{centro cultural sacomã} │ tfg de arquitetura e urbanismo - 2019 - sp

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c e n t r o c u l t u r a l s a c o m ĂŁ

letĂ­cia monteiro dealis

}



FIAM FAAM CENTRO UNIVERSITÁRIO

LETÍCIA MONTEIRO DEALIS

{centro cultural sacomã}

SÃO PAULO 2019



FIAM FAAM CENTRO UNIVERSITÁRIO

LETÍCIA MONTEIRO DEALIS

{centro cultural sacomã}

Monografia apresentada à banca examinadora do Centro Universitário FIAM-FAAM, como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação do Professor André Ventura.

SÃO PAULO 2019


AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABAHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

DEALIS, Letícia Monteiro Centro Cultural Sacomã / Letícia Monteiro Dealis - São Paulo, 2019. 97 páginas. Notas: 1. TFG 2. Centro Cultural 3. Sacomã


LETÍCIA MONTEIRO DEALIS

{centro cultural sacomã} Prof.(a). _________________________ ANDRÉ VENTURA FIAM-FAAM ORIENTADOR

Trabalho final de graduação do curso de Arquitetura e

Prof.(a). _________________________ BRAZ CASAGRANDE

Urbanismo sob a orientação do professor André Ventura.

FIAM-FAAM CONVIDADO

Defendido e aprovado em 13 de dezembro de 2019, pela banca examinadora, constituída pelos professores:

Prof.(a). _________________________ ROBERTO SAKAMOTO

CONVIDADO

SÃO PAULO 2019



“É necessário encontrar o equilíbrio certo entre

o controle da experiência espacial e uma liberdade para permitir que as coisas aconteçam.” Alvaro Siza


{

a g r a d e c i m e n t o s

}


Gratidão por todos que me apoiaram e que depositaram

em mim confiança para chegar nessa fase, em especial meus pais e família, e principalmente minha mãe Kelly Monteiro, por todo apoio, por todo “eu acredito no seu potencial”, o famoso “9,5 não é 10” que me fizeram dar o meu melhor em toda essa jornada de graduação.

Aos meus queridos amigos, que se tornaram família,

Leonardo Janeiro, Kathelyn Dias, Vanessa Vaitkevicius, Marcelle Angeleli, João Augusto, Juliana Furlanetto e todos outros que participaram da minha jornada acadêmica; por compartilharem conhecimento, experiências, momentos únicos. Vocês são pra vida!

À aqueles que não estavam diariamente mas de longe se

fizeram presentes, João Paulo, Thaís, Bruna, Fernanda, André, Giuli, Gabriel, Dudu - rumão venceu!

Grata à todos vocês, professores e mestres, que fizeram

parte da minha vida acadêmica, que somaram todo tipo de conhecimento que hoje eu possuo. Sem essa base, hoje eu não chegaria onde cheguei.

Por último e não menos importante, gratidão pelo meu

professor e orientador André Ventura incrível, que apesar da pressão, dos seus poemas pavorosos; você fez com que todos nós, seus orientandos, colocassemos nosso melhor em cada detalhe desse projeto e foi o que o tornou único e especial.


{

s u m รก r i o

}


INTRODUÇÃO 15

{cap. 01}

A EVOLUÇÃO DOS ESPAÇOS CULTURAIS 17 1.1 SP│ │- BR 19

{cap. 02}

CENTRALIDADES 23 2.1 DISTRITO: IPIRANGA 32 2.2 ANÁLISE DO TERRITÓRIO 35 2.3 ANÁLISE ENTORNO IMEDIATO 38 2.4 LEGISLAÇÃO URBANA 43

{cap. 03}

CENTRO CULTURAL SACOMÃ 49 3.1 PARTIDO ARQUITETÔNICO 50 3.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES 55 3.3 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 64 REFERÊNCIAS WEBGRÁFICAS 65

{cap. 4 - centro cultural sacomã} PEÇAS GRÁFICAS 67


{

i n t r o d u รง รฃ o

}


O principal objetivo deste trabalho final de graduação

que permitam maior movimentação para essas áreas.

é ressaltar a importância dos equipamentos de lazer e cultura

para uma cidade e como eles afetam o indivíduo, trazendo

no capítulo 01, e com a compreensão desses dados,

mudanças do micro para o macro.

identificou-se a carência de espaços de lazer e cultura para

A escolha do local para realização do Centro Cultural

uma população crescente, próximos de comunidades que

Sacomã foi baseada principalmente nas centralidades e nos

clamam por atividades culturais, motivando a criação de

eixos de conexão de fácil acesso – próximos a estações de

programas visando essas necessidades que ocorrem não só

metrô, terminais de ônibus e vias de grandes acessos.

neste lugar, mas como em diversas outras partes da cidade.

Com isso, o terreno escolhido fica na região do Sacomã,

Após análises, levantamentos e estudos apresentados

Compreende-se que a implantação de um equipamento

próximo aos eixos viários e de transporte – linha 2 verde do

gerador de cultura e atividades é um agente estimulador para

metrô; Terminal Sacomã – em uma área de estruturação

o melhor desenvolvimento social e interpessoal, trazendo

urbana, ou seja, com grande potencial para equipamentos

melhorias tanto para uma cidade, quanto para um indivíduo.

página │ 15



{

a evo l u รง รฃ o d o s e s p a รงo s c ul t u ra i s

1

}


Entendemos por cultura tudo aquilo que está

Eles evoluíram com o tempo, efetivamente, após a

relacionado com nossas histórias e vivências, nossas crenças

construção do Centro Georges Pompidou, de Renzo Piano e

e tradições; logo, cultura é um conjunto de conhecimento

Richard Rogers (1971), o primeiro exemplo de centro cultural

que é presente em um determinado local.

que alavanca a ideia do equipamento, e se estende aos

formatos que existem atualmente. Contempla áreas culturais,

Quando colocadas duas culturas diferentes juntas,

quebram-se

pré-conceitos,

sem especificamente uma regra de programa – quebrando

estabelecendo novas vivências, uma troca de informações

os padrões existentes; além disso, com a criação das áreas

necessárias para convivência do ser humano com o outro. “O

de convivência, permite que seja um local de discussão,

termo cultura carrega a ideia de diversidade e pluralidade”

expressão e de troca de conhecimento (MILANESI, 1997, p.

(BELING, 2005 p. 82).

13).

barreiras

construídas

de

Milanesi (1997) disserta que os primeiros edifícios

relacionados à cultura que surgiram foram as bibliotecas, como forma de guardar os conhecimentos adquiridos na época. Posteriormente, com o surgimento das universidades, o avanço do conhecimento passa a ser maior e de posse mais ampla. E é somente após a revolução industrial que o significado de cultura se altera, principalmente pela questão da alienação, da criação do rádio e da televisão.

