DMB - Edição #07

Page 1


Carta do diretor Lucas Fernandes

Formado em design gráfico e atuando no mercado desde 2010. Atualmente focado em direção de projetos. Dentre eles a revista digital Design Magazine Brasil e o “coletivo criativo” Grupo I3C3.

Primeira Design Magazine Brasil do ano!

do Grupo I3C3, que a partir de 2015 é responsável

Não tenho dúvidas de que 2015 será um excelen-

pela Design Magazine Brasil. A princípio não deve

te ano para o design brasileiro, e espero que para

haver grandes mudanças, mas podem ter certe-

a DMB também.

za de que por trás dos panos estamos preparando

Esse ano marca o retorno da Bienal Brasilei-

muitas coisas.

ra de Design, que ocorrerá em Florianópolis, a pri-

O que isso traz de bom de imediato? Simples,

meira edição do Zupi Awards, prêmio internacional

agora você, que não gosta de esperar dois meses

organizado pela Zupi e que ocorrerá no Pixel Show,

entre uma edição e outra da DMB, pode ter conteú-

em São Paulo, e a Brazilian Design Showcase (Bra-

do novo de todas as áreas citadas acima com mais

des), que terá espaço no Florence Design Week, em

frequência. Acessem o portal e disfrutem de tudo

Florença, Itália.

isso que eu falei aqui, e muito mais!

Mas não é só isso. Sabem o que mais 2015

Enfim, já deu para perceber que 2015 vai

traz? O lançamento do Portal I3C3 (http://i3c3.com.

ser bem agitado né? Espero que vocês estejam

br), a mais nova fonte de notícias, informações, di-

com tanta energia quanto eu. Para começar

cas e muito mais para criativos. Envolvendo não só

o ano, absorva tudo que puder dessa nossa

design, mas também arte, comunicação, tecnolo-

nova edição.

gia, arquitetura, moda e etc. O portal é um projeto

2 • Edição 07

Até mais.


VENHA E DESCUBRA FLORIANÓPOLIS DE 15 DE MAIO A 12 DE JULHO DE 2015

Visite as exposições, workshops, seminários nacionais e internacionais, e outros eventos de design que tomarão conta da cidade.

Incentivo

Realização

Revista Oficial

Patrocínio

Co-realização

Iniciativa ®

Apoio Institucional

Cia Aérea Oficial


Sumário

A experiência do Pixel Show

Capela Notre-Dame-du-Haut Pág. 08

“Merchandising” nas telonas

Pág. 12

Cidades do design Pág. 18

O design hoje

Design com Pedro Panetto Pág. 28

4 • Edição 07

Pág. 22

Pág. 36


Design Magazine Brasil

Fevereiro 2015 • 5


Créditos

Edição #07 Fevereiro/2015

Diretor Lucas Fernandes

Redatores Eliezer Santos João Valle Lourrane Alves Mayara Wal Thiago Seixas Vitor Cardoso

Idealizadores Diego Gomes Douglas Silva Gilberto Ferreira Leandro Siqueira Lucas Fernandes Projeto gráfico Douglas Silva Hebert Tomazine Leandro Siqueira Lucas Fernandes Thiago Seixas Vitor Cardoso

Diagramação Douglas Silva Hebert Tomazine Leandro Siqueira Lucas Fernandes

Ilustrações Beatriz Vieira Douglas Silva Gilberto Ferreira Wendel Fragoso Fotografias Thiago Seixas Revisão Juliana Teixera Lourrane Alves Capa Renato Saes

Logotipo Elementoa À Solta

Site designmagazine.com.br Redes Sociais facebook.com/revistadesignmagazine.br twitter.com/DMBr_Oficial Email lucas@designmagazinebrasil.com.br A Design Magazine Brasil é uma projeto de LucasFAdS e Grupo I3C3. O conteúdo textual e imagético da revista pertence aos seus respectívos autores e não pode ser reproduzido sem autorização prévia. 6 • Edição 07


Design Magazine Brasil

Fevereiro 2015 • 7


A experiência do Pixel Show Fotografias: Thiago Seixas.

Thiago Seixas

Designer gráfico e de produto, apaixonado por artes e futebol. Buscando conhecimento e experiências, para um dia poder ser uma referência e inspiração para os novos designers.

