filho arte@macaeoffshore.com.br Revisão: / Review: Silvia Bancovsky Distribuição: / Distribution: Dirigida às empresas de petróleo e gás To the oil and gas companies Edição Extra - Setembro Extra Edition - September Tiragem: / Copies: 5.000 exemplares/copies Assinatura: / Subscriptions: (22) 2770-6605 assinatura@macaeoffshore.com.br

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O futuro já chegou Consolidada, indústria naval e offshore brasileira foca sustentabilidade e competitividade global Este é o balanço da Navalshore - Marintec South America, feira que reuniu, durante três dias, mais de 350 marcas de 16 países no Rio de Janeiro Rosayne Macedo

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fase da retomada está superada. O momento agora é de consolidação e busca da competitividade internacional. Com encomendas previstas até 2020, em virtude da exploração no pré-sal, os estaleiros e a cadeia de serviços e suprimentos que atendem o setor focam na superação de outros desafios como a concretização de um mercado sustentável a longo prazo e o fortalecimento da competitividade global das empresas na6 MACAÉ OFFSHORE

cionais. Este é o balanço da décima edição da Navalshore - Marintec South America - Feira e Conferência da Indústria Naval e Offshore 2013, realizada entre os dias 13 e 15 de agosto, no Centro de Exposições SulAmérica, no Rio de Janeiro (RJ). Gestores públicos, empresários e lideranças setoriais que participaram do evento foram unânimes em apontar


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a necessidade de unir esforços para transformar a indústria naval brasileira em uma potência mundial, com competitividade e sustentabilidade. O Brasil tem, atualmente, a quarta carteira mundial na encomenda de navios, atrás apenas da Noruega, Estados Unidos e Grécia. Isso, no entanto, ainda não torna o país uma potência do setor, afirmou o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, durante a cerimônia de abertura da feira. “Estamos no último estágio para chegar lá. Primeiro começamos a construir navios, depois atingimos o índice

de 65% do conteúdo nacionalizado e agora buscamos a meta de nos tornarmos competitivos no contexto mundial”. Para isso, ressaltou Machado, o Brasil precisa aperfeiçoar a gestão e usar todo o conhecimento adquirido nos últimos anos. “Temos estaleiros modernos e outros que estão se equipando, mas precisamos consolidar a indústria naval como um todo, de forma sustentável. Estamos aptos a dar este grande salto”, disse. O presidente da Transpetro aposta que investimentos na melhoria de processos tornarão o serviço e o produto nacional mais atraente e competitivo.

Participação nacional Durante a conferência “Estágio atual da indústria naval e offshore capacitação para atender a demanda atual e futura com prazos e preços adequados”, um dos eventos paralelos da Navalshore, o gerente-executivo do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Petrobras, Elizio Araújo Neto, também chamou a atenção para o potencial da indústria naval no País. “Atualmente as empresas brasileiras gastam cerca de US$ 17 bilhões com o afretamento de embarcações estrangeiras apenas a Petrobras desembolsa US$ 2,5 bilhões na contratação de navios de outras bandeiras. Acredito que a nossa participação pode ser bem maior neste segmento”, afirmou.

de pequenos, médios e grandes estaleiros brasileiros, o que mostra o desenvolvimento do setor”.

Ele completou: “Temos uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas que revela que a cada R$ 1 milhão investido na indústria naval há um movimento de R$ 1,9 milhão na economia. Ou seja, é um segmento que tem um grande efeito multiplicador. O principal player da construção naval no mundo, a Coréia do Sul, levou 30 anos para atingir o patamar em que se encontra hoje. O Brasil vai levar a metade do tempo”.

O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav), Augusto Mendonça, avalia que o mercado percebeu essa mudança de foco do setor em busca de competitividade. “Ter indústria competitiva no mercado internacional garante que estamos bem posicionados”, observou Mendonça. Para ele, o Brasil reúne todas as condições importantes para ter indústria naval saudável, consolidada e com padrão internacional. “O tamanho da reserva do pré-sal fará com que a indústria possa se desenvolver e se tornar referência mundial”, acredita.

O diretor da UBM Brazil, empresa organizadora da feira, Joris Van Wijk, disse que o próprio perfil da Navalshore reflete este cenário positivo apontado pelo presidente da Transpetro e pelo gerente do Promef. “O interesse do mercado internacional na indústria naval brasileira vem crescendo, visto que tivemos 11 pavilhões internacionais (Argentina, Japão, China, Espanha, Suécia, Coréia do Sul, EUA, Itália, Noruega, Canadá e Holanda) no evento. Além disso, é importante destacar a participação

Já o superintendente da Onip (Organização Nacional da Indústria do Petróleo), Jorge Bruno, destacou como o futuro é promissor. “Existe uma janela de oportunidades para os próximos dez anos no setor e será o momento para o Brasil se consolidar mundialmente. Fizemos um estudo em uma embarcação e elencamos 100 oportunidades de peças que podem ser nacionalizadas. Isso nos permite sonhar, por exemplo, com barcos de apoio produzidos totalmente com conteúdo local”, disse.

O diretor da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin), Alexandre Gurgel, sintetizou o momento da indústria naval no País: “Não se fala mais em retomada do setor, como era comum antes e em outras edições da Navalshore. Fala-se sim em competitividade internacional”.

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Balanço positivo do evento A maior e mais importante evento da indústria naval e offshore da América Latina ofereceu oportunidades para geração de negócios com um público e empresas altamente qualificadas de diversos países. Durante os três dias, o evento reuniu, em 11 mil metros quadrados, mais de 350 marcas expositores – 60 delas participando pela primeira vez - de 16 países com as últimas novidades em produtos e serviços para construção e reparo naval, equipamentos e suprimentos para estaleiros, além de soluções para o setor de petróleo e gás. Além de promover a concretização de negócios e o fortalecimento do networking, a Navalshore – Marintec South America 2013 também ofereceu conferências e workshops técnicos. Paralelamente à feira foram realizadas a 2ª Série de Workshops Técnicos, ministrados por experts do setor para aprimoramento das estratégias de gestão e produção na indústria naval e offshore e a 2ª Conferência WorkBoat South America, com mais casos práticos sobre setor de apoio marítimo. Para Renan Joel, gerente da Navalshore - Marintec, esta edição foi um divisor de águas. “Durante algum tempo o

clima da indústria naval brasileira era de retomada, de perspectivas positivas. Nestes três dias de contatos com os principais players do setor percebemos que esse futuro já chegou. Os estaleiros estão em pleno funcionamento para atender as encomendas, principalmente, as impulsionadas pela exploração no pré-sal, e o segmento já tem uma cadeia de serviços e suprimentos nacionais aquecida pelos novos empreendimentos em andamento”. É possível, inclusive, falar em novas perspectivas de negócios. “Notamos nesta edição da feira que as empresas do segmento estão procurando mais por soluções qualificadas em automação, integração entre tecnologia e engenharia, sempre buscando o aumento da rentabilidade e do cumprimento de prazos. Isso evidencia um mercado ávido por inovação e que está preocupado em competir com qualidade, o que só aumenta a eficiência do setor”, afirmou o gerente de vendas da Aveva Brasil, Marcos Cunha, que já confirmou a presença da empresa na feira em 2014, que acontecerá nos dias 12, 13 e 14 de agosto, também no Centro de Convenções SulAmérica.

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Presença internacional

Visitantes aprovam

O ambiente propício para novos negócios continua atraindo o interesse de empresas internacionais. Exemplo disso é a sueca Marine Jet Power, que marcou presença nesta Navalshore Marintec South America. “O Brasil é, atualmente, o local certo para encontrar parceiros e investir na indústria naval. Saímos dessa feira com excelentes contatos que podem se transformar em futuros empreendimentos”, destacou o gerente de vendas da empresa, Mats Hermansson.

O gerente executivo da Global Jato Tratamento, Alexandre Moura, visitou a Navalshore - Marintec South America para ter um panorama do cenário da indústria naval. “É fundamental ficar atento ao que o mercado está apresentando. Aqui encontro parceiros e, principalmente, concorrentes. O networking é vital para nos mantermos competitivos, já que o setor vive um novo momento”.