Os centros culturais surgem dessas necessidades

de lazer, educação, de assegurar o direito de se expressar, a comunicação e a mudança. Não são, portanto, apenas edifícios monumentais, mas sim, aquilo que transforma e intensifica a qualidade de vida dos usuários. {centro cultural sacomã}

FIGURA 01 – ÁREA DE CONVIVÊNCIA – CENTRO POMPIDOU. Fonte: Google Imagens.


1.1 SP-BR

No Brasil, segundo Teixeira Coelho (1896, p. 35), é apenas

na década de 80 que os primeiros Centros Culturais surgem, entre eles o Centro Cultural Vergueiro.

Em 1973, de acordo com a Secretaria de Cultura de

São Paulo, a administração pública apresentou o projeto

projeto para um centro cultural multidisciplinar nos moldes do Centro Pompidou, inaugurado em 1977, e deu origem ao atual Centro Cultural São Paulo.

Para Cardoso e Nogueira: O entendimento da cultura como processo

Vergueiro, com o intuito de promover a urbanização local,

se fazendo no cotidiano da existência dos

com a construção de um complexo de hotéis, escritórios,

homens juntamente com a percepção da

um shopping e uma biblioteca pública. Do projeto como um

explosão informacional da contemporaneidade,

todo, somente a biblioteca continuou como objeto de projeto, e em 1975 EMURB (Empresa Municipal de Urbanismo) lança

impulsionou a criação de inúmeros centros de cultura por todo o mundo. Originando-se em coleções bibliográficas, tais centros buscam

uma concorrência pública com o intuito de criar um marco

responder às exigências da sociedade atual: as

para o fim da ditadura, e idealizou-se um projeto que pudesse

bibliotecas modernas ultrapassam seus objetivos

proporcionar e significar a liberdade. Eurico Prado Lopes

e acervos tradicionais ligados à leitura da palavra

venceu a concorrência; no entanto, ao mudarem as gestões, o então prefeito sugeriu a mudança da biblioteca proposta em

impressa e se projetam em direção às formas mais diversas de interpretação e representação do mundo. (CARDOSO E NOGUEIRA, 1994, p. 205)

página │ 19


As ideias de cultura e dos espaços são comparadas,

por Milanesi (1997, p.15), ao dizer que a consequência dos hospitais, tem como princípio as doenças, as dores e a morte. Paralelamente, entende-se que um centro cultural vem da procura por espaços com atividades de lazer, áreas de discussão e troca de informação e de acesso livre ao público.

Pode-se dizer que “hoje qualquer hall de banco é

considerado espaço cultural [...] e o lazer está espalhado pela cidade em múltiplas alternativas [...]” (CENNI, 1991, p. 148). FIGURA 02 – PERSPECTIVA CENTRO CULTURAL SP X URBANO. Fonte: ArchDaily.

O diferencial desses espaços, para Coelho (1986, p.

102), está na proposta de oferecer ambientes que apresentem a cultura viva se opondo a cultura de massa, focada apenas no individualismo da indústria de lazer, por consequência: a cultura do consumo.

Principalmente em países de desigualdades sociais,

o poder que os equipamentos culturais alcançam é de transformar uma população. (BELING, 2001, p.83).

Em contrapartida, Beling ainda afirma que as políticas

públicas brasileiras colocam o incentivo à cultura como fator FIGURA 03 – ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA E ESTUDOS CENTRO CULTURAL SP. Fonte: Folha de São Paulo.

{centro cultural sacomã}

secundário, algo supérfluo, que está conectado principalmente às áreas de desenvolvimento de turismo, relações internacionais.


Dos espaços de cultura existentes, percebeu-se que

Todas as tipologias apresentadas por Teixeira Coelho

são apresentados em três tipologias – informais – diferentes,

são parte de um conceito para disseminar a informação,

de acordo com Coelho (1986, p. 37). O espaço cultural

seja em menor ou maior escala, seja ele privado ou público.

é um dos tipos que é mantido pela iniciativa privada que

No entanto, para Milanesi (1997, p. 196) “[...] é um equívoco

apresenta uma gama bem reduzida de atividades e um

imaginar que o desenvolvimento se fará sem o controle da

acervo quase inexistente. A expressão casa de cultura

informação localizável e de fácil acesso.”.

tem um caráter mais inclusivo, um centro cultural em

tamanho menor, localizado, em sua maioria, nas periferias

transformadores; mudanças que ocorrem de dentro pra

e, normalmente assumem uma modalidade específica,

fora, da pessoa para a cidade, criando memórias sejam elas

como poesia, teatro, música etc., que é diferente de um

pessoais ou coletivas.

centro cultural, espaço este que abriga um conjunto

de atividades permanentes, geralmente mantidas pelo poder

do conhecimento, e este satisfeito poderá suscitar outros,

público, e de grande porte, com intuito de oferecer um leque

torna-se fundamental que o abastecimento seja contínuo.”

de atividades maior para os usuários.

(MILANESI, 1997, p. 169).

Como

dito

anteriormente,

esses

espaços

são

“[...] Se a ação cultural cria a inquietação e o desejo

página │ 21



{

}

2

c e n t r a l i d a d e s




As cidades são sempre notadas por seus centros com

região, – figura 05 – onde há concentração dos equipamentos

uma diversificação de equipamentos para a população, de fácil

culturais.

acesso, provida por comércio e serviços.

Ao destrinchar essas cidades em municípios e/ou

esse tipo de serviço não se apresentar com mais força nas

distritos percebe-se que os centros – dos distritos – nem

regiões periféricas, visto que, o acesso e a logística para esses

sempre são equipados com todos esses serviços culturais.

locais são mais difíceis,.

Isso nos faz questionar sobre o porquê dessa oferta por

O centro constitui-se por meio de um processo de

Essa dinâmica instalou em São Paulo um

concentração de atividades de comercialização

paradoxo urbano: enquanto áreas equipadas

de bens e serviços, de gestão pública e privada,

com infraestrutura e transporte de massa se

de lazer e de valores materiais e simbólicos em

encontram

uma área da cidade. (SPOSITO, 2004).

populacional, são abertos, indiscriminadamente,

Ao analisar o território do município de São Paulo, – figura

04 – percebemos que os equipamentos estão em quantidades

em

processo

de

esvaziamento

novos e distantes setores de expansão urbana.” (MEYER, 2010, p. 47).

menores e mais distantes entre si em comparação ao miolo da {centro cultural sacomã}


Em contrapartida, são regiões que possuem a

significado simbólico, o solo mais escasso e a

potencialidade para a centralidade, por possuírem as

melhor acessibilidade. (HASSENPFLUG, 2007).

características de centro. [...] refere à cidade como lugar de centralidade

Como mostra o mapa a seguir – figura 04 – a oferta

cultural. As cidades são cidades porque – e

dos modais e transporte comparado aos serviços de cultura

quando – elas têm um centro (ou mais centros,

são extremamente focados nas regiões centrais, fazendo

por exemplo, uma hierarquia de centro principal,

com que toda população das extremidades da cidade tenha

subcentros e centros de vizinhança). Os centros

dificuldade em se locomover para esses equipamentos.

