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O RETORNO – 1980 UMA CONCLUSÃO POSSÍVEL, DO MESTRE DO JORNBALISMO ESPORTIVO – CLÁUDIO VAZ DOS SANTOS, O ALEMÃO

O RETORNO, 1980

1980 retorna a São Luís, trabalhar na Fundação Municipal de Esportes. Mauro Fecury assumira a Prefeitura de São Luis pela segunda vez e cria a Fundação Municipal de Esportes:

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Eu tive dois professores excelentes, nós fizemos um trabalho só de futebol de campo, aí eu me tornei professor, me reciclei, jogadores, jogadores como Marcos e Lino, os dois professores meus que eu trabalhei lá. Marco Antônio Gonçalves “O Marcão”: “Marcão já estava a duas horas com a mulher dele no telefone.... Rapaz era uma guerra... Ela viajava e ele ficava doido apaixonado...”; e o Lino também, um excelente profissional. (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA).

Lino Castellani Filho - do grupo dos ‘paulistas’ não veio para o Maranhão em função do JEM's, nem em função do JEB's. Trabalhava em São Paulo com o Futebol, e veio para trabalhar com o MAC, como preparador físico. E Cláudio o contrata para a “Escolinha de Futebol”, mas nunca foi funcionário do Estado SEDUC/Departamento de Educação Física, nem da Prefeitura. Contratado pela UFMA como funcionário administrativo, técnico em assuntos educacionais lotado no DAC.

Para Cláudio, Lino era funcionário da Fundação Municipal de Esportes - ele e Marcão , funcionando no Parque do Bom Menino:

Lino e o Marcos faziam um trabalho só com o futebol de campo, nós criamos quase 100 equipes de futebol de campo nos bairros; eu tinha uma caminhonete a disposição deles, nós tivemos 15 frentes de trabalho de escolinhas em vez do atleta na área dele nos campos dele, foi um trabalho excelente, nós formamos atletas, saiu tanto atleta nessa época, dessa geração nesses dois anos. Foi

quando João Castelo colocou o Mauro para fora, era prefeito nomeado, derribou com a gente, caiu, saiu levando todo mundo, nós tivemos um trabalho excelente no futebol de campo onde formamos, ex – jogadores, reciclamos esse professores fizeram curso intensivo, Lino e o Marcão que eram professores dessa geração aqui no Maranhão. Foi chamada por eles nessa época. (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA).

Sidney Zimbres20 discorre sobre a FUNDEL:

A FUMDEL. Eu acho necessário que o Município tenha uma fundação para trabalhar o desporto e o lazer no município, ela foi criada, já está com quatro anos, cinco anos, acho que no governo do prefeito que foi reeleito, ela fez um trabalho, um pitoco de um trabalho, isso não é do conhecimento de comunidade, infelizmente; porque as pessoas da assessoria da FUMDEL que deveria está divulgando isso não fizeram. A coordenação de desportos e lazer da FUMDEL optou por fazer um trabalho em comunidades com os departamentos, então havia uma opção, ou trabalhava no esporte com as federações, quer dizer, reproduzia o que o Estado faz ou se trabalhava um segmento, que é totalmente, arejado, um segmento do processo que está lá, dentro do bairro então a gente optou pelo segmento, que tá lá, que nunca foi trabalhado, são os bairros, então fizemos um levantamento, em que privilegiou, as comunidades os bairros de periferia. [O Trabalho é basicamente com o Futebol?] Não, não. Aí é outra surpresa também, porque o que aparece é isso o futebol, na imprensa, saí uma notinha no jornal, a gente entrou em contato nos departamentos autônomos de futebol, por isso que fica essa imagem do Futebol, esses departamentos autônomos, nós fizemos um levantamento e encontramos 54 (cinquenta e quatro) departamentos autônomos, cada bairro, tem um departamento autônomo, desse departamento tem uma estrutura tem um campo de futebol, praticamente futebol, vive em função do futebol, pouquíssimos departamentos, raros são aqueles que trabalham com futebol, mas a nossa ideia é começar com futebol, porque existe o futebol lá com escolinhas, quer dizer dá apoio a estrutura, isso foi feito em vários departamentos como reforma do Campo; os departamentos que não tinham campo a Prefeitura fez um campo de futebol, arrumou um local para tomar banho, um vestiário, deu material esportivo, foram feitos vários torneios,

