TCC arqurbuvv Reabilitação, caminhos para a cidadania plena

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TOLENTINO LUCAS DO CARMO NETO


UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO

TOLENTINO LUCAS DO CARMO NETO

REABILITAÇÃO, CAMINHOS PARA A CIDADANIA PLENA: PROPOSTA DE CENTRO DE REABILITAÇÃO FÍSICA PARA VILA VELHA

VILA VELHA 2016


TOLENTINO LUCAS DO CARMO NETO

REABILITAÇÃO, CAMINHOS PARA A CIDADANIA PLENA: PROPOSTA DE CENTRO DE REABILITAÇÃO FÍSICA PARA VILA VELHA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito para a obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Orientador: Profª Andreia Fernandes Muniz

VILA VELHA 2016



AGRADECIMENTOS

Agradecimentos especiais pela orientação e dedicação da maravilhosa Professora Andreia Fernandes Muniz e ao meu coorientador Clovis Aquino. As minhas amigas Isabella Steinkopf, Leticia Breda, Michely Ribeiro, Raquel Corrêa, Sarah Lobo, Talita Ruy e Yaskara Toleto pelo apoio sempre que necessário e um agradecimento especial a Bruna Ribeiro e Jéssica França por estarem presentes em todos os momentos. Um grande agradecimento aos meus pais, Jan Carlos e Mabi Prates, pois além do apoio constante, sem eles nada disso seria possível. E a minha irmã Jamilly Prates pelo companheirismo mesmo a distância.


RESUMO Os estabelecimentos voltados aos cuidados com a saúde estão demostrando cada vez mais preocupação com o bem estar dos usuários. Com a reabilitação não está sendo diferente. Considerada uma das principais ferramentas de reintegração ou integração de um deficiente físico a sociedade a reabilitação é capaz de conferir ao individuo autonomia na realização de suas tarefas aumentando sua autoconfiança e melhorando assim a sua qualidade de vida. Através da arquitetura os espaços físicos destinados à reabilitação podem se encaixar em um padrão mais humano, confortável e livre de barreiras, em função da criação de novas unidades e espaços terapêuticos planejados para se adequar as necessidades dos usuários, proporcionado a relação entre pessoa e ambiente, que pode ser explorada de diversas formas para propiciar bem estar no desdobramento das atividades da população com deficiência, que necessita de atendimento de qualidade para desenvolver seus potenciais e atingir a cidadania plena. A proposta de um novo centro especializado em reabilitação física para a cidade de Vila Velha tem como principais objetivos reintegrar os pacientes ao meio em vivem e proporcionar maior qualidade no processo de reabilitação através de uma estrutura física atual com equipamentos atualizados e tratamentos adequados, proporcionando comodidade, praticidade, acessibilidade e conforto aos pacientes.

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ABSTRACT Health-care establishments are increasingly showing concern for the well-being of users. With rehab is not being different. Considered as one of the main tools of reintegration or integration of a physically disabled person, rehabilitation is able to give the individual autonomy in the performance of his tasks, increasing his self-confidence and thus improving his quality of life. Through architecture, physical spaces destined to rehabilitation can fit into a more humane, comfortable and barrier-free pattern, due to the creation of new units and therapeutic spaces designed to suit users' needs, providing the relationship between person and environment , Which can be exploited in different ways to promote well being in the unfolding of the activities of the population with disabilities, who needs quality care to develop their potential and achieve full citizenship. The proposal of a new center specialized in physical rehabilitation for the city of Vila Velha has as main objectives to reintegrate the patients in the living environment and to provide higher quality in the rehabilitation process through a current physical structure with updated equipment and adequate treatments, providing comfort , Practicality, accessibility and comfort to patients.

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ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Processo de reabilitação esquematizado Figura 2 – Dimensionamento de rampas. Figura 3 – Dimensionamento de elevadores. Figura 4 – Atribuições das unidades assistenciais de saúde. Figura 5 – Setores e fluxos do centro de reabilitação. Figura 6 – Dimensionamento, sala de espera e recepção Figura 7 – Dimensionamento, área de registro de pacientes Figura 8 – Dimensionamento, consultório de terapia ocupacional Figura 9 – Dimensionamento, consultório de fonoaudiologia Figura 10 – Dimensionamento, consultório de fisioterapia Figura 11 – Dimensionamento, Box de terapias Figura 12– Dimensionamento, sala para turbilhão Figura 13 – Dimensionamento, piscina Figura 14 – Dimensionamento, sala de psicomotricidade e ludoterapia Figura 15 – Dimensionamento, salão para cinesioterapia e mecanoterapia Figura 16 – Dimensionamento, sala de terapia ocupacional em grupo Figura 17 – Planta Baixa Oficina Ortopédica do Centro Catarinense de Reabilitação de Florianópolis Figura 18 – Corredor hospitalar sem humanização. Figura 19 – Corredor hospitalar humanizado utiliza cor, iluminação natural e vista externa. Figura 20 – Unidade de reabilitação integrada ao meio externo natural. Figura 21 – Ambiente de terapia humanizado com uso de cores e iluminação natural. Figura 22 – Recepção humanizada com elementos familiares. Figura 23 – Sala de espera humanizada com elementos familiares. Figura 24 – Área de convivência integrada ao terraço de hospital. Figura 25 – Espaço central de hospital utilizado como pátio natural. Figura 26 – Croqui de ambientes diversificados integrando o espaço externo. Figura 27 – Jardinagem como método de terapia. Figura 28 – Espaços adaptados aos usuários. Figura 29 – Jardim Terapêutico ao ar livre. Figura 30 – Jardim terapêutico coberto. Figura 31 – Cor vermelha aplicada em recepção hospitalar. Figura 32 – Cor amarela aplicada em recepção hospitalar. Figura 33 – Cor laranja aplicada em ambiente fisioterapêutico. Figura 34 – Cor verde aplicada em circulação. Figura 35 – Cor azul aplicada em ambiente de hidroterapia. Figura 36 – Cor lilás aplicada em quarto de internação. Figura 37 – Cor branca aplicada em circulação de unidade de reabilitação

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Figura 38 – Cor preta aplicada em ambiente de reabilitação Figura 39 – Localização do Beit-Halochem center em Beersheba, Israel. Figura 40 – Centro de reabilitação Beit-Halochen, Israel. Figura 41 – Planta de implantação do centro de reabilitação. Figura 42 – Volumetria esquemática da fachada norte. Figura 43 – Volumetria esquemática da fachada norte. Figura 44 – volume de vidro sobressaltando a forma da edificação. Figura 45 – Recorte da forma em aberturas de vidro. Figura 46 – Planta baixa do térreo. Figura 47 – Planta baixa do pavimento superior. Figura 48 – Pergolado sobre a piscina infantil. Figura 49 – Cobertura em lona removível. Figura 50 – Recorte no forro para entrada de luz. Figura 51 – Abertura protegida pela cobertura externa. Figura 52 – Contraste entre os volumes de concreto e vidro da edificação. Figura 53 – Integração dos materiais na fachada. Figura 54 – Integração dos materiais na área interna. Figura 55 – Localização do REHAB em Basel, Suiça. Figura 56 – Centro de reabilitação REHAB Basel. Figura 57 – Planta de implantação do centro de reabilitação. Figura 58 – Espaço voltado à terapia assistida por animais. Figura 59 – Abertura protegida pela cobertura externa. Figura 60 – Vista aérea da edificação. Figura 61 – Croqui dos recortes retangulares que formam os pátios. Figura 62 – Parte externa da cobertura da piscina com aberturas para a entrada de luz. Figura 63 – Parte interna da cobertura da piscina com aberturas para a entrada de luz. Figura 64 – Plata baixo do térreo. Figura 65 – Pavimento superior. Figura 66 – Circulações existentes Figura 67 – pátio principal. Figura 68 – Pátio interno Figura 69 – Brises de madeira na envoltória do edifício. Figura 70 – Brises e cortinas para a proteção das varandas Figura 71 – Área transitável do telhado verde Figura 72 – Claraboias esféricas presentes na cobertura Figura 73 – Ambiente interno iluminado através do pátio. Figura 74 – Ambiente interno iluminado através do pátio Figura 75 – Esquema dos artifícios usados para promoção do conforto ambiental. Figura 76 – Uso da madeira na área externa. Figura 77 – Uso da madeira na área interna com pedriscos e vegetação no pátio. Figura 78 – Fechamento em vidro Figura 79 – Claraboia no quarto de internação.

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Figura 80 – Esquema dos materiais aplicados na fachada. Figura 81 – Localização do Sarah Lago Norte, Brasília, brasil. Figura 82 – Centro Internacional de Neurociências e Reabilitação Sarah Lago Norte, Brasília, Brasil. Figura 83 – Implantação da unidade de reabilitação Figura 84 – Corte esquemático representando os níveis das edificações Figura 85 – Vista aérea da edificação exibindo suas variadas formas. Figura 86 – Planta baixa do térreo Figura 87 – Planta baixa do bloco 1. Figura 88 – Planta baixa bloco 2. Figura 89 – Planta baixa do bloco 3 Figura 90 – Croqui esquemático das soluções de aproveitamento da ventilação natural. Figura 91 – Croqui esquemático das soluções de aproveitamento da iluminação natural. Figura 92 – Repetição de sheds pré-moldados Figura 93 – Volumetria individualista. Figura 94 – Corte esquemático da cobertura do centro de apoio a paralisia. Figura 95 – Claraboia presente na cobertura Figura 96 – Localização do Sarah Lago Norte, Brasília, brasil. Figura 97 – Implantação do CREFES. Figura 98 – Volumetria esquemática do bloco principal. Figura 99 – Volumetria da fachada do bloco principal. Figura 100 – Volumetria esquemática do bloco de reabilitação infantil. Figura 101 – Fachada do bloco de reabilitação infantil. Figura 102 – Volumetria esquemática do complexo Figura 103 – Volumetria esquemática do bloco administrativo Figura 104 – Setorização da unidade de reabilitação Figura 105 – Circulação interna. Figura 106 – Academia ao ar livre. Figura 107 – Árvore situada sobre o caminho Figura 108 – Mobiliários inacessíveis Figura 109 – Repetição das esquadrias Figura 110 – Tijolos aparentes. Figura 111 – Diagrama de diretrizes projetuais. Figura 111 – Fluxos possíveis da unidade de reabilitação. Figura 112 – Localização da área de implantação. Figura 113 – Via adjacente a área de implantação. Figura 114 – edificações vizinhas ao terreno. Figura 115 – figura rica diagnóstico da área de implantação. Figura 116 – Esboço da disposição dos espaços da unidade. Figura 117 – Implantação. Figura 118 – Esboço da disposição dos espaços da unidade. Figura 119 – Perspectiva da forma do complexo.

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Figura 120 – Blocos de vivência e Esportivo. Figura 121 – Recepção do bloco de reabilitação. Figura 122 – Vista frontal da edificação. Figura 123 – Divisão da disposição dos espaços do térreo por setores. Figura 124 – Divisão da disposição dos espaços do 1º pavimento por setores. Figura 125 – Divisão da disposição dos espaços do 1º pavimento por setores. Figura 126 – Bloco de Reabilitação. Figura 127 – Baia de embarque e desembarque da recepção. Figura 128 – Vista interna da recepção. Figura 129 – Jardim interno integrado a recepção. Figura 130 – Vista interna Salão de cinesioterapia e mecanoterapia. Figura 131 – Vista interna Sala de ludoterapia infantil. Figura 132 – Jardim interno presente na recepção. Figura 133 – Jardim interno reabilitação infantil. Figura 134 – Bloco de vivência. Figura 135 – Vista interna do café. Figura 136 – Vista interna área de integração. Figura 137 – Vista da rampa de acesso ao mezanino. Figura 138 – Vista do foyer de acesso às salas e auditório. Figura 139 – Vista do observador a partir do mezanino. Figura 140 – Área de estudos integrada à biblioteca. Figura 141 – Área de descanso no terraço. Figura 142 – Vista do terraço. Figura 143 – Bloco esportivo. Figura 144 – Quadra poliesportiva. Figura 145 – Arquibancada e ambientes de apoio da quadra. Figura 146 – Piscinas infantil e adulto. Figura 147 – Área de competição da piscina adulta. Figura 148 – Área externa a edificação. Figura 149 – Vista aérea da praça central. Figura 150 – Jardins com formato orgânico. Figura 151 – Vista noturna da praça central. Figura 152 – Vista noturna da praça central. Figura 153 – estacionamento e baia de embarque e desembarque. Figura 154 – Área voltada à jardinagem terapêutica. Figura 155 – área sombreada na jardinagem terapêutica. Figura 156 – Estrutura metálica aparente no bloco esportivo. Figura 157 – Área a ser aplicado o revestimento. Figura 158 – Revestimento aplicado. Figura 159 – Vista interna fechamento em alvenaria e vidro. Figura 160 – Esquema de reciclagem da água. Figura 161 – Sistema mão na roda. Figura 162 – Acesso a recepção. Figura 163 – Rampas de acesso no estacionamento.

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TABELAS Tabela 01 – Profissionais e suas funções na unidade de reabilitação. Tabela 02 – Áreas de atuação da reabilitação Tabela 03 – Equipe técnica mínima a ser integrada. Tabela 04 – Atribuições separadas por setores. Tabela 05 – Ambientes básicos de uma unidade de reabilitação integrada Tabela 06 – Ambientes básicos de uma unidade de reabilitação independente Tabela 07 – Ambientes de apoio de uma unidade de reabilitação independente Tabela 08 – Dimensionamento, sala de espera e recepção. Tabela 09 – Dimensionamento, área de registro de pacientes. Tabela 10 – Dimensionamento, consultório de terapia ocupacional. Tabela 11 – Dimensionamento, consultório de fonoaudiologia. Tabela 12 – Dimensionamento, consultório de fisioterapia. Tabela 13 – Dimensionamento, Box de terapias. Tabela 14 – Dimensionamento, sala para turbilhão. Tabela 15 – Dimensionamento, piscina. Tabela 16 – Dimensionamento, sala de psicomotricidade e ludoterapia. Tabela 17 – Dimensionamento, salão para cinesioterapia e mecanoterapia. Tabela 18 – Dimensionamento, sala de terapia ocupacional em grupo. Tabela 19 – Dimensionamento, oficina ortopédica. Tabela 20 – Influência das cores sobre ambientes e usuários. Tabela 21 – Pré-dimensionamento dos ambientes da unidade de reabilitação. Tabela 22 – Ambientes localizados no térreo da unidade. Tabela 23 – Ambientes localizados no 1º pavimento.

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 12 1.1. JUSTIFICATIVA .................................................................................... 12 1.2. OBJETIVOS .......................................................................................... 14 1.3. METODOLOGIA .................................................................................... 15 1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO .............................................................. 15 2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................... 18 2.1 CARACTERIZAÇÃO DE UM CENTRO DE REABILITAÇÃO ............... 18 2.1.1 Perfil do paciente ................................................................................ 19 2.1.1. Profissionais e áreas envolvidas ....................................................... 20 2.1.2. Técnicas de reabilitação ..................................................................... 22 2.2. LEGISLAÇÕES ..................................................................................... 22 2.2.1. Localização .......................................................................................... 23 2.2.2. Restrições ............................................................................................ 24 2.2.3. Caracterização dos usuários ............................................................. 25 2.2.4. Atribuição de estabelecimentos de reabilitação .............................. 28 2.3. AMBIÊNCIA ........................................................................................... 29 2.3.1. Fluxo e setorização ............................................................................. 30 2.3.2. Programação arquitetônica ................................................................ 31 2.3.3. Dimensionamento dos ambientes ..................................................... 32 2.4. A PRESENÇA DA ARQUITETURA NA REABILITAÇÃO ..................... 40 2.4.1. Humanização em ambientes terapêuticos ........................................ 40 2.4.2. Relação entre ambientes internos e externos .................................. 43 2.4.3. Jardim terapêutico .............................................................................. 45 2.4.4. A cor no tratamento terapêutico ........................................................ 47 3. REFERÊNCIAS PROJETUAIS ............................................................. 52 3.1 BEIT-HALOCHEM REHABILITATION CENTER – ISRAEL ....................... 52 3.2 REHAB, CENTER FOR SPINAL CORD – SUÍÇA ............................... 59 3.3 SARAH LAGO NORTE – BRASÍLIA ..................................................... 67 3.4 CENTRO DE REABILITAÇÃO FÍSICA DO ESPIRITO SANTO – VILA VELHA ........................................................................................................ 74 4. PROPOSTA ............................................................................................... 82 4.1. DIRETRIZES PROJETUAIS ................................................................. 82 5. CENTRO DE REABILITAÇÃO FÍSICA DE VILA VELHA.......................... 86 5.1. PROGRAMA.......................................................................................... 86 5.2. FLUXOS................................................................................................. 88 5.3. DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO..................................... 89 5.4. IMPLANTAÇÃO...................................................................................... 91 5.5. MORFOLOGIA....................................................................................... 92 5.6. ESPACIALIDADE................................................................................... 88 5.5.1 Reabilitação.......................................................................................... 98 5.5.2 Vivência............................................................................................... 103

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5.5.3 Esportivo............................................................................................. 106 5.5.4 Área externa........................................................................................ 109 5.7. MATERIALIDADE................................................................................ 113 5.8. FUNCIONALIDADE.............................................................................. 115 5.8.1 Acessibilidade.................................................................................... 117 5.8.2 Sustentabilidade e economia 6. CONCLUSÃO .......................................................................................... 121 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 123

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1 INTRODUÇÃO Por muitos anos o conceito de deficiência era diretamente relacionado à ideia de incapacidade, dependência e inutilidade, generalizando os diferentes quadros em que tais adversidades poderiam surgir. A eliminação, o abandono e a marginalização social se encontravam como uma constante na vida de indivíduos que apresentavam algum tipo de deficiência, seja ela mental, física ou sensorial. Atualmente, muitas destas barreiras foram quebradas e entende-se que o deficiente pode receber diferentes tratamentos para que possa ter acesso aos mesmos direitos fundamentais que os outros cidadãos da sociedade, conseguindo com suas características diferenciadas disfrutar dos serviços da comunidade e incluir-se no meio social, profissional e educacional. A reabilitação é uma das ferramentas mais eficientes na reintegração de uma pessoa deficiente, ajudando-o a restabelecer as suas funções prejudicadas por doenças, acidentes ou outros eventos, conferindo autonomia, aumentando sua autoconfiança e melhorando a sua qualidade de vida. Para que haja eficácia no processo de reabilitação, as unidades assistenciais devem ter a disposição uma equipe de profissionais qualificada, equipamentos atualizados e tratamentos adequados, além da necessidade de proporcionar comodidade, praticidade, acessibilidade e conforto aos pacientes. Através da arquitetura os espaços físicos destinados à reabilitação podem se encaixar em um padrão mais humano, confortável e livre de barreiras, em função da criação de novas unidades e espaços terapêuticos planejados para se adequar as necessidades dos usuários, proporcionado a relação entre pessoa e ambiente, que pode ser explorada de diversas formas para propiciar bem estar no desdobramento das atividades da população com deficiência, que necessita de atendimento de qualidade para desenvolver seus potenciais e atingir a cidadania plena.

