Biblioteca Cultural Norte

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BIBLIOTECA CULTURAL NORTE LIZANDRA CRISTINA DACANAL



LIZANDRA CRISTINA DACANAL

BIBLIOTECA CULTURAL NORTE

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para cumprimento das exigências parciais para a obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da Professora Fabiana Miano Mori.

Ribeirão Preto 2018



LIZANDRA CRISTINA DACANAL

BIBLIOTECA CULTURAL NORTE

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para cumprimento das exigências parciais para a obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Ribeirão Preto, ____ de _____________ de 2018.

BANCA EXAMINADORA ________________________________________ Prof. Fabiana Miano Mori Orientador ________________________________________ Prof. (André Luis Avezum) Co-orientador ________________________________________ (Avaliador convidado)


DETICATÓRIA

Dedico esse trabalho primeiramente à Deus. À minha família, principalmente a minha mãe e minha avó, pois sem elas eu não concluiria esse sonho.


AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar sempre comigo e me dar saúde e força pra realizar esse sonho. Sem ele nada seria possível. Agradeço a minha família, que é meu porto seguro e fizeram de tudo pra que eu chegasse até aqui. Aos meus colegas de sala, pelos anos que passamos juntos e principalmente as minhas amigas que fizeram parte dos trabalhos em grupo e compartilharam experiências durante esse período. A todos os professores que passaram por estes 5 anos, que contribuiram com dedicação e carinho transmitindo seus conhecimentos, principalmente a minha querida orientadora Prof. Fabiana Mori que com todo carinho me orientou e apoiou durante o desenvolvimento desse trabalho. Agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para os meus conhecimentos não só profissional, mas também pessoal. Muito obrigada!



“Os livros não matam a fome, não suprimem a miséria, não acabam com as desigualdades e com as injustiças do mundo, mas consolam as almas, e fazem-nos sonhar.” (Olavo Bilac)


SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO p.11

BIBLIOTECA: ORIGEM E CONCEITOS p.13

CONTEXTUALIZAÇÃO E ANÁLISE DA ÁREA DE INTERVENÇÃO p.31

02.1 Evolução da biblioteca p.14 02.1.2 Biblioteca Pública no Brasil: Histórico e dados númericos p.20 02.2 Funções da biblioteca p.24 02.2.1 Função Educacional p.24 02.2.2 Função Informativa p.24 02.2.3 Função Cultural p.25 02.2.4 Função Recreativa p.25 02.3 O espaço p.26 02.4 Bibliotecas de Ribeirão Preto p.27 02.4.1 Biblioteca Altino Arantes p.27 02.4.2 Biblioteca Padre Euclídes p.29

03.1 Área de intervenção: localização e justificativa do terreno p.32 03.2 Levantamento p.34 03.2.1 Uso p.34 03.2.2 Gabarito p.35 03.2.3 Hierarquia Física e Funcional p.36 03.2.4 Vegetação p.38 03.2.5 Figura fundo p.39 03.2.6 Equipamentos p.40 02.3 Características do terreno p.42 02.3.1 Topografia p.42 02.3.2 Insolação e ventilação p.44 02.3.3 Legislação p.45


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REFERÊNCIAS PROJETUAIS p.47

O PROJETO p.71

04.1 Centro Cultural São Paulo - Eurico Prado Lopes e Luiz Telles p.48

05.1 05.2 05.3 05.4 05.5 05.6

CONSIDERAÇÕES FINAIS p.91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS p.92

04.2 Biblioteca São Paulo Aflalo Gasperini Arquitetos p.56 04.3 Biblioteca Pública de Amsterdã - Jo Coenen & Co Architekten p.64

Conceito p.72 Diretrizes Projetuais p.72 Partido p.72 Programa de necessidades p.72 Fluxograma p.74 Memorial Justificativo p.75



O objetivo desse trabalho é desenvolver um projeto arquitetônico de uma biblioteca pública na cidade de Ribeirão Preto. Reunindo um programa de necessidades que instigue a vizinhança a frequentar o equipamento.

01. INTRODUÇÃO

Este tema foi escolhido devido a importância que a biblioteca possui como difusora de cultura e conhecimento. Uma das motivações para este trabalho foi devido a muitas áreas da cidade serem escassas desse tipo de equipamento e sendo de grande importância e necessário para toda a população foi pensado em criar o projeto em uma região necessitada de equipamentos de cultura e lazer. É necessário inovar a cada época, pois os interesses e tecnologias mudam rapidamente e a biblioteca precisa se reinventar buscando um programa para atrair novos usuários. A cidade de Ribeirão Preto possui bibliotecas públicas localizadas no centro da cidade, a biblioteca proposta não competirá com as existentes pois se trata de uma escala menor. Para desenvolver o projeto, foi pesquisada uma base teórica para compreender conceitos de grande importância do tema que ajudará ter conhecimentos sobre o universo da biblioteca, desde sua origem às mudanças das configurações de seus espaços. O acesso a informação é fundamental na sociedade, a partir dela há uma ampla forma de obter conhecimento. A diferença social e econômica entre quem possui informação e quem não tem acesso, aumenta cada dia mais. A biblioteca pública atua como uma instituição democrática, que consegue oferecer a oportunidade de acesso a informação a todas as pessoas, sem distinção. (SNBP, 2010 p.17) A biblioteca tem grande importância na democratização, pois além de atuar na questão educacional, atua também na cultural. Oferece acesso livre a informação, às novas tecnologias, incentiva a leitura para formar pessoas críticas e fornece acesso a educação. (SNBP, 2010 p.19) Por essa razão deve-se incentivar a criação ou melhoramento das bibliotecas públicas.

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02. BIBLIOTECA: ORIGEM E CONCEITOS

Para entender um pouco do funcionamento e configuração de uma biblioteca é necessário saber o motivo de sua origem, a partir disso compreende-se sua importância para a sociedade. Segundo Milanesi (2002, p.9) o homem é uma espécie que registra seus pensamentos, grande parte da história foi construída a partir do estudo de registros. Os primeiros registros são os desenhos em cavernas. Até um momento da história era raro encontrar registros, e com a evolução da escrita e dos mecanismos de produção de livros houve um excesso de produção destes. Para a organização e acesso à esses documentos foi identificado que a melhor solução seria junta-los num único local, para isso criaram a biblioteca. A nomenclatura de Biblioteca surgiu na Grécia de bibliotheke. E do latin bibliotheca que significa depósito de livros (biblio – livro e theca – depósito). Porém esse significado é muito mais amplo. Segundo Santos (2012, p. 176), não refere-se somente a depósito de livros mas também a todo tipo de armazenamento de informações, seja ele digital, ou físico. O acesso e difusão de informação e conhecimentos é fundamental, e a biblioteca atua como um agente democrático que possui um acervo para acesso a conhecimentos e ideias elaborados pelo homem ao longo do tempo. As bibliotecas são classificadas de acordo com suas funções, tipo de leitor e especialização de acervo. E elas são as bibliotecas nacionais, universitárias, públicas, escolares, especias e especializadas. A biblioteca pública deve ter livre acesso a todos e ser um lugar de encontro de pessoas, de trocas de ideias, de atividades culturais e de lazer. Caracteriza-se por ser coletiva, possuir variedades de materiais e ser mantida pelo poder público. (BRASIL, 2010, p. 17-18)

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Segundo o Manifesto da Biblioteca Pública (1944): Todos os grupos etários devem encontrar documentos adequados às suas necessidades. As colecções [sic] e serviços devem incluir todos os tipos de suporte e tecnologias modernas apropriados assim como fundos tradicionais. É essencial que sejam de elevada qualidade e adequadas às necessidades e condições locais. As colecções [sic] devem reflectir [sic] as tendências actuais [sic] e a evolução da sociedade, bem como a memória da humanidade e o produto da sua imaginação.

A biblioteca então é uma peça importante para a sociedade pois oferece acesso a todos. Figura 1 - Ilustração da Biblioteca de Alexandria, Egito, 280 a.C. FONTE: britannica.com/topic/Library-of-Alexandria

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2.1 EVOLUÇÃO DA BIBLIOTECA O homem evolui sua forma de registrar seus conhecimentos, atualmente a era da tecnologia armazena tudo muito rapidamente, para entender como essa questão se dava antigamente e o que a biblioteca representava em cada período, a seguir será apresentado um breve resumo da história da biblioteca. Segundo Milanesi, (2003, p. 24 e 77) a biblioteca é a mais antiga instituição Cultural, existe desde que o homem passou a registrar seus conhecimentos. A biblioteca de Alexandria, (Figura 1), é considerada o mais antigo centro de Cultura, além de armazenar documentos, as pessoas utilizavam o local para troca de ideias. A biblioteca da Antiguidade era apenas um local para armazenar os livros, não possuía um caráter público, tanto que os edifícios eram projetados de forma a evitar a saída

Figura 2 - Biblioteca de Pérgamo, Turquia, século II a.C. FONTE: bytebak.org/2007/Turkey/Ephesus/CelsusLibrary1.jpg


de exemplares. Os livros eram organizados em prateleiras com divisórias e etiquetas para identificação de cada livro. Umas das bibliotecas mais importantes desse período foram a Biblioteca de Nínive, as gregas, as romanas, a Biblioteca de Alexandria a de Pérgamo. (SANTOS, 2012 p.176)

a outra no Templo de Serápis. Os arquivos eram escritos em rolos de papiros (Figura 4), e a biblioteca chegou a ter cerca de 700.000 rolos dispostos em pilhas com etiquetas de identificação dos autores e dos títulos (SANTOS, 2012 p. 178).

A biblioteca de Pérgamo (Figura 2) foi criada com o intuito de competir com a de Alexandria, na biblioteca de Pérgamo houve a criação do pergaminho, palavra que aliás foi derivada do nome da biblioteca. A exportação de papiros para a cidade foi proibida e necessitavam de uma nova forma de registro. Na biblioteca de Nínive os documentos eram em blocos de argila cozida e escrita em caracteres cuneiformes. (Figura 3) (SANTOS, 2012 p.176)

Segundo Battles (2003, p.34) “As estantes no interior do edifício eram circundadas por colunatas abertas expostas a brisa, formando corredores cobertos que os estudiosos podiam utilizar para estudo ou discussão”.