“O Pixel Show ocorreu pela primeira vez em 2005, e de lá pra cá cresceu, ganhou notoriedade...”

8 • Edição 07


Design Magazine Brasil Uma coisa essencial para a criatividade é ter

se pela sua grandeza e por contar com grandes pa-

um background de conhecimento diversificado.

lestrantes, atraindo gente de todo o Brasil, e inclusi-

Quando assistimos a um filme, quando vamos a

ve, da América Latina.

um museu, quando escutamos uma nova música,

Realizado pela Zupi, um crossmedia de arte e

e até mesmo, quando viajamos para um novo lugar,

design que fomenta, registra, produz e divulga o que

estamos digerindo informações que futuramente

há de melhor na criação brasileira e mundial, o Pixel

irão nos influenciar em nosso processo de desen-

Show ocorreu pela primeira vez em 2005, e de lá pra

volvimento de ideias, o que nos leva a concluir que

cá cresceu, ganhou notoriedade, mudou para um

quanto mais background cultural e informacional

espaço bem maior e hoje, após dez anos, é a maior

nós tivermos, maior será nossa capacidade criativa.

conferência de criatividade da América Latina.

Dentro desta ideia, diversos eventos, como

Minha primeira experiência com o Pixel Show

encontros de estudantes, workshops, bienais, feiras

foi em 2010, quando tinha ouvido falar pouco, po-

ivres, entre outros, são criados para atrair profissio-

rém muito bem sobre o evento e resolvi arriscar.

nais e estudantes das áreas criativas que possuem

Nunca havia ido a São Paulo e iria sozinho para o

o interesse em agregar novos conhecimentos e

evento, o que confesso, me deixou ainda mais an-

também compartilhar os seus. Como exemplo dos

sioso. Mas, para minha total felicidade, foi incrivel-

eventos realizados no Brasil, o Pixel Show destaca-

mente fácil encontrar o local do evento, que ficava

Fevereiro 2015 • 9


A experiência do Pixel Show Imagem: michell zappa

em um ponto superinteressante e acessível da cida-

lestras, apresentações e workshops que tem como

de. Foi um final de semana realmente incrível onde

principal objetivo abrir nossas mentes para novas

pude conhecer diversos artistas fantásticos, pude

ideias. Além disso, o evento possui uma feira de

assistir palestras memoráveis, conheci um pouco

criatividade gratuita, que conta com live paitings de

da cidade e ainda pude fazer novas amizades. Deci-

grandes artistas, estandes de objetos super criati-

di então que voltaria ao evento todo ano que fosse

vos, exposição de quadros e esculturas, apresenta-

possível. Tive a oportunidade de ir para o evento

ção de livros e de novas tecnologias. Enfim, o Pixel

novamente em 2012 e 2013, e pude perceber que

Show é um evento criado para celebrar a criativida-

o evento crescia cada vez mais, tornando-se indis-

de e a inspiração mútua, além de ser um local per-

pensável para quem está sempre em busca de ex-

feito para fazer networking.

pandir seus conhecimentos.

Por fim, uma das coisas que me faz querer re-

Uma das peculiaridades do evento é a grande

tornar ao Pixel Show todo ano é o fato de ser bas-

diversidade de assuntos e pessoas criativas. É mui-

tante acessível financeiramente. E isso impressio-

to bom poder imergir em diversos tópicos como

na, pois eventos em nossa área são em geral bem

fotografia, graffiti, publicidade, design, arquitetura,

caros, principalmente quando contam com tantos

ilustração, intervenção urbana entre outros, em pa-

atrativos e com um time de palestrantes de peso.

10 • Edição 07


Design Magazine Brasil Por isso, em minha opinião, o custo benefício do Pixel Show é ótimo, contando ainda com promoções e descontos para quem organiza grupos, o que é ideal para quem não é de São Paulo e já precisa gastar uma grana com o deslocamento. Outro aspecto que ajuda muito é a facilidade para se encontrar albergues baratos e de boa qualidade na cidade de São Paulo. Em todas as edições que pude ir, sempre me hospedei em albergues, um diferente para cada edição, e isso só agregou na experiência das minhas viagens.

Esse ano o Pixel show acontece nos dias 17 e 18 de outubro, no Clube Hebraica, em São Paulo e para saber mais sobre o evento acesse o site: www.pixelshow.com.br.