1.1 JUSTIFICATIVA Atualmente o Brasil apresenta uma das melhores e mais elaboradas legislações do mundo referente a pessoas com deficiências físicas e mobilidade reduzida. Muito já foi conquistado em relação a questões de acessibilidade e inclusão social, porém ainda há muito a ser aperfeiçoado, principalmente em relação aos menos favorecidos. A deficiência pode ser uma causa e também uma consequência da pobreza, podendo afetar todos os membros da família que por falta de conhecimento, não buscam seus direitos e assim não tem acesso aos programas assistenciais propostos.

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Grande parte das crianças de baixa renda que apresentam alguma deficiência não tem acesso à educação ou programas de integração, em função das dificuldades de acesso, da escassez de profissionais capacitados e da falta de estruturas e equipamentos preparados para recebê-los. Além dessas dificuldades, outros obstáculos podem surgir, tais como o preconceito gerado pelo circulo social e a depressão, que pode surgir em alguns casos ocasionando um indesejado isolamento. Segundo dados do IBGE a porcentagem de pessoas com algum tipo de deficiência vem aumentando significativamente através dos anos no Brasil. De acordo com o Censo Demográfico de 2001, cerca de 15% da população brasileira relata apresentar alguma modalidade de deficiência física, mental ou sensorial. Em 2010 a porcentagem aumentou para aproximadamente 25%, cerca de 45 milhões de brasileiros. Dos 25% identificados, 7% apresenta deficiência física, considerada pela pesquisa a falta de um ou mais membros (perna ou braço), tendo um aumento de 3% em relação ao censo de 2001. Gráfico 1 – Percentual da população com deficiência, segundo o tipo.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.

Esse aumento se deve aos avanços da medicina que possibilitam mais chances de sobrevivência de indivíduos que sofreram acidentes, nasceram com problemas congênitos, ou contraíram alguma doença que pode deixar sequelas, além do aumento da expectativa de vida, que faz crescer o número de idosos, que apresentam maior possibilidade de ter mobilidade reduzida. Com o crescimento do número de deficientes, começou-se a dar mais importância a fatores como inclusão social e profissional para esses indivíduos, que consequentemente precisam de meios para se reintegrar ao meio em que estão inseridos.

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O Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (CREFES), localizado em Vila Velha atende mensalmente uma média de 8 mil adultos e 820 crianças, de todas as partes do Espirito Santo, além de prestar serviços para pacientes do extremo sul baiano, que não conta com uma estrutura do tipo. A unidade conta com um excelente programa de assistência, porém atende pacientes de muitas áreas ocasionando superlotação e consequentemente grandes filas de espera para o atendimento e para o recebimento de equipamentos ortopédicos. A antiga estrutura do complexo foi crescendo de acordo com a necessidade de expansão dos serviços. Houve um esforço para tentar manter o complexo dentro dos padrões, sendo necessárias ampliações e adaptações de acordo com as exigências normativas que foram surgindo e com a demanda de atendimento que foi aumentando. Essas modificações sofridas deixaram a unidade segmentada e fora dos padrões arquitetônicos previstos para um estabelecimento do tipo. O planejamento adequado de uma unidade de reabilitação, projetando ambientes apropriados para as atividades que serão realizadas e prevendo espaços para futuras ampliações, corresponde às perspectivas necessárias para o atendimento efetivo dos pacientes. A implantação de uma unidade de reabilitação dentro dos padrões esperados para um estabelecimento assistencial do tipo contribuiria para reduzir a quantidade de pacientes na fila de espera do CREFES, além de ter a possibilidade de utilizar técnicas de reabilitação diferenciadas, que podem influenciar positivamente no processo de tratamento dos mesmos.

1.2 OBJETIVOS O objetivo geral do trabalho é a elaboração de um projeto arquitetônico, a nível de anteprojeto, para um estabelecimento voltado à prática de reabilitação física, dentro dos padrões adequados, utilizando métodos sensoriais e a relação entre usuário e espaço para a criação de um complexo apropriado, que sirva como modelo para edificações desta tipologia. Além de levantar a discussão sobre como a arquitetura pode influenciar positivamente na qualidade de vida das pessoas que possuem limitações, que necessitam de espaços agradáveis e eficientes para realização de suas atividades. Através do estudo das normas regentes, técnicas de reabilitação e métodos para tornar os ambientes mais confortáveis, apontar diretrizes para a efetuação do projeto, em função de definir as melhores alternativas para a proposta, realizando análises de estabelecimentos semelhantes que se tornaram referência pelos serviços oferecidos e utilizando seus métodos efetivos como parâmetros para o planejamento.

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1.2 METODOLOGIA O estudo terá como base pesquisas teóricas sobre a estruturação de unidades de reabilitação, como fundamentação para a elaboração de uma proposta para um centro de reabilitação física. Para o alcance deste objetivo serão analisados conceitos, através de referenciais bibliográficos, que correspondem as etapas projetuais de forma a auxiliar a concepção da proposta. Além da análise de conceitos teóricos, o trabalho contará com estudos de caso unidades de reabilitação que apresentem em seu programa os estudos teóricos aqui realizados, em função de avaliar a aplicação dos conceitos de forma adequada para a tipologia adotada em estabelecimentos de referência mundial, nacional e regional.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO O primeiro capítulo retrata a importância do desenvolvimento do produto final apontando os objetivos a serem alcançados e descrevendo como a conceituação teórica realizada influenciará na concepção do projeto. O segundo capítulo, referencial teórico define os conceitos de um centro de reabilitação, apontando quais parâmetros legais e funcionais são necessários para a elaboração de um projeto desta categoria. Neste capítulo também estão presentes as formas de atuação da arquitetura no ambiente assistencial a saúde e a importância da aplicação de métodos para proporcionar qualidade na realização das atividades dos usuários. O capitulo três, Referencias projetuais, será baseado em estudos de caso de centros de reabilitação que são referência na prestação de serviços, indicando os serviços prestados, métodos utilizados e as soluções arquitetônicas para a concepção do estabelecimento. Este capítulo também conta com a análise feita em uma unidade de reabilitação local, através de visitas técnicas e entrevistas com os funcionários do complexo. No quarto capítulo, Proposta, serão apontadas as diretrizes para a realização do projeto, que foram concebidas após o estudo dos conceitos teóricos e casos aplicados, e indicarão parâmetros que irão orientar a concepção do produto final.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 CARACTERIZAÇÃO DE UM CENTRO DE REABILITAÇÃO Um centro de reabilitação tem como principal objetivo proporcionar ao individuo que perdeu, ou não apresenta, uma função corporal, a maior independência possível na realização de suas atividades, visando a sua integração familiar, social e profissional, além de propiciar um apoio psicológico e emocional na superação de possíveis traumas (SOMASUS, 2013). Entre os serviços oferecidos dentro de um centro de reabilitação estão os meios de prevenção, orientação, reabilitação, acompanhamento e concessão de órteses e próteses (aparelhos com função de ajustar, prevenir, melhorar ou substituir a função das partes móveis ou faltantes de um individuo). Para a realização de tais serviços é necessária a presença de uma equipe composta por profissionais multidisciplinares especializados com o objetivo de possibilitar a reabilitação dos pacientes por meio de diversas áreas (SOMASUS, 2013). Cada paciente recebe tratamento individual, de acordo com sua patologia e as características particulares que influenciarão na reabilitação. Os profissionais responsáveis, juntamente com o paciente definem as metas a serem alcançadas com o tratamento, de acordo com os critérios identificados em cada caso particularmente. Assim como as metas, cada paciente tem um tempo específico de intervenção que pode implicar em casos de internamento dependendo da gravidade da situação (REABILITAÇÃO, 2015). Grande parte das pessoas que necessitam de algum tipo de reabilitação lida com inúmeras barreiras sociais e profissionais, em função do preconceito ou da falta de acesso a variadas atividades e muitos destes adquiriram a deficiência através de doenças e acidentes, passando por diversos tratamentos e procedimentos cirúrgicos que podem se tornar experiências traumáticas e prejudicar a saúde mental das mesmas. Em função disto, o trabalho conjunto entre a terapia física e o apoio psicológico dentro de um centro de reabilitação torna-se muito importante para a obtenção de resultados positivos no tratamento dos pacientes e na inserção ou reinserção dos mesmos ao meio em que convivem (REABILITAÇÃO, 2015). O ambiente de um centro de reabilitação deve conter uma estrutura adequada ao tratamento, prevenção, educação e inclusão profissional e social das pessoas com deficiência. Onde cada zona deve ser composta com os artifícios necessários exclusivos para seu funcionamento, levando em consideração pontos como conforto, salubridade e segurança (SANTOS; BURSZTYN, 2004). A reabilitação é uma ciência que está em constante transformação e frequentemente surgem novas tecnologias e meios de tratamento diferenciados que podem ser aplicados ao processo de um paciente. Visando os avanços

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cientifico-tecnológicos, um centro de reabilitação deve estar preparado, estrutural e profissionalmente, para receber de forma flexível diversas novas formas e métodos de tratamento, em função do alcance das metas previstas para cada paciente e a obtenção dos melhores resultados possíveis (REABILITAÇÃO, 2015). Uma unidade de reabilitação tem o papel significativo de integrar ou reintegrar indivíduos no circulo social em que estes estão inseridos, além de trabalhar suas necessidades físicas para superar as suas limitações e atingir a cidadania plena. Uma estrutura apropriada que ofereça variadas formas de promover progresso na intervenção dos pacientes levando em consideração seu bemestar torna-se indispensável para estabelecimentos desta categoria.

2.1.1 Perfil do paciente Os centros de reabilitação podem receber pacientes de qualquer faixa etária que possuam alguma incapacidade, uma modalidade de deficiência ou deficiências múltiplas associadas, sejam elas congênitas ou adquiridas após doenças ou acidentes. Alguns dos casos mais comuns de acidentes e situações externas que podem deixar sequelas posteriormente se tornando uma deficiência são: sufocação, afogamento, acidentes na gestação ou parto, acidentes de trânsito, quedas, acidentes de trabalho e violência (REABILITAÇÃO, 2015).

Entende-se por deficiência física a alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, neurológica e/ou sensorial, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções (Decreto nº 5.296/04, art. 5º, §1º, I, "a", c/c Decreto nº 3.298/99, art. 4º, I).

Com os avanços tecnológicos e o aumento da expectativa de vida, o número de pessoas com algum tipo de incapacidade ou deficiência vem aumentando simultaneamente, em função da evolução médico-cirúrgica, que permite a sobrevivência de pessoas de varias idades que sofreram acidentes ou outras situações que podem deixar sequelas (CAMBIAGHI, 2007). Os pacientes são encaminhados aos centros de reabilitação e devem apresentar um relatório médico contendo o diagnóstico, o tratamento realizado

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e as condições atuais, para que os profissionais possam identificar e avaliar o reabilitando de forma a detectar a forma mais adequada de tratamento e as metas a serem alcançadas para obter os melhores resultados. É importante que o profissional proponha metas possíveis ao reabilitando e não exija o inatingível, para evitar a frustração do paciente, dos familiares e da própria equipe de trabalho, orientando sobre o custo emocional que a deficiência impõe e mostrando que é possível lidar com as adversidades e viver de maneira digna (REABILITAÇÃO, 2015). Qualquer pessoa, de qualquer faixa etária, está suscetível a situações em que a reabilitação possa se tornar necessária. Prever espaços adequados com a estrutura necessária para comportar profissionais capacitados e seguimentos de tratamento convenientes torna-se indispensável para o planejamento da assistência a saúde da população.

2.1.2 Profissionais e áreas envolvidas Para o funcionamento de um centro de reabilitação é preciso ter uma grande equipe de profissionais de diversas áreas e com especializações especificas para cada método de reabilitação a disposição. Ás áreas de atuação em que a reabilitação está presente são diversificadas e estão em constante transformação, assim os profissionais necessitam trabalhar conjuntamente e interdisciplinarmente com outros profissionais na busca constante pelo aperfeiçoamento técnico para a realização de um trabalho satisfatório (REABILITAÇÃO, 2015). Muitas das áreas da reabilitação utilizam procedimentos não cirúrgicos e não farmacológicos para a realização do tratamento dos pacientes, dispondo de mecanismos terapêuticos sistematizados pelas diversas ciências disponíveis. Entre as áreas constituintes da reabilitação estão a fisioterapia, a terapia ocupacional, a fonoaudiologia, a pedagogia, a psicologia, a enfermagem e a medicina que utilizadas em conjunto podem promover a prevenção, avaliação, diagnostico, orientação, terapia, e o aprimoramento dos aspectos das atividades humanas para tratar e atenuar as incapacidades motoras, visando a adaptação do individuo dentro de suas reais condições psicofísicas (REABILITAÇÃO, 2015). De acordo com o Ministério da saúde, um centro de reabilitação deve conter minimamente a presença dos seguintes profissionais, para a realização de um trabalho adequado:

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Tabela 01 – Profissionais e suas funções na unidade de reabilitação.

PROFISSIONAL

FUNÇÃO

Fisiatras

Médico especialista em fisiatria ou medicina física e de reabilitação, responsável pela avaliação e tratamento dos pacientes.

Enfermeiros

Auxiliam no processo de reabilitação através de cuidados e orientações aos pacientes e aos seus familiares.

Fisioterapeutas

Visa a reestruturação, desenvolvimento e conservação da capacidade física dos pacientes

Terapeutas ocupacionais

Fonoaudiólogos

Promovem o reestabelecimento e alcance do máximo de funcionalidades aos pacientes, visando a sua independência na prática de suas atividades diárias, sociais, profissionais e de lazer. Promove a estimulação e tratamento dos transtornos da fala e da linguagem, além de proporcionar a habilitação das funções estomatognásticas (mastigação, deglutição, sucção e respiração).

Secretárias clínicas

Auxiliam no atendimento e orientação dos pacientes e funcionários.

Auxiliares de acção médica

Presta apoio em procedimentos profissionais da saúde.

Assistentes sociais

Presta serviços em função de questões sociais, nas políticas sociais públicas, privadas e nas organizações não governamentais.

Psicólogos

Concede apoio psicológico aos pacientes na realização de suas atividades.

Nutricionistas

Orienta e desenvolve um plano alimentar individual aos pacientes, objetivando um maior progresso em relação ao seu tratamento.

realizados

pelos

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na Cartilha SOMASUS, 2013.

Com o trabalho conjunto destes profissionais é possível criar métodos próprios de tratamento dentro de um centro de reabilitação, objetivando os melhores resultados no tratamento dos pacientes. Para isso é necessário prever espaços de apoio à pesquisa e desenvolvimento de novas técnicas, assim como prever áreas para futuras ampliações para comportar os métodos adotados.

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2.3.1 Técnicas de Reabilitação De acordo com o Ministério da Saúde o processo de Reabilitação segue os critérios esquematizados na figura 1. Figura 1 – Processo de reabilitação esquematizado.

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na Cartilha SOMASUS, 2013.

Após estes procedimentos, o profissional define quais serão as áreas de tratamento e terapia especializadas que o paciente necessitará para alcançar as metas previstas (SAÚDE, 2013). Tabela 02 – Áreas de atuação da reabilitação

MÉTODOS DE REABILITAÇÃO Fisioterapia

Terapia Ocupacional

Hidroterapia

Terapia Esportiva

Equoterapia

Fonoaudiologia

Psicologia

Serviço Social

Ludoterapia e Arte-terapia

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na cartilha Saúde sem limite, 2013.

Todas as áreas de atuação da reabilitação necessitam de espaços apropriados para a realização das atividades propostas, assim como ambientes de apoio, respeitando as normas regentes e os conceitos de acessibilidade e desenho universal para que os ambientes sejam capazes de comportar suas designações de forma funcional.

2.2 LEGISLAÇÕES O Ministério da Saúde, que tem como um de seus objetivos principais promover melhorias no serviço de saúde oferecido, determinou através da Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990 que uma das atribuições do Sistema

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Único de Saúde (SUS) seria a elaboração de normas técnicas e o estabelecimento de padrões de qualidade e parâmetros de custos, bem como a realização de pesquisas e estudos na área da Saúde. A partir disto, o SUS elaborou as cartilhas SOMASUS, que determinam parâmetros para a concepção de projetos arquitetônicos de estabelecimentos assistenciais de saúde, que indicam fatores como localização, restrições e dimensionamento de ambientes, seguindo as normas e critérios impostos pela ANVISA e pela ABNT.

2.2.1 Localização As unidades de reabilitação podem ser apresentadas como um serviço de saúde especializado (clínicas, hospitais e centros especializados) ou, ainda, ser parte de um estabelecimento assistencial de saúde (EAS). No caso da implantação de uma unidade de saúde especializada, como um centro de reabilitação, é preciso considerar os elementos e as condicionantes do local onde o mesmo será implantado. Muitos aspectos necessitam ser analisados na escolha do local de implantação de um estabelecimento desse tipo. É preciso identificar a abrangência populacional do serviço e a acessibilidade do edifício em relação aos bairros ou municípios vizinhos, além das condicionantes ambientais do terreno, como ventilação, insolação e topografia (SOMASUS, 2013). Para que haja qualidade na realização das atividades dentro de ambiente assistencial de saúde, a proximidade com sedes de corpos de bombeiro, aeroportos, clubes e outros estabelecimentos que produzem ruído constante deve ser evitada, assim como indústrias poluentes ou de alto risco, depósitos de resíduos sólidos ou produtos tóxicos e perigosos. Locais de forte apelo emotivo, como cemitérios também podem ser evitados para que não despertem reações indesejadas nos pacientes. Quando existir proximidade a rodovias ou ruas ruidosas, é necessária a adoção de barreiras acústicas como vegetação no entorno e proteções sonoras nas esquadrias (CARVALHO, 2004). Outro fator importante que deve ser levado em consideração na implantação de um estabelecimento assistencial desta categoria é a sua proximidade com a comunidade circundante. Para que a inserção ou reinserção da pessoa com deficiência no contexto social aconteça, a integração com a comunidade durante o tratamento é essencial, portanto a localização do estabelecimento deve ter proximidade dos centros urbanos e permitir a relação sociocultural com os mesmos (SOMASUS, 2013). De acordo com a RDC n° 50/02 (ANVISA, 2004), o projeto de uma edificação deve permitir a execução das demandas internas sem acarretar interferências negativas nas características ambientais externas. Isso significa que, ao se implantar um serviço de saúde em uma determinada localidade, é necessário

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averiguar se a implantação do serviço não irá originar um aumento expressivo no fluxo de veículos e pessoas que possa causar uma sobrecarga ao sistema viário. Além de verificar se as atividades prestadas dentro do estabelecimento não acarretarão em problemas no funcionamento dos serviços de abastecimento de água, esgoto, energia, e outras questões urbanas.

2.2.2 Restrições Além dos parâmetros da escolha do local de implantação, a RDC n° 50/02 aponta que em estabelecimentos desta categoria devem ser observados aspectos técnicos, visando atender o conceito de acessibilidade do edifício presente na NBR- 9.050, 2015, proporcionando a fácil circulação de pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, assim como a de cadeiras de rodas e macas, livres de barreiras ou obstáculos. De acordo com a NBR- 9.050, rampas só deverão ser utilizadas como único meio de circulação vertical quando vencerem no máximo dois pavimentos independentemente do andar onde se localiza. O número de lances é livre quando a edificação conta com elevadores para pacientes complementando o fluxo. As rampas devem ter inclinação entre 5% e 6% por se tratar de um ambiente com grande fluxo de pessoas com mobilidade reduzida ou portadoras de deficiências, contendo corrimão duplo que possibilite o apoio e o deslizamento da mão para auxiliar nos deslocamentos, largura mínima de 1,50m para o transito de pacientes e 1,20m para serviços e funcionários. Também devem ser previstas áreas de descanso nos patamares, a cada 50 m de percurso como mostra a figura 2 (ANVISA, 2004). Figura 2 – Dimensionamento de rampas.

