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Linha Direta INOVAÇÃO . EDUCAÇÃO . GESTÃO

MÚLTIPLAS FORMAS DE PAGAMENTO, MUITO MAIS ALUNOS Estudo revela que reunir diversas formas para pagamento de mensalidades faz a diferença na hora de captar novos estudantes no ensino superior

SISTEMA DE COTAS Razões para sustentar a inconstitucionalidade

EDIÇÃO 183 ANO 16 - JUNHO 2013

FUSÃO Grandes líderes, grandes negócios!

ESTUDO A avalanche está chegando

MARKETING A importância da mensuração de resultados

SECRETÁRIA Experiência favorece o diálogo entre os setores

Henrique Tichauer

Sueli Baliza


editorial

Crédito universitário

Crédito universitario

Por ocasião da realização do VI Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular, evento itinerante realizado em parceria pela Linha Direta e pelo Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, que este ano acontece em Foz do Iguaçu/PR neste mês de junho, apresentamos um novo serviço, que chega ao mercado para contribuir com a principal discussão desse encontro: a meta do governo federal de inclusão de 10 milhões de estudantes nas Instituições de Ensino Superior até 2020. Estamos falando de uma assessoria a alunos para a viabilidade econômica de um curso universitário particular. Quem propõe essa prestação de serviço é uma nova parceira da Linha Direta, a Ideal Invest. A empresa, através do programa PRAVALER, começa a oferecer, a partir de agora, todas as opções disponíveis no mercado para o ingresso de estudantes no ensino superior particular: Fies, bolsas de estudos, descontos ou crédito universitário privado. Vale a pena conferir, na matéria de capa, como essa novidade está sendo desenhada. Boa Leitura!

En ocasión de la realización del VI Congreso Brasileño de Educación Superior Particular, evento itinerante realizado en asociación entre Linha Direta y el Fórum de las Entidades Representativas de la Enseñanza Superior Particular, que este año acontece en Foz do Iguaçu/PR en este mes de junio, presentamos un nuevo servicio, que llega al mercado para contribuir con la principal discusión de este encuentro: la meta del gobierno federal de inclusión de 10 millones de estudiantes en las Instituciones de Enseñanza Superior hasta 2020. Estamos hablando de una asesoría para alumnos para la viabilidad económica de un curso universitario particular. Quien propone este servicio es una nueva asociada de Linha Direta, la empresa Ideal Invest. Esta, a través del programa ­PRAVALER, comienza a ofrecer, a partir de ahora, todas las opciones disponibles en el mercado para el ingreso de estudiantes en la enseñanza superior particular: Fies, bolsas de estudios, descuentos o crédito universitario privado. Vale la pena conferir, en la materia de tapa, cómo esta novedad está siendo arquitectada. ¡Buena Lectura!

Marcelo Chucre da Costa Presidente da Linha Direta

Marcelo Chucre da Costa Presidente de Linha Direta

Publicação mensal dos Sinepes, Anaceu, Consed, ABMES, Abrafi, ABM, Fundação L’Hermitage e Sieeesp

Presidente Marcelo Chucre da Costa Diretora Executiva Laila Aninger Editora Valéria Araújo – MG 16.143 JP Designer Gráfico Rafael Rosa Atendimento Flávia Alves Passos Estagiário de Jornalismo Renan Costa Coelho Preparadora de Texto/Revisora Cibele Silva Tradutor/Revisor de Espanhol Gustavo Costa Fuentes - RFT1410 Consultor Editorial Ryon Braga Consultor em Gestão Estratégica e Responsabilidade Social Marcelo Freitas Consultora para o Ensino Superior Maria Carmem T. Christóvam

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Revista Revista Linha Linha Direta Direta

Conselho Consultivo Airton de Almeida Oliveira Presidente do Sinepe/CE Amábile Pacios Presidente da Fenep Anna Lydia Collares dos Reis Favieri Ferreira Presidente do Sinepe/RJ Antônio Lúcio dos Santos Presidente do Sinepe/RO Átila Rodrigues Presidente do Sinepe/Triângulo Mineiro Benjamin Ribeiro da Silva Presidente do Sieeesp Dalton Luís de Moraes Leal Presidente do Sinepe/PI Emiro Barbini Presidente do Sinep/MG Fátima de Mello Franco Presidente do Sinepe/DF Fátima Turano Presidente do Sinepe/NMG Gabriel Mario Rodrigues Presidente da ABMES Gelson Menegatti Filho Presidente do Sinepe/MT Hermes Ferreira Figueiredo Presidente do Semesp Ignez Vieira Cabral Presidente da Fenen Ivana de Siqueira Diretora da OEI em Brasília

Ivo Calado Asepepe Jacir J. Venturi Presidente do Sinepe/PR – Curitiba Jorge de Jesus Bernardo Presidente da Abrafi e do Semesg José Carlos Barbieri Presidente do Sinepe/NOPR José Carlos Rassier Secretário Nacional da ABM Krishnaaor Ávila Stréglio Presidente do Sinepe/GO Manoel Alves Presidente da Fundação Universa Marco Antônio de Souza Presidente do Sinepe/NPR Marcos Antônio Simi Presidente do Sinepe/Sul de Minas Maria da Gloria Paim Barcellos Presidente do Sinepe/MS Maria Nilene Badeca da Costa Presidente do Consed Miguel Luiz Detsi Neto Presidente do Sinepe/Sudeste/MG Natálio Dantas Presidente do Sinepe/BA Odésio de Souza Medeiros Presidente do Sinepe/PB Osvino Toillier Presidente do Sinepe/RS