Fevereiro 2015 • 11


Capela Notre-Dame-du-Haut Arte da vitrine: Beatriz Vieira.

João Valle

Estudante de arquitetura e urbanismo na Unigranrio, formado em técnico de design de interiores no Senac, apreciador de vinho e artista plástico de fim de semana.

“[...] Projeto do arquiteto e urbanista Franco-Suíço CharlesEdouard Jeanneret-Gris, mais conhecido como Le Corbusier, e a mais significativa manifestação da Vanguarda Racional [...]”

12 • Edição 07


Design Magazine Brasil

Histórico

procuravam recuperar a dinâmica de vida urbana

A capela foi projeto do arquiteto e urbanis-

e resolver os problemas de habitação do período

ta Franco-Suíço Charles-Edouard Jeanneret-Gris,

pós-guerra. No entanto, os primeiros contatos en-

mais conhecido como Le Corbusier, e a mais signi-

tre os religiosos e o arquiteto foram difíceis, a prin-

ficativa manifestação da Vanguarda Racional, que

cípio Le Corbusier não queria projetar o templo de

é um movimento pós-Primeira Guerra Mundial que

Ronchamp, pois o arquiteto já tivera problemas

rompeu com a tradição e foi fortemente influencia-

anteriores com as autoridades eclesiásticas duran-

do pela estética do cubismo. O templo foi erguido

te a construção do templo de Tremblay-lès-Gones-

sobre um platô no topo da colina de Bourlémont,

ses e o complexo para Saint-Baume, pois a igreja

nas ruínas de um templo da idade média que foi

se opunha à linguagem moderna de Le Corbusier,

destruído por bombardeiros durante a Segunda

entretanto, deram carta branca para que ele crias-

Guerra Mundial. Seria necessário um novo templo

se o que quisesse.

para os fiéis que visitavam o local, desde meados do século XIII.

O programa consistia em uma nave principal que pudesse receber cerca de 200 fiéis. O edifício

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os

deveria disponibilizar demais elementos litúrgicos

habitantes da região de Ronchamp e a Comissão

básicos como altar, coro, púlpito, confessionário,

de Arte Sacra de Besançon decidiram pela recons-

três pequenas capelas para cultos mais reserva-

trução do templo e confiaram a tarefa a Le Corbu-

dos, um altar externo para as cerimônias campais

sier, conhecido por ser o inventor da Unité d’Habi-

nos dias de peregrinação, uma sacristia e um pe-

tation, que são grandes complexos modulares que

queno escritório num piso superior. Imagem: static.panoramio.com

Fevereiro 2015 • 13


Imagem: lh4.googleusercontent.com

Composição

ternas. Assim a cobertura não tocaria nas paredes e

A parte principal da estrutura é constituída

entre ambos teria um nicho de 10 centímetros, que

por duas membranas de betão, separados por um

dá uma entrada significativa da luz do dia e trans-

espaço de 2,26 metros, formando uma concha de

mite uma sensação de leveza na parte interna do

concreto armado aparente que constitui o telhado

templo tornando a cobertura “flutuante”.

do edifício. Este pesado telhado de tom escuro en-

O templo está alocado no ponto mais alto da

tra em contraste com as espessas paredes cobertas

colina, permitindo assim a sua visualização por to-

por “concreto projetado” de cor branca e possui um

dos os pontos do terreno, desde a base da colina. As-

meio de recolhimento das águas pluviais, elas são

sim como elege a paisagem circundante como fator

direcionadas até a parte mais baixa, localizada na

fundamental para o enriquecimento da sacralidade

fachada oeste da capela, onde escorre a água até

do templo e de sua comunicação com o mundo ex-

uma abertura no solo conectada a um reservatório. terior. O altar externo, repousado sob o avanço da