A Biblioteca de Alexandria (280 a.C. a 416 d.C) foi criada por Ptolomeu I Sóter (o Salvador). Na verdade, a biblioteca de Alexandria eram duas, uma em Mouseion e

A biblioteca de Alexandria sofreu vários incêndios até que o bispo Teófilo deduziu que aquele edifício possuía arquivos sobre paganismo e do ateísmo e mobilizou o povo cristão para demolir o local. (SANTOS, 2012 p. 182) De acordo com Santos (2012, p.183) na Idade Média havia três tipos de biblioteca: as Monacais, as Particulares junto com as Bizantinas e as Universitárias. As bibliotecas Figura 3 - Epopeia de Gilgamesh. Tablete de argila com escrita cuneiforme, 15,2 cm x 13,3 cm. Museu Britânico, Inglaterra, Século VII d.C. FONTE: britannica.com/topic/Gilgamesh

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medievais se assemelham as da Antiguidade devido, não haver acesso do público em geral ao acervo, sua função era apenas armazenar os livros. Quanto as bibliotecas Monacais, os conventos e mosteiros eram consideradas bibliotecas. Sua configuração interior baseava-se em estantes para leitura e armários embutidos nas paredes. Havia um grande medo de roubo de obras raras, portanto acorrentar os livros eram a única opção na época. Houve uma evolução na escrita, que antes era de cacos de cerâmica, óstracas, tabuinhas cobertas de cera, folhas de papiro costuradas em capa de ouro e os palimpsestos. (SANTOS, 2012, p. 183) Os mosteiros possuíam uma oficina de copistas chamada Scriptorium onde cabia aos monges fazer as cópias, muitas obras foram salvas devidas a esse trabalho. Algumas importantes bibliotecas Monarcais são: a biblioteca de Monte Atos e a de Saint Gall (Figura 5), de Corbie, Cluny e de Fleury-sur-Loire. (SANTOS, 2012, p. 183 Segundo Santos (2012, p. 184), as bibliotecas Bizantinas guardavam conteúdos religiosos. Um dos mais conhecidos foi o convento de Studion e o Claustro de Santa Catarina (Figura 6). As bibliotecas particulares começaram a aparecer na idade média. Os responsáveis por cuidar das grandes bibliotecas particulares eram o copista e um bibliotecário principal. Seus mantenedores eram imperadores e grandes nobres. Com o crescimento de novas universidades surgiu a necessidade de acesso a livros porém o custo de reprodução era alto, portanto a solução encontrada foi permitir as pessoas utilizarem as bibliotecas, elas passam a ser então difusoras de conhecimento. Uma inovação nas Bibliotecas Universitárias foi a criação de catálogo unificado, onde era anotado o nome dos autores, os títulos de obras e o local onde poderia ser encontrado a obra. (SANTOS, 2012, p.185) No fim do século XIII, as Universidades passaram a possuir bibliotecas próprias. O bibliotecário surgiu com a criação da biblioteca Universitária, como responsável por organizar os arquivos. Somente no Renascimento ele se torna um disseminador de conhecimento.Umas das mais conhecidas bibliotecas universitárias é a de Oxford, na Inglaterra (Figura 7). (SANTOS, 2012, p. 185) Segundo Santos (2012, p. 186), as bibliotecas Renascentistas eram financiadas por duques, mercadores e reis. Possuir livros significava status. O livros passam

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Figura 4 - Rolos de papiros, surgiu no Egito, 3000 a.C. FONTE: FGV EAESP - pagina22.com.br/2016/06/06/era-uma-vez-o-papiro/

Figura 5 - Interior da Biblioteca Saint Gall, localizado na Suíça, ano 747. FONTE: whc.unesco.org/en/list/268/gallery/


a ter tanta importância que começam a ter cuidados com seu estado físico, procuravam até maneiras de minimizar problemas arquitetônicos que influenciam na integridade do acervo. A Biblioteca Vaticana é maior do Renascimento (Figura 8). Segundo Milanesi (1983 p. 20) a invenção do papel barateou as cópias manuscritas porém a invenção de Gutenberg do tipo móvel em torno do século XV, revolucionou a produção escrita, facilitando e difundindo o acesso a leitura. De acordo com Arruda (2000, p. 6), a invenção da imprensa e a produção em série aumentou significadamente a quantidade de obras, portanto na idade moderna viram a necessidade de mudanças estruturais na biblioteca para se manter adequada à nova realidade. No século XIX a biblioteca deixa de ser um local que apenas armazena os livros ela também permite acesso à Figura 6 - Exterior do Claustro de Santa Catarina, no Egito, ano 527. FONTE: whc.unesco.org/?cid=31&l=en&id_ site=954&gallery=1&index=25&maxrows=12

Figura 7 – Universidade de Oxford que abriga a Biblioteca Universitária de Oxford, Reino Unido, 1096. FONTE: Universidade de Oxford ox.ac.uk/about/organisation?wssl=1

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informações, disponibiliza e incentiva a leitura. Aos poucos com o aumento do números de frequentadores, a biblioteca passa a ser um local mais comunitário. (FERREIRA E RIBEIRO, 2016 p. 159) Um exemplo do início da modernidade é a Biblioteca de Sainte-Geneviève, o primeiro edifício na França construído exclusivamente com a função de biblioteca. (Figura 9) De acordo com Arruda (2000, p. 5) a biblioteca pública ganha força na Revolução Industrial, Francesa e Liberal, com seus ideais democráticos. Segundo Ferreira e Ribeiro (2016, p.159) a biblioteca deixa de oferecer somente acesso a livros no século XX e passa também a oferecer outros serviços. A biblioteca se transforma e busca se inovar de acordo com as novas Tecnologias de Informação e Comunicação. Na idade moderna a biblioteca passa a ter uma preocupação mais democrática que continua até os dias atuais, ressaltando o interesse também social. Na contemporaneidade a biblioteca tradicional não é mais suficiente para as necessidades dessa época. “Com as novas tecnologias dos últimos anos do século XX, o vídeo, as microformas, os discos ópticos, as redes internacionais,

Figura 8 - Interior da Biblioteca do Vaticano, localizada na Cidade do Vaticano, 1475. FONTE: vaticanlibrary.va/home.php?pag=gabinetto_ stampe&ling=eng&BC=11

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infovias e outras que virão, muda-se a configuração da biblioteca.” (MILANESI, 2003 p.108) Segundo Milanesi (2003, p. 108), “em qualquer biblioteca pública de países menos pobres, por exemplo, o vídeo está integrado entre os seus serviços básicos: além de ler, é possível ver e ouvir”. Ou seja, mesmo com novas tecnologias consegue-se manter o funcionamento da biblioteca e integrar várias mídias nas atividades oferecidas. O espaço da biblioteca contemporânea precisa ser repensado, para que essas novas tecnologias integremse ao ambiente da biblioteca. Com a rapidez dessas transformações, que se mantém até hoje, foi necessário integrar novas atividades e áreas físicas ao convencional. “Dessa forma, passaram a se caracterizar como espaços para conhecer, discutir e criar.” (MILANESI, 2003 p.109) Para democratizar o acesso, segundo Ferreira e Ribeiro (2016, p. 38) muitas bibliotecas oferecem microcomputadores e acesso ao banco de dados, catálogo via internet, que pode ser pesquisado em sua própria casa. A biblioteca contemporânea, é um ambiente híbrido, composto por variadas mídias, formatos e suportes. (Figura 10) A biblioteca evoluiu desde a Antiguidade até os dias de hoje, seja pelas mudanças de seu suporte de escrita, que iniciou-se com placas de argila, avançou para o papiro e depois foi substituído pelo pergaminho, e por fim o papel ou pelas mudanças de suas funções. Ao longo do tempo passou de local particular à pública. Foi a partir do Renascimento que a Biblioteca tornou-se mais democrática, mais próxima de como conhecemos hoje. Nota-se que a todo momento ela foi de grande importância para guardar e transmitir conhecimentos.


Figura 9 - Interior da Biblioteca de Sainte-Geneviève, Paris, 1838. FONTE: bsg.univ-paris3.fr/iguana/www.main.cls?p=*&v=fc8b6598-dba0-11e7-9d6a-5056b176bf00

Figura 10 - Integração de mídias com uso de computadores na Biblioteca de Kista, Estocomo, 2014 FONTE: bsf.org.br

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2.1.2 BIBLIOTECA PÚBLICA NO BRASIL: HISTÓRICO E DADOS NÚMERICOS Foi a partir de 1549 que as primeiras bibliotecas, livros e instituições de ensino surgiram no Brasil. Nesse momento ocorria a instalação do Governo Geral, em Salvador (Bahia). Os responsáveis pelos primeiros acervos no Brasil foram os Jesuítas da Companhia de Jesus, com seus conventos religiosos. (Santos, 2010, p. 51) Segundo Santos (2010, p.51 e 52), até o início do século XIX a história da Biblioteca no Brasil se divide em três partes: Bibliotecas dos Conventos e Particulares, a fundação da Biblioteca Nacional e a Criação da Biblioteca Pública da Bahia. Nos três primeiros séculos da colonização as bibliotecas localizavam-se em mosteiros, conventos e colégios religiosos e também bibliotecas particulares. Eram poucas as pessoas que possuíam livros devido a censura pela Inquisição Católica. A maioria das bibliotecas particulares encontrava-se em Minas Gerais e quem possuíam as maiores bibliotecas eram aqueles com maior nível intelectual, como padres, advogados e cirurgiões. A melhor e maior biblioteca particular encontrava-se na Bahia, a Biblioteca do Padre Francisco Agostinho Gomes. (Santos, 2010, p. 52) De acordo com Santos (2010, p. 53) do século XVIII para o XIX, a leitura e o livro começou a fazer parte do cotidiano: Muitas pessoas passaram a reservar mesas e móveis para os livros e, posteriormente um cômodo. Foram instaurados também lugares especiais para os livros,como bibliotecas e livrarias. A leitura oral, pública ou privada, proliferou e os livros passaram a serem lidos e debatidos. A leitura oral, pública ou privada, proliferou e os livros passaram a serem lidos e debatidos.

Pode-se dizer que basicamente neste período as bibliotecas encontravam-se principalmente nos conventos. Os Jesuítas criaram uma biblioteca em Salvador, no século XVI. São Paulo teve duas bibliotecas em conventos importantes: a de São Bento e a de São Francisco. (SANTOS; 2010, p. 53)

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Em 1773 a Companhia de Jesus foi extinta e os Jesuítas expulsos do Brasil por Marquês de Pombal. Então os materiais das bibliotecas foram colocados em locais impróprios e com a falta de manutenção, perdeu-se grande parte. (SANTOS, 2010, p. 53) Quanto a Biblioteca Nacional, a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil trouxe consigo a Biblioteca Real que ajudou a iniciar posteriormente a Biblioteca Nacional, o acervo contava com 60 mil peças de diversas mídias, como livros, manuscritos, mapas, moedas, medalhas e estampas, que foram enviados para o Brasil aos poucos. (Santos, 2010, p. 54) Segundo Santos (2010, p. 54 e 55) a biblioteca foi inaugurada em 13 de maio de 1811, aniversário de D. João. Localizada nas instalações do Hospital da Ordem Terceira do Carmo. Primeiramente aberta apenas para os estudiosos, e em 1814 aberta para a população. A Real Biblioteca mudou seu nome para Biblioteca Nacional, com a Independência do Brasil. A biblioteca ficou durante 50 anos instalada num edifício sem condições necessárias para manter a integridade do acervo e sem funcionário especializados para o cuidado dos arquivos. Em agosto de 1858, houve mudança de localização para o Largo da Lapa, porém o local também não possuíam boas instalações para uma biblioteca. Em 1910, a Biblioteca Nacional passa a ter um prédio próprio, com estilo eclético, na Avenida Rio Branco (Figura 11). O edifício possuía as instalações técnicas exigidas na época, […] que de acordo com Santos (2010, p.55) eram “pisos de vidros nos armazéns, armações e estantes de aço com capacidade para 400 mil volumes, amplos salões e tubos pneumáticos para o transporte de livros dos armazéns para o salão de leitura.” Segundo Santos (2010, p.56) no dia 13 de maio de 1811, foi fundada a Biblioteca Pública da Bahia (Figura 12). Com iniciativa de Pedro Gomes Ferrão Castelo Branco juntamente com intelectuais. Foi a primeira biblioteca que pode-se considerar realmente público, diferentemente às dos Conventos. A Biblioteca ficou abandonada de 1811 a 1820. De acordo com Santos (2010, p. 58) ela acabou “Sobrevivendo a míngua, a biblioteca chegou a 1834 com um acervo de 7957 volumes, o que representava muito pouco para um espaço de 23 anos.”


