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Figura 2: Retrato de Colatina Soares de Azevedo

Após a morte do pai, em 1877, o jovem de 16 anos inicia o curso da Faculdade de Direito do Recife, e em 1881, conclui o bacharelado na Faculdade de Direito de São Paulo, onde também, se casou com a paulista Colatina Soares de Azevedo (Figura2), com quem teve 10 filhos (SALETTO, 1997, apud RIBEIRO, 2021).

Figura 2: Retrato de Colatina Soares de Azevedo

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Fonte: Diário Digital Capixaba.

Ao voltar para Vitória, em 1882, além de abrir um escritório de advocacia com seu colega Afonso Cláudio de Freitas Rosa, fundou um dos principais jornais existentes em Vitória naquele período. O periódico, tinha como nome “A Província do Espírito Santo”, era de edição diária com tiragem de mais de 1.500 exemplares, este, fundado em parceria com Cleto Nunes Pereira. Com a chegada da República em 1889, o jornal passa a se chamar “Diário do Espírito Santo” e depois “Estado do Espírito Santo” (OLIVEIRA, 2008, p.416).

Seu início na política ocorre após sua filiação ao Partido Liberal, sendo eleito a vereador e deputado provincial, cargo este que não chegou a assumir devido à Proclamação da República.

Após a proclamação da República no Brasil, em 15 de novembro de 1889, Afonso Cláudio é nomeado ao cargo de Presidente de Estado (atual cargo de Governador), este, devido a problemas de saúde, não exerce a administração do estado como o esperado, passando o cargo a Constante Gomes Sodré (OLIVEIRA, 2008).

Como afirma Oliveira (2008), Constante Sodré realiza os primeiros feitos marcantes para o estado, dentre eles, decreta a Constituição provisória estadual (vinte de junho de 1891), que permaneceu em vigor até a promulgação da que foi elaborada pelo Congresso.

O projeto de Constituição foi elaborado pela seguinte comissão, nomeada pelo governador do Estado: Muniz Freire, Horta de Araújo, José Horácio, Barcímio Barreto e Manoel Augusto da Silveira (informação devida a Adelfo Monjardim) (OLIVEIRA, 2008, p.429).

Em 1890, de acordo com Moreira (2008), ocorreu um encontro do Partido Republicano na cidade de Vitória. O evento resultou na subdivisão do partido em dois principais. O primeiro, chamado de União Republicana EspíritoSantense, se formou com os antigos líderes do Partido Conservador do Partido Liberal, Barão de Monjardim e Aristides Freire.

E em contraponto, aqueles que eram fiéis ao situacionismo e conservadores uniram-se formando o Partido Republicano Construtor, dirigido por Muniz Freire (OLIVEIRA, 2008).

O início da república no Espírito Santo foi intenso e caótico, marcado por grande instabilidade política:

Querendo dar uma ideia do que foi a agitação durante os primeiros governos republicanos no Espírito Santo, José Cândido salientou que, em 1890 e 91, passaram pelo Governo do Estado onze pessoas (OLIVEIRA, 2008, p. 434, apud NORONHA SANTOS, Floriano, 205).

O governo que antecedeu o de Muniz Freire, é comandado por Antônio Aguirre, que sob pressão popular, abandonou o governo, que passou a ser exercido pela Junta Governativa, um triunvirato composto por Inácio Henrique de

Gouveia, Graciano dos Santos Neves e Galdino Teixeira Lins de Barros Loreto (OLIVEIRA 2008).

O primeiro governo de Muniz Freire como Presidente do Estado ocorreu de 1892 a 1896. A nova constituição foi promulgada no mesmo dia da eleição. As principais diretrizes do seu programa de governo eram direcionadas a construção de vias-férreas e o povoamento do solo. Para materializar os projetos, era necessário atrair capital, que assim fez, realizando favores especiais (OLIVEIRA, 2008).

A contratação da vinda de vinte mil imigrantes italianos para a lavoura foi outra ação marcante de seu governo. Porém, segundo Moreira (2008), os imigrantes encontraram nas terras capixabas precárias condições de trabalho e transporte, falta de assistência médica e escolar, alojamentos precários e localização dos terrenos isolada. Assim, o cônsul italiano divulgou um relatório, afirmando que o governo não cumpria as garantias que constavam no decreto estadual “Lei da Imigração”, fazendo com que a Itália interrompesse o fluxo migratório para o estado em 1895.

Também durante este mandato, o governador capixaba efetua o primeiro empréstimo externo com a França, no valor de 17.500.000 francos franceses, que tinha como destino as obras da estrada de ferro Sul do Espírito Santo. Três anos depois, o primeiro trecho foi inaugurado, este, conectava o porto das Argolas e a então vila de Viana (MOREIRA, 2008).

Como aponta Oliveira (2008), a exportação de café, em 1893, ascendeu mais de 20 milhões de quilos, a maior até então. Dessa forma, o então Presidente Muniz Freire, diante dos acontecimentos, se expressa de forma animadora:

O Estado, que até os últimos dias que antecederam à Constituição republicana, era arrolado nas estatísticas oficiais como um fardo da Nação, revelando rapidamente o seu cabedal de riqueza e de vida própria, sopesando sem constrangimento algum os grandes ônus da nova situação política, apresenta um orçamento cinco vezes maior que o da antiga Província (OLIVEIRA, 2008, p. 435).

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