Minha vida -Ana Gomes escreveu e eu digitei.

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ANA GOMES TAVARES


Se você não quer ser esquecido quando morrer, escreva coisas que vale a pena ler ou faça, coisas que vale a pena escrever." (Benjamin Franklin)

NATAL- 2014


Ajuda-me Senhor a escrever neste livro de recordações do meu passado! Sempre tive este sonho! Quero deixar como lembrança para meus filhos netos e bisnetos, genros, noras e amigos. Se alguma frase que escrevi não está bem certa, me perdoem, pois meu estudo foi encerrado no quarto ano primário.


SUMARIO

1-

Nテグ SEI, MAS VOU ---------------------------------------------------------- -1

2-

NASCIMENTO------------------------------------------------------------------- 3

3-

MINHA PRIMEIRA COMUNHテグ----------------------------------------------8

4

ADOSLESCENCIA---------------------------------------------------------------10

5 JUVENTUDE----------------------------------------------------------------------11 6-

SER ADULTO------------------------------------------------------------------- 13

7-

TERCEIRA IDADE------------------------------------------------------------- 15


1

1-

NÃO SEI, MAS VOU.

Não sei bem como vou começar. Mas vou procurar contar algumas coisas que sucederam no decorrer de minha vida. A minha frente uma pagina já bastante antiga dizendo assim: os meus dias são como contas de um rosário pequenas e significantes, tanto é que ninguém calcula o valor que elas encerram. Ajuda-me Senhor a escrever neste livro de recordações do meu passado! Sempre tive este sonho! Quero deixar como lembrança para meus filhos netos e bisnetos, genros, noras e amigos. Se alguma frase que escrevi não está bem certa, me perdoem, pois meu estudo foi encerrado no quarto ano primário. Aqui vou dando testemunha dela.

Não perguntaram se eu queria nascer e quando e de que jeito queria morrer. Tudo o que sei é que nasci. E que estou viva há 88 anos porque alguém me quer viva. E este alguém é Deus. Todo poderoso. Mais uma vez peço desculpa, pois sou tímida. No meu coração tenho muitas


2 coisas bonitas para dizer mais uma força me impede de dizer. Mesmo assim vou falar (escrever). Nasci de pais pobres. Meu pai era padeiro e minha mãe era costureira. Porém tinha um coração generoso. Ao ser dado o dom da vida a ambos foi ofertado um mundo em que quase tudo foi negado, em termos financeiros e materiais. A mim o destino foi mais cruel. A vida em seu ciclo inexorável no momento em que me botou no mundo resgatou minha mãe- Ana Gomes. Mas Deus com seu grandioso poder me colocou nos braços de meu avô materno (José Francelino e de minha tia Maria Salomé). Que era sua irmã e se tornou minha segunda mãe apesar de ser uma menina moça, aprendeu a ser mãe no dia a dia. Porque também minha avó havia morrido (também de parto) deixando 10 filhos e ela era a mais velha. Maria Salomé me alfabetizou e aos sete anos me botou numa escola em Patu, no Grupo Escolar João Godeiro onde terminei o quarto ano primário. Depois fui para uma escola particular por seis meses. Só Deus sabe como foi difícil eu conseguir este estudo. Não tínhamos recurso para que eu fosse continuar o quinto ano. E só tinha este em Mossoró. La estudei seis meses. Depois desses seis meses passei a estudar com dona Guiomar Matos, uma pessoa amiga de verdade, cobrava dez mil reis por mês, mas quando soube do meu estado de vida não quis mais receber um tostão, me ensinou muito bem o Português e a Matemática. Ensinou também corte e costura ponto de cruz, a fazer flores e um pouco de pintura. Isto tudo ela me dava o material. Além disso comprava roupa para mim, era como uma verdadeira mãe. Nessa época eu contava 13 anos e junto com minhas tias lavava e engomava roupa para fora a fim de ganhar o dinheiro do pão de cada dia. Minha mãe era na máquina diariamente. Muitas vezes continuava até alta noite para dar conta do trabalho. Eu servia de bico de luz segurando a lamparina a querosene. Nem sei dizer quantos cochilos eu dava. Nessa época morávamos em Patu Lutei e venci com ajuda de Deus.