20 SIDNEY FORGHIERI ZIMBRES. Entrevista realizada com o professor Sidney Forghieri Zimbres, na residência do entrevistador, à rua Titânia n.º 88, Recanto dos Vinhais, no dia 24 de março de 2001, iniciando às 8:30 horas.

campeonatos com eles, ligado ao futebol, mas não é só futebol teve escolinhas de Voleibol, o Departamento do São Francisco, teve escolinha de Futebol de Salão, de Voleibol, teve escolinha de Handebol, o problema é que os recursos da Fundação são pouquíssimos, não é uma fundação que o prefeito, olha assim como; a prefeitura já tem consequência, então ela não é uma fundação, que o prefeito injeta; então ela com poucos recursos, é a gente fez um trabalho, além desse trabalho fizemos outros eventos, trabalhamos numa prova, numa atividade de Iatismo, a prefeitura em convênio com o Iate Clube, de bicicleta, teve evento de bicicleta, Eu tenho o relatório, que depois eu posso passar esse relatório para você olhar, o quê, que foi feito [...](ZIMBRES, Entrevistas).

Logo após, Cláudio passa a trabalhar na SEDEL, conforme diz, “já foi mais um encosto meu”. Phil Camarão, Secretário de Esportes no Governo Lobão o nomeou Coordenador de Esporte:

[...] eu ainda tive muita força como Coordenador. Na época de Phil eu mandava mesmo, eu tinha poder de precisão, eu tinha toda autonomia para o trabalho, fizemos ainda um trabalho muito bom em termos de JEMS; era mais coordenar as atividades que a coisa estava feita, porque todos nós dependíamos dos colégios, os colégios era que tinha a força de trabalho, já existia uma dedicação natural, não precisava ninguém cobrar nada deles, era o interesse dos colégios em participar o nível técnico cada vez melhor. O JEMS foi uma competição de nível, mas o meu trabalho foi mais de administrar o que estava feito, eu não formei nada, eu levei uma seleção para Blumenau. Foi muito bem, Natação nós fomos uma equipe muito boa com o Phil Camarão. Eu fui para o JEBS, novamente voltei ao JEBS, através dessa eu comecei a participar do JEBS novamente. Porém eu tive um problema, que queriam tirar a coordenação lá do Costa Rodrigues com ciumeira porque eu tinha muito poder como Coordenador, eu era o único coordenador que tinha carro à disposição da coordenação e começou uma ciumeira besta achar que eu estava com muita força, eu ficava no Costa Rodrigues e eu tinha que ir era para a SEDEL lá [no Outeiro da Cruz], eu disse

se eu for para lá eu não quero mais trabalhar contigo [...]. (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA).

Phil Camarão 21 fala das dificuldades em administrar a SEDEL, quando foi secretário:

[...] Eu fiquei muito feliz de ter sido o primeiro ex-atleta, extécnico, campeão maranhense, campeão brasileiro, a alcançar o título máximo que se almeja, quem gosta de esporte quer ser o Secretário de Esporte do Estado... As dificuldades foram muitas, porque a secretaria era uma Secretaria Extraordinária de Esporte e Lazer, ou seja, não tinha dotação orçamentária própria. [No] Governo Lobão... Eu dependia muito de recursos, cada projeto gerava o pedido para recursos e os recursos evidentemente tinham outras prioridades, como segurança, educação, saúde e o esporte apesar do Governador sempre ter dado muito apoio, evidentemente não podia ter prioridade na concepção ampla da administração púbica. Mas nós fizemos um JEM’s... Que até hoje está como modelo e nós modificamos o JEM’s, aquela abertura para os interiores do Maranhão e tanto é que nós construímos quadras, pistas de atletismo no interior do Maranhão, foi aí que começou a desenvolver muito mais ainda e nós fizemos uma coisa que nunca tinha sido feita e até agora não foi feita, que foi a Copa Bem, que foi o maior evento esportivo de São Luís, envolvendo 400 times de futebol e futebol nos bairros em São Luís, envolvendo mais de 8 mil atletas, envolvendo 48 bairros da cidade e fruto disso foram diversas modalidades de esportes incentivadas pela SEDEL, apesar da deficiência de recursos e grandes nomes que surgiram a partir dessa geração, na natação, no atletismo, você se lembra no atletismo tinha Riba [José Ribamar Ribeiro, chegou a estar entre os três melhores atletas ranquados nos 100 metros rasos, hoje, professor de Atletismo], tinha a irmã de Riba (Maria da Graça Ribeiro, também velocista], tinha Aurenildes [ da Silva Brasil, lançadora de dardo, hoje, professora de educação física], eu estou citando atletismo que eu sei que é uma área que você gosta bastante; e então acho que foi uma administração boa, mas eu deixo as pessoas que vivem no esporte para que façam o julgamento ...

