DMB - Edição #05

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Editorial Lucas Fernandes

Diretor e fundador da Design Magazine Brasil. Atua com design desde 2010. Focado em direção de projetos, mas também domina outras áreas do design.

Como já disse anteriormente, nossa equipe

se dedicando, a minha vontade de continuar com

se esforça para que a Design Magazine Brasil esteja

esse projeto só tende a crescer. Muitas vezes tenho

sempre melhorando e evoluindo. Acredito que essa

que ficar no pé deles, é verdade, mas ainda assim

edição é uma prova disso. Sempre sou o responsá-

no final das contas, nós conseguimos cumprir cada

vel por finalizar e fechar o arquivo final da revista, e

missão da melhor forma possível.

ao fazer isso dessa vez, percebi que essa é, ao menos na minha opinião, nossa melhor edição até o momento. Fiquei apaixonado pelo conteúdo.

Às vezes é cansativo, parece que tudo vai desmoronar, mas não podemos desistir nunca! Termino esse texto o resumindo em duas

O prazer e a satisfação de trabalhar com aqui-

mensagens. A primeira, é para aqueles que estão

lo que você gosta é uma das melhores coisas que

ao meu lado: um muito obrigado pela dedicação

pode acontecer. A DMB é meu primeiro grande pro-

de todos vocês, vamos continuar a batalhar para

jeto e sempre me surpreendo com o crescimento

evoluirmos ainda mais. E a segunda, para todos os

dela, o qual espero que não pare jamais.

nossos leitores: lutem sempre para fazer aquilo que

Além da revista por si só, também é mui-

vocês desejam, que vocês gostam, aquilo que lhes

to bom poder compartilhar dessa paixão com os

fazem bem, não desistam nunca, pois com o tempo

membros da minha incrível equipe. Quando os vejo

a recompensa virá.

2 • Edição 05


Design Magazine Brasil

Outubro 2014 • 3


Sumário

Um olhar bem brasileiro

Design e a cidade - Parte 2 Pág. 08

Design de serviços com Gustavo Bittencourt

Pág. 14

MAC de Niterói Pág. 20

O design no Brasil na última década Pág. 32

4 • Edição 05

Pág. 26

Entrevista com Bernardo Clarkson Pág. 40


Design Magazine Brasil

Outubro 2014 • 5


Créditos Diretor Lucas Fernandes Idealizadores Diego Gomes Douglas Silva Gilberto Ferreira Leandro Siqueira Lucas Fernandes Projeto gráfico Douglas Silva Hebert Tomazine Leandro Siqueira Lucas Fernandes Thiago Seixas Vitor Cardoso

Edição #05 - Outubro/2014 Redatores Eliezer Santos Hebert Tomazine João Valle Mayara Wal Thiago Seixas Vitor Cardoso Diagramação Douglas Silva Hebert Tomazine Leandro Siqueira Lucas Fernandes

Ilustrações Beatriz Vieira Douglas Gomes Douglas Silva Gilberto Ferreira Wendel Fragoso Revisão Juliana Teixera Lourrane Alves Lucas Fernandes Capa Thiago Seixas

Logotipo Elementoa À Solta

Site designmagazine.com.br Redes Sociais facebook.com/revistadesignmagazine.br twitter.com/DMBr_Oficial Email lucas@designmagazinebrasil.com.br A Design Magazine Brasil é uma revista digital derivada da Design Magazine de Portugal. O conteúdo textual e imagético da revista pertence aos seus respectívos autores e não pode ser reproduzido sem autorização prévia. 6 • Edição 05


Design Magazine Brasil

Outubro 2014 • 7


Um olhar bem brasileiro Arte da vitrine: Douglas Gomes.

Vitor Cardoso

Carioca amante do conhecimento, cultura artística, idiomas e computação gráfica. Youtuber e autodidáta, atua como designer na Rede Solaris Network e como freelancer.

“Sergio Rodrigues deixou um legado do arquétipo de identidade nacional em suas obras.”

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Design Magazine Brasil Um dos maiores nomes no design brasileiro e o pioneiro no despontar do processo industrial de um mobiliário nacional, Sergio Rodrigues, deixou um legado do arquétipo de identidade nacional em suas obras. No dia 1° de setembro deste ano, aos seus 87 anos, o arquiteto e designer faleceu em sua residência. Conforme informações de seu escritório, ele mantinha constante vigilância no seu tratamento para o fígado e já se encontrava debilitado

Ilustração: Douglas Gomes

nos últimos dias.

