Artivismo

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Tim Berners-Lee que começou a planear o design da Web em 1990, enquanto trabalhava no centro de pesquisa suíço CERN, afirmou que pretendia mais uma criação social do que técnica: «I designed it for a social effect – to help people work together – and not as a technical toy. The ultimate goal of the Web is to support and improve our weblike existence in the world».201 BernersLee organizou uma comunidade, o World Wide Web Consortium com o intento de promover um desenvolvimento da Web com a contribuição comum de e para todos, tendo recusado todas as ofertas comerciais. Porque tal como afirma Linus Torvalds a partilha de informação não é actualmente o modo dominante de se fazer dinheiro, antes pelo contrário o dinheiro é feito através dos direitos de propriedade sobre a informação. A arte de protesto online associa-se ao espírito fundador da Internet, procurando liberdade de expressão e partilha de informação gratuita e não hierárquica. Apesar de alguma parte do espaço virtual procurar combater as supremacias mercantilistas e institucionais, aqui a resistência cultural assume outros contornos sendo consciente da vigilância dos órgãos de poder. Sandor Vegh define o activismo online como «a politically motivated movement relying on the Internet»202, definição que poderá ajudar-nos a circunscrever os projectos artísticos activistas que utilizam a Internet como um importante instrumento para se organizarem tacticamente em torno de três categorias que adoptaremos de Laura J. Gurak e John Logie: anúncio/defesa; organização/mobilização; e acção/reacção.203 Estes autores acrescentam às vantagens do ciberactivismo o seu poder de velocidade e alcance comparativamente a outros meios, mas apontam também a desvantagem da precisão da informação não poder ser garantida. Sendo a rede de comunicação virtual um labirinto envolto em numerosas ligações, sociedades e culturas em constante mutação, Jonathan Sterne avisa-nos que a Internet não deve ser investigada como um recurso estático e monolítico porque é «a complicated and evolving technology offering a host of diverse uses to a spectrum of diverse users within a complex sphere of social, cultural, political, and economic contexts».204

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HIMANEN, Pekka; TORVALDS, Linus (prefácio) e CASTELLS, Manuel (Epílogo) – The Hacker Ethic and the Spirit of the Information Age. New York: Random House, 2001. ISBN: 0-375-50566-0. 202 McCAUGHEY, Martha and AYERS, Michael D. (ed. by) – Cyberactivism: Online Activism in Theory and Practice. London: Routledge, 2003. ISBN: 0-415-94320-5. 203 Ibid. 204 Ibid.

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