21 CAMARÃO, Louis Philip Moses. ENTREVISTAS. Gravada no dia 28.06.2001 com início às 8:17 na Sede da Cooperativa de

Médicos do Maranhão, na rua do CEMA, 33.

Por exemplo, não dá para comparar as épocas, porque nos JEM’s, nós jogávamos basicamente com cinco escolas, era Liceu, Batista, Marista, Dom Bosco e Batista e quer dizer outras escolas, mas de esportes menores e hoje não, hoje só na nossa época, só o índice de escola de São Luís eram mais de 80 escolas, então era uma visão muito mais ampla, e a qualidade cai bastante e embora no final sempre sejam as mesmas equipes, mas é uma visão diferente, naquele tempo o Colégio Santa Teresa, na parte do voleibol feminino e até no handebol feminino também, então nós tínhamos aquelas escolas, hoje mesmo com essas escolas praticamente afunilando, hoje você vê o predomínio em diversas modalidades no interior do Estado, você vê agora, hoje eu li no jornal que quem foi campeão do JEM’s em xadrez, foi Imperatriz, quer dizer, naquela época que foi se implantando, você vê o domínio hoje no atletismo é praticamente de Codó, Pedreiras, Caxias e Bacabal, então eu deixo a você que entende de esporte, que gostam de esporte, e mesmo a população que mora no Maranhão, que faça esse julgamento. (PHIL CAMARÃO. Entrevistas).

Quando Paulo Marinho assumiu a prefeitura de Caxias, “ele disse”, coincidência: –

“Você quer trabalhar comigo na Secretaria?”; respondi: “Eu vou” .

Phil – aí está a coincidência – propõe a Cláudio ir, pela SEDEL, para Caxias... Tu vais transferido para a SEDEL. Eu disse – Para a SEDEL eu não vou, eu quero ficar aqui, mas como tu não quer que eu fique vou sair e vou para Caxias.

Passou dois anos, quase três anos, com Paulo Marinho. Foi quando Marly Abdalla assumiu a Secretaria de Esportes e me convidou: - tu vai ser meu Coordenador de Esporte:

[...] foi quando eu vim, primeiro ano foi excelente nosso trabalho; fizemos um JEBS excelente, no segundo ano me desentendi com o grupo dela, aí começaram a me isolar, a Marly me deu toda força, eu fiz os JEMS, generalizei todo esse trabalho enorme do JEMS que não era interiorizado, conseguimos fazer um JEMS muito bom, foi quando aí eu me afastei de novo de Marly... (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA).

Raimundo Nonato Irineu Mesquita22 que trabalhou com Cláudio nessa época,

lembra:

Quando Dona Marly, era a Secretária, antes do Luizinho136, o Claudio Vaz foi nomeado Coordenador de Desportos, mas logo em seguida o Paulo Marinho o convidou para ser Secretario de Esportes de Caxias, ficando respondendo por uma e recebendo pelas duas funções, sendo que eu e o Trajano137, que à época respondíamos pela Divisão de Atividades Permanentes e Divisão de Atividades Especiais, respectivamente, assumimos a direção das atividades pertinentes á Coordenação de Desportos da SEDEL, mais precisamente a realização dos JEMs e a implantação inicial do Esporte Solidário, que logo depois passou a ser coordenado pela Profa. Ivone Nazareth.