Outubro 2014 • 9


Um olhar bem brasileiro Sergio Rodrigues nasceu no Rio de janeiro e cresceu em meio a uma família de intelectuais, onde adquiriu o senso crítico e a simpatia pelo gosto artístico. Era neto de Mario Rodrigues, criador do jornal “A Crítica”, sobrinho de Mario Filho e do dramaturgo Nelson Rodrigues. Seu pai, o ilustrador e artista plástico Roberto Rodrigues mantinha além de admiração, o contato com Cândido Portinari, segundo este, Roberto seria um dos maiores artistas plásticos brasileiros. Isso só não ocorreu devido a um incidente aos seus 23 anos na redação do jornal de seu avô, onde Roberto interpelou o tiro que atingiria Mario Rodrigues. Com 20 anos de idade, Sergio Rodrigues começava a cursar arquitetura e já formado, participou junto com David Azambuja, Olavo Redig de Campos e Flavio Regis do Nascimento do projeto do Centro Cívico de Curitiba. Seguiu semelhante caminho percorrido por Villa Nova Artigas, Oswaldo Bratke, Paulo Mendes da Rocha, arquitetos inclinados na defesa da importância do espaço interno nos projetos de arquitetura, no entanto deteve mais afinidade com o trabalho mobiliário, decorativo e cenográfico.

“Não tínhamos tempo de desenhar os móveis, o volume de trabalho para a nova capital era enorme.” Oscar Niemeyer 10 • Edição 05


Design Magazine Brasil

“De fato, naqueles anos ele fez coexistir o Brasil-brasileiro e o Brasil-de-Ipanema, além do Brasil da industrialização paulista.” Lúcio Costa Como consequência deste interesse, na Praça General Osório, em Ipanema, foi criada a “Oca”, um misto de loja, ateliê e galeria de arte, um local aconchegante que se tornou ponto de encontro de intelectuais e artistas da década de 50. Também se tornou referência mediante ao panorama nacional da indústria mobiliária da época, que se encontrava estagnada no estilo colonial e importado. A Oca promovia o frescor com um retorno às fontes de cunho indígena, uso de materiais nacionais como palha, couro e madeira de jacarandá e design condizente com a necessidade do usuário. O designer foi reconhecido por Niemeyer e Lúcio Costa e preencheu a lacuna que se encontrava nos projetos modernistas da construção de Brasília. De acordo com Lúcio Costa, ele incorporou a identidade brasileira dos movimentos musicais vigentes em 50 (a bossa-nova e samba canção) e o zelo da escola paulista de arquitetura com o espaço interno aos seus projetos. Outubro 2014 • 11


Um olhar bem brasileiro

Sua peça mais conhecida, a poltrona Mole foi resultado de um pedido de Otto Stupakoff pro seu estúdio, o custo era elevado e se tornou parte somente da vitrine da loja. Todavia esta mesma peça foi a que atingiu o posto máximo de condecoração do Concurso Internacional do Móvel em Cantú, Itália. Após isso ela começou a ser produzida internacionalmente pela companhia ISA de Bérgamo com o nome Sheriff (atualmente ela faz parte do acervo do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque). 12 • Edição 05


Design Magazine Brasil Outras peças também ganharam tal importância, como: poltrona Tonico (1963), com almofada para apoio do pescoço, a poltrona Aspas “chifruda” (1962), com encosto em compensado curvado, a poltrona Kilin PL-104 (1973), premiada pela IAB em 75, suas cadeiras Oscar e Lúcio Costa (1956), como homenagem aos profissionais e a poltrona Diz (2001), que entra em contraposição com sua mais conhecida peça como ele mesmo afirma: “A poltrona Diz é toda de madeira, porém tão confortável quanto a Poltrona Mole” Seu modo de pensar o mobiliário e valorização internacional abriu espaço para o design brasileiro como um todo, passando a ter representações nas feiras de Colônia e Milão pela ClassiCon. Não somente seu ideal e técnica profissional caracterizavam o espírito brasileiro, como também o contagiante humor, sempre perceptível em seu cotidiano e histórias contadas.

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Design e a cidade - Parte 2 Arte da vitrine: Wendel Fragoso.

Mayara Wal

Designer de produto de formação e metida a doceira nas horas vagas. Formada desde 2011, buscando sempre estar antenada e se atualizar na área, atualmente estuda Design de Serviços e Interação.

“Se você participa por um tempo da dinâmica da cidade começa a entender as interações e o desenho da mesma”

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Foto: Paul Bica

Design Magazine Brasil Sim me descobri uma aficionada pela cidade. Como estudante de design aprendi que a capacidade de observação é uma qualidade quase que intrínseca a essa profissão. Juntou-se a isso minha paixão por viajar, que herdei dos meus pais. Assim, viajando e observando, comecei a entender que de certa forma, cada cidade faz sentido dentro do seu contexto. E por contexto quero dizer: população, estilo arquitetônico, cultura, língua, cores, cheiros, meios de transporte, natureza, história e muito mais. Se você participa por um tempo da di-

Foto: Josu.orbe

nâmica da cidade começa a entender as interações e o desenho da mesma, e vê que tudo que a compõe se conecta de alguma maneira. Cada cidade tem um modo de funcionamento que envolve todos esses fatores. Longe de mim querer fazer uma análise etnográfica ou antropológica das cidades. Apenas comecei a relacionar certos pontos com minha singela visão de designer, e gostaria de compartilhar aqui com vocês algumas das cidades que tive a oportunidade de conhecer e que me fascinaram!

