Revista cress

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do 41º Encontro Nacional do Conjunto CFESSCRESS, realizado em 2012, em Palmas (TO), acerca do uso da linguagem não discriminatória, no caso a linguagem não sexista, deve ser analisada. A questão da não discriminação tem uma relação muito direta com o Código de Ética da profissão, sendo importante o seu destaque. Afinal, sem movimento não há liberdade3. Mas, igualmente, é preciso analisar o período atual, porque “quem erra na análise, erra na ação”4. Se a linguagem tem várias funções, tem um valor de uso e os canais que levam as mensagens são singulares e na atualidade são muitos, o que é prioridade para a categoria em termos do que comunicar e como comunicar. No campo dos assistentes sociais, há presente no mínimo quatro grandes sujeitos para os quais a comunicação precisa ser estruturada com qualidade para se assegurar densidade, sejam: a categoria em si; as instituições - com ênfase para o Estado, as quais a categoria está vinculada; a sociedade em geral, tendo os meios de comunicação como os possíveis canais para essa aproximação; e os usuários. Destaca-se que a ordem aqui utilizada não reflete relação hierárquica entre os segmentos representados. Há quase duas décadas, o desafio que vem acompanhando o Conjunto é o de dar visibilidade ao Serviço Social de forma que seja superada a visão messiânica e voluntarista que no geral se tem da profissão. A busca é “fazer saber” a sociedade o Serviço Social reconceituado, capaz de produzir conhecimentos críticos e intervir com qualidade nas manifestações da questão social, pois possui ferramentas teóricas e metodológicas consistentes e comprometidas com a transformação da ordem estabelecida. O desafio enfrentado ao longo desses anos tem sido o de inserir na agenda da sociedade, a categoria como especialistas qualificados para análise e intervenção social. O que se quer comunicar, fazer saber, é que os assistentes sociais não são 8

gestores da pobreza, mas uma profissão que se reformulou por ser, também, fruto dos “agentes que a ela se dedicam” (Iamamoto, 2012, p.39). Ora, comunicar isso em tempos de capital fetiche, de desmonte das profissões e precarização do trabalho é remar contra a maré, uma vez que existe todo um construto que culpabiliza a pobreza cotidianamente. Seja pela forma como a mídia estrutura sua mensagem ou pelas ações da sociedade organizada e pelos interesses contidos no Estado, a exemplo do retorno do debate para alteração na legislação sobre a redução da maioridade penal ou da contraofensiva burguesa neste momento representada pelos “Felicianos”, que disputam a permanência em espaços institucionais estratégicos ocupados nos últimos anos por representantes mais identificados com os movimentos sociais. Além desse cenário político que aponta para limites e possibilidades da comunicação e, portanto, diz sobre linguagens, há também as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), que podem ampliar as possibilidades de interação desde que sejam consideradas as características relacionadas ao perfil da linguagem de cada meio. São tempos de utilização de vários meios de comunicação, alguns acessíveis, outros não. O fato é que a deliberação sobre visibilidade da categoria já obteve avanços, mas não êxito, e ainda se mantém como carro-chefe das deliberações do setor, no Conjunto CFESS-CRESS. Neste sentido, é preciso indagar sobre o quanto é oportuno estabelecer como norma geral, a adoção de uma linguagem padrão para todo e qualquer tipo de meio de comunicação. A deliberação, da forma que foi aprovada, desconsidera a especificidade de cada instrumento de comunicação, a linguagem utilizada, bem como os interlocutores. É preciso mediar no sentido de construir uma linguagem que dê visibilidade ao compromisso dos assistentes sociais com uma CRESS-MG | Revista Conexão Geraes | 2º semestre de 2013


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