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A GERAÇÃO DE 53

PALMÉRIO CAMPOS, JOSÉ REINALDO52 , CLÁUDIO ALEMÃO, AZIZ TAJRA E JOAQUIM YTAPARY

REVISTA JOGOS DOS AMIGOS 2002 – XII JOGOS – ANO IV – 14/12/2002

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MIGUEL, MALHEIROS, SOLOM, ZÉ ALBERTO, CANHOTO, JESUS, IWALBER, e MAURO TIME DO COLÉGIO MARISTAS – 1953

BINÉ, POÉ, ALEMÃO, CLEÓN, MUTILO GAGO, RAUL GUTERRES E OUTROS...

REVISTA JOGOS DOS AMIGOS 2002 – XII JOGOS – ANO IV – 14/12/2002

MÁRIO BAZUCA, MIGUEL E CÉSAR BRAGANÇA

JOSÉ GONÇALVES, CARRINHO, VELOSINHO, BOLÓ PRAIA OLHO D´ÁGUA - 1953

Esclarecendo o uso do termo “geração”, sirvo-me de Durans (2012; 2014) 53 - que se utiliza da definição de Moisés (2004) 54 - quando estabelece um critério cronológico para distinguir os termos geração, era, época, período e fase:

[...] Para o autor, era designa um lapso de tempo maior em que se fragmenta a história de um povo; época designa a subdivisão de uma era; período, por sua vez, é a subdivisão de uma época; e finalmente fase constitui uma subdivisão do período ou da biografia de autores. Geração poderia, então, ser identificada com período ou fase, enquanto era e época designariam sucessões de gerações irmanadas pelos mesmos ideais. O uso do termo geração pode se dar ainda no sentido biossociológico, ou seja, de faixa etária. Esse é, portanto, um conceito polissêmico, frequentemente empregado, ainda, em sentido político-ideológico (de engajamento político ou militância política), ou em alusão a

uma determinada concepção estética, artística ou cultural (escolas). O termo geração no sentido de mesma faixa etária tem sido amplamente usado pela historiografia, frequentemente associado à intelectualidade, à noção de herança, de grupo de intelectuais que dão continuidade a certos referenciais de outros que viveram em épocas anteriores, figurando como patrimônio dos mais velhos.

Venho chamando de “Geração de 53” àquele grupo de jovens esportistas que começam a se destacar no meio esportivo maranhense no início da década de 1950. Herdeiros – melhor – alunos de esportes e de educação física da “Geração dos Erres”, da década de 1940 – Ruben Goulart, José Rosa, Ronald Carvalho, Raul Guterres, Rinaldi Maia...

1950

Brandão (2007) 55 lembra que as pessoas se reuniam na Praça João Lisboa, ao final da tarde, quase sempre as mesmas, políticos e politiqueiros de várias tendências, velhos cidadãos, austeros e vividos homens públicos, aposentados. E uns grupos de jovens e barulhentos estudantes quebravam a conversação variada: política, futebol ou, preferentemente, a vida alheia... Vivia-se a São Luís dos anos 50, cidade pequena.

Aos pés da estátua de João Lisboa aquele grupo de jovens estudantes, todos mal saídos da adolescência, se encontrava... Cláudio Vaz, os irmãos Mauro56 e Miguel Fecury, José Reinaldo Tavares, João Carlos Martins, Aziz Tajra, Jaime Santana, Jesus Itapary, Celso Rocha, Mário Aguiar Salmem...

Depois, se fizeram adultos, todos...