Foto: Vinicius Pinheiro

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Design e a cidade - Parte 2 A primeira cidade que me marcou foi Toron-

oficial) e francês. Mas na verdade extraoficialmen-

to. A cidade era fria, cheia de fast foods, constru-

te se falavam muito mais línguas como espanhol,

ções mais sóbrias e não muito altas, muitos pré-

koreano, português, e etc. Muitas comunidades de

dios, muitos shoppings. Não havia muitas cores,

moradores de outras nacionalidades se formam lá.

a maioria do colorido vinha dos luminosos ou da

Pessoas que se mudaram em busca de uma condi-

comunicação publicitária, no mais era tudo num

ção de vida melhor nesse enorme país que, com

tom concreto ou tijolo. Uma mistura de pessoas

uma eximia população, acolhe e estimula a vinda

sem fim, de todas as nacionalidades imagináveis.

de imigrantes. Mas o engraçado é que parecia que

A cidade era limpa, o transporte público muito

os próprios canadenses não gostavam muito des-

bom, constituído de uma grande linha de metrô e

sa mistura, daí comecei a entender o porquê das

ônibus, o pagamento era feito por um cartão que

pessoas serem frias, distantes, elas não se mistu-

deveria ser adquirido todo mês, e o controle era

ravam muito, canadenses praticamente só convi-

praticamente inexistente. Os pontos de ônibus

viam entre eles, e assim os estrangeiros. E assim

eram como aquários de vidro, fechados devido

é a dinâmica da cidade, fria a maior parte do ano,

ao frio, a neve e a chuva que é presente na maior

tem muitos estrangeiros, uma sociedade que de-

parte do ano. As pessoas eram em geral educadas

vora fast food e é super consumista vive em uma

(no sentido de limpeza, organização), mas não

cidade de cores sóbrias, mas que possui luz e cor

eram amigáveis pelo contrário, eram frias. A cida-

vindas da publicidade que revela o caráter super

de tinha letreiros bilíngues, inglês (primeira língua

consumista dos mesmos. Foto: Paul Bica

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Design Magazine Brasil Foto: Pedro Szekely

Toronto Yonge-Dundas Square, o que faz lembrar da Times Square em NY.

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Em uma vibe completamente diferente, Istambul é uma explosão populacional, um

Foto: Vladimir Losinsky

Design e a cidade - Parte 2

caos no trânsito, uma poluição sonora que não tem fim, infinidade de cores, sabores e cheiros. É uma cidade barulhenta, assim como seus moradores, dentre esses barulhos um é muito peculiar, até bonito e te lembra 5 vezes ao dia que está em uma cidade de maioria islâmica. Por sua grande população quase não se vê casas, a cidade é infestada de prédios de 5 andares que colorem o relevo acidentado com subidas e descidas íngremes, que deu a cidade o apelido carinhoso de “7 hills”.As cores variam sempre numa palheta mais quente, e parece que até o pôr do sol tem mais cores daqueles lados. A estética da cidade possui também mono, a linha do horizonte da cidade é linda, com sua diferença de relevos acompanhada pelas linhas verticais dos minaretes das mesquitas

Foto: Pedro Szekely

vimento, é um mix do conservador e do moder-

que dão vida a cidade. A maioria da população é turca é claro, mas se vê muitos estrangeiros que se misturaram na multidão, pois como a cidade, a população é composta por um mix de raças, cores e estilos. É uma contradição até, uma cidade tão colorida e alegre, com tantas misturas, muitas vezes se vê representada por um tecido preto. Foto: Josu.orbe

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Design Magazine Brasil Foto: Matthias Ripp

Outra cidade que me fascina e que tem uma similaridade com Toronto é Bruxelas. Capital de um país dividido por três línguas (Frances, holandês e alemão), faz parte da comunidade francesa, por isso tem como língua oficial o Frances, o holandês e o Inglês! Sim, a barreira linguística lá é bem forte, cada lado obviamente defende a sua língua e muitas vezes não quer aprender a outra, portanto usam o inglês como intermediário nessa comunicação. Uma cidade efervescente por dentro, mas que não reflete nada disso por fora. A primeira vista é deprimente, cinza, fria, gótica, chega até a ser feia. Mas conforme você se permite descobri-la, se abre outra face da cidade, que é surpreendente. Cheia de eventos culturais, gastronômicos e musicais para todos os gostos e bolsos. É como que misteriosa com suas construções antiguíssimas, que lembra muito a colonização Francesa, que escondem dentro de suas paredes toda essa efervescência. Tem muitos estrangeiros devido a União Europeia, e também devido à questão histórica com o Marrocos, e a facilidade de acesso para os trabalhadores ilegais. E assim é Bruxelas, a cidade que contém muitas cidades paralelas, é a cidade dos flandres e a dos franceses, é a cidade dos estrangeiros e a dos belgas, é o submundo dos ilegais e a cidade sede da União Europeia. É a cidade do design, das galerias de arte e a cidade dos festivais de

Com esses três exemplos quis caracterizar o

música. É a cidade dos chocolates e a cidade

que resolvi aqui chamar de design da cidade. Cada

da batata-frita. É a cidade dos Smurfs e a cida-

uma com seu contexto possui uma forma, um movi-

de do Tintin. É a cidade das cervejas artesanais

mento, uma palheta de cores, uma linguagem, uma

e a cidade da cerveja de cereja. São “lês cites

forma de comunicação, um desenho, e no final das

obscures” como descrevem os autores Schui-

contas esse conjunto dá um resultado visual com-

ten-Peeters do quadrinho Brusel.

pletamente diferente, mas que faz sentido. Outubro 2014 • 19


Design de serviços com Gustavo Bittencourt Arte da vitrine: Gilberto Ferreira.