têm grande importância no provimento da

Os espaços culturais quase sempre estão

forma urbana e de sua coerência. Eles tornam

localizados nos centros das cidades, em locais

as cidades distintas e legíveis. [...] o centro

de fácil acesso. No entanto, o homem periférico

urbano é em princípio, o lugar com o maior

não é atraído por ele. (MILANESI, 1997, p. 164).

página │ 27


{centro cultural sacomã}

FIGURA 05 – RECORTE DA ÁREA CENTRAL E OS EQUIPAMENTOS CULTURAIS. Fonte: Geosampa, 2019. Editado por Letícia M. Dealis

FIGURA 04 - CENTRALIDADES E ESPAÇOS CULTURAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. Fonte: Geosampa, 2019. Editado por Letícia M. Dealis


Segundo pesquisa da Rede Nossa São Paulo, Cultura:

viver em São Paulo, 50% dos distritos de São Paulo não tem equipamentos de âmbito cultural. Nessa mesma pesquisa, as fontes apontam que cerca de 2,7 milhões de paulistanos não frequentou nenhum tipo de serviço cultural.

FIGURA 07 – GRÁFICO: FREQUÊNCIA X FATORES. Fonte: Rede Nossa São Paulo – Cultura: Viver em São Paulo

Acrescentando às informações, uma pesquisa realizada

por nós, no mês de abril de 2019, via internet, permitiu verificar que a maior parte dos usuários são da região Sul e, com renda acima de cinco salários mínimos, e, em contradição, a FIGURA 06 – FREQUÊNCIA DAS ATIVIDADES CULTURAIS. Fonte: Rede Nossa São Paulo – Cultura: Viver em São Paulo

porcentagem se assemelha à de pessoas que raramente usam esses serviços que são ofertados nesses lugares.

página │ 29


As informações, apresentadas nas figuras 07 e 08,

permitem verificar que, mesmo que exista oferta de serviços culturais, a população ainda deixa de frequentá-los. Com isso, percebe-se como o acesso à equipamentos de uso cultural está diretamente ligado à sua inserção na cidade, e é importante que estejam próximos dos meios de transporte usuais, justamente pela facilidade de acesso ser um dos FIGURA 08 – GRÁFICO: LOCALIZAÇÃO DA AMOSTRA. Fonte: Produzido por Letícia M. Dealis

fatores principais para a utilização desses equipamentos.

FIGURA 09 – GRÁFICO: FATORES DE UTILIZAÇÃO. Fonte: Produzido por Letícia M. Dealis

{centro cultural sacomã}

FIGURA 10 – GRÁFICO: RENDA FAMILIAR. Fonte: Produzido por Letícia M. Dealis


Aliando esses dados à renda familiar – figura 10,

equipamento que supre esse tipo de necessidade e expanda

é notável que nos bairros mais precários, o acesso aos

do consumo da cultura e da educação e do lazer, que são

equipamentos é menor, justamente pela pouca oferta e,

direitos legalmente garantidos à população brasileira e que

como consequência pela necessidade do deslocamento

os mesmos não estejam concentrados em partes nobres e

também; por isso, muitos optam por atividades nas ruas, por

exclusivas da cidade; que esses equipamentos atendam a

exemplo.

população que não tem acesso a esse tipo de serviço.

Tendo em vista a pesquisa, a ideia deste projeto de

Com base nisso, a escolha do tema é de cunho social,

Centro Cultural é suprir as necessidades encontradas, também

um equipamento para usufruto da sociedade e que capacite

em questão de diversidade de programas, ao perceber que o

as pessoas dessas regiões desprovidas de serviços e com

uso de cinema é o mais utilizado, e o caráter cultural está sendo

grande potencial de crescimento e evolução, tendo em vista,

deixado de lado por muitas pessoas, inclusive àqueles que

também, o conceito centralidade abordado no início deste

tem possibilidade de frequentar estes equipamentos. E com

capítulo.

isso, proporcionar à população local e de bairros vizinhos um

página │ 31


2.1. DISTRITO: IPIRANGA

O distrito do Ipiranga tem grande importância na

tornaram-se pontos estratégicos para que se fixassem as

história da cidade de São Paulo, e principalmente da história

indústrias, sendo o Ipiranga um destes bairros, e com isso

do Brasil, pois foi o local onde Dom Pedro I proclamou a

torna-se parte da malha urbana da cidade.

Independência - que fará 200 anos em 2022 - às margens do

riacho que leva o nome deste bairro.

crescimento das rodovias, no distrito, a Rodovia Anchieta age

Localizado na Zona Sul de São Paulo, o distrito possuía

como fator intensificador das características industriais do

característica industrial tendo em vista seu posicionamento

local. Em contrapartida, nas principais vias do distrito: Avenida

geográfico, sendo rota do centro da cidade de São Paulo

Nazaré, Rua Silva Bueno e Rua Bom Pastor, o comércio,

para Santos. Em 1867, instaura-se o transporte ferroviário na

a educação e os casarões são os usos que mais crescem;

cidade, a São Paulo Railway, com intuito de fazer conexão de

dentre os pontos principais estão o Museu do Ipiranga, o

Jundiaí e Santos, onde fica o Porto de Santos.

Museu de Zoologia e o Parque da Independência.

Com o crescimento da cidade de São Paulo e o grande

A partir disso, os bairros próximos às linhas férreas

{centro cultural sacomã}


FIGURA 12 – MUSEU DO IPIRANGA – PARQUE DA INDEPENDÊNCIA Fonte: Google Imagens.

FIGURA 11 – ESTRADA DE FERRO SÃO PAULO RAILWAY. Fonte: Vitruvius.

FIGURA 13 – HOSPITAL DOM ALVARENGA Fonte: Google Imagens.

página │ 33


A partir dos anos 70, a região tende a perder essa forte

tem um porte menor e poucas diversificação de atividades,

característica industrial; as indústrias passariam a ocupar

em comparação aos outros de São Paulo; A Biblioteca Pública

outros bairros, e dão lugar aos serviços e comércio, além

Roberto Santos, com a temática de cinema, fica localizada no

dos grandes empreendimentos residenciais, advindos do

distrito do Ipiranga.

crescimento populacional que ocorre na época.

Atualmente, o bairro segue essa conformidade de

localizados na região, é de suma importância lembrar que

bairro residencial e comercial, mais próximos aos eixos

pelo menos 3 deles são direcionados a um tipo de informação.

viários de maior movimento e de conexão com os modais de

Todos são formas de disseminar a cultura, mas não estão em

transporte, que foram construídos após os anos 2000.

um único complexo, e agora, se encontram distantes da nova

população que se inseriu nos bairros.

Com a chegada desses equipamentos de transporte,

o fluxo de pessoas cresce e, consequentemente, o setor imobiliário se intensifica na região, pela grande valorização dos terrenos próximos ao metrô e terminal de ônibus.