Paulo Antonio Gomes Cardim Presidente da Anaceu Paulo Sérgio Machado Ribeiro Presidente do Sinepe/AM Pe. João Batista Lima Presidente do Sinepe/ES Suely Melo de Castro Menezes Vice-presidente do Sinepe/PA Victor Maurício Nótrica Presidente do Sinepe/Rio Pré-Impressão e Impressão Rona Editora – 31 3303-9999 Tiragem: 20.000 exemplares

As ideias expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, a opinião da Revista. Os artigos são colaborativos e podem ser reproduzidos, desde que a fonte seja citada.

Rua Felipe dos Santos, 825 - Conj. 305/306 - Lourdes - Belo Horizonte - MG - CEP: 30180-160 - Tel.: (31) 3281-1537 - www.linhadireta.com.br


capa

MÚLTIPLAS FORMAS DE PAGAMENTO, MUITO MAIS ALUNOS A

democratização da educação superior é uma meta que vem sendo defendida pelo governo federal nos últimos anos. O objetivo é colocar 10 milhões de estudantes em faculdades e universidades até 2020. Com cerca de 7 milhões de alunos nas Instituições de Ensino Superior (IES) atualmente, o mercado apresenta um horizonte atrativo para um futuro não muito distante. O cenário que se desenha é bastante promissor para as instituições particulares, que têm acompanhado um aumento gradativo no número de matrículas a cada ano que passa. Essa nova realidade se deve, em grande parte, ao estabelecimento do crédito universitário como possibilidade para estudantes que antes não podiam arcar com os custos de uma faculdade e ingressar no ensino superior. O financiamento educacional existe no Brasil desde meados da década de 1990, mas ganhou força apenas a partir de 2010, com a popularização dos programas do governo, principalmente Revista Linha Direta


Estudo revela que reunir diversas formas para pagamento de mensalidades faz a diferença na hora de captar novos estudantes no ensino superior

o Financiamento Estudantil (Fies), o que contribuiu também para a divulgação de programas privados de crédito universitário. Hoje, não existe nenhuma dúvida de que esse tipo de estratégia será o grande catalizador, responsável pelo aumento das matrículas daqui para a frente. Para atingir a meta do governo, de 10 milhões de alunos até 2020, é provável que cerca de 30% desse número tenha algum tipo de crédito financeiro. É, portanto, um grande mercado, cuja demanda a iniciativa pública não daria conta de suprir sozinha.

©Andres Rodriguez/PhotoXpress

Nessa direção, a Ideal Invest, gestora do crédito universitário PRAVALER, amplia seu escopo de atuação e passa a oferecer mais alternativas às universidades que querem captar novos alunos. Na prática, a empresa, líder no segmento, atrairá mais estudantes por meio de bolsas já oferecidas pelas próprias instituições de ensino e do Fies, além do próprio crédito universitário privado, tornanRevista Linha Direta


do-se uma espécie de consultora que irá direcionar o futuro universitário para a opção que melhor se ajuste à sua realidade. Pesquisa

©Monika 3 Steps Ahead/PhotoXpress

Recentemente, a Ideal Invest encomendou um estudo sobre as motivações que envolvem a escolha de um curso superior e sua forma de pagamento. Segundo Alfredo Motta, sócio-diretor da Namosca, agência de marketing responsável

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pela pesquisa, a iniciativa revela os pontos principais dessa nova rea­ lidade, que ganha força principalmente pela ascensão das classes C e D e pela valorização que a formação universitária alcançou contemporaneamente. Para Motta, nesse cenário, uma das melhores formas de entender os estudantes é por meio de estudos e pesquisas. “Assim, é possível saber realmente do que eles precisam para entrar e se

manter na universidade”, afirma, lembrando que, sem dúvida, uma dessas necessidades é ter à disposição diversas modalidades de pagamento. “Eles precisam enxergar um leque de opções, incluindo a iniciativa privada. A partir daí, caberá a eles a escolha da alternativa mais adequada, considerandose que hoje eles estão carentes de uma fonte de informação segura que os ajude a encontrar a melhor forma de pagamento para o curso desejado”, argumenta.


De acordo com o estudo, o financiamento estudantil colabora para diminuir o número de evasão de alunos, já que, com a ajuda do crédito, o estudante pode fazer o curso que realmente deseja, ao invés de simplesmente escolher um curso levando em conta o dispêndio financeiro que essa escolha acarretará. A pesquisa mostra ainda que pessoas das classes A e B também estão procurando outras formas de pagamento, incluindo o crédito universitário, para bancar cursos mais caros ou em instituições de maior prestígio. Nessa direção,