Thiago Seixas

Designer gráfico e de produto, apaixonado por artes e futebol. Buscando conhecimento e experiências, para um dia poder ser uma referência e inspiração para os novos designers.

“O diferencial de um designer [...] é a capacidade de se colocar no lugar de outras pessoas, é entender necessidades e a partir daí projetar coisas que sejam de fato relevantes.”

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Design Magazine Brasil Foto: Arquivo pessoal Gustavo Bittencourt

É muito difícil definir o que é design. Muitas pessoas possuem opiniões particulares acerca da nossa profissão. Porém, uma forma de definir o design é dizer que é um método de pensar que profissionais utilizam para resolver problemas. Mas, diversas outras profissões também têm como objetivo solucionar problemas. Então, o que diferencia o designer dos demais profissionais? Para o designer Gustavo Bittencourt, sócio diretor da Livework, a grande diferença está na empatia. “O diferencial de um designer - e quando digo isso não me refiro somente às pessoas que tem um título - é a capacidade de se colocar no lugar de outras pessoas, é entender necessidades e a partir daí projetar coisas que sejam de fato relevantes. Isso é o que faz com que o design seja algo muito importante, especialmente nos dias de hoje.”

Gustavo Bittencourt

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Design de serviços com Gustavo Bittencourt Foto: liveworkstudio.com

Com este pensamento podemos dizer que design pode ser aplicado a praticamente tudo. E uma nova abordagem tem crescido cada vez mais aqui no Brasil, o design de serviços. Gustavo nos explica como esse pensamento começou: “Se você pensa em design como uma abordagem, onde pessoas criam coisas relevantes para outras, sejam produtos, interfaces gráficas, interações digitais ou pra qualquer coisa, por que não existe alguém que pensa design para os serviços? Hoje boa parte dos serviços que usamos são muito ruins, eles são muito mal pensados, são mais como um processo interno das empresas que você está experimentando, parece que não foi desenhado para um ser humano usar.” Pesquisas mostram que atualmente o PIB dos países em desenvolvimento e, principalmente, dos países mais desenvolvidos vem principalmente dos serviços. Então, qual o sentido de utilizar a abordagem do design apenas para projetar objetos? 22 • Edição 05


Design Magazine Brasil Esse pensamento ganhou forma na década de 1980, quando Lynn Shostack desenvolveu um artigo para a Harvard Business Review, citando a aplicação do design para a criação de serviços. A partir daí o tema ganhou relevância no meio acadêmico e culminou na aplicação do service design no mercado com a criação da Livework, em 2001. Pioneira na área, a consultoria desenvolve soluções para melhorar os serviços de seus clientes, focando tanto na experiência do usuário final quanto no retorno para a empresa. Fundada em Londres, hoje está presente em Oslo, São Paulo, Rotterdam e Brasília. Foto: liveworkstudio.com

Gustavo Bittencourt

Apesar de ser um assunto relativamente novo no Brasil, na Europa esse mercado já é muito grande, e profissionais buscam se especializar nesta área cada vez mais. Ao explicar o que o profissional desta área precisa ter, Gustavo diz: “Eu não gosto de colocar o design em silos, como design de produto, design gráfico, etc., no fundo se você é designer, você pensa design, pode projetar em diversos cenários, o que muda são apenas as ferramentas que utiliza. Talvez as ferramentas que você utiliza para projetar um avião não sejam as mesmas que utiliza para projetar um livro, assim como não serão as mesmas para um serviço de um banco, o design de Serviços tem uma forma de pensar que é específica.” Outubro 2014 • 23


Design de serviços com Gustavo Bittencourt Gustavo diz também que para se projetar serviços é necessário ser um profissional multidisciplinar. “Se você deseja trabalhar com serviços, precisa ter uma perspectiva mais profunda sobre como enxerga design. Você precisa agregar outros conhecimentos, entender de negócios, de psicologia, de processos, entre outras coisas que estarão conectadas ao serviço que estará desenhando. Um serviço é prestado por uma empresa de forma interdisciplinar, são várias áreas, várias pessoas e vários conhecimentos, logo, é importante ter vários interesses, e entender de negócios de uma forma ampla.” Não existe ainda no Brasil uma faculdade específica de design de Serviços, porém existem alguns cursos, principalmente em São Paulo. Dentre eles se destaca a EISE, a Escola de Inovação em Serviços. Existem dois formatos de engajamento com a escola, um de 6 meses, mais focado nas ferramentas de service design e um de 1 ano, mais completo. Cada estudante da escola escolhe a sua própria jornada, com os módulos que mais se interessam e, ao longo do curso, aplica o que está aprendendo na construção de um novo serviço. Foto: youtube.com

A essência do servir: Gustavo Bittencourt at TEDxUFRJ

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Design Magazine Brasil

EISE, escola de Design Thinking em SP, instituição onde Gustavo leciona.