As paredes foram projetadas em formas cur-

cobertura de concreto, resolve de forma esplêndida

vilíneas calculadas para proporcionar estabilidade

um dos problemas do projeto, que era expandir a

à composição do templo, mas não sustentam a

parte interna para abranger uma grande quantidade

cobertura, a mesma é sustentada por colunas in-

de pessoas, pois comumente eram feitas peregrina-

14 • Edição 07


Design Magazine Brasil ções até o templo. Nessas ocasiões especiais o altar se torna o pivô de uma celebração ao ar livre onde a imensidão do céu e a linha do horizonte passa-nos a distância existente entre a humanidade e Deus (mesma função que as grandes catedrais possuem). Assimétricas e completamente diferentes das construções sacras tradicionais, as paredes extremamente grossas, possuem organizadas, de forma aleatória, janelas que se afunilam de dentro para fora, dando dois tipos de impressão a estas paredes: uma impressão externa e outra interna. Na externa, a disposição e tamanho das janelas dão a impressão de volume, já na interna as janelas têm um nicho maior, o que dá mais vazão à luz vinda de fora, ampliando os nichos da janela e auxiliando na sensação de leveza da parede e do interior no centro da porção leste da nave, centro de celebração em torno do que tudo está ordenado, em círculos concêntricos, dando valor e hierarquia tanto aos elementos ascéticos quanto arquitetônicos. Imagem: media.gotraffic.net

Fevereiro 2015 • 15


Capela Notre-Dame-du-Haut Os elementos sacros como a mesa do altar, o púlpito, bancos, cruzes e candelabros participam como partes interagentes no todo, misturando-se à rusticidade do templo e servindo de forma funcional, nos trazendo uma atmosfera misteriosa e serena. Eles foram calculados com o modulador do Le Corbusier (sistema criado que não converte ao sistema métrico decimal as unidades como pés e polegadas, mas baseia as medidas modulares a um indivíduo imaginário com uma altura inicialmente de 1,75m e mais tarde de 1,83m). As torres são construídas com alvenaria de pedra e são cobertas por abóbadas de cimento. Imagem: ourhouseisourworld.files.wordpress.com

Visão interna da capela

16 • Edição 07


Design Magazine Brasil Imagem: architectsandartisans.com

Visão interna da capela

Iluminação A iluminação natural é feita por um sistema de janelas folheadas com vidro transparente, e, em alguns lugares, com vidro colorido. Le Corbusier considera que esta forma de iluminação está muito intimamente ligada a velhas noções de arquitetura, particularmente à arte românica e gótica. Por isso, aqui não há vitrais, mas vidros através dos quais se podem ver as nuvens, os movimentos da folhagem e até mesmo transeuntes. Fevereiro 2015 • 17


“Merchandising” nas telonas Arte da vitrine: Wendel Fragoso.

Lourrane Alves

Estudante de Publicidade e Propaganda da Unigranrio. Sua paixão está nos livros, no mundo das palavras, pontos e vírgulas. Atua na área de redação e revisão de textos e como freelancer.

“Aqui no Brasil [...] usa-se Merchandising para designar a aparição de um produto ou marca em filmes, novelas, seriados e etc. Mesmo o termo correto sendo Product Placement[...]”

18 • Edição 07


Design Magazine Brasil Quem não adora a oportunidade de sentar no sofá e assistir a um bom filme? Ou ir ao cinema e ver aquele longa tão esperado dos últimos meses? Grandes empresas sabem disso e investem muito para que suas marcas sejam vistas, reconhecidas, e claro, adquiridas. Eu me refiro aqui, a nada mais, nada menos do que o famoso Merchandising ou Product Placement, como é conhecido nos Estados Unidos. Merchandising é, na verdade, a ação de inserir um produto ou marca em um ponto de venda a fim de acelerar suas vendas. Aqui no Brasil, entretanto, usa-se Merchandising para designar a aparição de um produto ou marca em filmes, novelas, seriados e etc. Mesmo o termo correto sendo Product Placement. Imagem: Columbia Pictures

Produtos Apple no filme “Sex Tape”.

Fevereiro 2015 • 19


“Merchandising” nas telonas Bem, deixemos as explicações de lado. Não é de hoje que as empresas perceberam que essa é uma ferramenta poderosíssima, e a sua utilização está cada vez mais forte. Segundo o site Brandchannel, que realiza consultoria de marcas globais pela Interbrand, a

nhecer parte 1 (2011), Homem de Ferro 3 (2013), entre tantos outros títulos. Ainda segundo a Brandchannel, em primeiro lugar, presente em 144 filmes, está a Ford e em terceiro, a Coca-Cola, em 96 filmes. A Apple ocupa o segundo lugar na lista.