Já no Governo Roseana, o segundo governo:

[...] aí, Luisinho foi ser secretario, aí foi uma lástima para mim, eu não me dei bem com ele, a maneira que ele trabalhava e de lidar com as pessoas foi que eu me afastei, sai de lá. (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA).

Passou a trabalhar com o então Deputado Manoel Ribeiro, na função de Coordenador Parlamentar, se afastando da área do esporte:

[...] nesse governo de Roseana, primeiro eu fui muito ativo com a Marly, que era Secretaria e me deu muita força, onde eu trabalhei, agora, no

22 MESQUITA, Raimundo Nonato Irineu. DEPOIMENTOS. Via correio eletrônico, em mensagem ao Autor em 18/03/2015. Praticante de atletismo de 1972 a 1979. Funcionário Publico SEDEL desde 1981. Técnico de Atletismo Instituto Divina pastora - 1980 a 1998. Presidente da Federação de Atletismo do Maranhão por vários mandatos (Tendo participado da sua fundação e elaboração de estatuto). Atualmente , ainda na SEDEL, e desde 1996 colabora na coordenação da parte técnica dos JEMs e na coordenação das equipes maranhenses, participantes dos Jogos escolares da Juventude. Foi meu aluno de Atletismo na antiga ETFM, quando o iniciei na arbitragem de atletismo e depois foi meu diretor na FAMA.

segundo, eu não tive nenhuma posição de mando, eu fui marginalizado. (VAZ DOS SANTOS, ENTREVISTA).

Cláudio Vaz dos Santos, “Alemão”, ainda vem a ocupar o cargo de Gerente Adjunto da recém-criada Gerência de Estado de Esporte e Lazer (GESP). Hamilton Ferro Junior (200623), ao discorrer sobre a reestruturação do esporte universitário maranhense no início dos anos 2000, informa:

[...] quando viemos resgatar as competições entre os cursos, no final de 2002, se percebeu a necessidade da existência de uma instituição que oferecesse maior respaldo e representatividade aos eventos esportivos universitários. O grupo que dirigia o DAEF não sabia da existência da Federação Acadêmica Maranhense de Esportes, mas em conversa com os professores pertencentes ao quadro docente tomou-se ciência da existência de uma entidade muito antiga e com relevante trabalho no meio acadêmico maranhense: a Federação Acadêmica Maranhense de Esportes FAME.

A FAME foi fundada em 1949, pelo Professor Ronald da Silva Carvalho. Desde a década de 1950 o esporte universitário vem participando de eventos fora do estado, quando foram realizados os Jogos Universitários no Recife – PE. Participação irregular, já que a FAME não estar legalizada junto à CBDU. Naquela época os atletas eram polivalentes e competiam em mais de uma modalidade coletiva, alem das individuais. Por falta de patrocínio nossa delegação foi com a passagem só de ida. Viajaram em aviões da Força Aérea Brasileira 11 atletas, o presidente Ronald Carvalho e o médico Dr. João Abreu Reis, e conquistou o 4º lugar no Basquetebol.

23 FERRO JUNIOR, Hamilton de Moura. A REESTRUTURAÇÃO DO ESPORTE UNIVERSITÁRIO MARANHENSE A PARTIR DA INICIATIVA DE ESTUDANTES DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO NO PERÍODO DE 2002 A 2003. Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Maranhão, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Educação Física. Orientador; Prof. Esp. Vicente Calderoni Filho. Co-orientadora; Profª. Ms. Ana Maria Lima Cruz. São Luis, 2006.

A volta foi conseguida pela Companhia Nacional de Navegação Costeira e a delegação embarcou no navio Itahité (VAZ, 2009) 24 .

No ano de 1951, Ronald da Silva Carvalho, então acadêmico de Direito e diretor de esportes do Diretório dos Estudantes, funda a Associação Atlética da Faculdade de Direito da UFMA, a fim de regularizar e legalizar a Federação Acadêmica de Esportes – FAME – junto à CBDU. Funda, ainda, as Atléticas dos cursos de Odontologia e Farmácia, ligando-os à FAME.