Uma dica final para quem quer entender mais sobre essa área é a leitura especializada. Gustavo indica três livros que são básicos: Design Thinking Brasil, que mostra como o design pode ser aplicado de diferentes maneiras sobre um ponto de vista estratégico; Service Design, dos fundadores da Livework, que é focado em design de serviços e fala bastante sobre projetos e ferramentas, e por último, o livro The Service Startup, que foi lançado há pouco tempo e é indicado, principalmente, para empresas que estão começando. Fora isso, buscar leituras relacionadas à Customer Experience, e aos serviços prestados pelas grandes empresas como Apple, Disney, Starbucks e Zappos. “É importante estudar além dos assuntos relacionados diretamente com design” encerra Gustavo. Outubro 2014 • 25


MAC de Niterói Arte da vitrine: Beatriz Vieira. Artes da matéria: Douglas Silva.

João Valle

Estudante de arquitetura e urbanismo na Unigranrio, formado em técnico de design de interiores no Senac, apreciador de vinho e artista plástico de fim de semana.

“Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual”

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Design Magazine Brasil Nesta edição da Design Magazine Brasil nós vamos falar sobre uma das obras mais marcantes de um dos maiores precursores do movimento moderno, o brasileiríssimo Oscar Niemeyer. O museu de arte contemporânea, ou MAC Niterói, está localizado sobre o Mirante da Boa Viagem, na orla de Niterói. Sua conclusão deu-se em 1996 e destaca-se pelas formas curvilíneas características do próprio Niemeyer, que disse:

“Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein.” Outubro 2014 • 27


MAC de Niterói Durou cerca de 5 anos para ficar pronto e tem um acervo de cerca de 1.217 obras da Coleção João Sattamini. Um conjunto reunido desde a década de 1950 pelo colecionador, constituindo a segunda maior coleção de arte contemporânea do Brasil. A idéia de criação do museu, segundo Roberto da Silveira, surge da intenção de Sattamini de doar sua coleção de arte para a cidade, e o museu nasce precisamente para abrigá-la.

“Para a sua construção foram retirados 5.500 toneladas de material escavado e consumidos 3.200.000 m³ de concreto, o suficiente para construir um prédio de 10 andares.” Composição O museu possui 16 metros de altura, uma cobertura de 50 metros de diâmetro e quase de 2000 m² de superfície que se sustenta em um solo central cilíndrico de 9 metros de diâmetro ancorados em uma sapata de dois metros de altura e possui quatro pavimentos que se instalam numa praça de 2.500 m². O projeto consiste de um pavimento no subsolo e um corpo superior formado por três pavimentos, o 1º pavimento com cerca de 393,13 m² e o 2º com 697,40 m² e mais um mezanino de 398,02 m² alocado entre o 1º e 2º pavimento. 28 • Edição 05


Design Magazine Brasil

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MAC de Niterói

Subsolo É o local para o armazenamento de obras, mas também, existe um restaurante, um auditório e um bar. No restaurante, uma janela fina abre horizontalmente ao longo da fachada permitindo contemplar a baía.

Primeiro andar Além da recepção, um escritório, um espaçoso hall de entrada e alguns escritórios administrativos, se tem acesso à grande sala hexagonal e do dobro de altura, cercado por uma circular que se abre através de uma janela contínua que rodeia todo o volume.

Mezanino Este se encontra entre o primeiro e o segundo pavimento, envolve todo o interior do museu que é destinado também a exposições.

Segundo andar Neste andar há cinco galerias com exposições das obras contemporâneas. Uma rampa curvilínea externa serve como uma ligação para os dois primeiros andares do museu, conectando o espaço público com o núcleo central, que contém a sala de exposição. O Museu de Arte Contemporânea é um marco tão impactante na cidade de Niterói que além de ofuscar os outros patrimônios, ao nos referirmos à cidade, nos lembramos imediatamente de sua forma e sua aparência que nos remete a um disco voador ou a um cogumelo. Para a sua construção foram retirados 5.500 toneladas de material escavado e consumidos 3.200.000 m³ de concreto, o suficiente para cons30 • Edição 05


Design Magazine Brasil truir um prédio de 10 andares. A tampa circular re-

superior. De dentro da moldagem, formada pelo en-

cebeu um tratamento térmico e impermeabilizante,

contro do piso com o telhado, esconde-se uma luz

as vigas foram construídas com concreto protendi-

indireta que ilumina suavemente o ambiente. Exter-

do. Na construção do pavimento da grande rampa

namente, o museu é iluminado por luzes de 1000

de acesso foi usado concreto vermelho, combinado

watts, cada uma, e instaladas na base do edifício.