Apple é a marca que mais faz merchandising em

Jamais nos esqueceremos do filme Náufrago

filmes. Ela começou na década de 80 e com certe-

(2000), onde Tom Hanks, como protagonista, fica

za tem tido muito sucesso. Entre 2001 e 2010, um

preso sozinho em uma ilha deserta durante vários

terço dos filmes que ficaram em primeiro lugar na

anos, apenas com seu “amigo” Wilson, uma bola de

bilheteria americana tinham merchandising da

vôlei. A marca Wilson teve de atender a uma grande

Apple. Podemos ver a famosa Maçã em sucessos

demanda por bolas de vôlei após o filme. A marca

como, De volta para o futuro 2 (1989), Entrando

FedEx (empresa de entrega de correspondência)

numa fria maior ainda (2004), Crepúsculo: Ama-

também estava presente no longa. Imagem: DreamWorks Pictures

Wilson no filme “Náufrago”.

20 • Edição 07


Design Magazine Brasil Imagem: Universal Pictures

Nike no filme “De volta para o futuro II”

No já citado, De volta para o futuro, a Nike

quando a ferramenta do Merchandising (ou Pro-

também saiu lucrando. O famoso tênis de cadarços

duct Placement) é usada de forma “abusiva”, ou

que se amarravam sozinhos tinha a marca estam-

seja, estampada, de forma mal feita e não disfarça-

pada em si e claro, os jovens que assistiram ao fil-

da, como pode ser visto em algumas novelas e até

me desejavam ter um tênis como aquele. Ainda que

mesmo filmes, o telespectador se sente pouco à

na época ele não existisse, a marca se beneficiou.

vontade e até mesmo critica o produto, nesse caso

Em 2011 leiloou 1500 pares de protótipos do tênis e

surte então o efeito contrário. Mas existem por aí

agora, para loucura dos fãs, a Nike confirmou que o

muitos grandes diretores que sabem colocar a mar-

chamado Nike Air MAG será lançado esse ano.

ca no lugar certinho, despertando em quem está do

Podemos falar de mais inúmeros casos de

outro lado da tela uma incontrolável vontade de se

empresas que lucraram em investir nas telonas. Os

deliciar com barra de Chocolate Hershey’s, beber

telespectadores, de um modo geral já até se acos-

uma garrafa de Coca-Cola e na próxima ida ao Sho-

tumaram com toda essa enxurrada de marcas e

pping, comprar um Ômega, um relógio igualzinho

produtos em seus momentos de lazer. É claro que

ao do James Bond. Fevereiro 2015 • 21


Cidades do design Arte da vitrine: Douglas Silva.

Mayara Wal

Designer de produto de formação e metida a doceira nas horas vagas. Formada desde 2011, buscando sempre estar antenada e se atualizar na área, atualmente estuda Design de Serviços e Interação.

“O design pode trazer a Curitiba muito mais do que um título internacional.”

22 • Edição 07


Design Magazine Brasil Foto: Morio

Há 10 anos a UNESCO classifica cidades para o ranking “Creative Cities Network”, cidades que são reconhecidas pelas contribuições à 7 áreas temáticas: literatura, arte e artesanato, música, cinema, design e gastronomia. Essa iniciativa tem como objetivo promover a cooperação internacional e incentivar a partilha de experiências e recursos, a fim

“No Brasil temos Florianópolis nomeada por causa da gastronomia local e Curitiba que entrou ano passado como Cidade de Design devido a sua estrutura urbana. ” de gerar o desenvolvimento local por meio da cultura e criatividade. Ao serem nomeadas, as cidades se comprometem a colaborar e desenvolver parcerias visando à promoção da das indústrias culturais, reforçando a participação na vida cultural, e integrando a cultura nos planos de desenvolvimento econômico e social. Em 2014 foram nomeadas mais 28 cidades, totalizando 69 até agora. No Brasil temos Florianópolis nomeada por causa da gastronomia local e Curitiba que entrou ano passado como Cidade de Design devido a sua estrutura urbana. Para receber o título, as cidades precisam atender a critérios como por exemplo: possuir uma próspera indústria de design, com e centros de pesquisa e grupos

Museu Oscar Niemeyer, Curitiba

de trabalho compostos por designers e criadores. Fevereiro 2015 • 23


Foto: Halley

Cidades do design

Hoje são 12 as cidades consideradas Cidades do Design, entre elas Helsinque e Torino (devido aos inúmeros patrimônios mundiais), Bilbao (casa do Museu Guggenheim, projetado por Frank Gehry) e finalmente Curitiba (reconhecida pela sua estrutura urbana). O título representa o reconhecimento do potencial da cidade no desenvolvimento do design em âmbito nacional e internacio-

