TCC arqurbuvv Requalificação Urbana da Praça Benedito Rodrigues da Cruz

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UNIVERSIDADE VILA VELHA | 2020/1 ARQUITETURA URBANISMO E PAISAGISMO

REQUALIFICAÇÃO URBANA DA PRAÇA BENEDITO RODRIGUES DA CRUZ LOCALIZADA NO BAIRRO MATA DA PRAIA - VITÓRIA/ES

LIVIA SANTANA DO VAL


LIVIA SANTANA DO VAL

Parecer da comissão examinadora em 24 de Junho de 2020

COMISSÃO EXAMINADORA::

REQUALIFICAÇÃO URBANA DA PRAÇA BENEDITO RODRIGUES DA CRUZ LOCALIZADA NO BAIRRO MATA DA PRAIA - VITÓRIA/ES

Prof. Simone Neiva Loures Universidade de Vila Velha Orientadora

Prof. Clóvis Aquino Universidade Vila Velha 2º Membro da Banca Examinadora

Arquiteta Nahayra Martins dos Santos Universidade Vila Velha 3º Membro da Banca Examinadora


REQUALIFICAÇÃO URBANA DA PRAÇA BENEDITO RODRIGUES DA CRUZ LOCALIZADA NO BAIRRO MATA DA PRAIA - VITÓRIA/ES Projeto de Pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo apresentado à Universidade de Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do título em Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Profª Simone Neiva Loures..

LIVIA SANTANA DO VAL VILA VELHA/2020


R

ESUMO

Este trabalho aborda a temática praça pública e tem como objetivo elaborar um projeto de requalificação urbana para a Praça Benedito Rodrigues da Cruz, localizada em Mata da Praia, Vitória - ES, bairro rico em espaços públicos, apesar de estarem em sua maioria ociosos. O objetivo da pesquisa é propor a reformulação da estrutura física e paisagística da praça em questão, a fim de proporcionar um rearranjo morfológico e funcional, de forma a atender aos moradores do bairro. Essa pesquisa justifica-se por sua relevância científica e social, por se tratar de um tema atual que remete a reflexões em diversas áreas do conhecimento, dentre elas as áreas da Arquitetura e do Urbanismo. Justifica-se ainda pelo fato de ser parte de um complexo de praças públicas do bairro Mata da praia, e que se encontram em condições precárias de uso. A pesquisa é do tipo exploratória, assumindo a forma de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, de cunho qualitativo. Como instrumento de coletas de dados foram utilizados visita no local e registro fotográfico, entrevistas com moradores, reuniões na associação de moradores da Mata da Praia, PDU de Vitória, para a obtenção do diagnóstico urbano. O resultado do estudo subsidiara o ensaio projetual para a requalificação urbana da Praça Benedito Rodrigues da Cruz, apoiado na hipótese de que é possível promover a revitalização do espaço urbano e qualidade de vida para os usuários, baseando-se na reformulação morfológica e funcional. Palavras-chave: Requalificação.Espaço Paisagismo. Entretenimento.

Público.

Planejamento

Urbano.


A

BSTRACT

This work addresses the theme of public square and aims to develop an urban requalification project of Benedito Rodrigues da Cruz square, located in Mata da Praia, Vitรณria, Espirito Santo, Brazil. A neighborhood that is rich in public spaces, despite being most of them not being properly used. The objective of this research is to propose a reformulation of the physical space and landscape structure of the square in question, in order to provide a morphological and functional rearrangement, increasing the quality of life of the residents of the neighborhood. This research is justified by its scientific and social relevance, as it is theme that leads to reflections in several areas of knowledge, such as Architecture and Urbanism. It is also justified by the fact that the square is part of a complex of public squares in the Mata da Praia neighborhood, most of which are in poor conditions of use. The research is exploratory, taking the form of bibliographic and field research, of a qualitative nature. As an instrument of data collection, visits to the site, photographic records, interviews with residents, meetings at the residents' association of Mata da Praia and the General Urban Development Plan of the city of Vitรณria, were all used in order to obtain the urban diagnosis. The result of this study subsidized the design of the urban requalification of Benedito Rodrigues da Cruz square and the follow essay, supported on the hypothesis that it is possible to promote the revitalization of this urban space and the quality of life of its users, based on the morphological and functional reformulation. Key words: Requalification. Public place. Urban planning. Landscaping. Entertainment.


LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 : MAPA DA PRAÇA BENEDITO RODRIGUES DA CRUZ (LOCALIZAÇÃO) FIGURA 2 : PRAÇA CENTRAL DE MARATAÍZES FIGURA 3: PRAÇA CENTRAL DE MARATAÍZES - ÁREA DE EVENTOS FIGURA 4: PRAÇA CENTRAL DE MARATAÍZES - ÁREA DE ESPORTES FIGURA 5: WANTOU & VANKE PARADISE ART WONDERLAND FIGURA 6:O WANTOU & VANKE PARADISE ART WONDERLAND FIGURA 7;O WANTOU & VANKE PARADISE ART WONDERLAND FIGURA 8: O WANTOU & VANKE PARADISE ART WONDERLAND FIGURA 9: O WANTOU & VANKE PARADISE ART WONDERLAND FIGURA 10: MAPA DO BAIRRO MATA DA PRAIA FIGURA 11: MAPA ENTORNO DA PRAÇA FIGURA 12: MAPA DE USOS FIGURA 13: HIERARQUIA VIÁRIA FIGURA 14: MAPA PERCURSO ÔNIBUS FIGURA 15: MAPA DE CONDICIONANTES FIGURA 16: MAPA DE VEGETAÇAO E CAMINHABILIDADE FIGURA 17: MAPA DE IMPLANTAÇÃO FIGURA 18: MAPA DE SETORES FIGURA 19:QUADRAS


FIGURA 20: PLAYGROUND FIGURA 21: ACADEMIA POPULAR FIGURA 22: CAPELA FIGURA23: SETOR ZEN FIGURA24: FOODTRUCK FIGURA25: PET PARK FIGURA26: RUA ELEVADA FIGURA 27: VISTA AEREA FIGURA28: PISO INTERTRAVADO FIGURA 29: PISO IMPACT SOFT P.I.P FIGURA 30: PERGOLADO FIGURA31: SALSO CHORÃO FIGURA32: PATA DE VACA FIGURA33: AGAVE FIGURA34: BANHEIRO


LISTA DE TABELAS TABELA 1 : REFERENCIAL ESTUDO DE CASOS TABELA 2 : FOTO LOCALIZAÇÃO TABELA 3: PROBLEMAS E SOLUÇÕES PROPOSTA TABELA 4: TIPOLOGIA DAS VEGETAÇÕES


SÚMARIO 1.INTRODUÇÃO 1.1Objetivo 1.2 Justificativa 1.3 Metodologia

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2. BREVE HISTÓRICO E FUNÇÃO PRAÇA 13 3. PRAÇAS COMO ESPAÇOS PÚBLICOS

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4. PRAÇA VIVA

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3.1 Desenho Urbano

4.1 Conceitos de revitalização urbana, requalificação, renovação e reabilitação

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5. ESTUDOS DE CASO QUE RECEBERAM PROJETOS DE REQUALIFICAÇÃO 25 5.1 Praça Central de Marataízes 5.2 Wantou & Vanke Paradise Art Wonderland 5.3 Tabela de Referenciais

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6. A PRAÇA

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7. O PROJETO

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6.1 Breve histórico do bairro 6.2 Análise da praça e seu entorno 6.3 Análise dos problemas da praça

7.1 Diretrizes projetuais 7.2 Materiais 7.3 Vegetação 7.4 Equipamentos

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8. CONCLUSÃO

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9. REFERENCIAS

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10. ANEXOS

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1.

I

NTRODUÇÃO

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1.