Fonte: BUZAR, 201557

FABIANO, JAIME SANTANA, CLEÓN FURTADO, MAURO FECURY, CLÁUDIO ALEMÃO, BENEDITO BUZAR, MIGUEL FECURY, FORTUNATO BANDEIRA (2001) REVISTA JOGOS DOS AMIGOS 2002 – XII JOGOS – ANO IV – 14/12/2002

O COMBATE, SÃO LUÍS, 5 DE MAIO DE 1950

O COMBATE, São Luís, 06 de junho de 1950

O COMBATE, São Luís, 06 de junho de 1950

Benedito Buzar14, nascido em Itapecuru Mirim em 1938, em depoimento ao autor, rememora:

No meu tempo de juventude não tive grande envolvimento com as atividades esportivas de São Luis. Jogava futebol, com atuação em Itapecuru, minha terra natal, onde jogava pelo Aimoré Futebol

14 BUZAR, Benedito Bogéa. DEPOIMENTOS. In Mensagem eletrônica a Leopoldo Gil Dulcio Vaz, dando seu depoimento sobre a Geração de 53 e Cláudio Vaz. 12/04/2015.

Clube. Em São Luis, era assíduo freqüentador do estádio Santa Isabel, onde assistia aos jogos entre os clubes da cidade, sobretudo quando o meu time, Sampaio Correa, jogava. Também gostava de assistir as partidas de vôlei, basquete e futebol de campo entre os times dos principais colégios da cidade: Escola Técnica, Liceu, Maristas, Colégio de São Luiz e Ateneu Teixeira Mendes. A minha geração teve intensa participação no esporte maranhense, especialmente no amador. Os colégios, naquela época, primavam em realizar torneios esportivos, fato que eletrizava a mocidade e movimentava a vida da cidade.

Fonte: DEAN, 201558 Os poucos, mas importantes professores de educação física atuavam sobremodo nos colégios de cidade e estimulavam os alunos para as práticas esportivas, muitas das quais realizadas em espaços dos próprios colégios, onde eram ministradas, também, as aulas de educação física. Os professores de educação física, salientando-se Mary Santos, Carlos Vasconcelos, Luiz Aranha, José Rosa, Eurípedes Bezerra e Dimas, devotavam-se com afinco à profissão e por conta disso revelaram valorosos atletas, que deixaram marcas indeléveis na cena esportiva maranhense.

Como produto do trabalho e da dedicação desses professores de educação física e dos donos de colégios, o Maranhão teve participação bastante saliente em competições realizadas aqui e em outras cidades do país. Dessa geração, são destaques: Cláudio Vaz dos Santos (Alemão), Mauro e Miguel Fecury, José Reinaldo Tavares, Antônio Carlos Vaz dos Santos (Janjão), Palmério Campos, Nonato Cassas, Fabiano Vieira de Silva, Aziz Tajra, Biné, e outros tantos, mas que, infelizmente, não estão mais entre nós. (BUZAR, 2015, DEPOIMENTOS.) 59 .

JOSÉ JOAQUIM FILGUEIRAS, JOAQUIM ITAPARY, CLÁUDIO ALEMÃO, CLÓVIS FECURY, MIGUEL FECURY, MAURO E ANA LÚCIA, JOSÉ SARNEY, ELISABETH FECURY, CABRAL MARQUES, BENEDITO BUZAR, JAIME SANTANA, FABIANO V. DA SILVA, CLEÓN FURTADO, E LUIS ANÍSIO – EM VISITA AO CEUMA (2000). REVISTA JOGOS DOS AMIGOS 2002 – XII JOGOS – ANO IV – 14/12/2002

ZÉ REINALDO, AZIZ, MIGUEL E ALEMÃO

JOGOS DOS AMIGOS 2006 – Revista Jogos dos Amigos, UNICEUMA ano IX 15/12/2007

MAURO E RAIMUNDINHO

Cláudio diz que começaram, efetivamente, em 1952, tomando parte nela Mauro Fecury, seu irmão Miguel, Zé Reinaldo Tavares, Jaime Santana, Raimundinho Sá (falecido), esse é um grupo que praticava várias modalidades de esportes; pode-se dizer que – nas palavras de Cláudio – participavam ainda Rubem Goulart, Ronald, se bem que esses eram de uma geração anterior.