O vice-presidente de Marketing da norte-americana Navalex, Miguel Vasallo, concordou: “Foi um evento excelente em que destacou a troca constante de contatos e informações que podem virar boas parcerias”. O coordenador de Negócios da Yanmar do Brasil, Alan Garcia Facchini, ressaltou a qualidade do networking que o evento proporciona. “Encontramos na feira todos os fornecedores e potenciais parceiros do segmento reunidos, o que é fundamental para iniciarmos bons negócios em várias frentes dentro da cadeia”, disse. A gerente de vendas da M&O Partners, Nadja Batista, chamou a atenção para outro aspecto. “Os estaleiros, um dos nossos principais focos, estão mais descentralizados. A Navalshore permite, portanto, a aproximação com complexos que hoje se desenvolvem no Norte, Nordeste e Sul”.

Loretta Kourniatz, analista comercial da Haztec, percorreu os pavilhões da feira prospectando negócios para a sua empresa, que oferece soluções ambientais. “Estamos interessados principalmente na indústria offshore, que apresenta boas perspectivas”, disse. O engenheiro naval Alberto Fraga ficou impressionado com a quantidade de marcas em exposição. “Vi alguns estandes com várias empresas representadas. Isso chama a atenção porque se percebe empreendedores de pequeno e médio portes entrando no processo, o que mostra a força do setor em gerar oportunidades e negócios em cadeia dentro do país. Fica até a sugestão para na próxima edição Navalshore: ampliar os espaços para estas empresas”, afirmou. Ele citou, ainda, a quantidade de jovens profissionais que hoje se interessam e participam do segmento. “Estão vislumbrando um caminho promissor”, completou.

Entidades As entidades que representam as empresas que compõem a cadeia da indústria naval destacaram a importância do evento para o setor. “É uma iniciativa fundamental para ampliar as oportunidades de negócios, além de conhecer novas tecnologias e confirmar o cenário positivo”, ressaltou o presidente da Abeam (Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo), Ronaldo Mattos de Oliveira Lima. O assessor do Syndarma (Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima), Roberto Galli, também ressaltou o ambiente propício para novas parcerias e investimentos. O presidente da Abenav (Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore), Augusto Mendonça, acredita que o País vive o momento da indústria naval. “O

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fortalecimento do setor acontece em todos os elos da cadeia e iniciativas governamentais, como o apoio dado pelo Governo do Rio, vêm impulsionando o segmento. Para enriquecer o processo, eventos como a Navalshore atraem conhecimento e proporcionam oportunidades”, frisou. O secretário Executivo do Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore),Sérgio Leal, também ressaltou o papel transformador da Navalshore Marintec South America: “A feira traz uma discussão que é fundamental. Queremos assegurar a sustentabilidade da indústria naval brasileira e isso passa por tornar o país mais competitivo internacionalmente. Isto será resultado da criação de um setor dinâmico que tenha como base os estaleiros brasileiros”.


pOLÍTICA E ECONOMIA

ANP quer consolidar competitividade do conteúdo local Para Marcelo Mafra, indústria naval é fundamental para que o setor de O&G atinja patamares exigidos

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ara o coordenador de Conteúdo Local da ANP, Marcelo Mafra, a indústria naval brasileira contribui bastante para que a indústria de óleo e gás consiga atingir os níveis exigidos de conteúdo local. Em palestra feita durante a feira, o representante da ANP afirmou que depois de consolidado o cenário de aplicação de conteúdo local nos investimentos da cadeia de petróleo e gás, o próximo passo é de investir na sustentabilidade e competitividade. Para ele, a busca pela implantação de um conceito de cluster industrial envolvendo o segmento é o caminho ideal para que as empresas vivenciem um ambiente de previsibilidade na demanda. “A ANP quer que o Brasil seja cada vez mais inserido neste círculo virtuoso. Se as empresas brasileiras procurarem a certificação de CL (Conteúdo Local) e investirem em qualidade, prazo e tecnologia teremos um quadro bem otimista no futuro, com o País atendendo uma demanda global por produtos e serviços. Então, eu afirmo: quem começar agora vai vender para o mundo todo em breve”, ressaltou Mafra, que também participou do painel “Cadeia de fornecedores - gargalos relacionados à ampliação, conquista de contratos e financiamento à indústria de navipeças”. Mafra ressaltou que o mercado da indústria naval, impulsionada pelos investimentos no pré-sal, vive um ambiente de competitividade e constante inovação. A necessidade dos projetos seguirem as normas de conteúdo local, determinadas pela ANP, serviu como um impulso para o setor, por exemplo.

NOTAS

Argentina quer fatia do mercado brasileiro Representando o Governo da Argentina, o subscretário de Portos e Vias Navegáveis, Horácio Tettamanti, disse que está disposto a aproveitar as oportunidades existentes no Brasil e, neste sentido, trabalha para estreitar as negociações com autoridades brasileiras.”Superamos uma crise na nossa indústria nos anos 80 e 90 e hoje estamos com a capacidade ideal para atendermos este crescimento do setor naval no Brasil, principalmente pelos conquistados com o pré-sal”, avaliou. Para isso, Tettamanti afirmou ser necessário haver uma adequação normativa por parte do governo brasileiro para permitir que a Argentina seja inserida em dois campos da cadeia produtiva: no fornecimento de equipamentos e serviços e na participação de acordos financeiros binacionais. “Gostaríamos que o conceito de conteúdo local utilizado no Brasil fosse ampliado para conteúdo latino-americano”, defendeu.

Rio de Janeiro quer atrair mais investimentos para a indústria naval O Rio de Janeiro continua disposto a atrair mais investimentos da indústria naval para o Estado. Durante a Navalshore - Marintec, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno, ressaltou que o AgeRio, a Agência de Fomento do Rio de Janeiro, terá R$ 5 bilhões disponíveis para financiar empreendimentos no Estado. “Finalmente temos um banco de investimento nos moldes do BNDES e isso pode ajudar a fomentar ainda mais a indústria naval, que é o que queremos”, disse. Segundo ele, o estado aposta na atração de fornecedores na área de subsea para o mercado brasileiro e fluminense. Ele destacou que existe uma quantidade grande de empresas subsea vindo para o Rio de Janeiro.

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pOLÍTICA E ECONOMIA

Abenav: indústria naval atenderá metas de conteúdo local da cadeia de petróleo e gás O presidente da Abenav (Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore), Augusto Mendonça, não tem dúvidas de que a indústria naval brasileira conseguirá atender todas as demandas de conteúdo local da cadeia de petróleo e gás. “Não temos problema para atender a demanda. Já atingimos 70% de conteúdo local na construção de navios petroleiros, mais de 60% nos barcos de apoio e de 64% em plataformas”, disse Mendonça, que participou da Conferência Navalshore, no painel “Cadeia de fornecedores - gargalos relacionados à ampliação, conquista de contratos e financiamento à indústria de navipeças”. Ele citou exemplos como o do navio de produtos Celso Furtado, da Transpetro, que foi entregue com um índice de 74% de conteúdo local e as sondas da Petrobras que estão em construção, com 65%, em média. O momento, frisou Mendonça, é o de empreender: “A Navalshore contribui com este momento extremamente importante para a indústria naval, porque é a oportunidade das empresas buscarem o máximo de informação para acessar este mercado aquecido e promissor”.

Incentivos impulsionam Polo Naval do Amazonas “Queremos formar um complexo naval, minerador e de logística, integrando os modais (principalmente o hidroviário) e iniciativas sustentáveis em prol de mais competitividade”. Esta é uma das expectativas do secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Amazonas, Airton Claudino, quando o tema é o novo Polo Naval. Ele esteve presente no estande da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) na 10ª edição da Navalshore – Marintec South America.

agora é concluir a instalação do Polo Naval, dentro dos mol-

Considerado uma nova matriz de negócios para o Estado, a médio e longo prazo o setor naval amazonense irá atender tanto a cadeia interna, que tem alta demanda de embarcações, quanto a movimentação de cargas. “Nosso desafio

as oportunidades de negócios do Amazonas são extrema-

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des ambientais, captar mão de obra qualificada e investimentos em tecnologia”, conclui Claudino. A previsão é de que sejam construídos dois grandes estaleiros, seis de médio porte e mais 60 de pequeno porte em até três anos, gerando cerca de 20 mil empregos diretos. A iniciativa chamou a atenção da Abenav, durante reunião realizada no evento. Para o presidente, Augusto Mendonça, mente atraentes e a instituição irá fortalecer uma parceria estratégica com empresas amazonenses e com a SEPLAN buscando novos parceiros.