Destacavam-se, naquela época, como atletas – polivalentes – além do próprio Ronald e Rubem Goulart, Nelson Fontinha, Evandro Bessa, Carlos Guterres, Lino Castelo Branco, Alim Maluf, José de Ribamar Seguins, Eliezer Moreira Filho, e muitos outros.

Já em 1955 a FAME realiza os Jogos Universitários do Norte e Nordeste, em São Luís, com a participação dos estados do CE, PI, PA, AM, além do MA, sendo disputadas as modalidades de Voleibol, Basquetebol e Atletismo (VAZ, 2009) 25 .

Segundo Ferro Junior (200626), descobriu-se que o Esporte Universitário passava por um jejum de 10 anos no que diz respeito ao desenvolvimento de atividades envolvendo as IES Maranhenses e, além disso, estava sendo comandada por um interventor, o Sr. Cláudio Vaz dos Santos, “Alemão”, que naquela época ocupava o cargo de Gerente Adjunto da recém-criada Gerência de Estado de Esporte e Lazer (GESP).

Na busca por conhecer o responsável pelas atividades esportivas universitárias

24 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ESPORTE UNIVERSITÁRIO. In BLOG DO LEOPOLDO VAZ. Por Leopoldo Vaz • segunda-feira, 22 de junho de 2009 às 10:01. Disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2009/06/22/esporte-universitario/

25 VAZ, 2009. Disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2009/06/22/esporte-universitario/

maranhenses na época, os membros do DAEF foram apresentados ao Sr. Cláudio Vaz dos Santos, que recebeu muito bem os estudantes que naquele momento, se apresentavam como pretendentes legítimos e interessados em reestruturar e participar do segmento em questão.

Após algumas reuniões, marcou-se a eleição e, em 10 de janeiro de 2003, na sala do então Gerente Adjunto da GESP, é eleita e toma posse na Federação Acadêmica Maranhense de Esportes a “Chapa Interação” composta por alunos do curso de Educação Física da UFMA, comprometidos em reestruturar as atividades esportivas nas Instituições de Ensino Superior do Estado.

Basquete da FAME em 1954. Em pé: Raul, Hugo, Bittencourt, Daniel, Rubem Goulart e Almeida e Silva; Agachados: Teopblister, Arruda, Bragança, Ronald Carvalho e Flávio Teixeira

26 FERRO JUNIOR, 2006.

UMA CONCLUSÃO POSSÍVEL, DO MESTRE DO JORNALISMO ESPORTIVO:

CLÁUDIO ANTÔNIO VAZ DOS SANTOS - O 'ALEMÃO'

Por

JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Publicado no JORNAL PEQUENO, 28 de fevereiro de 2010, Caderno de Esporte

Cláudio Vaz, o criador dos JEMs

"Sou a mãe e o pai do JEMs. Os JEMs são a minha vida." - Cláudio Vaz dos Santos.

Em 1973 nasceram os primeiros JEMs, na época chamados de Jogos Estudantis Maranhenses porque, um ano antes, 1972, o Maranhão participou dos JEBs -Jogos Estudantis Brasileiros - em Maceió, Alagoas. O então Coordenador de Esporte do Estado era o ousado desportista Cláudio "Alemão" Vaz dos Santos, que idealizou em 1971 o FEJ - Festival Esportivo da Juventude - sob a orientação da professora Mayre Santos, secretária de Educação da época. O FEJ sobreviveu durante dois anos apenas (1971 e 72). Após a participação dos JEBs em julho de 1972, Cláudio "Alemão" Vaz dos Santos, resolveu que, a partir de 1973, o FEJ seria substituído pelos JEMs.

Imaginemos o inventor Alberto Santos Dumont criando o 14 BIS sem as "asas". Melhor: imagine uma das mãos sem nenhum dos cinco dedos. Imagine um jogo de futebol sem traves. Imagine uma piscina de Natação competitiva sem as raias. Enfim, imagine o Esporte maranhense sem a luz divina e a criatividade inicial e pioneira - queremos manter a redundância - de Cláudio Antônio Vaz dos Santos. Imagine, também, o Cláudio Antônio Vaz dos Santos, hoje, sem o "Alemão".