é importante que as IES saibam aproveitar da melhor maneira possível esse momento de crescimento do mercado. “Os profissionais da área precisam entender quem são essas pessoas que estão chegando às universidades, o que esperam delas, como elas vão pagar pelos seus estudos e o que as faz escolher por determinada carreira ou faculdade, dentre outras questões-chave”, analisa o pesquisador. Ainda de acordo com a pesquisa desenvolvida, é possível identificar que muitos alunos decidem estudar sem saber como vão pagar o curso. “Isso explica parte significativa das quebras nas matrículas”, diz Motta, ressaltando a importância de uma venda cuidadosa e confiável das formas de pagamento. Para finalizar, o diretor aponta um diferencial encontrado pela pesquisa: “Tendo crescido num ambiente digital, aquelas empresas que conseguirem reunir todas as soluções financeiras, ao mesmo tempo, de maneira prática, rápida e confiável, vão prosperar em cima de um dos principais traços dessa geração: o imediatismo.” A evolução do PRAVALER Em 2012, ficou comprovado o crescimento pelo qual passam as demandas por financiamento estudantil no País. O ano que pas-

sou se caracterizou pela contínua expansão do crédito universitário PRAVALER. O crescimento em 50% no número de novos alunos em 2012 permitiu à Ideal Invest alcançar a marca de 35 mil beneficiados desde o início de sua atuação com o PRAVALER, o que significa cerca de R$ 1 bilhão em cursos financiados durante seis anos de existência. Atualmente, cerca de 300 instituições de ensino, em todo o Brasil, possuem alunos que contam com o crédito universitário privado para viabilizar o pagamento das mensalidades. Mas, para continuar crescendo e se desenvolvendo, o PRAVALER busca ampliar seus negócios e oferecer todas as opções de pagamento. Antes, ele chegava ao aluno exclusivamente através do crédito universitário privado. Agora, passa a atingi-lo também através do Fies, de bolsas ou descontos que eventualmente a instituição ofereça, ou seja, o ­PRAVALER ampliou seu negócio para oferecer ao aluno todas as formas de pagamento, não se limitando ao crédito universitário privado. Com essas mudanças, a Ideal ­Invest, que tem entre o seu rol de parceiros o IFC (braço financeiro do Banco Mundial) e o Banco Itaú Unibanco, passa a ser a única companhia no Brasil que reúne, em um único local, todas as ofertas disponíveis no mercado.

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Para saber mais sobre esse novo escopo de atuação e sobre as perspectivas do mercado universitário, a Linha Direta entrevistou o diretor executivo da Ideal Invest, Carlos Furlan. Durante a entrevista ele fala, entre outras coisas, sobre o cenário atual da educação superior no Brasil e também conta quais são os planos futuros da Ideal Invest e do crédito universitário PRAVALER. Confira!

Como você avalia o alcance que o PRAVALER atingiu de 2006 para cá? Atualmente, temos parceria com cerca de 300 instituições de ensino espalhadas pelo Brasil. Sendo assim, já conseguimos alguma abrangência em âmbito nacional. Hoje, quando os interessados em ingressar em uma dessas instituições de ensino acessam nossa página na internet, encontram apenas uma forma de incentivo à sua entrada na faculdade, no caso, o crédito universitário privado (PRAVALER). A Ideal Invest se posiciona com um novo escopo de atuação, em que amplia seus negócios e passa a oferecer diversas formas de pagamento. Antes, chegávamos ao aluno exclusivamente através do crédito universitário privado. A partir de agora, passaremos a auxiliá-lo também através do financiamento público e de bolsas ou descontos que, eventualmente, a instituição ofereça, ou seja, ampliamos nosso negócio para oferecer ao estudante todas as formas de pagamento, deixando de limitá-lo ao crédito universitário privado. A partir dessas mudanças, as pessoas interessadas em ingressar no ensino superior poderão entrar no nosso site e encontrar um número muito maior de ofertas.

Divulgação

Existem dados sobre o número de pessoas que procuram informações no site? Carlos Furlan, diretor executivo da Ideal Invest

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Atualmente, nosso site tem cerca de 4,5 milhões de acessos por

ano, mesmo oferecendo “apenas” o crédito privado. São pessoas que estão procurando mais informações sobre como entrar na faculdade. A partir do momento em que começarmos a oferecer esses outros programas, esse número com certeza aumentará. Na medida em que lançarmos as parcerias que estamos firmando com outros portais que possuem assuntos ligados ao mundo universitário, esse número tem tudo para crescer ainda mais. O potencial de crescimento de atração e, principalmente, de conversão desses alunos em matrículas no ensino superior é muito considerável. É importante falar também sobre uma pesquisa que fizemos com os estudantes, que deixou clara a dificuldade que esses alunos têm em encontrar as melhores formas de pagamento para seus cursos. E é exatamente essa ajuda que pretendemos dar. Então o trabalho realizado por vocês é como se fosse uma assessoria? Temos conversado muito, feito pesquisas com os alunos, e eles têm usado bastante esse termo, assessoria. O estudante chega e diz que faculdade, curso e cidade o agradam, e nós explicamos quais as alternativas que ele tem, para não deixar ninguém que queira de fato entrar em uma instituição de ensino superior de fora disso. O atendimento é feito online e de forma direcionada, ou seja, se um potencial aluno nos disser que