INTRODUÇÃO

Esse tema foi escolhido na tentativa de retomar a função de um bom espaço público, de um complexo de praças pois todas essas se encontram em profundo abandono, usos inadequados, sem equipamentos. Dentro desse complexo, foi escolhida a Praça Benedito Rodrigues da Cruz, localizada no coração do bairro Mata da Praia, um bairro praticamente residencial, um lugar tranquilo que apesar de suas ruas e edificações bem cuidadas, as praças se encontram em busca de vitalidade que atualmente está em condições precárias, mas tem um forte potencial. Todavia espera-se que o trabalho venha contribuir em termos socioculturais para o bairro, proporcionando tanto uma melhora física quanto ambiental na praça. FIGURA 1: MAPA DA PRAÇA BENEDITO RODRIGUES DA CRUZ (LOCALIZAÇÃO)

1.1 OBJETIVO O objetivo do trabalho é o requalificar e readequar um local público, a Praça Benedito Rodrigues da Cruz, localizada entre as ruas Frederico Preti, Aníbal Vieira Rabaioli, e as ruas praça Benedito Rodrigues da Cruz, no bairro Mata da Paria em Vitória - ES. Essa pesquisa propõe buscar a vitalidade, memória e pertencimento. Assim reformulando a estrutura física e paisagística da praça em questão, afim de proporcionar um rearranjo morfológico e funcional, de forma a atender aos moradores do bairro.

1.2 JUSTIFICATIVA A Praça Benedito Rodrigues da Cruz encontra-se esquecida com acessibilidade, áreas de permanência e manutenção dos equipamentos públicos presentes prejudicados, mesmo sendo uma importante área pública para o bairro Mata da Praia. Localizada em um ponto privilegiado, no coração do bairro, poderia ter seus usos mais bem aproveitados, por se tratar de uma grande área, rodeada por residências onde a falta de infraestrutura e diversidade acabaram afastando os usuários e deixando a praça com um ar de abandono e falta de pertencimento. Diante da situação exposta, a pesquisadora e frequentadora do bairro viu a necessidade da criação de um projeto de requalificação e readequação da mesma.

FONTE: Google Earth, adaptado pela autora.

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1.3 METODOLOGIA Nessa etapa do estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva e bibliográfica. Através de autores importantes como Sun (2008), Lynch (1960), Robba (2003), Shirvani (1985), Gehl (2013), Jacobs (2000) e Moura (2006), entre outros que contribuíram com livros, artigos científicos, revistas cientificas, dissertações, teses e sites, assim foi possível nortear e fundamentar o escopo teórico desse trabalho. A revisão teórica foi elaborada com o objetivo de aprofundar a compreensão dos temas relacionados a praça e as intervenções urbanas direcionadas a esse espaço. A estruturação do trabalho se deu de maneira tal que inicia tratando do referencial teórico, apresentado conceitos e definições dos espaços. Seguidos dos estudos de caso, apresentando referenciais de projetos que passaram por requalificações. Após esse apanhado de dados de fundamentações teóricas e referenciais, o trabalho passa para o diagnóstico do local de estudo, foram realizadas visitas in loco para avaliar e identificar os pontos positivos e negativos da praça, entrevistas com os moradores, além do conhecimento como frequentadora do bairro e observadora empírica, tendo como resultado a coleta registro fotográfico, mapeamento urbano do objeto de estudo e observação do uso do espaço em horários e dias alternados, avaliando rotinas cotidianas na praça quanto à apropriação e vivência das pessoas. Com este levantamento será possível compreender a real necessidade de intervenção do local, descrevendo o atual panorama do da área e seu entorno. O bairro Mata da Praia possui o Parque da Cebola e cinco praças apresentando inadequação de infraestrutura, sendo uma delas a Praça Benedito Rodrigues da Cruz, que oferece um cenário com poucos recursos atrativos aos usuários. Alguns aspectos se destacam neste contexto, como a falta de manutenção do mobiliário urbano, acessibilidade inadequada e a carência de áreas de permanência confortáveis para os frequentadores.

Os perí odos de apropriação são curtos e o local é pouco aproveitado, sendo mais utilizado pelos jovens que fazem uso da quadra de areia no perí odo noturno (devido à falta de sombra pela manhã e tarde). Em face ao exposto, foi-se tomado como questão norteadora desta pesquisa o seguinte problema: Como promover entretenimento e lazer para o conví vio das famí lias através do processo de requalificação urbana em uma praça, criando um conceito mais atrativo e acolhedor para a comunidade local O estudo projetual propõe maior circulação e permanência dos usuários na praça em todos os perí odos, no matutino e vespertino valorizando a caminhabilidade do pedestre e à prática de exercí cios ao ar livre, e no perí odo noturno, priorizando espaços bem iluminados e incentivando à vinda de pequenos comércios (quiosques e foodtrucks).

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2.

B

REVE HISTÓRICO E FUNÇÃO DA PRAÇA 13


2. BREVE HISTÓRICO E FUNÇÃO As praças têm importância primordial para a compreensão dos espaços públicos urbanos, quando se estudam as suas dimensões históricas, sociais e culturais e seus papéis na cidade nas mais diversas épocas. Segundo SUN (2008, p. 22), “simultaneamente uma construção e um vazio, a praça não é apenas um espaço físico aberto, mas também um centro social integrado ao tecido urbano. Sua importância refere-se a seu valor histórico, bem como a sua participação continua na vida da cidade.” LYNCH apud SUN (2008), diz ainda sobre as praças: A plaza pretende ser um foco de atividades no coração de alguma área “intensamente” urbana. Tipicamente, ela será pavimentada e definida por edificações de alta densidade e circundada por ruas ou em contato com elas. Ela contém elementos que atraem grupos de pessoas e facilitam encontros: fontes, bancos, abrigos e coisas parecidas. A vegetação pode ou não ser proeminente [...] (LYNCH apud SUN, 2008, p. 22).

As praças em sua forma atual nascem no contexto da Revolução Industrial, em países desenvolvidos, conforme estudos de NIEMEYER (2002), no século XVIII, quando as cidades se desenvolviam num ritmo acelerado, sem que houvesse preocupação alguma com a salubridade, com as longas jornadas de trabalho, com a saúde do proletariado e com a poluição. Razões pelas quais as cidades foram se tornando cada vez mais cinzentas. É, neste contexto, que começam as lutas por redução das longas jornadas e a luta por tempo livre. Esse tempo, o lazer era visto pelas instituições religiosas e policiais como ocioso e maléfico para a ordem pública, passou a ser valorizado e importante para a melhor produção industrial e, pela primeira vez a aparecer relacionado a espaços públicos, como parques e praças.

Esses espaços, que funcionavam como um refúgio da vida frenética da cidade passou a funcionar não só como uma conquista do proletariado, mas como uma solução para se atingir salubridade nas cidades, razão pela qual o parque e as áreas verdes passam não só a ser local das elites, mas de toda a sociedade. Essas mudanças observadas na realidade da Europa, em industrialização, não haviam sido percebidas ainda no Brasil, já que industrialização brasileira só ocorreu a partir do século XX. Todavia, o caso que influenciou o urbanismo, no Brasil, foi a capital São Paulo, a qual assistiu:

(...) o surgimento dos espaços lúdicos intimamente ligados ao entorno das igrejas, daí originando sua popular denominação de “largo”, “pátio” ou “campo”. Esses espaços livres articulavam-se a modesta trama viária da cidade, dando lugar ao lazer e ao encontro comunitário, com seus eventos laicos ou religiosos envolvendo a provinciana e pouco exigente sociedade paulistana à época. (NIEMEYER, 2002, p. 49)

Assim como as praças em frente à igreja, a delegacia, a prefeitura, advindo desde as cidades coloniais, grande parte dos municípios reservavam uma quadra central para um jardim público, onde aconteciam caminhadas e pontos de encontro, como ponto máximo do lazer na cidade, como descritas por Ab’Saber :

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No Brasil, as pequenas localidades, originadas no período colonial – por razões de tradição e funcionalidade social e econômica – tenderam a reproduzir o esquema da cidade portuguesa. A um largo ou pátio, de traçado adaptado às condições do sítio urbano, correspondia, noutro extremo, um descampado para terminal de tropas e carros de bois. Esses campos de chegada de tropas com produtos da roça acabaram sendo o lugar ideal para o edifício do mercado municipal. A “rua Direita” transformou-se em área residencial descontínua. O Largo da Matriz – ao máximo do ciclo econômico criador de excedentes de riqueza para alguns poucos – encheu-se de casarões e sobrados, construídos por meticulosos mestres de obras. Enquanto o pequeno comércio varejista estabeleceu-se nos arredores do mercado, numa solução estratégica e pragmática. Por iniciativa de algum padre estrangeiro construiu-se a igreja nova, em um patamar de morro, na categoria de miniatura de grande santuário. Enquanto os roceiros, analfabetos e simplórios continuaram a freqüentar a matriz, aos sábados e domingos, num sítio de grande fixidez sócio religiosa. [...] A vida cultural das cidadezinhas se resumia ao encontro e reencontro rotineiro. [...] Na cidade pequena, ao invés do “pelourinho”, um coreto de grande centralidade. Corporações municipais, pequenas competitivas, se sucedendo em espaçados sábados ou domingos. “Footing” domingueiro, em dois circuitos: no interior dos jardins ou nas ruas que enquadram a praça. (AB`SABER, [s.d.])