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Trabalhei o suficiente para comprar uma máquina de costura que comprei a prestação.

Pagava a prestação (cinquenta mil reis) com o dinheiro que recebia (cento e vinte mil reis) de muitos trabalhos feitos. E o restante era para ajudar nas despesas de casa.

2- NASCIMENTO

Meu Deus! Pertenço a um mundo que é todo vosso. Vós o criastes para nosso convívio em uma humilde moradia na vila de Almino Afonso


4 aos

19

de

Março

de

1921,

dia

consagrado

a

São

José.

Às 7 horas da noite dia de sábado, no momento que desabava uma grande chuva ouvia-se pela primeira vez o vagido de uma criança que era esperada com tanta ansiedade, carinho e ternura. O sonho de minha mãe era que fosse uma menina. E o sonho foi realizado. Mas Deus com seus desígnios traçou outro destino para nós duas. A mãe viajou para o céu. Nem almenos pode contemplar a filha tão esperada. A filha ficou para ser rejeitada pelos parentes paternos pelo motivo de ser do sexo feminino. Mal sabia essa inocente criança que estava sendo uma espécie de jogo. Como Deus não abandona seus filhos, meu avo materno me recebeu de braços abertos. Criou-me com a máxima satisfação, pois viu nessa criança o retrato de sua filha que tanto amava. Meu avo José Francelino levou-me a pia batismal onde recebi o nome de minha querida mãe: Ana. Dizem os que tiveram a felicidade de conhecê-la que tenho todas as características dela: inteligente, beleza física e moral. Como criança guardo muitas e muitas lembranças. Eu era mimada por todos de casa. Era uma família numerosa de onze pessoas. Eu, meu avo, tios Ezequiel, Jonas, Moisés, Maria Salome, a quem eu chamava de MÃE, Filomena, Alvina, Margarida, Antonia e Francelina. Todas cuidavam de mim com o máximo carinho. Fui crescendo e me recordo de como me


ensinavam as regras do bem viver, as brincadeiras infantis, e a fazer as bonecas de pano. 5 Aos poucos fui descobrindo o mundo. Todas me ensinaram a rezar e a temer a Deus. Lembro-me bem eu contava cinco aninhos e meus tios me ensinaram que na hora da refeição tínhamos que rezar “um bendito” muito longo. E eu aprendi. Nessa época tia Francelina estava morando em Mossoró . Aconteceu que ela veio nos visitar e eu na maior alegria de vê-la e abraçá-la esqueci de rezar o tal bendito. Quando meu avo perguntou: Ou Ná, (como todos me chamavam) você já rezou o bendito? Eu não pude negar. Então ele me botou num castigo severo. Já era noite, estava muito escuro, Ele me botou fora de casa e fechou a porta. Eu apavorada chorava e gritava pedindo socorro. Ninguém podia fazer nada, pois a ordem era dele. Até que enfim minha tia Francelina enfrentou a barra e disse: - Meu pai não faça isto com esta criança, ela pode adoecer. Ele obedeceu, mas fiquei tão traumatizada que não acertei mais a rezar esse tal bendito. Ela me ensinou uma oração pequenina que até hoje rezo com muito amor. Ensinei-a a todos meus filhos e a meus netos.


6 É a seguinte: “Santo anjo do Senhor, meu zeloso guardador se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarde, me governe e ilumine. Amém.”