quer estudar em uma determinada instituição, explicaremos todas as formas de pagamento existentes nessa mesma instituição. Estamos realizando algumas ações para melhoria dos nossos serviços, e uma das novidades está no nosso portal, onde oferecemos crédito para mais de 15 mil cursos. Pretendemos melhorar o site para que ele passe a ser uma referência em consulta e orientação sobre formas de pagamento, inclusive com o desenvolvimento de aplicativos, para que esse aluno tenha acesso ao conteúdo pelo celular, um dos desejos identificados em nossa pesquisa. Após entrar em nosso site, o estudante vai preencher a proposta online, como já faz atual­mente, e uma vez que ele nos indique as características do curso que pretende cursar, nós passaremos a realizar um processo para de fato matriculá-lo. Isso acontece por meio de ligações que serão feitas através da nossa central de atendimento, e também de informativos e lembretes de datas de vestibulares que enviaremos, para que o interessado fique atento a esses processos. Em suma, vamos “pegar esse aluno pela mão” do momento em que ele indicar que deseja entrar no ensino superior até o momento em que se matricular de fato em uma instituição. Temos uma divulgação própria do PRAVALER e a realizamos através de marketing online e de promotores espalhados pelo Brasil. Além disso, há as faculdades que já ado-

taram o crédito. O que é novo, a partir de agora, é que, com a reforma do nosso portal, passaremos a ter parcerias com sites geradores de conteúdos do interesse das faculdades, o que aumentará a procura e, aliado às múltiplas formas de pagamento, aumentará a conversão desses interessados em matriculados de fato. Esses novos programas são uma evolução do PRAVALER? Sem dúvida, trata-se de uma evolução do PRAVALER. Da mesma forma que, em 2006, fazíamos um trabalho de antecipação de recursos para as instituições de ensino, e na época lançamos o crédito universitário PRAVALER, percebendo que os alunos também demandavam algum suporte, hoje sentimos que esses estudantes precisam ser orientados sobre que tipo de pagamento é melhor para eles. Assim, o PRAVALER começará a prestar esse tipo de assessoria. Atuando há mais de dez anos exclusivamente no setor de educação, sempre procuramos nos moldar às necessidades de nossos clientes. Vocês estão montando estratégias para aumentar o número de estudantes que utilizam o financiamento? O fato de estarmos oferecendo ao aluno um número muito maior de possibilidades, de formas de pagamento, já é, por si só, algo que

aumentaria o número de estudantes. O segundo ponto será a maior divulgação dessas informações e a evolução do nosso portal, para que ele fique mais amigável e versátil para os alunos, e seja um ambiente onde o estudante encontre mais possibilidades de consulta sobre como pagar o curso de seu interesse. Em terceiro lugar, as parcerias que estamos fechando com canais de veiculação de informações de interesse universitário também irão potencializar a procura. O governo tem como meta colocar 10 milhões de alunos no ensino superior até 2020. Hoje, temos cerca de 7 milhões de alunos nas IES. Quando atingirmos a meta que o governo pretende, acreditamos que cerca de 30% desse número de alunos terão algum tipo de crédito financeiro. É, portanto, um grande mercado, que nem a iniciativa pública ou a privada dariam conta de suprir sozinhas. O financiamento faz com que a evasão diminua? Não há dúvidas disso. Não só pela questão financeira, mas também pelo fato de o financiamento ajudar o estudante a escolher o curso que realmente deseja, o que também faz com que os casos de evasão diminuam, além de haver um maior poder de compra do aluno, o que faz com que o ticket médio também cresça. É um efeito multiplicador para as instituições de ensino. 

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textura jurídica

Jackson Domenico*

Larissa F. Reinert**

Razões para sustentar a inconstitucionalidade do sistema de cotas A

existência desses grupos na população da Unidade da Federação onde está instalada a instituição, conforme o último censo do IBGE.

Dentre as questões dispostas pela norma, destaca-se, especialmente, a reserva de 50% de vagas das universidades federais para os estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. Metade dessas vagas será destinada a estudantes oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário mínimo per capita, bem como a candidatos autodeclarados pretos, pardos e indígenas, em proporção no mínimo igual à

No entanto, entende-se que a Lei possui pontos que suscitam discussão de cunho constitucional. A Carta Magna estabelece que o ensino público deverá respeitar os padrões de qualidade, bem como buscar melhorias na qualidade de ensino (arts. 206, VII, e 214, III). No mesmo sentido é a disposição da Lei n. 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –, que regulamentou os ditames constitucionais de forma generalizada e estabeleceu, dentre os princípios e fins da educação nacional, que o ensino garantirá o padrão de qualidade.

Lei n. 12.711/2012 instituiu sistema de cotas sociais e raciais nas instituições federais de ensino superior vinculadas ao MEC e nas instituições federais de ensino técnico e de nível médio.

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Ocorre que a própria Lei n. 12.711/2012 prescreve entendimento contrário à Constituição e às demais legislações regentes, na medida em que reconhece a inferioridade da aptidão intelectual dos alunos egressos do ensino público em relação àqueles oriundos da rede privada de ensino e, por tal razão, cria vantagens para aqueles no preenchimento das vagas oferecidas pelas instituições de ensino. Do mesmo modo, a Lei afronta o princípio constitucional da autonomia universitária (art. 207, CF), tendo em vista que a norma estabelece de forma taxativa e obrigatória qual será a proporção mínima de reserva de vagas nas universidades federais e nas instituições de ensino técnico e de nível médio.