Segundo Santos (2010, p.58) a biblioteca teve várias mudanças de localidades mudou da Catedral para a Piedade, onde era o edifício que funcionava o Senado Estadual. E depois de 1900, mudou-se para o Palácio do Rio Branco, ocupando uma sala pequena. Em janeiro de 1912, a biblioteca foi incendiada e destruiu grande parte, restando apenas trezentos volumes. De acordo com Santos (2010, p. 58) “A restauração foi iniciada no Arquivo Público. Pouco a pouco, foi se reconstituindo graças aos esforços do seu diretor, José de Oliveira Campos. Em maio de 1915, a biblioteca já contava com 20 mil volumes.”

Figura 12 - Primeira Sede da Biblioteca Pública da Bahia, Salvador 1811. FONTE: uneb.br

Figura 11 - Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, 1910. FONTE: camara.leg.br

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Jorge Calmon assumiu a direção em 1939 e segundo Santos (2010, p.58) “[…] através de três anos de trabalho e devotamento total à instituição, conseguiu darlhe vida nova, integrando-a nas modernas tendências do pensamento contemporâneo e justificando assim, o seu título de biblioteca pública.” (Figura 13)

Conforme o gráfico (Gráfico 2), a região com maior número de municípios com, Bibliotecas Públicas é o Sudeste com 92%, seguida do Sul (89%), Centro-Oeste (81%), Norte (66%) e Nordeste (64%). Todas as regiões possuem mais que a metade das cidades com alguma Biblioteca, porém esse número é baixo.

Conclui-se que assim como as bibliotecas da Antiguidade ao Renascimento, no Brasil também houve a evolução dessa instituição. Inicia-se como algo religioso, e privado posteriormente passando a ser algo do cotidiano, trazendo novos hábitos e depois abre as portas para todos os públicos deixando de ser algo restrito a poucos.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (2009), 91% das Bibliotecas Públicas não possuem serviços para pessoas com deficiência visual e 94% não oferecem serviço para pessoas com demais necessidades especiais. Esse valor é muito grande, de acordo com os dados os deficientes são excluídos desse serviço. Além disso 88% não oferecem atividades de extensão, as bibliotecas são meramente locais para empréstimos e leitura de livros.

A seguir será analisado alguns dados numéricos levantados pela Fundação Getúlio Vargas em 2009, se trata do Censo Nacional das Bibliotecas Públicas. Com o passar dos anos consequentemente a quantidade de bibliotecas foram aumentando. Mas ainda hoje o número não é suficiente. E com o avanço de novas tecnologias, o livro passou também a incorporar o mundo digital. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (2009) que realizou o do Censo Nacional das Bibliotecas Públicas (2010), foram pesquisados 5.565 municípios, e 79% possuem pelo menos uma Biblioteca Pública em funcionamento. Sendo 12% os municípios que ainda estão em processo de implantação (Gráfico 1).

O uso de equipamentos tecnológicos é fundamental nas bibliotecas atuais, 45% das bibliotecas possuem acesso a internet, porém apenas 25% oferecem acesso a internet para seus usuários. Há a necessidade de integrar a tecnologia nas bibliotecas, pois o mundo tecnológico já faz parte do nosso dia a dia. Dos usuários 65% frequentam a biblioteca para pesquisa escolar, 26% para pesquisa em geral e apenas 8% para lazer. As bibliotecas são muito mais procuradas para a pesquisa do que para lazer, talvez por falta de disponibilidade desse tipo de serviço nas bibliotecas. Sobre o acervo, 83% é constituído por doações. Em média as pessoas frequentam 1,9 vezes por semana. (FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, 2009) É grande o número de bibliotecas que não oferecem nenhuma programação cultural, 44% não oferecem nenhuma atividade. Das poucas atividades oferecidas que mais aparecem na programação são: hora do conto (29%), oficinas de leitura (25%), exposições (24%) e roda de leitura (24%) conforme o (gráfico 3). (FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, 2009). Há a necessidade de aumentar o acesso a atividades diferenciadas no ambiente da biblioteca. A partir dos dados de pesquisa do Censo Nacional das Bibliotecas Públicas conclui-se que a biblioteca precisa ampliar seu programa, buscar novas maneiras de atrair o interesse de grande parte da população.

Figura 13 - Biblioteca Pública da Bahia após variadas mudanças, Bahia 1988. FONTE: ibahia.com

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Gráfico 1 - Municípios brasileiros com pelo menos uma biblioteca pública municipal – recorte por região %, 2009. FONTE: Fundação Getúlio Vargas (2009).

Gráfico 2 - Municípios brasileiros com pelo menos uma biblioteca pública municipal – recorte por região %, 2009. FONTE: Fundação Getúlio Vargas (2009).

Gráfico 3 - Serviços prestados – programação cultural oferecida pela biblioteca regularmente – %, 2009. FONTE: Fundação Getúlio Vargas (2009).

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2.2 FUNÇÕES DA BIBLIOTECA

2.2.2 FUNÇÃO INFORMATIVA

Funções são fundamentais para uma biblioteca, ou qualquer outra instituição. São responsabilidades exercidas através de sua programação ou atividades que objetivam algo. Segundo Andrade e Magalhães (1979, p. 48) a biblioteca possui basicamente quatro funções que se relacionam entre si, são elas a educativa, a informativa, a cultural e a recreativa.

A função informativa da biblioteca surgiu após a Segunda Guerra Mundial, inicialmente implantada nos Centros Referenciais dos Estados Unidos. (ARRUDA, 2000, p. 13)

2.2.1 FUNÇÃO EDUCACIONAL No final do século XIX, a função básica da biblioteca era a educação. A população reivindicava ter maior acesso a educação (Figura 14). (ARRUDA, 2000, p. 10) A educação formal é importante, obrigatória e necessária. As atividades desenvolvidas pela biblioteca são suportes para essa educação, porém a biblioteca não se preocupa somente com os estudantes, ela dá suporte também a educação não-formal e informal, incentivando a prática da leitura. (ANDRADE; MAGALHÃES, 1979, p. 52) A educação é fundamental e a biblioteca incentiva a leitura também como uma maneira de aprendizagem.

Figura 14 - Alunos realizando pesquisa escolar na biblioteca, 2017. FONTE: pocosdecaldas.mg.gov.br

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Segundo Andrade e Magalhães (1979, p. 54) a biblioteca deve fornecer informações confiáveis, rápidas e eficientes (Figura 15). A função informativa acontecem em três áreas. Ela fornece apoio à educação formal, onde os alunos fazem pesquisas escolares em livros. A segunda área em que a função informativa atua é como serviço de informação para a comunidade, ajudando as pessoas a resolverem questões do seu cotidiano, aconselhando. Esse serviço é raramente encontrado em bibliotecas brasileiras. E por último, fornece serviço de informação para as indústrias, geralmente utilizado por pequenas e médias empresas, já que as grandes possuem suas próprias informações armazenadas. (ANDRADE; MAGALHÃES, 1979, p. 54) A biblioteca pública permite livre acesso a informação, que é fundamental para uma leitura crítica das pessoas.

Figura 15 - Leitura na biblioteca, 2017. FONTE: cultura.mt.gov.br


2.2.3 FUNÇÃO CULTURAL

2.2.4 FUNÇÃO RECREATIVA

De acordo com Andrade e Magalhães (1979, p. 55) a biblioteca é de grande importância quanto ao que se refere à cultura, pois ela acaba oferecendo aos indivíduos oportunidades de contato, participação, apreciação das artes, proporcionando ambiente agradável, estimulando e agindo, tanto quanto possível, como contra-peso à cultura comercialmente orientada de nossos dias.

Com o surgimento dos meios de comunicação, os livros foram sendo cada vez menos utilizados como forma de lazer. Essa função na biblioteca trata-se de uma leitura por prazer, de livre escolha, “para proporcionar ao público que a procura o relaxamento e/ou recreação do indivíduo, cuja rotina encontra-se inserida nas pressões exercidas pela vida moderna.” (ARRUDA, 2000, p. 12)

Ou seja, ela pode oferecer os mais diversos tipo de atrações culturais, desde sessões de cinema, tv ou até mesmo música clássica e ópera. Como ilustra a (Figura 16). A função cultural na biblioteca atua também com a captação, preservação e divulgação dos bens culturais da comunidade. (ANDRADE; MAGALHÃES, 1979, p. 55)

A biblioteca pode também ser utilizada para incentivo à leitura infantil, fornecendo suporte à educação infantil (Figura 17). Um local para as crianças com “[…] livros, jogos, brinquedos e gibis apropriados para cada faixa etária, TV e vídeo, palco para representações, a fim de despertar o raciocínio, coordenação motora e, sobretudo, o gosto pela leitura.” (ARRUDA, 2000, p. 13)

Atualmente observa-se que as biblioteca estão cada vez mais utilizando a função cultural como um atrativo do local.

Figura 16 - Concerto na Library 10 de Helsinki, Finlândia, 2005. FONTE: brasil.elpais.com/ (2015)

Essa função pode atrair novos frequentadores, principalmente do público infantil, pois o incentivo da leitura na formação acadêmica desde essa fase da vida, pode despertar o prazer da leitura.