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FINANças

Caixa quer ser o banco da indústria naval no Brasil Somente no primeiro semestre foram destinados R$ 1,2 bilhão em empréstimos ao setor Por Brunno Braga

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tenta à grande potencialidade da indústria naval e offshore do Brasil, a Caixa Econômica busca se consolidar como um importante player financeiro para as empresas que atuam nestes segmentos. Foi o que afirmou o superintendente executivo do banco, Antonio Gil Silveira, em entrevista concedida durante a NavalShore 2013.

intermedia financiamentos com recursos do Fundo da Marinha Mercante, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com recursos próprios. “A Caixa já não é mais uma surpresa para o setor. O nosso objetivo, agora, é conseguir nos consolidar no mercado e acompanhar a capilaridade existente na indústria naval”, concluiu Silveira.

Segundo o executivo, a Caixa intermediou cerca de R$ 5,8 bilhões para empresas do setor naval e de petróleo e gás somente no primeiro semestre deste ano. Desse montante, R$ 1,2 bilhão foram destinados à indústria naval, com recursos originados pelo Fundo de Marinha Mercante (FMM).

O superintendente esclareceu que quando se fala em financiar a cadeia de fornecedores, isso está atrelado ao compromisso de conteúdo local firmado pela operadora para explorar determinado campo de petróleo. Ao financiar as empresas da cadeia produtiva, a Caixa ajuda a indústria nacional a atender ao percentual de conteúdo local que foi assumido pelas empresas com a operadora.

“Esse valor dá a ideia de como a Caixa aposta na indústria naval brasileira, um segmento dinâmico e altamente empregador. Esse dinamismo vai ao encontro dos objetivos do banco que é auxiliar o crescimento da indústria e do emprego no Brasil”, disse Silveira. Com este valor, Silveira conta que o crédito concedido pela Caixa, de 2010 a julho deste ano, para os setores naval e de petróleo e gás atingiu R$ 23,5 bilhões e ainda há expectativas de que até dezembro em valor superior a R$ 10 bilhões em financiamento, com projetos a serem aprovados pelo banco. “Desses R$ 10 bilhões que estão sendo avaliados, a gente acredita que consiga contratar dentro deste ano perto da metade disso, ou um pouco mais”, disse Silveira. O representante da Caixa revelou que, atualmente, o banco possui uma carteira de 50 projetos, somando R$ 15 bilhões, em diferentes estágios de análise, dos quais 25 se encontram em estágio avançado de negociações com os clientes, e 15 deles já contam com parecer da área de engenharia. Criada em 2010, a Superintendência. Petróleo, Gás e Indústria Naval da Caixa serve como agente financeiro para setor no qual 14 MACAÉ OFFSHORE

Segundo explicou o superintendente, não há limite para a concessão de empréstimos a esses setores. “A Caixa entende que são setores importantes para a economia. Por isso, são nosso foco”. Para serem concedidos financiamentos pela Caixa, porém, os projetos das empresas de petróleo e gás e da indústria naval têm que ter um alcance social, conforme explicou Silveira. “Na análise de toda operação de crédito, nós olhamos a sustentabilidade do projeto, os riscos de crédito e outros riscos inerentes, mas com certeza nós entendemos que, ao financiar o setor, nós estamos também apoiando uma política de Estado que visa ao desenvolvimento do setor de petróleo e gás e naval”. No Programa Progredir, da Petrobras, os empréstimos voltados para a cadeia de fornecedores da estatal somaram R$ 350 milhões. Os recursos foram liberados por meio de créditos a performar, que é uma modalidade de financiamento em que a Caixa antecipa um determinado valor do contrato, a taxas competitivas, garantindo, desse modo, que as companhias possam cumprir o contrato. Para Silveira, o resultado mostra que o trabalho da superintendência “é um sucesso”.


RECURSOS HUMANOS

Qualificação de mão de obra ainda é o maior desafio na indústria naval e offshore Nos próximos anos o setor deve criar por volta de 100 mil vagas e enfrentar a carência por profissionais treinados, principalmente soldadores. Empresários alertam que situação pode comprometer a entrega de projetos.

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cenário dos últimos dez anos foi marcado pela retomada da indústria naval e offshore. Um dos projetos em curso mais importantes é o encabeçado pela Petrobras, que envolve o afretamento de 28 sondas encomendadas à Sete Brasil, empresa formada pela estatal, bancos privados e fundos de pensão criada para viabilizar a entrega das sondas até 2020. A entrega das sondas nos prazos é imprescindível para a estatal atingir a produção de 4,2 milhões de barris diários e tornar-se autossuficiente na produção de petróleo e derivados. A corrida contra o tempo abriu portas para a geração de vagas de empregos para mão de obra qualificada. Segundo o Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore), se em 2003 o número de empregos no setor não chegava a 13 mil, este ano, já foram criadas mais de 73 mil vagas. Os estaleiros com apoio do governo, por exemplo, participarão ativamente da criação de 40 mil empregos nos próximos três anos. O “calcanhar de Aquiles” deste contexto é que, embora exista mão de obra disponível, a qualificação ainda fica aquém da necessidade da indústria e se mantém como um dos principais desafios para a construção naval. Na visão do presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha, o setor continua com intensa demanda por recursos humanos, mas formação de nível técnico e superior é um dos gargalos a ser superado. Categorias que merecem atenção redobrada na formação de pessoal técnico são: soldadores, encanadores, chapeadores, encarregados e mestres. MACAÉ OFFSHORE 15


RECURSOS HUMANOS

Maior gargalo é na soldagem Divulgação / Montec

O gerente comercial do estaleiro TCE, Danilo Teixeira, confirma este cenário. Ele diz que a falta de mão de obra qualificada implica diretamente no cronograma de entrega dos projetos da empresa e a procura por profissionais qualificados inflaciona os salários, além das grandes empresas terem que implantar cursos para melhorar o desempenho dos funcionários. “A maior defasagem que encontramos hoje é no setor de soldagem. Esses profissionais são, sem dúvida, a maior carência do mercado”, finaliza. A Associação Brasileira de Soldagem (ABS) também aponta a falta de soldadores qualificados no setor da indústria naval. Segundo o diretor executivo da entidade, Daniel Almeida, os jovens não são atraídos pela profissão, cujo treinamento exige cerca de um ano e o salário é em média de R$ 3,5 mil. “Encontramos dificuldades na qualificação profissional em todos os níveis, desde os soldadores até o engenheiro de soldagem e a maioria deles não recebeu formação adequada ou aprendeu a soldar por puro esforço. No nível de supervisão, por exemplo, é fácil encontrar pessoas responsáveis em grandes empresas, que não se qualificaram para exercer a função”, diz. A associação trouxe para o Brasil programas de formação de profissionais de soldagem através do programa IIW-International Institute of Welding - instituição formada por 56 países, sendo o Brasil representado pela ABS. O diretor executivo adianta que o instituto deve ampliar os níveis de qualificação destinados às áreas de nível médio e aumentar de oito para dez os Centros de Treinamento. Ainda segundo ele, o Brasil deve atingir a demanda

de profissionais de soldagem, em todos os níveis, nos próximos cinco anos. Uma oportunidade prática de aprimorar a qualificação para quem vai pleitear vagas na indústria naval foi participar dos workshops técnicos realizados durante a 10ª Navalshore – Marintec South America, e que trataram dos temas: galvanização, soldagem e construção naval. Segundo o gerente do evento, Renan Joel, os workshops técnicos foram elaborados com a intenção oferecer soluções para as dificuldades que permeiam a qualificação de mão de obra. “O objetivo é promover o aprimoramento e contribuir para a formação profissional da indústria naval e offshore”, disse.

NOTAS

Indústria naval pode gerar até 100 mil empregos diretos

Firjan investe R$ 55 milhões em formação de mão de obra

A descentralização foi um dos grandes avanços da indústria naval no País nos últimos anos, destacou o secretário executivo do Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore), Sérgio Luiz Camacho Leal, durante a Navalshore - Marintec. “Isto está colaborando para a criação de polos regionais de desenvolvimento. Hoje o segmento emprega 73,5 mil trabalhadores, que podem ser triplicados se incluirmos os setores correlatos como navipeças, serviços etc. Acredito que chegaremos a 100 mil empregos gerados nos próximos anos”, disse. Atualmente há 373 obras e projetos em andamento nos estaleiros brasileiros.

