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Figura 16: Casa nº 55 na Rua Muniz Freire em Vitória, ES

Ainda sobre essas duas construções, Ribeiro (2018) destaca “Embora não possuam monumentalidade, os dois sobrados foram tombados por sua historicidade, isto é, por serem os últimos vestígios das antigas edificações de Vitória”.

Como representação urbana do período colonial, a Rua Muniz Freire, uma das primeiras ruas capixabas, se destaca como digna representante do período. Típica rua-corredor, ou seja, casas geminadas dos dois lados e alinhadas pela divisa frontal, abrigou por décadas treze imóveis intercalados por três terrenos vazios. Os imóveis carregam grande apelo histórico, e chegaram a ser tombados pelo Governo Estadual. Contudo, apesar do tombamento e da qualidade da arquitetura urbana existente, em novembro de 1983, por meio de uma determinação de uma instituição pública estadual, três dos cinco imóveis tombados foram demolidos.

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Um importante sobrevivente das demolições, foi a edificação de número 55 (Figura 16), "considerada um de seus vestígios mais preciosos” (RIBEIRO, 2018). E outros remanescentes, porém já descaracterizados são o Casarão Cerqueira Lima e a Casa de Muniz Freire, mais adiante, objeto desta pesquisa.

Figura 16: Casa nº 55 na Rua Muniz Freire em Vitória, ES.

Fonte: Autora, 2021.

Na terceira década do século XIX, inicia o Período Imperial no Brasil. Contudo, a transformação da cidade do período colonial para as condições do império, foi tênue; o traçado colonial não sofreu grandes mudanças, porém o porto se fortaleceu como centro das atividades econômicas da província.

Nesse período o neoclassicismo ascendia no Brasil, marcado pela presença da corte, como um estilo recorrente. Como destacado por Ribeiro (2018), para ser classificado como neoclássico o edifício precisava conter duas características basilares: telhado com platibanda (telhado sem beiral e ocultado por mureta de alvenaria), e portas em forma de púlpito ou balcões no pavimento superior sob vergas em arco.

Por esta razão, o estilo era encontrado em uma diversidade de edifícios como fazendas, igrejas, palácios e moradias simples. E muitos dos edifícios existentes, com características do período colonial, passaram por pequenas reformas para adequação ao novo estilo.

As construções em que moravam as pessoas mais abastadas, apresentavam maior riqueza em seus detalhes, nessas casas era comum os frontões triangulares, adornos sobre as platibandas e os arcos e colunas de pedra.

Em Vitória, as construções neoclássicas, em sua maioria, se concentravam nas áreas mais baixas do centro da cidade, como armazéns e edifícios comerciais, mas na Cidade Alta destacavam-se a antiga sede dos correios e o palácio da justiça (Figura 17). Com as adaptações e demolições do século XX, apenas um sobrevivente característico neoclássico restou na Cidade Alta: a Casa de Muniz Freire (Figura 18), objeto desta pesquisa, que apesar de seu estado de degradação, constitui uma importante representação do estilo e de sua época na capital capixaba.

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