Dois anos depois perdi meu avo e pai. Este foi meu primeiro sofrimento. Era um domingo 24 de agosto de 1927. Estávamos preparando para irmos a Patu para assistir a missa de nove horas. Enquanto minha tia preparava o café meu paizinho e avo saiu para olhar um trabalho que estava fazendo no açude que era pertinho de casa. Então notamos a demora para ele chegar. Eu disse: vou olhar o que ele está fazendo. No momento avistei ao longe um vulto branco no chão, então corri para ver o que era. Ao me aproximar notei que era uma pessoa deitado. Ao chegar junto é que reconheci a pessoa do meu avo. Ai meu Deus como fiquei desesperada. Gritando e chorando chamando por ele e pedindo socorro a minha tia Francelina e a minha amiga Salete que estava na minha casa. Fiquei fora de mim. Tremia e chorava dizendo: meu paizinho está morto. Fiquei como louca, sai correndo estrada a fora chamando os vizinhos mais próximos para nos socorrer. Eu tinha apenas seis anos. Nessa época morávamos numa propriedade por nome Morada Nova. La meu avo trabalhava como meeiro e era marchante. Sei que nada nos faltava. Mas foi chegando o momento dele seguir outro caminho. Deus o levou. Ele sofreu um ataque cardíaco. Por conta desse acontecimento tivemos que ir morar em Patu. Éramos sete mulheres. Eu criança, Mãe Balia, (como eu a chamava) Tia Florzinha, Tia Alvina, Tia Margarida, Tia Antonia, e Tia Francelina. Os três irmãos estavam casados. Minha Mãe Balia como irmã mais velha enfrentou essa barra tão pesada. Foram dias amargos que passamos.


Minha Mãe Balia arranjou, trabalho para as irmãs. Ela sabia costurar, arranjou logo freguesia e foi ensinando as irmãs. Quanto à moradia, um amigo do meu avo arranjou uma casa para morarmos, que só 7 pagaríamos aluguel quando a situação melhorasse. Como meu avo deixou umas ovelhas e uma vaca com duas crias minha mãe fez negocio com uma casinha de taipa com um terreno que dava para aumentar a construção de uma casa de alvenaria e fazer um muro. Sei que fomos fazendo economia e com ajuda de algum parente fomos morar em uma casa nossa. Minha Mãe Balia foi uma grande heroína junto com as irmãs. Ensinou a todas elas a costurar, apesar de ser uma máquina para seis pessoas costurar. Mas onde está a mão de Deus tudo dá certo. As irmãs foram casando. Ficamos nós quatro, eu minha mãe, Tia Toinha e Tia Francelina, que bordava muito bem. Tinha freguesia até em Mossoró. As outras sempre tinham tempo para fazer tapioca, cocadas, e bolinhos e eu ia vender de porta em porta, isto para ajudar nas despesas de casa. Passei muita humilhação nessa tarefa que me foi reservada. Aconteceu um dia que chegando a casa de uma senhora rica, fui surpreendida por um cachorro que avançou para mim e espatifou tudo que levava na bandeja. Diante daquela tragédia eu perguntei para dona da casa: - O que eu faço agora? Ela respondeu: - Vá embora e não venha mais aqui, pois nem eu nem meus filhos vamos comprar essas porcarias. Voltei para casa tremendo e chorando, pois só pensava na bela surra que ia levar. Mas não aconteceu apenas minha mãe disse: - Minha filha não ande mais nessa casa. E assim fiz. Era humilhada com palavras grosseiras. Eu só fazia chorar, pois era muito sensível. De tudo eu chorava.


Minha mãe sempre, sempre me orientava. Mostrava como era a vida. Dizia que havia sempre aqueles que se julgavam mais importantes que a maioria. Confundem direito com privilégio. Isto é que se chama violência. Por isso é que temos que conhecer melhor nossos direitos e deveres e fazê-los valer em nossas vidas. 8

3-MINHA PRIMEIRA COMUNHÃO

Aos sete anos fiz minha primeira comunhão. Foi o dia mais feliz de minha infância. Estava vestida num longo vestido branco, de véu e grinalda, parecia uma noiva. Durante a cerimônia eu caminhava quase flutuando de tanta felicidade em direção ao altar cantando este hino: Senhor Jesus, nós meninos vos amamos, Com todo nosso pequeno coração A recompensa que nós esperamos Seja a nossa eterna salvação Seja a nossa eterna salvação


Nesse mesmo dia minha mãe me colocou numa associação “Pia União das

filhas de Maria” . 9 As crianças recebiam uma fita rocha, depois uma fita azul, juntamente com uma faixa larga também azul. Tínhamos por obrigação assistir missas todos os dias, comungar e rezar todos dias e rezar o terço todos os dias e se confessar todos os meses. Os vestidos eram abaixo do joelho e de mangas compridas. E nada de vaidade. Sempre fui apaixonada para usar batom, mas nem por sonho eu falava nisso para minha mãe. Quando fui levada pela mão de minha mãe Balia para estudar no Grupo Escolar João Godeiro que lá que desabrochei . Caprichava na hora de me arrumar para sair para escola. Já estava alfabetizada, pois ela me ensinava, ela era professora apesar de não ter estudado em escola publica. Só sabia ler a cartilha de ABC e fazia as quatro operações da tabuada.