“O título representa o reconhecimento do potencial da cidade no desenvolvimento do design em âmbito nacional e internacional.”

nal. Desde o fim de 2012 há uma movimentação para trazer o título para Curitiba, um grupo de jovens designers da cidade passou

global de Cidades Criativas possibilitará

a buscar apoio de instituições para alcançar

uma troca de conhecimentos, experiências e

o objetivo. Além do destaque proporcionado

melhores práticas com grupos culturais de

pelo título, o fato de Curitiba integrar a rede

todo o mundo.

24 • Edição 07


Design Magazine Brasil Foto: Adelano Lázaro

Portal de entrada do Bosque Alemão, Curitiba

O futuro – Capital Mundial do Design O próximo passo para a cidade é tentar a candidatura para o título de capital mundial do design,que atualmente é a Cidade do Cabo, e cuja próxima votação ocorre em 2018. Para tanto foi organizado 1º Fórum Internacional Cidades Amigas do Design, iniciativa conjunta entre o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações, organizado durante a Semana D em Curitiba. Durante o fórum palestrantes especialistas da Rússia, China, África do Sul, Índia e Polônia debateram sobre o design como recurso estratégico para o planejamento urbano. Fevereiro 2015 • 25


Cidades do design

A cidade do “Design com tudo” A atual Capital Mundial do Design, Cidade do Cabo, na África do Sul, tem como slogan: “Design com tudo”. O especialista Mugendi M’Rithaa, comentou a respeito da experiência da cidade durante o Forum das Cidades Amigas do Design: “A Cidade do Cabo era uma referência internacional apenas por suas montanhas e sua beleza, mas nós queríamos mais. O título

Foto : Morio

de Capital Mundial do Design está nos revelan-

26 • Edição 07


Foto: Samir Nosteb

Design Magazine Brasil do ao mundo como uma cidade que investe no design para diminuir as desigualdades sociais, evitar a violência urbana e desenvolver a economia com ideias e produtos criativos e inovadores”. Durante todo o ano de 2014 a cidade teve iniciativas relacionadas a design e economia criativa que mudaram a cidade no âmbito econômico e principalmente social. Nos últimos anos, o design ajudou a induzir o desenvolvimento em lugares tão distintos como Turim (Itália), em 2008, que adotou o slogan “Design através de tudo”; Seul (Coréia do Sul), em 2010, com o mote “Design para todos”; e Helsinque (Finlândia), em 2012, com o título “Design em tudo”.

Apoio dos especialistas “Acreditamos no design para produzir um mundo melhor. E Curitiba tem todas as qualidades necessárias e a cultura para viver essa transformação”, afirmou Mugendi no Forum das Cidades Amigas do Design.

Curitiba e o Design O design pode trazer a Curitiba muito mais do que um título internacional, mas uma grande oportunidade de desenvolvimento da economia criativa e sustentável através da união e do esforço entre o poder público, empresas, universidades e profissionais especializados. Hoje já é sede de grandes instituições Escultura “Amor Materno”, de Zaco Paraná, Jardim Botânico de Curitiba

e eventos ligados à área e tem potencial para tornar-se um pólo de atração e desenvolvimento de design. Agora é cruzar os dedos e elaborar em um slogan para a cidade! Fevereiro 2015 • 27


O design hoje Arte da vitrine: Gilberto Ferreira.

Eliezer Santos

Atua como freelancer desde 2012 com criação de logotipos, peças publicitárias, etc. Atualmente tem se dedicado a edição de vídeo e motion design.

“O jovem brasileiro hoje é sonhador, acredita no País.”