Figura 17 - Leitura infantil como recreação, ambiente descontraido, 2015. FONTE: revide.com.br/editorias/publieditorial/expandindo-fronteirasdo-conhecimento/

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2.3 O ESPAÇO Para que um edifício cumpra sua função deve-se seguir requisitos básicos para o melhor funcionamento. Seja um edifício novo ou adaptação de um pré existente, o espaço da biblioteca exige cuidados para que cumpra sua finalidade e preserve seu acervo. Segundo Milanesi (2002, p. 203-224) a luz é um fator que deve ser controlado, a incidência de luz direta no acervo é prejudicial, deve-se haver um equilíbrio entre a luz artificial e a luz natural (Figura 18). Quanto ao acervo, os jornais e revistas devem estar expostos e de fácil acesso, o local de gibis e revistas são mais descontraídos. O acervo deve ser bem organizado de modo a facilitar a busca pelos leitores. Os espaços da biblioteca contemporânea devem ser customizados, de modo a atender diferentes públicos da melhor maneira possível. Além disso, propiciar espaços de interação entre o usuário e a informação.. (FERREIRA E RIBEIRO, 2016 p. 39)

A biblioteca é dinâmica, e desse modo a flexibilidade dos ambientes é necessária, deve-se prever futuras Figura 18 - Utilização de chapa metálica na fachada como proteção solar na Biblioteca Brasiliana em São Paulo, 2013. FONTE: Nelson Kon (2013)

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expansões do acervo. É possível obter a flexibilidade a partir de ambientes livres, sem paredes fixas, permitindo a configuração do espaço a qualquer momento sem reformas estruturais (Figura 19). O ambiente da biblioteca deve ser agradável e funcional, a distribuição do seu mobiliário de forma a facilitar a circulação das pessoas contribui para isso. (SNBP, 2010 p.52) Deve-se ter atenção quanto ao conforto acústico, as salas de leitura devem ser afastadas dos ambientes de maior ruído para um ambiente de leitura agradável. (Figura 20) Outra preocupação é quanto a temperatura e umidade, para o melhor conservar o acervo esses fatores devem ser controlados de acordo com cada tipo de ambiente. (SNBP, 2010 p.53) Deve-se levar em conta também cuidados contra sinistros (acidentes com água e fogo). E além disso, é fundamental a prevenção de saídas de livros sem autorização, isso pode ser feito com a instalação de guarda volumes, as catracas controlam a saída e entrada de pessoa. Atualmente utiliza-se também portas detectoras, para prever a saída não autorizada de arquivos do acervo. (SNBP, 2010 p.55) Para projetar uma biblioteca há recomendações técnicas indicadas que serão seguidas para a elaboração do projeto. Figura 19 - Flexibilidade do espaço da Biblioteca São Paulo, Sp, 2010. FONTE: Daniel Ducci (2009)


Figura 21 - Exterior da Biblioteca Altino Arantes, Ribeirão Preto, 1932. FONTE: (Milena Aurea / A Cidade)

Figura 20 - Salas de estudo fechadas da Biblioteca Kista em Estocomo, 2014. Fonte: Soraia Magalhães (2015)

2.4 BIBLIOTECAS DE RIBEIRÃO PRETO A cidade de Ribeirão Preto possui um acervo diversificado em suas bibliotecas para atender a população. Entre as bibliotecas públicas estão: Altino Arantes, Padre Euclídes e a Biblioteca Municipal Guilherme de Almeida. Há também as bibliotecas universitárias com um acervo mais voltado para a área de pesquisa acadêmica.

2.4.1 BIBLIOTECA ALTINO ARANTES

Figura 22 - Interior da biblioteca Altino Arantes, estantes. Ribeirão Preto, 2017. FONTE: Josiane Moscken

A Biblioteca Altino Arantes (Figura 21) localiza-se no centro de Ribeirão Preto num edifício tombado, a obra é do escritório de Ramos de Azevedo e foi concluída em 1932. O casarão pertencia ao Coronel Quito Junqueira e Sinhá Junqueira, que viviam e morreram no local. No testamento eles pedem para que o casarão abrigue uma biblioteca. (DAVANÇO, 2017) A biblioteca teve inicio num local provisório, na Rua São Sebastião. E em pouco tempo mudou-se para o casarão, com um pequeno acervo que cresceu ao longo dos anos e hoje chega a 42 mil volumes, sendo que 2 mil destes são em escrita braile. Os livros estão organizados em estantes (Figura 22). (DAVANÇO, 2017)

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Segundo um funcionário atualmente a biblioteca recebe diariamente em torno de 60 pessoas. Não há computadores para o uso dos frequentadores, apenas para o uso dos funcionários para controlar a saída e entrada do acervo. Há uma pequena área com mesas e cadeiras para estudo, leitura (Figura 23). Nota-se que a biblioteca Altino Arantes não buscou integrar os meios tecnológicos de informação ao local. Sendo assim, ela é um lugar que somente guarda as informações em forma de arquivos físicos. Não há uma integração entre a tecnologia da informação ao modelo tradicional. Não possui também nenhuma atividade cultural. Essa rigidez acaba distanciando as pessoas desse ambiente, um programa mais diversificado atrairia novos frequentadores.

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Figura 23 - Ambiente da biblioteca com mesas de leitura, Ribeirão Preto, 2017. FONTE: Josiane Mosckeni


2.4.2 BIBLIOTECA PADRE EUCLÍDES A biblioteca Padre Euclídes (Figura 24) também localiza-se no centro da cidade, foi fundada em 1903 por Padre Euclídes Gomes Carneiro, administrada pela Sociedade Legião Brasileira Civismo e Cultura de Ribeirão Preto. Nesse período, ela também servia para encontros literários, cívicos, religiosos e morais. (REVIDE, 2011) Em 1965, o prédio foi demolido para a construção de um edifício comercial do mesmo proprietário anterior e atualmente a biblioteca ocupa o primeiro andar. A manutenção do lugar, vem dos aluguéis das salas e da contribuição de associados da Sociedade Legião Brasileira Civismo e Cultura de Ribeirão Preto. (REVIDE, 2011)

Figura 24 - Sala de estudo e leitura Biblioteca Padre Euclídes, Ribeirão Preto, 1903. FONTE: Weber Sian / A Cidade

Segundo Avanço (2017) o acervo conta com cerca de 18,5 mil livros. Observa-se que a biblioteca tem uma preocupação de inserir novas mídias ao seu tradicional acervo físico, o computador é disponibilizado para os leitores. Além disso oferece atividades culturais como cursos, palestras, oficinas, exposições e apresentações artísticas variadas. Isso é positivo para a sociedade, demonstra que esta instituição possui interesse em inovar sua programação para atrair o público. O edifício conta também com uma pequena área destinada as crianças, incentivando o prazer da leitura desde cedo (Figura 25). Um ponto negativo refere-se a localização, muitos que passam por ela não sabem que ali funciona uma biblioteca, pois ela esta instalada num edifício alto e não há nada que evidencie, destaque ela.

Figura 25 - Espaço infantil da bilioteca Padre Euclídes, Ribeirão Preto, 2017 FONTE: Arquivo da Biblioteca Padre Euclídes

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03. CONTEXTUALIZAÇÃO E ANÁLISE DA ÁREA DE INTERVENÇÃO

Neste capítulo será analisado as características do entorno da área de implantação do projeto e levantadas informações sobre o terreno, como insolação, dimensão, topografia entre outros. As informações resultantes fornecerá suporte para as tomadas de decisões do projeto. A biblioteca pública será implantada na cidade de Ribeirão Preto, localizada a Nordeste do estado de São Paulo, a 319 km de distância da capital do estado. Segundo estimativa do IBGE, a cidade possui em 2017 cerca de 682.302 pessoas e uma área de 650,916 km² (Figura 26). O café foi a primeira atividade agrícola da cidade, desenvolvida por famílias de fazendeiros da região. Ribeirão Preto é conhecida como a “Califórnia Brasileira” e recentemente como a “Capital Brasileira do Agronegócio”, devido ao desenvolvimento agrícola, industrial e urbano da cidade.

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3.1 ÁREA DE INTERVENÇÃO: JUSTIFICATIVA DO TERRENO

LOCALIZAÇÃO

E

Para a implantação da biblioteca pública foi escolhido um lugar desprovido de equipamento de cultura e lazer. A região em que se encontra a área, não possui tais equipamentos que são fundamentais para toda a população (Figura 27). A área escolhida para a implantação do projeto da futura Biblioteca está localizada na Zona Norte da cidade de Ribeirão Preto, no bairro Presidente Dutra (Figura 28). Figura 26 - Localização da cidade de Ribeirão Preto no mapa do Estado de São Paulo, 2017 FONTE: comafmrp.com/local.html Figura 27 – Mapa com a localização da área de projeto com relação a região central da cidade, 2018. FONTE: Adaptado de Google Maps

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Figura 28 - Mapa com a localização da futura bib FONTE: Adaptado de Google Maps


O terreno está localizado na Rua Javari, a via possui um alto fluxo de automóveis e pedestres, é uma via que permite fácil acesso ao lote e demais bairros próximos. O lote fica próximo a escola EMEF Sebastião de Aguiar Azevedo, e ao lado de um supermercado e prédios residenciais (Figura 29). Além de amenizar a falta de equipamentos neste bairro, a biblioteca neste lugar irá também servir de suporte para as escolas próximas, já que os estudantes são uma grande parte do público que o utiliza.

blioteca no seu bairro, 2018.

Figura 29 - Mapa com a localização do lote na quadra, 2018. FONTE: Adaptado de Google Maps

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3.2 LEVANTAMENTO 3.2.1 USO O entorno estudado é predominantemente residencial, nos últimos anos houve um crescimento de edifícios de interesse social na área. A rua Javari, onde se localiza o lote do projeto, possui muitos comércios e serviços, devido a isto na área se encontra muitos pessoas caminhando, além de ciclistas. O comércio do entorno consegue suprir boa parte da necessidade da população que reside ali (Figuras 30 – 33).

Figura 30 - Mapa de uso e ocupação, 2018. FONTE: Autora

Figura 31 - Predominância de comércio e serviço da Rua Javari, 2015. FONTE: Google Maps

Figura 32 - Edificios de interesse social na Rua Rio Paraguaçu, 2015. FONTE: Google Maps Figura 33 - Predominância de residencias na área, Rua João Vitaliano, 2011. FONTE: Google Maps

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3.2.2 GABARITO Ao analisar o gabarito, nota-se que a predominância são edificações térreas.As edificações mais altas encontradas (2 a 3 pavimentos) são condomínios de interesse social. A biblioteca não ultrapassará o gabarito encontrado na área devido ser um equipamento de vizinhança. À leste do entorno observa-se que há maior número de lotes vazios, que provavelmente serão ocupados por habitação de interesse social (Figuras 34 – 36). Figura 35 - Edificações de gabarito com até 3 pavimentos, Rua Javari, 2018. FONTE: Google Maps

Figura 34 - Mapa de gabarito da área, 2018. FONTE: Autora

Figura 36 - Foto das habitações com gabarito baixo, Rua Orlando Gabriello, 2011. FONTE: Google Maps

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3.2.3 HIERARQUIA FÍSICA E FUNCIONAL A via com maior fluxo da área é também a que possui concentração de comércios e serviços. Na área há a predominância de vias locais, que possuem fluxo compatível com suas dimensões, exceto a Rua Francisco Buonvicini (Figura 41) que possui um fluxo alto para sua dimensão. A Rua Javari (Figura 39) possui um alto fluxo mas sua dimensão é de via coletora. Ela é a via de maior fluxo da área, em horários de entrada e saída de trabalho o

Figura 39 - Foto da Rua Javari, 2015. FONTE: Autor

Figura 40 - Foto da Avenida Pres. João Goulart, 2015. FONTE: Google Maps

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fluxo se intensifica porém não prejudica o trânsito. Nessa rua também circula muitos ciclistas. A Rua Javari é uma das principais vias de acesso aos bairros de quem vem do Centro da cidade além da Via Norte. Ali se encontra também uma avenida (Figura 40) com canteiro central que apesar de ser coletora e ter grande dimensão não recebe tanto fluxo como a Rua Javari. Na área há bastante linhas de ônibus para atender a população, há inclusive um ponto de parado bem próximo ao terreno escolhido.