Fonte: NBR- 9.050, 2015.

Edificações acima de três pavimentos necessitam de elevadores para respeitar os parâmetros estabelecidos para as rampas, devendo atender a norma da

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ABNT NBR-13.994 - Elevadores para transporte de pessoas portadoras de deficiência. Devendo ter dimensões mínimas de 1,30m por 1,75m permitindo o giro da cadeira e conter uma porta de 0,90m. A quantidade de pavimentos da edificação é livre desde que atenda as normas instituídas para a circulação vertical e pelo corpo de bombeiros (ANVISA, 2004). Figura 3 – Dimensionamento de elevadores.

Fonte: NBR-13.994, 2015.

Os corredores devem apresentar corrimão duplo e largura mínima de 2,00 m para os maiores de 11,0m de extensão e 1,20m para os demais, podendo ser utilizados como áreas de espera e contar com mobiliários e equipamentos contanto que não reduzam a largura mínima estabelecida e não obstruam o tráfego (ANVISA, 2004). As portas devem conter vão livre de 1,10m e maçanetas do tipo alavanca. Rampas de acesso devem ser aplicados em todos os desníveis acima de 5mm situados nas áreas comuns de circulação e de acesso a pacientes, bem como nas de ingresso à edificação. Os sanitários necessitam ser adaptados, contendo boxe para bacia sanitária, bacia sanitária, bidê, chuveiro e ducha, banheira, lavatório, mictório, vestiário, bancos, armários, cabinas, acessórios sanitários, entre outros (SOMASUS, 2013). Por se tratar de ambientes voltados para um público portador de necessidades especiais, é imprescindível que a unidade de reabilitação respeite estes parâmetros para o seu funcionamento, sendo também necessária a adoção das outras condições de acessibilidade e do desenho universal, presentes na NBR- 9.050, 2015, na concepção da edificação, dos espaços e do mobiliário.

2.2.3 Caracterização dos usuários

A ANVISA, por meio da Norma para Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, RDC n° 50/02, agrupa as atividades de reabilitação dentro da atribuição “4) Apoio ao diagnóstico e à terapia”, sendo esta, responsável pelo desenvolvimento de atividades de reabilitação em pacientes

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externos e internos de todas as faixas etárias que apresentam alguma, incapacidade, desvantagem, dificuldade ou limitação física para a realização das suas atividades. O decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004, que regulamenta as prioridades e estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com mobilidade reduzida e portadoras de deficiência, agrupa e define especificadamente as formas como as deficiências ou limitações podem surgir. As condições cujo atendimento é direcionado à reabilitação motora são:

I. Pessoa portadora de deficiência: a que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade e se enquadra nas seguintes categorias: - Deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; - Deficiência múltipla: associação de duas ou mais deficiências. [...] II. Pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, não se enquadrando no conceito de pessoa portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção. (BRASIL, 2014, p.01).

A diversidade de formas em que as limitações físicas podem se apresentar cria uma complexidade na determinação de parâmetros para as pessoas com estas características, no entanto é possível estabelecer grupos com condições similares:

I. Usuários de cadeira de rodas: pessoas que precisam de cadeira de rodas para executar suas atividades de forma autônoma ou com ajuda de terceiros; II. Dificuldade ambulatória parcial: pessoas que apresentam dificuldade ao executar determinados movimentos contam ou não com a ajuda de aparatos ortopédicos, muletas, bengalas, etc. (CAMBIAGHI, 2007, p. 28).

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O Ministério da Saúde organiza a rede de serviços de saúde incorporando a atenção à pessoa portadora de deficiência separando os pacientes em níveis de atendimento:

1. Primário: realizar ações de prevenção primária e secundária, bem como ações básicas de reabilitação com vistas a favorecer a inclusão social; 2. Secundário: prestar tratamento em reabilitação para os casos referendados, mediante atuação de profissional especializado para tal e utilização de tecnologia apropriada (tais como fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, avaliação e acompanhamento do uso de órteses e próteses, entre outros); 3. Terciário: prestar atendimento ambulatorial e hospitalar aos casos de reabilitação cujo momento da instalação da incapacidade e cujos tipo e grau justifiquem uma intervenção mais frequente e intensa, requerendo, portanto, tecnologia de alta complexidade e recursos humanos especializados (SOMASUS, 2006, p.19).

Além dos pacientes é preciso planejar espaços voltados para os funcionários que também são usuários da unidade, e tem necessidades próprias que precisam ser atendidas. O serviço de Reabilitação física necessita de um coordenador e um responsável técnico, com nível superior, devidamente capacitados, que deverão dimensionar a sua equipe multiprofissional de acordo com os parâmetros exibidos na tabela 03: Tabela 03 – Equipe técnica mínima a ser integrada.

EQUIPE TÉCNICA MÍNIMA Médico

Enfermeiro

Fisioterapeuta

Terapeuta ocupacional

Fonoaudiólogo

Psicólogo

1

1

3

2

1

1

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na Portaria GM 793 de 24 de abril de 2012 e Portaria GM 835 de 25 de abril de 2012.

Os demais profissionais da saúde podem ser integrados a equipe de acordo com o programa de atendimento oferecido pelo estabelecimento, considerando também o número de pacientes que a unidade irá atender. Funcionários da administração, apoio, pesquisa e manutenção devem ser integrados ao complexo seguindo o mesmo conceito de demanda por serviços.

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2.2.4 Atribuições de estabelecimentos de reabilitação Segundo a ANVISA, através da RDC nº 50/02, um ambiente assistencial de saúde possui oito atribuições que se desdobram em atividades e subatividades que são geradoras ou configuram os ambientes como mostrado na figura 4. Figura 4 – Atribuições das unidades assistenciais de saúde.

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na RDC nº 50, 2002.

Dentre as atribuições indicadas para um EAS, se aplicam para um estabelecimento destinado reabilitação física as categorias 1, 4, 5, 6, 7 e 8, apresentando as seguintes atividades:

1- Prestação de atendimento eletivo de promoção e assistência à saúde em regime ambulatorial e de hospital-dia - atenção à saúde incluindo atividades de promoção, prevenção, vigilância à saúde da comunidade e atendimento a pacientes externos de forma programada e continuada; 3- Prestação de atendimento de assistência à saúde em regime de internação- atendimento a pacientes que necessitam de assistência direta programada por período superior a 24 horas (pacientes internos); 4- Prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e terapiaatendimento a pacientes internos e externos em ações de apoio direto ao reconhecimento e recuperação do estado da saúde (contato direto); 5- Prestação de serviços de apoio técnico- atendimento direto a assistência à saúde em funções de apoio (contato indireto); 6- Formação e desenvolvimento de recursos humanos e de pesquisaatendimento direta ou indiretamente relacionado à atenção e assistência à saúde em funções de ensino e pesquisa;

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7- Prestação de serviços administrativa- atendimento administrativas;

de apoio à gestão e execução ao estabelecimento em funções

8- Prestação de serviços de apoio logístico - atendimento ao estabelecimento em funções de suporte operacional. As quatro primeiras são atribuições fim, isto é, constituem funções diretamente ligadas à atenção e assistência à saúde. As quatro últimas são atribuições meio para o desenvolvimento das primeiras e de si próprias (ANVISA, 2002).

Para que um estabelecimento de reabilitação seja capaz de atender a essas atividades, deve contar com uma infraestrutura adequada e ambientes destinados a realização desses serviços que respeitem as especificações técnicas, além de uma setorização que considere e valorize o fluxo dos usuários.

2.3 AMBIÊNCIA As atribuições destinadas a um centro de reabilitação geram ambientes dedicados à realização de tais ofícios e também espaços de apoio para as atividades praticadas. Essas atribuições podem ser separadas em três setores gerais para simplificação da concepção do projeto, como mostra a tabela 04. Tabela 04 – Atribuições separadas por setores.

ATRIBUIÇÃO

SETOR

1. Atendimento em regime ambulatorial e hospital-dia.

Ambulatório

3. Atendimento em regime de internação 4. Apoio ao diagnóstico e terapia.

Reabilitação

5. Apoio técnico 6. Ensino e pesquisa 7. Apoio administrativo

Administração e apoio

8. Apoio logístico Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na RDC nº 50, 2002.

O setor ambulatorial é composto pelos consultórios de atendimento, onde acontece o atendimento assistencial, avaliações e elaboração de diagnósticos. O setor de reabilitação agrega todos os ambientes voltados a elaboração de atividades terapêuticas, incluindo a oficina ortopédica, local voltado para a produção e manutenção de próteses e órteses. E o setor de administração e apoio comporta todos os ambientes de gerenciamento, pesquisa e serviços,

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agregando também as áreas de recepção e registro de pacientes, além de incorporar a área de conforto e higiene dos funcionários (SAÚDE, 2013). A composição individual dos ambientes destes setores produzem determinados efeitos que influenciam diretamente nos processos de trabalho e nas relações de convivência do espaço. Portanto, o projeto do espaço necessita ser pensado além dos aspectos físicos, funcionais e normativos, levando em consideração conceitos de humanização, inclusão, fluxos e autonomia de trabalhadores, usuários e familiares.

2.3.1 Fluxo e setorização De acordo com a cartilha SOMASUS, o fluxo de pacientes e a setorização de uma unidade de reabilitação são definidos de acordo com o tipo de estabelecimento. O fluxo de pacientes nesses setores obedece ao esquema proposto na figura: Figura 5 – Setores e fluxos do centro de reabilitação.

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na Cartilha SOMASUS, 2013.

O fluxo pode variar de acordo com a complexidade do projeto, considerando o público e os serviços oferecidos. Para que a composição dos fluxos entre os setores e ambientes seja funcional, é necessário prever os espaços que serão abertos ao público e os que terão acesso restrito a funcionários, planejando a melhor localização dos ambientes, promovendo a proximidade entre os que se relacionam evitando o desgaste dos usuários (SAÚDE, 2013). Através do estudo do fluxo entre os espaços é possível estabelecer uma setorização mais eficaz dos ambientes presentes na programação arquitetônica, mantendo as áreas do setor administrativo, com acesso restrito aos funcionários, mais distantes das áreas assistenciais, e estas mais próximas das áreas de recepção e registro, assim como das áreas voltadas à terapia, aproveitando melhor o uso dos espaços de forma funcional.

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2.3.2 Programação arquitetônica A estrutura física de uma unidade de reabilitação dentro de um estabelecimento assistencial a saúde, tanto no sistema de saúde público quanto no privado, deve atender às especificações técnicas previstas na Resolução da Diretoria Colegiada n°50/2002 da ANVISA. De acordo com essa norma, a reabilitação pode ser composta pelos seguintes ambientes: Tabela 05 – Ambientes básicos de uma unidade de reabilitação integrada

SETOR

Ambulatório

Reabilitação

AMBIENTE

ÁREA MÍN. (M²)

Consultório de terapia ocupacional

7,50

Consultório de fonoaudiologia

7,50

Box de terapias

2,40

Sala para turbilhão

7,2*

Piscina

150,0*

Salão para cinesioterapia e mecanoterapia

45,4*

Sala de terapia ocupacional - consulta de grupo

20,0

Sala de psicomotricidade e ludoterapia

20,0

*: A depender do equipamento utilizado. Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na RDC nº 50, 2002; Cartilha SOMASUS, 2013; Cartilha Saúde sem limite, 2013.

Para que a unidade funcional de reabilitação se configure como uma unidade física independente, deve apresentar serviços fisioterapêuticos em sua composição e devem ser acrescentados ao programa arquitetônico alguns ambientes de apoio: Tabela 06 – Ambientes básicos de uma unidade de reabilitação independente

SETOR

AMBIENTE

Área de registro de pacientes

Administrativo e Apoio

Ambulatório

ÁREA MÍN. (M²)

6,0

Sala de espera de pacientes e acompanhantes

24,3*

Sala administrativa

10,0

Área para guarda de macas e cadeiras de rodas

15,0

Depósito de equipamentos

10,0

Copa/refeitório

20,0

Sanitários com vestiários para pacientes

10,0

Rouparia

4,0

Depósito de material de limpeza

2,0

Consultório de fisioterapia

7,50

*: A depender do equipamento utilizado. Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na RDC nº 50, 2002; Cartilha SOMASUS, 2013; Cartilha Saúde sem limite, 2013.

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Além dos espaços indicados pela RDC n°50/2002, a cartilha SOMASUS e a Cartilha Saúde sem limite sugerem a incorporação de alguns ambientes ao programa arquitetônico das unidades físicas de reabilitação: Tabela 07 – Ambientes de apoio de uma unidade de reabilitação independente

SETOR

ÁREA MIN. (M²)

AMBIENTE

Depósito de lixo

3,00

Abrigo de resíduos sólidos

3,00

Sanitários com vestiários para funcionários

10,0

Fraldário Administrativo Almoxarifado e Apoio Sala de arquivo

4,0 15,0 10,0

Sala de Ensino

Ambulatório

1,3 aluno

Auditório

1,2/pessoa

Biblioteca

*

Sala de triagem médica e/ou de enfermagem

8

Oficina ortopédica de órteses e próteses Reabilitação

Farmácia (área de armazenamento dispensação de medicamentos).

130,0* e

*

*: A depender do equipamento utilizado. Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na Cartilha SOMASUS, 2013; Cartilha Saúde sem limite, 2013.

Ainda que existam parâmetros para a concepção de ambientes comuns a cada tipo de serviço de reabilitação, algumas variantes implicam uma programação arquitetônica específica para cada caso. O público-alvo, bem como as atividades terapêuticas desenvolvidas devem ser consideradas na composição da estrutura física, assim como a flexibilidade dos ambientes e a possibilidade de ampliação para o recebimento de novas técnicas de reabilitação.

2.3.3 Dimensionamento dos ambientes Para o planejamento dos ambientes deve-se utilizar os conceitos de desenho universal e acessibilidade presentes na NBR 9.050, para estabelecer espaços de uso democrático onde todos os usuários podem realizar suas atividades sem dificuldade. Para isso é necessário eliminar barreiras físicas e comunicacionais e respeitar as capacidades individuais, atendendo adequadamente aos usuários independentemente de suas limitações. É de grande importância promover o menor desgaste físico, mental e emocional

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possível, garantindo ergonomia e considerando a flexibilidade dos espaços, capacidades e funcionalidade dos usuários (SAÚDE, 2013). A cartilha SOMASUS, apresenta em sua extensão, alternativas de layouts e fluxos de trabalho para os ambientes indicados pela RDC n°50/2002, e caracteriza aspectos relativos aos ambientes que devem estar presentes nas unidades de saúde, como atividades, dimensionamento, equipamentos e outros. Os ambientes presentes em um estabelecimento de reabilitação devem seguir estes parâmetros.

2.3.3.1 Administração e apoio - Sala de espera e recepção Área destinada à recepção dos pacientes e acompanhantes, que conta com espaço para o aguardo do momento de atendimento dos mesmos (SOMASUS, 2013).

Tabela 08 – Dimensionamento, sala de espera e recepção

SALA DE ESPERA E RECEPÇÃO. Área mínima 3,00m² por poltrona Área média 24,30m² Mobiliário E013 - cadeira de rodas

Figura 6

Acesso Ventilação Iluminação

E040 - bebedouro E043 - impressora E054 - microcomputador E078 - televisor M004 - balde cilíndrico porta detritos com pedal M006 - Cadeira M009 - Cesto de lixo M012 - Mesa para impressora M013 - Mesa para microcomputador M015 - Mesa tipo escritório com gavetas M019 - Cadeira giratória com braços M056 - Longarina Portas com vão mínimo de 0,80 x 2,10. Podem ser utilizadas ventilação e exaustão direta ou indireta Podem ser utilizadas iluminação natural ou artificial. - 200 a 300 lux-geral.

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na Cartilha SOMASUS, 2013.

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- Área para registro de pacientes Ambiente que compõe o apoio administrativo e é destinado ao recebimento e registro dos pacientes, assim como a emissão de laudos dos procedimentos realizados (SOMASUS, 2013). Tabela 09 – Dimensionamento, área de registro de pacientes

ÁREA PARA REGISTRO DE PACIENTES Área mínima 6,00m² Área média 15,85m² Mobiliário E043 - Impressora

Figura 7

Acesso Ventilação Iluminação

E054 - Microcomputador M002 - Armário M004 - Balde cilíndrico porta-detritos com pedal M006 - Cadeira M009 - Cesto de lixo M012 - Mesa para impressora M013 - Mesa para microcomputador M015 - Mesa tipo de escritório com gavetas M019 - Cadeira giratória com braços M026 - Mesa de trabalho tipo bancada M035 - Balcão de atendimento Portas com vão mínimo de 0,80 x 2,10. Podem ser utilizadas ventilação e exaustão direta ou indireta Podem ser utilizadas iluminação natural ou artificial. - 200 a 500 lux-geral.

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na Cartilha SOMASUS, 2013.

2.3.3.2 Ambulatório - Consultório de terapia ocupacional Ambiente atribuído à prática de terapia ocupacional de forma individualizada, além do desenvolvimento de avaliações dos pacientes e emissão de relatórios das terapias realizadas (SOMASUS, 2013). Tabela 10 – Dimensionamento, consultório de terapia ocupacional

CONSULTÓRIO DE TERAPIA OCUPACIONAL Área mínima 7,50m². Área média 10,80m².

Mobiliário

Acesso Ventilação Figura 8

Iluminação Estrutura necessária

E030 - Escada com dois degraus E052 - Mesa para exames M004 - Balde cilíndrico porta-detritos com pedal (E054 - Microcomputador; E043 - Impressora; M006 - Cadeira; M012 - Mesa para impressora; M013 - Mesa para microcomputador; M015 - Mesa tipo de escritório com gavetas; M019 - Cadeira giratória com braços; M002 – Armário). Portas com vão mínimo de 0,80 x 2,10. Podem ser utilizadas ventilação e exaustão direta ou indireta Podem ser utilizadas iluminação natural ou artificial. - 150 a 300 lux-geral. Iluminação artificial especial no campo de trabalho - 300 a 750 lux. Lavatório para as mãos.

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na Cartilha SOMASUS, 2013.

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- Consultório de fonoaudiologia Ambiente designado ao desenvolvimento de terapia por meio da fonoaudiologia de forma individualizada, bem como avaliação do paciente e emissão de relatório das atividades realizadas (SOMASUS, 2013). Tabela 11 – Dimensionamento, consultório de fonoaudiologia

CONSULTÓRIO DE FONOAUDIOLOGIA Área mínima Área média

Mobiliário

Acesso Ventilação Iluminação

Figura 9

Estrutura necessária

7,50m². 8,95m² E014 - Cadeira otorrinológica M005 - Cadeira giratória/mocho M004 - Balde cilíndrico porta-detritos com pedal (E054 – Microcomputador; E043 – Impressora; M006 – Cadeira; M012 - Mesa para impressora; M013 - Mesa para microcomputador; M015 - Mesa tipo de escritório com gavetas; M019 - Cadeira giratória com braços; M023 - Quadro de avisos). Portas com vão mínimo de 0,80 x 2,10. Podem ser utilizadas ventilação e exaustão direta ou indireta Podem ser utilizadas iluminação natural ou artificial. - 150 a 300 lux-geral. Iluminação artificial especial no campo de trabalho - 300 a 750 lux. Lavatório para as mãos.