Além da tipologia comercial e residencial, a região

Ainda que estes equipamentos culturais estejam

Milanesi, afirma: Ao se projetar um centro de Cultura para um município [...] será levada em conta a projeção de crescimento da cidade. [...] Quando o município chega a uma população de 50.000

também possui alguns equipamentos culturais, como o

terá um tamanho que exigirá um segundo

Museu do Ipiranga, edifício histórico - que está fechado

espaço cultural para facilitar o acesso dos

há aproximadamente 5 anos – localizado no Parque da

morados já distanciados do núcleo inicial.

Independência; o Museu de Zoologia e o Sesc Ipiranga; este

{centro cultural sacomã}

(MILANESI, 1997, p. 202).


2.2 ANÁLISE DO TERRITÓRIO

O distrito do Ipiranga localizado na Zona Sul de São

Paulo, faz divisa com o distrito do Sacomã, – figura 14 – bairro com predominância residencial, e que abriga uma das maiores comunidades de São Paulo, a favela do Heliópolis – figura 15.

Ao apresentar essa informação, deve-se lembrar

que a localização deste projeto de Centro Cultural busca levar, também, a essa comunidade, um equipamento que complemente as necessidades e a pouca de atividades culturais necessárias à grande população das regiões – tabelas 01 e 02.

Paralelamente, verifica-se que as atividades culturais

têm grande importância quando relacionadas à segurança, pois, colaboram em reduzir os índices de criminalidade. Medellín, por exemplo, possuía altos índices de violência, e hoje, é considerada uma das cidades mais seguras da Colômbia. Essa transformação foi possível, também, com o investimento na arquitetura e urbanismo, com melhorias e revitalização dos espaços públicos, e garantindo o acesso à educação e cultura à população.

Com predomínio residencial, a região – apresentado

nos mapas a seguir – tende a ser menos movimentada, o que DISTRITO IPIRANGA ÁREA

10,50 km²

POPULAÇÃO

106.865 habitantes

DISTRITO SACOMÃ ÁREA

14,42 km²

POPULAÇÃO

247.851 habitantes

exalta ainda mais a implantação de um equipamento que leve um maior fluxo de pedestres. A região ainda tende a crescer com a alta especulação imobiliária, visto suas características de localização e a diversidade de modais de transporte.

TABELA 01 e 02 – CENSO DEMOGRÁFICO 2010 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

página │ 35


{centro cultural sacomã}

DELIMITAÇÃO DISTRITOS IPIRANGA E SACOMÃ

FIGURAS 14 e 15 Fonte: Geosampa, 2019. Editado por Letícia M. Dealis


SISTEMAS DE TRANSPORTE X EQUIPAMENTOS CULTURAIS DISTRISTO SACOMÃ | IPIRANGA

FIGURA 16 Fonte: Geosampa, 2019. Editado por Letícia M. Dealis página │ 37


2.3 ANÁLISE ENTORNO IMEDIATO

Para melhor apropriar-se do lugar e apresentar

terminal de ônibus – que possui veículos que se conectam

um espaço amplo e de conexões, a proposta inclui a

com a região do ABC Paulista; o Expresso Tiradentes – figura

desapropriação de três lotes na R. Bom Pastor, que são

21, que faz a conexão Zona Leste com o Centro; e está

galpões subutilizados e em sua maioria sempre fechados,

circundado por vias importantes próximas, para que o acesso

e um comércio de marcenaria. A configuração disso é

seja viável – solucionando, para a região, a problemática de

apresentada nas figuras 17, 18 e 19.

acesso abordada no início deste capítulo, – figura 09 - um dos

fatores que levam os usuário não frequentarem as atividades

A partir disso, o terreno para implantação do Centro

Cultural Sacomã fica localizado na R. Bom Pastor x R. Julia

culturais.

Cortines, na linha de divisa dos dois distritos, Sacomã e

Ipiranga, próximo, tanto das áreas de comércio da região,

começam a aparecer mais no local; mesmo assim, ainda

quanto das áreas residenciais.

predominam as edificações mais baixas, e de uso residencial.

Aliando

as

de

Consequentemente, a insolação no terreno é mais intensa,

centralidade, a escolha do terreno teve como base

por não existirem barreiras físicas para bloqueá-la, sendo o

a localização; ele fica ao lado de todos os modais da

maior sombreamento no inverno às 16h – visto nas figuras 22

região: a linha verde do metrô – Estação Sacomã; o

a 25.

{centro cultural sacomã}

informações

absorvidas

O bairro está crescendo e as edificações altas


EVOLUÇÃO DO TERRENO QUADRA 043

FIGURA 17 – TERRENO Fonte: Geosampa, 2019. Editado por Letícia M. Dealis

FIGURA 18 – GALPÕES DESAPROPRIADOS Fonte: Geosampa, 2019. Editado por Letícia M. Dealis

FIGURA 19 – CONFIGURAÇÃO FINAL DO TERRENO Fonte: Geosampa, 2019. Editado por Letícia M. Dealis

página │ 39


{centro cultural sacomã}

USO PREDOMINANTE DO SOLO X GABARITO DISTRISTO SACOMÃ | IPIRANGA

FIGURA 20 - Fonte: Geosampa, 2019. Editado por Letícia M. Dealis


INFRAESTRUTURA URBABA: MEIOS DE TRANSPORTE DISTRISTO SACOMÃ | IPIRANGA

FIGURA 20 - Fonte: Geosampa, 2019. Editado por Letícia M. Dealis

página │ 41


{

E S T U D O S

D E

I N S O L A Ç Ã O

}

FIGURA 22 – ESTUDO DE INSOLAÇÃO – INVERNO: 16H. Fonte: Geosampa, 2019. Editado por Letícia M. Dealis

FIGURA 24 – ESTUDO DE INSOLAÇÃO – VERÃO: 16H. Fonte: Geosampa, 2019. Editado por Letícia M. Dealis

FIGURA 23 – ESTUDO DE INSOLAÇÃO – PRIMAVERA: 16H. Fonte: Geosampa, 2019. Editado por Letícia M. Dealis

FIGURA 25 – ESTUDO DE INSOLAÇÃO – OUTONO: 16H. Fonte: Geosampa, 2019. Editado por Letícia M. Dealis

{centro cultural sacomã}


2.4 LEGISLAÇÃO

C.A. mínimo

O terreno fica situado em uma zona eixo de estruturação

urbana – ZEU (figura 27). De acordo com a Plano Diretor

com densidades demográfica e construtiva altas e promover a qualificação paisagística e dos espaços públicos de modo articulado ao sistema de transporte público coletivo. [...] tem por objetivo consolidar os parâmetros estabelecidos

M A S

promover usos residenciais e não residenciais

C.A. básico

A

[...] são porções do território em que pretende

}

Estratégico da Cidade de São Paulo, Lei 16.402/16, a ZEU:

viabilização dos objetivos do PDE.