com as paredes laterais brancas. Os pisos das salas

Para garantir a segurança dos visitantes,

foram revestidos com 3.000 m² de carpete azul. As

tanto de dia como de noite, a rampa que leva

placas de vidro foram fabricadas exclusivamente

para o museu tem seu contorno delimitado por

para o projeto, cada folha tem 18 milímetros de es-

um feixe de luz.

pessura, 4,80 metros de altura e 1,85 de largura, enquadradas por perfis de aço e com uma inclinação de 40º em relação ao plano horizontal. Na sala central a iluminação é técnica envolvendo o meio ambiente, juntamente com a iluminação das janelas, o mesmo aplica-se para o andar

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O design no Brasil na última década Arte da vitrine: Gilberto Ferreira.

Eliezer Santos

Atua como freelancer desde 2012 com criação de logotipos, peças publicitárias, etc. Atualmente tem se dedicado a edição de vídeo e motion design.

“O brasileiro é conhecido pelo seu enorme potencial em criatividade, fundamento básico para um bom profissional de design.”

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Design Magazine Brasil Quando eu fazia o curso de design gráfico, eu me lembro de uma história que meu professor contou. Ele disse que sempre que alguém perguntava a sua mãe qual era a profissão de seu filho, ela respondia: “Meu filho? Ah, ele mexe nessas coisas de computador aí…” Esta pequena ilustração mostra nitidamente, e infelizmente, a forma como o design ainda é visto e encarado no Brasil. A profissão DESIGNER ainda é muito nova no Brasil, e como tudo aqui é atrasado, devido a problemas crônicos de burocracia e má vontade por parte dos governantes, ela sequer foi regulamentada no país. Isso contribui para o surgimento de aproveitadores, que oferecem cursos livres como“profissionalizantes” e cobram caro por isso, iludindo jovens talentosos e bem intencionados, que querem ganhar a vida com os dons que possuem. Foto: UFV

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O design no Brasil na última decada O design na verdade, só se tornou conhecido no Brasil na década de 80, quando as associações

sair do Brasil para serem reconhecidos e valorizados lá fora. O brasileiro é conhecido pelo seu enorme po-

ção dos Profissionais em Design do Rio Grande do

tencial em criatividade, fundamento básico para

Sul (APDESIGN, em 1987) e Associação dos Desig-

um bom profissional de design. Num país sério,

ners Gráficos (ADG, em 1989), mas ainda não houve

haveria políticas governamentais visando a popu-

uma popularização do tema e da profissão, e isso

larização da profissão, com campanhas de cons-

contribui para um enorme desperdício de talento

cientização, apoio do governo para as instituições

e de bons profissionais espalhados pelo país, que

de ensino, qualificação dos professores e incentivo

faz com que os mais favorecidos sempre optem por

aos alunos, visando criar uma geração de designers

e explorar ao máximo este potencial característico

virar para arrumar grana e se mandar do país, pra

de nosso povo, certo?

tentar a sorte em terra estrangeira. Poucos, como o

Imagem: Paul Bica

de design mais famosas surgiram, como a Associa-

O problema é que vivemos no Brasil, e aqui é

diretor Carlos Saldanha (A era do Gelo, Robôs, etc.)

cada um por si. Quem tem grana estuda, se qualifica

conseguem a Glória. Muitos ficam pelo caminho e

e recebe os louros. Quem não tem, ou seja, a gran-

voltam frustrados, ou ficam por lá e tentam ganhar

de maioria, ou “se mata” como freelancer, levando

a vida em outra profissão.

calotes ou “se prostituindo” (entenda: aceitando fa-

Resumidamente, muito pouco se avançou

zer serviços bem abaixo do preço), ou trabalha de

por aqui nos últimos 10 anos. Mas nem tudo é tris-

carteira assinada recebendo um salário irrisório.

teza e sofrimento pra quem opta por esta profis-

Já aquele pobre coitado que escolhe ganhar a vida

são no Brasil. Há alguns anos, eu diria dos últimos

como Motion Designer ou Designer 3D tem que se

cinco anos pra cá, uma verdadeira revolução se

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Design Magazine Brasil Imagem: Stux

Toronto Yonge-Dundas Square Este ĂŠ Yonge-Dundas Square de Toronto, o que faz lembrar de Times Square em NY.

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O design no Brasil na última decada iniciou no país, e uma popularização da profissão começou a ser construída, justamente com o surgimento de várias instituições de ensino voltadas para a área. Isso tem trazido a esperança de que o design “ganhe as ruas” e deixe de ser encarado pela maior parte da população como “coisas de computador”. Só a popularização da profissão poderá trazer à população o devido esclarecimento, e naturalmente, a valorização devida desta profissão tão importante (e do seu profissional). E parece que já há pessoas e instituições sérias que estão atentando para este fato. Nos últimos anos, graças a proliferação dos cursos voltados para a área e a ajuda do “boom” das mídias sociais, o tema tem sido cada vez mais abordado e proliferado, com uma infinidade de blogs, fan pages e publicações que tem impulsionado a popularização do tema. Faltam ainda políticas que visem o acesso aos cursos para as pessoas de baixa renda, e é aí que esta “Revolução” tem encontrado entraves. Imagem: Design Uniso

Alexandre Wollner palestrando no UDesign 2010, em Sorocaba.