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na Cartilha SOMASUS, 2013.

- Consultório fisioterapia Ambiente atribuído ao desenvolvimento de atividades fisioterapêuticas de forma individualizada, além do desenvolvimento de avaliações dos pacientes e emissão de relatórios dos procedimentos realizados (SOMASUS, 2013). Tabela 12 – Dimensionamento, consultório de fisioterapia

CONSULTÓRIO DE FISIOTERAPIA Área mínima Área média

Mobiliário

Acesso Ventilação Figura 10

Iluminação Estrutura necessária

7,50m². 10,80m² E030 - Escada com dois degraus E052 - Mesa para exames M004 - Balde cilíndrico porta-detritos com pedal (E054 - Microcomputador; E043 - Impressora; M006 - Cadeira; M012 - Mesa para impressora; M013 - Mesa para microcomputador; M015 - Mesa tipo de escritório com gavetas; M019 - Cadeira giratória com braços; M002 – Armário). Portas com vão mínimo de 0,80 x 2,10. Podem ser utilizadas ventilação e exaustão direta ou indireta Podem ser utilizadas iluminação natural ou artificial. - 150 a 300 lux-geral. Iluminação artificial especial no campo de trabalho - 300 a 750 lux. Lavatório para as mãos.

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na Cartilha SOMASUS, 2013.

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2.3.3.3 Reabilitação: - Box de Terapias De acordo com a cartilha SOMASUS o box de terapias é um espaço dedicado a realização de procedimentos por meio da fisioterapia por intermédio de meios físicos com a realização de técnicas de termoterapia e eletroterapia nos pacientes de forma individualizada. Tabela 13 – Dimensionamento, Box de terapias

BOX DE TERAPIAS Área mínima Área média Mobiliário Acesso Ventilação Iluminação Figura 11

Estrutura Necessária

2,40m² com dimensão mínima = 1,20m ( cada ). Ao menos um dos boxes deve possuir dimensão mínima = 1,50m. 3,80. E030 - Escada com dois degraus E052 - Mesa para exames M004 - Balde cilíndrico porta detritos com pedal M010 - Mesa de cabeceira Portas com vão mínimo de 1,10 x 2,10. Podem ser utilizadas ventilação e exaustão direta ou indireta Podem ser utilizadas iluminação natural ou artificial. - 150 a 300 lux-geral. Lavatório para as mãos.

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na Cartilha SOMASUS, 2013.

- Sala para Turbilhão Ambiente destinado à prática de procedimentos de hidroterapia utilizando-se aparelhos como o turbilhão ou o tanque de Hubbard, ambos permitem o tratamento fisioterápico através da agitação da água num recipiente no qual são colocados os membros do paciente. Enquanto o turbilhão permite a imersão apenas dos braços ou das pernas, o tanque de Hubbard propicia a imersão do corpo inteiro (SOMASUS, 2013). Tabela 14 – Dimensionamento, sala para turbilhão

SALA PARA TURBILHÃO Área mínima Área média Mobiliário Acesso Ventilação Iluminação Figura 12

Estrutura Necessária

A depender da dimensão do equipamento utilizado. 7,20m². E075 - Suporte de hamper E273 - Cadeira para turbilhão E281 - Turbilhão para membros inferiores M004 - Balde cilíndrico porta detritos com pedal M008 - Balcão com pia M024 - Cadeira universitária Portas com vão mínimo de 0,80 x 2,10. Podem ser utilizadas ventilação e exaustão direta ou indireta Podem ser utilizadas iluminação natural ou artificial. - 150 a 300 lux-geral. Bancada com pia de lavagem. Água fria, água quente – pia/lavatório para as mãos.

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na Cartilha SOMASUS, 2013.

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- Piscina Ambiente individual ou coletivo destinado à realização de procedimentos de hidroterapia. A piscina proporciona a imersão do paciente, acompanhado pelo médico ou técnico responsável, para desenvolvimento de exercícios e atividades terapêuticas. O espaço deve ser adaptado para o público-alvo a que se destina, dessa forma, precisa conter rampas para acesso de cadeirante e barras de apoio nas bordas laterais (SOMASUS, 2013). Tabela 15 – Dimensionamento, piscina

PISCINA Área mínima Área média Mobiliário Acesso Ventilação Iluminação Relação Funcional

A depender do equipamento utilizado. 149,80m². M002 - Armário M055 - Mesa de uso geral Piso antiderrapante no entorno, rampa de acesso a piscina. Podem ser utilizadas ventilação e exaustão direta ou indireta Podem ser utilizadas iluminação natural ou artificial. - 100 a 200 lux-geral. Área para recepção e espera para paciente, doador, acompanhante de paciente.

Fonte: Desenvolvido peloautor com base na Cartilha SOMASUS, 2013.

Figura 13

-Sala de psicomotricidade e ludoterapia Ambiente destinado à Ludoterapia, processo psico-terapêutico voltado para o universo infantil. O objetivo da Ludoterapia é desenvolver os sentidos da criança, através de atividades lúdicas. A psicomotricidade desenvolve as funções físicas através da integração das e exercício das funções psíquicas (SOMASUS, 2013). Tabela 16 – Dimensionamento, sala de psicomotricidade e ludoterapia

SALA DE PSICOMOTRICIDADE E LUDOTERAPIA Área mínima Área média

Mobiliário

Acesso Ventilação Iluminação Figura 14

Estrutura Necessária

3,00m² por paciente com mínimo de 20,00m². 20,20m². E013 - Cadeira de rodas E264 - Tatame E288 - Barras de apoio E452 - Jogo de bolas bobath M002 - Armário M004 - Balde cilíndrico porta-detritos com pedal M055 - Mesa de uso geral Portas com vão mínimo de 0,80 x 2,10. Podem ser utilizadas ventilação e exaustão direta ou indireta Podem ser utilizadas iluminação natural ou artificial. - 150 a 300 lux-geral. Iluminação artificial especial no campo de trabalho - 300 a 750 lux. Lavatório para as mãos.

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na Cartilha SOMASUS, 2013.

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- Salão para cinesioterapia e mecanoterapia Ambiente atribuído à realização de procedimentos fisioterapêuticos envolvendo a movimentação do paciente com e sem a ajuda de aparelhos. O tratamento de cinesioterapia corresponde ao desenvolvimento de exercícios ativos ou passivos, para recuperação dos movimentos musculares. A mecanoterapia, no entanto, tem o intuito de desenvolver e restaurar a força muscular por meio do uso de aparelhos mecânicos, como halteres, molas, elásticos, polias, bolas, cama elástica, entre outros (SOMASUS, 2013). Tabela 17 – Dimensionamento, salão para cinesioterapia e mecanoterapia

SALÃO PARA CINESIOTERAPIA E MECANOTERAPIA Área mínima A depender do equipamento utilizado. Área média 45,40m². Mobiliário E010 - Biombo; E030 - Escada com degraus

Acesso Ventilação Iluminação Figura 15

Estrutura necessária

dois; E052 - Mesa para exames; E089 Rampa com degraus; E170 - Esteira ergométrica; E213 - Bicicleta ergométrica; E262 - Espelho de postura; E264 - Tatame E288 - Barras de apoio; E452 - Jogo de bolas bobath; M004 - Balde cilíndrico porta detritos; M006 – Cadeira. Portas com vão mínimo de 0,80 x 2,10. Podem ser utilizadas ventilação e exaustão direta ou indireta Podem ser utilizadas iluminação natural ou artificial. - 150 a 300 lux-geral. Iluminação especial no campo de trabalho - 300 a 750 lux. Bancada com pia de lavagem. Água fria, água quente – pia/lavatório para as mãos.

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na Cartilha SOMASUS, 2013.

-Consultório de terapia ocupacional em grupo. Ambiente atribuído ao desenvolvimento de atividades coletivas de terapia ocupacional além do desenvolvimento de avaliações dos pacientes e emissão de relatórios das terapias realizadas (SOMASUS, 2013). Tabela 18 – Dimensionamento, sala de terapia ocupacional em grupo

SALA DE TERAPIA OCUPACIONAL EM GRUPO Área mínima 2,20m² por paciente com mínimo de 20,00m². Área média 20,20m².

Mobiliário

Acesso Ventilação Iluminação Figura 16

Estrutura necessária

E013 - Cadeira de rodas; E264 – Tatame; E452 Jogo de bolas bobath; M055 - Mesa de uso geral M004 - Balde cilíndrico porta-detritos com pedal (E054 - Microcomputador; E043 – Impressora; M006 - Cadeira; M012 - Mesa para impressora; M013 - Mesa para microcomputador; M015 - Mesa tipo de escritório com gavetas; M019 - Cadeira giratória com braços; M002 – Armário). Portas com vão mínimo de 0,80 x 2,10. Podem ser utilizadas ventilação e exaustão direta ou indireta Podem ser utilizadas iluminação natural ou artificial. - 150 a 300 lux-geral. Iluminação artificial especial no campo de trabalho - 300 a 750 lux. Lavatório para as mãos.

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na Cartilha SOMASUS, 2013.

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- Oficina ortopédica de produção de órteses e próteses Ambiente destinado à confecção, adaptação e de manutenção de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção (OPM). Conta com espaços de avaliação do paciente, bem como, local de prova dos aparatos (SAÚDE, 2003). Figura 17 - Planta Baixa Oficina Ortopédica do Centro Catarinense de Reabilitação de Florianópolis

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na planta baixa disponibilizada pelo estabelecimento. Tabela 19 – Dimensionamento, oficina ortopédica.

OFICINA ORTOPÉDICA DE PRODUÇÃO DE ÓRTESES E PRÓTESES. Ambiente

Atividades

Espera Sala de avaliação OPMAL Box

Recepção e espera

Dimensões mín. (m²) 12,5

Avaliação individual das limitações do paciente para a elaboração de próteses adequadas a sua particularidade.

15,0

Troca de roupas e testes de próteses e órteses nos usuários.

7,0

Realizar adaptações e ajustes dos componentes de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção; Confecção e Oficina adaptação de calçados ortopédicos; Adaptação e manutenção de cadeira de rodas; Realizar solda e trabalho com metais.

25,0

Realizar a produção de componentes, encaixes e articulações de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção por meio de procedimentos mecânicos.

18,0

Realizar estocagem de gesso em pó, secagem e modelagem dos moldes confeccionados em gesso.

15,0

Realizar a montagem dos componentes de órteses e próteses.

10,0

Sala de maquinas Sala de moldes Sala de preparo

Realizar a selaria, tapeçaria, costura e acabamento de componentes de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção. Guarda de pertences, troca de roupa e higiene pessoal dos Vestiário funcionários.

Costura e forragem

15,0 10,0

Fonte: Desenvolvido pelo autor com base na Cartilha Saúde sem limite, 2013.

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As configurações e os fluxos apresentados refletem somente uma das diversas possibilidades de projeto do ambiente e sua relação com os outros ambientes que compõem os serviços. Cabe ao arquiteto conceber os espaços de forma que favoreça os usos e serviços desejados, obedecendo aos parâmetros apontados e considerando o conforto dos usuários.

2.4 A PRESENÇA DA ARQUITETURA NA REABILITAÇÃO Os ambientes de assistência a saúde recebem a difícil tarefa de contribuir positivamente no processo de recuperação dos pacientes. Os espaços de uma unidade desta tipologia devem ser confortáveis e acolhedores, empregando elementos que instiguem os sentidos e que favoreça a interação entre as pessoas e os espaços. Através do uso de cores, luzes, texturas, e elementos que despertem sensações positivas, além da oferta de boas condições de conforto térmico, acústico e luminoso, priorizando a iluminação e ventilação natural (SAÚDE, 2013). A forma como o ambiente arquitetônico é composto influencia diretamente sobre os usuários e as atividades produzidas no local. A arquitetura é uma das formas mais eficazes de promover interações entre usuários e espaço, por meio da aplicação de conceitos como humanização e a criação de espaços que provoquem alterações e efeitos sobre o usuário é possível promover maior qualidade e comodidade no espaço. 2.4.1 Humanização em ambientes terapêuticos A humanização de ambientes é um quesito que está cada vez mais presente em projetos de arquitetura. A relação entre usuário e espaço, proporcionada pela humanização, faz com que o ambiente arquitetônico seja pensado para propiciar bem-estar físico e emocional levando em consideração o uso funcional da edificação. (SANTOS; BURSZTYN, 2004).

Humanizar é resgatar a importância dos aspectos emocionais, indissociáveis dos aspectos físicos na intervenção em saúde. Humanizar é aceitar essa necessidade de resgate e articulação dos aspectos físicos e biológicos. Mais do que isso, humanizar é adotar uma prática em que profissionais e usuários consideram o conjunto dos aspectos físicos, subjetivos e sociais que compõem o atendimento à saúde. Humanizar refere-se, portanto, à possibilidade de assumir uma postura ética de respeito ao outro, de acolhimento do desconhecido e de reconhecimento dos limites. (PNHAH, 2001, P.52).

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A relação entre usuário e espaço na criação de ambientes humanizados deve começar a ser explorada desde a definição da volumetria da edificação, passando pela sua setorização interna, os fluxos e a relação entre os ambientes internos e externos. Além disso, a escolha de materiais e cores, o uso de uma iluminação adequada e o conforto visual e acústico devem ser trabalhados em harmonia integrando-se aos os avanços tecnológicos e gerando ambientes confortáveis e acolhedores com identidade e escala humana (SANTOS; BURSZTYN, 2004). Em ambientes voltados para cuidados com a saúde, o termo humanização está sendo ainda mais valorizado, tendo em vista que uma das maiores prioridades é o bem-estar dos pacientes, que influencia diretamente no andamento de sua recuperação. A aplicação do conceito de humanização em projetos de arquitetura voltados à saúde modifica o foco do atendimento, que anteriormente encarava o paciente como um conjunto de sintomas e patologias a serem estudadas e tratadas (figura 18), e passa a entender o usuário como parte de um contexto que abrange as circunstâncias sociais, éticas, educacionais, psíquicas e emocionais (figura 19), respeitando as individualidades de cada caso (SANTOS; BURSZTYN, 2004). Figura 18 – Corredor hospitalar sem humanização.

Figura 19 – Corredor hospitalar humanizado, utiliza cor, iluminação natural e vista externa.

Fonte: Tribuna do Norte (2013).

Fonte: BNA academie.

Os efeitos que um espaço pode provocar na mente e no corpo são fundamentais no processo de terapia, podendo estimular a recuperação motora dos pacientes, além de promover o seu bem-estar. A estrutura física do estabelecimento é de vital importância para o processo de reabilitação e deve ser desenhada para promover o desenvolvimento do mesmo, estimulando a participação do paciente e de sua família durante os procedimentos. É essencial que os usuários contem com o suporte de um ambiente confortável, acolhedor e ameno, usufruindo assim de um serviço de qualidade que além de promover a integração do paciente às atividades cotidianas oferece um suporte emocional para o tempo de reabilitação (SANTOS, BURSZTYN, 2004).

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Segundo o arquiteto brasileiro Lelé “Para curar um paciente é preciso primeiro curar sua cabeça, depois vem o corpo. Se você não tiver um paciente devidamente tratado psicologicamente é muito difícil ter uma cura integral”.

A humanização em ambientes assistenciais à saúde pode ser feita de diversas formas, através do uso de cores adequadas para cada ambiente, da integração dos espaços com o meio ambiente, ou dos espaços pensados para diferentes idades e capacidades. Para isso devem ser trabalhados artifícios como o aproveitamento da luz e da ventilação natural, com aberturas que permitam a visualização do céu e dos ambientes externos, com a presença de pátios e jardins de fácil acesso (figura 20). Além de uma iluminação apropriada e temperatura adequada nos ambientes internos, corredores curtos e largos, cores e texturas diferenciadas em paredes, pisos e tetos como mostra a figura 21 (MARCUS, FRANCIS, 1998). Figura 20 – Unidade de reabilitação integrada ao meio externo natural.

Figura 21 – Ambiente de terapia humanizado com uso de cores e iluminação natural.

Fonte: Sarah.

Fonte: Design curial (2014).

A neutralização da figura hospitalar no ambiente de reabilitação também é algo a ser trabalhado. Os espaços não devem fazer referência a hospitais, que podem se tornar uma representação de um passado doloroso para pacientes que passaram por diversos procedimentos médicos antes de chegar à etapa de terapia. Elementos como iluminação, revestimentos, mobiliários e cores devem ser empregados com cautela para que não remetam a ambientes hospitalares e causem sensações negativas aos usuários. Outros fatores como escala, simetria e divisão interna também devem ser executados com cuidado (SANTOS, BURSZTYN, 2004). Para promover maior conforto e comodidade aos pacientes, os ambientes de grande permanência precisam apresentar traços que despertem o imaginário dos usuários e possam ser relacionados aos elementos presentes em seus lares trazendo uma sensação de familiaridade ao espaço como demostra as figuras 22 e 23. Essa busca pela aproximação dos espaços a algo que remeta

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uma casa ou um lar contribui para que os pacientes se sintam acolhidos em momentos de dificuldade durante seu período de reabilitação (SANTOS, BURSZTYN, 2004). Figura 22 – Recepção humanizada com elementos familiares.

Figura 23 – Sala de espera humanizada com elementos familiares.

Fonte: Archdaily (2014).

Fonte: Archdaily (2015).

A possibilidade de intervenção nos ambientes também colabora na promoção do bem-estar dos pacientes. A relação entre usuário e espaço faz parte da individualidade e da identidade do mesmo, algo que pretende-se recuperar após traumas e experiências desagradáveis. Pequenas intervenções no ambiente podem despertar a sensação de apropriação do espaço, contribuindo para o desenvolvimento ou recuperação da personalidade do paciente (MARCUS, FRANCIS, 1998). A criação de ambientes humanizados em um centro de reabilitação influencia positivamente no processo de tratamento dos pacientes. O trabalho do arquiteto é compatibilizar os usos de forma harmoniosa, oferecendo aos ambientes reabilitação, convivência e permanência uma identidade. Podem ser utilizadas como ferramentas de projeto, as cores, texturas, e a iluminação natural, permitindo a visualização dos espaços externos, que podem contar com áreas de atividade ao ar livre e jardins terapêuticos integrados ao estabelecimento. A humanização dos ambientes deve oferecer conforto sem que haja perda ou dificuldade na funcionalidade do espaço, trabalhando a concepção de ambientes flexíveis que permitam uma adaptação de acordo com cada tipo de usuário.