De acordo com o PDE, existem algumas diretrizes, de

acordo com cada zoneamento, que devem ser acolhidas e

C.A. máximo

{

justificadas. A do terreno escolhido mostra-se na tabela abaixo:

A G

essa zona passa a ter um papel estratégico na

I

modo articulado ao transporte público coletivo,

D

como território prioritário para o adensamento de

R

pelo PDE para os eixos, [...] delegou os eixos

ZONEAMENTO

C.A.:

T.O.:

GABARITO MÁXIMO

RECUOS:

ZEU

mín. 0,5 │ máx. 4

0,70

N/A

3M

TABELA 03 – ÍNDICES URBANISTICOS Fonte: PDE, São Paulo, Lei 16.402/16. Editado por Letícia M. Dealis

FIGURAS 26, 27 e 28 - Fonte: Geosampa, 2019. Elaborado por Letícia M. Dealis

página │ 43


{centro cultural sacomã}

ZONEAMENTO DISTRISTO SACOMÃ | IPIRANGA

FIGURA 29 - Fonte: Geosampa, 2019. Editado por Letícia M. Dealis


//observações: A figura 30 foi tirada do ponto mais alto do terreno, observando o condomínio residencial à frente do terreno, o único edifício de gabarito mais alto próximo.. Além disso, o terreno atualmente é utilizado como estacionamento pela

população local, visto que a região possui alta oferta de comércios, em paralelo, em visita no local, foi possível perceber que existem muitos outros estacionamentos na região, e em sua maioria, vazios durante os dias de semana.

FIGURA 30 - VISTA DO PONTO MAIS ALTO DO TERRENO Fonte: Acervo pessoal de Letícia M. Dealis

FIGURA 32 – VISTA DA FACHADA DA R. BOM PASTOR Fonte: Acervo pessoal de Letícia M. Dealis FIGURA 31 - VISTA PARA R. JULIA CORTINES Fonte: Acervo pessoal de Letícia M. Dealis

página │ 45


FIGURA 33 – PARA OS GALPÕES DESAPROPRIADOS Fonte: Acervo pessoal de Letícia M. Dealis

{centro cultural sacomã}

A

SEREM

FIGURA 34 – VISTA DO TERMINAL SACOMÃ PARA A R. BOM PASTOR Fonte: Acervo pessoal de Letícia M. Dealis


FIGURA 35 – VISTA NOTURNA DO TERMINAL SACOMÃ PARA R. BOM PASTOR Fonte: Acervo pessoal

página │ 47



{

c e n t r o c u l t u r a l s a c o m ã

}

3


3.1 PARTIDO ARQUITETÔNICO

O partido inicial do projeto está diretamente relacionado

Ao analisar o fluxo viário e os caminhos pré existentes

com os percursos, espaços de permanência e as visuais para

no local, estabeleceu-se que a entrada principal fica na R.

o terreno.

Bom Pastor, face que é voltada para o metrô e tem maior

O Centro Cultural Sacomã foi projetado pensando que

potencialidade, e maior fluxo viário e de pedestres; portanto,

o fluxo de pedestres seja incorporado pela quadra, visto que

o acesso secundário e o de veículos é feito pela R. Julia

o terreno possui fachada para duas ruas, prolongando-a e

Cortines, por ter menor fluxo de veículos e não ser a via

promovendo o acesso contínuo e permeável do usuário.

principal do transporte público local.

Além disso, o lote tem um desnível de 8 metros, da R. Julia Cortines para a R. Bom Pastor.

Levando em consideração o desnível, a proposta foi

elevar o térreo 4m em relação ao nível da R. Bom Pastor, sendo o acesso ao edifício efetuado por rampas e escadas. Também, na mesma rua, foi projetado um acesso, com escadas, para uma praça expositiva, que fica no subsolo 01 (-8m em relação ao térreo).

Para os acessos da R. Julia Cortines, a entrada segue a

mesma linguagem da R. Bom Pastor, com rampas e escadas, e um acesso para veículos de funcionários e carga/descarga de materiais, obras e demais itens. {centro cultural sacomã}

N


NORTE

LESTE

OESTE

FIGURA 36 – DIAGRAMA DE FLUXOS NO TERRENO E INSOLAÇÃO Fonte: Produzido por Letícia M. Dealis FIGURA 38 – CROQUI DE FLUXOS Fonte: Produzido por Letícia M. Dealis

O produto da implantação resulta um elemento de conexão

de vias, com acessos nos quais o usuário precisa passar por pavimentos do centro cultural, estimulando a permanência dele nesses espaços, como apresentado nos croquis; e tornando seustrajeto mais estimulantes e cheios de conhecimento. FIGURA 37 – PRINCIPAIS VISUAIS PARA O TERRENO Fonte: Produzido por Letícia M. Dealis

Nas figuras a seguir, os estudos de implantação:

página │ 51


}

Estudo 01 //observação:

Ã

O

A princípio o volume foi dividido em dois blocos, concentrando em um deles, áreas expositivas e no outro, espaços mais isolados, que necessitassem de melhor isolamento acústico; e uma escadaria

Ç A T N A

Estudo 02 //observação: Mantém a escadaria lateral, mas agora o projeto concentra-se em um único bloco, visto que uma das suas principais premissas é a conexão das vias também, por meio do edifício. Dessa forma, foram pensadas duas entradas (1 e 2) para o

L

mesmo pavimento.

I

M

P

E S T U D O S

D E

na lateral fazendo a conexão entre as duas vias.

Estudo 03 //observação: A implantação final é resultado do desnível aliado aos acessos, eliminando a escadaria na lateral e fazendo a conexão entre as vias pelo edifício,

{

como uma extensão da calçada e ao mesmo

{centro cultural sacomã}

tempo, convidando o usuário a usufruir do equipamento. FIGURAS 39. 40 e 41 – ESTUDOS DE IMPLANTAÇÃO Fonte: Produzido por Letícia M. Dealis


TÉRREO 02 MEZANINO TÉRREO 01

FIGURA 42 – DIAGRAMA DE FLUXOS Fonte: Produzido por Letícia M. Dealis

TÉRREO 01

FIGURA 43 – CROQUI ESQUEMÁTICO DE ACESSOS Fonte: Produzido por Letícia M. Dealis

página │ 53


} A I R T E M U

{

V

O

L

D A C O N C E P Ç Ã O

{centro cultural sacomã}

FIGURAS 44, 45 e 46 – CONCEPÇÃO DO EDIFÍCIO Fonte: Produzido por Letícia M. Dealis


3.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES

A definição do programa de atividades foi realizada com

a preocupação para a demanda da região.