O diretor de Relações com o Mercado do Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Alexandre dos Reis, informou, durante a Navalshore – Marintec, que já foram investidos R$ 55 milhões nas unidades do Senai no Estado para formação de mão de obra para a indústria naval e offshore. “Temos 150 tipos de capacitação. Em 2012 formamos 17 mil alunos e a projeção para 2013 é de 24 mil. Firmamos uma parceria com a ANP (Agência Nacional do Petróleo) para que o nosso Centro de Tecnologia Senai Solda forme prepare profissionais para atuar com soldagem a laser”, disse.

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TECNOLOGIA

Navalshore abre espaço para inovação e reforço de marca Empresas reforçam importância do evento para apresentar suas soluções

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mercado da indústria naval, impulsionada pelos investimentos no pré-sal, vive um ambiente de competitividade e constante inovação. A necessidade dos projetos seguirem as normas de conteúdo local, determinadas pela ANP serviu como um impulso para o setor, por exemplo. Nesta edição da Navalshore - Marintec o que não faltam são empresas que estão trazendo novidades para o setor. Um exemplo é a Vision Marine, especializada em vendas, instalação, comissionamento, serviços e treinamento para produtos navais. “Trouxemos para a Navalshore a propulsão de jato d´água para embarcações como os barcos de apoio. É uma solução que ajuda no desempenho da velocidade, permitindo que atinjam até 40 nós. Este sistema

será utilizado pela Petrobras”, disse o diretor da empresa, Celso Pinheiro. Juan Fernando Rosado Gamarra, da Gamatermic, especializada em equipamentos e engenharia industrial, também chamou a atenção para a vitrine de soluções que a Navalshore representa. “Hoje o segmento naval é o foco de qualquer empresa que presta serviços industriais. A feira funciona como uma oportunidade para fazer um follow up com potenciais parceiros de negócios e encontrar o que há de mais inovador”. Na mesma linha de raciocínio, o executivo da Cosmo Consultoria, Cosmo Irapuí: “Sou representante da Niagara Válvulas, que fornece para as empresas da cadeia da indústria naval. Então, participar da Navalshore é fundamental para ter uma visão completa do mercado e de suas necessidades”.

Instituto quer popularizar galvanização por imersão a quente no País O Brasil tem um prejuízo anual com corrosão de equipamentos públicos e privados equivalente a 4% do PIB, afirmou o coordenador técnico do Instituto de Metais Não Ferrosos (ICZ), Paulo Silva Sobrinho. “Se utilizarmos como referência o PIB de 2012, que foi o equivalente a R$ 4,4 trilhões, o país perde R$ 176 bilhões com os dados causados por este problema”, disse o especialista durante o workshop técnico Galvanização a Quente, realizado pela entidade durante a Navalshore - Marintec. A solução, ressaltou Paulo Sobrinho, é investir na galvanização por imersão a quente. “É o modo mais eficiente para combater a corrosão do ferro e do aço. Estamos na Navalshore para ampliar o conhecimento das empresas do setor naval sobre este assunto, já que é nas regiões

costeiras onde o risco é maior. Temos um cenário ainda de pouca informação e abastecimento para o segmento”, explicou. O coordenador do ICZ disse que, atualmente, a indústria nacional recorre a soluções superficiais como a pintura, galvanoplastia, óleo e graxa, que são apenas paliativos. Paulo Sobrinho destacou que a Navalshore é o fórum ideal para se ampliar debate sobre a produção nacional deste tipo de solução para a indústria naval. Segundo ele, 99% do material utilizado hoje no País para combater a corrosão é importado. “Creio que o Brasil tem condições de produzir ligas e superligas e superligas de níquel e anodos de sacrifício para proteção catódica, por exemplo. É um campo promissor”, ressaltou. MACAÉ OFFSHORE 17


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ESPECIAL

Divulgação Naval Shore

Navalshore comemora 10 anos com indústria naval aquecida A feira recebeu este ano empresários de 40 países diferentes

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décima edição da Navalshore - Marintec South America - Feira e Conferência da Indústria Naval e Offshore 2013, que aconteceu entre 13 e 15 de agosto, no Centro de Exposições SulAmérica, no Rio de Janeiro (RJ), foi realizada em um momento muito favorável para o setor. Aquecida, a indústria naval brasileira acaba de receber R$ 41 milhões em investimentos para novas tecnologias e equipamentos. Os recursos, do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, visam aumentar o índice de nacionalização das embarcações produzidas no Brasil e a capacidade de geração de empregos - setor que no primeiro trimestre de 2013 já cresceu 14,33%, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval). A virada da indústria naval, na última década, impulsionou a modernização e o investimento em projetos, estaleiros e tecnologia para atender a um programa de encomendas garantido até 2020. A expansão e a modernização da capacidade produtiva, assim como o aumento da produção de embarcações se deu, principalmente, devido ao crescimento das atividades petrolíferas offshore. Grandes encomendas a estaleiros nacionais e a exigência de percentual mínimo de conteúdo local nas atividades de exploração e produção e a criação de um fundo garantidor fizeram com que a

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indústria nacional evoluísse. Junto com a retomada do setor, a Navalshore consolidou-se como o maior e principal espaço para debates e negócios da América Latina. Lançada em 2004, a Feira concentrou as expectativas do setor naval, justamente quando a Transpetro (Petrobrás Transporte) iniciou a etapa de classificação da licitação de 41 navios-petroleiros e o Governo lançou o Programa de Mobilização da Indústria de Óleo e Gás (PROMINP) e o Programa de Modernização e Expansão da Frota (PROMEF). De lá para cá, o número de marcas nacionais e internacionais presentes na Feira mais que triplicou. Nesta 10ª edição da Navalshore serão 350 marcas (60 participando pela primeira vez) em busca de novas oportunidades de negócios no setor, que já alcançou, em março deste ano, um saldo de 70.925 trabalhadores e deve movimentar mais de US$ 180 bilhões nos próximos sete anos de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav). “A Navalshore acompanhou todo o processo de retomada do setor no país e reflete seus resultados e avanços. Expositores internacionais, de países como Argentina, Japão, China, Espanha, Suécia, Coréia do Sul, EUA, Itália, Noruega, Canadá e Holanda, ajudaram a fomentar o networking e negócios com profissionais vindos de mais de 40 países” destaca Renan Joel, gerente da Navalshore.


ESPECIAL

Treinos simulados, vantagens reais O Simulador Offshore, por exemplo, reproduz as operações de transferência de petróleo entre embarcações em alto mar

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imuladores que reproduzem virtualmente as operações de embarcações em alto mar, em portos e hidrovias foram destaques do estande da Transpetro na Navalshore 2013. Desenvolvidos pela primeira vez no Brasil, os softwares foram criados pela Companhia, em parceria com a Escola Politécnica da USP e o Cenpes, da Petrobras. Os sistemas são usados para treinamentos de oficiais de náutica e condutores fluviais.

O Simulador Offshore, por exemplo, reproduz as operações de transferência de petróleo entre embarcações em alto mar. O software é usado para treinamento dos oficiais responsáveis por conduzir os navios aliviadores da Transpetro, que trazem para o continente o petróleo produzido pelas plataformas marítimas.

