Carrie

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ESTARIA VOÇË PRONTA) explodirem uma após a outra, como pássaros de gesso num estande de tiro. (meu deus já estive lá e vi as meretrizes dançando em palcos dc madeira) Ficou sentada em sua banqueta como um aluno brilhante promovido a primeiro da turma. Mas seu olhar estava transtornado. As janelas da sala se abriram. A porta da cozinha bateu. Carrie entrou. Seu corpo parecia torcido, encolhido como de uma velha encarquilhada. O vestido de festa, um trapo mulambento, com sangue de porco escorrido, coagulado. Havia uma mancha de graxa em sua testa, e os dois joelhos estavam esfolados, em carne viva. - Mãe - murmurou ela. Os olhos de um brilho sobrenatural pareciam os de um falcão, mas sua boca tremia. Se alguém estivesse ali para observá-las teria ficado impressionado com a semelhança de ambas. Margaret White estava sentada na banqueta da cozinha, a faca escondida entre as pregas do vestido. - Eu deveria ter me matado quando ele a colocou dentro de mim - disse ela claramente. Depois da primeira vez, antes de nos casarmos ele prometeu. Nunca mais. Disse que tinhamos apenas... resvalado. Acreditei nele. Caí e perdi a criança; foi a sentença de Deus. Senti que meu

pecado tinha sido expiado. Com sangue. Mas o pecado não morre nunca. O pecado. . . não morre. , . nunca. . . - Seus olhos ardiam. - Mãe, eu... - A princípio tudo estava bem. Viviámos sem pecado. Dormíamos na mesma cama, às vezes de ventre encostado, meu Deus, às vezes eu sentia a presença da Serpente, mas nunca. o fizemos. até que. - Um sorriso de escárnio apareceu em seu rosto), duro, horrível. E naquela noite eu o Vi olhando Daquele Jeito. Nos ajoelhamos e rezanios pedindo forças e ele. . . me tocou. Naquele lugar. No lugar da mulher. Eu o expulsei de casa. Ficou fora durante horas. Fiquei rezando por ele. Via-o em mente perambulando pelas ruas desertas lutando com o Demônio, como Jacó havia lutado com o Anjo do Senhor. Quando voltou meu coração exultou de agradecimento. Fez uma pausa, com aquele sorriso seco, rindo para sombras fugidias do quarto. - Mãe, eu não quero ouvir! Pratos começaram a estourar no armário, como pombos de barro. - Só quando ele entrou é que senti seu hálito de uísque.E ele me usou. Me agarrou! Com o fétido hálito de uísque me agarrou. . . e eu gostei! Berrou as últimas palavras virada o teto. - Gostei de toda aquela porca fornicação e das mãos me apalpando, me APALPANDO TODA.’ - Mãe! (!!Mãee!!) Parou como se tivesse levado uma bofetada, e ficou olhando para a filha, piscando. - Eu quase me suicidei - continuou ela num tom de voz mais normal. - E Ralph chorou e falou em penitência mas eu não, e depois ele morreu. Eu então pensei que Deus tinha me castigado com câncer, e que ele estava transformando meus órgãos femininos em algo tão negro e corroído quanto minha alma pecadora. Mas isto seria muito pouco. Misteriosos são os caminhos em que o Senhor realiza Seus milagres. Hoje o reconheço. Quando as dores começaram, fui apanhar uma faca... esta aqui - e ela a ergueu para o alto - e esperei que você viesse para poder fazer meu sacrifício. Mas eu era fraca e pérfida. Quando você tinha três anos, peguei na faca novamente, mas não tive forças. Por isto agora O demônio veio a nós. Ergueu a faca e como que hipnotizada, seus olhos se fixararn na lâmina gasta e brilhante. Cegamente. Carrie deu um passo lento em frente. - Eu vim aqui para matá-la, mãe.E encontro você esperando para me liquidar. Mãe. Eu. . . não esta certo... mãe. Não...


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