Figura 41 - Foto da Rua Francisco Buonvicini, 2011. FONTE: Google Maps


Figura 37 - Mapa de hierarquia funcional, 2018. FONTE: Autora

Figura 38 - Mapa de hieraquia fĂ­sica, 2018. FONTE: Autora

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3.2.4 VEGETAÇÃO A vegetação é importante para o microclima da região, as árvores das calçadas permitem as pessoas passearem confortavelmente. Porém, como observa-se na figura 42, não há vegetação suficiente. As praças e orgãos institucionais são os locais que apresentam maior concentração de vegetação.

Figura 42 - Mapa de vegetação da área de estudo, 2018. FONTE: Autora

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3.2.5 FIGURA FUNDO Como observa-se na Figura 43, que os conjuntos habitacionais possuem grandes recuos enquanto o restante das construções os recuos são pequenos. A área possui um densidade média. Para o projeto será pensado uma ocupação mais espaçada, de acordo com a legislação da cidade.

Figura 43 - Mapa de cheios e vazios, 2018. FONTE: Autora

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3.2.6 EQUIPAMENTOS A região analisada, como já mencionado, sofre com a falta de equipamentos de cultura e lazer. São encontradas algumas praças, porém degradadas, e um clube, a Associação Desportiva da Polícia Militar (Figura 45).

Há várias escolas na área, inclusive uma próxima ao lote escolhido para implantar a biblioteca (Figura 46). Os estudantes segundo pesquisas, são os maiores usuários das bibliotecas, portanto a localização desta ali, será também de grande utilidade por eles. Além disso há três unidades básicas de saúde no entorno analisado (Figura 47).

Figura 44 - Mapa de equipamentos, 2018. FONTE: Autora

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Figura 45 – Associação Desportiva da Polícia Militar (ADPM), Rua Javari, 2015. FONTE: Gloogle Maps

Figura 46 - Escola Municipal Sebastião de Aguiar Azevedo, Rua Japurá, 2015. FONTE: Gloogle Maps

Figura 47 - Unidade Básica de Saúde do Presidente Dutra, Rua Tabatinga, 2015. FONTE: Gloogle Maps

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3.3 CARACTERÍSTICAS DO TERRENO 3.3.1 TOPOGRAFIA O lote possui frente apenas para uma via, sua topografia tem 4 metros de desnível, sendo a frente do lote mais alta que o fundo. É uma declividade considerável, que deverá ser levada em conta ao projetar o edifício (Figuras 49 e 50). A área total do lote é de 5494,08 m², sendo que sua fachada de frente a Rua Javari possui 74,73 metros lineares (Figura 48).

Figura 48 - Planta do lote com suas curvas de níveis, 2018. FONTE: Autora

Figura 49 - Corte A-A do terreno, 2018. FONTE: Autora

Figura 50 - Corte B-B do terreno, 2018. FONTE: Autora

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A figura 51 mostra a paisagem do entorno imediato do lote escolhido, na esquina hĂĄ um supermercado e do outro lado um condomĂ­nio com edifĂ­cio de 3 pavimentos.

Figura 51 - Esquema com fotos do entorno do lote, 2018. FONTE: Autora

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3.3.2 INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO Controlar a incidência de luz direta é fundamental, a fachada norte sofrerá com maior incidência de sol enquanto a fachada sul não é uma preocupação. Portanto a utilização de elementos de proteção talvez seja necessário, dependendo do uso interno dos espaços. O entorno não

Figura 52 - Esquema de insolação e ventilação no lote de projeto, 2018. FONTE: Autora

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intervirará na insolação do lote, pois são edifícios baixos, e o prédio vizinho alto está a uma boa distância do terreno. Conforme observa-se na figura 52, os ventos predominantes vêm da direção Sudeste (SE) – Noroeste (NO).


3.3.3 LEGISLAÇÃO O lote que será implantado a biblioteca pública na cidade de Ribeirão Preto está localizada na Zona de Urbanização Preferencial (ZUP) de acordo com o macrozoneamento fornecido pela Prefeitura (Figura 53). O que significa que a área possui infraestrutura e condições geomorfológicas propícias para urbanização, e são permitidas densidades demográficas médias e altas; incluindo as áreas internas ao Anel Viário, exceto aquelas localizadas nas áreas de afloramento do arenito Botucatu-Pirambóia, as quais fazem parte da Zona de Urbanização Restrita.

O gabarito básico de 10 metros poderá ser ultrapassado na Zona de Urbanização Preferencial (ZUP) desde que atendidas as restrições e exceções previstas na lei.

Figura 53 - Mapa de macrozoneamento de Ribeirão Preto com localização da área de projeto, 2018. FONTE: Adaptado de Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto

Tabela 1 – Dados da legislação a serem aplicados no projeto, 2018. FONTE: Autora

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04. REFERÊNCIAS PROJETUAIS

• Centro Cultural São Paulo - Eurico Prado Lopes e Luiz Telles • Biblioteca São Paulo - Aflalo / Gasperini Arquitetos • Biblioteca Pública de Amsterdã - Jo Coenen & Co Architekten

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Figura 54 - Vista aérea do centro cultural São Paulo, 1979. FONTE: Carlos Rennó (2012)

4.1 CENTRO CULTURAL SÃO PAULO - EURICO PRADO LOPES E LUIZ TELLES Ficha técnica: Arquitetos: Eurico Prado Lopes e Luiz Telles Localização: Rua Vergueiro, 100 – Paraíso, São Paulo – SP Área: 46500.0m² Ano: 1979

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O Centro Cultural São Paulo (Figura 54), é um ponto de encontro para as pessoas de diversos interesses, idades, classes sociais. O terreno com cerca de 300 metros de comprimento, 70 de largura e 10 de desnível havia sido desapropriado para a construção do metrô. (SOUZA, 2017) Em 1973, a prefeitura elabora o Projeto Vergueiro, com o objetivo de urbanizar o local com um complexo de escritórios, hotéis, um shopping center e uma biblioteca púbica. O projeto foi cancelado, pois o prefeito Olavo Setúbal alegou que a cidade não necessitava desde, mas concordou em iniciar a construção apenas da biblioteca pública. (CENNI, 1991, p.9) Foi aberto um concurso e o vencedor do melhor projeto foi o arquiteto Eurico Prado Lopes. Com a mudança de gestão, o novo prefeito decidiu que a biblioteca deveria

adaptar-se ao novo modelo que surgia pelo mundo, um centro cultural multidisciplinar. Justificando que o projeto possuía uma localização privilegiada e a área era grande demais para construir apenas uma biblioteca. Então, além da biblioteca, o Centro abriga outras atividades culturais. (CENNI, 1991, p.10)

4.1.1 LOCALIZAÇÃO E IMPLANTAÇÃO O Centro Cultural localiza-se na Rua Vergueiro, na cidade de São Paulo. Encontra-se próximo à Avenida Paulista e à Estação Vergueiro da Linha Azul do metrô, portanto é um local de grande circulação de pessoas. Sua implantação se dá ao longo do terreno, de uma maneira que sua verticalidade passa despercebida (Figura 55).

Figura 55 - Localização do centro cultural São Paulo, 2018. FONTE: Adaptado de Google Maps.

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4.1.2 ACESSO E CIRCULAÇÃO O edifício permite acesso por cinco entradas voltadas para a Rua Vergueiro. As áreas internas são ligadas por rampas metálicas que se cruzam, observa-se que isso se assemelha a ruas internas ao edifício. As rampas são acessíveis a todos os tipos de públicos e além disso o centro cultural possui escadas e elevadores. (CENNI, 1991, p.14) (Figura 56 e 57) O acesso às dependências pelas rampas (Figura 58) permite uma visibilidade de todo o programa que ocorre no edifício, chamando assim a atenção do público para dirigirse ao que lhe agrada. (CENNI, 1991, p.19)

Figura 58 - Circulação por rampas, 1979. FONTE: Carlos Rennó (2012)

Figura 56 - Acessos e circulação piso Flávio de Carvalho (planta), 1979. FONTE: Adaptado de Arch Daily (2018)

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Figura 57 - Esquema acessos e circulação piso Caio Graco (planta), 1979. FONTE: Adaptado de Arch Daily (2018)


4.1.3 PROGRAMA

Figura 59 - Setorização do programa, 1979. FONTE: Centro Cultural São Paulo [201-?]

A biblioteca procura manter o contato direto entre leitor e livro, permitindo total acesso do leitor ao acervo. A nova biblioteca pretendia não ser “[…] apenas usada na leitura funcional dos estudantes, mas motivasse a leitura de lazer, procurando de desenvolve-la enquanto hábito cultural.” (CENNI, 1991, p.15) São 4 pavimentos (Figura 59) semienterrados e o programa conta com salas de teatros, cinema, auditório, biblioteca, discoteca, Pinacoteca Municipal, exposição, atelies de artes plásticas, restaurante, lanchonete, espaço para shows. (Figuras 33, 34 e 35) A biblioteca (Figura 60 - 62) é dividida em três parte: Biblioteca Sergio Milliet, Biblioteca Alfredo Volpi e Biblioteca Lois Braille. Possui também Gibiteca, Sala de Leitura (Figura 64) e área infanto juvenil. O projeto foi pensado de modo a evitar a compartimentação, e criar espaços de multiuso (Figura 63 e 65). Todo o mobiliário, piso foram projetados para seguir a linguagem do edifício (CENNI, 1991, p.18). Figura 60 - Programa piso 801, 1979. FONTE: Adaptado Roberto Cenni (1991)

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Figura 61 - Programa piso 810 Caio Graco, 1979. FONTE: Adaptado Roberto Cenni (1991)

Figura 62 - Programa piso 806 Flรกvio de Carvalho, 1979. FONTE: Adaptado Roberto Cenni (1991)

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Figura 63 - Biblioteca do centro cultural, 1979. FONTE: João Mussolin [201-?]

Figura 65 - Área interna do centro, 1979. FONTE: João Musselin (2017)

Figura 64 - Área para leitura com mesas e iluminação natural, 1979. FONTE: Ana Claudia Schad (2017)

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4.1.4 ILUMINAÇÃO A iluminação se dá por entradas de luz por um grande átrio (Figura 66 e 67) com iluminação zenital. O centro cultural recebe luz natural através de domos de acrílico instalados em algumas partes da cobertura e com a utilização do vidro como fechamento. Além disso, sua cobertura conta com um jardim suspenso com uma horta comunitária, funciona também para exibição de filmes e fazer piqueniques. (CENNI, 1991, p.17)

Figura 67 - Vista áerea do átrio central, 1979. FONTE: Adaptado de Carlos Rennó (2012)

Figura 66 - Átrio central ajuda na iluminação natural, 1979. FONTE: Monique Renne [201-?]