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Design Magazine Brasil

No design gráfico, por exemplo, há quem acredite que se deve priorizar a qualidade do profissional, valorizando as instituições que oferecem formação superior. Isso é válido, mas foge da realidade do nosso país. Com isso, o que acontece é que, devido à falta de políticas públicas, o estudante de design menos favorecido fica refém de cursos livres, que prometem uma formação profissional, mas muitas vezes, os próprios professores destas instituições sequer tem formação, e o aprendizado destes alunos fica defasado, além de serem rejeitados pelo mercado de trabalho. Por outro lado, a popularização traria um acesso maior destes estudantes ao ensino superior, e consequentemente, um aumento significativo de profissionais qualificados no mercado. A situação do design no Brasil hoje é de uma profissão elitizada demais, de difícil acesso ao mercado de trabalho, sem apoio do governo e sem uma estrutura, sem uma linha de desenvolvimento. O Outubro 2014 • 37


O design no Brasil na última decada resultado disso se vê nítido nas ruas: Peças publicitárias de gosto duvidoso, sem qualquer funda-

FACULDADE

mento ou princípio básico, fei-

(GO) Goiânia - UFG

tas por curiosos ou “sobrinhos”,

(MG) Belo Horizonte – UEMG

encomendadas por pessoas que não fazem a mínima ideia do que

(RJ) Rio de Janeiro – PUC-Rio

seja design, ou da importância e

(RJ) Rio de Janeiro – UERJ

benefício que ele pode trazer ao seu negócio. A área melhor desenvolvida do design no Brasil é sem dúvida a do design industrial. É onde se concentram a maior parte das vagas e dos profissionais oriundos das faculdades. E também é onde se concentram os melhores salários do ramo. Já o design gráfico e as áreas voltadas para o entretenimento ainda estão engatinhando. Ao lado, listamos as principais instituições de ensino de design no país, segundo o GUIA DO ESTUDANTE:

(AM) Manaus – Fac Fucapi (BA) Salvador – Unifacs (DF) Brasília – UnB (PA) Belém – Uepa (PB) Campina Grande – UFCG (PE) Recife – UFPE (PR) Curitiba – PUCPR (RJ) Rio de Janeiro – ESPM-RJ (RJ) Rio de Janeiro – UFRJ (RS) Porto Alegre – ESPM-Sul (RS) Porto Alegre – UniRitter (SC) Florianópolis – Udesc (SP) Bauru – UNESP (SP) São Paulo – Belas Artes (SP) São Paulo – ESPM-SP (SP) São Paulo – FAAP (SP) São Paulo – Mackenzie (SP) São Paulo – SENAC-SP

38 • Edição 05

ESTRELAS


Design Magazine Brasil Imagem: fredsharples

Há ainda uma infinidade de cursos livres, mas pela dificuldade de investigar e separar “o joio do trigo” preferimos não listá-los. Se você ainda é um curioso no tema e está lendo esta matéria para se aprofundar mais no assunto, e tem planos de seguir esta carreira, nossa orientação é que você, caso não possa pagar os preços caros que as faculdades cobram e opte por um curso livre ou técnico, que você procure pesquisar bastante e conhecer a fundo a instituição em que você pretende ingressar. E mais do que isso: Não desista do seu sonho. Apesar de todas as dificuldades, apesar da falta de conhecimento da população e da falta de estrutura da profissão no Brasil, vale a pena encarar essa briga e se tornar um designer. Há uma tendência de que as coisas melhorem daqui pra frente. Resta se apegar a esta esperança, arregaçar as mangas e partir pra luta, pois poucas profissões causam tanta satisfação pessoal. Se tiver talento, vai em frente! Outubro 2014 • 39


Entrevista com Bernardo Clarkson Arte da vitrine: Bernardo Clarkson.

Hebert Tomazine

Apaixonado e especializado em design editorial, grids, proporções e minimalismo. Trabalha na área desde 2008. Atualmente atua como designer gráfico e editorial na Diocese de Duque de Caxias.

“Todo produto tem uma história por trás dele, resta a você, como designer, saber “ler” e entender cada produto”.

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Design Magazine Brasil Bernardo Clarkson Lebreiro é um designer brasileiro, 29 anos, nascido em Niterói, Rio de Janeiro, formado em Desenho Industrial/Projeto de Produto pela PUC-Rio.