Cheguei à escola meio temerosa com ar de choro, ao me deparar com um mundo estranho. Fui criando hábito de amizade e amor à escola, onde senti meu primeiro medo e minha primeira coragem. Percorri as salas de aula. Senti um tradicional silencio em suas salas e um repouso em suas carteiras. Minhas professoras foram Maria Salomé (tia e mãe que me alfabetizou e ensinou a fazer duas operações da tabuada, somar e diminuir) e os outros Ernestina Leão Rodrigues, Alvanir Leão Carlos, Marçal Pereira de Souza, Raimundo Belarmino e Guiomar Matos. Eram professores tão dedicados e preocupados em transformar a escola em aconchego. Sempre fui boa aluna e ganhava boas notas. As coisas vieram como prece, onde se situaram colegas e mestres amigos. Sou muito orgulhosa porque minha primeira professora foi minha mãe. Feliz é a gente poder olhar para traz e encontrar um vago mundo em sol menor que se chama infância. Será que essa coisa estranha que sinto acontece com mais pessoas? Ser adulto sem ter sido criança?

10 Eu sou feliz, pois se é quando a gente pode olhar para traz e encontrar um objetivo, o desejo de ser feliz. E eu sou feliz, muito feliz. Felicidade não cai do céu. Nós não a encontramos por acaso. Um dia descobri que a vida alem de ser nossa propriedade era preciso defendê-la e é um dom a ser repartida. Nossa vida é isso, sucessão dos anos, revezamento de situações, alternância de circunstancias. A nossa historia pessoal se compõe de feito de tecidos num tear. Não muda nada, mas não somos os mesmos dos anos atrás. O que explica a nossa garra de viver? Apesar das frustrações que formam em nosso caminho? Ontem me via de mal com a vida,


lastimando a sorte. Hoje sinto nascer uma força dentro de mim que me empurra para frente. Tem dias que me sinto como se estivesse vivendo o mesmo dia durante anos. Despertando do mesmo jeito, repetindo as mesmas coisas e tendo os mesmos sonhos. Lembro-me de quanto tempo passei para conseguir o que desejava. Por que acontecia isto? Não conseguia uma explicação. Talvez porque tivesse medo do que os outros iam pensar. Talvez porque desse muito trabalho ser diferente. Assim foi minha infância Eu era jovem e inexperiente, jamais iria imaginar que justamente as minhas desencantadas qualidades seriam as primeiras a se voltarem contra mim quando surgiu meu primeiro sonho. 4- ADOLESCENCIA. Logo depois meu primeiro desencanto. Não poderia jamais competir com as garotas mais experientes com minha inocência e minha total ingenuidade diante da vida.

11 Eu pensava ser o bastante sonhar, sorrir, ter um rosto bonitinho e saber conversa. Eu era muito tímida e no meu acordar é que notei que isto era falta, achei até injusto que ter inteligência e pensar fosse falta grave. Troca de olhares carregados de promessas, beijos roubados e eu também não sabia podia . Sinceramente não queria ser conquistada, primeiro pela nossa cabeça pensante pelo meu coração inocente. O corpo seria talvez uma consequência dessas conquistas. Então meu pequeno mundo ruiu e veio a primeira dor, as primeiras lágrimas e o começo de uma vivencia de uma experiência para aquela adolescente de cabelos dourados. Tanto tempo já passou onde se encontra a garota tímida? Ela esta aqui perante vocês.


Dobrei várias esquinas da vida, várias vezes ao dobrar, uma nova rua de experiências, ela me pegava carinhosamente pela mão e me guiava os passos com a sabedoria até que eu reencontrei outra vez o meu rumo perdido.