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4.1.5 SISTEMA ESTRUTURAL O sistema estrutural do edifício é misto (Figura 68), sendo os materiais utilizados concreto, aço, virdro, acrílico, tijolo e tecido. A estrutura mista ajudou a viabilizar as formas que o projeto possui. Os pilares são esbeltos para ocupar menos área possível. (CENNI, 1991, p.12 - 13) Segundo Cenni, (1991, p.13) “foram confeccionados cerca de 1.500 tipos de vigas diferentes, 100 tipos de pilares, 12 tipos de escadas metálicas (helicoidais e retas) e 2 tipos de rampas (em forma de X e Y)”. (Figura 69)

Figura 68 - Detalhe da estrutura mista (concreto + metal), 1979. FONTE: Adaptado de Ana Claudia Schad (2017)

Foi utilizado o aço galvanizado, em alguns casos ele possui a função estética e em outros a estrutural. Os pilares, sustentam 4 lajes, conforme sobe os níveis o número de pilares diminui devido sustentar menos carga. (CENNI, 1991, p.13) Um grande pilar central metálico assemelha-se as árvores existentes no lote (Figura 70) (CENNI, 1991, p.14) É interessante notar que a variedade de peças estruturais que foram utilizadas e como a estrutura metálica deu um ar super atual ao edifício.

Figura 70 - Pilar central metálico, 1979. FONTE: Adaptado de Renata Santoniero (2010)

PONTOS PRINCIPAIS A SEREM APLICADOS NO PROJETO - Pátio livre de encontro das pessoas - Ambientes não compartimentados

Figura 69 - Rampa metálica em formato y, 1979. FONTE: Adaptado de Renata Santoniero (2010)

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4.2 BIBLIOTECA SÃO PAULO – AFLALO / GASPERINI ARQUITETOS Ficha técnica: Arquitetos: Aflalo / Gasperini Arquitetos Localização: Av. Cruzeiro do Sul, 2630 - Carandiru, São Paulo - SP Área: 4527.0 m2 Ano: 2010

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O projeto da Biblioteca São Paulo é de Aflalo/Gasperi Arquitetos, onde foram ganhadores de um concurso. A revitalização da área onde se encontra a biblioteca deu a oportunidade de acesso a lazer, cultura e educação a todos. A organização espacial da biblioteca como uma livraria, foi pensada para atrair o público não leitor. (Biblioteca São Paulo, 2012)

4.2.1 LOCALIZAÇÃO E IMPLANTAÇÃO

Figura 71 - Localização da Biblioteca São Paulo, 2018 FONTE: Google Maps (2018)

Figura 72 - Croqui da Biblioteca São Paulo, 2012. FONTE: Arch Daily

A Biblioteca São Paulo está localizada na Avenida Cruzeiro do Sul no interior do Parque da Juventude em São Paulo. Onde antes ficava o Complexo Presidiário do Carandiru. (Figura 71) As atividades da biblioteca estão distribuidas ao longo de seu edifício de forma linear. (Figura 72).

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4.2.2 ACESSO E CIRCULAÇÃO O acesso da biblioteca se dá pela fachada oeste e leste, onde se encontra o auditório com entrada independente. Além disso pode-se entrar também pelas laterais. (Figura 73). O pavimento superior é acessado por escada ou elevador. A única maneira acessível é por elevador. (Figura 74).

Figura 73 - Esquema de acesso e circulação do pavimento térreo, São Paulo, 2012 FONTE: Adaptado de Arch Daily

Figura 74 - Esquema de acesso e circulação no pavimento superior, São Paulo, 2012. FONTE: Adaptado de Arch Daily

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4.2.3 PROGRAMA A biblioteca possui 2 pavimentos sendo o térreo destinado as crianças e adolescentes, dividida entre três faixas etárias: de zero a três anos, de quatro a onze anos e de doze a dezessete anos. (Figura 75) Os livros ficam expostos em estantes baixas, e o ambiente é complementado com pufes, poltronas coloridas e cabanas de leitura (Figura 76). A biblioteca também possui terminal de auto atendimento e impressora em braile. (Biblioteca São Paulo, 2012) No piso superior (Figura 77) está a parte destinada aos adultos, com mesas de leitura e uma área de computadores (Figura 78). É um ambiente aconchegante. Figura 75 - Planta baixa do térreo, acervo infantil, São Paulo, 2012. FONTE: Adaptado de Arch Daily

Figura 76 – Cabana de leitura no pavimento térreo, São Paulo, 2010. FONTE: Daigo Oliva/G1

Figura 77 - Planta pavimento superior, acervo adulto, São Paulo, 2012. FONTE: Adaptado de Arch Daily

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A programação cultural da bibioteca consiste em: contação de histórias, mediação de leitura, cursos, oficinas, apresentações teatrais e musicais, exposições, saraus e encontros com escritores, além disso conta com atividades externas, como o programa domingo no parque, espaço para leitura e contação de histórias. O térreo possui um terraço coberto onde abriga uma cafeteria, e uma área de permanencia que pode ser utilizada para exposições ou para apresentação de performaces (Figura 79). (LARSEN e MARTINS, 2010) A biblioteca pensa em todos os públicos, ela oferece também livros em braille e audiovideo). Além disso ela utiliza outras mídias, oferecendo rede de internet, computadores e autoatendimento. Na área infanto-juvenil foi criado um ambiente descontraido, com cores justamente para atrair esse público mais jovem. (Biblioteca São Paulo, 2012)

Figura 78 - Espaço para computadores, São Paulo, 2015. FONTE: Revista Casa e Jardim Figura 79 - Terraço do pavimento térreo onde se encontra o café, mesas e cadeiras dispostas na área, São Paulo, 2012. FONTE: aflalogasperini.com.br

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4.2.4 ILUMINAÇÃO O edifício possui iluminação zenital, do tipo shed permitindo flexibilidade ao layout interno. (Figura 80) As fachadas leste e oste, que recebem maior insolação, foram utilizadas pérgulas fabricadas com vigas laminadas de eucalipto de reflorestamento e policarbonato. (Figura 81) O norte possui uma estrutura tensionada que protege o café. (Biblioteca São Paulo, 2012) Na fachada do térreo foi utilizado vidro, para a entrada de luz natural. Os vidros receberam películas translúcidas foscas para proteção da luz direta do sol. (Figura 82) Nas fachadas restantes foram utilizadas placas de concreto pré-moldadas com acabamento texturizado. (LARSEN e MARTINS, 2010) Na biblioteca a luz é um elemento importante, no projeto foi utilizado soluções para que a luz indireta iluminasse sem prejudicar o acervo. Figura 80 - Utilização de mezanino permite iluminar áreas do térreo, São Paulo, 2012. FONTE: Daniel Ducci Figura 81 – Pérgulas nas fachadas de maior insolação como elemento de proteção, São Paulo, 2012 FONTE: Daniel Ducci

Figura 82 - Detalhe do térreo com fechamento de vidro, São Paulo, 2012. FONTE: Daniel Ducci

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4.2.5 SISTEMA ESTRUTURAL

PONTOS PRINCIPAIS A SEREM APLICADOS NO PROJETO

Vinte pilares de concreto sutentam as dez vigas espaçadas a cada 10 metros. E foi utilizada uma laje alveolar. (LARSEN e MARTINS, 2010)

- Sistema estrutural em concreto e sistema independente da vedação

Conforme observado (Figura 83), os pilares possuem seção circular e são independentes da vedação, proporcionando maior liberdade para o projeto da fachada.

Figura 83 - Pilares com sesão circular, São Paulo, 2017. FONTE: Adaptado de Cultura Estadão

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- Ambientes flexíveis - Setorização por faixa etária


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4.3 BIBLIOTECA PÚBLICA DE AMSTERDÃ / JO COENEN & CO ARCHITEKTEN Ficha técnica: Nome da obra: Openbare Bibliotheek Amsterdam Arquitetos: Jo Coenen & Co Architekten Localiação: Oosterdokseiland 143, 1011 DL Amsterdã, Holanda Área: 28500.0 m² Ano do projeto: 2007

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4.3.1 LOCALIZAÇÃO O local onde se encontra a Biblioteca Pública de Amsterdã, passa por uma transformação de área portuária industrial para um bairro de uso misto com hotel, moradia, lojas e instituições culturais. Muitas pessoa levam seus computadores e utilizam o local para trabalharem (Biblioteca Pública de Amsterdã, 2015). A Openbare Bibliotheek Amsterdam (OBA) está localizada na Holanda, em Amsterdã (Figura 84).

4.3.2 ACESSO E CIRCULAÇÃO A biblioteca possui 7 andares que são acessados por escadas, elevadores e escadas rolantes. A biblioteca pode ser acessada atraves de um hall, ou por escada e elevador localizados numa caixa externa ao edifício (Figuras 85 e 86).

Figura 84 - Localização da Biblioteca Pública de Amsterdã, holanda, 2018. FONTE: Adaptado de Google Maps Figura 86 - Escada rolante como principal elemento de circulação, 2007. FONTE: Arjen Schmitz, 2015.

Figura 85 - Planta esquemática de acesso e circulação, 2007. FONTE: Adaptado de Arch Daily, 2015

67


4.3.3 PROGRAMA A biblioteca abriga 1,5 milhões de livros, periódicos, CDs, DVSs, jogos e discos Blu-Ray espalhados por 7 andares (Figura 87). O sétimo andar abriga um teatro com 300 lugares e um restaurante (Figuras 89 e 91). Nos andares intemediários se encontram as coleções de livros. (Biblioteca Pública de Amsterdã, 2015). No quinto andar estão as salas de estudos fechadas (Figura 90). As plantas da biblioteca são flexíveis, permitindo facilmente mudanças de layouts.

Figura 91 - Café da biblioteca, Holanda, 2007. FONTE: jocoenen.com/cv/pages/oba/index.html#group-17

Figura 87 - Corte esquemático da biblioteca, Holanda, 2007. FONTE: jocoenen.com/cv/pages/oba/index.html

Figura 88 - Planta do primeiro andar, Biblioteca Pública de Amsterdã, 2007. FONTE: Adaptado de Arch Daily, 2015

68


Figura 89 - Planta sétimo andar, Biblioteca Pública de Amsterdã, 2007. FONTE: Adaptado de Arch Daily, 2015 Figura 90 - Planta quinto andar, Biblioteca Pública de Amsterdã, 2007. FONTE: Arch Daily, 2015

69


4.3.4 ILUMINAÇÃO

4.3.5 SISTEMA ESTRUTURAL

As paredes laterais curvas do edifício permitem que a luz no lado côncavo penetre o ambiente mais profundamente (Figura 92). A luz natural também penetra pelos espaços vazios e aberturas dos pavimentos. Para a iluminação artificial foi utilizada luz na parte superior das escadas rolantes. (Biblioteca Pública de Amsterdã, 2015).

A biblioteca utilizou da tecnologia da estrutura metálica, optou-se por pilares de seções circulares e retangulares (Figura 93). O exterior da biblioteca é revestida de pedra natural, um material muito utilizado na Holanda.

A utilização correta da luz é importante para garantir o bom funcionamento da função de um edifício.

A cobertura está equipada com células fotovoltaicas, como parte dos objetivos de projeto de cumprir com os princípios de energia durável.

Figura 92 - Abertura côncava permite iluminação, Holanda, 2007. FONTE: Adaptado de Arjen Schmitz, 2015.

Figura 93 - Sistema estrutural da biblioteca, Holanda, 2007. FONTE: Adaptado de Arjen Schmitz, 2015.

70


4.3.6 MOBILIÁRIO O mobiliário utilizado na biblioteca é todo branco, com cores apenas em alguns. Levando assim um mobiliário minimalista e acolhedor. Será levado esse tipo de mobiliário para o projeto, tornando o ambiente mais leve e valorizando a leitura.

