O PROCESSO EFICIENTE NA LÓGICA ECONOMICA: DESENVOLVIMENTO, ACELERAÇÃO E DIREITOS FUNDAMENTAIS

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refeitas diariamente novas hierarquias sociais, políticas e econômicas e culturais em escala cada vez mais mundial”269. Outro aspecto fundamental que não somente foi responsável pelo surgimento, mas também pela consolidação e avanço do fenômeno globalização é a velocidade - que articulada com a distância possui implicações importantes. Nesse pensar Bauman invoca Paul Virilio para explicar que “com efeito, longe de ser um ‘dado’ objetivo, impessoal, físico, a ‘distância’ é um produto social; sua extensão varia dependendo da velocidade com a qual pode ser vencida (e, numa economia monetária, do custo envolvido na produção dessa velocidade). Todos os outros fatores socialmente produzidos de constituição, separação e manutenção de identidades coletivas – como fronteiras estatais ou barreiras culturais – parecem, em retrospectiva, meros efeitos secundários dessa velocidade”270. A velocidade é um fenômeno perturbador ao pensamento. Segundo Virilio, não se trata de uma conseqüência neutra e despropositada do cibermundo, da cultura fundamentalista científica fundada a partir da modernidade. Trata-se, dito de modo claro, de poder, de meio, que possui íntima relação com a economia. Em suas palavras: “La noción de la velocidad es uma cuestión primordial que forma parte del problema de la economía. La velocidade es, a sua vez, uma amenaza tirânica, según el grado de importância que se le dé, y, al mismo tiempo, ella es la vida misma. No se puede separar la velocidad de la riqueza. Si se da una deficion filosófica de la velocidad, se puede decir que no es un fenômeno, sino la relación entre los fenômenos. Dicho de outro modo, la relatividad em si mesma. Se puede incluso llegar más lejos y decir que la velocidad és um medio. No es simplemente un problema de tiempo entre dos puntos, es um médio que está provocado pro el vehículo.”271 A velocidade, vista como relação política, é inseparável da lógica de maximização da riqueza. Torna-se, em tempos como estes, impossível estudar política sem dedicar-se a melhor compreender o fenômeno da velocidade272. A velocidade representa um movimento absoluto, de controle absoluto, instantâneo, o que o equipara a um poder quase divino. Objetiva uma visão totalizante que não possui nada de democrático em sua lógica. E essa ‘sacralização’ da velocidade não 268

DUSSEL, Enrique. Ética da libertação: na idade da globalização e da exclusão. Trad. Ephraim Ferreira Alves, Jaime A Clasen e Lúcia M. E. Orth. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. 269 BAUMAN, Zygmunt. Globalização:, op cit, p. 16. 270 Idem, p. 19. 271 VIRILIO, Paul. El Cibermundo, la política de lo peor. Trad. Mónica Poole. Madrid: Cátedra, 1999. p. 16.

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