Da mesma forma que alguns seres vivos estão entre nós "apenas para atrapalhar", a entidade divina superior à quem recorremos nas horas difíceis e que nos acostumamos chamar de Deus, criou e colocou também entre nós - para nossa felicidade - aquelas que vivem exclusivamente para ajudar, doando-se por inteiro.

Pois, uma dessas pessoas foi batizada na igreja católica com o nome de Cláudio Antônio Vaz dos Santos. E nós que temos o privilégio e somos premiados com a sua pura e simples amizade, o tratamos apenas como "Alemão".

Cláudio Vaz para alguns e Alemão para outros tantos, é um dos homens vivos mais importantes no esporte maranhense. Tanto quanto Dimas, Rubem Goulart, Furtado, Dejard Martins e tantos outros e muitos que já partiram, entre os iniciantes e, Tião, Canhoteiro, Djalma Campos, Ronaldo "Codó" Maciel, e os atuais Felipe Cunha, Frederico Castro, Iziane e China, Cláudio Antonio Vaz dos Santos é o nosso

quarto ocupante do pódio. Para ele estamos criando a medalha de brilhante. (José de Oliveira Ramos).

Cláudio Antônio Vaz dos Santos, Cláudio "Alemão" Nasceu em São Luís, no dia 24 de dezembro de 1935. Foi atleta de Basquetebol, Voleibol, Futebol de campo e de salão, Atletismo e Natação. Pertenceu à famosa "Geração de 53" do esporte maranhense, atuante nas décadas de 1950 e 1960.

Em 1971, formado em Economia, foi nomeado Coordenador do Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação da então Secretaria de Educação e Cultura DEFER-SEC. Reestruturou o esporte e a Educação Física maranhense implantando as escolinhas de esportes no Ginásio Costa Rodrigues, que passaram a funcionar desde as 5 horas até às 23 horas, com atividades como Atletismo, Futebol de campo, de salão, Voleibol, Basquetebol, Judô, Boxe (que também praticou), Karatê, Capoeira, Xadrez, Ginástica Olímpica e folclore. Nesse mesmo ano criou o Festival Esportivo da Juventude - FEJ, embrião dos Jogos Estudantis Maranhenses - JEMs.

Fotos: CEDIDA POR A. MENESES

Ribeiro Neto (E) e Cláudio Vaz

Foi coordenador do DEFER até 1978; em 1979, transferiu-se para Brasília-DF, indo coordenar a Unidade Esportiva do DF. Em 1980 volta para São Luís passando a

dirigir a então Fundação Municipal de Esportes - FUMESP; foi, também, Coordenador de Desportos da então Secretaria de Desportos e Lazer - SEDEL, nas administrações de Phil Camarão e Marly Abdala.

Além de Cláudio, faziam parte desse grupo José Reinaldo Tavares (exGovernador do Estado), Alim Maluf (Secretário de Esportes e Lazer); Mauro de Alencar Fecury (ex-Prefeito de São Luis, deputado federal, hoje, Senador); Raul Guterres; Janjão Vaz dos Santos, Cel. PM Carlos Alberto (Bebeto) Barateiro da Costa.

Por iniciativa de Mauro Fecury, esses atletas ainda hoje se reúnem durante o mês de dezembro para os Jogos dos Amigos, para relembrar o passado de atletas, disputando várias modalidades juntamente com os "jovens" das gerações que os precederam.

Cláudio "Alemão" - recebeu este apelido quando estudava no Colégio Marista, no 4º ano primário. Começou os estudos no Jardim de Infância Antônio Lobo, ao lado da Igreja do Santo Antônio, onde sua mãe era professora. Estudou dos 4 até os 6 anos de idade no Colégio Antônio Lobo, quando foi transferido para o Colégio São Luís Gonzaga, da Professora Zuleide Bogéa, na Rua do Sol.