PONTOS PRINCIPAIS A SEREM APLICADOS NO PROJETO - Planta flexível - Mobiliário minimalista

Figura 94- Mobiliário da biblioteca pública de Amsterdã FONTE: Arjen Schmitz, 2015.

Figura 95 - Piso de madeira proporcionando um ambiente acolhedor. FONTE: Arjen Schmitz, 2015.

71


72


05. O PROJETO

Para a contrução do projeto há vários mecânismos que disponibilizam verbas para sua concepção. O Ministério da Cultura possui o Pronac (Programa Nacional de Apoio à Cultura), foi implementado pela Lei Rouanet, é um programa que fornece recursos financeiros para a contrução de projetos artísticos e culturais. O Fundo Nacional de Cultura (FNC), o Incentivo Fiscal e os Fundos de Investimento Cultural e Artístico (Ficart), são os 3 mecânismos de apoio ao Pronac. Outro recurso disponibilizado pelo Governo de São Paulo é o PROAC (Programa de Ação da Secrataria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo). É feito por meio de incentivos fiscais, as empresas que recolhem ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) se cadastra para participar, e consegue-se utilizar até 3% do valor mensal para um projeto aprovado pela Secretaria Estadual da Cultura. No âmbito municipal, há incentivo fiscal para realização de projetos culturais. Existe o Programa Municipal de Incentivo à Cultura de Ribeirão Preto (PROMINC-RP), aprovado pelo projeto de Lei Complementar nº 285/16 do Executivo Municipal. O PROMINC é atendido pelo Fundo Municipal da Cultura (FMC), este financia até oitenta por cento do custo total de projetos culturais sem fins lucrativos. Além disso, o Sistema Municipal de Financiamento à Cultura (SMFC) destinado a programas, projetos e ações culturais em Ribeirão Preto possui os seguintes mecânimos para financiamento cultural: Orçamento Público do Município, estabelecido na Lei Orçamentária Anual (LOA); Fundo Municipal de Cultura e Incentivo Fiscal, por meio de renúncia fiscal do IPTU e do ISS, conforme lei específica.

73


5.1 CONCEITO Valorização da coletividade. Ideia de local de encontro e lazer.

5.2 DIRETRIZES PROJETUAIS Valorizar ventilação e iluminação natural; Criação de atrativos que incentive seu uso;

Figura 96 - Primeiro estudo de volumes. FONTE: Autora

Integração do projeto ao terreno e entorno; Ter áreas de descontração e convivência;

5.3 PARTIDO O partido consiste em criar uma área de convívio coletivo no centro do edifício. A volumetria proposta cria um pátio central, nesse vazio será proposto uma área de convívio agradável e convidativa. O pátio central se originou a partir da junção de varios blocos (Figura 96 e 97).

5.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES

Figura 97 - Segundo estudo de volumes. FONTE: Autora

O programa de necessidade proposto busca atender todas as necessidades técnicas e funcionais de uma biblioteca, além de atividades que chamam a atenção do público para a sua utilização. As áreas de leitura foram divididas em duas, sendo uma a área infanto-juvenil e a outra para adultos, pois ambos possuem necessidades distintas. Para sua concepção, o programa foi dividido em vários setores: setor adulto, setor infanto-juvenil, setor administrativo e setor público (Figura 98). E todo o programa está distribuído em um único pavimento.

RUA JAVARI

74

Figura 98 - Setorização da biblioteca. FONTE: Autora


Tabela 2 – O programa de necessidades da biblioteca, 2018 FONTE: Autora

75


5.5 FLUXOGRAMA

Figura 99 - Fluxograma da biblioteca, 2018. FONTE: Autora

76


5.6 MEMORIAL JUSTIFICATIVO

5.6.2 MATERIALIDADE

5.6.1 SISTEMA ESTRUTURAL

MATERIALIDADE DA MARQUISE

Foi utilizada estrutura de concreto, com pilares circulares de 50 cm de diâmetro independentes do fechamento (Figura 100). E uma laje simples já que o projeto conta com apenas um pavimento.

O policarbonato são chapas muitos mais resistente e leve que o vidro. Para o fechamento da cobertura da marquise será utilizada chapa de policarbonato alveolar Full Reflective, pois esta possui capacidade de reflexão de raios solares, reduzindo até 9ºC. Algumas vantagens:

Figura 100 - Esquema do sistema estrutural. FONTE: Autora

É mais eficiente na questão térmica, uma vez que sua condutibilidade térmica é menor que a do vidro.

Resistente a impactos.

Transparência, permitindo a transmição de luz.

Fácil manipulação e instalação.

Baixo peso.

É um material que não propaga chamas.

Opção de proteção anti-UV.

Permite curvatura a frio.

Garantia de 10 anos contra amarelecimento.

Figura 101 - Cobertura com chapa de policarbonato FONTE: http://www.archiexpo.com

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PISO E MOBILIÁRIO

ABERTURAS E FECHAMENTOS

Os mobiliários internos são na cor branca, com pequenos detalhes coloridos. O piso escolhido é madeira, pois proporciona uma sensação de conforto e acolhimento ao ambiente.

A vedação da biblioteca são blocos de concreto e vidro, que permite o contato entre externo e interno. E perfis de esquadria em alumínio e vidro.

Na área externa o piso será de concreto, já no estacionamento sera utilizado piso intertravado. Para que assim a água seja absorvida facilmente e também evitando transformar o estacionamento em uma grande área concretada.

A biblioteca deve manter seu acervo protegido do sol e oferecer conforto para seus usuários. Para isso houve a necessidade do uso de proteção solar nas faces norte e oeste, foram utilizados brises móveis verticais automatizados de madeira.

Figura 103 - Exemplo do brise utilizado no projeto. FONTE: http://www.tamiluz.fr/

Figura 102 - Exemplo de piso intertravado. FONTE: http://catalogodearquitetura.com.br/

78


5.6.3 SISTEMA DE SEGURANÇA Uma biblioteca necessita de dispositivos anti furto. Foram utilizadas catracas eletrônicas (Figura 105) na saída para o pátio central, impedindo as pessoas de entrarem novamente por aquele local mais distante da entrada. Todos os livros receberão etiquetas magnéticas que serão desmagnetizadas ao fazer o empréstimo. O alarme da antena (Figura 104) é ativado caso saiam com o livro sem que o dispositivo tenha sido desativado, garantindo assim a segurança do acervo. As etiquetas possuem tamanhos e formatos variados, sua durabilidade é alta. Para desativar a etiqueta é necessário reativadores e desativadores, que são dispositivos físicos e portáteis ou manuais. Os reativados podem ser portáteis, manuais, eletrônicos e estação de trabalho. E existemos os que são desativadores e reativadores ao mesmo tempo. Além disso, o sistema de segurança conta com câmeras.

Figura 104 - Antenas eletromagnéticas. FONTE: bibliotecas.ufu.br

Figura 105 - Catraca para controle de acesso FONTE: unicerrado.edu.br

79


5.6.4 PROJETO Para a concepção da biblioteca buscou-se criar um ambiente atrativo, com atividades que incentive seu uso. A implantação da biblioteca aproveita a topografia existente e a partir da sua forma, cria um pátio central de convívio e uma marquise de estrutura metálica que forma dois eixos de circulação. A marquise passa por cima do edifício, fazendo um “rasgo” na cobertura, proporcionando assim iluminação interna. A praça central além de fornecer uma área de descontração e descanso, possibilita um espaço para exposições temporárias e também apresentações no teatro de arena. A área total construída foi de 1800.48m², mais a área coberta do pátio central (535m²), a biblioteca está distribuída apenas num único pavimento, vencendo pequenos desníveis. O principal acesso ao edifício se dá pela recepção, com banheiros de apoio ao setor infanto juvenil e auditório. O café, o auditório e a livraria possuem entradas independentes, mas são integrados ao restante do projeto. Desse modo, podem ter horários de funcionamento distintos ao da biblioteca.

brinquedoteca e o setor juvenil. Foi criada uma rampa central de acesso para o setor juvenil, onde forma uma pequena arquibancada, para leitura e interações das pessoas. No bloco do setor adulto, a organização se deu a partir de um elemento central que convida o público a sentar, relaxar e descontrair. Ao redor deste elemento acontece o restante das atividades, como áreas de leitura, área audio visual, e espaços para leitura, organizados em um ambiente flexível. O setor administrativo está localizado entre o setor infanto juvenil e o adulto, conta com secretária, sala de reuniões, sala de funcionários, vestiário, arquivo, catalogação e restauro de livros, depósito e sala de quarentena. A área externa conta com jardim vertical em dois muros que melhoram a temperatura e qualidade do ar e proporcionando um ambiente agradável. A fachada do edifício fica à oeste que recebe o sol da tarde e portanto foi recuado no fundo, criando um ambinte confortável já que está parte fica localizada na fachada leste, que recebe o sol da manhã. Foram instalados bancos sinuosos de concreto, quebrando esse padrão de linhas retas do edifício.

O setor infanto juvenil possui um pequeno desnível, este foi aproveitado para criar uma divisão entre a Figura 106 - Foto aérea da biblioteca FONTE: Autora

80


PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

N

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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

ID

O

SO





DESCE

ID

O

SO





 Esc. gráfica (m) 3

10

15

RUA JAVARI

PROJETO:

Biblioteca Cultural Norte

DESENHO:

ESCALA:

AUTOR:

DATA:

Implantação Lizandra C. Dacanal

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

0

Escala gráfica Nov 2018

FOLHA:

01/06


B

C

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

N 

2,20

7,05

A

0,90

5,29

A

3,63

1,61

7,81

3,00

30

29

SO

O

ID

4,24

20

24

09

19

13 25

9,87

3,22

4,00

15

3,67

7,81

31 13

5,89

18

17

7,81

39,09

28 26 13

27

10

7,11

22,82

32

DESCE

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

08

3,82

3,82

7,81

19,09 19,22

23

22

21

1,16

3,83

4,85

3,83

Projeção da marquise

DESCE

17



34



03

3,19



DESCE

13

2,57

1,10

1,72

06 2,88

11,46 AUDITÓRIO (80 LUGARES)

DESCE



2,80

03

05 

1,79

03

10

O

5,79

7,89

0,90

17,08

DESCE

DESCE

01 07

DESCE

1,60

04

5,03

12

09

08 4,00

11

SO

04 5,68

ID

13

02 2,04

DESCE



04 06

8,64

13

15

1,94

33

14

15,15

11,47

11,20

7,82

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

01 - Livraria / copiadora 02 - Café 03 - PNE feminino 04 - PNE masculino 05 - Auditório 06 - Camarim 07 - Recepção 08 - Banheiro feminino 09 - Banheiro masculino 10 - Balcão de empréstimo e devoluções / guarda volumes 11 - Gibiteca 12 - Brinquedoteca 13 - Área para leitura 14 - Acervo infantil 15 - Área de informática 16 - Acervo juvenil 17 - Área para estudo em grupo 18 - Sala de reuniões 19 - Sala de quarentena 20 - Catalogação de livros / restauro 21 - Arquivo 22 - Depósito 23 - Sala dos funcionários / copa 24 - Vestiário feminino 25 - Vestiário masculino 26 - Secretária 27 - Revistas e jornais 28 - Periódicos 29 - Acervo adulto 30 - Espaço audio visual 31 - Área central de descontração / leitura / encontro 32 - Pátio central 33 - Teatro de arena 34 - Estacionamento