Com o passar dos anos, novas formas de lazer surgem nas cidades, dentro das casas, protagonizados pela televisão, e mais atualmente, pela internet, além dos espaços coletivos privados, como os shoppings, que oferecem formas de lazer em locais de circulação especial, controladas por seguranças, onde existem estacionamentos para o forte contingente de veículos. Com isso, as praças tornaramse grandes espaços livres enclausurados, densamente construído, onde, pela forte centralidade se precisa cada vez mais de espaço concentrado, impulsionado pela forte acessibilidade, valor do lote e das edificações devido a especulação imobiliária. Assim, além da perda de espaço para o alargamento das vias, estreitas devido ao grande número de veículos, com o forte desuso e a falta de investigação de novos

1 AB’SABER, Aziz Nacib. A cidade e a cultura. São Paulo. (artigo, fotocópia sem data).

atrativos, tornaram a praça um grande vazio, suscetível aos mais diversos usos. A forte sensação de descaso e descuido por que passam alguns espaços público, ocorrem muitas vezes devido a inadequação de sua forma aos novos hábitos de usos das pessoas, o que acaba deixando alguns espaços subutilizados, por conseqüência sem apropriação dos usuários, e, o que é o espaço de todos, porém torna-se o espaço de ninguém, pois ninguém se sente proprietário do espaço, tratando o espaço com descaso e sempre tendo em mente a idéia de que quem cuida são as autoridades municipais, que também não efetuam a manutenção necessária, agravando o quadro de descaso destes espaços. Essa fase de decadência do centro e, conseqüentemente, de esvaziamento dos locais de convivência entre os diferentes setores sociais, segundo Reis (2006) fica difícil “a construção de uma identidade comum, e como conseqüência, da vida cívica”.(REIS 2006,p.69) O autor continua sua análise falando sobre as praças do século XX, afirmando que “não seria possível atribuirmos o esvaziamento desses espaços e a redução da convivência entre os vários segmentos sociais apenas às novas formas de urbanismo” (shopping centers, condomínios fechados), mas: O deslocamento das formas de entretenimento para dentro das casas com a generalização do uso das televisões. As pessoas de todas as faixas de renda, inclusive os mais pobres, deixaram de sair em busca de entretenimento. E nos descansos semanais (que aumentaram de quatro horas nos Domingos à tarde para dois dias completos), passaram a se deslocar para fora das áreas urbanas, com novas formas de lazer. Como conseqüência, os centros das cidades foram esvaziados à noite e nos fins de semana, pelo menos no que se refere à boa parte dos habitantes das faixas de renda média e alta. (REIS, 2006, p. 70)

Esse aspecto está presente na praça em estudo, porque a maior parte dos moradores de suas adjacências tem poder aquisitivo para realizar seu lazer em

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equipamentos privados (cinemas, clubes esportivos e sociais, etc.) e/ou têm equipamentos e formas de lazer dentro da própria casa ou edifício. Como pôde ser observado pelo autor em outras praças da cidade, é muito diferente o papel da praça na periferia, onde o espaço público é extensão das casas das famílias de baixa renda, cujas possibilidades de lazer são restritas. Os espaços públicos refletem as relações nas sociedades de diversas épocas que irão deles desfrutar. A cada dia as relações humanas tornam-se mais variadas, passando por rápidas mudanças de comportamento. Por isso, os espaços públicos devem ser de tempos em tempos revitalizados pelas diferentes gerações, preservando os pontos importantes para a memória coletiva e implementando novas formas de uso que respeitem o local como espaço de todos. Assim, o maior desafio para os planejadores da cidade é conceituar e entender os novos usos, desusos e usuários destes espaços, criando um projeto diferencial. As praças, conforme Robba (2003) são vistas como alternativa naturalista, local de amenização das condições climáticas, da qualidade do ar e insolação, e além de espaço de lazer, é um espaço articulador e centralizador da circulação de pedestres. Já as praças nas áreas habitacionais, conforme esse autor são áreas destinadas ao lazer passivo e ativo e servem à convivência das pessoas, atraindo moradores das proximidades, que desfrutam de momentos de lazer e relaxamento, jogos, brincadeiras, namoro e encontro com amigos. Assim:

O espaço público volta a ser palco de atividades como comércio e serviços, lembrando a tradição do largo colonial, usado como mercado ao ar livre, que as políticas sanitaristas do final do século XIX baniram da praça ajardinada. Surgiram projetos que se utilizam desse artifício como meio de atrair usuários, propondo mercados, lanchonetes, lojas e instituições públicas na praça. Em alguns casos, o projeto oficializará a apropriação informal do espaço público, isto é, praças ocupadas por feiras livres ou camelôs. (...) Paralelamente, a necessidade de espaço para absorver o intenso fluxo de pedestres das cidades contemporâneas também imprimiu a alguns projetos a vocação de área de passagem, principalmente nas praças localizadas nas áreas centrais, nos centros de bairro junto a estações intermodais de transporte coletivo, onde o acúmulo de pessoas em trânsito é maior. (ROBBA, 2003, p. 41)

Nas cidades médias, podem ser verificados os usos descritos pelo autor para uma metrópole. No caso do complexo de praças da Mata da Praia, observa-se áreas de passagem, porém isentas de comércio, serviços e estações intermodais. Trazer vitalidade a uma praça central de bairro residencial se torna um desafio. Observando que as praças atualmente atuam como redutor de velocidade e fluxos de carros e de modo precário atender também o lazer. Por fim, o espaço público é um local que deve ser bem planejado, já que, às áreas da Mata da Praia estão densamente construídas devido ao valor imobiliário, na falta de bons espaços para atender aos moradores e usuários à procura de novos espaços privados e seguros são mais procurados, não valorizando o uso dos espaços públicos, que são fortemente questionados sobre sua existência, e sobre seu papel, servindo como espaços de intervenções paliativas e provisórias, que acabam por completar o quadro de degradação e descaso.

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3. RAÇAS COMO ESPAÇOS PÚBLICOS 17


3. PRAÇAS COMO ESPAÇOS PÚBLICOS Para tratar de espaços públicos é necessário primeiro tratar sobre os espaços livres urbanos – os quais, segundo Magnoli (1982), podem ser considerados como “todo espaço não ocupado por um volume edificado (espaço-solo, espaço-água, espaço-luz) ao redor das edificações e que as pessoas têm acesso”. São espaços de vazios urbanos, sem edificações públicas e/ou privadas e quando existem em conjunto podem ser entendidos como um “Sistema de Espaços Livres urbanos”, como defende Macedo (2003). Na Morfologia Urbana temos que a cidade é determinada por seu traçado, este constituído pelo sistema viário, parcelamento do solo, edificações e espaços livres. Percebemos então, que esses espaços são elementos fundamentais do tecido urbano e podem ser representados tanto na esfera privada – recuos, estacionamentos; quanto na pública – praças, parques, ruas, entre outros; sendo produzidos de maneira formal ou informal. Os arquitetos quando projetam, pensam e equipam os espaços públicos, tem a intenção de que este ambiente seja acessado por pessoas de todas as classes sociais. Umas das condições para que o projeto seja considerado ideal, é que ele agrade muitas pessoas e em diferentes classes, que ele seja visto e entendido de diversos ângulos diferentes, que a maioria valorize (MACEDO, 2003). Dentro do urbanismo o conceito de espaço público está diretamente ligado à apropriação pela sociedade, são espaços abertos e de uso comum, surgidos como resposta ao modo organizacional do século XVIII, “cujo espaço fundamental era o espaço privado, a habitação, ‘fechada sobre a intimidade familiar’” como cita Leitão (2002 p.48).