De lá se transferiu para o Colégio Marista, pois morava na Montanha Russa, e o Marista, nesse tempo, era no Palácio do Bispo, na Avenida Dom Pedro II e foi fazer exame de Admissão para o 4º ano primário no Colégio Marista. Ao chegar no Marista, era um praticante de futebol e de espiribol (esporte que hoje não é mais praticado).

"O irmão Manuel era considerado o Diretor de Esportes do Colégio Marista, me olhava e me chamava de Alemão (nessa época, loiros maranhenses eram poucos) e começou o Manuel: - Alemão, Alemão, Alemão, e eu fiquei Alemão até hoje, e sinto orgulho, o que marcou muito a minha formação, tanto Cláudio Alemão, que depois,

devido ao Fontenelle, eu passei a ser o Cláudio Vaz (o Alemão), quando entrei na área de esporte, como dirigente", conta.

Fez o exame de admissão e até a 4º série ginasial no Colégio Marista. Depois no Colégio Maranhense e no Colégio Cearense.

Como surgiram os JEMs - Inspirando-se em Mário Frias, deu o pontapé inicial para a realização dos jogos. O criador dos Jogos Escolares Maranhenses foi atleta do Colégio São Luís, em 1952. Ele era apaixonado por esporte, mas, com o pouco interesse das autoridades da época, se motivou e criou os jogos com o apoio de alguns ex-atletas. Entre eles, Zé Reinaldo Tavares (ex-Governador do Maranhão) e Mauro Fecury, atual Senador da República pelo Estado.

Assim, teve toda a ajuda do Governo Federal, Estadual e Municipal para a criação do Festival Esportivo da Juventude (FEJ) que, três anos depois, mudaria o nome para Jogos Escolares Maranhenses (JEMs).

"Nós participamos do JEBs em 72 e a sigla pesava. Mas, por bem, achamos melhor mudar para JEMs", explicou.

No início, escolas do interior não participavam. Elas começaram a chegar só em 1974. A partir da primeira edição, nenhum ano passou em branco com o JEMs.

Tudo começou quando Cláudio Vaz foi Coordenador de esporte em 1971. "A competição foi criada com o intuito de incentivar os jovens a praticarem o esporte e tirar o mal do caminho deles. O esporte é uma forma de acabar com a violência e tirar as drogas do caminho dos jovens atletas", afirma.

Como não havia nenhuma competição na época, Cláudio Vaz resolveu trazer para o Maranhão os Jogos Escolares. Trouxe algumas formas de incentivos às escolas, como a Educação Física. Montou um ginásio dentro do Nhozinho Santos, reunindo mais de 40 mil pessoas. Alcançou seu objetivo e deu aos novos atletas tudo o que não tivera na sua época.

O interesse dos alunos, pais e professores fez com que os Jogos fossem ganhando força e se federalizando (essa a maior conquista das modalidades). Tornou-se a maior competição inter-colegial do Maranhão. Com ajuda do professor Dimas, de Handebol, foram contratados técnicos de outros estados, como Laércio Elias Pereira, Marcão, Biguá, Vitché e outros. Isso elevou o nível técnico e o espore começou a

crescer.

Os primeiros JEMs tiveram a participação de aproximadamente 20 escolas. As escolas que dominavam na época eram os colégios São Luís, Batista, Marista e Escola Técnica. Só mais tarde, o Dom Bosco entrou na briga. O primeiro campeão foi o Colégio São Luís.

Os campeões eram premiados com troféus e medalhas. Os atletas que se destacavam eram chamados para fazer parte da seleção maranhense e disputavam os JEBs (Jogos Escolares Brasileiros). Para disputar os JEBs, a seleção maranhense não ia de ônibus. Aviões eram fretados para dar mais conforto aos atletas.

Quem se destacava nos Jogos, ganhava uma medalha de ouro. Com isso, tinha o direito de colocar uma estrela na bandeira como forma de incentivo aos atletas. As

primeiras modalidades dos jogos foram: Futebol de campo, Vôlei, Basquete, Handebol, Natação, Atletismo e Futebol de Salão.