2.4.2 Relação entre ambientes internos e externos Os procedimentos terapêuticos, em sua maioria, acontecem em espaços internos, por esse motivo é importante a criação de meios alternativos de conexão entre os ambientes. Vistas, terraços, e ambientes que permitem o contato direto com as áreas externas devem ser prioridade na concepção do projeto (figura 24). Espaços naturais dentro da edificação também são uma

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opção para integrar o espaço ao meio externo e contribuem para a concepção de um ambiente mais agradável, promovendo a sensação de bem estar nos usuários como mostra a figura 25 (COOPER; FRANCIS, 1997). Figura 24 – Área de convivência integrada ao terraço de hospital.

Figura 25 – Espaço central de hospital utilizado como pátio natural..

Fonte: Archdaily (2014).

Fonte: Dellchildrens (2015).

Os espaços externos de um complexo desta tipologia não devem conter barreiras, permitindo o acesso a todas as áreas para todos os usuários. É importante que exista diversidade entre usos dos espaços de convivência, pois oferece ao paciente a possibilidade de escolher entre socializar ou ter privacidade, além das atividades que quer praticar. Isto é importante para a recuperação do sentimento de controle em um momento onde a baixa autoestima e a sensação impotência são muito comuns ( L, ). Existem diversas possibilidades de ambientação para as áreas externas. É possível criar ambientes diferenciados, que se integram e se complementam, como mostra a figura 26, utilizando os elementos presentes no terreno, a edificação e o mobiliário como ferramenta para o projeto (COOPER; FRANCIS, 1997). Figura 26 – Croqui de ambientes diversificados integrando o espaço externo.

Fonte: People Places (1997).

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A possibilidade de intervir e interagir com o espaço é algo positivo para os pacientes. Mobiliários móveis e flexíveis dão aos usuários a possibilidade de escolha para o uso que mais lhe convém. A conexão visual entre os espaços internos e externos deve ser valorizada, pois é a forma do usuário se sentir atraído a se relacionar com o meio externo e com os outros usuários que frequentam o espaço ( L, ). Os espaços de convívio dentro de um estabelecimento especializado em reabilitação estimulam o exercício da vida social e as trocas sociais, além de evitar o indesejado isolamento dos pacientes e contribuir para a promoção da saúde mental dos mesmos. A presença de espaços externos e áreas verdes, onde os pacientes podem praticar atividades ao ar livre, contribui para a interação entre os usuários e funciona como complementação terapêutica. Além do contato interno entre os pacientes, familiares e funcionários, o contato com a comunidade é outro fator que colabora para a inserção e manutenção dos pacientes na sociedade, contribuindo para a recuperação dos aspectos de interação e convivência do paciente. As instituições podem estar integradas aos espaços comunitários por meio de praças, caminhos, quadras esportivas entre outros, permitindo o encontro e a convivência com pessoas do corpo social inserido. Outro fator que pode ser explorado no projeto arquitetônico é a relação com o contexto em que o ambiente de reabilitação está estabelecido, através da valorização e utilização de referências locais. Essa associação pode contribuir positivamente para a integração da instituição e dos pacientes ao espaço urbano e a comunidade, despertando o interesse coletivo dos mesmos (SANTOS; BURSZTYN, 2004). A adoção de espaços de convivência ao ar livre e espaços integrados a espaços comunitários contribui para a interação coletiva dos pacientes e a integração dos mesmos com a comunidade, acelerando o processo de reintegração social além de promover a saúde mental dos pacientes e melhorar o seu bem-estar.

2.4.3 Jardim Terapêutico Os jardins terapêuticos são áreas projetadas para proporcionar bem-estar e contribuir para a recuperação da saúde de um determinado público através da combinação da cultura de plantas e jardinagem ativa e passiva ou contemplação ( L, ).

A ideia de criação dessas áreas surgiu da observação de que a saúde física e mental é influenciada por aspectos do ambiente físico, como sua luz natural, espaço ou som (SACHS, Naomi, Landscapes Therapeutic).

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Espaços terapêuticos asseguram a seus ocupantes um local onde experimentam uma sensação de bem-estar, na medida em que estimulam a sociabilidade, e promovem oportunidades de relaxamento, que auxiliam na restauração do corpo e da mente. O contato direto com a natureza é capaz de ajudar na recuperação das funções motoras perdidas, estimulando a vontade da pessoa em superar os obstáculos e realizar as atividades terapêuticas prescritas pelos profissionais responsáveis. De acordo com os especialistas, a natureza gera uma espécie de distração positiva nas pessoas o que ajuda a desenvolver os sentidos, influenciando a saúde física e mental do indivíduo. Os benefícios não são apenas voltados aos pacientes por acelerar sua recuperação, mas também aos funcionários por trabalharem em locais mais agradáveis e com menores níveis de estresse ( L, ). Os jardins terapêuticos devem ser planejados de acordo com a tipologia dos usuários para que sua aplicação seja eficaz e segura. Em jardins direcionados ao uso infantil torna-se necessário trabalhar cores e formas lúdicas no mobiliário, canteiros, e pisos, que devem ser emborrachados para garantir a segurança. Quando voltado para adultos é importante o planejamento de ambientes sombreados e confortáveis. Para idosos, os pisos devem ser antiderrapantes e a vegetação deve ser bastante florida com aromas e formas diferenciadas. Para o uso efetivo de pessoas com deficiência, os jardins precisam de áreas interativas e adaptadas, despertando o uso das habilidades físicas do usuário como mostra as figuras 27 e 28. Figura 27 – Jardinagem como método de terapia.

Fonte: Amigos cadeirantes (2014).

Figura 28 – Espaços adaptados aos usuários.

Fonte: Amigos cadeirantes (2015).

Os jardins terapêuticos podem ser construídos ao ar livre, em átrios, solários e ou locais públicos (figuras 29 e 30). Devem ser seguros e confortáveis, utilizando piso antiderrapante e acessível nos passeios e também mobiliários adequados e móveis, para que o usuário escolha onde se sentar. A utilização de plantas aromáticas, coloridas e ornamentais torna o jardim mais eficaz por despertar os sentidos dos usuários, assim como o uso da água, através de fontes e espelhos d’água (SANTOS; BURSZTYN, 2004).

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Figura 29 – Jardim terapêutico ao ar livre.

Fonte: jardim de calatéia, (2011).

Figura 30 – Jardim terapêutico coberto.

Fonte: casa vogue, (2016).

Além de funcionar como ambientes lúdicos e elementos de humanização da área envolvente, os jardins complementam as intervenções terapêuticas especializadas mediante a criação de espaços próprios que estimulam experiências sensoriais através do tato, da audição, da visão e do olfato. A possibilidade de explorar todos esses estímulos permite um maior desenvolvimento das funções e uma maior e melhor interação com os outros usuários e com o meio ambiente.

2.4.4 A cor no tratamento terapêutico A cor é um elemento essencial na arquitetura e está presente em todos os momentos, atuando de forma estética nos ambientes e produzindo sensações no psicológico humano. A cor age de formas diferentes nos ambiente internos e externos podendo causar influências positivas e negativas nos mesmos. Externamente sua maior interferência é sobre a paisagem urbana, atuando de forma dinâmica e passageira nas pessoas, porém internamente as cores do ambiente agem diretamente sobre os usuários podendo causar efeitos benéficos e também maléficos, muitas vezes não permitindo uma amenização de tais efeitos em locais de alta permanência, por estarem constantemente presentes (PEDROSA, 2011). Devido a diversos fatores emocionais, psíquicos e culturais a cor pode atuar diferentemente sobre pacientes, familiares e funcionários em um ambiente assistencial de saúde, portanto, seu uso deve ser estudado pelos profissionais envolvidos com o planejamento do espaço hospitalar e terapêutico. Além de incrementar a estética e colaborar na humanização dos ambientes, as cores podem influenciar na cura de diversos males que atingem o corpo humano. Especialistas em cromoterapia alegam que as cores possuem atributos específicos e produzem efeitos distintos: calmantes, refrescantes, excitantes e

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até mesmo irritantes, gerando bem-estar, aumentando ou diminuindo emoções e provocando alterações fisiológicas e psíquicas (GÓES, 2011). Os estudos sobre como as cores influenciam sobre as pessoas e ambientes são muito aprofundados e extensos, porém as cores mais usuais são também as que têm maior capacidade de despertar sensações e colaborar na harmonização dos espaços. A seguir alguns exemplos de cores que podem causar interferências nas pessoas e nos ambientes em que são aplicadas:

Tabela 20 – Influência das cores sobre ambientes e usuários.

Vermelho Trata-se da cor mais chamativa e é associada à corrente sanguínea e ao desempenho físico podendo estimular agitação, ação e até mesmo agressividade nos indivíduos. Figura 31 – Cor vermelha aplicada em recepção hospitalar. Fonte: Buildings, 2008.

Amarelo É uma cor considerada antidepressiva e estimulante intelectual, pode instigar a concentração e a criatividade podendo influenciar também sobre o sistema digestivo. Figura 32 – Cor amarela aplicada em recepção hospitalar. Fonte: Graphis, (2014).

Laranja Estimula a sensação de alegria, entusiasmo e jovialidade nas pessoas e também pode ajudar a abrir o apetite dos mesmos. Figura 33 – Cor laranja aplicada em ambiente fisioterapêutico. Fonte: Sor

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do madaleno, (2015).


Verde É a cor que traz equilíbrio ao ambiente e acalma os usuários, seu uso em excesso, porém, pode causar depressão aos mesmos. Figura 34 – Cor verde circulação. Fonte: Graphis, (2014).

aplicada

em

Azul Como a cor verde age como calmante sobre os usuários, por isso é muito utilizada em terapias de distúrbios psíquicos e agitações. Usada em excesso também pode levar a depressão. Figura 35 – Cor azul aplicada em ambiente de hidroterapia. Fonte: Sor

do madaleno, (2015).

Lilás Apresenta propriedades sedativas ajuda os usuários a relaxar.

e

Figura 36 – Cor lilás aplicada em quarto de internação. Fonte: Busca Hospitalar, (2016).

Branco É uma cor neutra e permite a maior propagação da radiação das outras cores presentes no ambiente, fazendo com que os efeitos destas sejam mais significativos. Figura 37 – Cor branca aplicada em circulação de unidade de reabilitação Fonte: Archidaily, (2013).

Preto Preto. Devido à ausência de cor pode atuar como isolante dos efeitos benéficos e maléficos das outras cores presentes no ambiente. Figura 38 – Cor preta aplicada em ambiente de reabilitação Fonte: Archidaily, (2013). Fonte: Desenvolvido pelo autor com base em GÓES, 2011.

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Por tanto, o uso das cores torna-se um fator importante no procedimento de reabilitação e no conforto do paciente, devendo ser corretamente aplicada nas paredes, piso, teto, mobília e nos demais acessórios, tornando o ambiente terapêutico mais eficaz e aconchegante tanto para os pacientes quanto para os acompanhantes e funcionários. Também é possível concluir que a utilização das cores pode contribuir na realização das atividades propostas nos ambientes, usando cores que estimulam ação, animação e movimento em espaços que implicam a participação ativa do paciente, cores que acalmam e relaxam em áreas de grande permanência e espaços com grande carga emotiva, e cores que estimulam a atenção e a capacidade de percepção em ambientes que exigem a concentração dos usuários.

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3 REFERÊNCIAS PROJETUAIS Para a elaboração do projeto do centro de reabilitação alguns exemplos de outras unidades da categoria devem ser utilizados como referência, a fim de identificar os pontos positivos da arquitetura em relação a essa área e as vantagens das soluções arquitetônicas encontradas. 3.1 BEIT-HALOCHEM REHABILITATION CENTER – ISRAEL O centro de reabilitação Beit-Halochem foi desenvolvido para atender e apoiar os soldados feridos de Israel e suas famílias, melhorando as suas qualidades de vida e reintegrando-os à sociedade. O projeto foi elaborado pelo escritório Kimmel-Eshkolot Architects, em uma área de 6.000 m² em Beersheba, Israel (figura 39), e integra uma rede de centros de reabilitação que atendem também as cidades de Jerusalem, Tel Aviv, Haifa (Archdaily, 2011). Figura 39 – Localização do Beit-Halochem center em Beersheba, Israel.

Fonte: Google Earth, (2016).

O projeto (Figura 40), elaborado por uma organização sem fins lucrativos e sem ligação com o governo, iniciou-se em 2008 e teve conclusão em 2011, tornando-se referência entre os estabelecimentos assistenciais à saúde da categoria, por apresentar um programa completo de atendimento, visando o conforto e o bem estar dos usuários. Figura 40 – Centro de reabilitação Beit-Halochen, Israel.

Fonte: Archdaily, (2011).

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3.1.1 Programa O programa da unidade de reabilitação a ser implantada visava abrigar um ambulatório e unidades de terapia ocupacional e fisioterapia, em função da realização dos procedimentos terapêuticos; ginásio multiuso e salas de ginástica, para estimular a manutenção da aptidão dos membros através de atividades físicas; piscina, para pratica de procedimentos hidroterápicos; auditório e salas de aula para atividades educacionais; além de refeitório e áreas de convivência e lazer para os pacientes.

3.1.2 Implantação A implantação da edificação acontece por meio de cinco blocos com dois pavimentos e funções diferenciadas que acompanham a topografia do terreno. As áreas externas apresentam grandes espaços livres voltados à integração e relaxamento dos pacientes e acompanhantes, que recebem espaços especiais para o seu uso, como a piscina infantil e o café, além dos jardins, e espaços para prática de esportes ao ar livre. Figura 41 – Planta de implantação do centro de reabilitação.

1. Hall; 2. Fisioterapia; 3. Administração;

4. Piscina hidroterápica. 5. Café; 6. Piscina esportiva Fonte: Archdaily, (2011).

7. Piscina infantil; 8. Ginásio esportivo; 9. Pátio rebaixado; 10. Entrada

11. Jardim central 12. Quadras esportivas externas

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3.1.3 Morfologia A forma da edificação foi inspirada por uma formação rochosa presente no deserto de Israel, composta por cinco grandes pedras. A volumetria da construção partiu deste ponto, criando cinco blocos principais associados, rodeados por espaços de convivência com aspecto árido para remeter a paisagem do deserto. Os blocos são integrados por uma laje retilínea que se projeta sobre a área da piscina, criando uma caixa retangular que contrasta com o restante do edifício como mostra a figura 42. Figura 42 – Volumetria esquemática da fachada norte.

Fonte: Asthought, (2011).

As platibandas que escondem os telhados dos blocos são altas para diminuir a incidência de radiação solar direta sobre a cobertura e ganham formas diferenciadas imitando as irregularidades das rochas. A unidade apresenta duas rampas suaves de acesso às áreas de convivência para vencer o desnível presente no terreno, garantindo o máximo de acessibilidade como é apropriado para as necessidades especiais dos usuários do edifício (figura 43). Figura 43 – Volumetria esquemática da fachada norte.

Fonte: Asthought, (2011).

As aberturas da edificação acontecem por meio de subtrações nas paredes irregulares ou volumes de vidro que sobressaem aos blocos, fazendo uma referência as formas imprevisíveis das rochas como mostra as figuras 44 e 45.

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Figura 44 – volume de vidro sobressaltando a forma da edificação.

Fonte: Archdaily, (2011).

Figura 45 – Recorte da forma em aberturas de vidro.

Fonte: Archdaily, (2011).

Os espaços de transição entre as alas funcionam como áreas públicas e são transformados em espaços de convivência e relaxamento como demostrado na figura 46. No térreo estão situados os setores de atividades relacionadas a terapia física e ao esporte, além do setor administrativo e das áreas de convivência. Figura 46 – Planta baixa do térreo.

Fonte: Archdaily, (2011).

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No segundo pavimento estão situados os espaços educativos artísticos e lúdicos destinados a desenvolver o intelecto e a criatividade dos pacientes e usuários. Também no segundo pavimento, está situada a arquibancada que permite a visualização da área esportiva pelos familiares e visitantes como mostra a figura. Figura 47 – Planta baixa do pavimento superior.

Fonte: Archdaily, (2011).

3.1.4 Conforto Por estar situada em um local de clima muito quente, a edificação apresenta paredes mais espessas para fornecer proteção das ondas de calor. A incidência de radiação na cobertura também é reduzida através da proteção que as platibandas mais altas oferecem. Já as áreas de transição entre os blocos recebem uma cobertura que se projeta para fora, fornecendo sombra e proteção para as regiões internas, e também cria uma variedade de espaços externos, onde é agradável para relaxar. As áreas de convivência externas recebem alternativas diferenciadas de sombreamento, através de pergolados, sombreiros sobre as mesas e coberturas móveis para dias muito quentes como demostram as figuras 45 e 46.

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Figura 48 – Pergolado sobre a piscina infantil.

Fonte: e-architect, (2012).

Figura 49 – Cobertura em lona removível.

Fonte: e-architect, (2012).

A iluminação natural é um elemento muito utilizado na edificação. Os ambientes de transição recebem coberturas que apresentam rasgos para permitir a entrada de luz (figura 50). Além disto, vários ambientes recebem aberturas em vidro voltadas para a área externa, permitindo a visualização do exterior. Nestes espaços a cobertura existente se prolonga permitindo apenas a entrada de iluminação difusa na maior parte do dia (figura 51). Figura 50 – Recorte no forro para entrada de luz.

Fonte: e-architect, (2012).

Figura 51 – Abertura protegida pela cobertura externa.

Fonte: e-architect, (2012).

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3.1.5 Materialidade A estrutura da edificação é marcada pelo uso de placas de concreto aparente em toda a sua concepção, produzindo um aspecto rígido na construção que remete as rochas em que o projeto foi inspirado. A rigidez é quebrada pela leveza do bloco onde se situa a piscina, que é revestido totalmente de vidro e recebe como cobertura uma laje esbelta revestida com madeira como é possível ver na figura 52. Figura 52 – Contraste entre os volumes de concreto e vidro da edificação.

Fonte: Archdaily, (2011).

A madeira e o vidro são usados como complemento do concreto, surgindo de formas imprevisíveis em rasgos e adições nas formas. A madeira também é utilizada nos forros da cobertura e nos pisos de alguns ambientes, assim como o vidro é utilizado na divisão de ambientes e guarda corpo dos mezaninos e passarelas (Figuras 53 e 54). Figura 53 – Integração dos materiais na fachada.

Figura 54 – Integração dos materiais na área interna.

Fonte: Archdaily, (2011).

Fonte: Archdaily, (2011).

A conclusão em relação ao estudo de caso é que houve uma grande preocupação com o bem estar dos pacientes. Priorizam-se os espaços públicos

58


de convivência e relaxamento, que surgem por toda a edificação, além da dos espaços dedicados aos usos dos acompanhantes. O projeto também visa conferir conforto ambiental para os usuários, adotando diversas soluções e estratégias para o melhor aproveitamento da edificação. 3.2 REHAB, CENTER FOR SPINAL CORD – SUÍÇA O REHAB, centro especializado em reabilitação física e neurológica, está localizado em Basel na Suíça, em uma área de 20.000 m². O projeto, elaborado por Herzog & de Meuron, teve inicio em 1998 e foi concluído em 2002, tornando-se referência por resgatar métodos esquecidos pelos hospitais modernos através do contato direto com o ambiente natural (HERZOG, EMEURON, 2002). Figura 55 – Localização do REHAB em Basel,

Suiça.

Fonte: Google Earth, (2016).

A edificação tem como principal objetivo ser um ambiente de cura agradável, que se distancie ao máximo de um ambiente hospitalar, fazendo relação direta com os espaços externos e trazendo aspectos naturais para dentro do edifício, através do uso da iluminação natural, jardins e pátios internos e materiais que remetem a natureza. Figura 56 – Centro de reabilitação REHAB Basel.