Nesse sentido, o espaço público é por natureza mais aberto e a primeira função que o distingue do espaço privado é a facilidade de acesso. O espaço público é de todos e de ninguém em particular, em princípio, todos o podem usar com os mesmos direitos (MATOS, 2010, p. 20 apud REIS, 2014, p. 35). Os espaços públicos funcionam como elementos estruturantes da malha urbana e têm função primordial na integração e continuidade territorial, permitindo a circulação de pessoas e automóveis. É possível entender que os espaços livres públicos têm a função de estruturar o meio urbano e desempenham funções diversas, podendo conectar e dar continuidade à certos desenhos urbanos. Dito isso, de maneira análoga a classificação de Kevin Lynch, quando o autor, em seu livro “A imagem da Cidade” Lynch (1960), definiu cinco aspectos como elementos de apropriação da malha urbana (caminhos, limites, bairros, pontos nodais e marcos).

3.1 DESENHO URBANO O desenho urbano faz parte do processo de planejamento da cidade, como afirma SHIRVANI (1985, p. 108 apud DEL RIO, 1990), as políticas de desenho urbano conformam um quadro para a ação, definindo objetivos, meios de implementação e programas de investimentos. O plano, por sua vez, apresenta uma visão físicoambiental para desenvolvimento integrado das políticas e deve ser mais orientado para um processo do que para um produto formal, pois ignoraria o dinamismo do contexto urbano (LYNCH, 1981; SHIRVANI, 1985).

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Os projetos de desenho urbano podem ser orientados para um área ou território específico como “áreas livres”, “sinalização”, “arborização e mobiliário”, ou ainda temas ainda mais particulares como “relações nova edificação com contexto existente”, “localização de entradas/saídas de garagens” etc, entendidos como o conjunto de ações intersetoriais necessárias para a implementação das políticas, planos e projetos. No sentido do tratamento do desenho urbano por temáticas específicas, que pode vir a ser um modo prático para facilitar a implementação setorial dos programas, SHIRVANI (1985 apud Del Rio, 1990) propõe uma categorização interessante, na qual nós nos baseamos a fim de sugerir algumas categorias para atuação; elas também dão margem para definição de critérios de qualidade setoriais:

máximas de construção; compreende também cones de visibilidade, relacionamento entre volumes edificados e topografia, relacionamentos entre o novo e o conjunto edificado existente, compatibilidades tipológicas, continuidade e inserção na morfologia etc. d) Circulação Viária e Estacionamentos: a circulação viária é um dos elementos mais poderosos para a estruturação da imagem urbana (LYNCH, 1960; APPLEYARD, 1981; SHIRVANI ,1985, p. 26) e, portanto, não pode ser tratada apenas na democratização da cidade uma vez definidora da acessibilidade (LYNCH, 1981); a circulação viária, o transporte público e o estacionamento devem ser atendidos como vitais para a animação e a sobrevivência social e econômica de uma área, em soluções conciliadoras.

a) Mobiliário urbano: Considerando aqui como o sistema conformado pelos elementos complementares ao funcionamento da cidade, geralmente entendidos como temporários, e, erradamente, encarados como de menor importância; o sistema inclui sinalização, elementos complementares aos espaços abertos (bancos, telefones públicos etc.), arborização, iluminação pública etc,; devem ser de fácil compreensão, cômodos ao uso, integrados ao contexto urbano (cultural e fisicamente), congruentes com os sistemas de comportamento social e não descuidar das necessidades físicoergométricas dos usuários (DEL RIO, 1990, p. 108).

e) Espaços Livres: Desempenham importantes funções no urbano como, por exemplo, social (encontros), cultural (eventos), funcional (circulação) ou higiênica (mental ou física); tão importante como o espaço construído na estruturação urbana devendo, portanto, ser tratado como espaço positivo; sua importância não é tanto em termos de quantidade, mas de suas relações ao contexto urbano e as atividades sociais as suas margens e aquelas que, por sua existência e características são facilitadas (LERUP, 1972).

b) Uso do solo: trata-se basicamente de tipos de funções e intensidade de utilização do solo e das edificações; busca uma variedade e mistura de funções compatíveis entre si e a mais intensa utilização possível 24 horas por dia, com densidades compatíveis, a fim de gerar uma área urbana com, a maior vitalidade possível, postura totalmente diversa daquela preconizada pelo movimento moderno.

f) Percursos de Pedestres: conformam um sistema de conveniência tanto quanto um suporte a vitalidade dos espaços urbanos (SHIRVANI, 1985, p. 31 apud DEL RIO 1990, p. 109); integram um forte sistema interdependente com as atividade sociais e econômicas no nível térreo das edificações; devem ser tratados em conjunto com o sistema de circulação viária e transportes públicos e reforçados pelo projeto dos espaços livres e atividades de apoio.

c) Configuração Espacial: vai mais além dos previstos tradicionais “zoneamentos”, que além do uso das edificações apenas consideram gabaritos, afastamentos e áreas

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g) Atividades de Apoio: conformam os sistemas de atividades que dão conteúdo, coerência e vitalidade aos espaços urbanos; sua interdependência é crucial (LERUP, 1972; LYNCH, 1976); devem se organizar a partir da alocação dos fortes nós de atividades (como no conceito de lojas “ancora” em shopping centers) e integrar um sistema complementar e coerente com o movimento de pedestre e veículos; devem incluir atividades temporárias e outras possibilidades de animação urbana.

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4. RAÇA VIVA

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4. PRAÇA VIVA Antes de aprofundar se na relação entre praça e o urbano, precisamos definir o que seria a vitalidade urbana. Vitalidade urbana refere-se a vida nos espaços públicos, ou seja, nas ruas, praças, passeios e demais espaços abertos. Mais especificamente, dizemos que um lugar possui vitalidade quando há pessoas usando esses espaços: caminhado, indo e vindo de seus afazeres diários ou eventuais; interagindo, conversando, encontrado -se; contemplando a paisagem; praticando esportes; brincando, especialmente em parques ou praças ou até mesmo nas ruas; apresentações artísticas; manifestações; divertindo se das mais variadas maneira e nos mais diversos locais (GEHL,2013).

dos locais, como um ciclo. Considerando a relação entre a dimensão espacial e os padrões de movimento humano, os autores argumentam que a configuração urbana é um produto cultural, que tanto reflete quanto influencia a sociedade em determinada época, apontando que a vitalidade urbana é resultado de relação entre elementos do entorno (em diversas escalas) e as características do equipamento em si.

Vitalidade, segurança e tranquilidade são qualidades urbanas desejáveis e valiosas. Paz e tranquilidade são altamente valorizadas em uma viva e ativa (GHEL, 2013). E para isso, a presença de mobiliário, equipamentos e cobertura vegetal é indispensável para atrair a população, favorecendo o conforto nos espaços públicos.

Tratando de praças não se pode esquecer do seu entendimento com parte de um conjunto mais amplo, ou seja, o sistema de espaços livre da cidade, remetendo atenção para sua espacialidade (aspectos paisagísticos, morfológicos e funcionais), para o contexto em que ela está inserida e para sua conotação como um dos agentes das relações sociais na cidade.

Segundo (JACOBS, 2000) quanto maior a quantidade de espaços abertos melhor seria o ambiente das cidades, ela chama a atenção para a necessidade de adequação entre quantidade de pessoas e o tamanho dos espaços públicos. Estes só podem ser adequadamente apropriado caso haja uma quantidade mínima de pessoas. Espaços com grandes extensões não conseguem ser plenamente apropriados, passando a impressão de estarem desertos e, com isso, afastando ainda mais possíveis usuários.

A função das praças é definida pelo modo como cada sociedade expressa sua vida coletiva e varia em consequência das mudanças sociais e históricas vivenciadas ao longo do tempo. Na verdade, mudanças sociais importantes implicam novas necessidades e novas forma de comportamento da comunidade (PREFEITURA DO RECIFE, 2002).