28 • Edição 07


Design Magazine Brasil Imagem: ElAlispruz

“Vejo na TV o que eles falam sobre o jovem não é sério. O jovem no Brasil nunca é levado a sério…” Assim começava uma música da banda Charlie Brown Jr. que fez enorme sucesso e embalou a juventude do final dos anos 90 e primeira década do milênio. Bem, a TV pode até continuar não levando nossos jovens a sério, oferecendo a eles uma programação que é um insulto a qualquer inteligência, mas tem uma galera que resolveu levar nossos jovens bem a sério, e desde 2012 vem fazendo uma pesquisa interessantíssima para descobrir qual é o perfil dos “Millennials” brasileiros, ou seja: justamente essa galera fã de CBJR, on-line quase o tempo todo, que figura nas redes sociais quase que obrigatoriamente, nascida dos anos 90 pra cá. Fevereiro 2015 • 29


O design hoje A pesquisa se chama “O sonho brasileiro” (www.osonhobrasileiro.com.br), e traz um perfil minucioso de jovens entre 18 e 24 anos. Feita pela empresa de pesquisa global BOX, ela traz um conteúdo gratuito on-line com os resultados dessa pesquisa até agora. Alguns dados interessantes que esta pesquisa desvendou é que: • 25.906.194 é o número aproximado de jovens nesta faixa etária no Brasil; • 77% destes jovens sonham cursar uma Faculdade; • 55% desejam uma formação profissional e emprego; • 28% querem oportunidade para todos e 35% dos entrevistados se consideram uma geração sonhadora. Estes dados mostram que a mentalidade do jovem brasileiro mudou radicalmente nas últimas décadas, e que hoje, mesmo influencia-

30 • Edição 07


Design Magazine Brasil

do por outras culturas, o jovem brasileiro conquistou sua identidade e faz questão de mostrá-la com orgulho. Não, eu não estou falando do documento de Registro Geral que cada um carrega em sua carteira, mas da sua forma de ser, pensar e agir. O jovem brasileiro hoje é sonhador, acredita no País (acredite se quiser: segundo a pesquisa, 89% dos entrevistados têm orgulho de ser brasileiro e 76% acham que o país está mudando para melhor), luta pelos seus direitos, indo às ruas se preciso for, sabe muito bem o que quer e persegue seus sonhos com garra e determinação. E onde é que o Design entra nisso? Bem, se você é Designer e não se importa com o que seu público alvo pensa ou sente, me desculpe, mas é melhor procurar uma outra profissão. Para olhos atentos, conhecer este público é uma tarefa ao mesmo tempo excitante e desafiadora. Fevereiro 2015 • 31


O design hoje Conversando com alguns jovens desta faixa etária, e até alguns adolescentes, eu me surpreendi em como estão, hoje, inseridos no mercado e na sociedade. Eles sabem distinguir entre suas marcas preferidas, escolhem bem entre produtos nacionais e importados, são exigentes, um tanto conservadores, mas não se negam a experimentar coisas novas. Esta tendência não se resume a apenas produtos manufaturados, mas a própria propaganda também tem sofrido uma metamorfose positiva. Com cada dia mais plataformas surgindo, os comerciais têm se tornado cada vez mais bem produzidos, às vezes até com status de superprodução Hollywoodiana. Uma das adolescentes com quem conversei me disse que, por exemplo, prefere ver os comerciais feitos para o YouTube. Por dois motivos: você pode pular e, segundo ela, estes comerciais são mais bem elaborados e criativos, e por isso, cha-

Imagem: Thomas van de Weerd

mam mais atenção. Isto aponta para um detalhe

32 • Edição 07


Design Magazine Brasil

interessante: Eles querem ter o poder de escolha, e darão prioridade para quem souber oferecer opções que lhes agradam. Sem querer também, ela acabou dizendo as duas vertentes para quem quiser oferecer produtos e soluções para este público: Criatividade e Originalidade. Cada vez mais será exigido de nós novas tendências. Olhando para essa nova geração, a busca pelo novo e inusitado deve ser uma verdadeira obsessão na vida de qualquer Designer que se preze. Chegará um tempo em que perderemos mais tempo no brainstorming do que na execução do trabalho em si. E por quê? Ninguém mais se contenta com qualquer coisa.

Fevereiro 2015 • 33


O design hoje A pesquisa ainda foi além, e procurou descobrir também o que este jovem espera da vida. A questão fundamental que ela descobriu é que, para estes jovens, o trabalho deve andar junto com a felicidade. O que isto significa? Para essa galera, não adianta ganhar o maior salário do mundo se não tiver tempo de gastá-lo, e bem. Eles não querem trabalhar só para ganhar dinheiro. Querem trabalhar fazendo o que gostam, recebendo bem por isso, e ainda ter tempo pra curtir a vida, viajar, namorar, e por aí vai. Fazendo uma análise rápida, estes jovens, em sua maioria, não estão muito interessados em consumir para ostentar, e sim, em consumir aquilo que lhes faz bem, sem muito interesse em status social. Traduzindo para o “Designês”: Eles querem produ-

Imagem: Moyan Brenn

tos de qualidade, com preço acessível e inovadores.