Fonte: Rehab Ch, (2002).

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3.2.1 Programa O programa da unidade conta com consultórios para atendimento ambulatorial, salas de fisioterapia, terapia ocupacional e neurologia, além de instalações médicas, salas de conferências, quadra esportiva, piscina, espaços para terapia ao ar livre e acomodações para pacientes internos. Além disso, o projeto apresenta pátios e jardins sensoriais dentro e fora da edificação, criando espaços de convívio e interação para os pacientes, acompanhantes e funcionários. 3.2.2 Implantação A edificação é implantada como um único bloco retangular que apresenta recortes em sua forma permitindo a criação de espaços naturais abertos dentro do edifício. Espaços convivência e jardins mesclados com espaços voltados à terapia externa circundam a edificação convidando os usuários a utilizar todo o espaço exterior presente na unidade de reabilitação. Figura 57 – Planta de implantação do centro de reabilitação.

1. Acesso 2. Pátio principal 3. Bloco principal Fonte: Tanczostibor, (2013).

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4. Quadra esportiva 5. Campo de equoterapia 6. Terapia assistida por animais


O complexo conta com espaços externos destinados a pratica de técnicas alternativas de terapia, como a equoterapia e a terapia assistida por animais (figura 58), além de uma quadra para a pratica de esportes ao ar livre (figura 59). Figura 58 – Espaço voltado à terapia assistida por animais.

Figura 59 – Abertura protegida pela cobertura externa.

Fonte: Rehab Ch, (2002).

Fonte: Rehab Ch, (2002).

3.2.3 Morfologia O complexo consiste num edifício horizontal retangular de dois andares com um design retilíneo simples, fazendo com que os pacientes e acompanhantes entendam com facilidade a mecânica da edificação apesar do seu grande porte. A edificação foi projetada para aproveitar ao máximo a iluminação natural e a relação com a área externa, com vãos translúcidos em toda sua envoltória e subtrações da forma no interior criando áreas que permitem a entrada de ventilação e a luz. Figura 60 – Vista aérea da edificação.

Figura 61 – Croqui dos recortes retangulares que formam os pátios.

Fonte: Rehab Ch, (2002).

Fonte: Tanczostibor, (2013).

61


Um dos recortes internos do complexo apresenta uma pirâmide de concreto que funciona como cobertura para a piscina. Numerosos pequenos furos redondos são aplicados no topo da forma criando um efeito monumental na área externa (figura 62) e fazendo um jogo de luzes na parte interna (figura 63). Além disso, esferas translúcidas em maior porte são aplicadas na cobertura da edificação, para levar iluminação natural para dentro dos outros ambientes. Figura 62 – Parte externa da cobertura da piscina com aberturas para a entrada de luz.

Fonte: Rehab Ch, (2002).

Figura 63 – Parte interna da cobertura da piscina com aberturas para a entrada de luz.

Fonte: Rehab Ch, (2002).

3.2.4 Espacialidade Os ambientes estão disponibilizados de forma integrada horizontalmente nos dois pavimentos, de forma a facilitar o fluxo dos usuários com mobilidade reduzida e os usuários de cadeira de rodas. Os espaços voltados à terapia, instalações médicas, apoio e administração estão situados no térreo, integrados aos oito pátios com jardins internos que criam uma conexão com os espaços externos e naturais e permitem que a luz do dia penetre todo o interior do edifício. Figura 64 – Plata baixo do térreo.

Fonte: Tanczostibor, (2013).

62


O pavimento superior é destinado aos alojamentos dos pacientes em regime de internação que necessitam de cuidado intensivo, contando com ambientes de apoio para a estadia dos pacientes que pode durar até 18 meses. A unidade oferece 52 acomodações para internação, que apresentam uma ampla vista para a área externa ou para os pátios internos, além de um mecanismo de iluminação zenital individual em cada quarto. Figura 65 – Pavimento superior.

Fonte: Tanczostibor, (2013).

O acesso à edificação é feito por meio de um pátio aberto, que funciona como um átrio (figura 66). A partir do átrio principal, vários pátios internos fornecem a orientação e criam a circulação do complexo (figura 65), apresentando a vista privilegiada dos ambientes projetados para conter personalidades distintas criando diferentes tipos de paisagem; um é preenchido com água, outro é revestido inteiramente em madeira, em outro se localiza a piscina coberta e os demais apresentam elementos diversificados para compor o espaço (figura 65). Figura 66 – Circulações existentes

Fonte: Tanczostibor, (2013).

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Figura 67 – Pátio principal.

Fonte: Rehab Ch, (2002).

Figura 68 – Pátio interno

Fonte: arch.ttu, (2007).

3.2.5 Conforto A edificação utiliza diversas estratégias para proporcionar conforto aos usuários. A relação entre os ambientes internos e externos é executada com cautela para impedir condições indesejadas. A iluminação natural é aproveitada em toda a extensão do edifício através do fechamento por vidro e para evitar a entrada de insolação direta nos ambientes, o edifício é envolto por brises de madeira, toldos retrateis e cortinas que também colaboram para a privacidade dos usuários (figura 69 e 70). Figura 69 – Brises de madeira na envoltória do edifício.

Figura 70 – Brises e cortinas para a proteção das varandas.

Fonte: Rehab Ch, (2002).

Fonte: Rehab Ch, (2002).

A unidade contém uma cobertura verde acessível aos usuários (figura 69), que colabora para o conforto térmico e acústico do complexo e que ainda conta com claraboias em formato esférico que transmitem luz diretamente para dentro dos ambientes da edificação (figuras 70).

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Figura 71 – Área transitável do telhado verde.

Fonte: Rehab Ch, (2002).

Figura 72 – Claraboias esféricas presentes na cobertura.

Fonte: Rehab Ch, (2002).

Os pátios também colaboram para a entrada de iluminação difusa e ventilação na edificação, além de constituírem espaços agradáveis que promovem conforto visual e geram bem-estar aos usuários. Figura 73 – Ambiente interno iluminado através do pátio.

Figura 74 – Ambiente interno iluminado através do pátio.

Fonte: Rehab Ch, (2002).

Fonte: Rehab Ch, (2002).

Como mostra a figura 75, Todos os sistemas trabalham em conjunto para proporcionar conforto aos usuários e tornar a edificação um local mais agradável e funcional. Figura 75 – Esquema dos artifícios usados para promoção do conforto ambiental.

Fonte: Tanczostibor, (2013).

65


3.2.6 Materialidade A forma retilínea e contrastante do projeto é amenizada pelo uso de materiais e elementos que remetem a natureza, colaborando para a humanização da edificação e gerando uma aproximação em relação aos usuários. O complexo apresenta em sua envoltória, madeiras de carvalho, pinheiro, larício, e Ironwoods aplicadas nas paredes, piso, brises e outros elementos (figura 76). Além da madeira, são utilizados materiais e elementos como pedriscos, cascalhos, água e vegetação na cobertura verde e nos jardins internos, com o intuito de também fazer relação com o meio natural (figura 77). Figura 76 – Uso da madeira na área externa.

Figura 77 – Uso da madeira na área interna com pedriscos e vegetação no pátio.

Fonte: Rehab Ch, (2002).

Fonte: Rehab Ch, (2002).

O vidro é utilizado em toda a extensão do edifício permitindo a entrada de iluminação natural e a visualização das paisagens externas (figura 78), assim como as claraboias de acrílico localizadas na cobertura, que permitem a visualização do céu e a entrada de luz natural (figura 79). Figura 78 – Fechamento em vidro.

Fonte: Rehab Ch, (2002).

Figura 79 – Claraboia no quarto de internação.

Fonte: Rehab Ch, (2002).

Para a estrutura da edificação foram utilizados concreto e alvenaria, porém tais materiais são pouco aproveitados como elementos arquitetônicos nas áreas

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externas, apresentando revestimentos em madeira em suas aparições, exceto na cúpula piramidal na cobertura da piscina. A figura 80 esquematiza como esses materiais foram utilizados na fachada da edificação. Figura 80 – Esquema dos materiais aplicados na fachada.

Fonte: Tanczostibor, (2013).

É possível concluir que existe uma grande preocupação no projeto em integrar a edificação ao meio externo, criando estratégias para promover associação entre os usuários e os espaços naturais. A forma como o edifício sofre recortes para permitir a entrada de luz e ventilação natural, assim como o uso de materiais naturais na composição do projeto proporciona a entrada dos elementos naturais para dentro da edificação, se tornando uma forte contribuição para o processo de tratamento dos pacientes. 3.3 SARAH LAGO NORTE – BRASÍLIA Brasília, capital brasileira, conta com duas unidades da rede de hospitais Sarah, que atendem adultos e crianças, em diferentes etapas de tratamento. O Sarah Brasília, é destinado ao atendimento hospitalar e tem como apoio o Centro Internacional de Neurociências e Reabilitação, Sarah Lago Norte, com atendimento exclusivamente ambulatorial e atuação em função do processo de reabilitação dos pacientes, oferecendo apoio fundamental as pesquisas avançadas na área. O Sarah Lago Norte foi projetado pelo renomado arquiteto brasileiro João Filgueiras Lima, Lelé, e está localizado na asa norte de Brasília, às margens do Lago Paranoá como mostra a imagem 78. O projeto teve início em 1995, sendo inaugurado em 2003.

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Figura 81 – Localização do Sarah Lago Norte, Brasília, brasil.

Fonte: Google Earth, (2016).

A unidade foi criada para servir de apoio ao hospital Sarah Brasília, que está situado no centro da cidade e não conta com grandes áreas disponíveis para a expansão das atividades de pesquisas nem para aderir técnicas de tratamento através da integração com o meio externo. O novo complexo disponibiliza amplas áreas verdes, parques e jardins para o tratamento eficiente dos pacientes, aproveitando as intempéries do terreno para a criação de espaços naturais e atraentes aos usuários (figura 82). Figura 82 – Centro Internacional de Neurociências e Reabilitação Sarah Lago Norte, Brasília, Brasil.

Fonte: Vitruvius, (2013).

3.3.1 Programa O programa constituído para essa unidade abrangia os seguintes usos: ambulatório, destinado à avaliação e ao diagnóstico dos pacientes em tratamento; laboratório e oficina mecânica para o desenvolvimento de

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equipamentos; Ginásio esportivo e esportes náuticos; Área para fisioterapia, terapia ocupacional e hidroterapia; centro de readaptação e desenvolvimento de habilidades com oficinas para atividades profissionais; Setor de Apoio a Lesão Cerebral; Internação com 180 leitos e instalações específicas para pacientes-dia (semi-internação) e acompanhantes; centro de estudos com biblioteca; auditório para trezentos lugares e anfiteatro ao ar livre; residência para vinte professores visitantes; setor de serviços gerais com lavanderia, cozinha, refeitório, central de materiais, almoxarifados, farmácia e setor de limpeza. 3.3.2 Implantação A unidade está implantada em um terreno de 80.000 m², com declive acentuado de mais de 20 metros, vencidos por rampas suaves para os usuários através de parques e jardins entre os setores de atividades distribuídos. O conjunto implantado é formado por três blocos separados (figura 83), o primeiro agrega ambulatório, setores de tratamento, fisioterapia, hidroterapia, esportes, laboratório para produção de equipamentos, internação, administração, vestiários e serviços gerais; o segundo se trata de um Centro de Apoio à Paralisia Cerebral; e o terceiro dispõe de um centro de estudos e pesquisas, auditório, residências para profissionais e centro de habilidades. Figura 83 – Implantação da unidade de reabilitação.

1. Bloco principal; 2. Centro de apoio à paralisia cerebral; 3. Centro de estudo e pesquisas. Fonte: Vitruvius, (2013).

As edificações estão dispostas no terreno em diferentes níveis, de forma estratégica de acordo com as atividades desenvolvidas, visando aproveitar melhor o terreno e garantir vista das áreas externas e do lago na maioria dos ambientes do complexo.

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Figura 84 – Corte esquemático representando os níveis das edificações

1. Bloco principal; 2. Centro de apoio à paralisia cerebral; 3. Centro de estudo e pesquisas. Fonte:

3.3.3 Morfologia A morfologia das edificações é consequência dos espaços resultantes no agrupamento de atividades complementares que dizem respeito aos cuidados para com os pacientes. Esta maneira de organizar o espaço estabelece uma forte estruturação dos ambientes a partir dos diferentes eixos de circulação que seguem o fluxo dos usuários. Outro fator que influencia na forma das edificações é a preocupação com o conforto térmico, luminoso e ambiental que o arquiteto incorpora no seu projeto através de estratégias aplicadas nas coberturas e envoltórias das unidades, alterando suas formas convencionais e criando um estilo característico como mostra a figura 85. Figura 85 – Vista aérea da edificação exibindo suas variadas formas.

Fonte: Vitruvius, (2013).

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3.3.4 Espacialidade As edificações apresentam apenas um pavimento cada, para evitar a necessidade de conexões verticais. A localização dos ambientes dentro do complexo foi definida a partir das relações entre as atividades realizadas, mantendo proximidade entre usos que se complementam para facilitar o fluxo dos usuários e a dinâmica das edificações (figura 86). Figura 86 – Planta baixa do térreo

Fonte: Vitruvius, (2013).

O bloco principal do complexo conta com um amplo ginásio onde estão localizados três setores distintos de reabilitação: hidroterapia, fisioterapia e quadra de esportes. O setor fisioterapêutico de adultos é constituído por uma sequência de salões justapostos separados por estruturas flexíveis, que podem ser movidas de acordo com as necessidades. O setor hidroterápico possui três piscinas com água aquecida, duas internas e uma externa destinada à terapia e ao lazer dos pacientes. No mesmo bloco estão situados os ambientes destinados ao atendimento ambulatorial e internação, além de contar com o suporte dos setores administrativo e de serviços (figura 87). Figura 87 – Planta baixa do bloco 1.

1. Serviço e adm; 4. Vestiários; 2. Internação; 5. Piscina terapêutica; 3. Refeitório; 6. Fisioterapia; Fonte: Vitruvius, (2013).

7. Quadra esportiva; 8. Cais; 9. Ambulatório;

10. Auditório.

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O bloco circular, que abriga o Centro de Apoio à Paralisia Cerebral, funciona como uma escola para crianças especiais, com salas para a realização das atividades e uma área central destinada aos jogos e terapias coletivas com playground e piscina, idealizada como um espaço de integração das atividades de apoio (figura 84). 1. Copa; 2. Limpeza; 3. Sanitário; 4. Consultório; 5. Reuniões; 6. Avaliação;

7. Diretoria; 8. Recepção; 9. Estimulação; 10. Ginásio; 11. Refeitório.

Figura 88 – Planta baixa bloco 2.

Fonte: Vitruvius, (2013).

O conjunto destinado à residência médica e ao centro de estudos e pesquisas está situado na parte mais alta do terreno e dispõe de 21 apartamentos para profissionais residentes, salas de aula, biblioteca, além de um auditório para 300 telespectadores (figura 89). Figura 89 – Planta baixa do bloco 3.

1. Apartamento; 2. Refeições; 3. Estar; 4. Sala; 5. Sanitário; 6. Foyer; 7. Auditório; 8. Biblioteca. Fonte: Vitruvius, (2013).

3.3.5 Conforto O complexo utiliza a própria forma das edificações como forma de promover conforto aos seus usuários. O projeto adota um sistema simplificado de aproveitamento da ventilação natural, em que o ar penetra nos ambientes pelas esquadrias de vidro voltadas para o exterior e quando sobe por convecção após ser aquecido pelo ambiente é extraído pelas aberturas dos sheds acima da estrutura como mostra a figura 90.

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Figura 90 – Croqui esquemático das soluções de aproveitamento da ventilação natural.

Fonte: Vitruvius, (2013).

O mesmo sistema é utilizado para controlar a entrada de radiação direta, funcionando como um filtro que permite apenas a entrada de iluminação difusa nos ambientes como representado na figura 91. Figura 91 – Croqui esquemático das soluções de aproveitamento da iluminação natural.

Fonte: Bamboo net, (2014).

3.3.6 Materialidade O sistema construtivo utilizado na execução do conjunto se fundamenta no emprego, em grande escala, de componentes pré-fabricados (figura 92), elaborados no Centro de Tecnologia da Rede Sarah, em Salvador, que é responsável pela construção e manutenção de toda a rede de hospitais especializados no tratamento do aparelho locomotor. A utilização desses materiais pré-fabricados proporciona a criação de uma identidade visual para as edificações que apresentam volumes diversificados e esbeltos, incomuns na arquitetura brasileira (figura 93). Figura 92 – Repetição de sheds pré-moldados. Figura 93 – Volumetria individualista.

Fonte: Bamboo net, (2014).

Fonte: Bamboo net, (2014).

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A cobertura do Centro de Apoio à Paralisia Cerebral apresenta 54 metros de diâmetro de vão livre, seu revestimento é feito através de chapas de alumínio pré-pintado (figura 94). No topo da estrutura inicia-se uma grande claraboia de policarbonato transparente, permitindo a entrada de iluminação e a criação de jardins no interior do ambiente como mostra a figura 95. Figura 94 – Corte esquemático da cobertura do centro de apoio a paralisia.

Fonte: Vitruvius, (2013).

Figura 95 – Claraboia presente na cobertura.

Fonte: Bamboo net, (2014).

A conclusão em relação ao estudo de caso é que o arquiteto consegue impor uma identidade ao complexo mesmo utilizando materiais com limitações por serem pré-fabricados em massa. O arquiteto promove conforto aos usuários propondo soluções inteligentes para o aproveitamento do meio externo, através da utilização de iluminação e ventilação natural, e cria uma evolução no conceito de arquitetura hospitalar, priorizando os espaços públicos que se caracterizam por propor novas práticas e a integração social.

3.4 CENTRO DE REABILITAÇÃO FÍSICA DO ESPIRITO SANTO – VILA VELHA Localizado no bairro Praia da costa em Vila Velha, o CREFES, centro especializado em reabilitação do espirito santo, atende toda a população estatual, prestando serviços a cerca de 9 mil pacientes. A unidade de reabilitação está em funcionamento há quase 40 anos e passou por varias modificações para se adequar aos avanços tecnológicos e o surgimento de novas técnicas terapêuticas, além de lidar com o aumento constante da demanda de atendimento.

74


Figura 96 – Localização do Sarah Lago Norte, Brasília, brasil.

Fonte: Google Earth, 2016.

3.4.1 Programa A unidade presta atendimento neurológico adulto e infantil para pacientes com sequelas neurológicas por traumatismos ou pacientes com alguma limitação física, muitas vezes congênita, e que apresentam algum tipo de incapacidade. O atendimento ambulatorial também é realizado, dando assistência a pacientes que necessitam de atividades específicas na área de fisioterapia ou hidroterapia. O complexo conta também com leitos de internação para pacientes com alto grau de incapacidade e que requerem maior atendimento especial e maior tempo de tratamento. O CREFES apresenta um programa de estimulação física através do esporte para os pacientes que apresentam deficiências físicas, como ferramenta de tratamento e também de integração social. Além disso, a unidade conta com uma oficina ortopédica que realiza a concessão de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção para os pacientes de forma gratuita.