Jacobs (2000) propõe, então que as praças e parques dos bairros sejam criados em áreas que possuam densidade suficientes para alimentá-las, e não o contrário. Tentar criar praças como forma de trazer vitalidade a áreas que, por si só, não conseguem sustentar a vida nas ruas, não costuma dar certo. O resultado são espaços vazios, perigosos e abandonados.

Estudiosos como Hillier (1989,1996), Pepoinis (1989) e Holanda (2002,2003) defendem que a presença humana nos espaços livres públicos potencializa a vida social nas cidades, favorecendo a interação social, a sensação de segurança e retroalimentando o uso

Várias vertentes podem contribuir na melhoria da vitalidade urbana conectando a rua com atividades comerciais e de serviços, promovendo assim as atividades que lhes são essenciais, tais como a pesquisa de preços, o olhar de vitrines e o entra e

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sai para comprar ou obter mais informações sobre os produtos. No caso dos shoppings essa vitalidade é interiorizada: as ligações dos espaços edificados com a rua são minimizadas, e toda essa movimentação é retirada dos espaços públicos, juntamente com a possibilidade de interação social entre pessoas. Essa interação potencializa o que Jacobs (2000) trata como vigilância natural, o que garante um maior controle natural e segurança nos espaços públicos. Em uma análise geral, percebesse que para um espaço público ter vitalidade ele precisa ter condições adequadas para as pessoas utilizarem, assim atraindo-as para o local e favorecendo a interação social. No caso da Praça Benedito Rodrigues da Cruz, ela já está inserida num meio de densidade, como muitas casa em seu entorno, porem necessita das melhorias pra atender e atrair seus usuários.

4.1 CONCEITOS DE REVITALIZAÇÃO URBANA, REQUALIFICAÇÃO, RENOVAÇÃO E REABILITAÇÃO Nada se matem intacto sem conservação e preservação. Com as áreas urbanas isso não é diferente. Em um momento onde o mundo busca qualificar as cidades e favor do meio ambiente e da saúde da população, projetos de transformações urbanas desempenham um papel importante. Diferentes formas de intervenções nas cidades podem alterar áreas construídas ou espaços públicos, com o objetivo de tratar questões sociais, ou até reativar a o uso local. A lógica de intervenção urbana sofre mudanças no tempo, mas também se opõe a ideologias, que nem sempre são negociáveis, devido aos diferentes interesses da cidade. Assim surgem os conceitos que, apesar de nem sempre serem bem definidos,

contém simultaneamente uma teoria e uma proposta de ação sobre a cidade (MOURA, 2006). Nesse contexto, as práticas de revitalização, requalificação, renovação e reabilitação urbana são ativadas para contribuir para a resolução de uma série de problemas urbanos. Primeiro, e preciso diferenciar os termos que são recorrentemente usados como sinônimos, mas não tem exatamente o mesmo significado. Ao ouvir falar de revitalização, somos imediatamente remetidos a uma ideia de restauração de patrimônio históricos culturais, mas revitalização é um termo muito mais abrangente, trata-se de um conjunto de ações, a fim de permitir a um determinado espaço nova eficiência, novo sentido em seu uso, visando um melhoria do espaço e do seu entorno (MOURA, 2006) A renovação urbana está ligada à ideia de demolição do edificado para substituir por construções novas, geralmente com características diferentes, adaptadas às mudanças de atividades e de morfologias dos espaços. A renovação é uma intervenção em grande escala (MOURA, 2006). A requalificação urbana é, sobretudo, um instrumento para a melhoria da qualidade de vida da população, promovendo a construção e recuperação de equipamentos e infraestruturas e a valorização do espaço público com medidas de dinamização social e econômica, através de melhorias urbanas, de acessibilidade ou centralidade (MOURA, 2006). Ela engloba processos de alteração em uma área urbana com a ideia de lhe dar nova função, diferente daquela pré-existente . A revitalização é um processo de planejamento estratégico, capaz de reconhecer, manter e introduzir valores de forma cumulativa. Dessa maneira, ela intervém a

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a médio e longo prazo, de forma relacional, assumindo e promovendo vínculos entre territórios, atividades e pessoas, e, por conseguinte influência na melhoria da qualidade do ambiente urbano e nas condições socioeconômicas (MOURA, 2006). Além disso, considera-se que revitalizar é dar vida a um lugar, renovando-o. Através desses conceitos, é observado um proposito semelhante: de modificar, transformar, renovar, regenerar espaços, zonas ou áreas urbanas a fim de rejuvenescera-las através de da reconstrução de edifícios ou espaços públicos. Isso acontece da necessidade de resolver questões, econômicas, sociais ou ambientais. Para que os usuários possam usufruir e ser impactados de forma positiva pela área modificada.

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5.

E

STUDO DE CASO QUE RECEBERAM PROJETOS DE REQUALIFICAÇÃO 25


5. ESTUDO DE CASO QUE RECEBERAM PROJETOS DE REQUALIFICAÇÃO O termo requalificação nesse projeto está no sentido de tratar ações na praça criando um uso e valor para a determinada área. Área está que possa se encontrar em condições precárias de uso por falta de manutenção do poder público, e consequentemente sem atrativos para a comunidade. Assim, se faz necessário a requalificação urbana deste espaço levando em consideração os aspectos, socioeconômicos e ambientais dos usuários no entorno.

5.1 PRAÇA CENTRAL DE MARATAÍZES

FIGURA 2 : PRAÇA CENTRAL DE MARATAÍZES

A proposta para a reurbanização da Praça Central de Marataízes, ilustrada na Figura 01, se baseia em dois pontos principais: Primeiro, a criação de uma praça que comporte múltiplos usos, voltado para todas as idades. Segundo que seja um marco urbano na cidadã com espaço público, devido ao seu tamanho e importância para a cidade de Marataízes. Para tanto, as estruturas antigas e o paisagismo existente foram renovados, começando pelo piso: as altas jardineiras foram retiradas, dando lugar a um amplo espaço para eventos de vários portes (shows, feiras, exposições e outras atividades culturais). Antes dividido em duas áreas de praça, pela Rua Prof. Luis Siqueira, foram unidas ampliando-se a área da nova praça. Desse modo, a área de eventos se estende da frente da ES-060 até a esquina da Rua Prof. Luis Siqueira, em um grande piso cerâmico colorido. Os tons amarelo e azul, remetem a bandeira do município e seu desenho, enquanto um grande pano marrom, também em cerâmica e de desenho radial marca a centralidade da praça em um ponto de fuga da perspectiva criada, tendo ao centro, um grande chafariz.

FONTE: URBE ARQUITETÔNICA [2015]

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Projeto de reforma da Praça Central, no centro de Marataízes-ES é inspiração para o projeto da Praça Benedito Rodrigues da Cruz nos seguintes aspectos, o multiuso de atividades abrangendo todas as idades, a paginação do piso e a vegetação formando um caminho para um eixo, bastante equipamentos, o uso de pergolados ao redor da praça, trazendo um aconchego e conforto térmico ao local. FIGURA 3: PRAÇA CENTRAL DE MARATAÍZES - ÁREA DE EVENTOS

FONTE: URBE ARQUITETÔNICA [2015]

FIGURA 4:PRAÇA CENTRAL DE MARATAÍZES - ÁREA DE ESPORTES

FONTE: URBE ARQUITETÔNICA [2015]

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5.2 WANTOU & VANKE PARADISE ART WONDERLAND A Praca Wantou & Vanke Paradise art Wonderland tem como objetivo um novo estilo de projeto comunitário com foco social, resultando numa praça aberta para a população de Hefei, na China. Projetada pela equipe ASPECT Studios Xangai. O Wantou & Vanke Paradise Art Wonderland está localizado na área central da zona sudoeste do distrito de Xin Zhan, um bairro vibrante e em desenvolvimento é popular entre os millennials, que valorizam o design e buscam ambientes únicos, modernos e sofisticados. FIGURA 5: WANTOU & VANKE PARADISE ART WONDERLAND

O projeto reflete elementos da comunidade local e da cultura, com a flor da cidade –a romã – sendo uma forte inspiração para a concepção do espaço social da comunidade, definindo a forma, a cor e a composição para criar uma experiência colorida, ousada e vibrante. Juntamente com um programa dinâmico de paisagismo que visa atender às necessidades da comunidade e sua população, incentiva-se a interação, a conexão e a comunicação.