Todos os jogos de salão eram realizados no Ginásio Costa Rodrigues. Com isso, o Governo liberou recursos para a construção do Ginásio Guioberto Alves inaugurado no Governo Pedro Neiva de Santana. Entre todas as modalidades da época, a que mais cresceu tecnicamente foi o Handebol. Nas primeiras edições dos JEMs já aconteciam jogos femininos, com as jogadoras atuando de saias. (Leopoldo Vaz).

A "importação" de professores, técnicos e atletas - Cláudio Vaz começou a trazer técnicos e atletas de fora, para continuar o trabalho iniciado por Dimas. O primeiro a chegar, foi Laércio Elias Pereira, depois, Marcão, Biguá, Vitché... Com a chegada de

Laércio, Dimas passa o Handebol para ele e passa a se dedicar mais à Ginástica Olímpica; com Natação, principalmente em aulas particulares, em piscinas particulares e à outras coisas.

Dimas e Laércio procuravam entre os melhores alunos, os preparavam, e os deixavam nos diversos estabelecimentos de ensino, para atuarem como técnicos, formando toda uma geração de atletas-professores. A influência de Dimas em toda uma geração de jovens atletas foi tamanha que, até hoje, trinta anos depois, estes pequenos ginastas de outrora tornaram-se os responsáveis pelo Esporte no Maranhão, e continuam honrando a posição de destaque ocupada pela Ginástica Olímpica maranhense no Brasil.

Origens Em 1960, o Ministério da Educação e Cultura - MEC promoveu Cursos e Exames de Suficência em Educação Física, em São Luis, habilitando então professores da disciplina para o Sistema Escolar do Estado do Maranhão. Este estágio coincidiu com apresentações de Handebol em São Luis e possivelmente pela primeira vez no Maranhão pelos professores Luiz Gonzaga Braga e José Rosa, ambos da Escola Técnica Federal do Maranhão - ETFM, do ensino médio local, hoje representado pelo Centro Federal de Educação Tecnológica - CEFET.

Esses dois técnicos esportivos pioneiros participavam dos Jogos Estudantis

Brasileiros do Ensino Médio - JEBEM e, ao serem avisados da introdução futura do Handebol nas competições, fizeram um curso da modalidade no Rio de Janeiro e, ao retornar, realizaram treinamento com um grupo de alunos. No aniversário da Escola, em 23 de setembro de 1960, este grupo fez uma apresentação oficial da nova modalidade. Dentre outros, estavam os alunos Aldir Carvalho, José Geraldo de Mendonça, França, Aldemir Mesquita.

Credita-se também a Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo - o Professor Dimas - a introdução do Handebol no Maranhão, após assistir a competições da modalidade nos Jogos Estudantis Brasileiros - JEBs de Brasília. Ao retornar a São

Luís introduziu a modalidade no Festival Esportivo da Juventude FEJ e Jogos Estudantis do Maranhão, JEMs, idealizados por ele e Cláudio Vaz dos Santos - o Cláudio Alemão.

Em setembro de 1972 inicia-se o aprendizado do Handebol com o Professor Laércio Elias Pereira transferido de São Paulo para São Luís para atuar na Escola Técnica, e, a seguir, chegam outros professores e alguns atletas provenientes do mesmo Estado como, Edivaldo Pereira (Biguá) e Vicente Calderoni Filho (Viché).

Com a chegada dos "paulistas" Laércio, Biguá e Viché, o professor Dimas, compreendendo suas limitações técnicas, afasta-se do Handebol, considerando sua missão cumprida, nessa modalidade. Data daquela época a grande rivalidade do Handebol maranhense entre o Colégio Batista e a Escola Técnica nascida da competição do Batista - base da seleção maranhense que foi aos JEBs - com a Escola Técnica, melhor orientada para os JEMs. (Leopoldo Vaz).

Todos esses fatos têm estreita relação e dependência direta do trabalho inicial desenvolvido por Cláudio Antônio Vaz dos Santos, o "Alemão". Pena que o futebol profissional tenha tomado caminhos diferentes e hoje esteja na bancarrota por absoluta incompetência dos dirigentes (JOR).