Carrie

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Trabalharam em silêncio por alguns instantes, quando Helen fez nova pausa. Não havia ninguém por perto. A mais próxima era Holly Marshall, ocupada na outra ponta do mural colorindo a quilha da gôndola. - Posso lhe fazer uma pergunta, Sue? - disse Helen finalmente. - Puxa, todo mundo fala nisso. - Claro. - Sue parou de colorir, esticando os dedos. -Talvez eu deva até contar para alguém. só para que as coisa fiquem claras. Fui eu que pedi a Tommy para levar Carrie Espero que com isto ela consiga sair um pouco de dentro de si... que derrube algumas de suas barreiras. .Acho que devo isto a ela. - E o resto de nós como é que fica? - perguntou Helen sem o menor rancor. Sue deu de ombros. - Cada um que julgue por si o que fizemos. Eu não estou em situação de poder jogar pedras. Só não quero que pensem que estou... - Se fazendo de mártir? - Mais ou menos isto. - E Tommy entrou nessa? - Era isto que mais a fascinava. - Entrou - disse Sue, com toda simplicidade. E depois de uma pausa: - Acho que os outros pensam que eu estou pior. Helen ficou pensando. - Bem...é o que eles todos andam dizendo. Mas a maioria acha que você está certa. Ë como você diz. Cada um que tome as suas decisões. Existe na verdade uma pequena facção divergente. - A turma de Chris Hargensen? - E Billy Nolan também. - Ela não vai muito comigo? - disse Sue, como perguntando. - Ora Susie, ela odeia você Susan concordou, surpresa em sentir que isto a irritava e afligia ao mesmo tempo. - Ouvi dizer que seu pai ia processar a escola, depois mudou de idéia. Helen deu de ombros. - Isto não lhe valeu a amizade de ninguém. Na verdade nem sei o que houve conosco. Eu me sinto como se já não me conhecesse mais. Continuaram a trabalhar em silêncio. No outro lado da sala Don Barrett estava armando uma escada para poderem começar a enfeitar com papel crepom as vigas de aço lá no alto. - Olhe - disse Helen. - Lá vai a Chris. Susan levantou os olhos e ainda conseguiu vê-la entrar naquela toca de sala ao lado da entrada do ginásio. Usava calça de veludo cor de vinho de boca larga, e uma blusa de seda branca - sem sutiã, pelo jeito como tudo balançava na frente -; era dessas com que sonham os velhos sem-vergonha, pensou Sue com azedume, curiosa por saber o que Chris poderia querer lá dentro onde o Comitê do Baile havia instalado sua sede. Bem verdade que Tina Blake fazia parte do Comitê, e que as duas eram unha e carne. Ora, pare com isto, ela se repreendeu. Queria que andasse por aí com a cabeça coberta de cinzas? Exatamente, admitiu ela. Era isto mesmo que parte dela desejava. - Helen? - Hummmmm? - Acha que eles vão fazer qualquer coisa? O rosto de Helen pareceu se cobrir com uma máscara, a expressão contrafeita. - Não sei - respondeu ela com voz despreocupada e exagerada inocência. - Ah - fez Sue, meio desconfiada. (você sabe de alguma coisa: admita e se for só você me diga) Continuaram a pintar; nenhuma delas falou. Sue sabia que as coisas não andavam tão


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