5- JUVENTUDE.

Caminhei para minha juventude muito feliz. Com muita alegria. A alegria é o eco da vida dentro de nós. Deixe o céu, o infinito ressoar em seus caminhos, em seu coração , Em seu caminho, siga pela vida cantando, construindo, agradecendo. Sinta a vida palpitando no sorriso das crianças, na cantiga das fontes, no fulgor das estrelas, na fronte enrugada do ancião, na inquietude dos jovens. Aproveitemos bem os momentos felizes, pois serão um espaldar macio onde podemos recostar a velhice. É bom ser adolescente, ser jovem mas às vezes quero ser criança. 12 Senhor deixa-me voltar a escola da minha infância, deixa-me pegar a pasta, a lousa, o primeiro, o segundo livro, deixa-me declamar de novo a tabuada, recitar a grandeza do Amazonas, comemorar as festas nacionais onde com muita vaidade vestia minha farda nova azul e branca e calçado preto. Quero dizer uma coisa de alguém e não do trabalho É preciso encontrar o único alguém- Deus. Com quem podemos dialogar no amor da oração e escutar sua voz no silencio do ser. Somos agressivos por falta de amor. Somente onde existe verdadeiro amor não há espaço para a exploração do outro. É no amor que se constrói a vida e se gera a vida e se sente a necessidade de sair dos próprios instintos e paixões e correr livres sem colher flores no campos da vida e da paz. A nossa vida é um dom para ser entregue no dia a dia para a felicidade dos outros. Nós só nos realizamos quando realizamos o outro. Ninguém tem o direito de ser feliz sozinho.


A esperança do céu tanto alcança quanto espera, a pobreza espiritual e esperança são inseparáveis, mais pura a esperança é melhor. É Deus quem traça o caminho, não somos nós. É Ele quem escolhe os meios, nos reconhecemos o fato e aceitamos, e a confiança nada mais é do que a confiança que deve nos conduzir ao amor. É preciso dizer assim a Deus, sei que nunca serei digno do que espero, mas eu estendo a mão como um mendigo e estou certa de que Ele me atenderá porque é tão bom! Na tempestade da vida muitos perguntam com angustia quem é Deus? As respostas permanecem inadequadas, incompletas, não deixam o coração satisfeito Deus se manifesta na sua palavra revela-se como amor e misericórdia. A vida cobra resposta que nem sempre sabe dar. Não saber para quem se vive é muito triste maioria de nós vive em função de saber essas e outras respostas. Entre as alegrias do passado e a melancolia do presente, me rendi à pressa da vida para que sobrasse tempo para pensar. Vivendo apressadamente, não me demorei em analisar as situações. Parecia voar no tempo. E foi com dor que despedi da minha infância e da minha adolescência. Todos os momentos foram passando, mas nem todos foram vividos.

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6-SER ADULTO

Ser adulto é mais difícil. Meu mundo hoje é cru e com poucas decorações. Nunca tive a oportunidade de transformar em mim mesmo. Poucas vezes tomei minhas próprias decisões e assumi meus próprios riscos. Tudo isto se reflete em mim como um pesadelo. Era falta grave e eu não entendia nada. Queria ser conquistada pela minha cabeça pensante, pelo meu coração inocente então meu primeiro mundo ruiu. Veio a primeira dor, as


