Entre o agora e o nunca j a redmerski[1]

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vamos rodar um pouco mais e procurar outra coisa no caminho. Vão ter mais lugares abertos daqui a umas horas. — Obrigada. — Ela sorri com doçura. Disponha sempre... Duas horas e meia depois, estamos em Owasso, Oklahoma. Camryn olha para o grande logotipo amarelo e preto da Waffle House, tão conhecido por todos os americanos, e acho que ela está decidindo se quer comer ali ou não. — Na verdade, só tem um lugar bom mesmo pra tomar café da manhã — explico, parando numa vaga —, especialmente no Sul. Tem uma Waffle House em cada esquina por aqui, que nem a Starbucks lá no Norte. Ela faz que sim. — Acho que eu consigo encarar... Tem salada lá? — Olha só, eu concordei em não te obrigar a comer uma porcaria gordurosa — inclino a cabeça para o lado e viro o corpo no assento —, mas salada já é demais. Ela faz um bico, morde a bochecha por dentro e finalmente diz, balançando a cabeça: — Tá, não vou comer salada, mas saiba que uma salada pode ter frango e um monte de coisas gostosas, que alguém como você provavelmente nem considerou. — Não. Portanto, desista — afirmo resolutamente, e depois jogo a cabeça para trás, devagar. — Vamos lá, já esperei demais pra comer. Tô morrendo de fome. E fico malhumorado quando tô com fome. — Você já é mal-humorado — ela resmunga. Eu a seguro pelo braço e a puxo para perto de mim. Ela tenta esconder o rosto, que está ficando vermelho. Adoro o cheiro da Waffle House; é o cheiro da liberdade, de estar na estrada e saber que 90% das pessoas comendo ao seu redor também estão. Motoristas de caminhão, mochileiros, bebuns — aqueles que não levam a vida monótona e escravizada da sociedade. O restaurante está quase cheio. Camryn e eu conseguimos uma mesa perto do grill e o mais longe possível das altas vidraças. Há uma jukebox obrigatória — um símbolo da cultura das Waffle Houses — perto de uma daquelas janelas. A garçonete nos recebe com um sorriso, um bloco de anotações numa mão e uma caneta pronta para escrever, com a ponta apoiada no papel. — Posso trazer café pra vocês? Olho para Camryn, que já está correndo os olhos pelo cardápio sobre a mesa. — Vou tomar um chá doce — ela diz. A garçonete anota e olha de novo para mim. — Café. Ela balança a cabeça e vai preparar nossas bebidas. — Parece que tem umas coisas boas aqui — Camryn comenta, olhando o cardápio com uma bochecha apoiada na mão fechada. Seu dedo indicador corre pelo plástico e para na


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