©Levente Janos/PhotoXpress

No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3330, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que tal preceito restou atendido com a edição da lei que instituiu o Prouni, pelo fato de ser um programa de participação voluntária, sem qualquer ideia de vinculação forçada. Do mesmo modo, no Recurso Extraordinário (RE) 597285 e na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186, restou assentada a constitucionalidade do sistema de reserva de vagas instituído pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pela Universidade de Brasília (UnB), respectivamente. No entanto, o STF entendeu es-

tar preservado o princípio em questão exatamente pelo fato de os programas terem sido instituídos pelas próprias universidades, não havendo, portanto, qualquer interferência na sua autonomia didático-científica. Ocorre que a situação da Lei n. 12.711/2012 é distinta daquelas já enfrentadas pelo Judiciário brasileiro. Nesse caso, diferentemente do caráter facultativo dos programas anteriores, o cumprimento da Lei é obrigatório e imperativo. Ao julgar a ADPF 186 e o RE 597285, o STF entendeu que o índice de reserva de vagas adotado pelos sistemas de cotas da UnB, de 20%, e da UFRGS, de

30%, eram constitucionais sob o prisma da razoabilidade e da proporcionalidade. No entanto, o quantitativo de 50% de reserva de vagas extrapola sobremaneira o indicativo de razoabilidade ou proporcionalidade nos critérios adotados. Ressalte-se, ainda, a violação ao princípio da vedação ao retrocesso social, pois a imposição de reserva de vagas no quantitativo mínimo de 50% e a inclusão de alunos egressos do ensino público colidem fatalmente com o princípio do mínimo existencial (art. 3º, III, CF), bem como com os níveis de concretização da educação já conquistados, devido à sua redução/supressão pela norma. Revista Linha Direta


Assim é, pois os incisos I e II do art. 208 da Constituição Federal, a nosso ver, foram frontalmente violados, na medida em que a Lei n. 12.711/2012 diminui, aquém do mínimo existencial, o quantitativo de vagas destinadas aos cursos de ensino técnico de nível médio. Tal previsão normativa impossibilita sobremaneira o acesso daqueles que não se enquadram nos requisitos previstos na Lei à educação básica, conforme o disposto no art. 21, inciso I da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Ademais, a reserva de 50% das vagas existentes no ensino técnico de nível médio instituída pela Lei representa uma previsão normativa contrária ao dever do Estado de garantir a progressividade da universalização do ensino médio gratuito. Com efeito, o princípio da vedação ao retrocesso social tem Revista Linha Direta

por escopo a proteção ao núcleo essencial dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal, sendo que o amparo de tal preceito abarca o mínimo de essência [do direito fundamental] garantido constitucionalmente e objetiva evitar o esvaziamento de direitos pela ação do legislador. O STF já reconheceu expressamente que tal princípio impede a desconstituição das conquistas já alcançadas pelo cidadão ou pela formação social que ele vivencia. Com todas as vênias, a garantia do Estado de prestar educação gratuita a todos os que dela dependam, ou ainda, a quem de direito em virtude de disposição legal, restará fulminada pela inviabilização da plena fruição de tal direito fundamental. Isso porque a proporção de vagas existentes anteriormente

à vigência da Lei encontrava-se dentro dos padrões mínimos de educação nas instituições de ensino técnico de nível médio. Levando-se em consideração os apontamentos expostos, necessária se faz a análise da constitucionalidade da Lei n. 12.711/2012.  *CEO da Domenico Advogados Associados, advogado da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), conselheiro da OAB/DF e especialista em Direito Público jackson@domenicoadvogados.com.br **Advogada coordenadora do escritório Domenico Advogados Associados. Ex-orientadora de Prática Jurídica do UniCEUB. Especialista em Ciências Jurídicas, Direito Civil e Processo Civil. Pós-graduanda em Direito Tributário larissa@domenicoadvogados.com.br


intertexto

©Helder Almeida/PhotoXpress

Grandes U educadores, grandes líderes, grandes negócios!

m dos grandes “mitos” em educação é que os educadores não podem cuidar das atividades-meio e devem se fixar exclusivamente nas questões acadêmicas e naquelas relacionadas aos padrões de qualidade.

Carlos A. Monteiro* Revista Linha Direta

De acordo com essa visão, questões como estrutura e redução de custos, preços e descontos, posicionamento estratégico, lucro ou superávit, diferenciais competitivos, o curso como produto ampliado e o aluno como cliente seriam menos "nobres" que aquelas vinculadas apenas à atividade-fim.


Vivendo situações como essa, muitas Instituições de Ensino Superior (IES) acabam perdendo competitividade e colocando em risco a própria sustentabilidade. Muitos imaginaram que a “profissionalização” da gestão significasse apenas contratar especialistas para tratar das atividades ditas de suporte, para que os educadores se dedicassem apenas a “educar”. A experiência nos mostrou o quanto de enganos aconteceu.

último, que começa a analisar mais detalhadamente as fusões e aquisições do setor. Muito já se falou sobre esse assunto. Eu mesmo já fui chamado a opinar diversas vezes sobre o tema. Como fica a concorrência? E a questão da qualidade? E os interesses dos alunos? Muitas discussões ainda estão por vir. É um tema realmente apaixonante.