primeiras lágrimas. E começo de uma nova vivencia e nova experiência. Por ser minha mãe muito severa eu tinha que me conformar com os fatos. Namorei muitas vezes em sonho. E somente namorei aos 14 com um rapaz que até gostava dele. Porém não deu certo, pois descobri que ele estava noivo de uma prima com a qual se casou. Então pensei: vou me preocupar com meu destino. Quero ser feliz. Compreendi que eu tinha este direito. Passaram-se os anos e um dia acordei de meus sonhos. Vi um rapaz que acreditei dar certo Foi justamente no período da minha juventude que me tornei esposa. Senti nesse período que juventude significava esperança e renovações, a esperança anima o cuidado da vida. Foi grande esse poder que Deus me deu. Ela é vivida no coração da juventude. Sempre aprendi a trilhar novos caminhos com força da fé em Deus e em mim mesma. O jovem é aquele que tem condições de construir a própria vida. Alguém que não quer ser fútil, mas pensa em aprofundar o sentido das coisas, é gente que quer ser pessoa que vai em busca dos seus valares . A juventude precisa de socorro de alguém em nossas dúvidas. E esse alguém todo poderoso é o símbolo da vida- Deus. A juventude se reconhece por trás dos sinais essenciais, a ânsia de amar, a curiosidade intelectual e espírito de 14 audácia. Hoje me sinto melhor. Mais mulher e realizada. Alcancei meu objetivo. Na minha juventude fui convidada para ser professora na Fazenda Cangaira, foi ai que vi muitos caminhos abertos para mim. Tinha um salário certo e foi com ele que comprei uma máquina Singer para mim. E desenvolvi a arte de bordar e costurar. Fui ai que descobri aos poucos meus deveres e obrigações. E aos 24 anos tomei uma resolução: vou me casar. O rapaz era bem mais velho que eu, não tinha vaidade, e achei muito agradável. Namoramos quatro meses sem que ninguém notasse. Quando foi


descoberto ele me pediu em casamento e noivamos logo. Passamos três meses e em seguida nos casamos. Este casamento foi prometido por Deus por 26 anos. Foi então que tive de me contentar com a luta que encontrei. A liberdade diminuiu cada vez mais, pois tive que cuidar de marido casa e dos filhos que foram chegando. Com o nascimento das crianças esqueci tudo que me rodeava. A jóia maior que recebia das mãos de Deus foi minha primeira filhaMargarida Eu tinha 25 anos de idade, quando completei 46 anos meu esposo e pai de meus oito filhos faleceu e foi uma luta árdua. Mas segurei na mão de Deus, nos reunimos mãe e filhos que eram todos de menor, fui ensinando a maneira de viver. Eles foram arrumando um trabalho a fim de ajudar nas despesas. E assim cumpri o que antes já havia combinado com meu falecido esposo que nunca deixaria de trabalhar para ajudar na educação de nossos filhos. Hoje todos estão bem encaminhados. E estão ai para contar a historia. São bons filhos e muito queridos.

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7-A TERCEIRA IDADE.


80 anos

92 anos O disfarce da vida é a fuga da realidade. A minha geração viveu num tempo onde o distanciamento emocional era tão 16


grande que tirava a nossa espontaneidade e liberdade de ação. Tínhamos que esconder os nossos sentimentos e a fingir que estava tudo certo. Cultivei minha vida enxergando o erro onde havia acerto e vendo o pecado muitas vezes onde estava a virtude. Nunca tive coragem de transgredir as normas e burlar a proibição. Já fui dividida em três vertentes - marido, filhos e sociedade. Negligencio meus ideais e me sinto mais um personagem do que um ser humano com corpo e alma. Pouco são os momento sem que minha vida ficasse arejada. Isto acontece quando as recordações dos tempos passados me fazem lembrar como eu me sentia. Hoje pouco tenho a conquistar e oferecer, porque o que mais desejo é a paz para enfrentar meus próximos dias. E ainda alcançar a ventura de ver minha vida rica em termos espirituais onde a luz da esperança possa brilhar como estrela intima

Entre as lágrimas do passado e a melancolia do presente me rendi à pressa da vida para que não sobrasse tempo para pensar. Vivendo apressadamente não me demorei em analisar situações. Parecia voar no tempo e foi com dor que me despedi da minha vida de mãe e esposa.