Para melhor funcionamento do equipamento, foram

O edifício abriga diversas atividades que trabalham

a comunicação entre os usuários, mas paralelamente, tem

estabelecidos alguns parâmetros:

grande caráter educacional, visto que na região encontram-

a. Espaços de uso público e coletivo como: cafés, exposições,

se muitas escolas públicas (fig.16, p. 18), que por sua vez, nem

espaços de convivência, salas multiuso estão relacionados

sempre apresentam um espaço adequado de estudo, com um

diretamente com a rua.

acervo que possa suprir as necessidades das crianças e jovens.

b. Espaços onde exista a necessidade de controle acústico

(como biblioteca, salas de estudo e oficinas) estão em níveis

pensados a fim de estimular essas crianças e adolescentes

mais altos do projeto.

a desenvolverem o seu lado criativo, artístico, musical e

c. A ideia de colocar o auditório maior no subsolo é também

profissional; lembrando que o Centro Cultural está localizado

relacionada à acústica, mas de modo a permitir que o acesso

próximo de algumas comunidades, o que o torna ainda

a ele possa ser, de certa forma, isolado das demais atividades.

importante para a cidade, pois busca o crescimento pessoal

d. O restaurante encontra-se no último pavimento possibilitando

dessas pessoas.

que este seja um espaço com a proposta de ser um mirante. As

edificações ao redor têm característica mais baixas, portanto, o

pavimento atende um programa, em paralelo, são áreas de

Centro Cultural Sacomã tem como potencial a sua visibilidade

grandes espaços e poucas salas internas, visando a integração

perante os demais edifícios do seu entorno.

interpessoal.

Além disso, o teatro e os espaços multiusos foram

O programa está setorizado de forma que cada

página │ 55


D

A

}

COBERTURA

5° PAVIMENTO RESTAURANTE

4° PAVIMENTO BIBLIOTECA

3° PAVIMENTO

A Z

2° PAVIMENTO SALAS DE PALESTRAS

T

O

R

I

1° PAVIMENTO

{

S

E

P E R S P E C T I V A

BIBLIOTECA

{centro cultural sacomã}

SALAS DE ESTUDOS

TÉRREO 02 SALAS MULTIUSO

MEZANINO

BIBLIOTECA 12,80% EDUCACIONAL 22,30%

CULTURAL 30,10%

ADMIN. + AREA DE FUNCIONÁRIOS

CIRCULAÇÃO 18,10% TÉRREO 01 ÁREA DE EXPOSIÇÕES + ESTACIONAMENTO

SUBSOLO 01

ADMINISTRATIVO 7,50%

SERVIÇOS 9,20%

ÁREA DE EXPOSIÇÕES + ACERVOS

SUBSOLO 02 AUDITÓRIO

FIGURAS 47 e 48 – PERSPECTIVA EXPLODIDA E GRÁFICO DE ÁREAS Fonte: Produzido por Letícia M. Dealis


} Á R E A S D E Q U A D R O

{

FIGURA 49– QUADRO DE ÁREAS Fonte: Produzido por Letícia M. Dealis

página │ 57


{centro cultural sacomã}

RESTAURANTE

ÁREA EXTERNA

BIBLIOTECA

BIBLIOTECA

PALESTRAS

ESTUDOS

MULTIUSO ADM EXPOSIÇÕES

EXPOSIÇÕES

FOYER AUDITÓRIO FIGURA 50– CORTE PERSPECTIVADO Fonte: Produzido por Letícia M. Dealis


3.3 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS

A concepção estrutural é um misto entre estrutura de

circular de 0,80m de diâmetro, sendo eles em “V”.

concreto armado e estrutura metálica.

O modelo estrutural escolhido para o Centro Cultural

visto que apresenta bom desempenho com relação à grandes

Sacomã, foi o sistema da viga Vierendeel, conferindo vãos

vãos. Além disso, a laje permite vãos com balanços; possuem

espaçosos para as áreas expositivas, e trabalhando como um

a característica na otimização de espaços para passagem de

elemento estético para a fachada.

tubos, cabeamentos elétricos e afins, por seus alvéolos; e em

alguns casos, ainda apresenta alta eficiência acústica

Por ser uma estrutura robusta, idealizou-se como

Para este projeto foi estudado o uso da laje alveolar,

uma das possibilidades apresentadas por Engel (2003, p. 198) na figura 51, a Vierendeel em pavimentos alternados, sustentando dois níveis; permitindo uma diminuição na carga – a pensar somente no peso da estrutura, sendo ela metálica, para alcançar dimensões de perfis mais leves.

A estrutura apresentada venceria um vão de 48m, no

entanto, foi considerada a proporção de 2/7 de balanço, para conferir, novamente, estruturas não tão robustas e mantendo a linguagem do edifício.

O sistema da viga Vierendeel é iniciado no 1° pavimento,

FIGURA 51– VIGA VIERENDEEL Fonte: ENGEL, Heino. Sistemas Estruturais, 2003, p.198).

sustentado por pilares de concreto, robustos com seção

página │ 59


//observação: ONDE É UTILIZADA A VIERENDEEL O PÉ DIREITO ADOTADO É: 4,25m

FIGURA 52– PRÉ-DIMENSIONAMENTO LAJE ALVEOLAR Fonte: REBELLO, Yopanan C. P., 2000 MONTANTE SUP. VIERENDEEL h= 0,85cm LAJE ALVEOLAR h= 26cm VIGOTA h= 0,45cm VIGA SECUNDÁRIA VIERENDEEL VIGA VIERENDEEL EM VISTA h=6,10m (altura total) LAJE ALVEOLAR VIGA SECUNDÁRIA VIERENDEEL MONTANTE INF. VIERENDEEL h= 0,85cm CHAPA MICROPERFURADA

FIGURA 53– PRÉ-DIMENSIONAMENTO VIGA VIERENDEEL Fonte: REBELLO, Yopanan C. P., 2000

As

figuras

52

e

53,

são

apresentados

os

pré-

dimensionamentos estruturais, apoiados na dissertação de Yopanan Rebello, tanto da viga Viereendel, quanto da laje utilizada.

O sistema de vigas utilizado no Centro Cultural Sacomã,

também foi utilizado no projeto do Museu da Memória dos arquitetos, Mário Figueroa, Lucas Fehr e Carlos Dias, com solução semelhante à apresentada aqui.

No esquema estrutural ao lado - figura 54 - é possível

entender a solução adotada para o projeto e a sua utilização neste projeto.

FIGURA 54– CROQUI ESQUEMÁTICO ESTRUTURAL Fonte: Produzido por Letícia M. Dealis

{centro cultural sacomã}


MATERIALIDADE

O projeto tem forte característica da estrutura metálica

no seu entorno e é apresenta forte incidência solar, foi

aparente, por ter a viga vierendeel como elemento de fachada

adotado o sistema de chapas micro perfuradas envelopando

e, para manter uma linguagem visual, sendo o Terminal

o edifício, permitindo a entrada da iluminação e ventilação,

Sacomã, o único outro edifício notável no entorno que propõe

mas que esta seja controlada.

a estrutura metálica, contando com passarelas em estrutura

treliçada.

que apresenta a fachada toda revestida por essa pele

translúcida como barreira contra a forte incidência de sol.