Competitividade é o desafio da indústria naval, diz Transpetro Para presidente Sergio Machado, investimentos em gestão, mão de obra e tecnologia são necessários para alavancar a produtividade e atender às demandas

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urante a solenidade de abertura da Navalshore 2013, importantes nomes do setor fizeram balanço positivo do atual momento do setor naval e offshore no Brasil. Para muitos dos palestrantes, esta indústria já está consolidada e o processo de retomada, iniciado há mais de 10 anos, superado. Segundo o presidente da Transpetro, Sergio Machado, os próximos desafios do setor residem em dar à indústria maior competitividade para atender a uma demanda que se encontra cada vez maior, impulsionada pelo crescimen-

to do mercado de óleo e gás, principalmente com os investimentos no pré-sal. “Estamos no último estágio para chegar lá. Primeiro começamos a construir navios, depois atingimos o índice de 65% do conteúdo nacionalizado e agora buscamos a meta de nos tornarmos competitivos a nível mundial”, disse. Ele acrescentou que para chegar a esse objetivo, a indústria precisa dar ênfase à gestão dos recursos disponíveis, como maior eficiência na fabricação de peças e expansão do treinamento de mão de obra. MACAÉ OFFSHORE 21


ESPECIAL

Indústria naval internacional aposta em negócios no Brasil Indústria naval e offshore internacional aposta no potencial de negócios do Brasil

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Divulgação Naval Shore

Brasil foi o principal destino de investimentos estrangeiros diretos (IED) aplicados na América Latina em 2012. O País recebeu 41% do fluxo dos recursos, um total de US$ 65,3 bilhões, segundo relatório da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal). Um dos responsáveis por este resultado é a indústria naval e offshore, que vem sendo impulsionada pela demanda por serviços na construção de navios e plataformas para a exploração marítima de petróleo na área do pré-sal. Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), até 2020 o Brasil deverá ganhar 50 novas plataformas, 130 navios petroleiros e 500 embarcações de apoio. As empresas internacionais, detentoras de soluções e tecnologia, têm aproveitado este cenário, que deve movimentar investimentos de US$ 180 bilhões no período. Empenhada em investir e aprimorar os serviços no País, a alemã Messer, especialista em máquinas de corte térmico nos segmentos plasma, oxicorte e laser, conta com fábrica própria desde 2007, instalada no Rio de Janeiro. O CEO da empresa, Ralf Dippold, aponta que o investimento é ousado porque a empresa conhece e confia no potencial do mercado brasileiro. “Somos expositores da Navalshore – Marintec South America desde 2010 e buscamos frisar que, apesar de sermos uma empresa alemã, estamos fisicamente no Brasil e somos capazes de oferecer uma solução completa e econômica, uma vez que disponibilizamos equipamentos mecanizados de pequeno, médio e grande porte”, explica. Também expositora na feira, a empresa coreana Ra In Ho, responsável pela produção de equipamento de transporte pesado em parceria com a TTR Brasil, é uma das testemunhas da retomada do mercado. “A exploração do pré-sal no 22 MACAÉ OFFSHORE

país apressou a necessidade de modernização na indústria naval. A Ra In Ho tem expertise para auxiliar no crescimento e aumentar a eficiência no processo de produção” explica o representante da empresa no Brasil, José Ramon Rosal Cernuda. A empresa está no Paíse desde 2012. O gerente da feira, Renan Joel, explica que a constante presença de diversos países é uma demonstração do reconhecimento de networking positivo realizado durante o evento. “Ao longo das suas edições, a Navalshore – Marintec South America vem acompanhando as diferentes fases do mercado e, agora, quando completa uma década de existência, culmina com um momento de especial crescimento da atividade, com uma demanda potencial importante e diversificada, que incentiva o desenvolvimento de todos os elos da cadeia de fornecedores de equipamentos e serviços no Brasil e no exterior”, finaliza.


Estaleiro Arpoador dedica 80% da produção para a Petrobras A empresa fornece navios para a estatal brasileira desde 2008 e participa pela primeira vez da Navalshore 2013

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setor de construção da indústria naval experimentou na última década o retorno de investimentos que expandiram a modernização da capacidade produtiva. A demanda da Petrobras, vinculada à exploração do pré-sal, é um dos fatores que tem impulsionado o mercado e empresas, como a Arpoador Engenharia. No estaleiro da empresa no Guarujá (SP), 80% da produção é destinada à estatal. A empresa é responsável pela construção de 11 navios do tipo P3 – navios em alumínio com 35 metros destinados à movimentação de cargas e tripulação das plataformas -, além de embarcações tipo P2 – barcos em alumínio com 50 metros e capacidade para o transporte de 3,8 mil toneladas de cargas e 70 passageiros. Os navios devem ser entregues até o final de 2015. Do total de embarcações, três já foram entregues e irão operar na unidade de perfuração e exploração da Petrobrás na base de Guamaré, no Rio Grande do Norte. Neste ano, a Arpoador Engenharia foi uma das mais de 350 marcas expositoras da Navalshore – Marintec South America 2013 – Feira e Conferência da Indústria Naval e Offshore, realizada em agosto, no Rio de Janeiro. Além do Estaleiro Arpoador, marcaram sua presença na feira o Estaleiro Catamaran, Rib Offshore, Brastech, Top Boats, Zemar, TCE, INACE, entre outros. “É a primeira vez que vamos expor a empresa e escolhemos a Navalshore – Marintec 2013 para potencializar o contato com os principais fornecedores do setor. O principal objetivo é identificar empresas para fabricação de embarcações de apoio e resgate entre oito metros e 15 metros e ampliar a carteira para a produção de navios entre 35metros a 80 metros” explica o gerente da Arpoador Engenharia, Henrique Franco Neto. A empresa prevê um crescimento de 40% até 2018. MACAÉ OFFSHORE 23


ESPECIAL

Indústria naval investe cada vez mais em tecnologia 3D A tecnologia consegue antecipar possíveis falhas e minimizando riscos e custos durante a fase de construção dos navios

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ada vez mais a tecnologia 3D vem sendo empregada pela indústra naval brasileira com o objetivo de ganhar mais competitividade dentro do setor. A tecnologia, que permite por meio da pré-visualização dos processos simular operações e testar equipamentos antes da sua construção, consegue antecipar possíveis falhas e minimizando riscos e custos durante a fase de construção dos navios. Algumas empresas já investem pesado nessa tecnologia. É o caso da Aveva, Sener e Cadmatic, empresas do setor de software para a indústria naval. Durante a Navalshore 2013, a Aveva, uma das expositoras, apresentou um conjunto de aplicativos integrados, criados especificamente para os processos de engenharia e projetos de estruturas, e um pacote de software de design exclusivo para estaleiros e escritórios. “A tecnologia 3D envolve maquetes virtuais, que são cópias fiéis do que vai ser construído. Apresentar o que há de mais avançado na Navalshore é uma possibilidade de contribuir para o fomento de uma indústria cada vez mais competitiva e desenvolvida no Brasil”, diz o vice-presidente sênior da Aveva, Santiago Pena.

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Já a Cadmatic aposta em projetos de layout e design. Segundo o gerente sênior da empresa, Jim Nyroos, o sistema Cadmatic 3D Plant Design permite projetar diferentes tamanhos de empreendimento e utiliza uma tecnologia única que divide o modelo principal em menores partes, possibilitando a participação simultânea de um número ilimitado de projetistas em um mesmo modelo em três dimensões. Outro sistema que pode ser visto durante a feira é o Nupas Cadmatic Ship, pacote de software que oferece alternativas de design aos estaleiros e informações de manutenção de produção. A Cadmatic faz parte do Grupo Elomatic, uma das maiores empresas de engenharia na Escandinávia, e fornece softwares para 50 países. Originária da Espanha e recém-chegada ao Brasil, a empresa de engenharia e construção, Sener, apresentará um sistema de projeção em 3D, intitulado Foran. Com o auxílio de óculos apropriados, ele reproduz a sensação de estar dentro da embarcação e apresenta novas possibilidades de interação virtual com o modelo tridimensional desenvolvido para a indústria naval. A empresa tem atuação na Europa, América do Norte, América do Sul, África e Oriente Médio.


ESPECIAL

Governo do Rio divulga cluster de subsea durante a Navalshore Secretário Julio Bueno participou da abertura do evento e no estande da Codin técnicos davam orientações sobre apoio a novos empreendimentos

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inda em fase de estudos, o primeiro cluster de Subsea (equipamentos submarinos para produção de petróleo e gás) do Rio de Janeiro mereceu destaque durante a Navalshore 2013. As iniciativas para a estruturação do polo foram divulgadas pelo secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno, no estande da Companhia de Desenvolvimento Industrial (Codin).

Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), o setor registrou no primeiro trimestre de 2013 crescimento de 14,33%. Ainda de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav), foi registrado, em março deste ano, um saldo de 70.925 trabalhadores e há expectativas de que o setor deve movimentar mais de US$ 180 bilhões nos próximos sete anos.

“Trata-se de um segmento de grandes demandas e intensivo em inovação e tecnologia. Estimamos um mercado de cerca de US$ 10 bilhões por ano de compras deste segmento. O Rio de Janeiro, além de ser a principal área da operação e logística do pré-sal, conta com o maior centro de desenvolvimento de tecnologia do país, o Cenpes, da Petrobras, líder em tecnologia de exploração e produção de petróleo em águas profundas desde a década de 90”, destaca o subsecretário estadual de Energia, Logística e Desenvolvimento Industrial, Marcelo Vertis.