... não poderia deixar de prestar minhas homenagens e reconhecer os grandes méritos desse grupo de professores, que antes de tudo são sonhadores... No final de abril, o mercado educacional foi surpreendido pela notícia da formação de um “gigante” mundial, fruto da fusão entre a Kroton e a Anhanguera. O maior negócio global em educação, com um milhão de alunos e valor de mercado superior a 12 bilhões, pode ser pensado em termos de ganhos de sinergia e complementariedade, bem como no nível dos estragos que fará na concorrência. Além disso, mexe com o orgulho nacional ao se tornar a maior empresa do mundo nesse segmento. Sem dúvida, esse é o assunto do momento, não só no cenário educacional, mas também na área econômica. O Ministério da Educação, o Conselho Nacional de Educação, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, todos eles deverão se manifestar sobre essa megatransação, sobretudo este Revista Linha Direta

Mas o motivo principal desta coluna é a homenagem e o reconhecimento do mérito. Quero homenagear alguns educadores visionários que permitiram que esse negócio acontecesse, graças à sua visão de futuro e ao seu “sonhar grande” e “pensar fora da caixa”. Como não homenagear o professor Gabriel Mario Rodrigues, fundador da atual Universidade Anhembi Morumbi, ou o professor Walfrido Mares Guia, fundador do Grupo Pitágoras, ou o professor Antonio Carbonari, idealizador do Grupo Anhanguera, ou o professor Altamiro Belo Galindo, fundador do Grupo Iuni, ou ainda o professor Marco Antônio Laffanchi, fundador da Unopar? Todos eles brilhantes professores, líderes visionários e, principalmente, executivos que perceberam que a união faz a força e que conseguiram transformar seus

negócios individuais em um meganegócio, em que todos cederam em benefício de algo maior, mais poderoso, e conseguem agora imaginar sonhos mais grandiosos. Por quê? “Sonhos que sonhamos juntos podem mudar o mundo.” Uma palavra especial para o jovem professor Rodrigo Galindo, que, em sua curta carreira de executivo, já foi CEO do Grupo Iuni, CEO do Grupo Kroton e será o CEO do novo grupo que acaba de ser criado. Competência e conhecimento da educação o fizeram realmente a grande estrela do setor. Convivi com quase todos eles por muito tempo e conheço a trajetória de sucesso de cada um; no momento da realização do Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular, não poderia deixar de prestar minhas homenagens e reconhecer os grandes méritos desse grupo de professores, que antes de tudo são sonhadores, idealistas, incansáveis e dignos de todo aplauso. Espero, por fim, que esses exemplos encontrem seguidores e, assim, possamos ver o ensino superior privado no lugar que merece na sociedade brasileira.  *Advogado, administrador e soció­ logo, com aperfeiçoamento em Planejamento e Gestão Universitária pela Michigan University, MBA em Marketing e especialização em Administração Estratégica. Fundador e presidente da CM Consultoria. Coautor do livro Planejamento estratégico para instituições de ensino www.cmconsultoria.com.br


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estudo A avalanche está chegando, publicado pela Pearson em março deste ano, deixa bem claro que os próximos 50 anos serão marcados por grandes oportunidades para instituições de ensino superior. Entretanto, o estudo também alerta para a necessidade de agirmos com ousadia e urgência diante das mudanças que estão ocorrendo, em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil. Em razão da rápida expansão da tecnologia e do acelerado processo de globalização da economia, passaremos a ver cada vez mais ofertas de universidades estrangeiras em solo nacional, seja por meio dos recentes Cursos Online Abertos e Massivos (do inglês Massive Open Online Courses - MOOCs), seja por proRevista Linha Direta

gramas formais de ensino a distância, ou ainda por meio dos tradicionais programas de intercâmbio. Por enquanto, a barreira é o idioma. Mas existe uma tendência clara de crescimento do bilinguismo no Brasil, algo que já é comum em outros grandes países emergentes, como China e México. Realizar parcerias com empresas educacionais globais está entre os caminhos possíveis para a internacionalização de nossos programas. Garantir empregabilidade a nossos alunos também é um grande desafio. Segundo o estudo, 45% dos empregadores têm muita dificuldade de encontrar pessoas qualificadas para contratação. Esse fenômeno estaria levando empregadores a valorizar mais a experiência profissional do

que um diploma universitário. A criação de centros de empregabilidade, bem como o desenvolvimento de atitudes empreendedoras em nossos alunos, independentemente do curso, também podem ser bons caminhos para melhorar os índices de emprego entre os graduados. São muitos os desafios apontados pelo estudo, mas também são inúmeras as oportunidades. Entretanto, é preciso mudar a maneira como enxergamos o ensino superior brasileiro. Não estamos mais isolados do mundo. A tecnologia abriu o mercado para outros players, mas também nos aproximou de outros mercados. O caminho é longo. Aqueles que conseguirem evitar a avalanche terão uma prazerosa subida rumo ao cume. Leia mais sobre An avalanche is coming: higher education and the revolution ahead no site www. pearson.com/avalanche.  *Diretor para Ensino Superior e Idiomas da Pearson Brasil. Possui 17 anos de experiência em Marketing e Gestão de Negócios, com atuação em empresas multinacionais. Com MBA em Gestão Empresarial, é graduado em Marketing e realizou cursos de extensão em Londres/Inglaterra www.pearson.com.br


hipertexto

MÉTRICAS DE Andreia Naomi

E

m entrevista exclusiva à Linha Direta, após palestra no GEduc 2013, o diretor de Marketing da Pearson, Henrique Tichauer, fala da importância da mensuração de resultados para o crescimento das instituições. Confira! Como as instituições de ensino podem avaliar se o investimento em marketing está adequado? “O que não pode ser medido não pode ser gerenciado.” Essa frase, cunhada por Robert Kaplan e ­David Norton em 1996, ganha cada vez mais relevância em tempos em que os desafios na manutenção e no crescimento das instituições de ensino são inversamente proporcionais aos recursos destinados ao marketing. É praxe a crença de que temos de investir alguma coisa em marketing e comunicação e, não raramente, nos encontramos diante de alguns dilemas: estamos aportando o volume correto de recursos? Quais são os resultados obtidos com essas iniciativas? A gênese da solução dessas indagações está na mensuração, e não somente do valor investido, que é a parte mais fácil, e sim dos resultados obtidos. Por que algumas instituições ainda não realizam essa mensuração de resultados?