Rubem Goulart Ronald da Silva Carvalho

JOGOS DOS AMIGOS 2006 – Revista Jogos dos Amigos, UNICEUMA ano IX 15/12/2007

Aqueles jovens estudantes secundaristas ansiavam por participar dos campeonatos que então se realizavam, e fundam uma equipe, para que pudessem participar: criam o famoso “Os Milionários”.

LUIS DE MORAES REGO

Em 1952 Cláudio Vaz dos Santos, ao ingressar no Colégio de São Luís, do Prof. Luis Rego, participa dos Jogos Olímpicos Secundaristas, organizado pelo jornalista

Mario Frias, como atleta de Basquetebol, Voleibol, Futebol de Campo, Atletismo e Natação.

No ano seguinte (1953), junto com outros atletas da época, de várias escolas, funda a equipe dos “Milionários”, que faz história no esporte maranhense, especialmente no Basquetebol, por mais de 20 anos; a equipe era formada por Gedeão Matos, os irmãos Mauro e Miguel Fecury, Aziz Tajra, Raimundinho Sá,

Poé, Denizar, Canhotinho, Fabiano Vieira da Silva, Cleon Furtado, Jaime Santana, os irmãos Zé Reinaldo e Silvinho Tavares, Wilson Bello, Sá Valle, Joaquim Itapary, Henrique Moreira Lima, Márcio Viana Pereira.

Com a extinção d´“Os Milionários”, fundam o “Cometas”, que além de basquete e vôlei, participam dos jogos de Futebol de Salão:

O “Milionários”... Nós fomos participar de vôlei e basquetebol sábado à tarde no Colégio São Luís e na quadra coberta que tinha no Liceu jogava o “Milionários”, o Colégio São Luiz, jogava “08 de Maio”; nós jogávamos na quadra do Colégio São Luiz, não sei se ainda existe a quadra lá. Assim que nós jogávamos à tarde e jogávamos o Campeonato Maranhense de Basquete já no Santa Isabel, que era a única quadra iluminada que tinha em São Luís; o Estádio de Santa Isabel, que hoje é a Igreja Universal, ficava ali no fundo , essa quadra - antigo campo do Fabril Atlético Clube, Santa Isabel Foi onde nós praticamos em grupo, nós nos unimos a ele, era “Os Milionários” e era um contracenso; não tínhamos um tostão, mas como tinha aquele time “Os Milionários”, e nós tivemos a ideia de fazer nossa equipagem; nós saímos da Praia Grande, pedindo dinheiro no comércio da Praia Grande. Na Rua Portugal, a gente chegava e vendia os nossos ingressos, mandava fazer ingresso de jogo, quando dinheiro arrecadava, mandava fazer nossa equipagem de jogo. Hoje a gente comemora todo ano no 2º sábado de dezembro, a gente se une, a gente joga. É uma geração famosa, pode se dizer que tem a famosa geração de 50 que é da geração dos políticos e literatos: Sarney, Burnet, Tribuzi, aquele pessoal, e logo em seguida, vem a geração dos jovens ligados principalmente ao esporte e que hoje também... Hoje chega ao poder - Zé Reinaldo tá aí, vice-governador, o Mauro já foi prefeito, tá chegando ao poder agora, e continuam unidos através dos esportes. Todo domingo na reunião na casa do Mauro, até hoje o Mauro Fecury tem uma casa no Araçagi, a não ser quando ele viaja para Brasília; nos domingos a partir das 11:30 h. Nós estamos juntos na casa do Mauro até cinco horas, ele faz questão, ele que manteve essa chama acesa e que nós nos reuníamos. Tudo mas não tínhamos como hoje aquela precisão de nos reunirmos, até

hoje nós estamos unidos novamente mesmo 60 . (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA).