Por que ser designer? Bernardo nos conta que desde criança sempre foi muito curioso, desmontava de tudo para ver como funcionava, desde uma simples caneta até um rádio, e por causa de sua timidez somada a sede do conhecimento, sempre procurava saber as coisas por conta própria. Também adorava desenhar com muitos detalhes, pois era muito observador do mundo a sua volta. Foto: Arquivo Pessoal

Acomoveis - Mesa IPAD Ricardo Eletro2

Concluiu todo o ensino fundamental e médio no Centro Educacional de Niterói, que ele nos conta ser uma escola muito “mente aberta”, por ser uma escola experimental, teve aula de marcenaria, elétrica e artes, isso o incentivou e estimulou muito sua criatividade. Sempre observador, gostava de enxergar os produtos de forma diferente, questionando e tentando entender porque foram feitos daquela maneira. Bernardo lembra com saudosismo que adorava ajudar seus pais a montar e instalar produtos novos para casa, pelo fato de seu pai ser engenheiro e sua mãe estilista, sempre foi influenciado por eles, os quais até hoje são suas principais influências, por seus talentos e entusiasmos. Através deles, mesmo sem perceber inicialmente, aprendeu muito sobre criação, produção e empreendedorismo. Bernardo se define como uma mistura de seus pais, e por isso

Slimme Keuken

escolheu o curso de desenho industrial. Outubro 2014 • 41


Entrevista com Bernardo Clarkson Foto: Arquivo Pessoal

Limine

Estilo e Influências

Além da forte influência de seus pais, Ber-

Os projetos de Bernardo possuem uma ten-

nardo cita suas principais referencias na área do

dência por traços mais intuitivo, funcionais e sim-

design: “Gosto dos cuidados e os detalhes que o

ples, mas isso se altera dependendo do projeto, não

Jonathan Ive coloca em seus produtos (além do

possuindo um único estilo de criação. Ele primeira-

“pensar fora da caixa” e a coragem, é claro); A com-

mente analisa o público que ira interagir com aque-

plexidade e leveza dos “monstros” de Theo Jan-

le produto, e em cima disto o projeta, “Afinal, todo

sen; O simbolismo da funcionalidade de James

produto tem uma história por trás dele, resta a você,

Dyson; Os produtos simples/geniais e muito bem

como designer, saber “ler” e entender cada produto”.

feitos da Joseph Joseph. Os clássicos da Braun,

Bernardo não se considera especialista em

Smart, IDEO, Karim Rashid e etc. Enfim, muitos!

alguma vertente ou estilo, prefere saber um pouco

Interesso-me muito em desenho automotivo, do

de tudo e estar sempre informado e atualizado so-

peso que o design tem na concepção dos automó-

bre diferentes tipos de processos, materiais e etc.

veis. Gosto de buscar inspiração em outras áreas

Em cada novo projeto, procura sempre acompa-

também como a arquitetura de Santiago Calatrava

nhar todo o processo de criação, para ter certeza

e Oscar Niemeyer. Nas horas vagas gosto muito de

que está tudo correndo bem, o que acarreta ser um

desenhar e tenho Salvador Dalí e Escher como ins-

constante aprendizado.

piração desde criança”.

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Design Magazine Brasil

Projetos

Pack tivemos muitos produtos premiados, eu tenho

Bernardo acha graça do fato de que os pro-

como projetos preferidos os que pude realizar com um

jetos que ele considera serem os mais importantes

coletivo formado apenas por amigos, como o Escorre-

para sua carreira, foram os que tiveram menos re-

dor Feel’in Rio (finalista no Idea Brasil) e a luminária Li-

percussão. Nestes projetos ele obteve grandes res-

mine (finalista no Salão Design deste ano)”.

ponsabilidades, e são os de maior complexidade, o que lhe fez virar diversas noites e finais de semana

Futuro

trabalhando para entregá-los no prazo. Mas estes

Bernardo almeja ter um estúdio de criação volta-

mesmo projetos o fizeram perceber que estava no

do para área de produtos domésticos, ou focado ape-

caminho certo, que era realmente capaz e tinha es-

nas em produtos para cozinha, que é uma área em que

colhido a profissão certa, além de terem sido força

ele possui grande apreço. Ano que vem pretende fazer

de seu crescimento profissional.

um curso de especialização em business. No momento, Foto: Arquivo Pessoal

Feelin Rio

Bernardo considera todos seus projetos impor-

está começando um negócio em parceria com amigos,

tantes por terem sido fonte de experiências e aprendi-

voltado à impressão de objetos 3D, que deve ser lança-

zados, incluindo os muitos projetos que virão, mas en-

do em breve.

tre seus muitos projetos ele destaca: “Gosto de todos os projetos que pude participar quando trabalhei na Cle-

Mensagem para os leitores

ver Pack. Pude aprender muito com o Dieff Araújo (de-

“Gostaria de agradecer à Design Magazine

signer) e o dono da empresa Claudio Patrick sobre pro-

Brasil pela oportunidade, espero que tenham

dução, inovação, sustentabilidade e a maneira como

gostado e qualquer dúvida ou se quiser entrar

ele enxerga o design, desde a concepção, passando

em contato: bernardo.clarkson@gmail.com ou

pela ergonomia, forma, função, patentes, ao descarte

behance.net/bernardoclarkson Grande abraço

(ou não) de cada produto. Mas, por mais que na Clever

a todos!” Outubro 2014 • 43


44 • Edição 05


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