“O Estado do Rio de Janeiro tem uma contribuição importante ao longo da história da indústria naval brasileira. Grandes avanços foram alcançados pelo governo estadual que, atento às necessidades dessa indústria, cuidou de dar competitividade ao setor, através de incentivos, apoio à qualificação de mão de obra, definição de áreas para implantação de novos empreendimentos, dentre outras iniciativas. O sucesso da Navalshore ratifica o atual cenário e sua tendência claramente positiva”, ressalta o diretor de Desenvolvimento Industrial da Codin, Alexandre Gurgel.

Indústria naval no Rio

O estande da Codin também reuniu técnicos da companhia, da Agência Estadual de Fomento (AgeRio) e do Departamento de Recursos Mineirais (DRM), que mantiveram-se à disposição do público para dar orientações sobre apoio a novos empreendimentos.

Vivendo um momento de grande excepcionalidade, a indústria naval brasileira tem no Estado do Rio de Janeiro grande destaque. Segundo dados divulgados pelo Sindicato

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EMPRESAS & NEGÓCIOS

Sotreq anuncia entrega de geradores para sondas do pré-sal Segmento petróleo e marítimo da empresa, inaugurado há dois anos, oferece soluções integradas para os mercados offshore e onshore Macaé Offshore

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segmento marítimo offshore está impulsionando os negócios da Sotreq, revendedora autorizada e exclusiva da marca Caterpillar, o maior fabricante mundial de equipamentos pesados, bem como dos motores MaK. A empresa tem firmado diversos contratos no segmento e, com o aumento da demanda, está trabalhando para fornecimento de motores de propulsão e geradores para embarcações. Durante a NavalShore 2013, a Sotreq anunciou que fez, no início do mês de agosto, a entrega do primeiro lote de grupos geradores principais para a primeira das seis sondas do tipo semissubmersível DSSTM38E que serão construídas pela Keppel Offshore & Marine (Keppel O&M) no estaleiro BrasFELS em Angra dos Reis (RJ). As plataformas DSSTM38E, quando prontas, irão operar na camada do pré-sal na costa brasileira. O contrato entre a Sotreq e a Keppel O&M compreende no total o fornecimento de 54 grupos geradores Caterpillar. Cada plataforma terá oito grupos geradores principais modelo C280-16 e um grupo gerador de emergência modelo 3512B. Entregues com alto índice de conteúdo nacional, os equipamentos são montados, testados e certificados na fábrica da Caterpillar em Piracicaba, no interior de São Paulo

utilizando motores a diesel, óleo pesado e gás natural Caterpillar e MaK.

O mercado de óleo e gás brasileiro está sendo encarado pela empresa como uma ótima oportunidade para aumentar os lucros. Inaugurado há dois anos, o segmento petróleo e marítimo da Sotreq trabalha para oferecer soluções integradas em geração de energia, propulsão marítima, compressão de gás e bombeamento para os mercados onshore e offshore,

Em Macaé, a Sotreq já está consolidada e tem uma filial operacional com estoque de peças e prestação de serviços técnicos de montagem, operação e manutenção de motores e grupos geradores. Presente no mercado brasileiro há 64 anos, a empresa possui 32 estabelecimentos em 75% do território nacional, contando com 2.360 empregados diretos.

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ESPECIAL

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EMPRESAS & NEGÓCIOS

Empresas canadenses vêm ao Brasil em busca de novas parcerias no setor naval Associação de Indústrias de Tecnologia de Newfoundland e Labrador (NATI) busca intensificar vínculos com empresas brasileiras

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s oportunidades de intercambiar expertises e firmar novas parcerias junto à indústria naval brasileira atraem o interesse e investimentos de diversos países. Alguns deles como Argentina, Holanda, Japão, Noruega, Reino Unido, Polônia e Uruguai estiveram presentes na décima edição da Navalshore - Marintec South America. O Canadá endossou a lista e trouxe este ano uma missão organizada pela Associação de Indústrias de Tecnologia de Newfoundland e Labrador (NATI), composta por quatro empresas e duas instituições educacionais, que buscavam conhecer o mercado brasileiro e firmar parcerias com entidades locais dos setores público e privado. “A participação de Newfoundland e Labrador na Navalshore 2013 intensifica vínculos estabelecidos entre nossas empresas com organizações que compartilham da nossa visão sobre a América Latina. Muitas de nossas empresas já estão desenvolvendo negócios no Brasil e esperamos aprofundar as oportunidades comerciais identificadas entre organizações canadenses e brasileiras”, destaca Natasha Hudson, executiva de Desenvolvimento de Negócios da NATI, que congrega mais de 100 integrantes de diversos setores, incluindo agências do governo, instituições acadêmicas, centros de pesquisa e desenvolvimento, além de empresas.

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Centro de Excelência Conhecidas como centros desenvolvedores de tecnologia oceânica, as províncias de Newfoundland e Labrador abrigam mais de 50 entidades intensivas em conhecimento e as empresas da região são internacionalmente reconhecidas como referências nos setores de construção naval, aquacultura, oceanografia, defesa e exploração de recursos offshore. Além da NATI, participaram da 10ª Navalshore – Marintec South America, a GRI Simulations, que atua no suporte a operações de veículos submarinos tipo ROV (Remotely Operated Vehicle); a EMSAT, desenvolvedora de softwares para monitoramento ambiental, especialmente para os setores de petróleo & gás, offshore e mineração; a Marine Industrial Lighting Systems (MILS), que projeta e fabrica sistemas de iluminação para navios comerciais, embarcações militares e plataformas offshore de petróleo e gás; e a PanGeo Subsea, empresa que desenvolve sistemas para a redução no risco das operações offshore. A Memorial University of Newfoundland, que conta com diversas empresas em incubação e acordos privados com o empresariado canadense, e o Fisheries and Marine Institute of Memorial University of Newfoundlan, uma das maiores instituições de ensino norte-americana do ramo naval, também integraram a missão que vem à Navalshore - Marintec South America em busca de novos parceiros.


EMPRESAS & NEGÓCIOS

Locação de equipamentos pode reduzir custos e ampliar aproveitamento de novas tecnologias na indústria naval Powermaq, representante nacional da alemã Climax, apresenta serviço de locação de equipamentos de usinagem

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indústria naval e offshore internacional acompanha com interesse o mercado brasileiro que está definindo as demandas do setor e exigindo do mercado nacional e internacional uma pluralidade importante de serviços e equipamentos. É neste contexto que a Powermaq, expositora da Navalshore – Marintec South America, trabalha em parceria com a empresa alemã Climax Portable Machining & Welding Systems na locação de equipamentos para usinagem em campo de alta tecnologia. A acessibilidade na locação de equipamentos permite às empresas que solicitam este serviço complementar seus equipamentos existentes com os mais recentes e inovadores sistemas portáteis no mercado. O gerente comercial de máquinas portáteis da Powermaq, Adalberto Dias, explica que a princípio a ideia era trabalhar apenas com venda de equipamentos, mas após pesquisas de mercado do setor foi diagnosticado que outros países da América Latina e Europa também ofereciam, além da venda, a opção de locação e prestação de serviço. Entre os equipamentos mais procurados na empresa está a Mandrilhadora BB 5000, por ser mais versátil e com capacidade e tecnologia para realizar os mais variados trabalhos de usinagem.

Outro ponto positivo na locação de equipamentos é a diminuição de custos para a empresa. Ainda segundo o gerente da Powermaq, o processo de aluguel proporciona a difusão da modalidade por um período mais longo e atrativo para o mercado brasileiro. “Temos a oportunidade de disseminar entre os pequenos e médios prestadores de serviços uma cultura mais efetiva e eficiente no que se refere a executar o serviço no local de instalação ao invés de onerar o cliente final, com custos de transporte e mão de obra”, afirma. A Navalshore 2013 foi escolhida para servir como vitrine para a Powermaq apresentar aos profissionais do setor e fabricantes o que existe de mais moderno em usinagem, fresamento, faceamento, furação e entre outras funções no mercado mundial. “As petroquímicas, estaleiros e portuárias de forma geral que necessitam em sua maioria de trabalhos embarcados, são carentes dessa tecnologia e temos certeza que a Navalshore 2013 funcionará para nós como uma oportunidade de apresentar ao mercado naval uma ferramenta revolucionária, capaz de atender uma demanda crescente que acima de tudo busca agilidade e eficiência”, explica.

