Abundância: O futuro é melhor do que você imagina - Peter H. Diamandis

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Cerca de dez anos atrás, o dr. James Gee sentou-se para jogar Pajama Sam pela primeira vez. 24 Gee é um filólogo da Arizona State University. Seus primeiros trabalhos examinaram a teoria sintática, e suas pesquisas mais recentes mergulham na análise discursiva. Pajama Sam não se enquadra em nenhuma dessas categorias. Trata-se de um videogame de resolução de problemas voltado para crianças. Mas Gee tinha um filho de 6 anos e queria ajudá-lo a desenvolver mais habilidades de resolução de problemas. O jogo surpreendeu Gee. Os problemas se mostraram um pouco mais difíceis do que ele esperava. O mais espantoso foi como o jogo prendeu a atenção de seu filho. Isso despertou a curiosidade de Gee. Quis conhecer videogames para adultos e pegou um cópia de As Novas Aventuras da Máquina do Tempo – sobretudo porque gostou da referência a H. G. Wells no título. “Quando me sentei para jogar, foi totalmente diferente do esperado”, ele recorda. “Eu tinha a noção de que os videogames eram relaxantes, como a televisão é relaxante. Máquina do Tempo era difícil, longo e complexo. Todos os meus modos normais de pensar não se aplicavam. Tive de reaprender a aprender. Não consegui acreditar que as pessoas pagassem US$ 50 para se frustrarem assim.” Mas aí deu o estalo: uma porção de jovens estava pagando montes de dinheiro para se envolver em atividades frustrantes como aquela. “Como educador, percebi que aquele era o mesmo problema enfrentado pelas escolas: como fazer os alunos aprenderem coisas que são longas, difíceis e complexas?” Gee ficou intrigado com as implicações. Além disso, intrigou-se com os jogos. Gee deve ser o único filólogo do mundo cuja pesquisa acadêmica recente inclui o título: A Lenda de Zelda: O Despertar do Vento, 25 mas essa pesquisa ajudou a virar de ponta-cabeça muitas das crenças sobre os videogames. Por exemplo, a ideia de que os videogames são uma perda de tempo só é verdade se você considera o aprendizado sério e profundo uma perda de tempo. “Tomemos os meninos que jogam Pokémon”, diz Gee. “Pokémon é um jogo para crianças de 5 anos, mas requer muitas leituras para ser jogado. E o texto não está escrito para crianças de 5 anos, está escrito mais ou menos no nível do último ano do ensino médio. No princípio, a mãe tem que jogar com o filho, lendo o texto em voz alta. Claro que isso é ótimo, porque é assim que as crianças aprendem a ler – lendo alto com seus pais. Mas aí algo interessante acontece. A criança percebe que sua mãe pode ser exímia em leitura, mas não é boa no jogo. Portanto a criança começa a ler, para se livrar da mãe e jogar com seus amigos.” Isso é só o começo. Estudos mostraram que os jogos superam os livros escolares em ajudar os alunos a aprenderem matérias baseadas em fatos, como geografia, história, física e anatomia, enquanto também melhoram a


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