Como o terreno não apresenta outros edifícios notáveis

FIGURA 55 – TERMINAL SACOMÃ Fonte: Google Imagens

Utilizado como referência, o projeto do Sesc Limeira,

FIGURA 56– SESC LIMEIRA Fonte: Archdaily

página │ 61


Outro elemento utilizado para as fachadas foi o vidro

u-glass, este fora utilizado na fachada para a R. Bom Pastor, entrada principal. É um vidro perfilado, autoportante e possui características térmicas, e seu uso está sendo feito na fachada Norte/Nordeste, permitindo, também, um conforto térmico maior para o projeto.

Como referência, o projeto do Instituto Moreira Sales (IMS),

de São Paulo, pelo escritório Andrade Morettin, apresenta em sua fachada para a Av. Paulista, a utilização deste fechamento.

FIGURA 57 – FACHADA EDIF. RESIDENCIAL COM FACHADA EM U-GLASS Fonte: Google Imagens

{centro cultural sacomã}

FIGURA 58 – FACHADA U-GLASS IMS PAULISTA, ANDRADE MORETTIN. Fonte: Google Imagens


FIGURA 59 – FACHADA U-GLASS IMS PAULISTA NOTURNA. Fonte: Google Imagens

página │ 63


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELING,

Jussara

Janning

Xavier.

Políticas

Culturais.

Florianópolis, 2005. CARDOSO e NOGUEIRA, Maria Cecília D. Projeto de implementação do Centro de Cultura de Belo Horizonte, Belo Horizonte, 1994. CENNI, Roberto. Três centros culturais na cidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado. São Paulo, 1991. COELHO, Teixeira. Usos da cultura: políticas de ação cultural. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. COELHO, Teixeira. O que é ação cultural. 1. ed. Editora Brasiliense, 1989.

do urbanismo. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010. MILANESI, Luís. A casa da invenção: Biblioteca e Centro de Cultura. 3. ed. Ateliê Editorial, 1997. RAMOS,

Luciene

Borges.

O

centro

cultural

como

equipamentos disseminador de informação: um estudo sobre a ação do Galpão Cine Horto. 2007. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – UFMG, Minas Gerais, 2007. SILVA, Fernando Nunes da. Mobilidade urbana: os desafios do futuro. Cad. Metropolitano. São Paulo, 2013.

COELHO, Teixeira. A cultura pela cidade. Editora Iluminuras, 2008. ENGEL, Heino. Sistemas Estruturais. Editorial Gustavo Gilli, 2003. FONSECA, Ana Carla. Cultura e Transformação Urbana: Anais do seminário internacional. São Paulo, 2011. MEYER, Regina Maria Prosperi. A leste do centro: territórios


REFERÊNCIAS WEBGRÁFICAS HASSENPFLUG,

Dieter.

Sobre

centralidade

urbana.

Arquitextos, São Paulo, ano 08, n. 085.00, Vitruvius, jun. 2007

<https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/

arquitextos/08.085/235>. PREFEITURA DE SÃO PAULO. Centro Cultural São Paulo. Disponível em: <http://centrocultural.pagina-oficial.ws/site/ institucional/> Acesso em: setembro, 2019. REDE NOSSA SÃO PAULO. Cultura: Viver em São Paulo. Disponível em: <https://www.nossasaopaulo.org.br/> Acesso em: setembro, 2019. SPOSITO, Maria. Novos conteúdos nas periferias urbanas das cidades médias do Estado de São Paulo, Brasil. Dissertação – São Paulo, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.org. mx/scielo.php?pid=S0188-46112004000200008&script=sci_ arttext> Acesso em: setembro, 2019.

página │ 65



{

p e รง a s

4

g r รก f i c a s

}


N FE LD GR EE RU A RUA BO

M PAST OR

PASTOR

RU AD AP

RA ÇA

RUA JULIA C ORTINES

RUA BOM

RUA BARAUNA

INSERÇÃO URBANA

N


A

C-2

B-2

E

7.5

7.5

8.0

8.0

7.5

05

04

7.5

ESTACIONAMENTO +748.0

8.0

03

projeção mezanino

01

DESCE P/ SUBSOLO 01

EXPOSIÇÕES

DML

inc.: 10%

inc.: 10%

inc.: 10%

SOBE

inc.: 10%

+748.0

23

s

+742.0

EXPOSIÇÕES

02 6.0

A

7.0

4.0

B

C

7.0

7.0

7.0

D

E

F

7.0

G

10.5

H

DESCE P/ NÍVEL DA RUA

+746.0

N PLANTA PAVIMENTO TÉRREO 01 0

2,5

5

10

20


DEPOSITO

COZINHA

11.1

VESTIÁRIO MASCULINO

REFEITÓRIO FUNC.

