O Projeto Rosie

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O Subprojeto da Coleta de DNA em Massa estava se desenrolando de modo satisfatório, e eu estava lendo o livro de coquetéis na velocidade desejada. Ao contrário da crença popular, o álcool não destrói os neurônios. Enquanto me preparava para ir deitar, senti um forte desejo de ligar para Rosie e relatar meu progresso. É lógico que isso não era necessário. É um desperdício de esforço relatar que um projeto está andando de acordo com o planejado, pois essa deveria ser a suposição padrão. A racionalidade prevaleceu. Justo. Rosie e eu nos encontramos para um café vinte e oito minutos antes da reunião. Ao meu diploma suma cum laude e meu Ph.D., podia agora acrescentar um certificado de Serviço Responsável de Bebidas. O exame não tinha sido difícil. Rosie já estava de uniforme e trouxe um equivalente masculino para mim. — Eu o apanhei com antecedência e o lavei — disse. — Não queria nenhuma exibição de caratê. Ela estava obviamente se referindo ao Incidente do Esporte Fino, embora a arte marcial ali empregada tenha sido o aikido. Eu havia feito preparativos cuidadosos para a coleta do DNA: sacos ziplock, lenços de papel e etiquetas adesivas com os nomes das pessoas da festa de formatura impressos. Rosie insistiu em que não precisávamos coletar amostras de quem tinha faltado à festa, portanto risquei esses nomes. Ela pareceu surpresa por eu ter decorado todos, mas eu estava decidido a não cometer erros por falta de conhecimentos. A reunião seria em um clube de golfe, o que a mim parecia estranho, mas logo descobri que o lugar era usado mais para comer e beber do que para incentivar a prática do esporte. Também descobri que éramos superqualificados. Havia pessoas responsáveis pelo preparo dos coquetéis. Nosso trabalho era apenas anotar os pedidos, entregar as bebidas e, mais importante, coletar os copos vazios. As horas que passei desenvolvendo minhas habilidades coqueteleiras pelo visto tinham sido em vão. Os convidados começaram a chegar, e recebi uma bandeja de drinques para servi-los. Imediatamente percebi um problema: ninguém estava de crachá! Como iríamos identificar nossas fontes de DNA? Dei um jeito de encontrar Rosie, que também havia percebido o problema, mas já tinha uma solução, com base em seus conhecimentos sobre condutas sociais. — É só cumprimentar: “Oi, me chamo Don e vou servir o senhor esta noite, doutor...” — Ela demonstrou como passar a impressão de que a frase estava incompleta, incitando o convidado a me dizer seu nome. O mais extraordinário é que isso funcionou 72,5 por cento das vezes. Percebi que eu precisava fazer o mesmo com as mulheres, para não ser considerado machista. Eamonn Hughes e Peter Enticott, os candidatos que havíamos eliminado, chegaram. Como amigo da família, Eamonn devia saber da profissão de Rosie, e ela explicou que eu trabalhava à noite para suplementar minha renda acadêmica.


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