Ser adulta é muito difícil. E é por essa razão que digo que: meu mundo hoje é cru e com poucas decorações nunca tive oportunidade de me transformar em mim mesmo. Fui avó no momento muito difícil de minha vida. Um momento de balanço existencial e de questionamento de valores. Inconscientemente me preparava para o fim. Fiquei viúva, com oito filhos todos sob minha dependência. Mas com a chegada de minha primeira neta Andrea Thaysa nos meus braços, descobri a 17


continuidade da vida. Com ela descobri e criei forças para reverter um novo processo, buscando a vida e não a morte. Sentia uma ligação muito forte. Existia entre nós duas uma força que me fez querer ser presença no seu maravilhoso desabrochar. Renasci para vida e pude junto com ela dar os primeiros passos, ensaiar novas palavras e experimentar novos comportamentos. Vivemos juntas um processo de crescimento. Com ela aprendi o amor sem expectativa e saudade sem sofrimento, o querer sem exigência. Também encontrei o diálogo em sua forma mais pura, principalmente o dialogo sem palavras. Somos cúmplices no olhar, no toque das mãos. Encontramos a afeição que forma um elo indestrutível. Ser avo foi ser mãe duas vezes sem o compromisso da dúvida, da ansiedade e da inexperiência. Ser avó e poder distribuir o afeto livremente sem dividir, usufruindo a segurança da maturidade. Uma maturidade que reconhece o valor e a importância aberta de se dar novas chances de aprender de novo, de amar incondicionalmente pela razão de existir. Meus outros netos foram chegando e me transformando e me ajudando a viver. Surpreende-me ao pensar o que seria de mim sem eles. Com eles consigo sorrir, cantar brincar, coisas que já havia esquecido. Essas pequenas criaturas tem um poder muito grande, sabem a hora exata em que estou precisando de um beijo, de um abraço. Tive uma vida mais ou menos tranquila. Após 15 anos de solidão, casei pela segunda vez. Embora tenha sido um sonho dourado de minha infância, pois casei com primeiro namorado não deixou de aparecer vários aborrecimentos. Convivi com ele mais de 25 anos. Mas viemos a nos separar. O destino nos separou.

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Sempre gostei de cultivar flores. De minhas amigas de infância a que mais cultivo a amizade como flor é a de comadre Nadir. Ela representa muita coisa: é também avó de minha primeira neta, e a madrinha de minha filha. E aqui neste dia especial tivemos a oportunidade de ser fotografadas, eu ela e a outra bisavó de Sofia.

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E HOJE 19/03/2014 93 ANOS DE MUITA SABEDORIA

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20 COLETANIA DE MENSAGENS Esmeralda Felipe -a maior riqueza que vc tem é sua mãe, der um beijo nela por mim. Nayhara Holanda Montenegro -Tão linda vovò !!!!! Parabéns!! Greyce Pires- Parabéns para dona Ana, que Deus continue sempre abençoando. . Syomara VasconceloS . Fortaleza eh seu nome! Parabens tia Na!!! Saude e paz!!! Michelle Tavares A rainha da família Tavares..... Lindona demais... Amo muito Maria Do Socorro Gurgel- Votos de um Feliz Aniversário, minha Amada Madrinha, que DEUS lhe dê vida longa com muita saúde e sorte na companhia da sua família. Que o manto de Nossa Senhora da Fátima recaia sobre a senhora trazendo muitas bênçãos! Amor e Paz! Parabéns!! Grande beijinho Ney Maia Maia Olhe o charme Marinete Machado-Parabéns!!!! Que linda! Francisco Tavares Muitas- felicidades MÃEZONA PODEROSA... Paulo Tavares meus parabéns a esta grande mulher deus te ilumine e te cubra de muitas bênçãos Maria Do Socorro Gurgel Maravilha que conte muitos, com muita saúde e alegria Maria Do Socorro Gurgel Linda Margarida Soares Parabéns pra sua MÃE. Joana Darc Tavares É muito bom passar por tudo isso. São as coisas de DEUS Maria Tavares de Lima D. Na, sempre elegante. Saudades.. . Ana Dutra Tavares · muita felicidadeeeee Maria Vitoria Cunha Que lindo momento, motivo sagrado. Carol Tavares Adorei, Tia Joana!! Momento feliz com nossa Rainha Jucinea Lima, Maria Jose Queiroz, Palmira Fernandes Rego e outras 5 pessoas curtiram isso.


TELEFOMAS Foram inúmeros- TODOS OS GENROS E NORAS, NETOS E BISNETOS E AMIGOS AUSENTES FIZERAM SUAS LIGAÇÕES 12


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