Henrique Tichauer, diretor de Marketing da Pearson Revista Linha Direta

Parece óbvio, mas, em estudo realizado com mais de 2 mil empresas nos EUA, 51% delas desconhecem as métricas de marketing e 41% não as levam suficientemente a sério.


MARKETING Os motivos para a não adoção de métricas de marketing têm suas origens em algumas percepções ou receios, tais como: a complexidade e dificuldade de usar; o fato de elas não resolverem os problemas do negócio, além de serem muitas e não se saber por onde começar; a ausência de dados e recursos para coletá-las; e a falta de tempo para esse tipo de trabalho. As respostas a essas barreiras passam pela adoção de métricas simples, que façam sentido para o negócio e sejam de fácil entendimento para todos. Como iniciar esse processo de identificação das métricas? Ter claramente formulado o desafio da instituição e optar por algumas metas é melhor do que não ter nenhuma. Não se prender a precisões e usar intuições, percepções e experiências pode ser um bom começo, e tudo isso sempre pode ser substituído por dados mais acurados no futuro. Assim, é possível fazer com que a coleta de dados passe a ser uma rotina do negócio. Quais os diferenciais das métricas de marketing? Ao contrário das metas financeiras (faturamento, ticket médio, rentabilidade etc.), que só olham para fatos consumados, as métricas de marketing têm o poder de prever resultados futuros. Tomemos como exemplo o grau de satisfação de alunos e pais na educação básica. Se tivermos a frequente mensura-

ção desse termômetro, podemos antever, com base no seu histórico, o número de rematrículas ou indicações que teremos no próximo ciclo educacional. Melhor ainda, temos como agir e corrigir eventuais­ procedimentos ou atitudes que estejam levando à insatisfação dos nossos clientes. Portanto, nossa ação, focada nos clientes insatisfeitos, independente do grau de insatisfação, pode ser medida não só em tempo e recursos, mas também na variação do percentual desse grupo sobre o total de clientes. Com a mensuração, é possível identificar a importância da retenção de alunos? Em instituições já estabelecidas, o número de alunos matriculados tende a ser maior do que o de novos alunos do próximo ciclo. Portanto, se avaliarmos o investimento per capita para manter um aluno na instituição versus o investimento para trazer um novo aluno, fica claro que é mais rentável manter um aluno. Dessa forma, se a taxa de retenção de um curso de cinco anos passar de 75% para 80%, teremos, em média, ampliada a permanência dos alunos por mais um ano. Dado que o custo para manter esse aluno é muito menor do que o custo de atrair um novo aluno para repor uma evasão, o valor vitalício desse aluno cresce de forma exponencial. Aqui, entende-se por valor vitalício de um aluno todo o lucro, receita menos despesa, que esse aluno gera enquanto está na instituição, trazido a valor presente,

descontada a correção inflacionária do período. Como podemos saber, de forma fácil, se estamos no caminho certo? A métrica mais fácil que pode ser mensurada é viabilizada através da seguinte pergunta: Qual é a probabilidade de você (cliente) vir a recomendar nossa instituição a um amigo ou colega? Plotando as respostas em uma escala de 0 a 10 e contando quantas incidências existem em cada nível da escala, descobriríamos o valor líquido de promotores ao subtrair o total de respostas 9 e 10 (promotores) do total das respostas 0 a 6 (detratores). Quem está satisfeito e recomenda uma instituição usa de sua credibilidade pessoal e, assim, se torna seu promotor. Essa simples pergunta como métrica é um forte indicativo da tendência futura de crescimento ou não de uma instituição. Então as métricas são uma solução? Métricas só têm sentido se sabemos aonde queremos chegar; caso contrário, qualquer caminho serve. Quando tivermos claro aonde queremos chegar, precisaremos determinar um prazo, uma vez que meta sem prazo é sonho. Nos tempos de hoje, com a concorrência que enfrentamos no mercado, a fase de sonhos acabou e, se não acordarmos, perderemos a grande oportunidade de nos perpetuar como uma instituição de referência e excelência na educação.  Revista Linha Direta


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Ganho de experiências Secretária de Educação de BH fala sobre sua carreira e seus novos desafios

