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ASSIS GARRIDO

ASSIS GARRIDO159 FRANCISCO DE ASSIS GARRIDO160 , 161 14 de setembro de 1899 #

NASCEU A 14.08.1899 EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO. FILHO DE FLORENTINO FERREIRA GARRIDO E ADÉLIA DA SILVA GARRIDO, DEIXOU VÁRIOS LIVROS DE POESIAS PUBLICADOS. Pertencia à Academia Maranhense de Letras, onde ocupava a Cadeira n.º 4. Jornalista, tetrologo e poeta; poeta, sobretudo, dono de uma lira de fácil inspiração e suave lirismo. Funcion´rio do Ministerio da fazenda, é oficial administrativo na alfândega de S. Luis e já foi Delegado do Serviço de Estatística Economica e Financeira do Maranhão, membro da sociedade Brasileira de Autores teatrais, do centro Cultural Humberto de Campos, do espírito Sanhto, da Associação de Intercambio Cultural de Mato Grosso, da Confraternité Universalle Balzacienne, do grupo Afro americanista de Intelectuales y Artistas, do Uruguai, e do Instituto de Cultura Americana, da Argentina. Na Academia Maranhense de letras é o terceiro ocupante da cadeira 3, patroneada por Artur Azevedo. Bibliografia – Publicou entre outros, os livros Oração materna (1920); Regina (1920); Dom João (1922); Sol glorioso (1922), O meu livro de mágoa e de ternura (1923), O livro da minha loucura (1923), A divina mentira (1944) e Crepúsculo (1969); A vergonha da família (s.d.). Esta vida é uma pomada162 da maciez de veludo... E eu já não sofro de nada, de tanto sofrer de tudo... Eu era um só. Tu surgiste e assim ficamos os dois: depois, eu vi que mentiste, e um só me tornei depois. Até hoje ainda não pude descobrir se bem me queres! - Vê como a gente se ilude com o coração das mulheres!... A castidade, criança, é um vaso fino demais: quebrado, uma vez - descansa! não se conserta jamais... Tic-tac... Ai, que saudade vai-se e aparece a velhice... Tic-tac... Ai, que saudade dos tempos da meninice!...

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A FRASE QUE MATOU O OPERÁRIO163

"Não precisamos mais do seu serviço", Disseram-lhe os patrões, há dois meses e pouco. E ele se foi, sob o calor abafadiço

159 Fonte: http://www.antoniomiranda.com.br/ ; http://nuhtaradahab.wordpress.com/category/maranhao/

160 MEIRELES, FERREIRA, VIEIRA FILHO, 1958; 2008, obra citada, p. 223 161 http://www.falandodetrova.com.br/assisgarrido 162 http://www.falandodetrova.com.br/assisgarrido 163 http://judoepoesia.blogspot.com.br/2007/09/frase-que-matou-o-operrio-assis-garrido.html

Daquela tarde, murmurando como um louco: "Não precisamos mais do seu serviço". "Não precisamos mais do seu serviço..." De tantos anos de trabalho era esse o troco Que recebia. Em vez de lucro, apenas isso... E ele consigo murmurava como um louco: "Não precisamos mais do seu serviço..." "Não precisamos mais do seu serviço..." Tornou-se bruto e respondia, a praga e a soco, Aos filhos e à mulher, famintos no cortiço. E após, chorava murmurando como um louco: "Não precisamos mais do seu serviço..." "Não precisamos mais do seu serviço..." E ele saía a ver emprego, triste e mouco, Nada! Nenhum!... E cabisbaixo, o olhar mortiço, Ele voltava, murmurando como um louco: "Não precisamos mais do seu serviço..." "Não precisamos mais do seu serviço..." E cada vez sentia mais o cérebro oco. Enforcou-se. Morreu. "Foi o diabo ou feitiço..." E ele morreu murmurando, como um louco: "Não precisamos mais do seu serviço..."

(Vênus)

Deusa, a teus pés a flor das minhas crenças, ponho! Mulher, eu te procuro, eu te amo, eu te desejo! Para a tua nudez, – a gaze do meu Sonho, Para a tua volúpia, o fogo do meu beijo.

Divina e humana, impura e casta, o olhar tristonho, Cabelos soltos, corpo nu, como eu te vejo, Dás-me todo o calor dos versos que componho E enches-me de alegria a vida que pelejo.

Glória a ti, que, do Amor, cantaste, aos evos, o hino, Que surgiste do mar, branca, leve, radiante, Para a herança pagã do meu sangue latino!

Glória a ti, que ficaste, à alma dos homens, presa, Para a celebração rubra da carne estuante E a régia orquestração da Forma e da Beleza!

(In Antologia da Academia Maranhense de Letras,1958)

(A Frase que Matou o Operário)

“Não precisamos mais do seu serviço”, Disseram-lhe os patrões, há dois meses e pouco. E ele se foi, sob o calor abafadiço

,. Não precisamos mais do seu serviço…” De tantos anos de trabalho era esse o troco Que recebia. Em vez de lucro, apenas isso… E ele consigo murmurava como um louco: ” Não precisamos mais do seu serviço..,”

“Não precisamos mais do seu serviço…” Torou-se bruto e respondia, a praga e a soco, Aos filhos e à mulher, famintos no cortiço, E após, chorava murmurando como um louco: “Não precisamos mais do seu serviço…”

“Não precisamos mais do seu serviço…” E ele saía a ver emprego, triste e mouco, Nada! Nenhum!… E cabisbaixo, o olhar mortiço, Ele voltava murmurando como um louco: “Não precisamos mais do seu serviço…”

“Não precisamos mais do seu serviço…” E cada vez sentia mais o cérebro oco. Enforcou-se.Morreu. “Foi o diabo ou feitiço…” Ele murmurando, como um louco: “Não precisamos mais do seu serviço…”

(O Livro da Minha Loucura,1926)

TROVAS

Tic-tac… E a mocidade vais-se e aparece a velhice… Tic-tac… Ai, que saudade Dos tempos da meninice!…

O amor, que em sonhos espreito, em teu coração não medra: Será por acaso feito o teu coração de pedra?

Eu era um só. Tu surgiste e assim ficamos os dois: Depois, eu vi que mentiste, e um só me tornei, depois!

Foge-me a tua conquista, vou-me embora, – por que não? Quanto mais longe da vista, mais longe do coração…

Minha filha, pobre rosa, vê quanto sofro, querida, ao pressentir ver trevosa a estrada de tua vida!

(In Minha Terra Tem Palmeiras/Clóvis Ramos/1970) ============================

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