3.4.2 Implantação O complexo está implantado através de dois blocos, o primeiro voltado ao atendimento e atividades terapêuticas para adultos e o segundo aos serviços administrativos e serviços de reabilitação infantil (figura 97). A segunda edificação foi criada no terreno vizinho para abrigar o setor de gerenciamento, e o atendimento de crianças, que antes dividia os espaços com o atendimento adulto na edificação principal, porém entre o bloco principal e a nova edificação funcionava uma creche integrada a um lar de atendimento a idosos, que foi mantido entre os blocos e agregada ao complexo.

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Figura 97 – Implantação do CREFES.

1. Bloco principal 2. Administração e Reabilitação infantil 3. Creche e lar de idosos 4. Quadra esportiva Acessos Fonte: Elaborada pelo autor.

A unidade também apresenta uma quadra esportiva, porém não oferece estrutura necessária para o uso dos pacientes, pois não contém cobertura e nem ambientes de apoio, como banheiros e vestiários tornando-a inutilizável. Para dar continuidade ao programa de estimulação esportiva o CREFES terceiriza o uso da quadra esportiva de uma edificação próxima, e a quadra esportiva presente no complexo é utilizada atualmente como área de estacionamento.

3.4.3 Morfologia O bloco principal do complexo apresenta uma arquitetura pavilhonar em formato “H”, muito utilizado em antigos hospitais para promover aberturas nos ambientes. A horizontalidade da construção é utilizada como forma de facilitar o fluxo dos usuários (figuras 98 e 99). Figura 98 – Volumetria esquemática do do bloco principal.

Figura 99 – Volumetria da fachada do bloco principal.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Fonte: Acervo pessoal.

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O bloco de reabilitação infantil segue a horizontalidade do principal, porem utiliza formas e materiais diferenciados na sua concepção. A edificação conta com duas pequenas aberturas internas para iluminar os ambientes interiores e promover ventilação aos mesmos (figuras 100 e 101). Figura 100 – Volumetria esquemática do bloco Figura 101 – Fachada do bloco de de reabilitação infantil. reabilitação infantil.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Fonte: Acervo pessoal.

A edificação existente na área, que posteriormente foi integrada ao complexo destoa da tipologia arquitetônica pavilhonar adotada (figura 103), apresentando dois pavimentos e uma forma imponente. Por ser uma construção antiga apresenta traços da arquitetura colonial na composição da fachada. Figura 102 – Volumetria esquemática do complexo

Figura 103 – Volumetria esquemática do bloco administrativo.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Fonte: Acervo pessoal.

3.4.4 Espacialidade O complexo possui uma configuração simplificada utilizando a forma da edificação para dividir os usos comuns como é possivel ver na setorização (figura 104). Cada extensão da edificação forma um setor individualizado, de forma a facilitar o fluxo dos pacientes e também dos funcionários. A recepção se localiza na parte central distribuindo os usuários para o setor ao qual este está designado.

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Figura 104 – Setorização da unidade de reabilitação

Fonte: Elaborada pelo autor.

O acesso às alas são feitos por amplos corredors internos que cruzam o bloco e dão acesso ás areas externas da edificação, onde existe uma grande área natural, com academia ao ar livre e áreas de descanso. Figura 105 – Circulação interna.

Fonte: Acervo pessoal.

Figura 106 – Academia ao ar livre.

Fonte: Acervo pessoal.

3.3.5 Conforto Apesar de contar com grandes áreas naturais, o complexo utiliza poucas estratégias para o aproveitamento das áreas externas e da ventilação e iluminação natural. A forma da edificação contribui para a circulação do ar por conter mais áreas de contato com o meio externo, o que consequentemente possibilita a entrada de iluminação, porém as circulações internas são enclausuradas e iluminadas apenas artificialmente. As áreas externas não apresentam elementos convidativos para o uso, contendo mobiliários

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depredados mal localizados com problemas de acessibilidade (figuras 107 e 108), além da falta de preocupação com elementos estéticos. Figura 107 – Árvore situada sobre o caminho.

Figura 108 – Mobiliários inacessíveis

Fonte: Acervo pessoal.

Fonte: Acervo pessoal.

3.3.6 Materialidade O complexo não apresenta uma preocupação estética muito presente na sua concepção, os materiais e elementos empregados tem a função de serem exclusivamente úteis. A estrutura é feita de concreto armado convencional e a alvenaria surge com tijolos aparentes em alguns pontos das edificações (figura 110) e as esquadrias de vidro são aplicadas com repetições nas fachadas de ambos os blocos (figura 109). As cores são pouco utilizadas em elementos arqueitetônicos, mas estão presentes em alguns mobiliários e sinalizações de forma discreta. Figura 109 – Repetição das esquadrias.

Figura 110 – Tijolos aparentes.

Fonte: Acervo pessoal.

Fonte: Acervo pessoal.

É possivel concluir através dos estudos e das visitas realizadas que o complexo apresenta um bom programa de atendimento contendo a estrutura necessária para atender os pacientes, porém a forma como a edificação teve que se adaptar a alta demanda de atendimentos teve como consequencia uma arquitetura segregada que não se preocupa com o bem estar dos usuários. Faltam medidas para a a humanização dos ambientes além de estratégias para a promoção de conforto ambiental e a valorização dos ambientes externos que estão presentes em abundancia na área

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4 PROPOSTA A proposta do projeto é a criação de um centro de reabilitação física que funcione como um refúgio em um momento de possíveis dificuldades, utilizando métodos de terapia alternativos que estimulem os aspectos físicos, intelectuais e sociais dos pacientes. Como foi estudado, a criação de espaços agradáveis para o processo de reabilitação além de promover a sensação de bem estar e conforto auxilia na cura e na obtenção de melhores resultados dos objetivos a serem atingidos através dos procedimentos terapêuticos. A partir desse objetivo e dos estudos teóricos e aplicados realizados foi possível traçar diretrizes projetuais que definirão a direção do projeto.

4.1 DIRETRIZES PROJETUAIS Funcionalidade do edifício: Para que um estabelecimento deste seguimento seja eficiente é preciso trabalhar a funcionalidade da edificação. É necessário que o edifício esteja bem localizado, afastado de situações que possam influenciar negativamente os usos, promovendo a possibilidade de uso da ventilação e iluminação natural e facilitando o acesso da população e o contato com a comunidade. O acesso à edificação e os acessos, percursos e fluxos internos devem ter atenção especial, em função das características individuais dos usuários. É necessário pensar na viabilidade de um complexo deste porte, torna-se necessário o desenvolvimento de estratégias projetuais para tornar a edificação executável.

Humanização dos ambientes internos: Em ambientes desta tipologia é necessário tratar a arquitetura como ferramenta de tratamento, que tem influencia sobre os pacientes através da promoção de conforto e bem-estar. Espaços com diferentes cores, texturas, e contato com o meio externo modificam o ambiente hospitalar, tornando-o mais humano e agradável.

Valorização dos espaços externos: Os espaços externos naturais são estimulantes e contribuem no processo de reabilitação, além de promover as trocas sociais entre os usuários. Atividades ao ar livre e espaços terapêuticos de descanso e contemplação podem causar uma grande influencia na qualidade de vida das pessoas que os utilizam.

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Contato com a comunidade: Uma das principais funções da reabilitação é integrar ou reintegrar o paciente a sociedade. O contato com o circulo social durante os procedimentos de terapia são muito importantes para promover as trocas sociais e para que o paciente se sinta incluído no meio em que está inserido. A partir da definição destes princípios foi possível identificar quais elementos são necessários para alcançar estas condicionantes e assim definir algumas soluções de projeto para suprir essas necessidades como mostra o diagrama síntese elaborado para melhor entendimento (figura 111). Diagrama de diretrizes projetuais.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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5 CENTRO DE REABILITAÇÃO FÍSICA DE VILA VELHA A partir do estudo aprofundado realizado e o estabelecimento das diretrizes projetuais torna-se possível o início do projeto de uma unidade de reabilitação que visa atender os requisitos desejados para seu funcionamento. A partir deste ponto torna-se concebível a elaboração de um programa através do prédimensionamento que traçará um panorama dos possíveis ambientes que estarão presentes no projeto e suas respectivas áreas.

5.1 PROGRAMA Para a maior eficácia do pré-dimensionamento foi importante setorizar os ambientes de acordo com os seus usos e os públicos que tem acesso aos mesmos prevendo as necessidades e visando o conforto dos usuários.

Tabela 21 – Pré-dimensionamento dos ambientes da unidade de reabilitação.

Ambulatório

Recepção e apoio

SETOR

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AMBIENTE

QNTD

ÁREA (M²)

Área de registro de pacientes

1

10,0

Sala de espera de pacientes e acompanhantes

1

40,0

Sanitário com vestiário para pacientes

2

10,0

Almoxarifado

1

15,0

Sala de arquivo

1

10,0

Total

85,0

Consultório de fonoaudiologia

2

10,0

Consultório de fonoaudiologia

2

10,0

Consultório de fisioterapia

2

10,0

Consultório de fonoaudiologia infantil

1

10,0

Consultório de fonoaudiologia infantil

1

10,0

Consultório de fisioterapia infantil

1

10,0

Sala de triagem médica e/ou enfermagem

1

8,0

Sala de nutrição

1

15,0

Sala de raios-X

1

15,0

Sala de ultrassom

1

10,0

Sanitário

2

10,0

Depósito de material de limpeza

1

5,0

Total

163,0


Reabilitação Serviços Áreas comuns

Box de terapias

5

6,0

Sala para turbilhão

1

20,0

Sala para cinesioterapia e mecanoterapia

1

50,0

Sala de terapia ocupacional - consulta de grupo

1

40,0

Sala de psicomotricidade e ludoterapia

1

40,0

Sala para cinesioterapia e mecanoterapia infantil

1

40,0

Sala de terapia ocupacional - consulta de grupo inf.

1

40,0

Sala de psicomotricidade e ludoterapia infantil

1

40,0

Neurologia

1

30,0

Oficina ortopédica de órteses e próteses

1

150,0

Farmácia (armazenamento e dispensação)

1

10,0

Piscina

1

250,0

Ginásio esportivo

1

400,0

Vestiário

2

30,0

Depósito de equipamentos

2

10,0

Sanitário

2

10,0

Depósito de materiais de limpeza

1

5,0

Total

1.245,0

Cozinha

1

50,0

Despensa

1

10,0

Copa

1

15,0

Lavanderia

1

15,0

Rouparia

1

8,0

Depósito de material de limpeza

1

10,0

Depósito de lixo

1

8,0

Abrigo de resíduos sólidos

1

5,0

Sanitário com vestiário para funcionários

2

10,0

Total

141,0

Refeitório

1

80,0

Auditório

1

100,0

Sala multiuso

2

30,0

Biblioteca

1

60,0

Jardim terapêutico

-

200,0

Área de convivência externa

-

600,0

87


Administração

Estacionamento

Total

1,040

Diretoria

1

20,0

Sala de espera

1

15,0

Sala administrativa

1

30,0

Depósito de equipamentos

1

10,0

Sanitário com vestiário para funcionários

2

10,0

Almoxarifado

1

15,0

Sala de arquivo

1

10,0

Descanso

1

20,0

Total

140,0

TOTAL: 2814,0

5.2 FLUXOS A partir desse estudo elaborado e das divisões dos ambientes de acordo com as atividades realizadas e os seus respectivos usuários, também torna-se possível prever os fluxos comuns da futura unidade como mostra a figura 111. Figura 111 – Fluxos possíveis da unidade de reabilitação.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

A determinação de como o fluxo de um estabelecimento irá acontecer é um fator importante que influenciará diretamente na disposição dos ambientes

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dentro do terreno ao qual será destinado. Os fluxos externos também devem ser levados em consideração, assim como as formas de acesso do público à localidade.

5.3 DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO O terreno escolhido para a implantação do projeto está situado no bairro Jockey de Itaparica em Vila Velha. A área foi selecionada por apresentar uma proximidade com os bairros distanciados do grande centro e também acesso direto aos municípios vizinhos através da Rodovia do Sol e da Rodovia Darly Santos como mostra a figura. Figura 112 – Localização da área de implantação.

Fonte: Google Earth.

Próximo ao terreno escolhido encontra-se o Terminal de transporte público de Itaparica, que atende a cidade de Vila Velha e outros municípios da Grande Vitória, criando uma conexão intermunicipal. A proximidade com o Terminal foi um fator de grande importância na escolha da área, por facilitar a forma de acesso dos usuários ao local e possibilitar a ampliação da área de alcance para os municípios adjacentes. A área se encontra na Zona de ocupação prioritária 5 (ZOP 5) que incentiva o desenvolvimento de novos estabelecimentos para renovação e melhoria da

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infra estrutura do local. O bairro Jockey de Itaparica é predominantemente residencial, mas conta com serviços para o atendimento do bairro e também da região, como o Shopping Boulevard Vila Velha que é um grande atrativo da área. A presença de serviços como o terminal e o shopping contribui para que a área apresente uma boa infraestrutura viária, com vias largas para atender o fluxo (figura 113) além de pavimentações e calçadas conservadas. Figura 113 – Via adjacente a área de implantação.

Fonte: Acervo pessoal.

Figura 114 – edificações vizinhas ao terreno.

Fonte: Acervo pessoal.

O entorno da área apresenta edificações entre 1 e 2 pavimentos e conjuntos habitacionais com edificações de 4 pavimentos (figura 114), porém trata-se de uma área em desenvolvimento e alguns dos terrenos vizinhos estão sem ocupação ou apresentam edificações em fase de construção. Através de visitas ao terreno foi possível identificar as suas potencialidades e analisar as condicionantes do mesmo, como incidência solar e fluxo das vias do entorno como está destacado na figura rica. Figura 115 – figura rica diagnóstico da área de implantação.

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5.4 IMPLANTAÇÃO Uma das principais ideias do projeto é trabalhar a integração entre os publicos, sejam estes internos ou externos, a integração como foi levantado até aqui, tem grande importancia no desenvolvimento da reabilitação. A criação de espaços abertos ao público como praças pode influenciar diretamente no tratamento dos paciente. Partindo desse ponto o projeto foi concebido as margens de uma grande praça central aberta ao público onde podem haver interações entre os usuários do espaço como mostra o esboço inicial do projeto. Figura 116 – Esboço da disposição dos espaços da unidade.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Outro ponto importante levado em consideração é a integração entre os ambientes internos e externos, como foi visto, o contato com a natureza e o meio externo seja de forma visual ou física também pode contribuir para o processo de reabilitação. A partir disso a ideia inicial foi a criação de um bloco voltado para as atividades ambulatóriais e de reabilitação que apresentasse contato direto com o meio externo até mesmo em seu interior, atravéz de jardins internos que também possibilitam a entrada de luz e ventilação natural proporcionando maior conforto para os usuarios e possibilitando maior qualidade no desenvolvimento das atividades. Os blocos adjacentes são interligados criando uma conexão direta entre os espaços. Interpolado ao bloco de reabilitação se localiza o bloco de vivência,

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com café, auditório, salas multiuso e espaços diversos, para uso comum. Esse espaço também apresenta bastante conexão com o meio exteno e esse faz conexão com o bloco onde se encontra a quadra esportiva e a piscina de hidroterapia como mostra a imagem 117. Figura 117 – Implantação.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

5.5 MORFOLOGIA O complexo apresenta uma forma simples que condiz com as atividades que ali serão realizadas. A horizontalidade foi privilegiada para uma maior facilidade nos fuxos dos usuários que apresentam deficiência física ou algum tipo de limitação para locomoção. Os três blocos estão dispostos em forma de “L” em volta da praça central e apresentam alturas variadas de acordo com as funções designadas como mostra o esquema da imagem 118. Figura 118 – Esboço da disposição dos espaços da unidade.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

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Para a obtenção do desejado contato externo, o bloco retangular voltado para as atividades ambulatóriais e de reabilitação apresenta subtrações em seu interior formando alguns jardins internos, na intenção de criar pequenos espaços de relaxamento, além de permitir a entrada de ventilação e iluminação natural para dentro dos ambientes. A forma do complexo circunda a praça central e apresenta aberturas voltadas para a área externa em toda a sua extenção, tornando a forma simples da edificação mais elaborada (figura 119). Figura 119 – Perspectiva da forma do complexo.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

O bloco destinado a área de vivência é o único que apresenta um pavimento superior e por isso é o mais alto do complexo, destacando sua forma em relação aos outros dois, porém o bloco voltado para as atividades esportivas também é mais alto, pois apresenta um pé direito duplo em função das atividades esportivas ali desenvolvidas (figura 120). Figura 120 – Blocos de vivência e Esportivo.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

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A recepção do bloco da reabilitação também apresenta um pé direito duplo e sua forma é extraída da forma retangular principal, criando um elemento arquitetônico diferenciado para a entrada da edificação, onde uma marquise se projeta para fora e faz a cobertura do acesso como mostra a figura 121. Figura 121 – Recepção do bloco de reabilitação.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

A configuração arquitetônica da edificação se baseia na diferença de proporções dos blocos e dos recortes e recuos que acontecem pontualmente de forma imprevisível, porém harmonioza. Figura 122 – Vista frontal da edificação.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

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5.6 ESPACIALIDADE Os espaços do centro de reabilitação foram projetados visando o maior conforto para os usuários e a integração dos mesmos. Os ambientes em sua maioria se conectam de alguma forma pelos corredores, pátios internos ou mesmo pela área externa. Os ambientes estão dispostos de forma a criar uma continuidade dos seu usos, facilitando assim o fluxo dos seus usuários. Os ambientes situados no térreo podem ser divididos em déz setores distintos que se complementam. No bloco de Reabilitação encontram-se a recepção, ambulatório, reabilitação, oficina ortopédica, administração, serviços e a reabilitação infantil. O bloco de vivência tem o térreo voltado para a integração dos usuários e o bloco esportivo é dividido entre quadra esportiva e a piscina como é possivel acompanhar na imagem 116. Figura 123 – Divisão da disposição dos espaços do térreo por setores.

Fonte: Desenvolvido pelo autor. 6. Serviço; 1. Recepção; 7. Reabilitação infantil; 2. Ambulatório; 8. Vivência; 3. Reabilitação; 9. Quadra esportiva; 4. Oficina ortopédica; 10. Piscina; 5. Administração;

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Tabela 22 – Ambientes localizados no térreo da unidade.