FIGURA 6:O WANTOU & VANKE PARADISE ART WONDERLAND

O partido para o projeto paisagístico foi pautado no princípio de proporcionar aos residentes uma experiência diversificada e dinâmica da vida urbana moderna em um local singular. Todos os espaços são programados para proporcionar uma gama de experiências e oferecem diversas instalações e atividades para todas as idades; tudo estruturado para estimular a conectividade social e comunitária nesses locais de encontro.

FONTE: Aspect Studios [2018]

FONTE: Aspect Studios [2018]

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A praça se divide em três zonas programáticas principais, urbana, infantil e comunitária, criando experiências diversas em locais onde crianças, adultos e idosos podem se encontrar para se divertirem e celebrarem a diversidade dos estilos de vida com a vibração e a energia de um ambiente urbano. A Urbana é a peça central onde tem a Flor de Romã, uma escultura de luz inspirada nos estames da flor de romã, numa altura que a torna um marco e uma identidade para o contexto circundante. No piso, a pavimentação rítmica representa o vento e as formas personalizadas dos canteiros representam as pétalas que voam com a brisa, com assentos nas bordas proporcionando locais calmos e confortáveis para as pessoas descansarem, permanecerem e se conectarem. A forma compactada e em camadas encontrada nos frutos de romã é a referência para a concepção da cobertura, criando um interessante jogo de sombras no chão, ao mesmo tempo que fornece um pano de fundo para todo o espaço, permitindo que visitantes e residentes descansem confortavelmente durante os meses quentes de verão. FIGURA 7;O WANTOU & VANKE PARADISE ART WONDERLAND

FONTE: Aspect Studios [2018]

Já o espaço infantil permite a realização diversas brincadeira e experiências educacionais. Há oportunidades para as crianças se integrarem e desenvolverem habilidades sociais e físicas essenciais nos diversos espaços; as áreas de brincadeiras livres e fixas são todas projetadas para estimular a interação social, os esportes, as atividades físicas, os desafios e o desenvolvimento em geral. A comunitária é destinada a Reuniões e eventos públicos. Essa área além de um grande espaço aberto, ela também é comtemplada por uma série de pequenos espaços para as pessoas se reunirem em grupos menores. Dentre as composições espaciais estão grandes gramados abertos multifuncionais, pérgolas e assentos para criar um espaço semifechado. A Praça Wantou & Vanke Paradise art Wonderland inspirou no projeto da Praça Benedito Rodrigues da Cruz, Mata da Praia – Vitória no aspecto da diversidade de usos. A Praca Wantou & Vanke Paradise art Wonderland oferece conectividade social e comunitária, além de diversas instalações e atividades para todas as idades. Serviram de modelo para apropriação da área de convivência da Praça Benedito Rodrigues da Cruz.

FIGURA 8;O WANTOU & VANKE PARADISE ART WONDERLAND

FONTE: Aspect Studios [2018] FIGURA 9: O WANTOU & VANKE PARADISE ART WONDERLAND

FONTE: Aspect Studios [2018]

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5.3 Tabela Referencial de estudo de caso: TABELA 1: REFENCIAL ESTUDO DE CASOS

FONTE:Â Elaborada pela autoura

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6.

A

PRAÇA

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6. A PRAÇA 6.1 Breve histórico do bairro O bairro Mata da praia, localiza-se no município de Vitória, capital do Espírito Santo, situado na orla de Camburi, entre o Aeroporto Eurico de Aguiar Salles e o bairro Jardim da Penha. Considerado um bairro nobre, de classe média-alta e alta, a Mata da praia é predominantemente residencial. Na orla, os prédios ocupam as duas primeiras quadras, sendo o restante do bairro compreendido, principalmente, por casas de alto padrão. Desse modo, o bairro é reconhecido, na capital capixaba, por abrigar um número considerável de moradores com alto poder aquisitivo. Sua população, segundo IBGE 2010, era de 10.594 habitantes. (IBGE, 2010 e PMV). No início do século XX, a Mata da Praia era uma área rural, ocupada por mata atlântica, gados, córregos, animais e restinga. Tal fato inspirou o nome da antiga propriedade que ali habitava “fazenda Mata da Praia”, em razão da vasta quantidade de vegetação existente no local, que era muito próxima da maior praia da cidade, Camburi. Assim, o nome da região foi mantido durante o processo de urbanização, sendo até hoje conhecida por Mata da Praia. A primeira tentativa de loteamento ocorreu no ano de 1928. A intensão era projetar a região em lotes para casas de veraneio. É interessante dizer, que naquela época, a região norte de Vitória, hoje marcada pela presença de importantes bairros como a Mata da Praia, Praia do Canto, Barro Vermelho e Jardim da Penha, era completamente afastada do Centro da Cidade. Este na década de vinte ainda era o melhor bairro para se viver em Vitória. Mas o loteamento não teve êxito. O projeto de loteamento é retomado apenas na década de 50. A ideia era inspirada no sofisticado bairro Cidade Jardim, de Belo Horizonte. Por isso, que hoje a Mata da Praia é um dos bairros mais arborizados da cidade, apresentando dois parques municipais, várias praças e alamedas. O projeto foi aprovado pela prefeitura em 1952 com isso, inciou-se o processo de urbanização da região, por meio do "Loteamento Cambury," onde toda a região entre a Adalberto Simão Nader e o Canal de Camburi seria convertida em largas avenidas diagonais, que formavam 13 quadras com lotes de aproximadamente 400m². Por fim, além de ser um dos poucos locais de Vitória que preserva a sua vegetação original, a Mata da Praia oferece a possibilidade de se praticar esportes como futebol de salão ou campo, tênis, bocha e Cooper, no Parque Municipal Parque Alfonso Pastore e no Parque Pedra da Cebola. (PREFEITURA MUNICIPAL DE VITORIA,2014)

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FIGURA 10: MAPA DO BAIRRO MATA DA PRAIA

FONTE: Google Earth, adaptado pela autora

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6.2 ANÁLISE DA PRAÇA E SEU ENTORNO

FIGURA 11: MAPA ENTORNO DA PRAÇA

A praça de estudo foi escolhida levando em consideração suas dimensões e sua importância para o bairro Mata da Praia, sendo a mais importante para a população entre as outras duas existentes. Além disso, a mesma não possui barreiras visuais, facilitando assim uma intervenção geral. A proximidade da pesquisadora com a praça também interferiu para a escolha, como frequentadora do bairro acompanhou algumas reformas e sabe a importância da mesma para os moradores, entendendo-a como local de convivência constantemente utilizado, seja para a prática de esportes, convívio ou como marco de passagem, mesmo estando em estado precário, sem oferecer um conforto adequado para seus frequentadores. A Praça Benedito Rodrigues da Cruz, possui uma área aproximada de 9.480m², faz parte de complexos de cinco praças que formam o Parque Municipal Padre Alfonso Pastore e está entre os equipamentos públicos (outro Parque da cebola) instalados no Bairro Mata da Praia, Vitória – ES. As ruas que rodeiam a Praça são as ruas Frederico Preti, Aníbal Viêira Rabaioli e as praças Benedito Rodrigues da Cruz.

FONTE: Google Earth, adaptado pela autora

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Como visto na figura 11 e citado anteriormente, a praça encontra-se no centro do bairro, próxima a outras praças, tornando-se um importante equipamento público para o bairro e a dispor de equipamentos de lazer para a comunidade, como quadra de areia e parquinho infantil. Apesar do bairro Mata da Praia ser predominante residencial, e demonstrar isso no entorno da praça, o bairro ainda conta com padarias, supermercados, restaurantes e alguns usos mistos e serviços, voltados para atender os moradores.

Do ponto de vista do traçado urbano, a praça sofre influência do fluxo de veículos de vias coletoras formadas pela Av Construtor David Texeira e Av Carlos Gomes de Sá, que coletam o fluxo das Avenidas Dante Michelini e Fernando Ferrari direcionando-o para as vias locais. Para melhor entendimento ver Mapa Hierarquia Viária na Figura 13. FIGURA 13: HIERARQUIA VIÁRIA

FIGURA 12: MAPA DE USOS

FONTE: Google Earth, adaptado pela autora

FONTE: Google Earth, adaptado pela autora

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FIGURA 14: MAPA PERCURSO ÔNIBUS

A Praça Benedito Rodrigues da Cruz é de fácil acesso, possui circulação de ônibus e um ponto de ônibus em frente da praça, cujas rotas passam pela principail via arterial, a AV. Dante Michelini, conforme Mapa de Rotas de Ônibus na Figura 14.