VESTIÁRIO FEMININO

01 DIRETORIA

SALA DE REUNIÃO 1

s

23.0

projeção vazio

projeção vazio

ESTAÇÕES DE TRABALHO

RECEPÇÃO ADM +752.0

DML SALA DE REUNIÃO 2

ENFERMARIA 02

5.5

A

7.0

7.0

4.0

B

C

D

7.0

7.0

7.0

E

F

G

11.0

G

N PLANTA MEZANINO │ 0

2,5

5

10

20


inc.: 10% +752.0

inc.: 10%

inc.: 12,5%

SOBE

inc.: 10%

7.0

inc.: 10%

01-A

SALA MULTIUSO

SALA MULTIUSO

s

projeção vazio 24.0

SALAS MULTIUSO +756.0

DESCE

SOBE

DML SALA MULTIUSO

SALA MULTIUSO

02-A 6.5

A

7.0

6.5

B-1

C-1

7.0

D-1

7.0

E-1

14.0

6.5

F-1

G-1

54.0

N PLANTA PAVIMENTO TÉRREO 02 0

2,5

5

10

20


7.0

01-A SALA ESTUDOS 4 SALA ESTUDOS 1 SALA ESTUDOS 2

s

SALA ESTUDOS 3

SALAS DE ESTUDO

24.0

+761.5

DESCE

projeção vazio

projeção vazio

projeção vazio SOBE

DML

02-A 6.0

A

7.0

B

14.0

C-1

14.0

E-1

13.5

G-1

N PLANTA 1° PAVIMENTO 0

2,5

5

10

20


7.0

CAFÉ 02

01-A SALA DE PALESTRAS

SALA DE PALESTRAS

SALA DE PALESTRAS

s

24.0

SALAS DE PALESTRAS +767.0

DESCE

SOBE

DML

02-A 6.5

A

6.5

B-1

7.0

C-1

7.0

D-1

7.0

E-1

6.5

F-1

11.0

3.5

G-1

N PLANTA 2° PAVIMENTO │ 0

2,5

5

10

20


01-A

s projeção vazio

projeção vazio BIBLIOTECA

24.0

+772.5

projeção vazio

projeção vazio DESCE

DML

02-A 6.0

A

7.0

B

14.0

C-1

14.0

E-1

13.5

G-1

N PLANTA 3° PAVIMENTO │ 0

2,5

5

10

20


01-A

projeção vazio

s

projeção vazio 24.0

MEZANINO BIBLIOTECA +778.0

projeção vazio

DML

02-A 6.5

A

6.5

B-1

7.0

C-1

7.0

D-1

7.0

E-1

6.5

F-1

14.0

G-1

N PLANTA 4° PAVIMENTO │ 0

2,5

5

10

20


7.0

01-A

COZINHA

s

RESTAURANTE 24.0

+783.5

AREA EXTERNA +783.5

DML

02-A

6.0

A

7.0

B

14.0

C-1

4.0

23.5

E-1

N PLANTA 5° PAVIMENTO │ 0

2,5

5

10

20


A

B-2

C-2

8.0

7.5

E 7.5

7.5

04

ACERVO BIBLIOTECA

ACERVO EXPOSITIVO

03 +740.0

DEP. DE MATERIAIS

8.0

QUARENTENA DEP. REFRIGERADO DE LIXO

01 +742.0

SOBE P/ NÍVEL DA RUA ESPAÇO PARA EXPOSIÇÕES

s

+740.0

projeção vazio

23.0

projeção vazio

DML

02

5.5

A

4.0

B

7.0

C

7.0

D

7.0

E

7.0

F

7.0

G

7.0

7.0

H

I

J

N PLANTA SUBSOLO 01 │ 0

2,5

5

10

20


01

COCHIA CAFÉ

s

CAMARIM

TRADUÇÃO ANTECÂMARA

23.0

BILHETERIA

PALCO

+732.0

+729.2

PROJEÇÃO

+729.7

CAMARIM

+732.0

DML

02

COCHIA

5.5

A

4.0

B

7.0

C

7.0

D

7.0

E

7.0

F

7.0

G

7.0

7.0

H

8.0

I

J

N PLANTA SUBSOLO 02 │ 0

2,5

5

10

L

20


LAJE IMPERMEABILIZADA C/ INCLINAÇÃO DE 4,99%

COBERTURA +790.5

D

//observação: A planta do ático fica justaposto no edifício, logo acima do CORE do 5° pavimento, portanto, não há volume que ultrapasse à cobertura.

RESERVATÓRIOS 01 e 02 CAP. 65.000L/CADA

CASA DE MAQUINAS

PLANTA ÁTICO

AREA EXTERNA +783.5

N PLANTA COBERTURA │ 0

2,5

5

10

20


RAMPA DE ACESSIBILIDADE INCLINAÇÃO: 10% COMP.: 10.5m GRELHA DE MANUTENÇÃO

GUARDA CORPO EM VIDRO ESP. 10mm + CHAPA METALICA PARA FIXAÇÃO DA ESQUADRIA

LAMINA D'ÁGUA DE 300MM PLACAS DE GRANITO COM FACE IRREGULAR 40MM 1.200

LAJE CAIXÃO PERDIDO - ALVEOLAR h=26cm

RAMPA DE ACESSIBILIDADE INCLINAÇÃO: 10% COMP.: 10.5m

1.600

1.200

MONTANTE SUPERIOR VIGA VIERENDEEL h=85cm

VIGA TRANSVERSAL SUPERIOR VIERENDEEL h=85cm

4

30

1.600

ELEMENTO METÁLICO TRANSLÚCIDO COMO PROTEÇÃO DOS CAIXILHOS E BARRAGEM DE ILUMINAÇÃO INTENSA

RAMPA DE ACESSO COM ESPELHO D’AGUA RAMPA DE ACESSIBILIDADE INCLINAÇÃO: 10% COMP.: 10.5m TERRA + GRAMINEAS

GUARDA CORPO EM VIDRO ESP. 10mm + CHAPA METALICA PARA FIXAÇÃO DA ESQUADRIA

RAMPA DE ACESSIBILIDADE INCLINAÇÃO: 10% COMP.: 10.5m

CAMADA DE DRENAGEM

1.200

CAMADA DE PROTEÇÃO

1.600

1.200

ESTRUTURA METÁLICA PARA FIXAÇÃO DO ELEMENTO DE FACHADA NA LAJE

MONTANTE INFERIOR VIGA VIERENDEEL h=85cm

1.600

VIGA TRANSVERSAL INFERIOR VIERENDEEL h=85cm

FACHADA LATERAL COM ELEMENTO VAZADO

RAMPA COM ACESSO AJARDINADO

DETALHAMENTOS

ESCALA 1:50


A

B

B1

C1

D1

E1

F1

G1

COBERTURA NÍVEL +790.50

5° PAVIMENTO NÍVEL +783.50

4° PAVIMENTO NÍVEL +778

3° PAVIMENTO NÍVEL +772,50

2° PAVIMENTO R. BOM PASTOR

NÍVEL +767

1° PAVIMENTO NÍVEL +761,50

TÉRREO 02 NÍVEL +756

MEZANINO NÍVEL +752

TÉRREO 01 NÍVEL +748

SUBSOLO 01 NÍVEL +740

SUBSOLO 02 NÍVEL +732 FOYER

ANTECAM.

SALA PROJ.

PALCO

CORTE LONGITUDINAL - AA

CAMAR.

0

2,5

5

10

20


1A

2A

5° PAVIMENTO

NÍVEL +783.50

4° PAVIMENTO

R. JULIA CORTINES

NÍVEL +778

3° PAVIMENTO NÍVEL +772,50

2° PAVIMENTO NÍVEL +767

1° PAVIMENTO NÍVEL +761,50

TÉRREO 02 NÍVEL +756

TÉRREO 01 NÍVEL +748

SUBSOLO 01 NÍVEL +740

SUBSOLO 02 NÍVEL +732

CORTE TRANSVERSAL - BB

0

2,5

5

10

20


1A

2A

COBERTURA NÍVEL +790.50

5° PAVIMENTO NÍVEL +783.50

4° PAVIMENTO

R. JULIA CORTINES

NÍVEL +778

3° PAVIMENTO NÍVEL +772,50

2° PAVIMENTO NÍVEL +767

1° PAVIMENTO NÍVEL +761,50

TÉRREO 02 NÍVEL +756

MEZANINO NÍVEL +752

TÉRREO 01 NÍVEL +748

SUBSOLO 01 NÍVEL +740

SUBSOLO 02 NÍVEL +732

CORTE TRANSVERSAL - CC

0

2,5

5

10

20


FACHADAS

│


página │ 85







ENTRADA TÉRREO 01


BIBLIOTECA 3° PAVIMENTO


2A



BIBLIOTECA 3° PAVIMENTO


AUDITÓRIO PRINCIPAL SUBSOLO 02



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