AMBIENTES

QNTD AMBIENTES

1 – Recepção

6 - Serviços

Recepção

1

Vestiário

2

Sala de registro de pacientes

1

Rouparia

1

Sanitários

2

Lavanderia

1

Depósito de materiais de limpeza

1

2 - Ambulatório Consultório de Terapia ocupacional

2

Descanso

1

Consultório de Fisioterapia

2

Refeitório

1

Consultório de Fonoaudiologia

2

Cozinha

1

Sala de raios-X

1

Despensa

1

Sala de ultrassom

1

7 – Reabilitação infantil

Sanitários

2

Box de terapia

3

Sala de Terapia ocupacional em grupo

1

Lista de ambientes - Térreo

3 – Reabilitação Box de terapia

7

Sala de Psicomotricidade e Ludoterapia

1

Sala de Terapia ocupacional em grupo

1

Sala de Cinesioterapia e Mecanoterapia

1

Sala de Psicomotricidade e Ludoterapia

1

Fraldário

1

Sala de Cinesioterapia e Mecanoterapia

1

Sanitário

1

Sala para Turbilhão

1

Box de terapia

3

Neurologia

1

8 – vivência

Sanitário

2

Café

1

Sala de jogos

2

4 – Oficina ortopédica Sala de avaliação OPMAL

1

9 – Quadra Esportiva

Box de troca

2

Quadra poliesportiva

1

Oficina

1

Depósito esportivo

1

Sala de maquinas

1

Vestiário

2

Sala de preparo

1

10 – Piscina

Sala de moldes

1

Piscina adulto

1

Sala de costura e ferragem

1

Piscina infantil

1

5 - Administração Governança

1

Sala administrativa

1

Contabilidade

1

Diretoria

1

Almoxarifado

1

Depósito

1

Sala de reuniões

1

Sanitário

2

Conforto médico

1

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

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QNTD


No pavimento superior no bloco de viência podem ser encontrados mais duas subdivisões, o setor didático onde se encontram um auditório, salas multi uso e uma pequena biblioteca com área de estudos, e também o terraço com áreas de descanso e relaxamento. Figura 124 – Divisão da disposição dos espaços do 1º pavimento por setores.

Fonte: Desenvolvido pelo autor. 11. Didático; 12. Terraço

Lista de ambientes 1º pavimento

Tabela 23 – Ambientes localizados no 1º pavimento.

AMBIENTES

QNTD AMBIENTES

11 – Didático

QNTD

12 - Terraço

Auditório

1

Área de descanso

1

Foyer

1

Jardim

1

Sala multiuso

2

Biblioteca

1

Área de estudos

1

Sanitário

2

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Na área externa frontal a edificação estão localizadas a praça central que dá acesso aos três blocos do complexo, e o estacionamento dos usuários externos, assim como o acessos de veículos que é direcionado até uma baia

97


em frente a recepção onde os usuários podem fazer o embarque e o desembarque. Figura 125 – Vista superior do complexo.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

A unidade conta com jardins em toda a extensão do terreno, promovendo sombras e conforto para os usuários além de humanizar os ambientes e atuar de forma terapêutica no processo de reabilitação dos pacientes. A vegetação também é utilizada como barreiras de visualização do meio externo para o interno em alguns ambientes que necessitam de maior privacidade. Na parte posterior está situada uma área de jardinagem terapêutica acessível á todos os perfis de pacientes e o estacionamento dos funcionários, além da área de carga e descarga necessária para a realização dos serviços.

5.5.1 Reabilitação O bloco de reabilitação é onde está localizado toda a parte ambulatórial e de reabilitação adulto e infantil, além disso, também estão localizados nesse setor toda a parte adiministrativa e de serviços do complexo. A oficina ortopédica também divide espaço com esses outros usos que contam com áreas verdes internas de relaxamento e contemplação tornando os ambientes mais humanizados e agradáveis.

98


Figura 126 – Bloco de Reabilitação.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

5.5.1.1 Recepção O acesso a recepção pode ser feito através da praça pelos pedestres e através do acesso ao estacionamento por veículos. Na entrada encontra-se uma baia de embarque e desembarque com vagas para paradas rápidas e vaga para onibus e microonibus especiais que transportam pessoas com deficiência física e poderão ter acesso interno a edificação (Figura 126). Figura 127 – Baia de embarque e desembarque da recepção.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Na parte interna a recepção é um local amplo e agradável com área de espera para os pacientes e acompanhantes apresentando um mobiliário flexível e adaptável, com espaços voltados para o posicionamento de cadeira de rodas

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de forma mais despojada e integrada ao restante do mobiliário. O balcão de atendimento também apresenta uma parte com altura apropriada para o atendimento de pessoas com cadeiras de rodas. A cor azul, que pode agir como calmante sobre os usuários,foi utilizada em variados tons, mesclados ao branco e ao cinza para dar equilíbrio ao ambiente (Figura 128). Figura 128 – Vista interna da recepção.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

O espaço também conta com a presença de um dos três jardins internos, que é dividido pelo corredor que dá acesso a recepção da parte administrativa e a área de jardinagem terapêutica aos fundo da edificação (Figura ). Figura 129 – Jardim interno integrado a recepção.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

100


5.5.1.2 Reabilitação Os espaços voltados para as funções de reabilitação foram trabalhados com bastante visualização do meio externo para funcionar como estimulante da atividade assim como a cor vermelha que pode incitar o desempenho físico a ação e a agitação nos pacientes. Figura 130 – Vista interna Salão de cinesioterapia e mecanoterapia.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Nos ambientes voltados a reabilitação infantil foram utilizados uma mistura de cores para deixar o ambiente mais alegre e tornar as atividades ali desenvolvidas mais descontraídas. O aproveitamento do visual externo também foi utilizado como forma estimulante na realização dos procedimentos. Figura 131 – Vista interna Sala de ludoterapia infantil.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

101


5.5.1.3 Jardins Internos Os jardins internos presentes nos blocos de reabilitação tem a função de trazer para dentro do ambiente iluminação e ventilação natural, além de funcionarem como ambientes de relaxamento e estimulantes na execução da atividades. Os jardins tem ainda a função de fazer ligações entre ambientes distintos através de corredores cobertos. O bloco conta com três jardins, um na recepção (Figura 132), outro na reabilitação e mais um na reabilitação infantil. O último faz ligação direta atravéz de um corredor ao bloco de vivência. Figura 132 – Jardim interno presente na recepção.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Por ficarem próximas a áreas com diferentes tipologias de usuários, os jardins recebem diferentes tratamentos. Na recepção, que se trata de um lugar de passagem, o jardim é mais contemplativo, com elementos que atiçam a curiosidade e o olhar dos usuários. Na reabilitação o jardim conta com espaços de descanso e relaxamento, além de uma vegetação elaborada e atrativa, já o jardim da reabilitação infantil conta com pisos coloridos e espaços para brincadeiras (Figura 133). Figura 133 – Jardim interno reabilitação infantil.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

102


5.5.2 Vivência O bloco de vivência conta com um grande café com áreas de integração no térreo e uma área de jogos com jogos como sinuca e pimbolim adaptados as necessidades especiais dos usuários. O pavimento superior compõe-se de uma área didática com um auditório, salas multiuso, biblioteca e área de estudos, além de um terraço integrado ao espaço. O bloco ainda apresenta ligação direta aos dois outros blocos Figura 134 – Bloco de vivência.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

5.5.2.1 Café O café presente na área de vivência apresenta espaços de integração e relaxamento voltado aos pacientes, acompanhantes e funcionários, além de poder atender a comunidade em possíveis eventos esportivos ou didáticos. Figura 135 – Vista interna do café.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

103


O espaço conta com uma mobília adaptável e flexível aos usuários disposta de forma a valorizar a integração dos mesmos. Tons de laranja foram utilizados na área pois podem estimular o entusiasmo e até mesmo abrir o apetite dos usuários. Figura 136 – Vista interna área de integração.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

O acesso ao pavimento superior pode ser feito através de elevadores ou da rampa de acesso presente no térreo que leva ao mezanino com uma inclinação apropriada para a tipologia dos usuários (figura 137). Figura 137 – Vista da rampa de acesso ao mezanino.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

104


5.5.2.2 Didático O pavimento superior trata-se de um mezanino onde estão localizados um auditório, duas salas multiuso e uma pequena biblioteca ntegrada a uma área de estudo. O subida, feita por elevador ou rampa, da acesso a um hall que faz conexão com todos os ambientes e pode ser utilizado como foyer em possíveis eventos (Figura 138). Figura 138 – Vista do foyer de acesso às salas e auditório.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

O mezanino tem vista para toda a área externa e também os espaços de integração e café logo abaixo. Tons de amarelo foram utilizados aqui, pois é considerada um estimulante intelectual podendo instigar a concentração e a criatividade. Figura 139 – Vista do observador a partir do mezanino.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

105


Mais a frente encontra-se a área de estudo integrada a pequena biblioteca que pode ser utilizada tanto pelos pacientes quanto pelos profissionais no estudo de novas técnicas e aprofundamento dos temas trabalhados. A mobília aqui também é móvel e flexível às tipologias dos usuários (Figura 140). Figura 140 – Área de estudos integrada à biblioteca.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Incorporado a área de estudos encontra-se um espaço de relaxamento no terraço, com jardins e área de descanso com vista para toda a extensão do complexo (Figuras 141 e 142). Figura 141 – Área de descanso no terraço.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Figura 142 – Vista do terraço.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

5.5.3 Esportivo O bloco voltado a pratica de atividades esportivas conta com uma quadra poliesportiva e uma piscina adulta e uma infantil, além dos equipamentos necessários para a realização das suas funções. A prática esportiva melhora a condição cardiovascular dos praticantes, aprimora a força, a agilidade, a

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coordenação motora e o equilíbrio além de contribuir para a socialização dos participantes. Figura 143 – Bloco esportivo.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

5.5.3.1 Quadra esportiva A quadra poliesportiva de 27 metros de comprimento por 16 de largura (figura 144) pode ser utilizada para a realização de inumeros esportes por pessoas com deficiencia física, como Basquetebol sobre rodas ou o vôlei sentado. Os equipamentos são adaptados para a tipologia dos usuários e os tipos de esportes ali praticados. Figura 144 – Quadra poliesportiva.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

107


Para o funcionamento do espaço, a quadra conta com ambientes de apoio como vestiários e depósito de armazenamento de equipamentos para a prática dos esportes. A área também conta com arquibandacas com espaços reservados para pessoas com deficiencia física e seus acompanhantes na primeira fileira para maior facilidade de acesso. A quadra ainda conta com uma grade protetora para impedir que bolas ou outros instrumentos saim do espaço e atijam outras pessoas ou equipamentos do lado de fora (Figura 145). Figura 145 – Arquibancada e ambientes de apoio da quadra.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

5.5.3.2 Piscina O espaço conta com duas piscinas uma paa adultos e outra infantil, ambas apresentam rampas de acesso e barras de apoio para auxilio durante a entrada dos pacientes. Na piscina podem ser realizadas tanto atividades esportivas de natação quanto práricas de hidroterapia no procedimento de reabilitação. Figura 146 – Piscinas infantil e adulto.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

108


A piscina adulta contém comprimento semiolímpico (25 metros) e apresenta cinco raias (2 metros) para treinos e competições (figura 147). As piscina contam com uma área de duchas com registros de altura acessíveis para todos os usuários e um depósito para equipamentos relacionados a hidroterapia, natação e a manutenção das piscinas. O espaço também incorpora uma área para os acompanhantes e para descanso dos usuários entre as atividades com mesas e cadeiras móveis e adaptáveis para a tipologia dos usuários. Figura 147 – Área de competição da piscina adulta.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

5.5.4 Área externa A área extena do complexo foi projetada como parte integrada a edificação, sendo ultilizada para traçar os caminhos e acessos aos blocos, criar barreiras quando necessário e também promover conforto e praticidade aos usuários. O espaço é constituído por uma praça central aberta ao público, um estacionamento e uma área de jardinagem terapêutica. Além dos jardins que circundam a edificação promovendo privacidade aos ambientes. Figura 148 – Área externa a edificação.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

109


5.5.4.1 Praça central A praça central funciona como um ambiente de ligação entre os blocos, através dela é possível acessar todos os seguimentos do complexo por meio de caminhos sombreados e agradáveis que podem agir de forma terapêutica sobre os paciente. Os gramados dos jardins presentes na praça estão no mesmo nível que o calçamento para manter o acesso as áreas verdes livre de empecilhos. Figura 149 – Vista aérea da praça central.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Os jardins recebem formas mais organicas para tornar os caminhos mais imprevisíveis e menos monótonos, assim como os piso que recebem cores diferenciadas em suas formas, porém no mesmo nível. Figura 150 – Jardins com formato orgânico.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

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No centro da praça encontra-se um espaço com mesinhas de descanso e relaxamento adaptáveis onde também existe um desenho no piso com a logo do complexo indicando a área como um ambiente de integração. Os bancos encontrados em torno dos jardins também contam com espaço lateral para estacionar a cadeira de rodas. Figura 151 – Vista noturna da praça central.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

5.5.4.2 Estacionamento O estacionamento do complexo conta com 50 vagas, sendo 24 delas voltadas para pessoas com deficiencia. Figura 152 – Vista superior do estacionamento.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

111


O acesso pode ser feito de forma que o paciente é deixado na recepção através da baia de embarque e desembarque e o motorista estaciona o carro no estacionamento. Na saída o motorista consegue ter acesso a baia novamente para embarcar o paciente e partir. Figura 153 – estacionamento e baia de embarque e desembarque.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

5.5.4.3 Jardinagem terapêutica Aos fundos da edificação uma área foi cridada voltada para a jardinagem terapêutica. Os jardins são suspensos e apresentam espaço para o encaixe da cadeira de rodas, sendo assim acessível a todos os perfis de pacientes (Figura 154). Figura 154 – Área voltada à jardinagem terapêutica.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

112


O espaço é sombreado pelas árvores inseridas ao centro de cada conjunto de jardins para tornar a atividade mais agradável ao longo do dia (Figura 155). O contato direto com a natureza através da jardinagem pode ajudar a diminuir o estresse e melhorar o desnvolvimento das funções motoras do praticante. Figura 155 – área sombreada na jardinagem terapêutica.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

5.6 MATERIALIDADE Os materias selecionados para a concepção do projeto foram escolhidos de forma a facilitar a execução do projeto e tornar a edificação executável. Todo o bloco esportivo apresenta uma estrutura metálica aparente de fácil execução e sem a presença de lajes (Figura 156), tornando a estrutura mais leve e acessível economicamente. Figura 156 – Estrutura metálica aparente no bloco esportivo.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

113


O revestimento utilizado no bloco de vivência e na recepção da reabilitação é o Softwave 25 da empresa Hunter Douglas. Trata-se de um revestimento metálico para áreas internas ou externas e que tem uma montagem prática e rápida em função do sistema de encaixe macho-fêmea que apresenta. O produto é fabricado no Brasil pode ser encontrado em uma ampla gama de cores. Figura 157 – Área a ser aplicado o revestimento.

Figura 158 – Revestimento aplicado.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Fonte: Hunter Douglas.

O restante dos elementos principais da edificação se resumem a alvenaria convencional com estrutura de concreto armardo e fechamentos em vidro para a entrada de luz natural e promoção da relação entre meio interno e externo. Figura 159 – Vista interna fechamento em alvenaria e vidro.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

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5.7 FUNCIONALIDADE Para o bom funcionamento do estabelecimento e a viabilidade da sua execução algumas medidas projetuais foram tomadas. Questões de auto sustentabilidade, economia e aproveitamento de recursos naturais foram levadas em consideração, assim como questões de acessibilidade e acesso do público ao complexo para que o este seja utilizado e explorado em sua maxima potencialidade.

5.7.1 Acessibilidade

As questões de acessibilidade são muito importantes a ser levadas em consideração de acordo com a tipologia dos usuários que frequentarão o estabelecimento. Foi preciso estabelecer padrões de acessibilidade em relação a localização e também medidas internas de mobilidade. O acesso até a edificação pode ser feito de inumeras maneiras, a partir de formas particulares, e também coletivas já que o complexo está localizado a 400 metros do terminal de Itaparica e permite que os onibus do sistema Mão na Roda, que é responsável pelo transporte de pessoas com deficiência física, tenham acesso direto a baia de embarque e desembarque da recepção. Figura 161 – Sistema mão na roda.

Figura 162 – Acesso a recepção.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Dentro da edificação e ao seu entorno questões de mobilidade urbana também foram resolvidas. Todos os percursos que apresentam desníveis contam com rampas de acesso com inclinação adequada, alem de contar com as sinalizações devidas.

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Figura 163 – Rampas de acesso no estacionamento.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

As faixas de travessia presentes na edificação e também nas calçadas que circundam o complexo são elevadas para facilitar o fluxo e também contribuir para a diminuição da velocidade dos veículos em uma área que necessita de maior cuidado em relação ao trânsito de pessoas. Figura 164 – Faixas de travessia elevadas.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

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5.7.2 Sustentabilidade e economia Para que a execução e o funcionamento de um projeto dessa dimensão seja viável é preciso planejar medidas de economia e técnicas auto sustentáveis. O aproveiamento da água de formas alternativas pode ser uma solução prática e funcional. Se tratando de um complexo que prioriza a horizontalidade na sua forma edificada, a captação e o reaproveitamento da água da chuva se torna uma técnica bastante proveitosa, tendo em vista que a área de captação (Telhados e coberturas em geral) é muito maior que a de uma construção verticalizada. Em tempos de escassêz, o armazenamento e aproveitamento da água pluvial das chuvas exepcionais se torna ainda mais positivo podendo significar até 65% de economia evitando desperdicios. Além disso o reuso das águas cinzas também pode ser utilizado. A água cinza, que é a água utilizada em processos domésticos como banho e lavagem de roupas e louças (exceto vasos sanitários), pode corresponder a 80% do esgoto de uma edificação. Sendo assim a reciclagem dessa água pode contribuir bastante para a economia de água em um estabelecimento de grande porte como esse. A imagem a seguir demonstra um esquema de como os sistema de captação da água da chuva e do reuso das águas cinzas podem funcionar. Figura 160 – Esquema de reciclagem da água.

Fonte: Sinduscon (USP).

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A captação das águas pluviais é feita através das calhas presentes em todas as coberturas da edificação e levada para o reservatório passando por um filtro para remoção de resíduos maiores, depois de tratada a água retorna a edificação podendo ser usada em descargas, lavagem de roupas, irrigação dos jardins entre outros. Uma área técnica foi reservada aos fundos da edificação para a localização das bombas e do reservatório subterrâneo de maneira a facilitar a manutenção do sistema (Figura 161). Figura 161 – Coberturas com calha de captação e área técnica ao fundo a esquerda.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

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6 CONCLUSÃO

Através do estudo realizado é possível concluir a importância do espaço físico sobre as pessoas e como a forma em que a arquitetura é empregada influencia diretamente no comportamento emocional dos usuários. Em um ambiente de reabilitação onde os pacientes necessitam de estímulos para realização de suas atividades a arquitetura se torna uma ferramenta de grande influencia sobre o individuo, podendo ter efeitos maléficos quando mal utilizada. Pessoas que apresentam deficiências físicas ou algum tipo de limitação podem carregar consigo uma grande carga emocional de momentos dolorosos, em função disto um ambiente de reabilitação deve possibilitar experiências positivas para os pacientes. A integração ou reintegração do paciente ao meio social em que está inserido é um do muitos objetivos da reabilitação e de acordo com os estudos feitos, os ambientes podem proporcionar interação social com os usuários internos e com a comunidade. Também podemos concluir que a preocupação com questões de acessibilidade e desenho universal devem ser aplicadas sem ressalvas em função das características dos usuários que necessitam de atenção especial. O espaço deve ser livre de barreiras físicas e também psicológicas, respeitando as legislações regentes na concepção do projeto, através do dimensionamento correto dos ambientes. A humanização de ambientes e o contato destes com as áreas externas proporcionam conforto e bem estar para os usuários assim como o contato com ambientes naturais que podem ser abertos a comunidade e prover a desejada integração social que é o primeiro passo para o alcance da cidadania Plena.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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