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EMPRESAS & NEGÓCIOS

Uma vitrine de grandes novidades Empresas lançam novos produtos e serviços focados no mercado naval e offshore durante o evento

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consolidação da indústria naval e offshore tem alavancado grandes desafios e investimentos de empresas do setor. Até 2020, foram encomendadas a produção de 50 plataformas de petróleo, 50 navios-sonda, 500 embarcações de apoio e 130 petroleiros que movimentarão cerca de US$ 180 bilhões. É neste cenário que as empresas da cadeia produtiva do setor naval e offshore aproveitaram a Navalshore 2013 como vitrine para apresentar suas novidades.

SHERWIN-WILLIAMS Em sua estreia na Navalshore, a Sherwin-Williams, considerada uma referência nacional na fabricação de tintas industriais, apresentou a mais nova linha de produtos de seu portfólio: Firetex, revestimentos intumescentes para proteção passiva contra fogo à base de hidrocarbonetos, indicada para os mercados offshore e onshore, como refinarias, instalações químicas e plataformas de petróleo. “Ambientes como esses enfrentam riscos de incêndio diariamente. Firetex foi desenvolvido para proteger estruturas e patrimônios materiais, mas principalmente para salvar vidas”, diz Marcel Picheli, gerente de produtos da SherwinWilliams, unidade Sumaré. Segundo ele, os produtos da linha funcionam com o calor: em contato com o fogo, começam a se expandir para que o aço seja protegido e não entre em colapso, dando mais tempo às pessoas para evacuarem o local, em caso de incêndio.

INTERNATIONAL PAINT A International Paint – marca da Akzo Nobel, maior empresa de tintas e revestimentos e uma das principais fabricantes de especialidades químicas – levou para a Navalshore sua nova linha de produtos “eco premium”, ambientalmente amigáveis, com baixa ou nenhuma emissão de poluentes na atmosfera. “Nosso objetivo foi apresentar ao público nossas soluções sustentáveis e a constante busca por produtos cada vez mais eficientes e que não agridam o meio ambiente. O público ficou surpreso com as nossas inovações para o mercado marítimo”, disse Fernando Macedo, gerente geral da unidade Marine & Protective Coatings da AkzoNobel. Uma novidade foi o Intersleek 1100SR, revestimento de controle de incrustações, isento de biocidas, ou seja, sem a necessidade de liberação de material químico ao meio ambiente marinho e que proporciona redução na emissão de dióxido de carbono. O produto também permite uma economia de até 9% no consumo de combustível e dura até dez anos mais do que os produtos convencionais. Outro lançamento foi o Intershield 300HS, um primer universal epóxi puro, pigmentado com alumínio, que propicia alta proteção anticorrosiva e resistência à abrasão, que pode ser aplicado em todas as regiões internas e externas de uma embarcação, incluindo tanques de água potável. Além da linha Intercept, novo anti-incrustante com tecnologia patenteada ‘LUBYON®’, que proporciona excelente desempenho para períodos em serviço de até 90 meses.

FORSHIP A Forship deu início à celebração dos seus 15 anos com a participação na 10ª edição da Navalshore. Desde 1998, a Forship vem aprimorando suas soluções de engenharia e gestão do processo de comissionamento de plantas industriais 30 MACAÉ OFFSHORE

complexas para a indústria naval e offshore e diversos segmentos de negócios no Brasil e no exterior com a sua atuação ao oferecer serviços de Consultoria, Operação & Manutenção, Montagem Eletromecânica e seu software de gestão HMSWeb.


EMPRESAS & NEGÓCIOS

GHENOVA BRASIL A companhia brasileira Ghenova Brasil apresentou na Navalshore 2013 seus novos desenhos de navios OSRV 750, PSV 4500 e PSV 6000; modelos cada vez mais demandados pela indústria petroleira nacional, nos quais a empresa tem uma reconhecida experiência. Estes desenhos têm sido elaborados segundo as rigorosas especificações técnicas da Petrobras, baseados em desenhos anteriores da Ghenova que têm sido evoluídos. Um exemplo disto pode ser o navio OSRV 750, que surge do projeto Ría de Vigo, uma embarcação que opera na atualidade sob a supervisão da Agencia Europeia de Seguridade Marítima (EMSA). A recente certificação da Ghenova como fornecedor oficial de serviços de engenharia naval da Petrobras (CRCC), assim como suas capacidades de gestão e execução de projetos multidisciplinares a escala internacional, são alguns motivos que lhe tem

Divulgação

permitido posicionar-se como uma das empresas locais que se destacam neste setor. Por estas razões espera duplicar este ano seu volume de negócio em relação ao exercício de 2012.

SKF DO BRASIL A SKF do Brasil lançou três equipamentos para o setor naval durante o evento: as vedações Simplex e Simplan, além do Turbulo, separador de água e óleo. “A SKF está atenta à expansão do setor naval e ampliando sua atuação neste segmento. Prova disto é que estamos trazendo três lançamentos para o segmento. São tecnologias que ajudam a melhorar o desempenho de grandes embarcações”, explica Ricardo Amaral, gerente para o segmento naval da SKF na América Latina.

A Vedação Simplex consiste num sistema de vedação para eixos de propulsão de navios lubrificados a óleo. Ela previne o ingresso da água do mar no mancal do eixo e evita o vazamento de óleo e água nas salas de máquinas. Já a Vedação Simplan é um sistema de vedação para eixos de propulsão de navios lubrificados a água. Ela previne o ingresso da água do mar no mancal do eixo e evita o vazamento de óleo e água nas salas de máquinas. O Turbulo é um separador de água e óleo para sala de máquinas.

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EMPRESAS & NEGÓCIOS

Wärtsilä

AVEVA

Fornecedora de soluções energéticas de ciclo de vida completo para mercados marítimos, a A Wärtsilä apresentou o portfolio completo de selos e mancais para sistemas de propulsão naval. Os mancais são peças apoiam o eixo que interliga o motor ao sistema de propulsão, permitindo a rotação, movimentando navio, enquanto os selos fazem a vedação do sistema de propulsão. “A escolha dessas peças é determinante para a longevidade operacional. O funcionamento eficiente do sistema de propulsão contribui para a redução de custos”, explica Rodrigo Andrade, coordenador de Vendas da Wärtsilä.

A AVEVA apresentou na Navalshore o seu portfólio de soluções em 3D que envolvem maquetes virtuais, em que o projetista consegue identificar e solucionar eventuais problemas de interferência, divergências na montagem, além de otimizar gestões ligadas à ergonomia e economia de material, reduzindo o tempo total de produção. São essas as funcionalidades presentes no AVEVA Marine, solução que reúne um conjunto de aplicativos integrados, criados especificamente para atuar no gerenciamento e geração de informações precisas em processos de engenharia de estruturas navais e offshore.

Segundo Andrade, os mancais de metal patente ainda predominam no mercado, mas a tendência é que os materiais compostos ganhem destaque à medida que as normas ambientais restrinjam o uso de óleo lubrificante nos equipamentos do sistema de propulsão. “Apenas 5% da frota atual no mundo utilizam sistemas lubrificados a água, mas os Estados Unidos, por exemplo, já terão que converter todos os seus navios nos próximos cinco anos para atender a legislação”, diz. Desde 2011, quando adquiriu as unidades da Cedervall na Suécia, Espanha e China, a Wärtsilä se tornou líder mundial no segmento de Seals & Bearings e agora possui uma solução completa de linha de eixo. A empresa já possuía outras duas fábricas, no Reino Unido e no Japão.

“Um navio ou projeto offshore consiste em um longo e complexo fluxo de trabalho, reunindo vários participantes em torno da criação e organização de inúmeros dados e da aquisição e uso de uma vasta quantidade de materiais. Para alcançarem êxito, construtores navais e projetistas necessitam de ferramentas altamente produtivas para gerar dados do projeto e gerenciar sua evolução e uso ao longo da construção naval”, explica Santiago Pena, vice-presidente Sênior da AVEVA para a América Latina.