E

xpandir o diálogo entre os setores público e privado da educação é um importante passo para a melhoria do ensino no Brasil. Dar poder para que pessoas experientes e comprometidas com essa melhoria participem desse processo também é algo essencial. Sueli Maria Baliza Dias é, sem dúvida, uma dessas pessoas. Ela, que foi recentemente empossada como secretária Municipal de Educação de Belo Horizonte, possui uma longa história atrelada ao universo educacional e é a prova viva dos bons frutos que unir o público e o privado podem trazer para a qualificação do ensino. Sueli, que já foi reitora de uma instituição particular de ensino superior, conta que sempre trabalhou em conjunto com a prefeitura de Belo Horizonte/MG em projetos de extensão, trabalhos esses que acabaram por fazer com que ela fosse chamada a assumir a Secretaria. A carreira de Sueli é extensa e premiada. Recebeu o título de Cidadã Honorária de Belo Horizonte e foi agraciada com várias medalhas e prêmios em reconhecimento aos trabalhos prestados na área da educação. Trabalhou ainda como Revista Linha Direta

voluntária em vários órgãos, como o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep/MG) e a Federação Mineira de Fundações e Associações de Direito Privado (Fundamig). Em entrevista exclusiva à Linha Direta, durante o XII Encontro Mineiro de Educação, realizado pelo Sinep/MG no Hotel Tauá, em abril, Sueli fala um pouco sobre sua história como educadora, além de tocar em pontos como os projetos atuais e futuros da Secretaria Municipal de Educação e a importância do casamento entre ensino público e privado. Confira! Conte-nos um pouco de sua história como educadora e sobre o convite para ser secretária. Tenho uma trajetória de quase 30 anos na área da educação. Trabalhei em várias escolas de ensino superior, embora meu início de carreira docente tenha sido na escola fundamental. No ensino superior, cheguei a ser reitora de uma instituição de Belo Horizonte durante sete anos, e acabei trabalhando em muitos projetos em parceria com a prefeitura da cidade, como o da Escola Integrada, por exemplo. Como reitora, sem-

pre apoiei projetos de extensão. Fora de instituições de ensino, fiz parte da fundação do Movimento Conspiração Mineira pela Educação. Fui responsável pelo comitê de comunicação e uma das idealizadoras da governança do projeto, trabalhando em prol do ensino público. Também estive à frente da presidência da Fundamig por um bom tempo. Então, esse é o arcabouço do meu trabalho, no caso, o ensino privado apoiando o ensino público. Acredito que foi a partir daí que o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, conheceu meu trabalho e entendeu que meu nome seria adequado para assumir a Secretaria. Fiquei muito honrada com o convite. Quais são suas primeiras impressões sobre seu novo cargo? É um início de trabalho, mas posso dizer que a Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte é um lugar especial, em que pessoas de bem trabalham em prol de um futuro para o País. O trabalho é muito bem estruturado. Encontrei uma equipe dinâmica e sincronizada, trabalhando pela educação. E é um batalhão de


Lucas Ávila

rar nossos índices. Hoje, estamos acima das metas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e do Programa de Avaliação da Alfabetização (Proalfa) e trabalhamos para que os nossos pequenos cidadãos tenham a educação que merecem. Você acredita que seria interessante acompanhar o trabalho de outras Secretarias para levar para BH o que deu certo em outros lugares, ou até levar o que é feito em BH para fora?

A secretária Municipal de Educação de Belo Horizonte falou durante a abertura do XII Encontro Mineiro de Educação

pessoas, pois são 12 mil professores, 200 mil alunos, 189 escolas de ensino fundamental e 68 de ensino infantil, além das creches conveniadas. Precisamos congregar uma série de ações para tornar possível atender a todas as pessoas ligadas. É uma responsabilidade muito grande, pois temos um orçamento determinado por lei, que representa 30% da receita do município, então é uma grande responsabilidade assumida, mas que não é assumida sozinha. Existem muitas pessoas capacitadas por trás de tudo isso. Cerca de 90% dos que lá estão possuem experiên­cia na área, e são conhecedores dos processos e dificuldades que existem. São pessoas inteiradas da situação da Secretaria. Nossa intenção é concretizar os projetos que lá estão e avançar naquilo que está sendo proposto. Revista Linha Direta

Quais são os principais projetos da Secretaria, hoje? Somos responsáveis por três dos 40 projetos do governo. Esses projetos são relativos à educação infantil, à escola integrada e à melhoria da qualidade da educação. Esses são os três projetos aos quais estamos dando maior atenção, no momento. Pretendemos universalizar o ensino infantil, incluindo as crianças de 4 e 5 anos, e ampliar a quantidade de crianças com acesso à escola. Isso já está sendo muito trabalhado. Este ano, inauguraremos aproximadamente mais 15 Unidades Municipais de Educação Infantil (Umeis), o que é muita coisa para o avanço desse projeto. Pretendemos também aumentar o tempo em que as crianças participam da escola integrada e o número de crianças atendidas. É nosso objetivo melho-

Atualmente, Minas Gerais é um modelo a ser seguido no que diz respeito à educação pública e privada. O Estado hoje puxa essa corrente de bons exemplos. Então, estamos atentos não só ao que é feito no Brasil, mas também no mundo, até para compararmos com o que realizamos. Eu ainda não tive tempo de sair para conhecer outros projetos, pois ainda estou tomando conhecimento de nossos processos internos, equipes e projetos. Mas conhecer o novo é algo que precisamos fazer sempre. Acredito que a base do meu trabalho sempre foi conhecer o que os outros fazem de bom para pautar meu próprio trabalho. Qual a importância de os setores público e privado de ensino dialogarem em prol da melhoria da educação? Nosso projeto no ensino público tem uma relação próxima com o privado. Somos parceiros que trabalham em prol da educação. Somos as faces diferentes da mesma moeda, trabalhamos todos pela mesma educação. O fato de eu estar na educação pública, egressa da educação privada, não é nada alarmante, pois batalhamos por essa mesma educação. 


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