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Michel Giacometti, o homem que deu voz a um povo

Cultura

por Luís Timóteo

N

o final dos anos cinquenta, Portugal era um país cinzento, traumatizado e deprimido devido à austera ditadura que se vivia na época. Foi neste ambiente que Michel Giacometti chegou a Portugal em 1959. em Paris, estudou Arte Dramática e Fernando Lopes Graça uma Antologia Música, formou-se em Letras e Etno- da Música Regional Portuguesa, em grafia na Sorbonne, foi dirigente de di- cinco volumes (1963), cujos discos são versas publicações culturais e fundou conhecidos como «Discos de Serrapuma companhia de teatro popular. ilheira». Em 1981, editou um Cancioneiro Popular Português. Foi também Logo no ano seguinte à sua chegada ao autor de uma série de documentários nosso país, o etnomusicólogo fundou televisivos, intitulados «Povo que Canos Arquivos Sonoros Portugueses por ta». Uma grande parte do seu espólio sua conta e risco, depois de uma ten- musical pertence também ao acervo tativa falhada de apoios da Fundação do Museu Nacional de Arqueologia e Calouste Gulbenkian. Nos trinta anos Etnografia, encontrando-se ainda por seguintes percorreu o país, gravando organizar e editar. centenas de cantares e músicas tradicionais, dando origem ao que é, até Na sua última entrevista, Giacometti hoje, o mais completo levantamento disse: «Quando morrer, quero ser enda cultura musical portuguesa. Para terrado no meio do povo português além destes registos, reuniu também que tanto amei». Viria a falecer pouco uma enorme coleção de instrumen- tempo depois, em Faro, a 24 de notos tradicionais, fotografias, literatura vembro de 1990. O seu pedido foi conMichel Giacometti nasceu em Ajaccio, popular e instrumentos ligados ao cretizado: está sepultado na pequena na ilha da Córsega, em 1929. Foi criado trabalho agrícola. Grande parte deste localidade de Peroguarda, no Alentejo. por um tio, que o levou ainda criança espólio deu origem, em 1987, ao Mu- ■ para Argel, capital da então colónia seu do Trabalho Michel Giacometti, em francesa, Argélia. Aos dezoito anos, já Setúbal. Editou, em colaboração com

Andy Warhol - “Everyone will be world famous for fifteen minutes” por Susana Teixeira

Mais de vinte anos após a sua morte, Andrew Warhola, seu verdadeiro nome, continua a ser uma das figuras mais influentes na cultura e arte contemporâneas. Andy Warhol nasceu a seis de Agosto de 1928, em Pittsburgh, Pensilvânia. Tendo-lhe sido diagnosticada, em tenra idade, uma rara doença neurológica, Warhol encontrou escape nas revistas de celebridades e nos livros de banda desenhada, um imaginário que iria retomar anos mais tarde. Graduado em Design pela Universidade de Carnegie Mellon, em 1949, Warhol garantiu trabalhos com a Columbia Records, a Vogue, a Harper’s Bazaar, entre outras, estabelecendo-se assim como um aclamado artista gráfico. A sua curiosidade insaciável resultou num enorme corpo de trabalho que sobretudo contribuiu para o derrubamento de barreiras entre culturas. Na década de 50, Warhol dedicou-se à pintura e ao desenho e, em 1952, teve a sua primeira exposição a solo na Hugo Gallery com Fifteen Drawings Based on the Writings of Truman Capote. Os turbulentos anos 60 atearam um tempo prolífico na vida e obra de Andy Warhol. Nessa década, estendendo-se aos anos 70, são-nos apresentados alguns

dos seus mais icónicos trabalhos. Com base no emergente movimento da Pop Art, cujos artistas procuravam a estética das massas, Warhol começou a pintar o que podia ser facilmente encontrado, personalidades famosas, objetos produzidos em série... Inevitavelmente se recorda a forma como reinterpretou a imagem de Marilyn Monroe, as cores que deu ao retrato de Elisabeth Taylor ou o destaque que trouxe à sopa de tomate da Campbell’s. Ao abranger uma multiplicidade de expressões criativas de forma tão marcante - pintura, escultura, fotografia, vídeo, performance…- Warhol deu o mote para a prática artística transdisciplinar e multifacetada. Podemos considerálo como uma amálgama de cineasta, pintor, fotógrafo e homem da TV dos anos 80; seja como for, Andy Warhol continua a ser não só um ícone cultural fascinante, mas uma inspiração para as novas gerações de artistas, cineastas, designers e inovadores culturais em todo o mundo. ■

Mundo Contemporâneo // 11


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