TIME DO COLÉGIO SÃO LUIS - PROFESSOR LUIS REGO E SUA EQUIPE

SÁ VALLE, POÉ, PROF. BRAGA, JAIME SANTANA, AZIZ TAJRA, JANJÃO

Cesar Aboud iniciava sua campanha, em 1953, tendo o desenvolvimento do esporte como mote principal:

Na entrevista que Cláudio me concedeu, sobre essa época de sua vida, mudou-se de assunto constantemente; ao referir-me ao esporte principal daquela geração – o Basquete, e como começou o interesse, referi-me a comentário de um dos jovens daquela geração - aluno do Liceu – em que se entusiasmou pelo basquete, pois passava no Cine Éden, antes da sessão de cinema muitos filmes, geralmente sobre basquete, com os Globen Trotters. Cláudio afirma que:

Eu trouxe os Globe Trotters 61 , uma festa é o maior evento intencional que já houve no Maranhão de Esporte, eu trouxe justamente com o Zé Alberto Moraes Rego, presidente da Associação Maranhense de Basquete, nós conseguimos junto a Confederação Brasileira de Basquete, Almirante Mera, nós fizemos os Globe Trotters dentro do Nhozinho Santos, construímos uma quadra de 20x40m, iluminamos, subimos 1 metro do nível do campo o jogo. Foi no governo de Pedro Neiva, os Globe Trotters jogaram no Maranhão, foi o maior evento internacional de esporte que já teve no Maranhão. (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA).

O entusiasmo pelo basquete era muito grande, tanto que o Prof. Zé Rosa, no Liceu dava uma espécie de basquete, tipo futebol americano, onde o jogador saia correndo com uma bola e encestava. Ao que Cláudio lembra:

Nós jogamos futebol americano, agarrava a bola e separava, jogamos tanto no Colégio como no quartel, tinha o capitão Nélio, tenente Nélio que era o nosso orientador, veio da Escola de Ed. Física do Exército; trouxe muitos conhecimentos. Muita prática dirigida, acadêmica, dentro da Educação Física. Nosso conhecimento foi através desse trabalho no N.P.O. R (Núcleo Preparatório dos Oficiais da Reserva) isso já em 56 na saída do Colégio, passando a servir o Exército. (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA).

Alemão lembra Jaime Santana, um dos praticantes de esporte, tanto vôlei como o basquete, futebol de campo, futebol de salão:

Nós jogávamos tudo; é que toda essa geração jogava tudo, ninguém jogava futebol de praia, futebol de salão, futebol de campo, Jaguarema então era o nosso celeiro. Foi o grande Jaguarema na época, então o que a gente praticava de esporte era direto... (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA).

Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo - o Prof. Dimas - jogava Basquetebol pelo Moto Clube de São Luís, na década de 50 e lembra de outros clubes famosos e seus atletas:

Nessa mesma época eu jogava Basquetebol pelo Moto Clube; Quando eu retornei, passei a jogar Basquetebol, pelo Moto Clube, no [Campo do] Santa Isabel, tanto que ai nós fomos disputar um campeonato em 54... 55 e em 56 eu fui seleção maranhense para disputar o Brasileiro em Recife, eu, Rubem Goulart; Antônio Bento; Vieirão, Major Vieira; Bebeto [Carlos Alberto Barateiro da Costa], também da Policia; Willame Najas, filho Titico. Nessa época, Mauro Fecury era Juvenil, quando eu jogava basquetebol, depois ele já teve um destaque muito grande e ele, Miguel Fecury - o irmão dele -, eles, pode se dizer, que foram os meus juvenis, os aspirantes... Nós disputamos o campeonato - era Moto Clube, o time que eu jogava -, era o Vera Cruz, o Oito de Maio - que era de Rubem Goulart -, o General Severiano [Sampaio], que era do Exército; Tiradentes, que era o time Militar [Polícia Militar], e os Milionários, dos jovens – Alemão [Cláudio Vaz] e Poé, esta turma nova, Jesus Itapary, esta turma.... do Liceu, do São Luís, basicamente, o Liceu, São Luís e Maristas.., foi essa turma que nos acompanhou, que acompanhou os adultos que já jogavam, que era Os Milionários.

O esporte entre as mulheres também estava se desenvolvendo, com o Moto Clube, em 1958, criando seu departamento feminino:

AQUELES DO VOLEIBOL - JAGUAREMA