FONTE: Google Earth, adaptado pela autora

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Após a análise do entorno da praça foi-se estudado os condicionantes físicos para a elaboração do projeto, representados nas figuras abaixo (fig 15 e fig 16). FIGURA 15: MAPA DE CONDICIONANTES

FONTE: Google Earth, adaptado pela autora

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Os ventos dominantes são noroestes. A umidade da praça sofre influência da Praia de Camburi. A praça é predominantemente plana, porém, na área destacada de verde na figura x percebe-se um relevo um pouco mais alto. Os acessos principais são identificados pelas setas rosas, e, o acesso informal criado pelos frequentadores de vermelho. FIGURA 16: MAPA DE VEGETAÇAO E CAMINHABILIDADE

FONTE: Google Earth, adaptado pela autora

TABELA2: FOTO LOCALIZAÇÃO

FONTE: Elaborada pela autoura

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6.3 ANÁLISE DOS PROBLEMAS DA PRAÇA

TABELA 3: PROBELMAS E SOLUÇÕES PROPOSTA

Apesar do seu grande potencial para o bairro, foise diagnosticado diversos problemas na praça de estudo, alguns desses, podendo ser identificados na tabela abaixo. As calçadas e entorno da praça encontram-se danificadas, sem paginação e sinalização adequada e contendo algumas rachaduras e ressaltos, e a falta da rampa de acesso torna a praça não acessível para todas as pessoas. Em seu interior, é possível perceber a apropriação dos espaços pelos frequentadores, mesmo sem estrutura para recebê-los. Os bancos existentes estão bem depredados, com alguns assentos soltos e rachados. Após as análises realizadas, chegou-se à conclusão dos problemas e soluções cabíveis para os mesmos, demonstrados na tabela à seguir:

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FONTE:Â Elaborada pela autoura

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O

7.

PROJETO

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FIGURA 17: MAPA DE IMPLANTAÇÃO

7. O PROJETO 7.1 DIRETRIZES PROJETUAIS A proposta projetual será em nível de estudo preliminar, cujas diretrizes do projeto foca na acessibilidade da praça, conforto térmico com a implantação de árvores nas áreas carentes e de permanência maior, e diversidade de uso da praça a fim de atrair os mais diversos públicos tanto no horário matutino quanto no horário noturno. Como a praça atual é uma rotatória com área de 9.480 m², o acesso dela será por meio de ruas elevadas proporcionando maior segurança para os usuários, pois tais ruas diminuem a velocidade ao redor da praça e priorizam o pedestre, facilitando assim seu deslocamento. Também serão utilizados os pisos táteis oferecendo maior segurança para portadores de deficiência visual.

FONTE: Projeto criado pela autora

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FIGURA 18: MAPA DE SETORIZAÇÃO

Com a modificação da pavimentação da praça, foram assim subdivididos em três setores (figura 17): O setor esportivo (vermelho) onde conta com uma quadra de areia, tênis, academia popular e o playground, visando atender todas as idades em seus diferentes usos; o setor zen (azul) que conta um “mini bosque“ e uma clareira no meio com bancos para apreciar o local, apropriado pra a pratica de yoga e meditação, esse setor também dispõe de uma capela, atendendo a demanda dos usuários da praça e o setor de convivência (amarelo), que destina uma área livre, para eventos da cominudade, foodtrucks e colocação de barraquinhas de comida no período noturno, além disso, o setor conta com um petpark para melhor atender os frequentadores.

FONTE: Projeto criado pela autora

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FIGURA19: QUADRAS

FONTE: Projeto criado pela autora

No setor esportivo, foi mantida a ideia da quadra de areia, porem ela foi remanejada para a posição correta de acordo com a orientação solar, juntamente com uma nova quadra de tênis. Além disso, elas ganharam arquibancada para que os frequentadores possam assistir aos jogos com conforto; optou-se por não colocar nenhum tipo de cobertura na arquibancada, evitando que ela se torne abrigo para mendigos, trazendo assim uma maior segurança.

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FIGURA 20: PLAYGROUND

O playground existente foi substituído por um mais colorido e com equipamentos atuais, trazendo uma pegada mais lúdica atraindo assim as crianças ,contado com bancos, pergolados e arvores trazendo um maior conforto.

FONTE: Projeto criado pela autora

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O novo projeto de requalificação da praça, agora conta com uma academia popular para os idosos e quiosques2, fazendo com que a praça tenha uso para todas as idades. FIGURA 21: ACADEMIA POPULAR

FONTE: Projeto criado pela autora

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A área zen, foi delimitada pela paginação de piso, que se assemelha a uma orquídea. A escolha da orquídea se dá devida a relação que os moradores tem com a flor, na mata da praia existem ruas de pedestre onde interligam as ruas sem saídas até o Parque Padre Alfonso Pastore e nessa ruas os moradores tem como pratica colocar suas orquídeas nas árvores que circundam a rua, formando um corredor . Por esse lindo costume foi escolhida essa forma, para que assim essa prática se estenda até a praça, além disso, devida a forma que a orquídea tem foi possível em cada pétala formar diferentes áreas. FIGURA22: CAPELA

Na pétala santa foi destinada uma capela para o Padre Alfonso Pastore, acomodando o busto dele já existente na praça. Na capela foi colocado um grande banco que acompanha o formato da pétala e também foi elaborado uma cobertura de madeira que lembra o formato de folhas, protegendo o busto e seus fiéis. Nas demais pétalas ficou destinado a contemplação e práticas de exercícios como yoga, meditação e funcional.

FONTE: Projeto criado pela autora

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Toda o setor é circulado por arvores de grande porte preservadas e foram plantadas novas em áreas que careciam formando nosso “mini bosque”, trazendo conforto térmico, tranquilidade e sossego. FIGURA23: SETOR ZEN

FONTE: Projeto criado pela autora

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Visando em atender todos os públicos, foi-se pensado no setor convivência, que conta com uma área gourmet, nesse espaço, durante o período noturno serão montadas barracas e foodtruck de diversos tipos de alimentação, com espaços de mesas móveis levadas pelo proprietário. Porem por ser uma área livre, a comunidade pode se apropriar para fazer eventos, como a festa junina da igreja São Camilo que acontece todo ano. FIGURA 24: FOODTRUCK

FONTE: Projeto criado pela autora

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FIGURA 25: PET PARK

Esse setor também ganha banheiros e um petpark, que é uma forma das pessoas com interesse comum interagirem, independente de idade. As diretrizes do projeto focam na acessibilidade, conforto térmico com a implantação de árvores nas áreas carentes e de maior permanência, diversidade de uso da praça a fim de atrair os mais diversos públicos em todos os horários e uma melhor conexão com o entorno.

FONTE: Projeto criado pela autora

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FIGURA 26: RUA ELEVADA

A Praça Bendito Rodrigues da Cruz terá o acesso por meio de duas vias elevadas (Rua Praça Bendito Rodrigues da Cruz e Rua Praça Bendito Rodrigues da Cruz) proporcionando maior segurança para os usuários, pois diminuem a velocidade ao redor da praça e priorizam o pedestre, facilitando assim seu deslocamento. Além disso, todas as esquinas dispõem de faixas de pedestres e rampas de acesso. Também foram utilizados balizadores, para delimitar a divisão entre a rua e a praça.