0

3

10

RUA JAVARI

15

PROJETO:

Biblioteca Cultural Norte

DESENHO:

ESCALA:

AUTOR:

DATA:

Planta

Lizandra C. Dacanal

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Esc. gráfica (m)

B

PLANTA

C



Escala gráfica Nov 2018

FOLHA:

02/06




 

Marquise

CAIXA D' ÁGUA 5.400 L + 1620 L (30% RTI) = 7.020 litros



Banco 

Esc. gráfica (m)

0

1

VESTIÁRIO FEMININO

SALA DE QUARENTENA

3

BANHEIRO MASCULINO



ACERVO ADULTO

7

CORTE A-A

Marquise



RUA JAVARI





0

1

BRINQUEDOTECA / GIBITECA



Esc. gráfica (m)

3

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

ACERVO JUVENIL

SECRETÁRIA

VESTIÁRIO MASCULINO

VESTIÁRIO FEMININO

SALA DOS FUNCIONÁRIOS / COPA



7

CORTE B-B





Marquise RUA JAVARI



AUDITÓRIO



Esc. gráfica (m)

0

1

3

7

CAMARIM

TEATRO DE ARENA





ACERVO ADULTO





CORTE C-C

PROJETO:

Biblioteca Cultural Norte

DESENHO:

ESCALA:

AUTOR:

DATA:

Cortes

Lizandra C. Dacanal

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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Escala gráfica Nov 2018

FOLHA:

03/06


Esc. gráfica (m) 0 1 3

7

ELEVAÇÃO A

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RUA JAVARI



Esc. gráfica (m)

0

1

3

7

ELEVAÇÃO B

Esc. gráfica (m) 0 1 3

7

ELEVAÇÃO C

PROJETO:

Biblioteca Cultural Norte

DESENHO:

ESCALA:

AUTOR:

DATA:

Elevações Lizandra C. Dacanal

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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Escala gráfica Nov 2018

FOLHA:

04/06


Porta com dispositivo de segurança

Porta com dispositivo de segurança

DETALHAMENTOS

Porta Antena eletromagnética

Antena eletromagnética

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Catraca para controle de entrada Catraca para controle de entrada

S/ escala

S/ escala

Detalhe da marquise Viga metálica (perfil I)

Banco externo Placa de policarbonato

Lambari roxo Grama

Banco de concreto

Ligação viga / viga com cantoneiras parafusadas Pilar circular metálico

S/ escala

S/ escala PROJETO:

Biblioteca Cultural Norte

DESENHO:

ESCALA:

AUTOR:

DATA:

Detalhamentos Lizandra C. Dacanal

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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Sem escala

Nov 2018

FOLHA:

05/06


Encaixe da chapa de polietileno da marquise

DETALHAMENTOS

Parafuso Perfil

Guarnição estreita

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Policarbonato Alveolar

Guarnição larga

S/ escala

Detalhe do brise

Detalhe do brise Brise soleil de madeira

Vidro

Vidro

Brise soleil de madeira

Estrutura metálica para rotação do brise

Planta - S/ escala

Corte - S/ escala PROJETO:

Biblioteca Cultural Norte

DESENHO:

ESCALA:

AUTOR:

DATA:

Detalhamentos Lizandra C. Dacanal

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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Sem escala

Nov 2018

FOLHA:

06/06


Figura 107 - Fachada FONTE: Autora

Figura 108 - Fachada FONTE: Autora

87


Figura 109 - Jardim da biblioteca FONTE: Autora

88

Figura 110 - Jardim lateral da biblioteca FONTE: Autora


Figura 111 - Área externa do café FONTE: Autora

Figura 112 - Área externa do café FONTE: Autora

89


Figura 113 - ร rea externa da biblioteca FONTE: Autora

90

Figura 114 - Pรกtio central da biblioteca FONTE: Autora


Figura 115 - Pรกtio central, teatro de arena FONTE: Autora

Figura 116 - Pรกtio central, teatro de arena FONTE: Autora

91


Figura 117 - Brinquedoteca FONTE: Autora

92

Figura 118 - Brinquedoteca FONTE: Autora


Figura 119 - Setor infantil e juvenil FONTE: Autora

Figura 120 - Setor juvenil, รกrea de leitura FONTE: Autora

93


Figura 121 - Setor juvenil, รกrea de leitura FONTE: Autora

94

Figura 122 - Setor juvenil FONTE: Autora


Figura 123 - Setor adulto, área de informática, leitura e guarda volumes FONTE: Autora

Figura 124 - Setor adulto, área central de leitura e descontração FONTE: Autora

95


Figura 125 - Setor adulto, estantes com livros FONTE: Autora

96

Figura 126 - Setor adulto, รกrea multimidia e de leitura FONTE: Autora


06. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com este trabalho, percebe-se a grande importância deste tipo de equipamento em áreas carentes que sofrem com a ausência de equipamentos culturais. E a partir da abordagem temática, percebeu-se a importância da leitura e da biblioteca como um incentivador. Conclui-se que com a implantação da biblioteca os moradores do bairro terão um local de encontro. Não só como função de biblioteca, pois a área externa é acessível também para quem não usufrui das atividades internas. A biblioteca hoje procura estratégias para sobreviver em meio a tantas mudanças tecnológicas. Viu-se que é possível criar um espaço confortável e agradável com um programa de necessidades que atraia o público. Ouve a preocupação também quanto a utilização de vegetação, criando grandes paredes verdes e melhorando o micro clima do local. Buscou-se criar um ambiente atrativo, valorizando o encontro e a troca de informações dentre outras atividades.

97


07.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Acesso em: 03 mar 2018.

Aflalo Gasperini. Biblioteca de São Paulo. Disponível em: <http://aflalogasperini.com.br/blog/project/bibliotecade-sao-paulo/>. Acesso em: 19 mar. 2018.

DAVANÇO, Ângelo. Biblioteca Altino Arantes é a casa dos livros.

ANDRADE, Ana Maria Cardoso de; MAGALHÃES, Maria Helena de Andrade. Objetivos e funções da biblioteca pública. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, v. 8, n. 1, p. 48-59, 1979. Disponível em: <http://www.brapci. inf.br/v/a/10036>. Acesso em: 24 Fev. 2018. ARRUDA, Guilhermina Melo. As práticas da biblioteca pública a partir das suas quatro funções básicas. In CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 19., 2000, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: Associação Rio-Grandense de Bibliotecários, 2000. Disponível em: <http://dici.ibict.br/archive/00000734/01/ T079.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2018. BATTLES, Mathew. A conturbada história das bibliotecas. São Paulo: Planeta, 2003. 243 p. Disponível em: <http://docvirt.com/docreader.net/DocReader. aspx?bib=armembnm&pagfis=6>. Acesso em: 16 mar. 2018. "Biblioteca Pública de Amsterdã / Jo Coenen & Co Architekten" [Public Library Amsterdam / Jo Coenen & Co Architekten] 15 Jan 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Santiago Pedrotti, Gabriel) Disponível em: <https://www.archdaily. com.br/br/759324/biblioteca-publica-de-amsterdam-jocoenen-and-co-architekten>. Acesso em: 31 mar. 2018. "Biblioteca São Paulo / aflalo/gasperini arquitetos" [Biblioteca São Paulo / aflalo/gasperini arquitetos] 15 Mar 2012. ArchDaily Brasil. (Trad. Sambiasi, Soledad). Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/38052/biblioteca-saopaulo-aflalo-e-gasperini-arquitetos>. Acesso em: 20 mar. 2018. CENNI, Roberto. Três centros culturais da cidade de São Paulo. São Paulo, 1991. 334 p. Dissertação (Mestrado em Artes Plásticas) – Escola de Comunicações e Artes. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/ disponiveis/27/27131/tde-02092015-090526/pt-br.php>.

98

A cidadeon, Ribeirão Preto, 01, jan. 2017. Disponível em: <https://www.acidadeon.com/ribeiraopreto/cotidiano/ cidades/T,2,2,1217500,Biblioteca+Altino+Arantes+e+a+cas a+dos+livros.aspx>. Acesso em: 02 mar 2018. DAVANÇO, Ângelo. Uma biblioteca que se reinventa. A cidadeon, Ribeirão Preto, 19, fev. 2017. Disponível em: <https://www.acidadeon.com/ribeiraopreto/ NOT,2,2,1228325,Uma+biblioteca+que+se+reinventa. aspx>. Acesso em: 09 mar 2018. LARSEN, Patrícia; MARTINS, Cléa. Aflalo & Gasperini, Dante Della Manna e Univers Design se reúnem para criar Biblioteca de São Paulo a partir de edifício vazio na zona norte da cidade. Au revista, abr. 2010, edição 193. Disponível em: <http://au17.pini.com.br/arquiteturaurbanismo/193/artigo169502-1.aspx>. Acesso em: 20 mar 2018. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Censo Nacional das Bibliotecas Públicas. São Paulo, 2009. 135 p. Disponível em: <http://forumleitura.org.br/wp-content/uploads/2014/04/ Censo-bibliotecas-publicas-brasil.pdf>. Acesso em: 22 nov 2017. MILANESI, Luís. O que é biblioteca. 1 ed. São Paulo: Brasiliense, 1983. 107 p. MILANESI, Luís. A casa da invenção: biblioteca, centro de cultura. 4 ed. rev. e aum. Cotia: Ateliê, 2003. 271 p. REVIDE, Doação de conhecimento. Ribeirão Preto, 20, jul. 2011. Disponível em: <https://www.revide.com.br/ editorias/gerais/doacao-de-conhecimento/>. Acesso em: 09 mar 2018.


RIBEIRO, A. C. M. L; FERREIRA, P. C. G. Biblioteca do século XXI: desafios e perspectivas. Brasília: Ipea, 2016. 353 p. SANTOS, Josiel Machado. Bibliotecas no Brasil: um olhar histórico. RBBD. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 50-61, jul. 2011. ISSN 1980-6949. Disponível em: <https://rbbd.febab.org.br/ rbbd/article/view/132/168>. Acesso em: 18 mar. 2018. SANTOS, Josiel Machado. O Processo Evolutivo das Bibliotecas da Antiguidade ao Renascimento, São Paulo, v.8, n.2, p. 175-189, jul./dez. 2012. Disponível em: <https:// rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/237/235>. Acesso em: 18 nov 2017. Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas. Biblioteca pública: princípios e diretrizes. 2. ed. rev. E amp. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2010. 160 p. SOUZA, Eduardo. Clássicos da Arquitetura: Centro Cultural São Paulo / Eurico Prado Lopes e Luiz Telles, 26 Mai 2017. ArchDaily Brasil. Disponível em: <https://www. archdaily.com.br/br/872196/classicos-da-arquitetura-centrocultural-sao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles>. Acesso em: 02 mar 2018. UNESCO, Manifesto da Biblioteca Pública. 1994.

99



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