Cliente único, risco multiplicado para empresas | Diário Económico.com
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Finanças
Cliente único, risco multiplicado para empresas Carina Salviano Urbanin e Priscila Dadona (redacao@brasileconomico.com.br) 16/12/11 13:48
O que Lupatech, Bematech, Multiplus e Contax têm em comum? Extrema dependência financeira de um único negócio. Ser fornecedor de uma grande companhia como Petrobras é o sonho de muitas empresas. No entanto, a dependência financeira de um único cliente embute riscos tanto para a saúde financeira quanto para os acionistas. Em momentos de crise esta relação potencializa os riscos - e coloca companhias como a Lupatech em uma sinuca financeira para manter os mesmos níveis de entrada de caixa e margem de lucro sem que a cliente petrolífera mantenha o ritmo de encomendas. O caso da Lupatech, que já perdeu 75,41% do valor em bolsa este ano e tenta renegociar cláusulas de limite de endividamento com credores, chama atenção dos investidores e analistas para as companhias com risco de efeito cascata em tempos de crise. Os exemplos mais evidentes de dependência estão nos setores de petróleo e gás, energia e bens de capital. "Assim como nos investimentos não se deve colocar todos os ovos na mesma cesta, uma empresa não deve depender de uma só cesta", diz José Goes, analista econômico da Stock Ações. Na visão de Goes, se a receita de uma companhia estiver concentrada entre 40% e 50% em apenas uma empresa ou negócio já pode ser considerado um "cenário alarmante". "Se a empresa cliente tiver uma multa, por exemplo, e por conta disso reduzir os investimentos, os fornecedores serão afetados", afirma. "Qualquer negócio que depende de um mercado concentrado é perigoso", completa o consultor de investimentos da Método Investimentos, Alexandre Ghirghi. Leonado Zanfelício, analista da Concórdia Corretora, é ainda mais cauteloso e considera a concentração da receita entre 10% e 15% perigosa. "Já é uma exposição elevada", afirma o especialista, garantindo que o resultado da venda de bens e serviços de uma empresa não precisa estar necessariamente concentrada numa única companhia. "Se tiver 50% da receita em três clientes também já é um risco", garante. Zanfelício lembra quando a receita de uma empresa está restrita a outra, ela fica sem poder sobre preços e as suas margens ficam pressionadas. Rodolfo Amstalden, analista da Empiricus, dá como exemplo a Bematech que vem sofrendo queda nas receitas de serviços por conta da quebra de um único contrato que mantinha com a empresa fabricante de maquininhas de cartões Ingenious. A empresa ainda atua em software e hardware. "Ela fazia manutenção destas máquinas e teve contrato encerrado, o que afetou seus resultados. Por este exemplo, já é um risco, mas não é fórmula geral", garante. Miguel Daoud, diretor da Global Financial Advisor, acredita que o momento de turbulência exacerba o risco de dependência porque a possibilidade de um setor específico ser penalizado é grande, o que poderia colocar em cheque o desempenho de companhias com pouca diversificação de negócios. "E em períodos de crise, como o atual, esse risco dobra". Por outro lado, em outros momentos, essa correlação também pode maximizar ganhos, pois no caso da Lupatech ter como cliente uma empresa do porte da Petrobras é algo positivo. "A Petrobras também depende da Lupatech", afirma Amstalden.
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Além disso, a concentração em um cliente ou mercado pode ser minimizada com o potencial de expansão dessa atividade. É o caso da empresa de fidelidade Multiplus, que foi criada há dois anos para atender a uma necessidade da TAM, e hoje possui contrato com 168 empresas diferentes, dentre elas, grupos como Postos Ipiranga, Texaco e a rede de hotéis Accor. Na mesma linha segue a Contax, que era uma empresa de telemarketing da Oi e, agora, tem uma extensa gama de clientes em outros setores, não só em telefonia.
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