FONTE: Projeto criado pela autora

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FIGURA 27: VISTA AEREA

FONTE: Projeto criado pela autora

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7.2 MATERIAIS Na praça foram usados os blocos intertravados de concreto no modelo retangular nas cores terracota, camurça, amarelo, natural e palha com as cores foi possível marca caminhos e lugares de permanência. Esse material foi escolhido por se tratar de ser uma superfície plana, com uma excelente aderência. As peças são travadas por meio de contenção lateral e atrito criado entre os blocos, o material possui inúmeras vantagens como: durabilidade (podendo durar até vinte anos), resistência, instalação, capacidade de escoamento (por apresentar fissuras entre as peças, eles permitem que a água escoe por esses espaços e seja absorvida pela terra com maior facilidade; assim, garante-se uma drenagem mais efetiva, evitando enchentes e alagamentos), segurança (com uma superfície antiderrapante, o piso intertravado garante maior segurança seja para pedestres, ciclistas e para deficientes físicos, promovendo maior integração e acessibilidade), entre outras.

Para o playground, foi utilizado o piso impact soft P.I.P., da Aubicon, nas cores Purple, May Green, Tourquoise, Earth yellow e Rosé em detalhes e a cor do piso principal na cor Pearl. Esse, é um piso de absorção de impacto aplicado diretamente na área do projeto sem juntas, portanto, monolítico. Permite criar os mais variados desenhos com alto nível de detalhamento seguindo as elevações e volumes do terreno. O P.I.P é composto com: uma camada com 10mm de camada de borracha colorida, ou pigmentada, ou de EPDM, e a parte inferior totalmente de grânulos de pneus. Além de ser um piso drenante, o mesmo atende à NBR 16071, que estabelece diversos requisitos de segurança para playgrounds e áreas para lazer infantil, incluindo os pisos presentes nos parquinhos. FIGURA 29: PISO IMPACT SOFT ABICON

FIGURA 28; PISO INTERTRAVADO

FONTE: ABICON

FONTE: SAHARA

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FIGURA 30: PERGOLADO

Os pergolados são de madeira plástica com vegetação, e tem o objetivo de criar ambientes cobertos em áreas externas para que possam ser usufruídos em dias de sol. Quando recebem algum tipo de cobertura, protegem também da chuva, criando um espaço agradável, charmoso e convidativo. Optou-se pelo uso da madeira plástica pois ela se torna um grande diferencial quando utilizado para a montagem de pergolados, já que é muito mais resistente a intempéries e não necessita de tanta manutenção, como acontece com madeira natural. Os bancos também são feitos de materiais de madeira plásticos instalados e distribuídos em todos os setores da praça. A arquibancada foi feita de concreto, madeira e aço pelo fato do material ter uma boa resistência, durabilidade e baixa manutenção. O corrimão foi feito de aço galvanizado, assim como a tela da quadra, proporcionando cercamento e visibilidade. FONTE: Projeto criado pela autora

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7.3 Vegetação

FIGURA31: SALSO CHORÃO

Nas calçadas do entorno da praça, optou-se pela pata-de-vaca, árvore de porte médio, que alcança até 12 metros de altura, mas raramente passando de 10 metros. Sua ramagem é esparsa, ramificada e forma uma copa cheia e ampla na primavera e verão, fornecendo boa sombra. As folhas são redondas, com nervuras claras. As flores são grandes, pentâmeras, com longos estames e de cor rosa a lilás na espécie típica, com uma pétala superior modificada, que apresenta cerca de dois tons mais intensos de rosa, o que dá a flor o aspecto de orquídea. Já no interior da praça foi proposto a utilização das árvores Quaresmeira, árvore de porte médio porte, conhecida por suas flores roxas; a Aroeira vermelha, árvore nativa atinge 17,00 m de altura e 15,00 m de diâmetro de copa. Perenifólia de folhas verdes-médio floresce em agosto-novembro. Possui uma frutificação interessante de frutos pequenos e vermelhos que aparecem em dezembro-março. No setor Zen, optou-se por manter as árvores de grande porte já existentes, e, além disso, foi proposto mais três tipos de árvores para esse local. O Salso Chorão para fazer um fundo a capela, árvore exótica e caducifólia atinge de 7,00 a 10,00 m de altura, sendo ideal para parques e praças para ser plantada na beira de locais úmidos. Tem seus galhos pendentes que tocam o chão causando notável ornamento na paisagem. Não deve ser plantada perto de sistemas pluviais, pois suas raízes procuram por umidade. A Tamurã Preto de folhas caducas atingindo 25,00 m de altura. Tem flores azuis, que aparecem em outubrodezembro. Os frutos negros são muito apreciados pelos pássaros. Barbatião, árvore de folhas perenes vai até 10,00 m de altura e sua copa atinge 10,00 m de diâmetro. Floresce em novembro-janeiro quando a copa verde escura se cobre de flores amarelas. Pode ser plantada em calçadas sem rede aérea. As escolhas para essa área, vem com intuito de contribuir para o bosque, formado por arvores existentes e as novas que tem diferentes tamanhos contrapondo. Na área do petpark,utilizou-se a grama santo agostinho, e nos canteiros a grama esmeralda, agave, Helicônia papagaio.

FIGURA32: PATA-DE-VACA FONTE: Sementes

FIGURA33: AGAVE FONTE: Sementes

FONTE: Sementes

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TABELA 4: TIPOLOGIAS DE VEGETAÇÃO

FONTE: Elaborado pela autora

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7.4 Equipamentos As lixeiras propostas são do tipo recicláveis, incentivando uma maior consciência ambiental por parte dos usuários. Na praça foram usados postes de duas pétalas curvo em aço galvanizado em LED com 8 metros de altura para sua iluminação geral. No interior da praça e percursos de pedestres foram distribuídos postes balizadores com 3 metros de altura, além de balizadores iluminados delimitando a divisão da praça com a rua. Já na quadra, quatro refletores são responsáveis por sua iluminação noturna, favorecendo o uso neste período. FIGURA 34: BANHEIRO

FONTE: Projeto criado pela autora

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C

8.

ONCLUSÃO

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8. CONCLUSÃO No presente estudo sobre praças e suas características gerais, percebe-se que em meio a transformações constantes, contudo, matem se intacta a importância dos espaços públicos para a qualidade de vida. Continuam a ser espaços de trocas, convivência, encontros. E continuam a se vitais para o bemestar do ambiente urbano. Para além das paredes que os cercam, é na rua que a vida acontece. Lembrando que quando o espaço público está degradado, acaba provocando uma rejeição imediata das pessoas. Se não está bem iluminado, se não possui atividade noturna que o anime, mobiliários adequados, paisagismo, pode ser percebido como perigoso e muito provavelmente é. Tentar criar praças como forma de trazer vitalidade a áreas que, por si só, não conseguem sustentar a vida nas ruas, não costuma funcionar. O resultado são espaços vazios, perigosos e abandonados. Jacobs (2000) propõe, então, que as praças e parques dos bairros sejam criados em áreas que possuam densidade suficientes para alimentá-las, e não ao contrário. Dessa forma, identificou-se exemplos de praças que receberam projetos de requalificação referências projetuais no contexto de praças públicas, como: Praça Central de Marataízes e Wantou & Vanke Paradise Art Wonderland. Nesta linha, o ensaio projetual desenvolvido nesta pesquisa apresentou a reformulação da Praça Benedito Rodrigues da Cruz, Vitória-ES, propondo à reformulação da estrutura física e paisagística com ênfase na acessibilidade, entretenimento e lazer dos usuários. Para tanto se verificou a circulação e permanência dos usuários na praça, analisando a frequência de uso do mobiliário e a apropriação do espaço como entretenimento e lazer e a análise do seu entorno imediato. O projeto tem como proposta um local para socialização por meio dos espaços, em especial das áreas de convivência coletiva, como: playgrounds, quadra poliesportiva, academia popular, petpark e áreas de permanência e descanso. O resultado do estudo apresentou uma arquitetura atrativa que oferece uma possibilidade maior de circulação e permanência dos usuários na praça, tanto no período noturno através da forma layout e composição dos ambientes com espaços bem iluminados e intervenções no mobiliário, quanto nos períodos matutino e vespertino, com espaços cobertos e descobertos, áreas com pergolado e vegetação trazendo um maior conforto para os usuários. Assim espera-se que o estudo atinja seu propósito de agregar valor para praças urbanas, atraindo a comunidade local, acessibilidade, conforto térmico e a diversidade de uso devem estar se inter-relacionar para que tenha um bom efeito no projeto, inspirando assim em outros projetos tanto ao bairro quanto aos bairros vizinhos.

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9.

R

EFERÊNCIAS

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