enquanto espero
Tempus Fugit Rodrigo Santos
Acendo mais uma taça, Bebo mais um cigarro À espera de um amanhã Que não virá. O tempo perdeu a contagem, A vergonha, o recato; Os dentes se atropelam, Dias acavalados. O mal que nunca perdura, A noite que nunca se finda: Isso tudo é balela, agora, Pra vender livro ruim de poesia. Trancafiados na alvenaria, Emoldurados em janelas, Caboclos na encruzilhada Sentindo saudades do mato. Não há mais nenhum fio tênue Que nos separa da loucura. Cada qual, um Simão Bacamarte, Fazendo pão, yoga e lives vazias. Aquele convívio com pares - ímpares em sua essência – Escondia a sua pior companhia: Só agora você se vê.
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