34 • Edição 07


Design Magazine Brasil Isso exigirá de nós muito mais horas de pesquisa e estudo na elaboração de produtos e soluções que atendam estas expectativas. Teremos de ser muito mais criteriosos na hora de escolher materiais, cores, formas...Teremos de, num português bem claro e irônico, “tirar leite de pedra”, com briefings cada vez exigentes e orçamentos cada vez mais curtos. E não adianta chorar. Acostume-se. Ima gem: lorraine santana

É, amigos, o desafio será grande, a busca, árdua, mas mais do que nunca, eles contam conosco, os “mestres da criatividade”, para satisfazer os seus desejos. E a figura que me vem à cabeça é a de um gênio da lâmpada atendendo seus “amos” cada vez mais exigentes. Mas para aqueles que gostam de grandes desafios, o horizonte é vasto. Este estudo nos traz uma luz e uma perspectiva gigantesca sobre quais caminhos devemos seguir para sermos bem sucedidos com este público, que é maioria hoje em nosso país. Então, que o brainstorming comece! Fevereiro 2015 • 35


Design com Pedro Panetto Vitor Cardoso

Carioca amante do conhecimento, cultura artística, idiomas e computação gráfica. Youtuber e autodidáta, atua como designer na Rede Solaris Network e como freelancer.

“Design não é custo, é investimento.”

36 • Edição 07


Design Magazine Brasil

Design não é custo, é investimento A relação entre o profissional com o cliente nos leva desde parcerias sólidas e pacíficas a situações inusitadas até cômicas, refinar esse contato e esclarecer de modo acessível outros pontos ligados a este meio, ajuda a formar uma compreensão sobre a identidade e função da profissão.

Femusa - Festival de Música Sacra (Id Visual)

Mommy Bird (Id Visual)

Fevereiro 2015 • 37


O Canal do Youtube de Pedro Panetto retrata e aborda temas da área de Design com esse escopo de modo suave mesmo em meio a temas polêmicos (mesmo que essa não seja a intenção). Um exemplo disso é o vídeo: “Design não é arte” que cita Wolner e explica a direção e funcionalidade do design com um âmbito muito mais projetual que expressivo. Segundo ele o que faz as pessoas voltarem sua atenção mais ao aspecto estético que projetual é o estreitamento que a área possui com a arte, ao ponto de ter técnicas que chegam ser similares. 38 • Edição 07

Joca Miranda Fotografia (Id Visual)


Design Magazine Brasil

Óculos Tape (Design de Produto)

“Eles levam muito a frente a estética e isso

Nem todo projeto é 100% design

faz confundir a coisa com arte. Nem todo projeto é

Pedro é formado em Design desde 2012 e tra-

cem por cento design. As vezes a arte se mescla e a

balha de modo autônomo, boa parte do que é retra-

criação fica mais intuitiva. Mas é bom saber quando

tado em seu canal tem correlação com sua vivência

você está fazendo design, ou quando você está as-

pessoal na área. Seu interesse pela área veio a partir

sumindo a questão de um modo mais artístico do

do seu crescimento evolutivo na faculdade:

que projetual.”

“Assim que fui conhecendo e me aprofundando, eu percebi que o design seria uma forma de dar vida as minhas ideias... e eu sempre tive muita criatividade em relação a tudo. O design me satisfaz por ser essa ferramenta, esse método de “fazer acontecer” o que se passa no meu cérebro.” Segundo ele o mercado precisa sim de novos profissionais devido a demanda de novas empresas, até mesmo as antigas, elas precisam de designers e criativos constantemente. Além disso, muitas pessoas tiveram uma experiência ruim ou não compreenderam a ideia do diferencial que um projeto bem feito proporciona, estes provavelmente se encontraram com micreiros ou ainda “sobrinhos”. Com a regulamentação da profissão, a classe recebe mais credibilidade porém há necessidade da valorização pessoal de cada Designer. Fevereiro 2015 • 39


40 • Edição 07


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.