Geografia: dinâmicas, conflitos e proposições

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todos os componentes do ciclo hidrológico e simular a bacia hidrográfica como um todo. Além dos avanços de modelos hidrológicos concentrados para modelos distribuídos no espaço, muitos dos novos modelos passaram a substituir as relações empíricas e conceituais por relações físicas para representar matematicamente processos intermediários do ciclo hidrológico entre a precipitação e a vazão no exutório da bacia hidrográfica. Por representarem com maior exatidão teórica os processos intermediários do ciclo hidrológico, esses novos modelos foram denominados de modelos hidrológicos de base física (COLLISCHONN, 2001). A respeito das dificuldades na representação matemática de alguns processos físicos e da necessidade da discretização de processos contínuos, os modelos matemáticos têm a vantagem de permitir a geração de resultados para diferentes situações com alta velocidade de resposta (TUCCI, 1998). Isso tem motivado amplamente o uso de modelos de simulação do escoamento também para sistemas de alerta e previsão de inundações em tempo real (MOORE et al., 2005). O Modelo Hidrológico de Grandes Bacias (MGB-IPH), descrito em Collischonn (2001) ou Collischonn et al. (2007), é um modelo distribuído desenvolvido para aplicações em grandes bacias com limitação de dados (maiores que 10.000 km²). Foi inicialmente baseado nos modelos LARSIM (BREMICKER, 1998) e VIC (LIANG et al., 1994), com algumas modificações nos módulos de evapotranspiração, percolação e propagação de vazões. O MGB-IPH é um modelo baseado em processos e simula o ciclo hidrológico através de relações físicas e conceituais. São simuladas todas as etapas do ciclo hidrológico terrestre, incluindo balanço de água no solo, evapotranspiração, interceptação, escoamento superficial, subsuperficial e subterrâneo e escoamento na rede de drenagem. Os dados referentes à precipitação são fundamentais para alimentar os sistemas de previsão que se baseiam na relação entre a intensidade e duração das chuvas e o seu reflexo na vazão do rio. Além dos dados de chuva, são utilizados dados físicos da bacia (modelo digital de elevação, tipos de solos, uso e ocupação do solo, entre outros) e dados hidrológicos de vazão para a calibração e execução do modelo. Informações mais detalhadas do modelo MGB-IPH podem ser obtidas no trabalho de Collischonn (2001). Esse modelo já foi aplicado a diversas bacias da América do Sul, com resultados bastante satisfatórios (ALLASIA et al., 2006): bacia do rio São Francisco (SILVA et al., 2007; TUCCI et al., 2005); bacia do rio Uruguai (COLLISCHONN et al., 2005; TUCCI et al., 2003); bacia do rio Grande (BRAVO et al., 2009); bacia do rio Tapajós (COLLISCHONN et al., 2008); bacia do rio Madeira (RIBEIRO et al., 2005) e na bacia do Alto Paraguai (TUCCI et al., 2005). Em relação aos modelos hidráulicos, pode-se citar o modelo HEC-HAS, amplamente usado na sociedade acadêmica. Ele é composto por dados geométricos e Geografia

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