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Figura 27: Associação dos Funcionários Públicos do ES

O uso do concreto armado, típico do estilo, colaborou para a verticalização da cidade. Assim, foram construídos os edifícios mais altos até então, como menciona Moreira (2008):

[...] em 1940, foi concluído o edifício Antenor Guimarães, ao pé da escadaria São Diogo, de seis andares, por alguns anos a construção mais alta de Vitória. (MOREIRA apud HEES, 2008, p.111)

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O governo interventor de Bley, mesmo em crise econômica, realizou grandes investimentos na área de saúde e educação, e executou um grande número de obras, tidas como necessárias para a implementação de políticas do Estado Novo. (MOREIRA, 2008, p.108). Assim, o Art Déco na arquitetura capixaba simbolizava a modernização e progresso da sociedade, refletindo a mensagem política do Estado Novo.

Os edifícios Art Déco ainda existentes no Centro de Vitória são a Associação dos Funcionários Públicos do Espírito Santo (Figura 27); a antiga Câmara Municipal; o Centro de Saúde de Vitória; o antigo Colégio do Carmo; a Sede dos Correios; e muitos outros de uso comercial e residencial, espalhados pela área central, no entanto bastante descaracterizados.

Figura 27: Associação dos Funcionários Públicos do ES.

Fonte: A Gazeta Online.

2.4 AS INCONSISTÊNCIAS NOS ANOS 1970

A década de 1970 encontra-se inserida no período do Regime Militar no Brasil. Nessa época, o Espírito Santo teve quatro governadores biônicos, sendo eles escolhidos pelo Governo Federal, Christiano Dias Lopes Filho (1967-1971), Artur Carlos Gerhardt dos Santos (1971-1974), Élcio Álvares (1975-1978), e Eurico Rezende (1979-1983).

No respectivo período, o estado passava por grave crise econômica, gerada principalmente pela erradicação dos cafezais, resultando em um processo de êxodo rural. Assim, a região da Grande Vitória se deparou com um grande crescimento urbano e populacional desordenado, e como consequência do aumento da população, os serviços públicos se mostraram insuficientes para atender a demanda; e problemas como a degradação ambiental, desemprego e favelização se intensificaram (MOREIRA, 2008).

Com o objetivo de amenizar a crise econômica estadual, foram estabelecidos incentivos fiscais com a criação do FUNRES (Fundo de Recuperação Econômica do Espírito Santo), GERES (Grupo Executivo de Recuperação Econômica), BANDES (Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo) e FUNDAP (Fundo para o Desenvolvimento de Atividades Portuárias), atraindo dessa forma, investimentos industriais, resultando em grandes projetos, como o complexo portuário.

Tal complexo, abrigava o recém-inaugurado Porto de Tubarão, e foi um grande responsável pelo desenvolvimento do bairro de Jardim Camburi (MOREIRA, 2008). Além de Jardim Camburi, durante os seguintes anos, outros bairros avançaram em desenvolvimento como Jardim da Penha, Mata da Praia e Goiabeiras. A cidade finalizou também obras de aterramento em diversas áreas, como Praia do Canto, Praia do Suá e Santa Helena. Bairros novos surgiram, como as ocupações dos manguezais que resultaram nos bairros São Pedro I, II, III, IV, e V. As Ilhas do Boi e do Frade foram inseridas no tecido urbano capixaba (PMV, 2016).

No decorrer das décadas seguintes, além da Universidade Federal do Espírito Santo ganhar novos edifícios em Goiabeiras, foram realizadas as obras da Segunda Ponte (Ponte do Príncipe), a nova Rodoviária, a Terceira Ponte, Projetos Habitacionais, o Aeroporto, a CEASA (Central de Abastecimento S.A.), ampliação de vias, e a implantação do Sistema Aquaviário (MOREIRA, 2008).

Paralelo ao crescimento populacional e urbano desordenado na cidade de Vitória, o Centro da cidade, bairro já consolidado, sofreu maior adensamento, contribuindo para a intensificação do processo de verticalização da região. Por todo o bairro, incluindo a Cidade Alta, muitos edifícios baixos com características históricas consideráveis foram demolidos para dar espaço às novas e verticalizadas edificações.

Durante os anos 1970 e início dos anos 1980, o Centro de Vitória, apesar de não abrigar novas edificações de rico valor arquitetônico, continuava como polo adensador, e concentrava as principais atividades econômicas, institucionais e culturais da cidade.

Quanto às tipologias construtivas desse período, é notável a não existência de uma unidade estilística nas construções erguidas. O Centro Histórico de Vitória se estabeleceu como um acervo de edifícios históricos com uma variedade de tipologias (arquitetura colonial, neoclássica, eclética e art déco), que representam as diferentes épocas vividas na área.

Dessa forma, as novas edificações construídas no bairro, continham influência de diferentes novos estilos, como o brutalismo paulista e exemplares da escola carioca do modernismo, porém a execução dos mesmos era marcada pela adaptação estilística às características culturais e geográficas locais.

Neste período, surge na Cidade Alta de Vitória edifícios que vieram colaborar para a individualização do espaço urbano e para a sensação de insegurança tão presentes na região atualmente. Alguns exemplares na Cidade Alta

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