WEBER Já a Weber, empresa focada em reparação estrutural, tintas industriais e pisos específicos para linha marítima, destacou o Fosfiber C, uma fibra de carbono composta para estruturas de concreto, com elevada resistência a tração e a ataques químicos. Os sistemas de fibra podem ser aplicados em reabilitações de estruturas deterioradas ou danificadas para adequação de mudanças como o aumento de cargas, ajustamento das estruturas as novas exigências normativas, correção de erros de projeto e/ou execução, aplicação em vigas e lajes de pontes, estruturas industriais, estacionamentos, edifícios, muros e poços de elevador, obras de restauração ou reformas em geral. Outra novidade apresentada pela Weber foi a linha Galvashield para controle de corrosão, sistema de proteção galvânica para estruturas de concreto, visando o controle da corrosão. A solução consiste em pastilhas (ânodos de proteção catódica), barras de revestimento e folhas adesivas de zinco, entre outros produtos, para aplicação em estruturas de concreto armado sujeitas a ações corrosivas, como as de obras portuárias e edificações próximas a orla marítima, com até 15 anos de durabilidade. 32 MACAÉ OFFSHORE

CANON A Canon, empresa japonesa especializada no desenvolvimento de tecnologias de gerenciamento de documentos e de imagem, apresentou o que há de mais avançado em soluções de impressão durante a Navalshore. Um dos destaques foram as impressoras de grande formato que possibilitam a impressão de documentos técnicos utilizados na construção de embarcações, plataformas de petróleo, infraestrutura portuária, estaleiros, entre outros. São tecnologias de alta qualidade, que maximizam a relação custo benefício e propiciam um custo reduzido de manutenção. “Para o segmento naval, que é bastante relevante para nós, ofertamos impressoras de alta qualidade e baixo custo de impressão por metro. Dessa forma, os clientes podem imprimir as documentações técnicas relevantes ao sistema de engenharia empregado na construção de embarcações, estaleiros e infraestrutura de maneira fácil e com resolução muito diferenciada”, declara Rogério Tuvetto, especialista de Produtos de Grandes Formatos da Canon.


EMPRESAS & NEGÓCIOS

Grupo VICEL

HUMMEL

Presente no evento desde 2006, a empresa mostrou em seu estande a unidade dessalinizadora por osmose reversa Aqua-Chem, fabricada no Brasil com componentes e mão de obra nacionais. Segundo o engenheiro de vendas, Victor Carvalho, esta unidade de osmose reversa foi certificada com 54% de conteúdo local, confirmando a viabilidade do processo de industrialização e acelerando a formação da Joint Venture Aqua-Chem do Brasil, entre Aqua-Chem e Grupo VICEL.

A unidade brasileira da Hummel Connector Systems aproveitou a presença na Navalshore para apresentar suas linhas Heavy Duty e Exios, que, segundo Carlos Rottmann, gerente geral da Hummel no Brasil, são apropriadas para uso em ambientes offshore, inshore, navios, refinarias e diferentes instalações industriais nas quais não pode haver o risco de explosões.

Outros destaques foram os equipamentos desenvolvidos para atendimento às novas regulamentações marítimas. “No caso da Convenção Internacional de Água de Lastro, apresentamos o Sistema de Gerenciamento de Água de Lastro BALPURE. E, para o atendimento aos requisitos da Nota Técnica 01/11 do IBAMA, que diferencia os procedimentos a serem realizados para o tratamento e descarte de águas cinzas e negras, apresentamos o GWTS, sistema de tratamento de águas cinzas fabricado pelo Grupo VICEL, com 90% de conteúdo nacional”, comenta Victor.

Na linha Heavy Duty da Hummel são fabricados em latão, latão niquelado, alumínio cooperfree ou aço inox, assim como seus acessórios: buchas de redução, bujões de vedação e redutores de rosca. Já a Exios é formada por prensa cabos do tipo high-end para uso em áreas de risco. Há, ainda, o modelo barrier-gland Exios Barrier, que garante a vedação e proteção ao invólucro por meio do uso de composto selante, especialmente dedicado a aplicações nas quais possa ocorrer o fenômeno de coldflow na capa do cabo instalado. Estes itens são confeccionados em latão, latão niquelado ou aço inox 316.

Divulgação

GAMATERMIC E DANFOSS

ISOVER Participando pela primeira vez como expositora, a Isover, empresa do grupo Saint-Gobain, apresentou com exclusividade o isolante Ultimate, nova solução para construções de aço, alumínio e compostas que protege contra incêndio classe A60. O produto da Isover garante isolamento acústico de alto desempenho, ideal, por exemplo, para a aplicação em navios, onde as máquinas funcionam continuamente e a geração de ruídos é constante. O principal diferencial do Ultimate está em atender às necessidades cada vez mais desafiadoras para construção naval, oferecendo excelente redução significativa de peso, cerca de 38% mais leve do que a lã de rocha convencional, requisito essencial para a eficiência das embarcações.

Uma das líderes mundiais em desenvolvimento e fabricação de controles eletromecânicos e eletrônicos, soluções de sistemas para as indústrias de refrigeração, aquecimento e acionamento de motores elétricos, a Danfoss apresentou soluções para o segmento offshore em parceria com seu distribuidor Gamatermic Técnica e Comércio Ltda durante a 10ª edição da NavalShore – Marintec South America. As divisões de Automação Industrial (IA) e Power Electronics (PE) da Danfoss mostraram sua extensa linha de produtos destinados ao mercado marítimo. É de grande importância nossa presença nos principais eventos do mercado naval e óleo & gás, divulgando a parceria da Gamatermic com a Danfoss neste segmento. Nossas participações sempre geram negócios e abrem oportunidades em novos clientes”, comenta Juan Fernando Rosado Gamarra, diretor da Gamatermic.

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Danica comemora os últimos resultados obtidos em sua Divisão Naval Empresa triplica carteira de cliente e duplica faturamento com participação no setor Por Brunno Braga

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Macaé Offshore

ndo ao encontro do bom momento vivido pelo setor de indústria naval brasileira, a Danica, empresa multisetorial voltada para comercialização, fabricação e montagem especializada de sistemas termoisolantes, comemora os últimos resultados obtidos na sua área da divisão naval. Segundo o gerente da Divisão Naval & Offshore da empresa, Rodrigo Episcopo, entre 2011 e 2012, a Danica viu triplicar a carteira de clientes e duplicar o faturamento no mesmo período, conseguindo, assim, aumentar a participação do setor de indústria naval offshore dentro do grupo. “Conseguimos fidelidade de negócios com dois estaleiros e consolidamos a nossa marca no setor”, disse o executivo, durante a NavalShore 2013. Episcopo acredita que, para o futuro, os resultados devem ser ainda maiores. “Até 2018, o setor naval vai ser um dos mais dinâmicos no Brasil. Isso nos deixa bastante otimistas, pois pretendemos aumentar ainda mais a nossa carteira”, avaliou. Os estaleiros São Miguel, Vard, Arpoador, Promar, Mauá, Eisa e Inace são alguns dos clientes da Danica citados pelo executivo. O gerente informou que a Danica conta com projetos com cerca de 85% de conteúdo local e que eles estão alinhados com padrões internacionais de qualidade. “Todos os produtos da divisão contam com rígido controle de qualidade e conformidade com as principais normas internacionais, o que permite à Dânica ser a líder no mercado de soluções para navios de apoio, empurradores, balsas, rebocadores, PSVs, AHTS, LPGs, PLSV, entre outros”, afirmou. Episcopo explicou que os produtos e sistemas de montagem Dânica apresentam soluções flexíveis, que podem ser ajustadas durante a montagem. “Os painéis são enviados à obra em formato padrão e podem ser cortados de acordo 34 MACAÉ OFFSHORE

com as necessidades do projeto. A Dânica dispõe de uma grande variedade de perfis, que permitem os mais diferentes acabamentos, desde os mais simples até os mais complexos. Além disso, os produtos Dânica para o mercado naval e offshore são avaliados de acordo com regulamentos, procedimentos e testes aceitos pelas mais conceituadas sociedades classificadoras do planeta”, disse. Durante a feira, a Danica apresentou alguns produtos aos participantes como anteparas e tetos, portas, janelas, escotilhas e divisórias de vidro, pisos, acessórios e equipamentos. “A feira foi muito boa, e avançamos numa negociação com um possível novo cliente”, informou o executivo, sem revelar o nome da empresa.


Plataforma santos

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